Simone Sartori PROPOSTA DE MÉTODO DE AVALIAÇÃO INTEGRADA DE SUSTENTABILIDADE COM USO DA ANÁLISE ENVOLTÓRIA DE DADOS

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1 Simone Sartori PROPOSTA DE MÉTODO DE AVALIAÇÃO INTEGRADA DE SUSTENTABILIDADE COM USO DA ANÁLISE ENVOLTÓRIA DE DADOS Tese submetida ao Programa de Pós Graduação em Engenharia de Produção da Universidade Federal de Santa Catarina para a obtenção do Grau de Doutor em Engenharia de Produção. Orientadora: Profa. Dra. Lucila Maria de Souza Campos Florianópolis 2016

2 Ficha de identificação da obra elaborada pelo autor através do Programa de Geração Automática da Biblioteca Universitária da UFSC.

3 Simone Sartori PROPOSTA DE MÉTODO DE AVALIAÇÃO INTEGRADA DE SUSTENTABILIDADE COM USO DA ANÁLISE ENVOLTÓRIA DE DADOS Esta Tese foi julgada adequada para obtenção do Título de Doutor em Engenharia de Produção, e aprovada em sua forma final pelo Programa de Pós Graduação em Engenharia de Produção. Florianópolis, 31 de Março de Banca Examinadora: Prof. Dr. Fernando Antônio Forcellini Coordenador do Curso Prof. Dra. Lucila Maria de Souza Campos Presidente Universidade Federal de Santa Catarina Prof. Dra. Andreia Zanella Universidade Federal de Santa Catarina

4 Prof. Dr. Hans Michael Van Bellen Universidade Federal de Santa Catarina Prof. Dr. Paulo Augusto Cauchick Miguel Universidade Federal de Santa Catarina Prof. Dr. Roberto Antônio Martins Universidade Federal de São Carlos Prof. Dr. Sidnei Vieira Marinho Universidade do Vale do Itajaí

5 Eu dedico este trabalho ao meu noivo Morgan.

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7 AGRADECIMENTOS Agradeço a todas as pessoas que contribuíram para a realização deste trabalho, em especial: à Professora Lucila Maria de Souza Campos, pela oportunidade, ensinamentos, paciência, incentivo à pesquisa e contribuição para minha formação acadêmica e profissional; ao meu noivo Morgan, que esteve ao meu lado em todos os momentos, pelo amor e compreensão; aos meus pais, pela educação que me trouxe até aqui, assim como meus irmãos, pelo apoio e amor dedicados durante toda a minha caminhada; aos colegas do Laboratória de Gestão e Avaliação Ambiental (LGAA) pelas parcerias durante os projetos e pesquisas - em especial, Caroline Gibim; aos verdadeiros amigos, pelos momentos de descontração, carinho, motivação e energias positivas; aos professores e funcionários do PPGEP/UFSC; à Professora Andreia Zanella, pela colaboração e sugestões em relação ao modelo de Análise Envoltória de Dados; à Utrecht Universit, pelo acolhimento durante o período de doutorado sanduíche (Setembro/2014-Maio/2015); aos membros da banca, por suas contribuições e melhorias propiciadas para a versão final do trabalho; ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), pelo suporte financeiro durante o período de pesquisa ( ). Agradeço à Deus e Nossa Senhora Aparecida por me conceder saúde, serenidade e paz para a condução da pesquisa.

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9 Só se pode alcançar um grande êxito quando nos mantemos fiéis a nós mesmos. (Friedrich Nietzsche)

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11 RESUMO O objetivo dessa pesquisa é desenvolver uma proposta para avaliação da sustentabilidade (TBL) de empresas do setor de geração de energia elétrica por meio dos indicadores GRI. A amostra consiste de 29 empresas dos países com o maior PIB no mundo em De posse da formação de 14 indicadores relativos sustentabilidade, procedeu-se com a avaliação da sustentabilidade fazendo uso de um modelo de Análise Envoltória de Dados (DEA) especificado como uma Função de Distância Direcional (DDF). Na primeira fase a avaliação é conduzida por meio do modelo DDF livre de restrições de pesos aos indicadores. Os resultados apresentaram 28 empresas eficientes. Na segunda fase ocorre a avaliação da sustentabilidade das empresas incorporando ao modelo DDF restrições aos pesos dos indicadores relativos e das dimensões da sustentabilidade. Isso permitiu garantir que todos os indicadores e dimensões contribuirão para a avaliação integrada da sustentabilidade, chamado de indicador global de sustentabilidade ou IGS. Como resultado, apenas seis empresas localizadas no Brasil, Canadá, Estados Unidos e Rússia foram classificadas como eficientes. Os indicadores responsáveis pelo desempenho adequado foram os indicadores consumo de água, e em menor grau, a conformidade com leis e regulamentos, taxa de rotatividade, investimentos em pesquisa e desenvolvimento. Os indicadores emissão de gases de efeito estufa e consumo de energia não se mostraram relevantes para todas as empresas da amostra. Na terceira fase, buscou-se avaliar a sustentabilidade empresarial em cada dimensão da sustentabilidade. Os resultados demonstraram que algumas empresas são muito ruins em uma ou duas dimensões, mas melhor em outra dimensão, portanto, há um desequílibrio nas dimensões de sustentabilidade. Em síntese, as principais contribuições acadêmicas e práticas são: (i) a identificação e análise dos métodos existentes para avaliação da sustentabilidade empresarial, suas forças e fraquezas; (ii) a formação de indicadores relativos de sustentabilidade para o setor de eletricidade, que também permite a aplicação em outros setores e contextos de análise; (iii) a formação do IGS, possibilitando uma avaliação integrada do TBL; e, (iv) a identificação dos indicadores e dimensões que estão comprometendo mais (ou contribuindo) o IGS. Palavras-chave: Sustentabilidade. Indicadores de sustentabilidade. Global Reporting Initiative. Análise Envoltória de Dados. Função de Distância Direcional. Geração de energia elétrica.

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13 ABSTRACT The main objective of this research is to develop a proposal for assessment of sustainability (TBL) of electricity generation sector companies through the GRI indicators. The sample consists of 29 company of the countries with the highest GDP in the world, in After establishing 14 indicators (or ratios) of sustainability, the assessment of sustainability was conducted based on a Data Envelopment Analysis (DEA) model specified using a Directional Distance Function (DDF). In the first moment, the assessment was conducted by allowing for complete flexibility in the definition of the weights. The results demonstrated 28 efficient companies. In the second moment, the sustainability assessment was conducted with the DDF model incorporating weight restrictions to the indicators and the dimensions of sustainability. This allowed to ensure that all indicators and dimensions of sustainability will contribute for the integrated sustainability assessment, called the global sustainability indicator or IGS. As a result of this assessment, only six companies located in Brazil, Canada, United States and Russia were classified as efficient. The indicators responsible for best performance were water consumption, and to a minor extent, compliance with laws and regulations, turnover rate, investments in research and development. The indicators of greenhouse gases and energy consumption were not relevant to all companies in the sample. In the third moment, it was conducted a sustainability assessment of the companies focusing separately on each sustainability dimension. The results demonstrated that some companies are very bad in one or two dimensions, but better in another dimension; so, there is an unbalanced potential for improvement in each dimension. In resume, this thesis presents the following academic and practical contributions: (i) the identification and analysis of existing methods for assessing corporate sustainability, their strengths and weaknesses; (ii) the formation of indicators (or ratios) of sustainability for the electricity sector but also can be applied in other sectors and contexts; (iii) the construction of IGS, which allows the integrated assessment of TBL; and (iv) the identification of indicators and dimensions that are committing or contributing) to IGS. Keywords: Sustainability. Sustainability Indicators. Global Reporting Initiative. Data Envelopment Analysis (DEA) model. Directional Distance Function. Power generation.

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15 LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Organização da tese Figura 2 - A estrutura de relatórios da GRI Figura 3 - SBSC na perspectiva dos stakeholders Figura 4 - Variação de escala de avaliação da sustentabilidade Figura 5 - Processo de pesquisa para o desenvolvimento do trabalho.. 68 Figura 6 - Relatórios de sustentabilidade GRI (2012) Figura 7 - Representação das fronteiras CCR e BCC Figura 8 - Processo de avaliação da sustentabilidade Figura 9 - Geração de eletricidade por tipo de combustível Figura 10 - Sistema de funcionamento das plantas hidrelétrica, térmica e nuclear Figura 11 - Percentual de empresas da amostra que divulgaram os indicadores sociais Figura 12 - Percentual de empresas da amostra que divulgaram os indicadores econômicos Figura 13 - Percentual de empresas da amostra que divulgaram os indicadores ambientais Figura 14 - Fases da aplicação do modelo DDF Figura 15 - Dendograma (método de Ward) Figura 16 - Perfil de geração de eletricidade para amostra de empresas Figura 17 - Maiores pesos atribuídos aos indicadores pelas empresas com alto escore de desempenho Figura 18 - Empresas ineficientes próximas à fronteira de eficiências 159 Figura 19 - Pesos atribuídos para cada indicador para seis piores empresas

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17 LISTA DE QUADROS Quadro 1 - Indicadores recomendados para o uso na indústria Quadro 2 - Resumo dos métodos de avaliação da sustentabilidade Quadro 3 - Objetivos específicos e resultados esperados Quadro 4 - Métodos de avaliação da sustentabilidade empresarial Quadro 5 - Estudos com DEA em eletricidade, considerando indicadores desejáveis e indesejáveis Quadro 6 - Aspectos positivos e negativos das fontes geração de eletricidade Quadro 7 - Indicadores GRI considerados na amostra Quadro 8 - Formação dos indicadores relativos de sustentabilidade Quadro 9 - Horas de treinamento por ano, por empregado Quadro 10 - Taxa de rotatividade da organização Quadro 11 - Percentual de empregados abrangidos por negociação coletiva Quadro 12 - Taxa de lesões para a força de trabalho total Quadro 13 - Percentual de homens responsáveis pela gerência Quadro 14 - Proporção do salário base das mulheres responsáveis pela gerência em relação ao salário dos homens Quadro 15 - Intensidade dos investimentos de P&D em relação ao valor adicionado Quadro 16 - Investimentos em infraestrutura em comunidades locais 126 Quadro 17 - Custos por não conformidade em relação à eletricidade produzida Quadro 18 - Intensidade do consumo de energia em relação ao Valor Econômico Adicionado Quadro 19 - Consumo de água por eletricidade produzida Quadro 20 - Emissões de gases de efeito estufa em relação à eletricidade gerada Quadro 21 - Geração de resíduos sólidos em relação à eletricidade gerada Quadro 22 - Derramamentos em relação a eletricidade gerada Quadro 23 - Indicadores desejáveis do modelo Quadro 24 - Indicadores indesejáveis do modelo Quadro 25 - Posição das empresas sob o pior desempenho

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19 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Países pertencentes 20 maiores PIBs do mundo Tabela 2 - Número de páginas dos relatórios GRI para a amostra Tabela 3 - Resumo estatístico para os indicadores da amostra Tabela 4 - Análise descritiva dos indicadores entre os grupos identificados e teste de mediana de Mann-Whitney Tabela 5 - Empresas com alto escore de desempenho em sustentabilidade Tabela 6 - Pares (peers) projetados para as DMUs ineficientes Tabela 7 - Potencial de melhoria e valor esperado na dimensão social Tabela 8 - Potencial de melhoria e valor esperado na dimensão econômica Tabela 9 - Potencial de melhoria e valor esperado na dimensão ambiental

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21 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABEPRO - Associação Brasileira de Engenharia de Produção ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica CERES - Coalition for Environmentally Responsible Economies CRS - Constant Returns to Scale CNUMAD - Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento C.V Coeficiente de variação DDF - Directional Distance Function DEA - Data Envelopment Analysis ou Análise Envoltória de Dados DJSI - Dow Jones Sustainability Group Indices DMU - Decision Making Units DS Desenvolvimento Sustentável EPE - Empresa de Pesquisa Energética GRI - Global reporting Initiative ICHEME - Institution of Chemical Engineers IGS - Indicador global de Sustentabilidade ISO - International Organization for Standardization OECD - Organisation for Economic Co-operation and Development P&D Pesquisa e Desenvolvimento PNUMA - United Nations Environment Programme SAM - Sustainable Assessment Management SGA - Sistemas de Gestão Ambiental SVA - Sustainable Value Added UNCTAD - United Nations Conference on Trade and Development UNEP - United Nations Environment Programme VRS - Variable Returns to Scale WCED - World Commission on Environment and Development

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23 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO OBJETIVO GERAL OBJETIVOS ESPECÍFICOS JUSTIFICATIVA ESTRUTURA DA TESE SUSTENTABILIDADE: ORIGEM E CONCEITUAÇÃO AVALIAÇÃO DA SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA SUSTENTABILIDADE Índice Dow Jones de Sustentabilidade Global Reporting Initiative IchemE Sustainability metrics Balanced Scorecard Sustentável Modelo de avaliação de sustentabilidade Valor Sustentável Adicionado Características dos métodos de avaliação da sustentabilidade empresarial CONSIDERAÇÕES FINAIS DO CAPÍTULO MÉTODOS DE PESQUISA REVISÃO DE LITERATURA DELIMITAÇÕES DA APLICAÇÃO DO ESTUDO ESCOLHA DA ABORDAGEM METODOLÓGICA ANÁLISE ENVOLTÓRIA DE DADOS (DEA) OUTPUTS INDESEJÁVEIS APLICAÇÕES DA DEA NO SETOR DE ELETRICIDADE CONSIDERAÇÕES FINAIS DO CAPÍTULO PROPOSTA DE AVALIAÇÃO DA SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL ETAPA 1 DEFINIÇÃO DO SISTEMA SISTEMA DE GERAÇÃO DE ELETRICIDADE FONTES DE GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA ETAPA 2 - INDICADORES DAS ATIVIDADES DO SISTEMA Análise dos indicadores GRI para amostra Formação dos indicadores de sustentabilidade ETAPA 3 - SELEÇÃO DO MODELO

24 4.4 CONSIDERAÇÕES FINAIS RESULTADOS ANÁLISE EXPLORATÓRIA E CARACTERÍSTICAS DOS DADOS APLICAÇÃO DA ANÁLISE ENVOLTÓRIA DE DADOS COM A ABORDAGEM DA FUNÇÃO DE DISTÂNCIA DIRECIONAL Modelo livre de restrições Indicador global da sustentabilidade (IGS) Potencial de melhoria das empresas nas diferentes dimensões da sustentabilidade Potencial de melhoria na dimensão social Potencial de melhoria na dimensão econômica Potencial de melhoria na dimensão ambiental DISCUSSÃO DOS RESULTADOS CONSIDERAÇÕES FINAIS CONCLUSÕES E CONTRIBUIÇÕES DA PESQUISA LIMITAÇÕES DA PESQUISA SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS REFERÊNCIAS ANEXO A CONJUNTO DE INDICADORES GRI APÊNDICE A - MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA SUSTENTABILIDADE DAS REGIÕES, NAÇÕES OU PLANETA APÊNDICE B - INSTRUMENTOS DE GESTÃO AMBIENTAL APÊNDICE C - OUTROS MÉTODOS DE SUSTENTABILIDADE POUCO DISCUTIDOS NA LITERATURA APÊNDICE D - INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE USADOS NA ANÁLISE 245 APÊNDICE E - RESULTADOS DA AVALIAÇÃO DA SUSTENTABILIDADE LIVRE DE PESOS APÊNDICE F - RESULTADOS DA AVALIAÇÃO DA SUSTENTABILIDADE EM 4 CENÁRIOS APÊNDICE G - POSIÇÃO EM CADA CENÁRIO (SOCIAL, ECONÔMICO OU AMBIENTAL) EM RELAÇÃO AO PIOR DESEMPENHO

25 25 1. INTRODUÇÃO A Cúpula da Terra de 1992 foi um marco para a cooperação global acerca dos desafios do século XXI. O Desenvolvimento Sustentável, um conceito relativamente novo na época, e a Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento resumiram a necessidade de transformação das atitudes e comportamentos da sociedade. Pesquisas sugerem que as atividades humanas estão degradando de forma intensa o sistema terra. Se a economia mundial continuar crescendo no mesmo ritmo da última década ( ), o planeta não suportará a demanda por recursos naturais já em 2050 (UNEP, 2012). Ehrlich e Ehrlich (2013, p.1) destacam a gravidade do problema: para dar suporte a atual população de sete bilhões (com atuais negócios, as tecnologias e padrões de vida) é necessário em torno de metade de um planeta adicional. Atualmente, a sustentabilidade continua um assunto importante dada às evidências que a atividade humana sobre o sistema Terra está seguindo uma trajetória insustentável (GUPTA; HARNISCH, 2014). A importância crescente da pesquisa sobre o assunto se reflete na quantidade de pesquisas disponíveis na literatura (HAY et al., 2014), tanto a academia que está envolvida num número significativo de pesquisas, quanto as organizações, que em grande parte estão envolvidas nas discussões sobre as melhores práticas para os seus negócios (LEE; SAEN, 2012; GEO 5, 2014). A sustentabilidade, operacionalmente e conceitualmente, é um dos temas mais complexos que a ciência moderna tem enfrentado (CABEZAS; FATH, 2002; LABUSCHAGNE et al., 2005, DEMPSEY et al., 2011). Embora o conceito de sustentabilidade seja compreendido intuitivamente, é difícil expressá-lo em termos concretos e ao nível operacional (BRIASSOULIS, 2001; LABUSCHAGNE et al., 2005). A falta de um claro e unificado entendimento acerca do tema sustentabilidade pode ser considerado uma barreira ao progresso (HAY et al., 2014). As dificuldades surgem, em parte, devido a inconsistentes interpretações e aplicações do conceito, grande número de significados e alto grau de ambiguidade (LÉLÉ, 1991; CALLENS; TYTECA, 1999; SEARCY, 2011; MORI; CHRISTODOULOU, 2012; SLIMANE, 2012; KHARRAZI et al., 2013; SARTORI; SILVA; CAMPOS, 2014). Além disso, a fronteira entre a sustentabilidade e a insustentabilidade não é nítida, isto significa que não é possível determinar valores de referência

26 26 exatos para a sustentabilidade (AZAR; HOLMBERG; LINDGREN, 1996). Em resposta, a avaliação de sustentabilidade tornou-se uma área de rápido desenvolvimento, assim como os métodos e ferramentas que podem ser utilizadas para avaliar a sustentabilidade (NESS et al., 2007; SINGH et al., 2012; ERECHTCHOUKOVA; KHAITER, 2013). Alguns desses métodos incluem: Índice Dow Jones de Sustentabilidade, Ecological Footprint, Living Planet Index, IChemE Sustainability Metrics, Global Reporting Initiative, entre outros (SINGH et al., 2012; SARTORI; CAMPOS, 2014). Ao longo da última década, houve um aumento da pressão sobre as empresas visando ampliar o foco para a sustentabilidade e responsabilidade no desempenho dos negócios para além do desempenho financeiro (LEE; SAEN, 2012). Isso significa que as empresas precisam considerar explicitamente as responsabilidades ambientais, econômicas e sociais, positivas e negativas, mesmo que não haja um consenso geral sobre a forma de operacionalizar esse desempenho (SCHNEIDER; MEINS, 2012). Além disso, as empresas devem ser ativas no processo de transição para o desenvolvimento sustentável (MEDEL-GONZÁLEZ et al., 2013). Conforme Marshall e Brown (2003), o conceito do Triple Bottom Line (TBL) enfrenta dificuldades quando aplicado nas práticas empresariais. A maior dificuldade está em como medir a sustentabilidade e interpretar os resultados para as três dimensões. Nos anos recentes, têm surgido diferentes modelos de relatórios para guiar as empresas a demonstrar, comunicar, relatar e melhorar seu desempenho de sustentabilidade por meio de indicadores (MEDEL- GONZÁLEZ et al., 2013). As denominações usadas para se referir a esses relatórios variam muito, incluindo relatório de desenvolvimento sustentável, responsabilidade social corporativa, responsabilidade corporativa, triple bottom line, relatório de prestação de contas, relatório de cidadania corporativa, relatório de valor sustentável, relatórios de sustentabilidade entre muitos outros termos (ROCA; SEARCY, 2012; HAHN; KÜHNEN, 2013). Atualmente, o Global Reporting Initiative (GRI) é o padrão mais utilizado para relatórios de sustentabilidade em todo o mundo (SKOULOUDIS; EVANGELINOS; KOURMOUSIS, 2009; MARIMON et al., 2012; ROCA; SEARCY, 2012; ERECHTCHOUKOVA; KHAITER, 2013). Os relatórios de sustentabilidade são o principal mecanismo por meio do qual as empresas compartilham com o ambiente externo as

27 informações sobre o seu desempenho de sustentabilidade (SEARCY; ELKHAWAS, 2012), tornando-se uma parte essencial das atividades de negócios a nível mundial (LEE; SAEN, 2012). Ao divulgar informações sobre sustentabilidade, a organização gera impressões favoráveis da organização e aumenta a transparência das suas ações, preserva a legitimidade e a licença social para operar, permite o benchmarking e dá suporte à informação corporativa e processos de controle (HERZIG; SCHALTEGGER, 2006; ISAKSSON; STEIMLE, 2009; HAHN; LULFS, 2013). Os relatórios de sustentabilidade descrevem um conjunto de indicadores que desempenham um importante papel na representação da realidade ao permitir a medição e cálculo. No entanto, um dos principais desafios dos relatórios de sustentabilidade é determinar a relevância das informações comunicadas pelas empresas de determinados setores (NG; NATHWANI, 2012; SEARCY; ELKHAWAS, 2012), e por sua vez, determinar o real desempenho dos indicadores de sustentabilidade, uma vez que há uma ampla variedade na quantidade e qualidade da informação compartilhada nos relatórios de sustentabilidade (HAHN; LÜLFS, 2013; ROCA; SEARCY, 2012). Conforme Dahl (2012), a informação científica veiculada por indicadores não é suficiente para produzir uma mudança qualquer numa tomada de decisão nacional ou comportamento individual. Nesse sentido, a avaliação da sustentabilidade não termina com a apresentação de indicadores e índices (STANIŠKIS; ARBAČIAUSKAS, 2009). Para o processo de análise das informações acerca dos indicadores é necessário desenvolver e executar um método de avaliação de desempenho estruturado, o qual permite determinar a contribuição empresarial para com a sustentabilidade. Autores como Bossel (1999), Ness et al. (2007), Brandon e Lombardi (2010), Bititci et al. (2011), Gerdessen e Pascucci (2013) destacam a importância de atender a perspectiva multidimensional da sustentabilidade e combinar os indicadores numa única estrutura. Por sua vez, Heijungs, Huppes e Guinee (2010), Skouloudis et al. (2010), Bititci et al. (2011), Roca e Searcy (2012), Lee e Saen (2012), Wang, Li e Sueyoshi (2014), enfatizam a carência de métodos práticas para avaliar a sustentabilidade empresarial em termos de suas realizações dentro de um determinado sistema. Parte da confusão surge da tendência de pensar em termos da sustentabilidade global ou regional, ou, incluir medidas que não estão sujeitas de realização. 27

28 28 Conforme Erechtchoukova e Khaiter (2013), a urgência em fornecer uma avaliação integrada da sustentabilidade é bem compreendida, no entanto, os métodos quantitativos para a avaliação estão em fase de desenvolvimento. Nesse contexto, a essência desse trabalho está em apresentar uma proposta quantitativa e integrada para a avaliação da sustentabilidade empresarial, de forma que abrange o TBL. A esse respeito, têm-se a seguinte questão de pesquisa: Como avaliar e determinar a sustentabilidade das empresas do setor de geração de energia elétrica por meio dos indicadores de sustentabilidade divulgados nos relatórios Global Reporting Initiative? O sistema energia, tomado como um todo, é o maior sistema do mundo e tem o maior impacto de qualquer indústria sobre as condições do ambiente na Terra. Dentro do setor de energia, a energia elétrica tornou-se a favorita para o consumidor final; indispensável, pois a sociedade moderna é totalmente dependente do fornecimento abundante de energia elétrica (GÓMEZ-EXPÓSITO; CONEJO; CAÑIZARES, 2009). De forma geral, a geração de energia elétrica tem necessidades de recursos e impactos intensivos, assim como infraestrutura extensiva. Ao mesmo tempo, é uma das preocupações mais relevantes dado o esgotamento rápido de combustíveis não renováveis, o aquecimento global e a mudança climática. Por isso, se tornou objeto de análise desta pesquisa. Ademais, no contexto dessa pesquisa, a geração de energia elétrica será analisada dada a representatividade na base de dados da GRI. 1.1 OBJETIVO GERAL O objetivo principal desta tese é desenvolver uma proposta para avaliação da sustentabilidade (TBL) das empresas do setor de geração de energia elétrica com uso da Análise Envoltória de Dados (DEA). 1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS (i) Identificar e analisar de forma comparativa os métodos de avaliação de sustentabilidade; (ii) Identificar e analisar os relatórios de sustentabilidade baseados nas Diretrizes da GRI e os respectivos indicadores de sustentabilidade,

29 para as empresas de geração de energia elétrica pertencentes aos países que fazem parte do ranking 20 maiores PIBs do mundo; (iii) Desenvolver um conjunto de indicadores (ou rácios) de sustentabilidade para o conjunto de variáveis da GRI; (iv) Determinar a sustentabilidade ambiental, econômica e social das empresas do setor de geração de energia elétrica por meio da DEA especificado como uma Função de Distância Direcional (DDF). 1.3 JUSTIFICATIVA A avaliação da sustentabilidade empresarial é um novo campo de estudo, que ainda requer desenvolvimento metodológico (HAHN; KÜHNEN, 2013). A sociedade vê a sustentabilidade como um fator fundamental no sucesso dos negócios e há um movimento crescente em confiar (investir) em empresas que estabelecem as melhores práticas de sustentabilidade (KNOEPFEL, 2001; SEARCY; ELKHAWAS, 2012). As discussões a cerca da sustentabilidade são movidas pela noção básica de que o desempenho de uma empresa deve ser avaliado não apenas pelos lucros, mas também em relação aos impactos ambientais e sociais (SCHNEIDER; MEINS, 2012). Muitos pesquisadores destacam a importância da perspectiva TBL no meio empresarial, como Azapagic (2004), Skouloudis, Evangelinos e Kourmousis (2010), Adams e Simnett (2011), Lewis (2011), Lozano e Huisingh (2011), Roca e Searcy (2012), Hah e Lülfs (2013), Infante et al. (2013), Kerr, Rouse e Villiers (2015). Outros, porém, concentram-se sobre as questões ambientais ou sociais, em vez de abordar os relatórios integrados, conforme pode ser visto nos trabalhos de Husillos-Carqués et al. (2011), Kent e Monem (2008), Skouloudis, Evangelinos e Kourmousis (2009), Hahn e Lülfs (2013), Alazzani e Wan-Hussin, (2013), Hourneaux Jr. et al. (2014). Avaliar a sustentabilidade empresarial significa saber se a empresa contribui para a intenção e os princípios do desenvolvimento sustentável (BAUMGARTNER, 2008). A perspectiva integrada e multidimensional do TBL pode facilitar a compreensão e análise comparativa da sustentabilidade, e detectar o que as empresas estão fazendo nestes aspectos (NESS et al., 2007). Os métodos quantitativos, por sua vez, ajudam a esclarecer e aperfeiçoar os conceitos relacionados à sustentabilidade, melhora a compreensão das complexas relações entre os componentes das dimensões em termos práticos (WU; WU, 2012), e 29

30 30 por fim, formar ou combinar os indicadores, como num índice global para a avaliação da sustentabilidade (RAMANATHAN, 2002). Tradicionalmente, a sustentabilidade é avaliada baseada em uma única dimensão e usando indicadores isolados (ERECHTCHOUKOVA; KHAITER; GOLINSKA, 2013). É reconhecida a urgência em desenvolver um processo de avaliação da sustentabilidade empresarial com princípios claros, objetivos e escopos definidos (LEE; SAEN, 2012), adotando uma perspectiva multidimensional e que permite operacionalizar o conceito de sustentabilidade (ELKINGTON, 1994, 2012; GERDESSEN; PASCUCCI, 2013). Portanto, ainda é um desafio devido à variedade de conceitos e interpretações da sustentabilidade. O presente estudo visa contribuir na área da sustentabilidade empresarial, atendendo essa lacuna, ao desenvolver uma abordagem para avaliar a sustentabilidade do ponto de vista multidimensional. Nesse sentido, a originalidade deste trabalho consiste em apresentar um método quantitativo para a avaliação da sustentabilidade por meio dos indicadores da GRI pertencentes ao setor de eletricidade. As diretrizes da GRI são compreensíveis e aplicáveis para todas as empresas mundiais (todos os tamanhos, setores e localidades), há uma obrigação de certa informação ser expressa numericamente e monetariamente de modo a facilitar a sua comparação (GRI, 2012; MARIMON et al., 2012). Os relatórios de sustentabilidade GRI divulgam informações sobre os aspectos ambientais, sociais e econômicos de uma organização; trata-se de um processo compartilhado das iniciativas de sustentabilidade. Entretanto, os relatórios GRI apenas apresentam o resultado de um processo de medição por meio das variáveis relacionadas com a sustentabilidade. Moldan, Janousková e Hák (2012) observam que uma vez que os indicadores foram identificados e definidos, eles precisam ser avaliados quantitativamente e qualitativamente. Na maioria dos casos, a dificuldade não reside na disponibilidade de dados, mas sim na seleção, interpretação e utilização dos indicadores para avaliar o desempenho (SAMUEL; AGAMUTHU; HASHIM, 2013). Ao construir medidas quantitativas, é possível especificar quais os aspectos da sustentabilidade serão avaliados e como esses diferentes aspectos podem estar relacionados ou integrados. Esta pesquisa faz uso dos indicadores obtidos do processo de medição da sustentabilidade e, por conseguinte, procede com a avaliação da sustentabilidade. Para o entendimento de como avaliar a sustentabilidade, é necessário definir quais dos indicadores representam

31 a sustentabilidade, e assim, criar um terreno comum para comparar as empresas. Assim, é possível seguir uma linha de ação para selecionar, coletar, analisar, integrar e avaliar os indicadores empresariais. Nesse sentido, outra contribuição do presente trabalho é a formação dos indicadores (ou rácios) de sustentabilidade, que é a análise da relação entre duas variáveis. Portanto, os indicadores relativos formados a partir do conjunto de indicadores da GRI facilitam a análise comparativa da sustentabilidade, padronizam os resultados das empresas e neutralizam o efeito do tamanho das empresas. Observa-se, também, a necessidade de fornecer orientações para as empresas definirem as ações que visem um melhor desempenho empresarial a partir de pontos de referência e pontos críticos (JOUNG et al., 2013). Entende-se que a produção sustentável é aquela que cria bens e serviços usando processos e sistemas não poluentes, conservando energia e recursos naturais, de forma economicamente viável, segura e saudável para funcionários, comunidades e consumidores (LOWELL CENTER FOR SUSTAINABLE PRODUCTION, 1998). Entretanto, a maioria dos processos de produção simultaneamente produzem outputs desejáveis (bons) e alguns outputs indesejáveis (ruins), inerentes ao processo e não separáveis (SARKIS, 2007). Considerando que a produção de bens e serviços envolve um conjunto de recursos de inputs para ser transformado em outputs, é possível transferir a abordagem conceitual e multidimensional da sustentabilidade empresarial para uma tomada de decisão com base em seus indicadores de sustentabilidade para um determinado sistema. Na literatura, a Análise Envoltória de Dados (DEA), desenvolvida por Charnes, Cooper e Rhodes (1978), tem sido amplamente utilizada para avaliar o desempenho de um conjunto de unidades que utilizam inputs para produzir outputs, com o pressuposto de que os inputs sejam minimizados ou outputs maximizados. No entanto, quando há a produção de alguns outputs indesejáveis (por exemplo, poluentes ou resíduos), estes devem ser reduzidos para melhorar a eficiência. Os tradicionais modelos DEA falham em avaliar o desempenho por não representar a real situação, isto é, os outputs indesejáveis (ruins) são ignorados porque apenas os produtos com valores positivos estão incluídos no cálculo. Para superar essas limitações de análise, propõe-se o uso da chamada Função de Distância Direcional (DDF) introduzida por Chambers, Chung e Färe (1996). A DDF tem a capacidade de aumentar os outputs desejáveis e contrair os 31

32 32 inputs e outputs indesejáveis simultaneamente (CHUNG; FÄRE; GROSSKOPF, 1997). O uso do modelo DEA, com ênfase no modelo especificado com uma DDF tem sido utilizado para avaliar o desempenho ambiental (LOZANO; GUTIÉRREZ, 2008; PICAZO-TADEO; PRIOR, 2009), a eco-eficiência (PICAZO-TADEO et al., 2012; ZHANG et al., 2008), a eficiência energética (ZHOU; ANG; WANG, 2012), a produtividade e o desempenho ambiental (WEBER, DOMAZLICKY, 2001; ZHANG; ZHOU; CHOI, 2013; ZHANG; CHOI, 2014). Portanto, justifica-se esta pesquisa em relação as pesquisas existentes, uma vez que, além da abordagem TBL, considera os outputs indesejáveis (por exemplo, geração de resíduos sólidos em relação à eletricidade gerada, etc.). Por fim, ressalta-se a relevância desta pesquisa para a área de geração de energia elétrica. O acesso à eletricidade e outras formas de energia são os principais fatores no desenvolvimento econômico e social de um país. Em 2012, 18% da população mundial não teve acesso à eletricidade, e muitas áreas do mundo não têm abastecimento de energia confiável e segura (WEO, 2015). Ao mesmo tempo, a conversão da eletricidade e a sua utilização final é reconhecida como um dos principais contribuintes para o aquecimento global (GEO 5, 2014). As conferências e declarações mundiais confirmaram que a prestação de serviços energéticos adequados e em custos acessíveis, de forma segura e ambientalmente benigna, em conformidade com o desenvolvimento social e econômico é um elemento essencial para o desenvolvimento sustentável (GEO 5, 2014). Do ponto de vista conceitual, justifica-se desenvolver uma abordagem que vai ao encontro da Engenharia da Sustentabilidade, na medida em que há esforços para o entendimento do conceito de desenvolvimento sustentável e sustentabilidade, bem como, a articulação e exploração de diferentes abordagens para a avaliação da sustentabilidade. Em termos práticos, os resultados da pesquisa podem oferecer subsídios para tomadas de decisões em termos gerenciais e operacionais, pois é apresentada uma abordagem estruturada e sistemática para a identificação do real desempenho sustentável das atividades empresariais, e por sua vez, conduzir ações mais sustentáveis. As informações resultantes do modelo não paramétrico permite o entendimento sobre os diferentes âmbitos da sustentabilidade, desde consumo de recursos, a poluição gerada, o (não) cumprimento de legislações, a atenção dispensada aos colaboradores e a sociedade em

33 seu torno, e até mesmo a igualdade de oportunidades em termos de gênero. 1.4 ESTRUTURA DA TESE Este presente volume está organizado em 7 capítulos e pode ser melhor visualizado na Figura 1. Figura 1 - Organização da tese 33

34 34 O primeiro capítulo introduz o leitor ao tema. O referido capítulo inicia com uma contextualização sobre o tema de pesquisa. Em seguida, são apresentados o objetivo geral e os objetivos específicos, a justificativa do porque da realização da pesquisa, o ineditismo que essa pesquisa traz, bem como suas contribuições. Por fim o capítulo apresenta a estrutura do trabalho. O segundo capítulo trata do referencial teórico sobre o qual a pesquisa se fundamenta a construção dos demais capítulos. O objetivo do capítulo é identificar os conceitos de sustentabilidade e métodos de avaliação em sustentabilidade. A primeira parte do capítulo aborda os conceitos de sustentabilidade e desenvolvimento sustentável. Já a segunda parte aborda os métodos de avaliação da sustentabilidade empresarial e, a seguir, discute-os acerca das suas características, vantagens e limitações desses métodos. A seguir, o Capítulo 3 é formado pelo método de pesquisa, o que inclui a delimitação da pesquisa e a escolha da abordagem metodológica. Por fim, o capítulo faz uma contextualização da DEA e as suas extensões, primordialmente o modelo de Função da Distância Direcional. Também são apresentados os estudos e as aplicações do modelo DFF no setor de eletricidade. O objetivo dessa seção é dar suporte ao modelo proposto e para a análise dos resultados. O Capítulo 4 apresenta a proposta para avaliação da sustentabilidade em empresas do setor de eletricidade. Inicialmente é apresentada a abordagem de sistemas, com a apresentação do sistema de geração de eletricidade. Em seguida, são identificados os indicadores de sustentabilidade e a formação dos respectivos rácios de sustentabilidade. Por fim, são apresentadas as formulações do modelo DDF a serem utilizadas no estudo, em diferentes cenários. O Capítulo 5 apresenta os resultados do trabalho, divididos em duas grandes partes: (i) Análise e descrição dos dados; (ii) Análise dos resultados com base nos resultados do modelo da DDF em diferentes cenários - sem/com restrições de peso e formação de vetores direcionais. O Capítulo 6 apresenta as discussões acerca dos achados e contribuições da pesquisa, os quais são discutidos frente a literatura existente, com ênfase na sustentabilidade empresarial. No Capítulo 7, cabem as conclusões da pesquisa, as limitações e sugestões para trabalhos futuros trabalhos. Por fim, as referências, os Anexos e Apêndices utilizados são apresentados.

35 35 2. SUSTENTABILIDADE: ORIGEM E CONCEITUAÇÃO A preocupação com o impacto das atividades humanas sobre o meio ambiente e a forma sustentável que a sociedade vive têm raízes históricas que datam de milhares de anos (HUGHES, 2001). Por sua vez, o discurso contemporâneo sobre a sustentabilidade ou o desenvolvimento sustentável é datado de 1880 em resposta aos danos ambientais que acompanharam o surgimento da revolução industrial (CLIFTON, 2010). Em tempos mais recentes, meados e final dos anos 1960, os movimentos ambientais e sociais marcam o advento moderno da sustentabilidade e o do desenvolvimento sustentável, e a maioria dos quais ainda está ativo (ESTES, 1993). Entre os movimentos, destacamse (CURI, 2011): o International Union for Conservation of Nature (IUCN) de 1969, a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano em 1972, o World Conservation Strategy em 1980, o Relatório Brundtland em 1987, o Protocolo de Montreal em 1989, a Agenda 21 em 1992, o Rio+5 em 1997, o Rio+10 em 2002, o Protocolo de Quioto em 2005, o The Earth Charter Initiative em 2008, a Agenda 2050 em 2011 e o Rio+20 em Ao longo desses anos, relatórios e estudos influentes tomaram a posição de que o mundo, de fato, enfrenta sérios problemas no curto e longo prazo decorrentes de uma combinação de crescimento da população humana, rápido crescimento dos níveis de prosperidade e consumo e a intensificação da atividade industrial (KIDD, 1992; ASICI, 2013). Tal abordagem é discutida por Meadows et al. (1972), em Os Limites do Crescimento, no qual o desenvolvimento futuro está limitado pelo crescimento da população mundial e o esgotamento dos recursos naturais. Um recente relatório do Programa Ambiental dos Estados Unidos (UNEP, 2012), o Global Environment Outlook-5: Environment for the future we want, destaca o estado e as tendências do planeta e seu povo. As consequências desta combinação são claras: enquanto o crescimento econômico e a prosperidade aumentaram a qualidade de vida para bilhões de pessoas, eles também desestabilizaram o clima e degradaram os recursos naturais do mundo a base da qual a prosperidade futura depende. Cientistas alertam que muitos destes impactos podem se tornar permanentes em escalas de tempo humanas se ações para aliviar as pressões não forem tomadas imediatamente (UNEP, 2012).

36 36 Em resposta, muitas são as pesquisas voltadas para a sustentabilidade e o desenvolvimento sustentável. Lindsey (2011, p. 561) argumenta que o "movimento mundial em direção a uma sociedade sustentável pegou fogo nos últimos anos", e tal importância se reflete na expansão da literatura sobre o tema. Enquanto pesquisa científica, o significado de sustentabilidade e desenvolvimento sustentável difere entre os pesquisadores de diversos campos. Muitas vezes, a sustentabilidade e o desenvolvimento sustentável são usados como sinônimos, mas nem todos os que pesquisam esses conceitos os veem assim (MOG, 2004; SARTORI, LATRÔNICO; CAMPOS, 2014). Numa primeira visão, o desenvolvimento sustentável é o meio para se alcançar a sustentabilidade (DOVERS; HANDMER, 1995; PRUG; ASSADOURIAN, 2003), isto é, a sustentabilidade é o objetivo final e de longo prazo. Numa segunda visão ou corrente, a sustentabilidade é o processo para atingir o desenvolvimento sustentável (LÉLÉ, 1991). Originalmente, o desenvolvimento sustentável foi definido pela Comissão Mundial sobre Meio ambiente e Desenvolvimento Relatório de Brundtland, como o desenvolvimento que satisfaz as necessidades da geração presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades (WCED, 1987, p. 55). O relatório de Brundtland enfatiza que escolhas devem ser feitas. Isso se deve uma vez que o desenvolvimento sustentável não é um estado fixo de harmonia, mas sim um processo de mudança no qual a exploração dos recursos, a direção dos investimentos e do desenvolvimento tecnológico são feitas de acordo com o futuro, bem como as necessidades atuais. A definição do desenvolvimento sustentável apresentada no relatório de Brundtland permite diferentes interpretações (ISAKSSON; STEIMLE, 2009), é um conceito geral, difícil de definir em termos precisos (PARRIS; KATES, 2003). A palavra sustentável apareceu pela primeira vez em 1610, significando suportável ou defensável (WU, 2013). De acordo com o dicionário de etimologia Online ( a palavra sustentabilidade surgiu mais tarde, em 1907, usada em referência à regulamentação, e em sentido geral (economia, agricultura e ecologia). Em anos recentes, muitas definições foram dadas para sustentabilidade. Por exemplo, significa o consumo de recursos com pouco impacto adverso interno ou externo (MORIK; BHADURI; KARGUPTA, 2012); significa continuar (como na existência ou um

37 determinado estado, vigor ou intensidade), manter-se (especialmente sem diminuição, interrupção, sinalização, etc.) ou prolongar-se (HASNA, 2010); ou é uma característica de sistemas dinâmicos que se mantêm ao longo do tempo (SAMIMI et al., 2011). Sachs (1994), na década de 1990, em seu texto Estratégias de transição para o século XXI utilizou cinco tipos de sustentabilidade (social, econômica, ecológica, espacial e cultural) para apresentar as dimensões do que denomina ecodesenvolvimento. Depois, Sachs (2002) complementou para 8 dimensões ao incluir as dimensões territorial, política nacional e política internacional. Elkington (1994) propôs o Triple Bottom Line (TBL) para enfatizar que as atividades econômicas têm consequências sociais e ambientais importantes, no qual as empresas devem assumir a responsabilidade. Esta se tornou a visão de sustentabilidade mais adotada no campo empresarial. Conforme Bonacchi e Rinaldi (2007), a definição do DS apresentado no Relatório de Brundtland é amplamente aceita, mas se mostrou de difícil operacionalização para as empresas. Já o TBL proposto por Elkington (1994) tornou-se um conceito mais aplicável. A sustentabilidade ambiental pode ser definida como uma condição de equilíbrio, resiliência e interconexão, que permite à sociedade satisfazer suas necessidades sem exceder a capacidade dos ecossistemas (MORELLI, 2011). Assim como a viabilidade e saúde do sistema ambiental devem ser protegidas para evitar um colapso catastrófico no ecossistema (ISLAM et al., 2013). Uma importante contribuição para o conceito da sustentabilidade ambiental foi introduzida pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OECD, 2001), a qual define quatro critérios específicos para a sustentabilidade ambiental: (i) regeneração - recursos renováveis devem ser utilizados de forma eficiente e seu uso não deve exceder sua taxa de longo prazo de regeneração natural; (ii) substituibilidade - recursos não renováveis devem ser utilizados de forma eficiente e o seu uso limitado pode ser compensado por recursos renováveis ou outras formas de capital; (iii) assimilação - lançamentos de substâncias perigosas ou substâncias poluentes no meio ambiente não deve exceder a sua capacidade de assimilação; e, (iv) irreversibilidade - efeitos adversos irreversíveis das atividades humanas sobre os ecossistemas e nos ciclos biogeoquímicos e hidrológicos devem ser evitados. 37

38 38 Outras duas dimensões são econômica e social. Na perspectiva da sustentabilidade social, a ênfase está na homogeneidade social, rendimentos justos e acesso a bens, serviços e emprego (LEHTONEN, 2004). Para Vallance et al. (2011), a sustentabilidade social deve atender às necessidades básicas, criação de capital social, justiça, equidade, preservação das características sócio-culturais. A sustentabilidade econômica refere-se à: (i) alocação e distribuição eficientes de recursos dentro de uma escala apropriada (VAN BELLEN, 2005); (ii) manutenção de capital natural, que é uma condição necessária para não haver decrescimento econômico (BARTELMUS, 2003); e, (iii) o interesse da geração atual em melhorar a suas reais condições de vida (BARTELMUS, 2003). A sustentabilidade não implica uma economia estática e estagnada, e nesse caso, é importante distinguir entre crescimento e desenvolvimento. O crescimento econômico, que é um aumento na quantidade, não pode ser sustentável em um planeta finito, já o desenvolvimento econômico, é uma melhoria na qualidade de vida sem necessariamente causar um aumento na quantidade de recursos consumidos, portanto, o crescimento sustentável é uma impossibilidade (COSTANZA et al., 1991). O peso igual das três dimensões ambiental, econômica e social é amplamente aceito para os conceitos de sustentabilidade (ISAKSSON; STEIMLE, 2009), uma vez que há características comuns da sustentabilidade (BAUMGARTNER; EBNER, 2010): (i) foco na relação entre seres humanos e natureza; (ii) orientação para o futuro de longo prazo e incerto; (iii) justiça entre os seres humanos das gerações presentes e futuras; (iv) preocupação com a eficiência econômica, entendida como não desperdício, alocação de bens e serviços naturais, bem como os substitutos e complementos feitos pelo homem. Alcançar a sustentabilidade, portanto, é simultaneamente alcançar a sustentabilidade ambiental, econômica e social ao longo do tempo (WU, 2013), que, em conjunto, constituem uma medida integrada para avalia-la. As definições se voltam para a conservação, sustento e continuidade de um determinado recurso, sistema ou condição; em todos os casos, o objetivo é manter algo num certo nível e evitar o declínio (VOINOV, 2008). Em suma, conforme Lélé (1991), o desenvolvimento sustentável equivale à soma de desenvolvimento e sustentabilidade (isto é, desenvolvimento sustentável = sustentabilidade + desenvolvimento). Portanto, no nível macro, tem-se o desenvolvimento sustentável

39 conforme definido pela Comissão Mundial para o Meio Ambiente e Desenvolvimento (WCED). Ao nível micro, o conceito de sustentabilidade tem implicações para as organizações e as suas práticas sustentáveis, no qual busca utilizar as melhores estratégias de negócios para atender e equilibrar as necessidades das partes interessadas atuais e futuras (ARTIACH et al., 2010). A presente pesquisa volta-se para a sustentabilidade uma vez que é parte imprescindível do desenvolvimento sustentável. Assim como para as organizações, que têm grande responsabilidade no processo de transição para o desenvolvimento sustentável (MEDEL-GONZÁLEZ et al., 2013). Portanto, nesta pesquisa, as empresas sustentáveis são aquelas que adotam estratégias que atendam as necessidades da empresa e dos diferentes stakeholders, enquanto protegem, mantém e melhoram os recursos humanos e ambientais, de forma economicamente viável. O próximo item deste capítulo aborda a avaliação da sustentabilidade sob a ótica empresarial. 2.1 AVALIAÇÃO DA SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL O papel dos negócios frente ao desenvolvimento sustentável levou ao surgimento do conceito de sustentabilidade empresarial (ou sustentabilidade corporativa). Historicamente, a sustentabilidade empresarial tem evoluído como resultado do crescimento econômico, regulamentação ambiental e um impulso para o atendimento da justiça social e equidade (CHRISTOFI; CHRISTOFI; SISAYE, 2012). As empresas, que são consumidoras de recursos, desempenham um papel fundamental na sustentabilidade, pois de forma individual podem contribuir para o grande sistema (Terra) em que o desenvolvimento sustentável pode ser alcançado. Assim, a avaliação da sustentabilidade tem sido uma questão importante para as empresas (HOURNEAUX Jr. et al., 2014), pois o atual sistema econômico, construído sobre a ideia de crescimento perpétuo, baseia-se de forma desconfortável em um sistema ambiental que está restrito pelos limites biofísico (UNEP, 2012; GEO 5, 2014). Para alcançar a sustentabilidade, a primeira e mais importante questão a ser considerada é como medir e avaliar a sustentabilidade corporativa. É importante destacar que a avaliação e a medição da sustentabilidade são realizadas em conjunto, porém, cada conceito implica um processo diferente (POVEDA; LIPSETT, 2011). No 39

40 40 processo de medição, as variáveis relacionadas à sustentabilidade são identificadas, os dados são coletados e analisados com técnicas adequadas (POVEDA; LIPSETT, 2011). Conforme Bourne et al. (2003), um sistema de medição se refere ao uso de um conjunto de indicadores, que podem incluir medidas financeiras e não financeiras, internas e externas, sobre o passado e predições sobre o futuro. Por sua vez, a tarefa de escolher o que medir não é fácil, e deve sempre estar atrelada a uma orientação estratégica (LEBAS, 1995). Já durante um processo de avaliação, os indicadores são comparados com algum critério padrão ou inúmeros critérios e, portanto, denota algum comportamento (POVEDA; LIPSETT, 2011): isto é, a avaliação mede a extensão ao qual uma empresa abraça os fatores de sustentabilidade em suas operações e, finalmente, o impacto que exercem sobre a empresa e a sociedade (ARTIACH et al., 2010). O resultado da avaliação é uma prática concreta no qual o conjunto de medidas e critérios subjacentes é compartilhado por especialistas ou membros envolvidos na análise. Avaliação do desempenho ambiental, por exemplo, trata-se de um processo para facilitar as decisões gerenciais com relação às atividades ambientais de uma organização (ISO 14031, 2004). Conforme esta norma, a avaliaçãocompreende a seleção de indicadores, a coleta e análise de dados, a avaliação da informação em comparação com critérios reguladores ou mesmo os padrões existentes para aquela determinada atividade. A avaliação da sustentabilidade econômica apresenta o êxito das organizações em relação ao mercado e a sua gestão perante os acionistas; já a avaliação da sustentabilidade social refere-se ao gerenciamento das partes interessadas, especialmente a força de trabalho e a comunidade local (SRIDHAR, 2012). O processo de avaliação da sustentabilidade pode ajudar a identificar situações que podem ser melhoradas, especialmente quando os elementos de sustentabilidade (ou seja, os indicadores) podem ser distinguidos e comparados (MORI; CHRISTODOULOU, 2012). Existem várias razões pelas quais a avaliação da sustentabilidade é importante, por exemplo: (i) Saber se a empresa contribui para o desenvolvimento sustentável (BAUMGARTNER, 2008); (ii) Realizar comparações que, por meio de uma análise aprofundada da situação atual, identificam tendências e futuros possíveis (BOSSEL, 1999; MATTILA et al., 2013);

41 (iii) Fornecer aos tomadores de decisão uma avaliação global ao integrar natureza-sociedade nas perspectivas de curto e longo prazo (NESS et al., 2007); e, (iv) Encontrar práticas adequadas e aplicáveis que possam ajudar a reduzir o impacto negativo de qualquer problema na sociedade de forma mais eficiente e realista (ESTRADA; YAP, 2013). O processo de medição e avaliação da sustentabilidade possui efeito complementar e integrado. Assim, para efeitos desse trabalho, esta pesquisa desenvolve os indicadores relativos de sustentabilidade (medição) e procede com a avaliação da sustentabilidade. O processo de avaliação da sustentabilidade implica a existência de ferramentas, instrumentos, processos e métodos para mensurar o desempenho (POVEDA; LIPSETT, 2011). Neste sentido, é possível abordar a avaliação dos valores cientificamente e utilizar indicadores para sensibilização das questões críticas da sustentabilidade, uma vez que, um dos métodos mais comuns para a avaliação da sustentabilidade é o uso de indicadores. Uma discussão acerca dos indicadores de sustentabilidade empresarial é apresentada na seção a seguir. 2.2 INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE A avaliação da sustentabilidade foi enfatizada na conferência Rio 92, quando foi destacada a importância do desenvolvimento e identificação dos indicadores de sustentabilidade para registro e auxílio na tomada de decisão relacionada ao desenvolvimento sustentável (CNUMAD, 1992). Os indicadores de sustentabilidade são reconhecidos como uma ferramenta importante no fornecimento de informações sobre o desempenho dos países e empresarial em áreas como meio ambiente, desenvolvimento econômico, desenvolvimento social ou tecnológico (SINGH et al., 2012). Os indicadores demandam dados específicos, qualitativos ou quantitativos, geralmente comparáveis e capazes de demonstrar a mudança cronologicamente (GRI, 2011b). Os indicadores de sustentabilidade podem ser definidos como variáveis, parâmetros, etc. (VELEVA, 2001); são peças de informação que sintetizam as características dos sistemas (BRANDON; LOMBARDI, 2010). O seu papel é indicar o progresso em direção ou para longe de alguns objetivos comuns, a fim de aconselhar o público e 41

42 42 os tomadores de decisão acerca dos principais impactos e o desempenho da sustentabilidade (BOHRINGER; JOCHEM, 2007). Os indicadores de sustentabilidade são bastante diferentes das metas de desempenho que as empresas têm medido por anos. Conforme Medel-González et al. (2013), os indicadores podem ser usados para: (i) controle de recursos; (ii) comunicação do desempenho para stakeholders internos e externos; e (iii) sugestão de melhorias ao identificar lacunas que requerem intervenção. Por exemplo, na dimensão ambiental, os aspectos negativos decorrentes das operações corporativas estão associados à poluição do meio ambiente (ar, solo, água, etc.) e em termos de produção de resíduos tóxicos, assim por diante. Quando se refere à dimensão social, os aspectos negativos podem ser, por exemplo, acidentes de trabalho, violação de privacidade de dados, ocorrência de trabalho infantil ou discriminação. Como aspectos negativos na dimensão econômica, citam-se a não conformidade com leis e regulamentos, e passivos ambientais que não reconhecidos nas demonstrações contábeis. A ISO divide os indicadores nas categorias gerencial e operacional (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2004). Os indicadores de desempenho gerencial fornecem informações sobre os esforços da alta administração para influenciar o desempenho ambiental das operações da organização. Relacionam-se com a política, pessoas, práticas, procedimentos, decisões e ações em todos os níveis da organização. Os indicadores operacionais apresentam informações sobre o desempenho ambiental das operações da organização, e dizem respeito à energia, materiais, resíduos, emissões, produtos, serviços, projeto, operação e manutenção de equipamentos, etc. Segundo Azapagic e Perdan (2000), os indicadores permitem a identificação de opções sustentáveis ao: (i) comparar produtos similares fabricados por empresas diferentes; (ii) comparar diferentes processos para produzir o mesmo produto; (iii) fazer benchmarking de unidades dentro das organizações; (iv) classificar as empresas do mesmo setor (ou subsetor); e (v) avaliar o progresso para o desenvolvimento sustentável de um setor. Para Staniškis e Arbačiauskas (2009), os indicadores de sustebntabilidade devem permitir às empresas: (i) identificar as opções de melhoria de desempenho em áreas estratégicas (de preferência usando medidas preventivas); (ii) avaliar se os objetivos e metas foram atingidos; (iii) avaliar a conformidade legal; (iv) avaliar o progresso de

43 projetos específicos; (v) permitir o desenvolvimento de relatórios de sustentabilidade a fim de atender aos requisitos dos stakeholders. Os indicadores de sustentabilidade podem ser quantificáveis (quantitativos) e não quantificáveis (qualitativos). Os indicadores quantitativos devem ser usados para ilustrar e comunicar um conjunto de fenômenos complexos de uma forma simples, incluindo tendências e progressos ao longo do tempo (JOUNG et al., 2013); já os indicadores qualitativos servem de complemento para a análise quantitativa (GRI, 2011a). A melhor abordagem é a combinação dos dois métodos (DIAKAKI; GRIGOROUDIS; STABOULI, 2006). Mori e Christodoulou (2012) destacam a existência de indicadores e índices para avaliar a sustentabilidade. Índices ou indicadores funcionam como um sinal de alarme para manifestar a situação do sistema avaliado, apresentando uma fotografia do momento atual (SICHE et al., 2007). Os índices agrupam os dados em categorias específicas. Como exemplo, tem-se respectivamente o Produto Interno Bruto e o Índice de Desenvolvimento Humano (MOLDAN et al., 2012). As principais vantagens consistem na multidimensionalidade, muitas vezes baseado no uso da normalização e agregação, faz uso de regras científicas e métodos estatísticos robustos (SINGH et al., 2012). Podem ser úteis na avaliação global do desempenho da empresa, mas a falta de informação detalhada limita o seu uso prático em termos de identificação de oportunidades para a otimização do desempenho (STANIŠKIS; ARBAČIAUSKAS, 2009). A esse respeito, é recomendado o uso de indicadores absolutos e relativos. Os indicadores relativos permitem observar as mudanças dos valores específicos em relação a um denominador comum (por exemplo, poluição emitida por unidade de produção). Os indicadores absolutos e relativos podem ser expressos em unidades naturais (massa ou volume, por exemplo, toneladas e litros) e em unidades monetárias (STANIŠKIS; ARBAČIAUSKAS, 2009). Já para Joung et al. (2013), combinar os indicadores das dimensões ambientais, econômicas e sociais mais comuns e avaliar esses indicadores em conjunto é uma prática para medir a sustentabilidade em uma escala muito maior do que os indicadores individuais. Contudo, uma vez que os indicadores de sustentabilidade são definidos, estes podem ser usados em diferentes abordagens. Isto é, a avaliação da sustentabilidade não termina com a seleção dos indicadores de desempenho (STANIŠKIS; ARBAČIAUSKAS, 2009). 43

44 44 A partir do entendimento da sustentabilidade e a definição dos indicadores que a representam (HOURNEAUX Jr. et al., 2014), é necessário algum tipo de modelo conceitual ou procedimentos para a análise, desenvolvimento e interpretação das informações coletadas (VAN BELLEN, 2006; STANIŠKIS; ARBAČIAUSKAS, 2009; WU; WU, 2012). O uso de frameworks, por exemplo, ajuda a identificar as lacunas nos dados disponíveis e no conjunto de indicadores, e por fim, a compreensão ampla do sistema humano-ambiental em questão (WU; WU, 2012). Nesse sentido, o processo de avaliação implica a existência de ferramentas, instrumentos, processos e metodologias para medir o desempenho de uma forma consistente com relação a padrões préestabelecidos, diretrizes, fatores ou outros critérios. No próximo item deste capítulo são apresentos os métodos de avaliação da sustentabilidade empresarial. O termo método é utilizado aqui para generalizar abordagens que procuram avaliar a sustentabilidade. 2.3 MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA SUSTENTABILIDADE Nos últimos 20 anos, diferentes métodos de avaliação da sustentabilidade têm sido desenvolvidos em todo mundo (SCHNEIDER; MEINS, 2012; MEDEL-GONZÁLEZ et al., 2013). De acordo com Bossel (1999), de modo geral, os métodos possuem propósitos fundamentais na avaliação da sustentabilidade, que são: fornecer informações essenciais sobre a viabilidade do sistema e sua taxa de mudança; e, indicar a contribuição para o objetivo geral que é o desenvolvimento sustentável. Por meio da revisão de literatura em bases de dados internacionais, foram identificados 40 diferentes métodos para avaliar a sustentabilidade. Entretanto, apenas 6 métodos se propõem a avaliar a sustentabilidade empresarial, contemplam as três dimensões da sustentabilidade e são amplamente discutidos na literatura em periódicos de alto impacto, sendo estes: (i) Índice Dow Jones de Sustentabilidade; (ii) Global Reporting Initiative; (iii) IchemE Sustainability Metrics; (iv) Balanced Scorecard Sustentável; (v) Modelo de avaliação de sustentabilidade; e, (vi) Valor Sustentável Adicionado.

45 A descrição detalhada acerca da identificação e seleção dos métodos é apresentada no Capítulo 3 (Métodos de pesquisa). A seguir, os métodos selecionados e suas descrições são apresentados Índice Dow Jones de Sustentabilidade Em setembro de 1999, o Dow Jones Sustainability Group Indices (DJSI) em associação com Sustainable Asset Management Sustainability Group desenvolveu o primeiro conjunto de índices de sustentabilidade mundial (SINGH et al., 2012). Além da versão global do índice, existem versões regionais específicas para a Europa (DJSI Stoxx), para o Canadá e Estados Unidos da América (DJSI North America), para a Ásia e o Pacífico (DJSI Asia/Pacific) (DJSI, 2011). Conforme Searcy e Elkhawas (2012), o objetivo de proporcionar aos investidores uma visão mais aprofundada do desempenho da sustentabilidade corporativa deu espaço a uma série de índices de sustentabilidade ligados ao mercado financeiro. Pioneiro no setor financeiro, o DJSI foi criado para acompanhar o desempenho das empresas top 10% das 2500 maiores empresas, pertencentes a 59 setores da economia, listadas no Dow Jones Global Total Stock Market que lideram o campo em termos de sustentabilidade corporativa (DJSI, 2013). A avaliação da sustentabilidade é baseada num questionário anual enviado para as empresas, específico para cada setor da economia, com cerca de perguntas sobre fatores econômicos, ambientais e sociais financeiramente relevantes (DJSI, 2013). As perguntas de múltipla escolha garantem a objetividade da análise, que favorece, inclusive, a comparação entre os proponentes. Os pesos relativos às dimensões do questionário variam de acordo com a indústria. Cada empresa recebe uma pontuação total que varia de Uma vez que os escores totais foram calculados, as empresas do mesmo setor são classificadas contra os seus pares, a fim de determinar quais as empresas são elegíveis para inclusão no DJSI. Além do questionário SAM (Sustainable Asset Management Research, consultora Suíça), outras fontes de informação são usadas para a quantificação do índice (SCHAEFFER et al., 2012): (i) a devida documentação da empresa (por exemplo, relatório de sustentabilidade, 45 1 Um dos resultados da pesquisa bibliográfica foram os métodos de avaliação da sustentabilidade, apresentado de forma detalhada no capítulo 3.

46 46 relatório ambiental, relatório de segurança e saúde ocupacional, relatório social, relatório financeiro anual); (ii) a análise dos stakeholders e da mídia; e, (iii) o contato direto com as empresas. Quando uma empresa faz parte do índice, ela é monitorada no que diz respeito às questões ambientais, econômicas e sociais ou situações de crise que podem ter um efeito altamente prejudicial à sua reputação (DJSI, 2013). O DJSI também é revisado trimestralmente para alterações à composição do índice (SEARCY, ELKHAWAS, 2012). O DJSI ajuda a validar os esforços corporativos em relação à sustentabilidade, reconhecimento global e diferenciação dos concorrentes (SEARCY; ELKHAWAS, 2012). Além disso, frequentemente as empresas usam o feedback do relatório de avaliação SAM para identificar lacunas e iniciar melhorias em suas práticas de negócios; e, a classificação relativa de uma empresa no setor industrial permite comparar seu próprio desempenho de sustentabilidade com o desempenho dos seus principais concorrentes (DJSI, 2011). O DJSI atende a necessidade de investidores, conjugando sustentabilidade e desempenho econômico em um único parâmetro (CURI, 2011). O índice serve como um guia para os investidores que procuram investir em empresas que são rentáveis e ao mesmo tempo eficientes ao integrar os fatores econômicos, ambientais e sociais nas suas estratégias de negócios (SCHAEFFER et al., 2012). Em relação aos estudos sobre o DJSI, Lopez, Garcia e Rodriguez (2007) compararam duas amostras de empresas europeias (55 empresas incluídas no DJSI e 55 pertencentes no Índice Global Dow Jones, mas não inclusas no DJSI) a fim de examinar o efeito da aplicação das práticas de sustentabilidade no desempenho das empresas e criação de valor. Os autores descobriram que havia diferenças significativas entre as duas amostras. Já Artiach et al. (2010) compararam um grupo de empresas de alto escalão no DJSI com empresas não pertencentes ao DJSI. Estes autores também constataram que as empresas do DJSI são significativamente diferentes em tamanho, lucratividade e nível de opções de crescimento. Com uma amostra de 95 empresas americanas, Cho et al. (2012) exploraram as relações entre desempenho ambiental, divulgação ambiental, participação no DJSI e percepções de reputação ambiental. Os resultados apontam que as empresas fazem uso da divulgação ambiental de forma voluntária para compensar os danos ambientais causados à sociedade.

47 De forma preocupante, os autores afirmam que, embora a inclusão no DJSI esteja associada a efeitos de reputação positivos, a participação no índice parece estar relacionada mais para o que as empresas dizem (a sua divulgação ambiental) do que aquilo que elas realmente fazem (o seu desempenho ambiental) Global Reporting Initiative No final dos anos noventa, havia várias diretrizes amplamente aceitas internacionalmente para relatar o desempenho financeiro das organizações, mas o mesmo não ocorria para aspectos ambientais e sociais (PEREZ; SANCHEZ, 2009). Diferentes organizações em contextos distintos propunham diferentes sistemas de medição e diretrizes para fazê-lo, normalmente enfocando questões econômicas, ambientais ou sociais específicas (GRI, 2012). Uma iniciativa liderada pela CERES (Coalition for Environmentally Responsible Economies) em coalizão com a UNEP (United Nations Environment Programme) criou em 1997 a Global Reporting Initiative (GRI), uma instituição internacional sem fins lucrativos, composta por uma rede de stakeholders. Em 2002, tornou-se independente e oficialmente sediada em Amsterdam, na Holanda. A GRI foi criada com a missão de tornar os relatórios de sustentabilidade tão comuns quanto os relatórios financeiros e ser a responsável das diretrizes e de seu processo de produção, bem como, elevar a qualidade dos relatórios a um nível passível de comparação, consistência e utilidade (GRI, 2012). A primeira versão das diretrizes para relatórios de sustentabilidade (G1) da GRI foi lançada em Em 2002, a versão foi atualizada para diretrizes da 2 a geração (G2). Em 2006 houve o lançamento das diretrizes da 3 a geração (G3). Já em 2011 a mesma 3 a geração foi atualizada (G3.1), incluindo indicadores de desempenho relativos aos impactos aos direitos humanos, à comunidade local e de gênero (GRI, 2012). Em 2013, foi lançada a quarta versão das diretrizes da 4 a geração (G4). As organizações que já divulgam de acordo com as versões anteriores das diretrizes podem optar por continuar a fazê-lo por até dois ciclos de divulgação consecutivos, mas os relatórios publicados após dezembro de 2015 devem ser preparados de acordo com a versão G4 (GRI, 2013). 47

48 48 A GRI fornece um guia de orientações (diretrizes) para a elaboração de relatórios de sustentabilidade com objetivo de descrever os impactos econômicos, ambientais e sociais de uma organização (GRI, 2012). A estrutura da GRI - Diretrizes, Protocolos de Indicadores e Suplementos Setoriais e os documentos de pesquisa foram concebidos para que organizações de qualquer porte, setor e localização pudessem passar pelo mesmo processo de relato e produzir relatórios comparáveis (GRI, 2012). Um relatório de sustentabilidade baseado nas Diretrizes da GRI divulga os resultados obtidos dentro do período relatado, no contexto dos compromissos, da estratégia e da forma de gestão da organização (GRI, 2006). Entre outros propósitos, pode ser usado como: (i) Padrão de referência (benchmarking) e avaliação do desempenho de sustentabilidade com respeito a leis, normas, códigos, padrões de desempenho e iniciativas voluntárias; (ii) Demonstração de como a organização influencia e é influenciada por expectativas de desenvolvimento sustentável; (iii) Comparação de desempenho dentro da organização e entre organizações diferentes ao longo do tempo. O relatório (versão G3.1) é composto de quatro elementos principais que fornecem orientação sobre como divulgar e o que relatar (Figura 2), descrito da seguinte forma (GRI, 2011a): (i) Diretrizes para Relatórios de Sustentabilidade consistem de princípios para a definição do conteúdo do relatório e a garantia da qualidade das informações relatadas; também incluem o conteúdo do relatório, composto de indicadores de desempenho e outros itens de divulgação, além de orientações sobre temas técnicos específicos relativos à elaboração do relatório; (ii) Protocolos de Indicadores, que fornecem definições, orientações para compilação e outras informações destinadas a auxiliar as organizações relatoras e a assegurar coerência na interpretação dos indicadores de desempenho. (iii) Suplementos Setoriais, que complementam as Diretrizes com interpretações e orientações sobre como aplicá-las em determinado setor e incluem indicadores de desempenho específicos do setor. (iv) Protocolos Técnicos, criados para orientar questões referentes à elaboração do documento, como o estabelecimento de limites do relatório.

49 49 Figura 2 - A estrutura de relatórios da GRI Fonte: GRI (2011a) O relatório é composto de duas partes. A primeira parte abrange os princípios de materialidade, de inclusão dos stakeholders, contexto da sustentabilidade e de abrangência, com um pequeno conjunto de testes para cada um. A aplicação desses princípios determina os temas e indicadores a ser divulgados (GRI, 2011a). Os princípios de equilíbrio, de comparabilidade, de exatidão, de periodicidade, de confiabilidade e de clareza, juntamente com os testes, podem ser usados em favor da qualidade das informações relatadas. A parte 1 termina com as orientações para as organizações relatoras sobre como definir as unidades de negócios contempladas no relatório (também chamada Limites do Relatório). A segunda parte traz o conteúdo que deve ser incluído no relatório de sustentabilidade. As diretrizes identificam as informações a serem divulgadas, que são relevantes e essenciais para a maioria das organizações e do interesse da maior parte dos stakeholders, em três categorias de conteúdo (GRI, 2011a): (i) Perfil - informações que estabelecem o contexto geral para a compreensão do desempenho organizacional, tais como sua estratégia, perfil e governança; (ii) Forma de Gestão - Conteúdo que descreve o modo como a organização trata determinado conjunto de temas para fornecer o contexto para a compreensão do desempenho em uma área específica; e, (iii) Indicadores de Desempenho - Informações comparáveis sobre o

50 50 desempenho econômico, ambiental e social da organização, classificados em indicadores essenciais e adicionais. Os indicadores essenciais são aqueles identificados como de interesse da maioria dos stakeholders e considerados relevantes. Já os adicionais são aqueles que representam práticas emergentes ou tratam de temas que podem ser relevantes para algumas organizações, mas em geral não o são para a maioria (GRI, 2011a). No Anexo A, estão apresentados os indicadores GRI. As organizações que operam em diferentes locais, tamanhos e setores precisam considerar a melhor forma de enquadrar o seu desempenho num contexto mais amplo da sustentabilidade. Isto pode requerer a distinção entre os temas ou fatores que impulsionam os impactos globais (como a mudança climática) e aqueles que têm mais impactos regionais ou locais (tais como o desenvolvimento da comunidade). Ao relatar sobre temas que têm impactos locais positivos ou negativos, é importante fornecer insights sobre como a organização afeta as comunidades em diferentes locais. Do mesmo modo, as diferenças podem ser entre as tendências ou padrões de impactos em toda a gama de operações versus a contextualização do desempenho por localização (GRI, 2013). As principais melhorias da versão G4 em relação à versão G3.1 está em auxiliar as organizações a preparar relatórios de sustentabilidade que sejam relevantes, que contenham informações valiosas sobre as questões de sustentabilidade mais críticas e tornar o processo de relato de sustentabilidade uma prática padrão nas organizações. O principal foco da versão G4 é a seleção e relato dos temas mais materiais para a organização e para seus stakeholders. Além disso, não existem mais os níveis de aplicação A, B ou C que eram utilizados desde a versão G3. Agora um relatório de sustentabilidade deve ser preparado de acordo com as diretrizes, podendo ser adotadas as opções Core 2 ou Comprehensive 3 (GRI, 2013). O método GRI chamou a atenção sobre a medição da sustentabilidade corporativa. No entanto, ele sofre de várias deficiências, incluindo a falta de orientação sobre a integração com 2 Core ou essencial, requer relato sobre forma de gestão para os aspetos materiais + ao menos um indicador relacionado a cada aspecto material. 3 Comprehensive ou abrangente, relato sobre forma de gestão para todos os aspetos materiais + todos os indicadores relacionados aos aspectos materiais + informações sobre governança, ética e integridade.

51 iniciativas corporativas existentes e a falta de indicadores transversais (SEARCY, 2009). A ascensão dos relatórios de sustentabilidade também tem gerado muitos estudos, fato que se reflete nas pesquisas realizadas por Morhardt et al. (2002), Willis (2003), Kolk (2004), Daub (2007), Skouloudis, Evangelinos e Kourmousis (2009), Brown, Jong e Levy (2009), Perez e Sanchez (2009), Isaksson e Steimle (2009), Roca e Searcy (2012), Manetti e Toccafondi (2012), Leszczynska (2012), Marimon et al. (2012), Hahn e Lülfs (2013), Legendre e Coderre (2013), Alazzani e Wan-Hussin (2013), entre outros. Estes estudos supracitados têm acrescentado informações importantes acerca dos indicadores que são divulgados, a evolução e as tendências emergentes dos relatórios de sustentabilidade, mas têm se concentrado mais na análise de conteúdo IchemE Sustainability metrics O Institution of Chemical Engineers (ICHEME), fundado em 1922, é uma associação profissional para pessoas com experiência e interesse na Engenharia Química. Em 2005, o instituto desenvolveu um conjunto de indicadores para medir o desempenho da sustentabilidade dos processos industriais, abrangendo as dimensões de responsabilidade ambiental, retorno econômico (criação de riqueza) e desenvolvimento social (ICHEME, 2005). O método possui foco interno, fornece formulários padrões e tabelas de conversão, e permite monitorar o progresso ano a ano (LABUSCHAGNE et al., 2005). O Icheme solicita que as empresas detalhem em seus relatórios os seguintes dados: (i) Perfil - definição da unidade, limites e atividades; (ii) Resumo indicadores-chave, conclusões e planos; (iii) Visão e estratégia - ações de curto e longo prazo, identificação de objetivos; (iv) Política e organização - descrição de políticas, gestão e interação com stakeholders, conformidade com ISO 14001, Sistemas de Gestão Ambiental (SGA) etc; e, (v) Desempenho - apresentação dos indicadores (por exemplo, no Quadro 1) nas três dimensões da sustentabilidade, no qual pode ser útil apontar tendências os fatores que afetam o desempenho, como apoio à interpretação. 51

52 52 Quadro 1 - Indicadores recomendados para o uso na indústria Dimensão e Indicadores Exemplos de rácios Dimensão Social 1. Energia Percentual da energia primária proveniente de fontes renováveis 2. Intensidade de material Matéria-prima utilizada por unidade de valor adicionado 3. Água Água consumida por unidade de valor adicionado 4. Terra Taxa da área restaurada por ano 5. Emissões (Atmosférica, Potencial de aquecimento global por unidade aquática e terrestre) de valor adicionado Dimensão econômica 6. Lucro, Valor, Taxas Valor adicionado por unidade de valor das vendas 7. Investimentos Investimentos em P&D como percentual das vendas Dimensão social 8. Trabalho (emprego, treinamento, segurança) Horas de trabalho perdidas em relação ao total de horas trabalhadas 9. Sociedade Benefício da comunidade por unidade de valor adicionado Fonte: Baseado em Icheme (2002). Não há um consenso absoluto sobre temas ambientais que devem ser medidos, embora haja algum acordo em torno dos principais aspectos apontados pela literatura - ar, água, terra, energia e materiais (OECD, 2001). Algumas questões importantes como os sub-temas camada de ozônio, acidificação aquática, demanda de oxigênio aquática, ecotoxicidade e eutrofização, perigos à saúde humana, qualidade do ar e da água são dirigidas apenas pela iniciativa ICHEME Balanced Scorecard Sustentável O modelo tradicional BSC foi desenvolvido no início de 1990 como uma nova abordagem para a medição de desempenho (KAPLAN; NORTON, 1992). O modelo contém quatro dimensões (quadrantes): desempenho financeiro, cliente externo, processos internos, aprendizado e crescimento organizacional. Esse equilíbrio permite, principalmente,

53 estabelecer objetivos organizacionais e realimentar o processo contínuo da estratégia (SERRA; TORRES; TORRES, 2004). Por isso, trata-se de um sistema de gestão estratégica que utiliza indicadores de desempenho organizado em torno das quatro perspectivas mencionadas anteriormente. Medel-González et al. (2013) afirmam que vários autores têm abordado como o tradicional balanced scorecard pode contribuir para a sustentabilidade, definindo-o como Balanced Scorecard Sustentável (ou Sustainability Balanced Scorecard, SBSC). O SBSC integra os tópicos ambientais e sociais para gerar valor econômico, sem comprometer as futuras gerações. Ademais, o método ajuda a superar as deficiências das abordagens convencionais para a gestão ambiental e social, integrando os três pilares da sustentabilidade num único método de gestão (FIGGE et al., 2002). Em relação à estrutura do SBSC, podem ser encontradas posições distintas entre os autores. Para Epstein e Wisner (2001), a distribuição dos indicadores do desempenho ambiental e social, em combinação com os indicadores restantes de gestão, permanece nas quatro perspectivas tradicionais do BSC. Figge et al. (2002) incluíram uma quinta perspectiva: não comercial, isto é, liberdade de ação, legitimidade e legalidade. Ademais, esses autores oferecem três alternativas para a incorporação da sustentabilidade no BSC: (i) Integrar as medidas sociais e ambientais dentro dos quatro quadrantes existentes. Por exemplo, o uso da água e eficiência energética pode entrar em processos internos; o desenvolvimento de recursos recicláveis e renováveis pode ser uma medida financeira ou um alvo de desenvolvimento de longo prazo; (ii) Desenvolver SBSC inspirado nos modelos que estão surgindo em relatórios de sustentabilidade corporativa. Por exemplo, pode haver quadrantes sociais e ambientais para o uso de energia, dos resíduos, impacto na comunidade, bem-estar dos funcionários, entre outros indicadores; (iii) Adicionar elementos não comerciais no scorecard. Por exemplo, a adição de medidas ambientais e sociais em quadrantes separados ou em raios na roda de desempenho. Sidiropoulos et al. (2014) acrescentaram a eco-perspective ao BSC, que está relacionada a questões como consumo de energia e resíduos, uso de materiais, emissões de poluentes e saídas. Para Möller e 53

54 54 Schaltegger (2005), o arranjo das quatro perspectivas não deve ser modificado, o que permite incorporar todas as questões da sustentabilidade que têm relevância direta para um mercado, ou seja, o mercado financeiro, o mercado do cliente, o mercado fornecedor ou o mercado de trabalho. Já os autores Dias Sardinha et al. (2007) apresentam quatro perspectivas: (i) Criação de valor no Triple Bottom Line: inclui objetivos específicos, medidas, iniciativas, realizações relativas a governança, questões sociais, ambientais e econômicas; (ii) Stakeholders (interno e externo): se refere à ética nos negócios, práticas de trabalho e relações com a sociedade em geral; (iii) Processos/produtos: se referem à estrutura e sistemas de gestão, o uso de ferramentas de gestão, tecnologias, produtos/serviços e transporte; e, (iv) Aprendizagem e inovação: os indicadores incluem a sinergia entre as áreas da empresa e de outras empresas, formação, pesquisa e desenvolvimento. Hsu et al. (2011) excluíram a perspectiva financeira e substituíram pelo termo sustentabilidade. Assim, a perspectiva sustentabilidade inclui investimentos em tecnologia de inovação verde, recursos produtivos, lucro e imagem verde. A perspectiva dos stakeholders é vital para o sucesso dos negócios, e todos os seus interesses podem ser incorporados no BSC numa arquitetura diferente, conforme apresentado na Figura 3 (MEDEL-GONZÁLEZ et al., 2013). Figura 3 - SBSC na perspectiva dos stakeholders Fonte: Medel-González et al. (2013).

55 Nesse sentido, o SBSC permite o balanço entre o passado e o futuro, informações quantitativas e não quantitativas, financeiras e não financeiras, e inclui o Triple Botom Line no centro da gestão dos negócios. Contempla as ações da organização em cinco perspectivas: aprender e crescer, processos internos, stakeholders, financeiro, social e cultural (MEDEL-GONZÁLEZ et al., 2013). Como um sistema de medição, o SBSC não só pode ajudar a detectar as estratégias ambientais e objetivos sociais, mas também pode aumentar a transparência e o valor agregado que emerge desses aspectos e, preparar o processo de implementação da estratégia (BIEKER; WAXENBERGER, 2002) Modelo de avaliação de sustentabilidade O Modelo de Avaliação de Sustentabilidade (Sustainability Assessment Model ou SAM) foi desenvolvido em 1999 pela companhia de petróleo BP, em conjunto com a Universidade de Aberdeen e consultores de óleo e gás. O objetivo é ajudar as organizações a desenvolver formas mais sustentáveis de operação (BEBBINGTON; FRAME, 2003), modelar e avaliar o desempenho de projetos (HASNA, 2008), incorporar a sustentabilidade na tomada de decisão organizacional e, potencialmente, os processos de prestação de contas (FRASER, 2012). Operacionalmente, o método SAM se baseia na técnica full-cost accounting (FCA) para avaliar um projeto e considera o ciclo de vida completo, incluindo a identificação e a monetização dos impactos operacionais do projeto (FRASER, 2012). Conforme Bebbington, Brown e Frame (2007), o método considera os seguintes impactos (positivos e negativos): (i) Econômicos: dividendos, impostos, investimento social, dinheiro para os contratados; (ii) Ambientais: emissões para atmosfera e mar, resíduos, destruição do ambiente nativo, valor do incômodo cheiro, barulho etc.; (iii) Sociais: trabalho, saúde e segurança, impacto social dos produtos; e (iv) Uso de recursos: óleo e gás, energia, matéria prima e estruturas físicas. Conforme Brown e Frame (2005), o processo começa na definição da medição que será desenvolvida e o propósito dessa medição. O segundo passo é determinar as fronteiras da análise, ou seja, os impactos considerados relevantes são especificados. A etapa seguinte se refere à coleta dos dados a fim de medir o impacto de um projeto. Os impactos são classificados em 22 55

56 56 indicadores, conforme os impactos indicados acima (econômico, uso de recursos, ambiental e social). A quarta e última etapa é monetizar as atividades e as externalidades para cada categoria (BROWN; FRAME, 2005). Conforme Baxter, Bebbington e Cutteridge (2004), as estimativas do custo dos danos para monetizar as externalidades ambientais e outros fatores de monetização são retirados da literatura econômica. Os dados podem ser combinados por categoria e gerar um gráfico, denominado de assinatura do SAM. Então, duas saídas são produzidas: um gráfico que destaca todos os impactos positivos e negativos, e um indicador que mede o quão sustentável é o projeto (BAXTER; BEBBINGTON; CUTTERIDGE, 2004). O modelo também permite que os resultados ruins decorrentes de sua implementação sejam, desde o início da estruturação do projeto, mitigado por ações ambientais correspondentes. Além da quantificação dos impactos, a principal intenção dos desenvolvedores do SAM é permitir o envolvimento dos stakeholders de modo a gerar o diálogo em torno de impactos indiretos de um determinado projeto, e, por sua vez, facilitando a consideração mais ampla de opções e alcançar maior sustentabilidade para o projeto (FRASER, 2012). Experiências com o método SAM ocorreram em projetos do setor público (BEBBINGTON; FRAME, 2003), silvicultura, aquicultura, habitação social e projeto de um aterro (BROWN; FRAME, 2005), recolhimento de resíduos orgânicos (CAVANAGH et al., 2006), desenvolvimento urbano (XING et al., 2009), e projetos de infraestrutura (FRASER, 2012) Valor Sustentável Adicionado O método Valor Sustentável Adicionado (Sustainable Value Added ou SVA) foi desenvolvido por Figge e Hahn (2004) para medir o desempenho da sustentabilidade empresarial, valorizando o uso de recursos com base no custo de oportunidade, o qual deve ser estimado para um conjunto de diferentes recursos econômicos, ambientais e sociais. O SVA está fundamentado na teoria da sustentabilidade forte 4 e precifica as externalidades causadas por determinada atividade por meio 4 Muitas vezes, a sustentabilidade é vista em dois níveis diferentes: sustentabilidade fraca ou sustentabilidade forte. A Sustentabilidade forte é um

57 do valor pago pelo causador do problema à vítima, para que a mesma aceite a externalidade (FIGGE; HAHN, 2004). Os autores supracitados ressaltam que esse método não reflete uma substituição de capital e sim uma compensação (transação que remunera uma determinada classe pela troca do consumo de recursos). A abordagem é baseada nos princípios econômicos financeiros: a empresa cria valor sempre que usar os seus recursos de forma mais eficiente do que outra empresa teria usado (HAHN et al., 2013). Portanto, o SVA se concentra em manter o uso dos recursos a um nível alvo fixo por meio de uma realocação de recursos entre os diferentes usuários, de modo que não danifique o estoque de capital natural (ANG et al., 2011). O método compreende quatro etapas principais (FIGGE; HAHAN, 2004; MULLER et al., 2012). Na primeira etapa, um conjunto de indicadores é definido a fim de estabelecer a eficiência da empresa na utilização dos seus recursos. A mudança no uso de recursos em comparação com o período anterior é determinada. Na segunda etapa, o custo de oportunidade do aumento ou da diminuição do consumo desses recursos é calculado com a ajuda de um benchmark adequado. Na terceira etapa, por meio da média do custo de oportunidade de todos os recursos utilizados, o valor total e o custo total de oportunidade são levados em consideração. Para evitar dupla contagem, depois de somar todas as contribuições de valor, o valor é dividido pelo montante total de recursos considerados. Finalmente, o custo total de oportunidade é comparado com o crescimento econômico da empresa, ou seja, é determinado o quanto de valor está sendo criado ao considerar os recursos econômicos, ambientais e sociais. Se o crescimento econômico excede o custo de oportunidade, um resultado positivo é estabelecido, ou seja, a empresa tem feito uma contribuição positiva para a sustentabilidade empresarial. 57 paradigma da não substituição, no qual existem sistemas naturais que não podem ser corroídos ou destruídos sem comprometer os interesses das gerações futuras (FIORINO, 2011). Na sustentabilidade forte é exigido que um subconjunto do capital natural total seja preservado em termos físicos, de modo que suas funções permaneçam intactas. Em oposição, a sustentabilidade fraca pode ser interpretada como a extensão do bem estar econômico (NEUMAYER, 2003), no qual o capital econômico produzido pelas gerações atuais poderá compensar as perdas de capital natural para as gerações futuras (FIORINO, 2011).

58 58 Em relação à construção do método, algumas considerações são importantes. Para calcular o SVA, tem-se o custo de oportunidade dos recursos, o que não é diretamente observável, mas deve ser estimado de uma forma ou de outra, a partir dos dados (KUOSMANEN; KUOSMANEN, 2009). Na economia, o custo de oportunidade de utilização de um recurso refere-se à perda de rendimento por não utilizar o recurso para uma melhor alternativa (FIGGE; HAHN, 2004). No entanto, o melhor uso alternativo nem sempre é evidente. De modo geral, depende da tecnologia e dos outros recursos disponíveis para a atividade alternativa. Assim, Figge e Hahn (2004) referem-se à atividade alternativa como benchmark. O benchmark pode ser visto como o grupo de referência que define a meta de desempenho para a empresa avaliada (KUOSMANEN; KUOSMANEN, 2009). Para Figge e Hahn (2004), o benchmark pode representar uma saída agregada (por exemplo, o PIB). Ou, pode representar a produção média e a utilização de recursos de um setor (VAN PASSEL et al., 2007). Ang et al. (2011) defendem que o SVA fornece um método simples e de fácil interpretação, e a sua aplicação fornece insights interessantes. Encontra-se a abordagem SV na avaliação empírica de sustentabilidade empresarial em diferentes setores (HAHN et al, 2007) como a agricultura (VAN PASSEL et al, 2007) e na indústria automobilística (HAHN et al., 2013). Já Ang et al. (2011) e Muller et al. (2012) apresentam aplicações do método para a análise de países. Dado esse conjunto de métodos de avaliação da sustentabilidade, a seguir são discutidas suas vantagens e desvantagens, bem como, as características que norteiam a aplicação de cada ferramenta Características dos métodos de avaliação da sustentabilidade empresarial Uma boa compreensão das abordagens para a avaliação da sustentabilidade se faz necessária quando muitas informações são disponíveis e sistemas complexos são analisados. Os métodos de avaliação da sustentabilidade são projetados para fornecer uma estrutura para avaliação da sustentabilidade e os seus resultados (BECKER, 2005). Nesse sentido, os métodos de avaliação da sustentabilidade têm dois propósitos principais: avaliar o progresso das organizações e, comunicar aos stakeholders os esforços nas dimensões

59 econômica, ambiental e social. Para Ness et al. (2007), a avaliação da sustentabilidade pode ser conduzida numa gama de escalas, do nível local até o global, conforme mostrado na Figura 4. Figura 4 - Variação de escala de avaliação da sustentabilidade 59 O eixo x representa a escala de avaliação (desde local, regional e até nível global) e o eixo y representa a extensão do perímetro do sistema de interesse para interpretar o comportamento da sustentabilidade. Fonte: Adaptado de Hay et al. (2014). Ademais, os métodos podem incluir (NESS et al., 2007): (i) as características temporais, ou seja, se a abordagem avalia o desenvolvimento passado ou se é usado para prever resultados futuros; (ii) o foco (área de cobertura ou o sistema), isto é, se o seu foco é no nível do produto ou sobre uma proposta de mudança na política; (iii) a integração de sistemas de natureza-sociedade, ou seja, até que ponto a abordagem combina aspectos ambientais, sociais ou econômicos. Em relação às características dos métodos de avaliação da sustentabilidade, Todorov e Marinova (2011) classificam-os conforme: (i) o tempo: modelos estáticos (análise do estado de sustentabilidade) ou dinâmicos (preveem o processo de desenvolvimento sustentável); (ii) o lugar/localização: global (são fechados e não são afetados pela escala do sistema) ou regional (são abertos e refletem as especificidades de determinados sistemas regionais); e (iii) a escala: gerais ou específicos diferem de acordo com a composição e estrutura. Em relação ao tempo, Ramos e Caeiro (2010) referem-se ao curto, médio ou longo prazo, e a respeito da escala pode ser internacional, nacional, regional, urbana ou local. Na sua essência, os métodos de avaliação da sustentabilidade estão encapsulados em abordagens conceituais, quantitativas, físicas,

60 60 monetárias ou padronizadas (indicadores/índices) (GASPARATOS et al., 2009; TODOROV; MARINOVA, 2011). Em se tratando das abordagens conceituais, estas são muito populares, baseadas em cenários, frequentemente narrativos, representam ou descrevem (mas não explicam) um evento, objeto ou processo (MEREDITH, 1993). Esses métodos fazem a conexão entre o caminho da humanidade e os limites dos recursos naturais, possuem perspectiva intergeracional, atravessam as fronteiras de muitas disciplinas e apresentam sinais de alerta (TODOROV; MARINOVA, 2011). Os métodos com abordagem quantitativa são aqueles que possuem base matemática, estatística e análise de sistemas, criados na econometria, sociometria, biometria, que buscam sistematizar, medir, comparar, representar vários aspectos da sustentabilidade (TORODOV; MARINOVA, 2011). Conforme os autores citados, os modelos são informativos e veemente para análise e previsão. Os métodos com abordagem física visam quantificar os aspectos da sustentabilidade por meio da perspectiva da ciência natural (GASPARATOS et al., 2009). São específicos e predominam em abordagens locais (TODOROVA; MARINOVA, 2011). Esta abordagem é usada principalmente para análise dos componentes como água, energia, poluição e resíduos, toxicidade e o consumo de recursos (DESPEISSE et al., 2012). Os métodos com abordagem monetária têm a sua base metodológica nas questões financeiras. As avaliações mais utilizadas são agregação monetária, avaliação contingente e análise de custobenefício que não foram desenvolvidos especificamente para análises de sustentabilidade, mas foram arbitrariamente adaptadas para tais fins (GASPARATOS et al., 2009). Outras abordagens incluem o PIB, a contabilidade dos recursos com base em suas funções e a definição de condições de sustentabilidade fraca e forte (BOGGIA; CORTINA, 2010; PHILLIS; KOUIKOGLOU, 2010). Os economistas preferem os métodos de agregação monetária, enquanto cientistas e pesquisadores de outras disciplinas preferem usar métodos baseados em abordagens físicas (SINGH et al., 2012). Uma área de pesquisa que tem recebido muita atenção refere-se ao desenvolvimento e aplicação de indicadores/índices de sustentabilidade (GASPARATOS et al., 2009). Visto como uma abordagem padronizada, possui perspectiva participativa e

61 interdisciplinar (TODOROV; MARINOVA, 2011), são formados por uma variedade de listas e descrições. As listas de indicadores capturam as questões relevantes para a avaliação da sustentabilidade (GASPARATOS et al., 2009). Dadas essas características, os critérios básicos para a escolha dos métodos são o propósito de uso, os dados exigidos e as técnicas de apoio à execução. Ademais, é importante entender os limites da abordagem. Após a apresentação dos seis métodos de avaliação da sustentabilidade empresarial (Índice Dow Jones de Sustentabilidade, Global Reporting Initiative, IchemE Sustainability Metrics, Sustainability Balanced Scorecard, Modelo de avaliação da sustentabilidade e Valor sustentável adicionado), pode-se chegar a algumas conclusões. O Quadro 2 resume esses métodos de avaliação da sustentabilidade identificados na literatura. Todos os métodos analisados na presente pesquisa consideram as dimensões ambiental, econômica e social. Além disso, o SAM adiciona uma quarta dimensão uso de recursos. Já o SBSC mantém as medidas do BSC tradicional e adiciona as dimensões ambiental e social, ou, reestrutura as medidas existentes a fim de incluir o TBL. Na maioria dos métodos, a sua aplicação é ampla (todos os tipos de empresa, setores e tamanhos), com exceção do DJSI. O DJSI é aplicável para as empresas que fazem parte da bolsa de valores de Nova York, cujo objetivo explícito é medir e verificar o desempenho da sustentabilidade empresarial no universo dos investidores (SEARCY; ELKHAWA, 2012). Os métodos DJSI e GRI introduzem uma série de indicadores que permitem aos stakeholders saber, por exemplo, o que a empresa está fazendo, como está o desenvolvimento do capital humano, questões organizacionais, planos estratégicos, impactos ambientais, governança corporativa, relações com os investidores, entre outras atividades. 61

62 62 Métodos Dimensões Abordagem Vantagens Desvantagens DJSI GRI Icheme SAM SBSC SV Quadro 2 - Resumo dos métodos de avaliação da sustentabilidade Ambiental Econômico Social Ambiental Econômico Social Ambiental Econômico Social Ambiental Econômico Social Recursos Ambiental Econômico Social BSC tradicional Ambiental Econômico Social Padronizada Padronizada Padronizada Monetária Conceitual Monetária Credibilidade para os acionistas; trata-se de um dos melhores índices de sustentabilidade do mundo (SEARCY; ELKHAWA, 2012); permite aos investidores excluir determinados setores ou criar índice personalizado (SINGH et al., 2012). Aplicação genérica a nível internacional, com ampla variedade de necessidades e interesses; plataforma ampla para participação e diálogo empresarial (BROWN; JOUNG; LEVY, 2009); amplamente baseada na visão de multistakeholders. Os impactos podem ser agregados e o desempenho pode ser comparado (COSTA; PAGAN, 2006). Apresenta rácios de indicadores de sustentabilidade (Icheme, 2005) Permite uma avaliação flexível no desempenho da sustentabilidade dado a possibilidade de composição das variáveis; pode ser usado para a gestão de desempenho e controle de processos. Aplicação genérica; constituem uma estrutura aberta que compreende indicadores orientados para a sustentabilidade como indicadores de desempenho do BSC (MÖLLER; SCHALTEGGER, 2005); é uma ferramenta forte para uma gestão integrada da sustentabilidade (FIGGE et al., 2002). Valoriza o uso de recursos com base no custo de oportunidade; permite identificar a alocação dos recursos (BAUMGARTNER, 2008); níveis absolutos e relativos de sustentabilidade podem ser avaliados. Aplicação restrita para empresas que tem ações na bolsa de valores de Nova York; grande quantidade de dados necessários para a construção do índice. Apresenta inúmeros indicadores, nem todos são fáceis de avaliar (LABUSCHAGNE et al, 2005); o questionário extenso. Aplicação voltada para a indústria; concentra-se nos aspectos ambientais; framework orientado para impactos (DELAI; TAKAHASHI, 2011); fortemente voltado para os aspectos ambientais (LABUSCHAGNE et al, 2005). Não é definido um conjunto de indicadores que deve ser utilizado; ausência de um método definido para monetizar os custos; orientado para avaliação de projetos (BAUMGARTNER, 2008). As questões sociais e ambientais são tão complexas que podem expulsar as medidas econômicas existentes; aumentar o número de alvos do BSC torna difícil comunicar; pesado e caro para administrar (FIGGE et al., 2002). O custo de oportunidade estimado baseia-se em condições não reais (KUOSMANEN; KUOSMANEN, 2009); necessita de grande esforço para identificar os critérios e determinar os pesos relativos das dimensões e os critérios. Técnicas de medidas Questionário Indicadores Questionário Indicadores Indicadores-chave Relatório padrão Fatores de conversão Monetização dos custos Guia de Princípios Frameworks Relatórios de tendências Custo de oportunidade Lógica Fuzzy

63 Por sua vez, o método GRI se concentra em apresentar princípios e diretrizes para elaboração dos relatórios de sustentabilidade (SINGH et al., 2012). Roca e Searcy (2012) enfatizam que diferentes interpretações da sustentabilidade conduzem naturalmente a diferenças nos indicadores divulgados nos relatórios de sustentabilidade das empresas. Por isso, é importante estar ciente da perspectiva da sustentabilidade que está sendo avaliada (VAN ZEIJL-ROZEMA et al., 2011). Em relação aos métodos com abordagem monetária, o SV e o SAM apresentam algumas limitações, como: não definem um conjunto de indicadores que deve ser utilizado, envolvendo sua escolha caso a caso; e, ausência de um método definido para monetizar os custos. Além disso, o SAM é orientado para avaliação de projetos e não da empresa como um todo (BEBBINGTON; FRAME, 2003). Em relação ao método ICHEME, é necessária uma grande quantidade de dados e alto nível de detalhes para a avaliação, que por sua vez, aumenta o tempo despendido no processo de avaliação. Ademais, com o objetivo de garantir que todas as dimensões sejam atendidas, a liberdade de escolha dos indicadores é limitada. Em princípio, o ICheme é compatível com a GRI, porém, é ajustado às necessidades particulares das indústrias (STANISKIS; ARBACIAUSKAS, 2009). Entretanto, a vantagem em relação a GRI se deve à formação de rácios para muitos dos indicadores apresentados pelo método. Os rácios proporcionam uma medida de impacto independente da escala da operação, e em alguns casos, é possível a comparação entre diferentes operações (ICHEME, 2002) O método SBSC é uma abordagem conceitual, usada para traduzir uma estratégia verbalmente formulada em termos operacionais, e pode ser usada como um método para a análise de estratégias. Tratase, portanto, de uma método de gestão, com foco na implementação da estratégia da organização e, por conseguinte, a avaliação da sustentabilidade junto aos processos empresariais e dos clientes, atendendo a perspectiva financeira e de sustentabilidade, traduzindo-se numa aprendizagem contínua. Após esta análise, observa-se que o uso de indicadores é muito comum para a avaliação da sustentabilidade. Conforme Krajnc e Glavic (2005), os estudos na área de sustentabilidade têm se concentrado no desenvolvimento de métodos de avaliação baseados em indicadores individuais ou indicadores compostos (combinam vários indicadores em um único índice). 63

64 64 Nesse sentido, diferentes modelos quantitativos ou técnicas estatísticas podem ser aplicadas a fim de avaliar a sustentabilidade empresarial por meio do monitoramento dos indicadores de sustentabilidade. O presente trabalho dá ênfase à necessidade de uma abordagem quantitativa para análise pós-coleta de dados, isto é, busca viabilizar a comparação do desempenho por meio da aplicação de métodos quantitativos. 2.4 CONSIDERAÇÕES FINAIS DO CAPÍTULO Ao longo dos últimos anos, muitas pesquisas e relatórios influentes foram publicados acerca dos diferentes conceitos de sustentabilidade ou desenvolvimento sustentável, abordagens, métodos, instrumentos e indicadores. As práticas não financeiras estão cada vez mais presentes e há um esforço para avaliar o desempenho empresarial, embora o conceito de sustentabilidade não apresente uma interpretação única ao nível corporativo. Porém, a avaliação da sustentabilidade como uma medida operacional tem sido um desafio dada a variedade de significados atrelados ao conceito. Para muitos pesquisadores, avaliar o desempenho da sustentabilidade é um aspecto importante para assegurar o desenvolvimento contínuo e suporte à vida. Por sua vez, esta avaliação é um desafio devido a sua natureza interdisciplinar e complexidade das questões que a representa. Os métodos apresentados são úteis no sentido de que eles são capazes de avaliar as contribuições das empresas para a sustentabilidade. Ademais, como métodos e conceitos que se complementam, estes podem ser usados em paralelo (ou em conjunto) a fim de que os respectivos pontos fortes atendam ao objetivo em comum: a sustentabilidade. Não há universalmente acordado um método para avaliar a sustentabilidade corporativa, mas as empresas devem definir e medir o desempenho ou a evolução da sustentabilidade se quiser ser uma fonte de criação de valor (LOPEZ; GARCIA; RODRIGUEZ, 2007). A urgência em apresentar uma avaliação integrada e multidimensional da sustentabilidade, e o uso de métodos quantitativos para a operacionalização do conceito vem sendo discutido na literatura (ERECHTCHOUKOVA et al., 2013). O número de pesquisas que questionam as empresas em relação à conduta responsável e a sua sustentabilidade cresceu drasticamente na última década.

65 Além das informações que estão relacionadas com as atividades e sistemas de gestão, indicadores de sustentabilidade significativos são de particular importância, mas muitas vezes não estão no centro das atenções. A melhoria da qualidade dos dados e a qualidade dos procedimentos de coleta de dados é uma exigência adicional para a comparabilidade das informações de sustentabilidade que são publicadas (SCHALTEGGER, 1997). Entre os métodos apresentados, destaca-se o Global Reporting Initiative, que serve como um guia de referência para a análise dos indicadores. A iniciativa possui amplo reconhecimento internacional e é usada em combinação com outras iniciativas organizacionais como a OECD, UNEP, ISO, UNCTAD, Carta da terra, entre outros. Uma vez que as diretrizes são disponibilizadas para qualquer organização (qualquer porte, setores e localidades) e fornecem um grande número de indicadores condiz a um aspecto positivo, na medida em que atrai um grande número de empresas para sua utilização. Por fim, a ênfase dos relatórios de sustentabilidade pode ser vista no documento final The Future We Want da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (UNCSD, 2012). O parágrafo 47 do documento reconhece a importância dos relatórios de sustentabilidade corporativa e encoraja a integração das informações de sustentabilidade para o ciclo dos negócios. Dentro desse contexto se deve a escolha dos indicadores da GRI como base de dados para a presente pesquisa. Por conseguinte, os métodos de pesquisa utilizados para atender ao objetivo geral apresentado nesta tese são apresentados no Capítulo 3, a seguir. 65

66 66

67 67 3 MÉTODOS DE PESQUISA Este capítulo tem por objetivo apresentar os procedimentos metodológicos adotados para o desenvolvimento da pesquisa para atingir os objetivos propostos. A presente proposta se caracteriza como exploratória uma vez que se propõe a formular questões e propiciar as condições para os autores aprenderem e encontrar as respostas (LAKATOS; MARCONI, 2005). Trata-se de uma pesquisa explicativa, pois, uma vez manipulados os dados da GRI e obtidos os resultados, o passo seguinte é a análise e interpretação dos mesmos, constituindo-se do núcleo central da pesquisa. A explicação é a tentativa de evidenciar as relações existentes entre o fenômeno estudado e outros fatores; é dar um significado mais amplo às respostas, vinculando-as a outros conhecimentos (LAKATOS; MARCONI, 2005). A pesquisa é aplicada uma vez que visa desenvolver uma proposta para avaliar os indicadores de sustentabilidade, considerando as dimensões ambiental, econômica e social. Conforme Gil (1994), a pesquisa aplicada tem por objetivo gerar conhecimento para aplicação prática dirigida à solução dos problemas específicos. Referente à coleta de dados, classifica-se como secundária, uma vez que não tem relação direta com o acontecimento registrado (RICHARDSON, 1999). A pesquisa usará dados secundários obtidos dos relatórios GRI divulgados no website < Conforme Gupta et al. (2006), as vezes não é possível a coleta de dados no estudo de campo devido aos custos ou falta de tempo, entre outas restrições, assim, esta abordagem envolve a compilação de dados a partir de fontes de informação existentes, de modo indireto. Em relação aos procedimentos técnicos, a pesquisa classifica-se como modelagem, pois se faz uso da Análise Envoltória de Dados (DEA) especificado como uma Função de Distância Direcional (DDF). Trata-se de uma abordagem não paramétrica, uma vez que não têm exigências quanto ao conhecimento da distribuição das variáveis. Na modelagem, o uso de técnicas matemáticas permite descrever o funcionamento de um sistema ou de parte de um sistema produtivo (BERTO; NAKANO, 2000). Essa caracterização exploratória/descritiva, explicativa e aplicada, assim como as fases e etapas da pesquisa estão apresentadas na Figura 5. Fazem parte da pesquisa as seguintes fases: I - Revisão de Literatura; II

68 68 - Formação do Escopo da pesquisa; III - Proposta de avaliação da sustentabilidade; IV - Resultados; e V - Discussões. Cada fase é composta pelas atividades apresentadas a seguir. Figura 5 - Processo de pesquisa para o desenvolvimento do trabalho A Fase I (Revisão de Literatura) da pesquisa corresponde a seleção das referências correspondentes ao estudo do tema sustentabilidade e DS. Ambas as pesquisas teóricas e práticas foram analisadas a fim de compreender as extensões dos trabalhos já realizados. Esse conhecimento formou o escopo da pesquisa, conforme evidenciado pela Fase II (Formação do escopo da pesquisa). Nessa fase, foram identificadas as lacunas de pesquisa e formulados o objetivo geral e os objetivos específicos. A Fase III (Proposta de avaliação da sustentabilidade) corresponde à formulação da proposta de avaliação da sustentabilidade empresarial. A partir da primeira observação dos dados informados nos relatórios GRI, se observou a necessidade da formação dos rácios. Essa fase também compreende a seleção do modelo matemático apropriado para o tratamento de dados; bem como, o uso de ferramentas estatísticas (descritiva, agrupamentos e correlação). A Fase IV (Resultados) corresponde aos resultados. Nessa fase são apresentadas as empresas com ótimo nível de sustentabilidade e

69 aquelas com baixo desempenho e, por sua vez, os indicadores e as dimensões que impactaram no desempenho da sustentabilidade. Já o potencial de melhoria é apresentado separadamente para cada dimensão ambiental, econômica e social. Por fim, a Fase V (Discussões) traz à tona as implicações dos resultados da pesquisa em relação aos trabalhos já realizados na academia. O Quadro 3, a seguir, apresenta os objetivos específicos desta pesquisa, as entregas esperadas e as grandes fases da pesquisa. Quadro 3 - Objetivos específicos e resultados esperados Objetivos específicos Entregas dos objetivos FASES 1. Identificar e analisar CAPÍTULOS 1 e 2 Contextualização do trabalho acerca do tema sustentabilidade de forma comparativa os Exploração teórica/empírica sobre métodos de avaliação de sustentabilidade, DS e formas de I e II sustentabilidade avaliar a sustentabilidade Caracterização dos métodos existem para avaliar a sustentabilidade 2. Identificar e analisar os relatórios de sustentabilidade baseados nas Diretrizes da GRI e os respectivos indicadores de sustentabilidade 3. Desenvolver um conjunto de indicadores (ou rácios) de sustentabilidade para o conjunto de variáveis da GRI CAPÍTULOS 3 e 4 Definição da representatividade dos setores que publicam os relatórios de sustentabilidade Caracterização e formação dos indicadores de sustentabilidade CAPÍTULO 4 A formação de rácios permite neutralizar o efeito do tamanho das empresas/escala de operação Os rácios podem ser adaptados para outros setores II e III Objetivos específicos Entregas dos objetivos FASES 4. Determinar a sustentabilidade CAPÍTULOS 5, 6 e 7 Determinar a sustentabilidade das empresas ambiental, econômica e Definir um conjunto de empresas de IV e social das empresas do referência V setor de eletricidade por Identificar as oportunidades de meio da Função de Distância Direcional melhorias em relação as dimensões e indicadores que estão impactando no desempenho III 69

70 70 A seguir, as próximas seções apresentam como foi elaborado o referencial teórico, como se deu a escolha do setor de eletricidade e porque se fez uso da abordagem não paramétrica DEA especificado como uma Função de Distância Direcional (DDF). 3.1 REVISÃO DE LITERATURA A pesquisa bibliográfica buscou identificar, avaliar e interpretar um conjunto de documentos já registrados no banco de dados do portal Capes. Nesse sentido, foi realizada uma varredura horizontal (FLEURY, 2012) da literatura para identificar o tema de pesquisa e evidenciar o problema de pesquisa. Nessa fase, a varredura horizontal foi realizada de acordo com as pesquisas existentes sobre sustentabilidade em periódicos internacionais. Após a revisão inicial e identificação do tema, iniciou-se a varredura vertical (FLEURY, 2012) a fim de explorar o problema de pesquisa e delinear os objetivos. Na varredura vertical, as palavras chaves foram redefinidas e houve um aprofundamento acerca de métodos de avaliação de sustentabilidade. Nesse sentido, as palavras-chave indicator'', ''method, modelling, performance evaluation, tool, corporate ; Tripple Bottom Line foram combinadas com sustainability. Buscou-se também por economic sustainability, social sustainability e environmental sustainability. As palavras-chave foram usadas para recuperar as publicações que contêm pelo menos uma das palavras no Abstract, Title, keywords. Os artigos científicos foram identificados por meio das palavras-chave nas seguintes bases de dados: Web of Knowledge (ISI), Wiley, Science Direct, Enginnering Village e Scopus. Não houve delimitação temporal das publicações. O software utilizado para o registro e seleção dos artigos foi o EndNote X5. Analisaram-se as publicações em relação aos seguintes aspectos: (i) artigos repetidos - após a importação dos dados para o software, os artigos redundantes foram removidos; (ii) tipo Journal Article - livros consultados não foram fichados, mas apenas estudados para aprofundar a base teórica para o desenvolvimento do estudo; (iii) títulos dos artigos alinhados ao tema de pesquisa avaliação da sustentabilidade; (iv) resumos alinhados ao tema de pesquisa; e (v) texto integral dos artigos alinhados com o tema da pesquisa.

71 Como resultado da pesquisa bibliográfica, foram identificadas 42 propostas de avaliação da sustentabilidade (com abrangência de pelo menos uma das três dimensões ambiental, econômica ou social), no qual: (i) Vinte e três métodos se propõem a avaliar a sustentabilidade em nível regional/nacional/internacional (Apêndice A); (ii) Cinco instrumentos de gestão ambiental, no qual, alguns autores tratam como métodos de sustentabilidade (Apêndice B); (iii) Oito métodos são representados ou discutidos apenas pelos autores que desenvolveram o método (Apêndice C); (iv) Seis métodos possuem foco empresarial, são discutidos na literatura científica de alto impacto 5 e abordam o Triple Bottom Line, conforme apresentado no Quadro 4. Quadro 4 - Métodos de avaliação da sustentabilidade empresarial 71 Propostas Autores Global Reporting Initiative (GRI) Balanced Scorecard Sustentável (SBSC) Modelo de avaliação de sustentabilidade (SAM) Morhardt et al. (2002); Willis (2003); Moneva et al. (2006); Perez e Sanchez (2009); Isaksson e Steimle (2009); GRI (2011, 2012, 2013); Roca e Searcy (2012); Manetti e Toccafondi (2012); Lozano (2013); Legendre e Coderre (2013); Hahn e Kühnen (2013). HSU et al., 2011; Epstein e Wisner (2001); Figge et al. (2002); Dias Sardinha et al. (2007); Medel-González et al. (2013); Bieker e Waxenberger, 2002 Bebbington e Frame (2003); Baxter, Bebbington e Cutteridge (2004); Cavanagh et al. (2006); Bebbington, Brown, Jong e Lessidrenska (2007); Söderbaum (2007); Xing et al. (2009). 5 A literatura científica de alto impacto diz respeito a qualidade dos artigos e de outros tipos de produção, a partir da análise da qualidade dos veículos de divulgação, ou seja, periódicos científicos. Esses veículos são enquadrados em estratos indicativos da qualidade - A1, o mais elevado; A2; B1; B2; B3; B4; B5; C - com peso zero, conforme podem ser consultados no sítio < aoqualis/listaconsultageralperiodicos.jsf>.

72 72 Quadro 4 - Métodos de avaliação da sustentabilidade empresarial continuação Propostas Valor sustentável Adicionado (SV) Índice Dow Jones de Sustentabilidade (DJSI) IchemE Sustainability Metrics (IchemE ) Autores Figge e Hahn (2004, 2013); Van Passel et al. (2007); Kuosmanen e Kuosmanen (2009); Ang e Passel (2010); Muller et al. (2012); Hou et al. (2014); Passel e Meul (2012); Hahn et al. (2013). Lopez, Garcia e Rodriguez (2007); Artiach et al. (2010); Cho et al. (2012 Schaeffer et al. (2012); Searcy e Elkhawas (2012); DJSI (2011, 2013). Labuschagne et al. (2005); Diniz da Costa; Pagan (2006); Delai; Takahashi (2011); Ouattara et al. (2012); Singh et al. (2012) Fonte: Elaborado pelo autor. Em seguida, essas propostas de avaliação da sustentabilidade (Quadro 4) foram analisadas e descritas conforme: (i) o propósito - descrição, explicação e predição; (ii) apresentação e operacionalização dos dados - os tipos de variáveis e/ou indicadores para a análise da sustentabilidade. Posteriormente, os métodos foram comparados com relação: (i) ao tipo de abordagem (física, monetária, conceitual, ou padronizada (indicadores/índice)); (ii) as técnicas de apoio à execução; e, (iii) vantagens e desvantagens. Os resultados foram apresentados no Capítulo DELIMITAÇÕES DA APLICAÇÃO DO ESTUDO O método proposto de avaliação da sustentabilidade empresarial considera a estrutura e diretrizes da GRI, por conseguinte, os seus indicadores. Iniciou-se, portanto, a identificação das organizações que elaboraram relatórios de sustentabilidade com base nos padrões da GRI e que foram publicados no banco de dados desta organização. A análise compreende os relatórios publicados em 2013 (dados referentes à 2012),

73 para todas as regiões (África, Ásia, Europa, América Latina e Caribe, América do Norte e Oceania). A busca totalizou 4320 relatórios em 36 setores, conforme mostra a Figura 6. Verificou-se que os setores de Serviços financeiros, Energia, Utilitários de Energia e Mineração apresentam maior relevância frente ao total de relatórios divulgados no site database GRI. Figura 6 - Relatórios de sustentabilidade GRI (2012) 6 73 Fonte: Elaborado pelo autor com base no site (2014) Dada a representatividade do setor de energia frente aos relatórios de sustentabilidade divulgados pelas empresas mundiais, foram consideradas neste estudo somente as empresas de geração de energia elétrica. Justifica-se a importância deste setor no cenário internacional, dado que estimativas apontam para a triplicação do consumo de energia elétrica ao longo do século XXI (GEO 5, 2014). A energia elétrica é uma forma de energia baseada na geração de diferenças de potencial elétrico entre dois pontos, que permitem estabelecer uma corrente elétrica entre ambos (BREEZE, 2014). A energia elétrica pode ser gerada através de fontes renováveis de energia 6 Estão representados os setores que representam 2% ou mais em relação ao total de relatórios de sustentabilidade. Relatórios classificados como outros (6%) não estão representados na Figura 8.

74 74 (a força das águas e dos ventos, o sol e a biomassa), ou não-renováveis (combustíveis fósseis e nucleares) (ANEEL, 2008). Atualmente, a energia elétrica é um dos recursos mais importantes para o desenvolvimento econômico de um país (BREEZE, 2014), e ao mesmo tempo uma das preocupações mais relevantes em todo o mundo devido ao esgotamento rápido de combustíveis não renováveis, o aquecimento global e a mudança climática (LIRA- BARRAGAN et al., 2014). De forma geral, a geração de energia elétrica tem necessidades de recursos e impactos intensivos, assim como infraestrutura extensiva (GEO 5, 2014). Como segunda delimitação, optou-se pela homogeneidade da amostra, e assim foram selecionadas as empresas pertencentes ao grupo dos países com os maiores PIBs em 2012 (Tabela 1), totalizando 272 relatórios. Destaca-se que essas economias representam 80% da economia global (THE WORLD BANK, 2013). Tabela 1 - Países pertencentes 20 maiores PIBs do mundo Ranking País PIB (USD) 1 USA ,00 2 China ,38 3 Japão ,84 4 Alemanha ,76 5 França ,69 6 Reino Unido ,76 7 Brasil ,68 8 Rússia ,08 9 Itália ,58 10 Índia ,09 11 Canadá ,20 12 Austrália ,19 13 Espanha ,38 14 Coréia ,95 15 México ,93 16 Indonésia ,16 17 Turquia ,21 18 Holanda ,59

75 Tabela 1 - Países pertencentes 20 maiores PIBs do mundo continuação Ranking País PIB (USD) 19 Arábia Saudita ,33 20 Suíça ,88 Fonte: World Bank (2013). Os relatórios de sustentabilidade selecionados foram avaliados de acordo com os seguintes critérios: (i) operação em território nacional; (ii) nível de aplicação do relatório deve ser A+, B+, A ou B; (iii) idioma inglês ou português; (iv) o índice da GRI deveria estava presente no relatório. Além disso, foram excluídas da amostra aquelas empresas com múltiplas atividades e operações. Por exemplo, a empresa Itaipu Binacional possui um nível de aplicação A+ em seu relatório de sustentabilidade, porém a hidrelétrica está localizada em territórios brasileiro e paraguaio, o que a exclui da análise. Outro exemplo de exclusão da amostra são as empresas ACEA e Edison, ambas italianas. Além da geração de energia elétrica, as mesmas prestam os serviços de fornecimento de água e gás, respectivamente. Portanto, as 29 empresas incluídas na amostra final pertencem ao setor de energia elétrica. A energia elétrica é uma necessidade fundamental para a maioria da sociedade moderna, ademais, está relacionada a grandes setores de negócios, por exemplo, construção civil, produtos químicos, indústria extrativista, finanças, alimentos e bebidas, saúde, tecnologia da informação e da comunicação, turismo, transportes, entre outros (GEO 5, 2014). 3.3 ESCOLHA DA ABORDAGEM METODOLÓGICA A história dos modelos para caracterizar o desempenho remonta algumas décadas, e faz uso de inteligência artificial e técnicas estatísticas, enquanto há esforços para padronizá-los e incluí-los de forma coerente (BENNETT et al., 2013). A importância dos modelos quantitativos para avaliar a sustentabilidade tem sido reconhecida ao longo das últimas décadas (FITZGERALD et al., 2012). Os modelos quantitativos ajudam a esclarecer e aperfeiçoar os conceitos relacionados à sustentabilidade e melhoram a compreensão das 75

76 76 complexas relações entre os componentes da sustentabilidade em termos práticos (WU; WU, 2012). No campo da avaliação, os modelos são geralmente construídos para satisfazer um ou mais dos cinco objetivos principais: (i) Predição; (ii) Previsão; (iii) Desenvolvimento do entendimento de um sistema/experimentação; (iv) Aprendizagem Social; e, (v) Gestão e tomada de decisão sob incerteza, caso deste trabalho (KELLY et al., 2013). Para escolher a abordagem mais apropriada para um determinado caso, é importante considerar os recursos disponíveis para a análise do problema, o nível desejado de exatidão dos resultados e o objetivo da análise. Conforme a Agência de Proteção Ambiental Americana (EPA), os modelos são úteis além do contexto de regulamentação. Os modelos podem ajudar a entender o comportamento dos sistemas ecológicos, esboçar projetos de campo, interpretação de dados e exploração os resultados (EPA, 2009). Boulanger e Bréchet (2005) apresentam seis tipos de modelagem frequentemente usados para a formulação de políticas e tomada de decisões, nomeadamente: modelos macro-econométricos, modelos de equilíbrio geral computável, modelos de otimização, modelos de sistemas dinâmicos, modelos probabilísticos de rede ou Bayesiana e modelos de simulação multi-agente. Os três primeiros tipos são modelos econômicos ou tradicionais na engenharia. Os três últimos são menos comuns, exceto o modelo de sistemas dinâmicos, os quais são comuns na área ambiental e gestão de recursos naturais. Estes modelos possuem base matemática e estatística, buscam sistematizar, medir, comparar e representar vários aspectos da sustentabilidade (TORODOV; MARINOVA, 2011). Somam-se a esses modelos, o Couple Component Models (CCMs), o Agent-Based Models (ABMs) e o Knowedge-Based Models (KBMs), apresentados por Kelly et al. (2013). Os modelos Systems Dynamics e Agent-Based Models são semelhantes, uma vez que, visam melhorar a compreensão do sistema e a aprendizagem social. O Agent- Based Models são úteis na representação das interações entre sistemas (por exemplo, os seres humanos ou grupos de animais), no qual os processos são explorados e compartilhados. O Knowledge-based ou Conceptual Models são úteis como um ponto de entrada para os modelos já citados. O objetivo dos modelos conceituais é compreender as características de um sistema, bem como, identificar as variáveis e fatores que fazem parte deste sistema.

77 No contexto da avaliação da sustentabilidade, no qual se enquadra esse estudo, encontram-se um conjunto de modelos multicritérios que oferecem suporte para auxiliar o processo de tomada de decisão, tais como para auxiliar análises de custo-benefício na alocação de recursos, resolução de conflitos, planejamento de tráfego, etc. (SAATY, 1991). Fallahi et al. (2011) classificam os modelos em duas principais linhas metodológicas. A primeira linha é uma abordagem não paramétrica (por exemplo, a técnica Análise Envoltória de Dados), o qual faz uso de técnicas de programação linear e não linear. A segunda linha é a abordagem paramétrica por meio do uso da econometria (por exemplo, análise conjunta de Possibilidade de Produção). Ambos os métodos são criados para empresas que produzem outputs por meio de inputs. A técnica de Análise Envoltória de dados, em inglês Data Envelopment Analysis (DEA), comumente utilizada para avaliação da eficiência e produtividade, foi proposta para um ambiente de produção (transformação de insumos em produtos). No entanto, torna-se ineficaz quando se trata de considerar o surgimento de uma externalidade na produção, isto é, um output indesejável (ZANELLA; CAMANHO; DIAS, 2015). O tipo adequado de modelo depende dos objetivos da avaliação, bem como, é importante considerar o propósito do modelo e os tipos de dados disponíveis (KELLY et al., 2013). Nesse sentido, esse trabalho utilizará da Função de Distância Direcional (DDF) proposta por Chambers, Chung e Färe (1996), que permite a avaliação de desempenho na presença de outputs indesejáveis. A DDF permite simultaneamente expandir os indicadores desejáveis e reduzir os indicadores indesejáveis (CHUNG; FÄRE; GROSSKOPF, 1997). Justifica-se o uso da abordagem DDF uma vez que (FÄRE, GROSSKOPF, HERNANDEZ-SANCHO, 2004; ZHOU, ANG, POH, 2008; WONG, WONG, 2008; MAHDILOO et al., 2011; ZANELLA, CAMANHO; DIAS, 2015): (i) Examina a possibilidade de diferentes combinações entre indicadores desejáveis e indesejáveis; (ii) Utiliza o conceito de envoltório (fronteira) para a avaliação; (iii) Determina, para cada unidade ineficiente, subgrupos de unidades eficientes, os quais formam seu conjunto de referência; (iv) É capaz de lidar com a complexidade resultante da falta de uma escala comum de medição; (v) Não depende do pressuposto de distribuição normal de um conjunto de dados. Para um melhor entendimento da técnica de modelagem a ser 77

78 78 utilizada no trabalho, o Capítulo 4 apresenta os conceitos e definições sobre DEA. Para a construção teórica do Capítulo 4, foi realizada uma busca nas bases de dados do Portal Capes, bem como, no principal periódico de pesquisa operacional European Journal of Operational Research. Foram utilizadas as seguintes palavras-chave electricity, energy, sustain*, undesirable outputs combinadas com Directional Distance Function. As palavras-chave foram usadas para recuperar as publicações que contêm pelo menos uma das palavras no Abstract, Title, keywords. Foram identificados 382 estudos. Desse total, apenas 5 pesquisas estavam diretamente relacionadas à aplicação da DDF no setor de eletricidade. Destaca-se que o trabalho de Zhou, Ang e Poh (2008), que apresenta mais de 100 publicações aplicadas na área ambiental e de energia conforme os aspectos metodológicos (inputs, outputs, retornos à escala e medidas de eficiência). Essa informação é importante para direcionar os indicadores da presente pesquisa como indicadores desejáveis ou indesejáveis. A fim de explorar as características estruturais da amostra, foi usada a técnica estatística multivariada análise de agrupamentos (cluster analysis) que tem por objetivo agregar observações de acordo com suas características, resultando em grupos com homogeneidade interna e heterogeneidade externa (HAIR Jr et al., 2005). Foi utilizada a análise de agrupamentos hierárquico em razão de apresentar seu resultado na forma gráfica, o dendograma (ou árvore de classificação). Além disso, utiliza-se o método de agrupamento de Ward, também denominado de minimum variance method, que busca a criação de agrupamentos a partir da minimização da variância interna do agrupamento (BLASHFIELD, 1976). A partir da identificação de grupos de empresas com similaridade de desempenho nos seus indicadores, realizou-se a comparação de quais destes indicadores possuem diferença significativa, ao nível de 5%, entre os agrupamentos de empresas obtidos. Para tanto, utilizou-se o teste não paramétrico comparativo de medianas de Mann-Whitney, visto que diversos destes indicadores não possuem aderência à distribuição normal. Considerando o exposto, a Seção 3.4 a seguir apresenta o detalhamento teórico acerca do modelo DEA. Por conseguinte, são apresentadas as abordagens alternativas que permitem a inclusão dos indicadores indesejáveis com base no modelo DEA, com ênfase no

79 modelo especificado com uma função de distância direcional. Por fim, são apresentados estudos aplicados no setor de eletricidade que incluem indicadores desejáveis e indesejáveis. 3.4 ANÁLISE ENVOLTÓRIA DE DADOS (DEA) Os primórdios da Análise Envoltória de Dados (DEA) encontram-se na teoria da produção microeconômica, cujos primeiros lampejos foram registrados no livro Der Isoliert Staat (O Estado Isolado), de Johann-Heinrich von Thünen, publicado em partes de 1842 a 1863 (FERREIRA; GOMES, 2009). O autor foi pioneiro em formular a teoria da produtividade marginal, ou seja, o princípio da substituição entre os fatores de produção. Outras contribuições seminais seguiram-se, na tentativa de precisar conceitos e medidas para o melhor uso dos fatores de produção. Entre as contribuições fundamentais do estudo das medidas de eficiência econômica na metade do século passado, destacam-se as contribuições de Michael James Farrel, Abraham Charnes, William W Cooper; Eduardo Lao Rhodes e Rajiv D. Banker. Farrel (1957) iniciou com a avaliação da eficiência em casos de um único produto e um único insumo. Uma vez que o uso de um input e um output não atendia aos requisitos necessários para a aplicação a grandes conjuntos de dados, Charnes, Cooper e Rhodes, em 1978, com base na avaliação de firmas de Farrell, estenderam a análise de eficiência para a situação de múltiplos outputs e múltiplos inputs. A eficiência técnica relativa de cada unidade produtiva ou unidade tomadora de decisão - DMU (da sigla em inglês Decision Making Units) reflete a habilidade em obter o máximo output para um dado conjunto de inputs e diz respeito à relações físicas entre produtos e insumos. Portanto, a técnica DEA compara as entidades que realizam tarefas similares e se diferenciam pela quantidade de recursos utilizados e de bens produzidos (COELLI, 1996; ZHU; COOK, 2007; LEE; SAEN, 2012; MOLINOS et al., 2014). Assim, enquanto as técnicas estatísticas típicas para mensuração de eficiência avaliam os produtores em relação a um produtor médio, a técnica de DEA é um método de pontos extremos e compara cada produtor apenas com o melhor produtor de um determinado grupo (COOPER; SEIFORD; ZHU, 2007). Para verificar a eficiência de cada DMU são atribuídos pesos relativos aos inputs e outputs. Assim, a eficiência relativa de uma DMU 79

80 80 é igual à razão entre a soma ponderada dos outputs e a soma ponderada dos inputs, em que os pesos de ambos são selecionados de forma a tornar uma DMU mais produtiva (FERREIRA; GOMES, 2009). Portanto, a DEA mostra o quão uma unidade é eficiente na transformação de seus inputs em outputs em relação às outras, numa análise que fornece um indicador que varia de 0% a 100% (COOK; SEIFORD, 2009). Em termos algébricos, tem-se na equação 1: Max E sujeito a jo u. y v. x n r r 1 r rj i 1 i u r 0 v i 0 ij 1 u. y 1 r rj0 n v. x i 1 i ij0 j = 1,...,n r = 1,...,s i = 1,...,m (1) Em que: Y rj0 = quantidade do output r produzido pela unidade em avaliação j0; u r = peso atribuído para o output r; x ij0 = quantidade do input i; v i = peso atribuído para o input i produzido pela unidade em avaliação j0; e E = 1 significa eficiência ou desempenho ótimo. Os pesos escolhidos mostram a unidade em avaliação j0 na melhor forma possível. Isto é, o modelo permite que cada DMU escolha os pesos para cada variável (input ou output) da forma que lhe for mais conveniente (FERREIRA; GOMES, 2009). Em vez de uma ponderação igual para todas as DMU s, Charnes, Cooper e Rhodes (1978) definiram que cada DMU, por possuir um sistema de valores particular, tem o poder de definir o seu próprio conjunto de pesos, no sentido de maximizar a eficiência. A única condição é que todas as DMU s tenham uma eficiência inferior ou igual a 1. O modelo DEA leva em consideração o melhor valor que pode ser obtido para cada DMU a partir do conjunto de dados e não o valor

81 médio (WONG; WONG, 2008). Quanto maior a produção de uma unidade para dada quantidade de insumos (modelo orientado ao produto) ou, alternativamente, menor a quantidade de insumos utilizada para certa quantidade de produto (modelo orientado aos insumos), maior será a eficiência desta unidade (FERREIRA; GOMES, 2009). Dois são os modelos básicos de DEA. O primeiro modelo chamado de CCR (abreviatura de Charnes, Cooper e Rhodes, sobrenomes dos autores) foi desenvolvido em Também conhecido como modelo CRS (Constant Returns to Scale), avalia a eficiência total, identifica as DMUs eficientes e ineficientes e, determina a que distância da fronteira de eficiência estão as unidades ineficientes. Este modelo se refere a uma propriedade técnica de produção que analisa as mudanças nos outputs proporcionais às mudanças nos inputs (FALLAHI et al., 2011). É apropriado para avaliar modelos que operam numa mesma escala de produção. O segundo modelo é o BCC (Banker, Charnes e Cooper), desenvolvido em E também conhecido como modelo VRS (Variable Returns to Scale). O VRS também possibilita identificar as DMUs eficientes e ineficientes e determina a distância em que as DMUs ineficientes estão na fronteira. No entanto, este modelo considera situações de eficiência de produção com variação de escala e não assume mudanças proporcionais entre inputs e outputs (FERREIRA; GOMES, 2009). A Figura 7 ilustra o formato da fronteira que é obtida a partir dos diferentes modelos (COOPER; SEIFORD; TONE, 2002). No modelo que assume retornos constantes à escala (CCR), somente a DMU será considerada eficiente (operando na fronteira). No modelo que assume retornos variáveis à escala (VRS), as DMUs A, B e C serão eficientes. Este modelo considera que existem efeitos de ganho de escala e que, portanto, nem todas as DMUs são capazes de operar no mesmo patamar que a DMU B, que apresenta a máxima produção. Portanto, o objetivo do modelo BCC é desenvolver um procedimento para a medida de eficiência que leve em conta as diferenças de escala e que possa classificar uma DMU como eficiente mesmo que esta não esteja operando na escala mais eficiente (BANKER; CHARNES; COOPER, 1984). 81

82 82 Figura 7 - Representação das fronteiras CCR e BCC Fonte: Adaptado de Cooper, Seiford e Tone (2002) O modelo BCC elimina suposições de retornos constantes à escala e a substitui por retornos variáveis à escala para avaliar a eficiência de diversas DMUs. O axioma da proporcionalidade é substituído pelo axioma da convexidade, permitindo a identificação de retornos constantes crescentes e decrescentes de escala, a saber: (i) Rendimentos Constantes de Escala (CRS): variações nos insumos resultam em variações proporcionais nos produtos; (ii) Rendimentos de Escala Não Decrescentes (NDRS): variações nos insumos resultam em variações mais do que proporcionais nos produtos; e, (iii) Rendimentos Não Crescentes de Escala (DRS): variações nos insumos resultam em variações menos do que proporcionais nos produtos. Ambos os modelos CCR e BCC representam uma abordagem radial. A abordagem radial assume que as variáveis do modelo estão sujeitas a melhorias proporcionais (TONE; TSUTSUIA, 2006). As principais diferenças entre os modelos estão relacionadas à (WANG; SONG; CULLINANE, 2002): (i) superfície de envelopamento (tipos de combinação e suposições sobre o retorno de escala); e (ii) tipo de projeção do plano ineficiente à fronteira orientada ao output ou input, em que na primeira orientação, as projeções dos planos observados sob a fronteira buscam o máximo aumento equiproporcional de produção dado o consumo obervado, e na segunda orientação, a maior redução equiproporcional do consumo para a produção observada.

83 A eficiência geral (EG) pode ser decomposta em dois componentes: eficiência técnica pura (ETP) e eficiência de escala (EE), tal que: EG = ETP x EE. O modelo BCC mede apenas a eficiência técnica pura, enquanto o CCR é composto da combinação de eficiência técnica pura e eficiência de escala. Assim, para medir os diferentes tipos de eficiência deve ser calculado tanto o modelo CRS quanto o VRS. Entre as vantagens para usar a técnica DEA, citam-se (POST; SPRONK, 1999; WONG; WONG, 2008; MAHDILOO, NOORIZADEH; SAEN, 2011): (i) não requer um peso, a priori, sobre os inputs e outputs; (ii) não requer, a priori, uma função de produção explícita para a ponderação de inputs e outputs; (iii) examina a possibilidade de diferentes combinações de inputs e outputs; (iv) utiliza o conceito de fronteira eficiente como uma medida para avaliação de desempenho; (v) determina, para cada unidade ineficiente, subgrupos de unidades eficientes, os quais formam seu conjunto de referência; (vi) é capaz de lidar com a complexidade resultante da falta de uma escala comum de medição; (vii) pode avaliar múltiplos inputs e outputs para calcular a medida de desempenho. Na sua forma geral, uma vez que a fronteira de eficiência é determinada, a DMU ineficiente pode melhorar o seu desempenho para então atingir a fronteira de eficiência, seja ao aumentar os seus níveis de produção (outputs) ou por diminuir os recursos de entrada (inputs) (SEIFORD; ZHU, 2002). Ou seja, esses modelos DEA contam com pressuposto de que os inputs sejam minimizados e outputs maximizadas (HUA; BIAN, 2007). No entanto, quando alguns indicadores são fatores indesejáveis (por exemplo, poluentes ou resíduos), esses devem ser reduzidos para melhorar a ineficiência. Por exemplo, na geração de eletricidade a partir de combustíveis fósseis, além da eletricidade gerada (output desejável), ocorrem outputs indesejáveis como o dióxido de enxofre e outros poluentes, que apresentam efeitos deletérios à saúde e ao sistema terra como todo. Esses indicadores são chamados de outputs indesejáveis resultantes de um processo produtivo, no qual ambos os outputs desejáveis (bons) e indesejáveis (ruins) podem estar presentes (SEIFORD; ZHU, 2002). Os tradicionais modelos de DEA falham em avaliar o desempenho, uma vez que, em algumas situações os outputs indesejáveis (ruins) são ignorados e apenas os produtos com valor positivos (outputs desejáveis) são incluídos no cálculo. 83

84 84 A premissa é que enquanto os outputs desejáveis devem ser maximizados, os outputs indesejáveis devem ser minimizados. Dessa forma, se existe ineficiência na produção, os poluentes indesejáveis devem ser reduzidos para melhorar a eficiência, ou seja, os outputs indesejáveis e desejáveis devem ser tratados de forma diferente ao avaliar o desempenho (SEIFORD; ZHU, 2002). Nesse sentido, a análise da literatura apresenta algumas abordagens alternativas para tratar a presença de variáveis desejáveis e indesejáveis, apresentadas na seção Outputs indesejáveis Golany e Roll (1989) apresentam a abordagem multiplicativa inversa. Isto é, os autores supracitados propuseram fazer o inverso do output indesejável ( =, onde é um elemento da matriz U de outputs indesejáveis i das DMUs k) para posteriormente, incluí-lo num modelo tradicional de DEA. Essa abordagem foi usada por Athanassopoulos e Thanassoulis (1995) que modelaram os outputs indesejáveis como o seu inverno ao avaliar o desempenho de unidades organizacionais do setor privado. Golany, Roll e Ryback (1994), Hailu e Veeman (2001), Lee, Park e Kim. (2002), Dyckhoff e Allen (2001), Korhonnen e Luptacik (2004), Zhang et al. (2008) conduziram a aplicação da DEA tratando o output indesejado como input. Conforme Scheel (2001), ao tratar os outputs indesejáveis como inputs gera-se o mesmo conjunto de possibilidade de produção que incorporar os outputs indesejáveis como desejáveis, tomando a transformação aditiva inversa ( ( ) = ); a única diferença é o sinal do output indesejável. Entretanto, o tratamento dos outputs indesejáveis como inputs no modelo DEA não reflete o verdadeiro processo de produção (SEIFORD; ZHU, 2002), pois a ideia da conversão dos inputs em outputs é perdida. Outra alternativa para tratar os outputs indesejáveis é apresentado por Ali e Seiford (1990). Nesse caso, ao modelar os outputs indesejáveis os valores são transladados ao adicionar à transformação aditiva inversa do output indesejável i um escalar positivo, β i de modo que os valores resultantes sejam positivos para cada DMU k ( = + ). Porém, essa abordagem é válida somente para os modelos BCC e

85 aditivo de DEA, já que o modelo CCR não é invariante à translação (COOPER; SEIFORD; TONE, 2002). Seiford e Zhu (2002) propuseram a translação dos dados como um meio de integrar os outputs indesejáveis aos outputs desejáveis no modelo DEA. Com a introdução de uma transformação linear para os outputs indesejáveis, os outputs indesejáveis transformados podem então ser tratados da mesma maneira que os outputs desejáveis do modelo. Uma característica fundamental dessa abordagem é que os resultados indesejados são tratados como outputs no modelo DEA, mas são reduzidos quando a eficiência é avaliada (SEIFORD; ZHU, 2005). Como quarta alternativa, Färe et al. (1989) apresentaram o primeiro trabalho utilizando DEA para tratar os outputs desejáveis e indesejáveis de forma assimétrica sem necessidade de transformação nos dados. Os autores adaptaram as chamadas medidas hiperbólicas de eficiência, no qual, avalia-se o desempenho das DMUs em termos da capacidade de obter um aumento equiproporcional nos outputs desejáveis e uma redução nos outputs indesejáveis. Os autores desenvolveram uma medida de eficiência considerando as diferentes pressuposições relativas à descartabilidade dos outputs. Enquanto que a primeira pressuposição diz que os outputs desejáveis podem ser reduzidos sem custo (axioma do descarte forte, ou em inglês, strong disposability), a segunda pressuposição diz que os outputs indesejáveis podem ser reduzidos em conjunto com uma redução nos outputs desejáveis ou um aumento no uso de inputs (axioma do descarte fraco, ou em inglês, weak disposability). O descarte refere-se à propriedade de combinar os fatores de produção de modo a alterar as proporções entre os inputs e outputs num determinado conjunto de possibilidades de produção (HUA; BIAN, 2007). Diz que se a decisão de descartar inputs ou outputs não implicar em custos tem-se uma tecnologia que apresenta descarte forte, do contrário, diz-se que a tecnologia exibe descarte fraco (SAHOO; LUPTACIK; MAHLBERG, 2011). Portanto, quando os outputs indesejáveis são levados em consideração, a escolha entre duas tecnologias alternativas de descarte (forte ou fraco) tem um impacto importante sobre a eficiência da DMU. Um processo de produção apresenta descarte forte de outputs indesejáveis se os outputs indesejáveis são livremente descartáveis, isto é, não existem restrições regulamentares (HUA; BIAN, 2007). Ou então, quando não são produzidos em conjunto com os outputs desejáveis. 85

86 86 Por exemplo, a eletricidade é um output desejável da usina e as emissões de dióxido de enxofre são outputs indesejáveis. O descarte fraco, nesse exemplo, implica que uma redução de 10% na emissão de dióxido de enxofre é possível se for acompanhada de uma redução de 10% na produção de eletricidade, mantendo constante o vetor de entrada (HUA; BIAN, 2007). Entretanto, o modelo hiperbólico é de difícil resolução e não linear. Tone e Tsutsui (2006), Cooper et al. (2007) apresentam um modelo híbrido genérico (GHM) para a inclusão de indicadores desejáveis e indesejáveis no modelo DEA. Esse modelo baseia-se na integração de ambas as abordagens radiais e não radiais, tomando vantagem das características exibidas por ambos os tipos de modelos. Por exemplo, a partir de uma perspectiva ambiental, a motorização e os poluentes lançados para o ar são não separáveis (ou seja, produzidos conjuntamente), e na maioria dos casos, têm rendimentos que são proporcionais (radial). Entretanto, há os outputs desejáveis e indesejáveis que não são produzidos conjuntamente e por isso, podem ter rendimentos não proporcionais (não-radial). Portanto, as características radiais assumem que os itens estão sujeitos a alterações proporcionais; já as medidas nãoradiais não assumem esse aumento proporcional (SARKIS; CORDEIRO, 2012). Por fim, uma nova metodologia para avaliar a eficiência na presença de outputs indesejáveis ocorreu com a introdução da chamada Função de Distância Direcional (DDF) introduzida por Chambers, Chung e Färe (1996) e baseada no trabalho de Luenberger (1992a,b). O modelo de Chambers, Chung e Färe assume que os inputs são contraídos e os outputs desejáveis são expandidos de acordo com um vetor direcional. Por conseguinte, Chung, Fare e Grosskopf (1997) estenderam a abordagem de Chambers, Chung e Färe (1996) para permitir a avaliação da eficiência quando outputs indesejáveis estão presentes na análise. No modelo Chung, Fare e Grosskopf (1997) os outputs desejáveis podem ser expandidos e os inputs e outputs indesejáveis podem ser reduzidos de acordo com um vetor de direção, preservando a linearidade do modelo DEA. Além da capacidade de incorporar no modelo de eficiência os outputs indesejáveis na sua escala original (ou seja, sem qualquer transformação na sua escala de medida), a abordagem DDF tem outra grande vantagem que é a capacidade de expandir os outputs desejáveis

87 ou contrair os inputs/output indesejáveis simultaneamente (ZHANG; CHOI, 2014). Nos modelos tradicionais de DEA, é necessário optar por um modelo orientado à redução dos inputs ou, alternativamente, à expansão de outputs. Dentro deste contexto, e dada a importância para o presente trabalho, a seguir são apresentadas as aplicações da abordagem DDF no setor de energia elétrica Aplicações da DEA no setor de energia elétrica A técnica de DEA e suas extensões têm atraído muita atenção como nova e eficiente abordagem para estudar o setor de energia com a perspectiva de prosperidade econômica e proteção ambiental (ZHOU; ANG; POH, 2008; SUEYOSHI; GOTO, 2011). A importância e a popularidade de DEA podem ser confirmadas no trabalho de Emrouznejad, Parker e Tavares (2008), no qual apresentaram as pesquisas com DEA durante os primeiros 30 anos de história (até o ano de 2007). Zhou, Ang e Poh (2008) identificaram as técnicas de DEA amplamente utilizadas na literatura, e a seguir, classificaram 100 publicações aplicadas na área ambiental e de energia elétrica conforme os aspectos metodológicos (inputs, outputs, retornos à escala e medidas de eficiência). Trabalhos importantes e influentes, como os de Chung, Färe e Grosskopf (1997), Färe, Grosskopf e Hernandez-Sancho (2004) e Fare et al. (2005) foram os primeiros autores a introduzir a abordagem DDF para avaliar o desempenho ambiental. Esses autores discutiram a importância de considerar os indicadores desejáveis (bons) e indesejáveis (ruins) de forma separada (discutidos no item 3.4.1). Dado o escopo do presente trabalho, essa seção se limita a apresentar os estudos que de alguma forma avaliaram a sustentabilidade através de modelos DEA, especificados com uma função de distância direcional. O Quadro 5 resume esses estudos. Lee, Park e Kim (2002) propuseram uma metodologia para estimar os preços sombra 7 dos poluentes para as plantas de energia 87 7 A definição de preço-sombra vem da necessidade de se corrigir alguns preços no mercado, além de avaliar determinados ganhos ou perdas geradas pelo projeto, mas que não encontram valor no mercado. O termo preço-sombra é utilizado para atribuir preço aos bens cujos valores o mercado não consegue absorver com eficiência.

88 88 elétrica Coreana no período de Em conclusão, os preços sombra dos poluentes dependem da regra da eficiência que foi aplicada ou da ineficiência produção/ambiente considerada. Uma vez que as regras de eficiência são geralmente fixadas como resultado das situações específicas das indústrias, os autores consideram que a ineficiência desempenha um papel mais importante na obtenção das estimativas dos preços sombra dos poluentes. Quadro 5 - Estudos com DEA em eletricidade, considerando indicadores desejáveis e indesejáveis Autores Ano Lee, Park e Kim (2002) Murty, Kumar e Dhavala (2007) Kumar e Managi (2010) Ang, Zhou e Tay (2011) Zhang, Zhou e Choi (2013) Inputs Capacidade de geração Força trabalho Consumo de combustível Capital Consumo de carvão Massa salarial Calor Mão de obra Capital Consumo de combustível fóssil Capital Consumo de combustível fóssil Força trabalho Outputs desejáveis Geração de eletricidade Geração de eletricidade Geração de eletricidade Geração de eletricidade Geração de eletricidade Outputs indesejáveis SO x NO x Partículas suspensas Emissões de SO 2 Emissões de NO x Partículas suspensas Emissões de SO 2 Emissões de NO x Aplicação 43 plantas de geração de eletricidade na Coréia Período usinas de geração térmica na Índia Período , plantas de energia elétrica no USA Período Emissão de CO 2 Indicadores de eletricidade para 129 países, ano de 2005 Emissão de CO 2 62 plantas de geração de eletricidade térmica Ano de 2011 Murty, Kumar e Dhavala (2007) avaliam a eficiência técnica e ambiental em usinas térmicas a carvão na Índia. Os resultados mostram

89 que há incentivos ou oportunidades vantajosas para as empresas cumprirem voluntariamente com a regulamentação ambiental. Entretanto, há uma variação significativa no preço sombra dos outputs indesejáveis entre as empresas, e tal variação pode estar atribuída aos diferentes níveis de conformidade com a regulamentação ambiental. Então os autores citados sugerem a utilização de instrumentos econômicos, como impostos sobre a poluição em vez de regulamentações de comando e controle (atualmente usados na Índia para reduzir a poluição atmosférica). Kumar e Managi (2010) avaliaram o desempenho tecnológico em plantas de geração de eletricidade dos Estados Unidos desde o início do sistema de comércio de emissões de SO 2. Os autores previamente citados apontam que as alterações nos preços das emissões de SO 2 estão relacionadas com as inovações induzidas por essas alterações. Com a introdução do sistema de comércio, as plantas de geração de energia elétrica aumentaram a produção de eletricidade e reduziram as emissões de SO 2 e NO x no período de No entanto, em comparação com o progresso tecnológico de aproximadamente 8% ao ano, o efeito induzido é relativamente pequeno (1-2%). Ang, Zhou e Tay (2011) avaliaram o potencial de redução das emissões de CO 2 em relação à geração de eletricidade. O estudo abrangeu 129 países e com os dados relativos ao ano de Zhou, Ang e Wang (2012) avaliaram o mesmo conjunto de dados, mas excluindo três países com muito pouca geração de eletricidade a partir de combustíveis fósseis. Portanto, 126 países foram responsáveis por 97% da geração mundial de eletricidade a partir de combustíveis fósseis em Zhang, Zhou e Choi (2013) modelaram o desempenho na geração de eletricidade por combustíveis fósseis na Korea considerando diferentes combustíveis para a geração. Trata-se de um modelo metafrontier DDF não radial, o que permite considerar simultaneamente a heterogeneidade da amostra (geração de eletricidade), as folgas não radiais e os outputs indesejáveis. Os achados do trabalho indicam que as usinas de energia movidas a carvão apresentam níveis mais elevados de eficiência energética e emissão de CO 2 em relação ao desempenho das usinas movidas a óleo. Nesse sentido, os autores previamente citados sugerem que o governo Coreano deve promover a inovação para reduzir as lacunas tecnológicas nas usinas movidas a óleo, e, portanto melhorando o desempenho 89

90 90 energético e atender as metas de redução de emissões no setor de geração de eletricidade. 3.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS DO CAPÍTULO A Análise Envoltória de Dados, na sua origem, foi desenvolvida para dar créditos à empresas que produziam mais outputs usando menos inputs. Desde os anos 80 e 90, o tradicional modelo DEA vem sendo adaptado para analisar os problemas ambientais, dado a percepção que mudanças em nosso meio ambiente estão ocorrendo como resultado da atividade humana. De forma geral, uma empresa apresenta melhor desempenho que outra porque tomou decisões que lhe permitem aproveitar melhor os recursos. Essas decisões podem estar relacionadas ao uso de uma tecnologia mais avançada, a contratação de mão de obra mais qualificada, melhores técnicas gerenciais, fornecedores próximos, recursos baratos, entre outros fatores. Entretanto, os impactos negativos que uma atividade econômica provoca sobre terceiros não era considerada. Os impactos negativos, aqui chamados de indicadores indesejáveis, são subprodutos dentro do conjunto de fatores de produção, o que torna interessante analisá-los. Portanto, exigem um tratamento diferente das suposições relacionadas com as possibilidades de produção. A razão para isto é que, os outputs indesejáveis são produzidos juntamente com os indicadores desejáveis (CHUNG; FARE; GROSSKOPF, 1997). Portanto, quando um output indesejável for zero, o output desejável também será igual à zero (SONG; ZHANG; WANG, 2015), uma vez que o primeiro é produzido inerentemente ao processo de produção. Nas últimas décadas, na literatura acerca de DEA, surgiram várias abordagens para avaliar o desempenho na presença de indicadores indesejáveis, conforme apresentado neste capítulo. Isso demonstra um crescente interesse no tema. Defende-se a proposta desenvolvida por Chambers, Chung e Färe (1996), Chung, Färe e Grosskopf (1997), Zanella, Camanho e Dias (2015) que possibilita obter uma medida de eficiência que reflete o potencial de aumentar os produtos enquanto se reduzia os insumos simultaneamente, a chamada Função de Distância Direcional.

91 Na prática, a DDF é aplicada principalmente para a avaliações em que tanto os indicadores desejáveis quanto os indesejáveis estão presentes (LOZANO; GUTIERREZ, 2011). O Capítulo 4, a seguir, apresenta a proposta de avaliação da sustentabilidade em que são destacadas as etapas e sub-etapas necessárias para o atendimento do objetivo geral desta tese. Além da identificação dos indicadores de sustentabilidade da GRI, procede-se com o desenvolvimento de indicadores relativos de sustentabilidade. Por fim, apresenta-se a avaliação global da sustentabilidade empresarial cobrindo as dimensões ambiental, econômica e social, bem como, o potencial de melhoria em cada dimensão. 91

92 92

93 4 PROPOSTA DE AVALIAÇÃO DA SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL Toda proposta de avaliação da sustentabilidade deve ser específica para cada caso, e deve estabelecer um equilíbrio entre simplicidade e realismo. No entanto, o desafio desta proposta é combinar os indicadores ambientais, econômicos e sociais numa única estrutura e apresentar os resultados da avaliação quantitativa para os stakeholders de forma clara e persuasiva. Assim, as três principais contribuições feitas nesse capítulo são: (i) determinar o desempenho ambiental, econômico e social no contexto da sustentabilidade empresarial no setor de eletricidade; (ii) avaliar o desempenho quando ambas saídas desejáveis e indesejáveis estão presentes no processo de produção, permitindo identificar elementos com potencial de melhoria; e, (iii) formar um indicador global de sustentabilidade empresarial para o setor de eletricidade. Voinov (2010) introduz a abordagem de sistemas e modelagem a fim de mostrar como os modelos podem ser desenvolvidos e usados, e como podem tornar-se uma ferramenta de comunicação para a aprendizagem conjunta da comunidade e de tomada de decisão. Conforme o autor citado, a modelagem é realmente importante, especialmente ao lidar com sistemas complexos que se estendem para além do mundo físico e incluem humanos, economias e a sociedade. A combinação da análise de sistemas e a habilidade de modelação permitem reunir o conhecimento e dados, e apresentá-los de forma coerente e integrada (VOINOV, 2008, 2010). No contexto da sustentabilidade, Kajikawa (2008) observa que a modelagem é uma atividade científica fundamental e indispensável, no qual tem o importante papel de promover o conhecimento de determinado sistema e impulsionar ações a partir deste. Além disso, a modelagem permite a integração de subsistemas dentro de um framework unificado, e são vistos como ferramentas essenciais para a análise de diferentes alternativas, avaliar os resultados e comunicá-los de forma transparente (KELLY et al., 2013). No entanto, a capacidade de modelagem não é igual ao controle do sistema, isto é, o sistema torna-se controlável apenas quando os inputs do modelo são controláveis. Os modelos devem ser desenvolvidos para responder questões sobre um sistema, para entender como as coisas funcionam, explicar 93

94 94 padrões que podem ser observados, e predizer um comportamento em resposta a alguma mudança (RAILSBACK; GRIMM, 2011). No contexto da investigação de sistemas complexos, a exploração de modelos relativamente simples possibilita obter conhecimentos em relação a um problema específico, sem a necessidade de previsões detalhadas sobre um determinado sistema. Por exemplo, se um dano ambiental é o foco de pesquisa, a modelagem pode fornecer os melhores meios para comunicar a escala e a gravidade de um problema, bem como, fornecer as provas necessárias para a mudança do comportamento individual ou em grupo (KRUEGER et al., 2012). Nesse contexto, as pesquisas de Clayton e Radcliffe (1996), Fare, Grosskopf e Tyteca et al. (1996), Jakeman, Letcher e Norton (2006), Voinov (2008, 2010), Voinov e Shugart (2013), Meadows (1998, 2008), Bell e Morse (2008), EPA (2009), Hay et al. (2014), Zanella, Camanho e Dias (2015) são os principais trabalhos que dão suporte para a descrição e desenvolvimento do modelo proposto, o qual é formado por três etapas principais, conforme representado na Figura 8. Figura 8 - Processo de avaliação da sustentabilidade 2 INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE - Seleção e análise dos critérios - Construção dos indicadores relativos de sustentabilidade 1 DEFINIÇÃO DO SISTEMA - Sistema de geração de eletricidade - Uso dos relatórios GRI - Escolha da abordagem TBL 3 APLICAÇÃO DA DDF - Identificação dos indicadores desejáveis e indesejáveis - Construção do indicador global de sustentabilidade - Análise das dimensões individuais A primeira etapa do modelo organiza e define o sistema de avaliação e as delimitações sob as quais o método funciona, portanto, ocorre a definição do sistema de interesse a ser avaliado. A segunda etapa do modelo envolve a definição dos indicadores de sustentabilidade, conforme as atividades do sistema, e, por conseguinte,

95 a construção de indicadores relativos de sustentabilidade. Convém destacar que as atividades podem ser influenciadas pelas decisões humanas, portanto, etas podem alterar o desempenho. Por fim, a última etapa do modelo envolve a avaliação das empresas através da abordagem DDF para o conjunto de indicadores relativos formados, e como resultado, ocorre à construção de um indicador global que cria um ranking de empresas de acordo com o seu desempenho do melhor para pior desempenho. 4.1 ETAPA 1 DEFINIÇÃO DO SISTEMA Entende-se por sistema uma combinação de partes que interagem e produzem alguma nova qualidade dessa interação (VOINOV, 2010, p.6). Trata-se de um conjunto de componentes relacionados trabalhando juntos em direção a um objetivo comum (MEADOWS, 2008; KOSSIAKOFF et al., 2011). Por exemplo, dois átomos de hidrogênio se combinam com um átomo de oxigênio para produzir uma molécula de água. A visão central da teoria dos sistemas é a noção de que o sistema causa o seu próprio comportamento (MEADOWS, 2008). Ao entender a relação entre a estrutura e o comportamento é possível entender como funcionam os sistemas, o que os faz produzir pobres resultados, e como transferi-los em melhores padrões de comportamento (MEADOWS, 2008). Tully (1993) observa que o comportamento de um sistema é determinado por sua estrutura e os estímulos que recebe. Ou seja, uma propriedade que não é determinada unicamente a partir das propriedades dos componentes do sistema, mas que adicionalmente é determinado pela estrutura do sistema (THOMÉ, 1993, p. 7). Além disso, um sistema é composto por um conjunto de subsistemas interdependentes e inter-relacionado, no qual, a função do subsistema junto com o todo é atender o desenvolvimento sustentável (GLAVIC; LUKMAN, 2007). Portanto, o conjunto de subsistemas incorpora a atuação responsável, o consumo sustentável e a produção sustentável. Para entender a sustentabilidade, é necessário reconhecer e trabalhar com unidades, das quais nós, como observadores, também fazemos parte" (BELL; MORSE, 2008, p. 110). Isto é, as unidades complexas podem ser compreendidas por meio da identificação de componentes principais (chave), interações e processos. As abordagens científicas precisam ser vistas em termos de um sistema amplo, de que o 95

96 96 observador é uma parte; por conseguinte, o observador traz as ideias e ações para um determinado contexto. São muitas as ideias em relação à sustentabilidade por diferentes atores de vários setores (KAJIKAWA, 2008). Por sua vez, as soluções existentes devem ser sustentáveis dentro desses sistemas, em vez de a sociedade como um todo (KEMPE; MARTENS, 2007). Dada a escala e complexidade do sistema terra, os estudos se concentram em avaliar diferentes subsistemas, por exemplo, sistemas rurais, sistemas de transporte, silvicultura, agricultura, áreas urbanas (HAY et al., 2014). Aqui, volta-se para o sistema de geração de eletricidade (conforme apresentado no Capítulo 2). Definir o limite do sistema e esclarecer em qual escala de tempo uma avaliação é realizada é de extrema importância, uma vez que, cada avaliação pode ser realizada em diferentes escalas de espaço e tempo (ULGIATI et al., 2011). A escala pode corresponder a uma exploração agrícola, vila, cidade, região, país, etc., até que todo o planeta é considerado (BELL; MORSE, 2008). Para Ramos e Caeiro (2010), a avaliação da sustentabilidade pode ser conduzida dentro das escalas locais, regionais, global ou organizacional. Ao aumentar a escala de avaliação do local para o global, estende-se o limite do sistema de interesse dentro do qual o comportamento das atividades é interpretado (ULGIATI et al., 2011). O tempo é outro fator que pode influenciar a maneira que o comportamento da atividade é interpretado durante a avaliação da sustentabilidade. Diferentes sistemas podem exigir diferentes escalas de tempo, bem como, diferentes componentes da sustentabilidade podem ser medidos em diferentes intervalos de tempo (BELL; MORSE, 2008). Pois, alguns benefícios/prejuízos ambientais não podem ser vistos durante anos ou décadas, enquanto os benefícios/perdas econômicos e sociais podem ser imediato e mais precisamente estimado (KELLY et al., 2013). Na presente pesquisa, o período de tempo é anual, isto é, os dados são coletados para um único período de tempo. Ambos os impactos positivos e negativos ocorrem ao longo da escala e no período de tempo considerado. A proposta considera os indicadores relacionados ao nível de escala organizacional, considerando um único setor econômico - o sistema de geração de energia elétrica apresentado a seguir na seção

97 Sistema de geração de eletricidade Atualmente, a energia é um dos recursos mais importantes e ao mesmo tempo uma das preocupações mais relevantes em todo o mundo devido ao esgotamento rápido de combustíveis não renováveis, o aquecimento global e a mudança climática (LIRA-BARRAGAN et al., 2014). O sistema de geração de energia, tomado como um todo é o maior sistema do mundo e tem o maior impacto de qualquer indústria sobre as condições do ambiente na Terra. Alguns dos efeitos causados pela geração de energia são de longo alcance tanto geograficamente quanto temporalmente. No entanto, todos os processos de produção têm algum efeito, seja positivo ou negativo. Dentro do setor de energia, a energia elétrica se tornou a favorita para o consumidor final; ademais, se tornou indispensável e a sociedade moderna é totalmente dependente do fornecimento abundante de eletricidade (GÓMEZ-EXPÓSITO; CONEJO; CAÑIZARES, 2009). O setor elétrico é usualmente dividido em três áreas: Geração, transmissão e distribuição (ANEEL, 2008). A geração de energia elétrica consiste no aproveitamento de recursos (carvão, fluxo de água dos rios, ventos, gás, bagaço da cana de açúcar, óleo, entre outros) para produzir energia elétrica. A transmissão de energia, por sua vez, consiste nos sistemas responsáveis por levar a energia elétrica gerada dos locais de geração para os locais onde ela será consumida (ANEEL, 2008). Os consumidores são divididos em determinadas áreas geográficas. Cada área geográfica é de responsabilidade de uma determinada distribuidora, responsável por construir a infraestrutura para garantir o abastecimento de energia elétrica a esses consumidores. Por fim, as distribuidoras compram a energia elétrica das empresas geradoras e pagam pelo uso da infraestrutura de transmissão da energia elétrica, cobrando dos consumidores finais uma tarifa de acordo com a quantidade de energia consumida (ANEEL, 2008). Os sistemas de geração de eletricidade têm se desenvolvido de forma similar em todos os países, convergindo em direção a uma estrutura e configuração muito semelhante (LALOUX; RIVIER, 2014). Isso se deve às características específicas desse produto, e pelo fato que, a geração, transmissão, distribuição e fornecimento estão condicionados ao equilíbrio instantâneo e permanente da oferta e demanda do produto. A eletricidade é definida por uma série de propriedades que a distinguem de outros produtos (LALOUX; RIVIER, 2014): (i) não é suscetível, na prática, para ser armazenada ou inventariada; (ii) deve ser gerada e transmitida, uma vez que é consumida, portanto, deve haver um

98 98 equilíbrio entre oferta e demanda; (iii) os sistemas elétricos são dinâmicos, complexos e imensos; e, (iv) a transmissão é determinada por leis de Kirchhoff, em que a distribuição de corrente depende da impedância nas linhas e outros elementos por onde corre a eletricidade. A eletricidade necessária para atender as necessidades de consumo é gerada em centros de produção comumente chamados de usinas ou estações, onde a fonte de energia primária é convertida em energia elétrica com características bem definidas (GÓMEZ- EXPÓSITO; CONEJO; CANIZARES, 2009). Em muitas regiões é possível uma combinação entre a disponibilidade do vento e da luz do sol, do calor e da força para gerar eletricidade. Essas correlações podem ocorrer em diferentes escalas de tempo: num curto prazo dentro do mesmo dia (dias de sol podem ser menos ventoso e vice-versa) e no nível sazonal (o outono pode ser mais ventoso e o verão mais ensolarado). Muitas alternativas em relação à geração de eletricidade vêm sendo desenvolvidas ao longo dos últimos anos, levando em consideração questões ambientais, tecnológicas, políticas e sociais. Porém, conforme a Figura 9, prevalece o consumo de carvão e gás natural para a geração de eletricidade, apresentando crescimento no período de 1973 à Figura 9 - Geração de eletricidade por tipo de combustível. Fonte: OECD/IEA (2014). Da mesma forma, a disponibilidade de água em usinas hidrelétricas mostra variações sazonais. Encontrar a combinação de tecnologias pode, assim, equilibrar a variabilidade em cada componente,

99 levando a uma diversificação que corresponde à demanda estreita de eletricidade. A diversificação da produção de eletricidade fornece uma medida importante de resiliência, pois os sistemas que dependem fortemente de uma única fonte de energia estão mais expostos aos impactos climáticos (EBINGER; VERGARA, 2011). A exploração dos recursos naturais é o primeiro passo para converter a energia em eletricidade, o que se dá por meio da mineração de carvão, extração de petróleo ou gás natural, urânio, desvios de água e barragens, ou por meio da força do vento ou dos raios do sol (OECD/IEA, 2014). Existem muitas tecnologias de geração e geralmente estão associadas com o combustível usado. As centrais de energia convencionais são divididas em centrais hidrelétricas, térmicas e nucleares, como mostrado na Figura 10. Figura 10 - Sistema de funcionamento das plantas hidrelétrica, térmica e nuclear 99 Fonte: adaptado de Pérez-Arriaga, Rudnick, Abbad (2014) Há outros tipos de geração de eletricidade que gradualmente adquiriram importância em algumas áreas e países (GOMEZ- EXPOSITO; CONEJO; CANIZARES, 2009). Essas fontes de energia são frequentemente chamadas de plantas alternativas, caracterizadas pelo uso de fontes renováveis de energia: eólica, solar, biomassa, assim como a hidroeletricidade acima destacada. A seguir, as diferentes fontes de geração são apresentadas.

100 Fontes de geração de energia elétrica Usinas hidrelétricas A energia hidráulica é proveniente da irradiação solar e da energia potencial gravitacional, através da evaporação, condensação e precipitação da água sobre a superfície terrestre (ANEEL, 2002). A água, principal fonte de energia utilizada em usinas hidrelétricas, se expressa energeticamente em termos de taxa de fluxo e altura (GÓMEZ- EXPÓSITO; CONEJO; CAÑIZARES, 2009). A energia hidráulica é convertida por uma turbina em energia mecânica, caracterizada por o binário e a velocidade do veio acoplado ao gerador elétrico. Em outras palavras, a energia hidráulica é convertida em energia elétrica no gerador, produzindo tensão e corrente nos terminais da máquina. Os locais mais favoráveis às instalações de plantas hidrelétricas são de alta queda, e se encontram geralmente nas ribeiras de grandes declives, formados por rápidas quedas d água ou cascatas (ANEEL, 2008). Normalmente, para produzir a energia elétrica é preciso unificar os desníveis do relevo por meio da construção de barragem que interrompe o curso normal do rio e forma o reservatório. Assim, permite a captação da água em volume adequado e regulariza a vazão do rio em períodos de chuva ou estiagem (ANEEL, 2008). Segundo Sperling (2012), a geração de eletricidade por usinas hidrelétricas apresentam as seguintes vantagens: (i) o custo de operação é quase imune a aumentos nos custos dos combustíveis fósseis, como o petróleo, gás natural e carvão; (ii) as plantas têm vida econômica longa (de 50 a 100 anos); (iii) o custo da operação é baixo, uma vez que são plantas automatizadas e com pouco pessoal no local durante a operação normal; (iv) gera inúmeros empregos na fase de construção. Por outro lado, a principal desvantagem se deve a interrupção do fluxo do rio e a inundação de uma vasta área (seja rural ou urbana) (SANTOS; LEGEY, 2013). Por conseguinte, desencadeia os seguintes impactos: (i) perda de biodiversidade; (ii) destruição de recursos; (iii) remoção de pessoas nativas; (iv) perturbações biológicas, físicas e químicas causadas pela transformação de um ecossistema lótico (rios) para um ecossistema lêntico (lagos). Usinas térmicas Vapor ou térmica, a energia primária é fornecida por um combustível fóssil (carvão, óleo combustível ou gás). O princípio de funcionamento por trás dessas estações ocorre da seguinte maneira

101 101 (GÓMEZ-EXPÓSITO; CONEJO; CAÑIZARES, 2009): (i) o combustível é queimado numa caldeira para produzir vapor de alta pressão; (ii) o vapor de alta pressão é convertido na turbina de vapor em energia mecânica; (iii) a energia mecânica, como em usinas hidrelétricas, é convertida em energia elétrica pelo gerador. A eficiência térmica das centrais elétricas a vapor, que convertem o térmico mecânico em energia elétrica, depende essencialmente do valor calorífico do combustível utilizado. Em qualquer caso, a maior eficiência é até 45% (GEO 5, 2014). Devido à inércia térmica da caldeira, cerca de sete horas, as estações não podem ser facilmente ligadas e desligadas, isto é, elas são menos flexíveis neste aspecto do que instalações hidrelétricas. Além disso, as usinas térmicas podem precisar buscar alternativas, como resfriamento por ar, tratamento e uso de água de rejeito, o que pode levar a gastos maiores de capital (UNEP, 2010). Entre os combustíveis fósseis, o uso do petróleo no setor de geração de eletricidade é marginal, responsável por aproximadamente 6% de toda a eletricidade gerada no mundo, 25% a menos que 1990 (OPEC, 2014). A queda significativa ao longo das últimas três décadas foi devido à substituição do petróleo pelo carvão, gás, energia nuclear e energias renováveis (ANEEL, 2008; OPEC, 2014). Atualmente, o carvão é o principal combustível utilizado para geração de eletricidade em todo o mundo. Em 2013, o carvão foi usado para gerar mais de 40% da eletricidade mundial, e alguns países superam essa média: 44% Alemanha, 69% Austrália, 71% Índia, 81% China, 83% Polônia, 93% África do Sul, 95% Mongólia (WORLD COAL ASSOCIATION, 2015). Tradicionalmente, o preço do carvão tem sido estável e baixo se comparado com outros combustíveis fósseis, e custa a metade do preço do gás natural considerando a base de teor energético (BREEZE, 2014). Como desvantagem, o carvão é o mais sujo dos combustíveis fósseis. O contínuo aumento do uso desse combustível é contrário à redução das emissões frente ao progresso recente na implantação das energias renováveis, sublinhando a necessidade de melhorar a eficiência da usina a carvão e ampliar a captura e armazenamento de carbono (EIA, 2014). O gás natural, que representou 22% na geração de eletricidade mundial em 2011 (OPEC, 2014) é o principal combustível para as turbinas a gás, tem relativamente baixo impacto ambiental quando comparado ao carvão (BREEZE, 2014). Depois de limpo, o gás contém relativamente pouco ou nenhum sulfato de hidrogênio e nenhum metal

102 102 pesado. Dependendo da composição do gás natural e do sistema de combustão da turbina em que o gás é queimado, a combustão poderá gerar algum monóxido de carbono e também algum material particulado, ambos resultantes da combustão incompleta dos componentes do material (BREEZE, 2014). As turbinas a gás também geram dióxido de carbono da combustão de combustível de hidrocarboneto. A quantidade gerada de dióxido de carbono por cada unidade de eletricidade é muito menor que uma estação de carvão, mas, as plantas com ciclos combinados são grandes emissores de dióxido de carbono. De modo geral, os principais impactos das usinas termelétricas convencionais resultam da sua operação (SANTOS; HADDAD; HEWINGS, 2013). A combustão dos combustíveis fósseis lança uma quantidade significativa de dióxido de carbono para a atmosfera (BREEZE, 2014). Além disso, emite os gases de exaustão que podem provocar a chuva ácida, a mortalidade humana e o aquecimento global por meio de emissão de GEE (SANTOS; LEGEY, 2013). Usinas nucleares As usinas nucleares, também conhecidas como usinas atômicas, consistem essencialmente de um reator nuclear que produz grandes quantidades de calor com a fissão nuclear do urânio (GÓMEZ- EXPÓSITO; CONEJO; CAÑIZARES, 2009). Esse calor é transferido para um fluido, dióxido de carbono, sódio líquido ou a água, e levado para um permutador de calor, no qual é transferido para um circuito de água. Tal como em estações de vapor, o restante do processo envolve a transformação do vapor em energia mecânica produzida numa turbina de vapor e depois em energia elétrica com um gerador de corrente alternada. Em 2013, os reatores nucleares do mundo forneceram 2359 TWh de eletricidade. Isso representa cerca de 13% do consumo global de eletricidade (WORLD NUCLEAR, 2015). As usinas nucleares são muito utilizadas na Europa, onde o relevo não permite a construção de hidrelétricas e os combustíveis fósseis são escassos (BURATTINI, 2008). Destacam-se alguns países com alta porcentagem de eletricidade fornecida por meio da geração nuclear em 2012, que representa 74,8% na França, 51% na Bélgica, 53,8% na Eslováquia, 46,2% na Ucrânia, 45,9% na Hungria e 38,1% na Suécia (BREEZE, 2014). Destaca-se que um único pellet de urânio do tamanho de um lápis contém a mesma quantidade de energia de pés cúbicos de gás

103 103 natural, de carvão ou 149 galões de óleo (NEI, 2015). Não há emissões de dióxido de carbono, óxidos de azoto e dióxido de enxofre durante a produção de energia elétrica nas instalações de energia nuclear; mas sim, ocorre a produção de gases radioativos e resíduos líquidos durante a operação (NEI, 2015). Em comparação com outras fontes de energia limpa, as plantas nucleares são relativamente compactas. A quantidade de eletricidade produzida por uma usina nuclear exigiria mais de 155 km 2 de painéis fotovoltaicos ou 466 km 2 de turbinas eólicas. Por outro lado, há duas desvantagens para o uso das usinas nucleares (SANTOS; HADDAD; HEWINGS, 2013): (i) a segurança, isto é, a magnitude da catástrofe, no caso de um acidente, não importa o quão baixo o risco, e (ii) o problema de eliminar os resíduos radioativos. Diante dessas dificuldades, alguns países impuseram uma moratória sobre a construção de usinas nucleares. Após o acidente na estação nuclear Daiichi, Fukushima, em 2011, a tecnologia nuclear tem sido objeto de um maior controle, bem como, um desafio à aceitação por parte do público. Como resposta direta a esse acidente, o número de reatores em operação diminuiu, e a capacidade nuclear instalada mundial caiu cerca de 6GW (NUCLEAR ENGINEERING INTERNATIONAL, 2012). Por exemplo, o governo chinês suspendeu a aprovação de novos projetos nucleares (SANTOS; HADDAD; HEWINGS, 2013). Já a Alemanha anunciou a descontinuação da energia nuclear, um processo que será encerrado até 2022 (GEO 5, 2014). Da mesma forma, a Bélgica anunciou em junho de 2012 que dois de seus reatores mais antigos (Doel-1 e Doel-2, que representam 900 MW de capacidade) serão fechados em 2015, após 40 anos de serviço. Além disso, está planejado o encerramento de outros cinco reatores até 2025 (OPEC, 2014). A Suíça adotou uma posição similar. O Governo suíço decidiu suprimir progressivamente os seus cinco reatores que geram quase 36% da sua eletricidade. Está previsto para 2019 o encerramento do primeiro reator, e até 2034, toda a capacidade nuclear será desmantelada (GEO 5, 2014). Na Itália, o plano do governo para ter 25% da sua eletricidade fornecida pela energia nuclear até 2030 foi rejeitado por um referendo, em Junho de 2011 (SANTOS; HADDAD; HEWINGS, 2013). Entretanto, o acidente na estação nuclear Daiichi em Fukushima serviu também como uma oportunidade para melhorar a segurança contínua. Do ponto de vista tecnológico, as novas gerações de usinas de

104 104 energia nuclear disponíveis no mercado são classificados como evolutiva (Geração III e III+) e incorporam significativas melhorias técnicas e de segurança, quando comparado com as gerações anteriores (SANTOS; HADDAD; HEWINGS, 2013). Usinas de energia solar Quase todas as fontes de energia (hidráulica, biomassa, eólica, combustíveis fósseis e energia dos oceanos) são formas indiretas de energia solar (ANEEL, 2002). Além disso, a radiação solar pode ser utilizada diretamente como fonte de energia térmica para aquecimento de fluídos, ambientes e para geração de potência mecânica ou elétrica. Pode ainda ser convertida diretamente em energia elétrica, através de efeitos da radiação (calor e luz) sobre determinados materiais, entre os quais se destacam o termoelétrico e o fotovoltaico. O termoelétrico caracteriza-se pelo surgimento de uma diferença de potencial, provocada pela junção de dois metais, quando tal junção está a uma temperatura mais elevada do que as outras extremidades dos fios. Embora muito empregado na construção de medidores de temperatura, seu uso comercial para a geração de eletricidade tem sido impossibilitado pelos baixos rendimentos obtidos e pelos custos elevados dos materiais. O efeito fotovoltaico decorre da excitação dos elétrons de alguns materiais na presença da luz solar (ou outras formas apropriadas de energia). Entre os materiais mais adequados para a conversão da radiação solar em energia elétrica, os quais são usualmente chamados de células solares ou fotovoltaicas, destaca-se o silício. A eficiência de conversão das células solares é medida pela proporção da radiação solar incidente sobre a superfície da célula que é convertida em energia elétrica. Atualmente, as melhores células apresentam um índice de eficiência de 25,6% (GREEN et al., 2014). A fonte de energia solar é abundante, mas a tecnologia precisa ser melhor desenvolvida (GÓMEZ-EXPÓSITO; CONEJO; CAÑIZARES, 2009). Ademais, para a geração de eletricidade em escala comercial, o principal obstáculo tem sido o custo das células solares, que ainda são bastante caras. Usinas de energia eólica Denomina-se energia eólica a energia cinética contida nas massas de ar em movimento (vento). Seu aproveitamento ocorre por meio da conversão da energia cinética de translação em energia cinética de

105 105 rotação, com o emprego de turbinas eólicas (também denominadas aerogeradores) ou por meio de cataventos e moinhos para trabalhos mecânicos, como bombeamento de água (ANEEL, 2002). Assim como a energia solar, a energia eólica requer uma extensa quantidade de terra. Para fins de comparação, e tendo em conta a capacidade (ou fatores de carga), a área de terra coberta por uma estação de energia eólica da mesma produção de energia como uma estação de energia nuclear seria de cerca de vezes maior. Entretanto, a energia eólica é vista como uma das fontes de energia mais importantes para o século XXI (GWEC, 2012). O relatório sobre as perspectivas para a Energia Eólica Global (The Global Wind Energy Council - GWEC) indica que, em 2050, um terço da eletricidade global poderá ser fornecido pelo vento. Como resultado, impediria a emissão de cento e treze milhões de toneladas de CO 2 para a atmosfera em Nos últimos anos, o custo de geração de energia eólica estagnou em alguns países, ao que se deve ao aumento da demanda por produtores, investimentos tecnológicos e dado o desenvolvimento de novos sistemas de geração (OLIVEIRA; FERNANDES, 2011). Portanto, o avanço tecnológico está rendendo ganhos de eficiência e tornando o preço competitivo. Como principal dificuldade, destaca-se que a produção pode estar afastada dos grandes centros urbanos, exigindo maiores investimentos em linhas de transmissão (SCHILLING; ESMUNDO, 2009). Usinas de biomassa A utilização da biomassa como fonte de energia é uma das alternativas para se mitigar os malefícios do aquecimento global. A biomassa pode ser obtida através de duas fontes principais. Essas fontes são as culturas energéticas e os resíduos lignocelulósicos provenientes de atividades agroflorestais. Esta segunda alternativa oferece vantagem em destinar adequadamente potenciais poluidores do meio ambiente (PROTÁSIO et al., 2012). Considerando a perspectiva de longo prazo, a biomassa é o maior potencial de fontes renováveis para o aprovisionamento energético, caracterizado, principalmente, pela sua diversidade de possibilidades em termos de origem e conversão de energia (LAMPREIA et al., 2011). O termo biomassa abrange matéria vegetal gerada pela fotossíntese e todos os seus subprodutos, tais como florestas, plantas cultivadas, resíduos

106 106 agroindustriais, excrementos de animais e matéria orgânica de resíduos industriais ou urbanos. No Brasil, são produzidos 14 milhões de toneladas de resíduos de madeira por ano, entre serragem, costaneiras, pé e ponta de toras, pó de serra e toras descartadas por falhas e defeitos, tanto de madeira plantada de Eucalyptus e Pinus, oriunda de seus 5,6 milhões de hectares, como de florestas nativas (ALMEIDA; ÂNGELO; GENTIL, 2011). Segundo Gómez-Expedito et al. (2009), as duas abordagens básicas tomadas nesta tecnologia são: (i) a combustão direta em fornos específicos para produzir vapor, posteriormente, usado num ciclo de turbina, como em estações de energia a vapor convencionais; e (ii) a gaseificação da matéria orgânica para se obter um gás combustível, geralmente com elevado teor de metano utilizado para alimentar uma turbina ou motor de combustão interna de gás acoplada a um gerador elétrico. A matéria pode ser gaseificada com processos biológicos anaeróbios ou físico-químicos. A biomassa pode ser utilizada diretamente para geração de calor ou de energia elétrica ou transformada em biocombustíveis sólidos tais como briquetes, pallets, etanol, biodiesel e biogás (DIAS et al., 2012). Os resíduos, quando aproveitados economicamente, apresentam uma vantagem ambiental sobre os combustíveis fósseis por se tratar de carbono neutro (ALMEIDA; ÂNGELO; GENTIL, 2011). Geotérmica A energia geotérmica é originada no interior da crosta terrestre, geralmente sob a forma de água quente ou de vapor (IEA, 2015). Explorada em locais apropriados, existem basicamente duas formas de aproveitamento do recurso geotérmico: (i) para a geração de eletricidade utilizando o fluxo seco ou alta entalpia após vaporização; ou (ii) diretamente como calor para o aquecimento urbano, agricultura, etc. A temperatura próxima ao centro da Terra (de profundidade em torno de 6.437,4 km) é de aproximadamente graus Celsius, tão quente quanto à superfície do sol (GEA, 2012). Com o aumento da profundidade a temperatura vai aumentando, e por sua vez, há zonas de intrusões magmáticas (cristalização dos minerais sem contato com a superfície da terra), onde a temperatura é muito maior (WORLD NUCLEAR, 2015). São essas as zonas de elevado potencial geotérmico. Todos os fluxos de água geotérmicos contém gases dissolvidos, sendo que estes gases são enviados para a central geotérmica juntamente com o vapor de água, acabando por se libertar para a atmosfera. Além

107 107 disso, o odor desagradável, a natureza corrosiva, e as propriedades nocivas do ácido sulfídrico são causas que preocupam (GÓMEZ- EXPÓSITO, CONEJO, CAÑIZARES, 2009). Quando a concentração de ácido sulfídrico (H 2 S) é relativamente baixa, o cheiro do gás causa náuseas; em concentrações mais altas pode causar sérios problemas de saúde e até a morte por asfixia (WORLD NUCLEAR, 2015). Portanto, é igualmente importante que haja tratamento adequado da água vinda do interior da Terra. Esses caudais não devem simplesmente ser eliminados para os cursos de água locais, de forma que não prejudiquem a fauna local. Como vantagem, os cientistas estimam que há em todo planeta cerca de 42 milhões de megawatts (MW) de potência de energia geotérmica (GEA, 2012). Espera-se que permaneça assim por bilhões de anos, garantindo uma fonte inesgotável de energia. Uma vez que o calor que emana do interior da terra é essencialmente ilimitado, a energia geotérmica é um recurso renovável. Permanecem, entretanto, as recentes tendências na organização do setor de eletricidade como um todo frente aos novos desafios globais, que levantaram preocupações sobre as capacidades nacionais e internacionais para trazer inovações nas próximas décadas. Nesse sentido, o Quadro 6 apresenta um resumo dos tipos de geração de eletricidade, os aspectos positivos e negativos. A produção de eletricidade deverá aumentar regularmente, a uma taxa média de 3% por ano. Em 2030, mais de metade da produção será fornecida por tecnologias que surgiram nos anos noventa e posteriormente, como as turbinas de gás de ciclo combinado, as tecnologias avançadas do carvão e as energias renováveis (IEA, 2014).

108 108 Quadro 6 - Aspectos positivos e negativos das fontes geração de eletricidade Tipo Aspectos Positivos Aspectos Negativos *Fonte Hidrelétric a - Custo de operação baixo - Plantas com longa durabilidade - Geração de inúmeros empregos durante a construção - Não há emissão de CO 2 na geração energia - Perda de biodiversidade - Remoção de pessoas nativas - Perturbações biológicas, físicas e químicas - Mudanças nas chuvas tem impacto direto na geração de eletricidade (1) (2) (3) Térmica - Abundância de matéria-prima (combustíveis fosseis) - Planta com construção rápida e próxima a região de consumo - Elevada emissão de gases do efeito estufa - Poluição térmica em rios e lagos - Energia não-renovável (2) (4) Nuclear - Não libera gases estufa - Exigência de pequena área para construção da usina - Abundância de matéria-prima (urânio) - Independente de fatores climáticos - Catástrofe de alta magnitude em caso de acidentes - Destinação inadequada na eliminação de resíduos radioativos - Alto custo de instalação da planta (5) (6) (7) Solar - Proximidade entre a geração e o consumo - Energia limpa e barata - Elevado custo das células solares - Variação nas quantidades produzidas de acordo com a situação climática - Formas de armazenamento ainda são pouco eficientes - Grandes áreas para geração (8) (9) (10)

109 109 Quadro 6 - Aspectos positivos e negativos das fontes geração de eletricidade - continuação Tipos Aspectos Positivos Aspectos Negativos *Fonte Eólica - Fonte de energia inesgotável - Pouca manutenção - Não emite gases poluentes e resíduos - Fonte barata de energia - Impacto sonoro e visual - Impacto sobre as aves dos locais - Intermitência (11) (12) Biomassa - Carbono neutro - Fonte de energia doméstica e abundante - Baixo custo da matéria-prima - Resíduos tornam-se insumo de outro processo - Pode ser afetados por mudanças nos regimes de cultivo - Menor poder calorífico dada a baixa tecnologia desenvolvida - Dificuldade no estoque e armazenamento (3) (13) (14) (15) Geotér mica - Elevada eficiência energética com baixa emissão de CO2 - Não causa grande impacto no solo - Plantas confiáveis. - Alto custo inicial na instalação e operação - Cheiros desagradáveis - Relativa toxicidade provocado pelo H 2 S - Escassez de locais com potencial geotérmico *Fonte: 1 Sperling (2012); 2 Santos; Legey (2013); 3 Ebinger; Vergara (2011); 4 Breeze (2014); 5 World Nuclear Association (2015); 6 Nei (2015); 7 Santos; Haddad; Hewings (2013); 8 ANEEL (2002); 9 Green et al. (2014); 10 IEA (2014); 11 Schilling; Esmundo (2009); 12 GWEC (2012); 13 Almeida; Angelo; gentil (2011); 14 Dias et al. (2012); 15 Protásio et al. (2012); 16 Gómez-Expósito; Conejo; Cañizares (2009). (5) (10) (16)

110 ETAPA 2 - INDICADORES DAS ATIVIDADES DO SISTEMA Dentro de um sistema, as atividades são vistas como elementos fundamentais para transformar inputs em outputs (O DONNELL; DUFFY, 2005, p. 56), isto é, a produção de bens e serviços (outputs) requer inputs (recursos) (FARE; KIRKLEY; WALDEN, 2007). Portanto, um conjunto de atividades conduz à transformação de um bem tangível num outro com maior utilidade. Com objetivo de avaliar as atividades do sistema (em termos de entradas e saídas do processo de produção), é necessário definir as medidas que irão proporcionar unidades manejáveis das condições econômicas, ambientais e sociais (BOHRINGER; JOCHEM, 2007). Portanto, o desempenho das atividades de um sistema pode ser obtido por meio da identificação e análise de um conjunto de indicadores de sustentabilidade (NESS et al, 2007; RAMOS; CAEIRO, 2010; SINGH et al., 2012), e pode ser usado para descrever o seu estado e detectar alterações (ZHANG; KONG; CHOI, 2014). O presente estudo considera o indicador como uma ferramenta que evidencia o comportamento que ocorre em um dado sistema (eletricidade), em função das decisões humanas Análise dos indicadores GRI para amostra A identificação dos critérios e os respectivos indicadores basearam-se nos relatórios de sustentabilidade com base nas diretrizes da Global Reporting Initiative (GRI). As diretrizes da GRI são formadas por 79 indicadores de desempenho de sustentabilidade, organizada nas categorias econômica, ambiental e social. São três os tipos de indicadores: essenciais, adicionais e setoriais. Apenas os indicadores essenciais foram considerados (conforme Anexo A), pois, são considerados relevantes e identificados como de interesse da maioria dos stakeholders (GRI, 2011). As empresas não estão maduras para responder a todos os indicadores (HAHN; LULFS, 2013), portanto, esta é uma segunda razão para considerar somente os indicadores essenciais. Os detalhes sobre cada indicador por cada dimensão de desempenho estão apresentados no Anexo A. A identificação dos indicadores iniciou-se no sumário de cada relatório para cada empresa da amostra (tabela que identifica a localização das informações no relatório). Portanto, para não haver dúvida sobre a real participação e interpretação do indicador no

111 111 relatório, a busca a estes indicadores ocorre exatamente nas páginas informadas no sumário, uma vez que a verificação em outras partes do relatório poderia gerar dúvidas quanto à participação e interpretação do indicador por parte do pesquisador. Na situação em que o indicador não é apresentado no relatório de uma determinada empresa, este foi classificado como Não Disponível (ND). Outros critérios para a identificação e classificação dos indicadores quanto à presença nos relatórios de sustentabilidade foram: (i) Os dados estavam dispostos numa mesma estrutura temporal (ano 2012); (ii) O tipo de dados é quantitativo 8 (MARTINS, 2012); (iii) Foram consideradas as consequências positivas e negativas da atividade empresarial (SIKDAR, 2012), portanto, os inputs, outputs e outputs indesejáveis (ZHOU; ANG; POH, 2008). Após a identificação, os indicadores foram tabulados na planilha eletrônica Excel conforme: (i) nome do indicador; (ii) tipo: ambiental, econômico e social. As Figuras 11, 12 e 13 apresentam o percentual de respostas por parte da empresas, divulgados em cada indicador, classificados nas dimensões social, econômica e ambiental. Figura 11 - Percentual de empresas da amostra que divulgaram os indicadores sociais 8 Os indicadores EN12, LA8, PR1, PR3, PR6 são divulgados de forma qualitativa. Conforme Dyson et al. (2001), avaliar as variáveis qualitativas em DEA é um desafio. Isso se deve à subjetividade ao transformar quasiquantitative em escalas intervalares, e em muitos casos, as técnicas de quantificação utilizadas resultam em algo mais do que dados ordinais.

112 112 Figura 12 - Percentual de empresas da amostra que divulgaram os indicadores econômicos Figura 13 - Percentual de empresas da amostra que divulgaram os indicadores ambientais Considerando o total de indicadores quantitativos identificados nos relatórios da amostra, apenas 8 indicadores atingiram 100% de respostas pelas empresas. Os maiores níveis de resposta completa para o conjunto de indicadores está, respectivamente, nas dimensões econômica (71%), ambiental (64%), e social (45%). Essa condição pode estar associada ao fato de que alguns desses indicadores econômicos são utilizados em relatórios financeiros tradicionais ou às obrigações legais. Conforme Delmas e Blass (2010), os indicadores de desempenho financeiro são fortemente definidos e

113 113 estruturados (por exemplo, retorno sobre ativos e retorno sobre o investimento), enquanto os indicadores de desempenho social e ambiental permanecem divulgados de forma heterogênea. Considerando que a base de dados é formada por 45 indicadores e 29 empresas, o total de indicadores esperados são 1305 (45 29). Porém, foram divulgados apenas 871 indicadores para a amostra considerada. Os casos de variáveis com missing data representam um desafio importante, porque os típicos procedimentos de modelagem simplesmente descartam esses casos a partir da análise (IBM, 2013). Por sua vez, não há regras universais sobre como lidar com os problemas de falta de dados (KARANJA; ZAVERI; AHMED, 2013). Schaefer (1997) recomenda o ponto de corte de até 5%, já Bennett (2001) discute que um ponto de corte acima de 10% conduz a resultados tendenciosos, enquanto Peng et al. (2006) argumentam que um corte de 20% não é incomum, mas um corte superior produzirá resultados problemáticos. Na análise com DEA, há duas abordagens comuns para tratar os valores em falta: (i) remoção da empresa com falta de valores do conjunto total; ou (ii) o descarte dos inputs ou outputs com os valores em falta (AZIZI, 2013). Porém, as duas opções podem afetar o resultado final. A ausência de dados é referida como a primeira armadilha de uma seleção de variáveis (DYSON et al., 2001). Portanto, o uso de variáveis de proxy devem ser consideradas quando os dados são escassos ou faltantes (NARDO et al., 2008). Nesse sentido, a seguir são apresentadas e discutidas as proxies identificadas para este trabalho. Inicialmente, buscou-se a proxy para o indicador EC2, que de acordo com as diretrizes da GRI, se refere às implicações financeiras e outros riscos e oportunidades em razão das mudanças climáticas. Os trechos seguintes foram retirados dos relatórios para algumas empresas da amostra, como seguem:... a Cemig busca explorar novas oportunidades de negócios em um mundo que restringe cada vez mais as emissões de carbono através da realização de projetos em eficiência energética e energias renováveis... mantém um Programa de Pesquisa e Desenvolvimento com um investimento anual médio superior a R$ 60 milhões (CEMIG, 2012, pg.28);...dependente de recursos naturais água e vento para gerar energia, e sendo que esses recursos são suscetíveis a mudanças climáticas,... a empresa mantém a diversificação das fontes de energia

114 114 como foco estratégico a qual pretende alcançar por meio de investimentos em tecnologias mais limpas e eficientes, e em P&D, projetos no campo da energia solar, geração distribuída e redes inteligentes,... promove projetos de eficiência energética (EDP, 2012, pg.68);... a Política Tractebel Energia sobre as Mudanças Climáticas, disponível no website da Companhia, estabelece e ratifica seus compromissos em relação ao tema, como a priorização de fontes renováveis na expansão da sua matriz energética, o investimento em projetos de Pesquisa e Desenvolvimento relacionados à conservação do meio ambiente, às mudanças climáticas e às energias renováveis, e a atuação como promotora do desenvolvimento sustentável (TRACTEBEL, 2012, pg. 74);... a Companhia assegura o equilíbrio entre a conservação ambiental e o desenvolvimento de suas atividades, estabelecendo diretrizes e práticas a serem observadas nas operações, realizando estudos prévios de impacto e desenvolvendo e aplicando novas tecnologias a fim de melhorar sua interação com o meio ambiente (COPEL, 2012, pg.31); a melhoria da eficiência das instalações de geração de energia, a expansão de energia renovável, investimento em P&D, coleta e armazenamento de CO2, e os programas de expansão para a prática de vida verde (EWP, 2012, pg. 46). Dada a análise de todos os relatórios da amostra, concluiu-se que as empresas consideram o indicador EC2 como investimentos realizados em pesquisa e desenvolvimento (P&D) para a geração de energia sustentável e inovação no setor. Desta forma, essa foi a primeira proxy identificada para o indicador EC2. Por conseguinte, foi possível identificar proxies para os dados faltantes relacionados aos seguintes indicadores: LA10, LA13, LA14, EN3, EN8, EN11, EN16, EN22, EN23. As estimativas foram retiradas dos relatórios de 2011 e Para o indicador LA7, a proxy foi identificada a partir das estatísticas da Organização Internacional do Trabalho (ILO), disponível no website Para o indicador LA4, o valor da proxy se refere à média mundial em 2010, disponível no website Portanto, foram adicionadas aos dados da amostra 63 proxies. Permanecem 371 dados em falta (28,43% faltantes na base de dados).

115 115 Por fim, foram eliminadas as variáveis com dados faltantes acima de 10%, conforme indicado por Bennett (2001). Figge et al. (2002) destacam que um sistema de indicadores deve apresentar uma estrutura elaborada para um propósito, com o objetivo de evitar a ambiguidade e facilitar a interpretação das informações, fornecendo assim, uma visão integrada e conclusiva a partir dos diferentes indicadores individuais. Neste sentido, foi identificada a ausência de padronização nos dados divulgados para os indicadores EN1 (materiais usados) e EN21 (volume de água descartada). Em relação ao indicador EN1, muitas empresas apresentam no relatório apenas o material usado nos escritórios, enquanto outras empresas relatam materiais usados no nível operacional e gerencial. No caso do indicador EN21, algumas empresas apresentam no relatório o volume de água tratada descartada nos rios e lagos, enquanto outras empresas apenas apresentam o volume de efluentes doméstico, havendo uma diferença de volume muito grande. Assim, EN1 e EN21 foram excluídos da amostra. Em relação ao indicador EN27 (Percentual de produtos e suas embalagens recuperados em relação ao total de produtos vendidos, por categoria de produto) foi classificado pelas empresas como Não se aplica, uma vez que se trata de energia elétrica. Ou seja, dada as características específicas desse produto, não pode ser armazenada ou inventariada, portanto, deve haver um equilíbrio entre oferta e demanda. O resultado da análise totalizou em 20 indicadores (Quadro 7). Destaca-se que os indicadores excluídos são relevantes, no entanto, a ausência de padronização, os valores em falta e a ausência de proxy não permitem incluí-los na amostra final. Quadro 7 - Indicadores GRI considerados na amostra Aspecto GRI 9 Indicador coletado Unidade EC1 Valor econômico direto gerado e distribuído USD Custos dos investimentos sobre o Desempenho trabalho realizado em pesquisa e Econômico EC2 desenvolvimento (P&D) para a USD geração de energia sustentável e inovação no setor 9 Correspondência aos indicadores da GRI

116 116 Quadro 7 - Indicadores GRI considerados na amostra continuação Aspecto GRI Indicador coletado Unidade Custos dos investimentos em Impactos infraestrutura oferecidos para econômicos EC8 benefícios das comunidades e indiretos economias locais USD Energia EN3 Consumo de energia direta GJ EN4 Consumo de energia indireta GJ Água EN8 Total de água consumida m 3 EN16 Emissões diretas de gases tco 2e Emissões, efluentes e resíduos Conformidade Emprego Relações trabalhistas Saúde e segurança Treinamento e educação Treinamento e educação causadores do efeito estufa EN17 Emissões indiretas de gases causadores do efeito estufa tco 2e EN22 Peso total dos resíduos t EN23 Volume total de derramamentos significativos l Valor monetário das multas EN28 resultantes da não conformidade com leis e regulamentos USD ambientais SO8 PR9 Valor monetário de multas significativas resultantes da não conformidade com leis e regulamentos Valor monetário de multas significativas resultantes da não conformidade com leis e regulamentos relativos ao fornecimento e uso de produtos e serviços USD USD LA1 Total da força de trabalho Número LA2 Taxa de rotatividade para a força de trabalho total Rácio Percentual de empregados LA4 abrangidos por % acordos de negociação coletiva LA7 LA10 LA10 Taxa de lesões para força de trabalho total Média de horas de treinamento dos funcionários/por ano Média de horas de treinamento dos funcionários/por ano Rácio h h

117 117 Quadro 7 - Indicadores GRI considerados na amostra continuação Aspecto GRI Indicador coletado Unidade Percentual da força de trabalho Igualdade (homens) em cargos de direção / de LA13 % responsáveis pela governança Oportunidades corporativa Igualdade de remuneração LA14 Relação entre o salário das mulheres aos homens (M/H) ao nível de gerencial Rácio Conforme Dyson et al. (2001), uma das armadilhas é misturar variáveis medidas em forma de volume, indicadores relativos (rácios) ou porcentagens para representar o conjunto de inputs e outputs, isto é, misturar medidas de desempenho, medidas em forma de rácio, (por exemplo, o indicador LA2) com os níveis de atividade apresentados sob a forma de volume (por exemplo, a variável EN8), conforme pode ser visto no Quadro 7. Para evitar essa armadilha, as variáveis medidas em forma de volume foram transformadas em rácios, conforme é apresentado no item a seguir Formação dos indicadores de sustentabilidade Os indicadores relativos ou rácios permitem observar as mudanças dos valores específicos em relação a um denominador comum, por exemplo, poluição emitida por unidade de produção (STANIŠKIS; ARBAČIAUSKAS, 2009). Ou seja, o uso de indicadores, que é a análise da inter-relação entre duas variáveis, é escolhido a fim de facilitar a análise comparativa do desempenho e padronizar os resultados das empresas (BOBINAITE, 2015), bem como, neutralizar o efeito do tamanho das empresas (NISTEP, 1995). Os indicadores devem ser analisados de forma conjunta (PIOT- LEPETIT; NZONGANG, 2014), pois proporcionam uma medida de impacto independente da escala de operação e permite a comparação entre diferentes operações (ICHEME, 2005). A incorporação apropriada de indicadores relativos pode ser implementada ao identificar um numerador e um denominador, no qual, pode-se tratar o input como o numerador e o output como o denominador (DYSON et al., 2001). Para as 20 variáveis apresentadas, os indicadores relativos foram determinados com base nas relações estabelecidas na literatura e usualmente apresentados pelo setor de eletricidade, bem como, outros

118 118 documentos como do Banco Mundial, Unido (United Nations Industrial Development Organization), IIRC s ( foram consultados 10. Alguns dos critérios ambientais, econômicos e sociais (por exemplo, as emissões e multas incorridas) são apresentados de forma integrada nos procedimentos tradicionais de uma empresa (AZAPAGIC; MILLINGTON; COLLETT, 2006). Nesse sentido, favorecendo o processo de análise e entendimento das informações, sete indicadores comuns foram colocados juntos, resultando em três novos indicadores. Isso se deve à convergência do indicador para o mesmo aspecto abordado: conformidade, energia e emissões de gases de efeito estufa. Portanto, os indicadores são: (i) EN28 + SO8 + PR9 = valor monetário de multas resultantes da não conformidade com leis e regulamentos (Aspecto Conformidade); (ii) EN3 + EN4 = Consumo de energia direta e indireta (Aspecto Energia); e, (iii) EN16 + EN17 = Total das emissões diretas e indiretas de gases causadores do efeito estufa (Aspecto Emissões). O Quadro 8 apresenta um resumo da formação dos indicadores relativos de sustentabilidade para o presente estudo. Esses indicadores são detalhados na sequência desse trabalho, no qual, para cada tema foi definido: (i) O indicador; (ii) Os dados necessários; e, (iii) A interpretação do indicador. Os indicadores marcados com o símbolo já são dados como indicadores relativos pela GRI cators.pdf

119 119 Quadro 8 - Formação dos indicadores relativos de sustentabilidade GRI Tema Indicador de sustentabilidade Fonte 1 Dimensão Social LA1 Treinamento e Horas de treinamento por empregado LA10 desenvolvimento por ano (1) (2) LA1 Situação do Taxa de rotatividade da organização LA2 emprego no período coberto (1) (3) (4) LA1 Relações Percentual de empregados abrangidos LA4 trabalhistas por negociação coletiva (1) (5) LA1 Taxa de lesões para a força de trabalho Saúde e segurança LA7 total (1) (6) Percentual de homens responsáveis LA1 Igualdade de pela gerência em relação as mulheres LA13 oportunidades que ocupam o mesmo cargo (1) (7) LA1 LA14 Igualdade de remuneração Dimensão Econômica EC1 Pesquisa e EC2 Desenvolvimento Impactos EC1 Econômicos EC8 Indiretos PR9 SO8 Conformidade com leis e regulamentos Dimensão ambiental EN3 Energia EN4 EN8 EN16 EN17 Água Emissões Proporção do salário base das mulheres responsáveis pela gerência em relação ao salário dos homens que ocupam o mesmo cargo Intensidade dos investimentos em P&D em relação ao valor adicionado Investimentos em infraestrutura em comunidades locais em relação ao valor adicionado Custos por não conformidade em relação à eletricidade gerada Consumo de energia em relação à eletricidade gerada Intensidade de consumo de água em relação à eletricidade gerada Emissões de gases de efeito estufa em relação à eletricidade gerada Geração de resíduos sólidos em (1) (8) (9) (10) (11) EN22 Resíduos (22) (23) relação à eletricidade gerada Acidentes Volume de derramamentos em relação EN23 (12) Ambientais à eletricidade gerada 1 Fonte: 1 GRI (2011); 2 Medel-González et al. (2013); 3 Bebbington; Gray (2001); 4 ICheme (2005); 5 Li et al. (2014); 6 OECD (2011); 7 Young (2015); 8 UNECE (2014); 9 OECD (2009); 10 Carraro et al. (2013); 11 Kayal (2015); 12 Krajnc; Glavic (2005); 13 Oliveira et al. (2008); 14 Duzgun; Komurgoz (2014); 15 Mainali; Silveira (2015); 16 Icheme (2002); 17 Andrade Silva; Guerra (2009); 18 Feng et al. (2014); 19 Liu et al. (12) (13) (14) (15) (16) (17) (18) (19) (20) (12) (18) (21)

120 120 (2015); 20 Mertens et al. (2015); 21 Begic; Afgan (2007); 22 IAEA (2005); 23 Sharma; Balachandra (2015). (1) Treinamento e Desenvolvimento Esse indicador se refere à manutenção e melhoria do capital humano por meio de treinamento, elemento fundamental para o desenvolvimento organizacional, no qual permite ampliar a base de conhecimento dos empregados (GRI, 2011). Vários indicadores podem descrever o estado da educação, treinamento e desenvolvimento. Alguns desses indicadores se referem aos inputs (por exemplo, despesas e recursos), enquanto outros se referem a outputs (por exemplo, taxas de graduação, anos completos de estudo, média de treinamento, etc.). Conforme Quadro 9, esse estudo considera (GRI, 2011; MEDEL- GONZÁLEZ et al., 2013): Quadro 9 - Horas de treinamento por ano, por empregado Indicador TREI Horas de treinamento por empregado, por ano Dados necessários Horas de treinamento (h) por ano Número total da força de trabalho O indicador relativo TREI mais alto indica mais horas treinamento por empregado. O capital humano é desenvolvida por meio de investimentos na educação e formação, combinado com inputs dos país (por exemplo, de supervisão e de orientação) e recursos da sociedade (por exemplo, bibliotecas, museus, palestras, cursos, etc.) (STIGLITZ; SEN, FITOUSSI, 2008). O desenvolvimento do capital humano é importante para a qualidade de vida, expande liberdades e oportunidades dos indivíduos, está relacionado com a saúde, engajamento social e cívico (OECD, 2011). (2) Situação do emprego A rotatividade resulta em ter mudanças no capital humano e intelectual da organização e pode impactar a produtividade, bem como,

121 121 implicações diretas em custos tanto em termos de redução na folha de pagamento como em aumento nas despesas de recrutamento de trabalhadores (GRI, 2011). Esse indicador se refere aos trabalhadores contratados, e aqueles que deixam a organização voluntariamente ou devido a demissão, aposentadoria ou morte em serviço, em relação a força de trabalho total. Embora algum turnover é considerado funcional, muitos estudos apontam para os aspectos negativos, tais como a perda de conhecimento, o custo de contratação e treinamento de substitutos, interrupções às operações e produtividade (MURNIEKS; ALLEN; FERRANTE, 2011). O indicador da situação de emprego é apresentado no Quadro 10 (GRI, 2011; ICHEME, 2005; BEBBINGTON; GRAY 2001). Quadro 10 - Taxa de rotatividade da organização Indicador TURN Taxa de rotatividade da organização no período coberto (um ano) Dados necessários Nº total de novos trabalhadores contratados + trabalhadores que deixaram o emprego durante o período Nº total de trabalhadores no final do período coberto O indicador relativo TURN mais baixo indica menor turnover. Um volume elevado de turnover pode estar associado ao mau desempenho (VEGT; BUNDERSON; KUIPERS, 2010). (3) Relações trabalhistas A liberdade de associação é um direito humano conforme definido por declarações e convenções internacionais, especialmente as Convenções Fundamentais da OIT nº 87 e 98 (GRI, 2011). A melhoria das relações de confronto (empresa-trabalhador) beneficia os trabalhadores e cria um mercado estável (LI et al., 2014). Ganhos mútuos de negociação podem ser alcançados por meio de negociações baseadas em princípios que separam os negociadores do problema e se concentram em fornecer ganhos para ambos os lados.

122 122 O percentual de empregados abrangidos por acordos de negociação coletiva é a forma mais direta de se demonstrar as práticas de uma organização no que se refere à liberdade de associação (GRI, 2011). A melhoria das relações de confronto (empresa-trabalhador) beneficia os trabalhadores e cria um mercado estável (LI et al., 2014). O Quadro 11 apresenta o indicador relativo para as relações trabalhistas. Quadro 11 - Percentual de empregados abrangidos por negociação coletiva Indicador COLE Percentual de empregados abrangidos por negociação coletiva Dados necessários Nº total de empregados abrangidos por acordos de negociação coletiva x 100 Número total da força de trabalho O indicador relativo COLE mais alto indica que mais empregados fazem parte de acordos coletivos. O percentual de empregados abrangidos por acordos de negociação coletiva é a forma mais direta de se demonstrar as práticas de uma organização no que se refere à liberdade de associação. As empresas devem, no âmbito da legislação aplicável, direitos trabalhistas e normas internacionais (OECD, 2011): respeitar o direito dos trabalhadores empregados em ter sindicatos e organizações representativas de sua própria escolha, reconhecidas para fins de negociação coletiva, e se envolver em negociações construtivas com esses representantes, com vista a chegar a acordos sobre os termos e condições de emprego. (4) Saúde e segurança A saúde e a segurança no trabalho implicam que as empresas devem seguir as normas regulamentares e as normas da indústria para minimizar o risco de acidentes e danos à saúde (GRI, 2011). As normas regulamentares incentivam as empresas à respeitar a capacidade dos trabalhadores de se retirar de uma situação de risco iminente para a saúde ou segurança. Esse indicador mostrará se as práticas de gestão de saúde e segurança estão resultando em um menor número de acidentes

123 123 relacionados à segurança e saúde no trabalho (GRI, 2011). De acordo com as diretrizes da GRI, a taxa de lesões para a força de trabalho total considera os elementos mostrados no Quadro 12. Quadro 12 - Taxa de lesões para a força de trabalho total Indicador LESO Taxa de lesões para a força de trabalho total Dados necessários Número total de lesões Nº total de trabalhadores x Conforme a GRI (2011), baixas taxas de lesões estão geralmente relacionadas a tendências positivas no moral e produtividade do pessoal. Assim, o LESO mostrará se as práticas de gestão de segurança e saúde estão resultando em um menor número de acidentes. (5) Igualdade de oportunidade A (des)igualdade é uma questão transversal relevante para a maioria dos temas e indicadores de sustentabilidade (UNECE, 2014). A igualdade também pode ser vista como um importante fator de bemestar, uma vez que o bem-estar das pessoas é fortemente influenciado pela sua posição em relação a um grupo de pares. O indicador de igualdade de oportunidade fornece uma medida da diversidade dentro de uma organização; bem como, informações sobre igualdade de oportunidades (GRI, 2011). Destaca-se que a igualdade de oportunidades, assim como a igualdade de remuneração, boas condições de trabalho, saúde e segurança, formação e desenvolvimento de carreira conduzem a motivação e produtividade, menor absenteísmo laboral ou turnover (AZAPAGIC, 2004). Esse trabalho considera os elementos mostrados no Quadro 13.

124 124 Quadro 13 - Percentual de homens responsáveis pela gerência Indicador IOPO Percentual de homens responsáveis pela gerência em relação ao número total de gerentes Dados necessários Número total de gerentes homens Número total de gerentes O indicador relativo IOPO mais alto indica que mais homens são responsáveis pela gerência. A atenção para os números de homens e mulheres e suas funções/posições é importante para a geração do equilíbrio nas empresas (YOUNG, 2015). (6) Igualdade de remuneração Esse indicador apresenta a remuneração em relação ao trabalho entre homens e mulheres num mesmo cargo ou atividade. Essa questão é tratada pela Convenção nº 100 da OIT, relativa a Igualdade de Remuneração da Mão de Obra Masculina e Feminina por Trabalho de Igual Valor (GRI, 2011). O presente trabalho considera o indicador relativo em relação à igualdade de remuneração, conforme apresentado no Quadro 14. Quadro 14 - Proporção do salário base das mulheres responsáveis pela gerência em relação ao salário dos homens Indicador IREM Dados necessários Proporção do salário base das mulheres responsáveis pela gerência em relação ao salário dos homens que ocupam o mesmo cargo Ganho das mulheres Ganho dos homens O indicador relativo IREM inferior (ou superior) à 1 indica desequilíbrio entre os salários por gênero. A igualdade de remuneração é um fator de retenção de empregados qualificados na organização;

125 125 quando há desequilíbrio, a organização corre risco para sua reputação e de ações judiciais com base em discriminação (GRI, 2011). (7) Pesquisa e Desenvolvimento Os investimentos em capital humano e social não apenas são relevantes para a geração atual, mas também têm impacto sobre o bemestar da próxima geração (UNECE). Pesquisa e desenvolvimento (P&D) compreende o trabalho criativo realizado de forma sistemática, a fim de aumentar o estoque de conhecimento e o uso deste conhecimento para elaborar novas aplicações (OCDE, 2002). O indicador intensidade em P&D é o rácio da despesa em P&D em relação a algum output. É popularmente combinado com GDP para a análise dos países (OECD, 2012), vendas brutas ou valor adicionado para a análise das indústrias (NISTEP, 1995; KAYAL, 2015). O valor adicionado reflete o valor que é adicionado pelas indústrias na produção de bens e serviços. É calculado sem fazer deduções de depreciação ou esgotamento e degradação dos recursos naturais (WORLD BANK, 2015). Ainda, o valor adicionado constitui uma base importante para a análise econômica de crescimento, estrutura e produtividade. Portanto, o indicador pode ser calculado dividindo-se a despesa de P&D em relação ao valor adicionado, o que resulta num indicador de esforço relativo a atividade econômica, conforme está apresentado no Quadro 15. Quadro 15 - Intensidade dos investimentos de P&D em relação ao valor adicionado Indicador IPED Intensidade dos investimentos de P&D em relação ao valor adicionado Dados necessários Despesas em P&D (USD) Valor econômico adicionado (USD) O indicador relativo dos gastos em P&D em relação à escala econômica empresarial permite uma compreensão do grau de comprometimento com as atividades de ciência e tecnologia (NISTEP, 1995). A intensidade de P&D assume uma posição positiva, uma vez

126 126 que acarretará em inovação e maior produtividade na indústria como um todo (CARRARO et al., 2013). (8) Impactos econômicos indiretos As empresas contribuem para as suas comunidades, especialmente para as comunidades locais, fornecendo empregos, salários e benefícios. Ademais, as empresas podem realizar contribuições na forma de infraestrutura, patrocínios e doações (por exemplo, contribuições financeiras para escolas, hospitais, áreas de lazer, centros esportivos, etc.). Trata-se de interesses de longo prazo e melhoria na reputação, o que Esteves (2008) chama de uma estratégia de investimento social como meio de adicionar valor ao negócio e contribuir para sustentabilidade local, conforme mostrado no Quadro 16. Quadro 16 - Investimentos em infraestrutura em comunidades locais Indicador INFR Investimentos em infraestrutura em comunidades locais em relação ao valor adicionado Dados necessários Custos dos investimentos (USD) Valor Econômico Adicionado (USD) O indicador relativo (Quadro 16) dos custos dos investimentos sociais pelo Valor Econômico Adicionado examina o nível de engajamento com a comunidade. É um elemento importante do processo de desenvolvimento sustentável, especialmente em regiões de baixo índice de desenvolvimento e capital produtivo. A participação do setor privado contribui para a melhoria nas condições econômicas e sociais das pessoas. (9) Conformidade com as leis e regulamentos Uma visão estreita da abordagem da conformidade reconhece que as corporações precisam demonstrar que eles cumpram a lei (SCHALTEGGER; BURRITT, 2006). A não conformidade indica sistemas de gestão ou procedimentos inadequados. Além das consequências financeiras diretas (penalidades e multas), a não

127 127 conformidade representa um risco para a reputação da empresa, lealdade da comunidade e satisfação dos clientes (GRI, 2011). A condição de pleno atendimento aos requisitos legais e normativos aplicáveis à organização, seus processos, produtos e serviços. Inclui a existência e validade de licenças e autorizações necessárias, assim como o cumprimento das exigências técnicas nelas estabelecidas. Considera-se a garantia de plena conformidade legal no manuseio, transporte, tratamento e destinação. O indicador de custos por não conformidade com as leis e regulamentos pode ser avaliado em relação às vendas (BUSCH; LIEDTKE; BEUCKER, 2006), às receitas totais (KARATZOGLOU, 2006), ao faturamento anual (ANEEL, 2012) ou à energia gerada (OLIVEIRA et al., 2008; DUZGUN; KOMURGOZ, 2014; MAINALI; SILVEIRA, 2015). Esse trabalho considera os elementos mostrados no Quadro 17. Quadro 17 - Custos por não conformidade em relação à eletricidade produzida Indicador CUSC Custos por não conformidade em relação à eletricidade produzida Dados necessários Total das multas pagas (USD) Eletricidade gerada (MWh) O indicador CUSC tem por objetivo evidenciar o grau de conformidade de uma empresa em relação ao atendimento das leis e regulamentações. O pressuposto é que uma empresa com alto indicador relativo apresenta elevado grau de não conformidade. A conformidade com a lei é uma obrigação fundamental de qualquer organização e parte essencial de sua responsabilidade social (ISO 26000, 2010). Multas e penalidades não constituem uma atividade com potencial para aumentar a eco eficiência, mas sim como efeito punitivo, portanto devem ser evitados ou minimizados. (10) Energia A energia é um insumo fundamental para o desenvolvimento econômico e social de um país. No entanto, quanto maior o consumo de

128 128 energia, maior o stresse colocado sobre o ambiente, tanto no nível local, regional e ultrapassa fronteiras (IAEA, 2005). O consumo de energia tem efeito direto nos custos operacionais e na exposição a flutuações em abastecimento e preços de energia (GRI, 2011). A pegada ambiental da organização é parcialmente moldada por sua escolha de fontes de energia (hídrica, carvão, gás natural, solar, geotérmica, eólica, biomassa, nuclear, entre outras). Mudanças no equilíbrio dessas fontes podem indicar os esforços da organização no sentido de minimizar os seus impactos ambientais. Adotado pela maioria dos organismos governamentais (Banco Mundial, IEA, EPA, IEA, IAEA, Balanço Energético Nacional, IBGE), a intensidade do consumo de energia consiste em converter as diferentes fontes de energia numa mesma base de equivalência térmica, como por exemplo, o Joule (J). O rácio consiste em avaliar o consumo energético em relação ao PIB, o denominador (CARRARO et al., 2013; MA, 2015). Ao nível empresarial, o denominador (produção ou atividade) pode ser o valor adicionado 11, o valor dos bens entregue ou o valor da produção (ANDRADE SILVA; GUERRA, 2009). Dado as variáveis da amostra, é considerado no presente estudo os indicadores mostrados no Quadro 18. Quadro 18 - Intensidade do consumo de energia em relação ao Valor Econômico Adicionado Indicador COEN Intensidade do consumo de energia em relação a eletricidade gerada Dados necessários Consumo de energia interna (GJ) Eletricidade gerada (MWh) A intensidade de energia consumida (Quadro 18) é uma indicação de quanta energia é usada para produzir uma unidade de produto. Este indicador tem como objetivo avaliar a eficiência do uso de energia (CARRARO et al., 2013). Rácio mais baixo indica que menos energia é 11 O valor adicionado é a diferença entre o valor de produção menos os custos (ANDRADE SILVA; GUERRA, 2009).

129 129 usada para produzir uma unidade de produto. Conforme Andrade Silva e Guerra (2009), as empresas que apresentam baixos níveis de intensidade energética são consideradas energeticamente mais eficientes. (11) Água A disponibilidade dos recursos hídricos para atender à demanda humana tem emergido como um problema global, tanto para o ambiente e o desenvolvimento (GASSERT et al., 2014). Toda a sociedade depende da água para a sobrevivência diária, é vital para a indústria, agricultura e na geração de energia (GEO 5, 2014). A geração de eletricidade requer grandes quantidades de água, portanto, exerce substancial pressão sobre os recursos hídricos e dos ecossistemas (LIU et al., 2015). Convém destacar a diferença entre os termos água retirada e água consumida. A água retirada é a quantidade de água captada de superfície ou subterrânea; após o uso, parte da água retorna à sua fonte. Por outro lado, o consumo de água é definido como a perda líquida da água a partir do ambiente, constituído principalmente por evaporação, quer no local (em torres ou lagoas de arrefecimento) ou na proximidade do corpo de água (a partir da evaporação dos reservatórios ou do aumento da temperatura de água) (LIU et al., 2015). Ao nível mundial, o indicador é avaliado em relação ao PIB ou pelo tamanho da população (por exemplo, esses dados que podem ser encontrados nos sites do Banco Mundial, IBGE, UNCSD, entre outros). Ao nível empresarial, a divulgação do consumo de água contribui para a compreensão da magnitude global dos impactos e riscos potenciais associados ao uso de água por parte da organização relatora (GRI, 2011). Esse estudo considera (FENG et al., 2014; KLEIN, WHALLEY, 2015; LIU et al., 2015), conforme mostra o Quadro 19. Quadro 19 - Consumo de água por eletricidade produzida Indicador CAGU Intensidade de consumo de água por eletricidade produzida Dados necessários Total de água consumida (m 3 ) Eletricidade gerada (MWh)

130 130 Trata-se de um indicador de pressão da economia dos recursos de água (UNCSD, 2007). Rácio mais baixo indica que menos água é consumida para produzir uma unidade de produto. (12) Emissões As emissões de gases de efeito estufa são a principal causa de mudança climática e são regulamentadas pela Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCC) e pelo subsequente Protocolo de Kyoto (GRI). Portanto, trata-se de um elemento-chave em relação às preocupações globais (MEDEL- GONZÁLEZ et al., 2013). A intensidade das emissões de gases de efeito estufa mostra a quantidade de emissões emitidas em relação a uma unidade de produção econômica (IAEA, 2005; ROOS et al., 2012), em relação à população (MEDEL-GONZÁLEZ et al., 2013) ou em relação à quantidade do uso ou produção da eletricidade (BEGIC; AFGAN, 2007; OLIVEIRA et al., 2008; FENG et al., 2014). O consumo de combustíveis fósseis é uma das principais fontes de emissões de gases de efeito estufa (GEE) (GRI, 2011; MARTÍNEZ et al., 2012). Conforme Weisser (2007), as emissões de GEE a partir de uma usina de energia dependem do tipo de tecnologia (portanto, escolha do combustível) e sua eficiência térmica. A medição e a demonstração de esforço para reduzir emissões podem indicar liderança no combate à mudança climática e podem fortalecer a reputação da organização. Nesse sentido, o presente estudo considera as emissões de gases de efeito estufa conforme o Quadro 20. Quadro 20 - Emissões de gases de efeito estufa em relação à eletricidade gerada Indicador EGEE Emissões de gases de efeito estufa em relação à eletricidade gerada Dados necessários Emissões de gases de efeito estufa (tco 2e ) Eletricidade gerada (MWh) O indicador relativo EGEE é uma medida da carga que a sociedade impõe sobre o clima e o meio ambiente. Quanto menor a quantidade de emissões por MWh emitido, menor são os efeitos

131 131 provocados no meio ambiente. Destaca-se que as emissões de gases com efeito de estufa são geralmente proporcional ao consumo de energia, mas varia substancialmente dada à fonte de geração de eletricidade (DENHOLM; KULCINSKI, 2004). A energia nuclear e a maioria das tecnologias renováveis têm baixas emissões CO 2, tipicamente entre 10 e 100 toneladas de CO 2e por GWh, enquanto a geração de energia por combustível fóssil produz entre 475 e 1300 toneladas de CO 2e por GWh (GAGNON; BELANGER; UCHIYAMA, 2001). A eficiência térmica (de modo geral) aumenta com fator de carga. Portanto, as emissões de GHG a partir de uma tecnologia de combustível fóssil irão depender do modo da sua operação (por exemplo, gestão da carga de pico, fornecimento de carga da base, produção combinada de calor e fonte de alimentação, entre outros). (13) Resíduos Em adição aos recursos previstos e o rendimento, uma atividade pode produzir componentes que podem ser considerados resíduos em relação à atividade (HAY, 2014). O resíduo, substância sem utilidade para a atividade ou valor comercial para o produtor, poderá ter valor para outra parte, reduzindo a necessidade de extração (SHARMA; BALACHANDRA, 2015). Por exemplo, esta parte residual pode ser recuperada como energia, uma vez que a capacidade de uma atividade continuará a funcionar, ou seja, sua sustentabilidade fundamentalmente depende da disponibilidade dos recursos no sistema. Desde a extração de energia, até a sua utilização final, são gerados diferentes resíduos, por exemplo, resíduos de mineração de carvão, resíduos de processamento de combustíveis e da queima de combustível, etc. Os volumes de resíduos tendem a ser grandes, e a natureza dos resíduos gera riscos à segurança. Se não for devidamente protegido, ele pode ser suscetível ao fogo, deslizamento de terra, lixiviação de metais pesados e outros poluentes na água e no solo. Além disso, grandes volumes de resíduos ocupam espaço considerável, assolam a paisagem e podem prejudicar o habitat da vida selvagem local. Para todos os tipos de resíduos, o armazenamento e a disposição inadequada podem levar à contaminação de corpos d'água e do solo por meio do escoamento superficial e lixiviação. Os resíduos gerados podem ser apresentados em termos absolutos (toneladas), indicando a escala do problema, e em termos de resíduos gerados por unidade de energia

132 132 produzida, o que permite medir os efeitos da redução. O resíduo pode ser encontrado como geração per capita de resíduo sólido. Nesta pesquisa, o objetivo desse indicador é fornecer informações sobre a quantidade de resíduos produzidos anualmente a partir das atividades relacionadas à geração de eletricidade (IAEA, 2005; SHARMA; BALACHANDRA, 2015). É considerado então, o Quadro 21. Quadro 21 - Geração de resíduos sólidos em relação à eletricidade gerada Indicador RESO Geração de resíduos sólidos em relação à eletricidade gerada Dados necessários Quantidade de resíduos sólidos (toneladas) Eletricidade gerada (MWh) O indicador relativo RESO assume a posição de quanto menos, melhor (VOCES et al., 2012). O resíduo é também uma indicação de ineficiência da produção (HYRŠLOVÁ; HÁJEK, 2006). A melhoria pode significar a utilização de menos recursos ou gerar menos resíduos (GÜNTHER; KAULICH, 2006). Destaca-se que a quantidade total de resíduos geralmente acompanham o volume de produção, no entanto, períodos longos de análise devem ser considerados. Kautto e Melanen (2004) encontraram uma indicação da dissociação entre a geração e o crescimento da produção, desde que a quantidade de resíduos aumentou lentamente em relação à produção. Em geral, as estatísticas de resíduos apresentam baixa qualidade, e a quantidade exata de resíduos sólidos da produção pode ser difícil de obter; muitas vezes os dados disponíveis são dispersos e consistem em estimativas (IAEA, 2005). (14) Acidentes Ambientais O derramamento de substâncias químicas, óleos e combustíveis podem ter impactos negativos significativos no entorno, potencialmente afetando o solo, a água, o ar, a biodiversidade e a saúde humana. O esforço sistemático para evitar derramamentos de materiais perigosos está diretamente vinculado ao cumprimento da legislação por parte da organização, seus riscos financeiros devido a perdas de matérias primas,

133 133 custos de remediação e o risco de medidas regulatórias, assim como danos à reputação (GRI, 2011). O indicador pode ser avaliado em termos de estimativa do custo total da limpeza por derramamento (valor monetário), em relação ao PIB (ISMAIL et al., 2013) ou unidade de produção (KRAJNC; GLAVIC, 2005). O presente trabalho considera os indicadores do Quadro 22. Quadro 22 - Derramamentos em relação a eletricidade gerada Indicador DERR Quantidade de derramamentos em relação à eletricidade gerada Dados necessários Volume de derramamentos (litros) Eletricidade gerada (MWh) O indicador DERR representa um sinal de alarme em relação a degradação ambiental. Esse indicador também serve como uma medida indireta para avaliar a capacidade de monitoramento de uma organização (GRI, 2011). As reduções (frequência) dos acidentes e as extensões podem ser obtidas por meio de rigorosos padrões de segurança, soluções técnicas e treinamento de pessoal, entre outras medidas (BURGHERR, 2007). O uso de equipamentos tecnologicamente avançados por si só não é suficiente para eliminar as possibilidades de acidentes, mas sim como a tecnologia interage entre os fatores humanos, operacionais e organizacionais (MENDES et al., 2014). Destaca-se que muitos dos indicadores podem ser aplicados em outros setores, uma vez que a toda a produção de bens e serviços requer recursos, e consequentemente, gera impactos sobre o sistema Terra como um todo. Uma vez que os indicadores relativos foram identificados, a próxima etapa é a análise da sustentabilidade por meio do modelo DDF. 4.3 ETAPA 3 - SELEÇÃO DO MODELO A avaliação da sustentabilidade tem por objetivo a descrição e análise dos indicadores relacionados às atividades de um determinando sistema (a presente tese considera o sistema de geração de eletricidade)

134 134 e, por conseguinte, tem o potencial de gerar uma ação humana para com a sustentabilidade, isto é, identificar o potencial de melhorias. O modelo conceitual proposto para esse estudo considera três dimensões: ambiental, econômica e social. Os indicadores usados na avaliação da sustentabilidade apresentados de forma ampla na Seção são descritos a seguir de forma resumida. Os cinco indicadores do tipo mais é melhor são modelados como desejáveis (Quadro 23) e os nove indicadores do tipo menos é melhor são modelados como indesejáveis (Quadro 24). Quadro 23 - Indicadores desejáveis do modelo Indicadores Descrição TREI Média de horas de treinamento por ano COLE Percentual de empregados abrangidos por negociação coletiva Proporção do salário base das mulheres responsáveis pela IREM gerência em relação ao salário dos homens que ocupam o mesmo cargo INFR Investimentos em infraestrutura em comunidades locais em relação ao valor adicionado IPED Intensidade dos investimentos em P&D em relação ao valor adicionado Quadro 24 - Indicadores indesejáveis do modelo Indicadores TURN LESO IOPO CUSC COEN COAG EGEE RESO DERR Descrição Taxa de rotatividade da organização no período coberto Taxa de lesões para a força de trabalho total Percentual de homens responsáveis pela gerência em relação ao número de mulheres que ocupam o mesmo cargo Custos por não conformidade em relação à eletricidade gerada Consumo de energia por eletricidade gerada Intensidade de consumo de água por eletricidade gerada Emissões de gases de efeito estufa em relação à eletricidade gerada Geração de resíduos sólidos em relação à eletricidade gerada Quantidade de derramamentos ambientais em relação à eletricidade produzida

135 135 Apresentado o conjunto de 14 indicadores de sustentabilidade, a seguir será definido o modelo DEA que deverá permitir: (i) Agregar os indicadores numa medida global, chamado de indicador global de sustentabilidade ou IGS; (ii) Maximizar os indicadores desejáveis enquanto minimiza os indicadores indesejáveis, simultaneamente; (iii) Calcular o escore de eficiência para as empresas no que diz respeito aos dois tipos de indicadores os bons e ruins; (iv) Avaliar o desempenho das empresas em cada dimensão da sustentabilidade. Para a avaliação da sustentabilidade, foi utilizado um modelo de DEA especificado como uma Função de Distância Direcional (DDF), baseada no modelo desenvolvido por Chung, Färe e Grosskopf (1997), que permite melhorar simultaneamente os inputs e os outputs (desejáveis e indesejáveis) de acordo com um vetor de direção. O modelo proposto por Chung, Färe e Grosskopf (1997) é apresentado na Equação 2. D t Sujeito a n j 1 n j 1 n j 1 j ( y, b; g) max y. y 0. g rj r=1,...,s j rj xij. j xij0. g yrjo i=1,...,m bkj. j bkj0. g 0 xrjo k=1,...,l brjo j = 1,..., n (2) Na formulação (2), x ij (i = 1,..., m) correspondem aos inputs da DMUj (j = 1,..., n), b kj (k = 1,..., l) são os outputs indesejáveis para a DMU j (j = 1,..., n) e y rj (r = 1,..., s) são os outputs desejáveis. O parâmetro são as variáveis de intensidade. Os componentes dos j vetores g = (g y, -g x, - g b ) indicam a direção de mudança para cada variável. Valores positivos para os componentes estão associados com a expansão e os valores negativos estão associados com contrações dos

136 136 níveis originais das variáveis. O fator β indica a proporção da ineficiência da DMU, no qual, corresponde à expansão máxima possível dos outputs desejáveis e a contração dos inputs e outputs indesejáveis, de forma simultânea. Valores iguais à zero para β indicam que a DMU é eficiente. A partir da execução da equação 2, é possível determinar os pares (benchmarks) das DMUs ineficientes e as metas que devem ser atingidas para que as DMUs ineficientes se tornem eficientes. Os pares para a DMU j 0 são as DMUs com os valores de maiores que zero na solução da equação (2). Já as metas para os indicadores desejáveis e * * indesejáveis são dadas por e, respectivamente. O modelo de Chung, Färe e Grosskopf (1997) assume que os outputs indesejáveis são produzidos em conjunto com os outputs desejáveis, e por isso só podem ser reduzidos com custo (axioma do descarte fraco explicado na Seção e representado na equação (2) pela igualdade da restrição associada aos outputs indesejáveis). Zanella, Camanho e Dias (2015) adaptaram o modelo de Chung, Färe e Grosskopf (1997) para o contexto da avaliação de desempenho utilizando indicadores (medidas expressas como rácios). No contexto da agregação dos indicadores, a ideia do processo de produção, que converte inputs em outputs não é necessária. O objetivo do modelo é agregar indicadores individuais de sustentabilidade em uma medida global de sustentabilidade, conservando as vantagens de um modelo baseado na técnica de DEA, por exemplo, a capacidade de lidar com indicadores em sua escala de medida original e a capacidade de atribuir pesos aos indicadores de forma endógena, evitando assim a subjetividade na seleção dos pesos. O modelo de indicadores agregado proposto por Zanella, Camanho e Dias (2015) é mostrado na equação (3). D(y, b; g) = (3) Sujeito a n j 1 n rj j max y y b j b kj j 1 kjo rjo g g n j 1 bkjo yrjo, y j rj n j 1 * j b j kj r = 1,..., s k = 1,..., l

137 137 n j 1 j 1 j 0 j = 1,..., n O resultado do índice global (β) corresponde à ineficiência de uma dada empresa. Quanto maior o valor de β, maior será o potencial de melhoria. Portanto, para as empresas ineficientes são avaliadas as possibilidades de melhoria. Tal como no modelo de Chung, Färe e Grosskopf (1997), a equação (3) também permite identificar para cada DMU classificada como ineficiente as unidades que apresentam as melhores práticas em termos de sustentabilidade. Na equação (3), y rj representam os outputs desejáveis que devem ser expandidos e b kj representam os outputs indesejáveis que devem ser reduzidos. Este modelo considera que os outputs indesejáveis não são produzidos em conjunto com os outputs desejáveis, tal como tinha sido feito no modelo de Chung, Färe e Grosskopf (1997). Por isso, a restrição de igualdade foi substituída por na restrição dos outputs indesejáveis. Ainda, a restrição relacionada aos inputs, mostrada no modelo de Chung, Färe e Grosskopf (1997), transformou-se em λ 1. Isso ocorreu porque o modelo de indicadores agregados não possui inputs (somente indicadores bons que devem ser aumentados e indicadores ruins que devem ser reduzidos). A equação (3) assume retornos constantes de escala uma vez que os indicadores de sustentabilidade são avaliados como rácios. Conforme Hollingsworth e Smith (2003), a utilização de rácios conduz a uma perda de informações sobre o tamanho da DMU e implicitamente assume retornos constates de escala das unidades em análise. A equação (3) permite a avaliação do desempenho da sustentabilidade por meio da total flexibilidade dos pesos. Assim, cada DMU em avaliação escolherá a combinação de pesos que lhe permita atingir o melhor escore de eficiência. Conforme Sarkis (2007), na tentativa de ser uma DMU eficiente, é possível atribuir todos os seus pesos para uma única variável, desconsiderando as demais da amostra isto é, atribuindo peso zero. Numa primeira fase da análise conduzida nesta tese, as empresas foram avaliadas usando a equação (3), ou seja, permitindo total flexibilidade para as empresas selecionarem os pesos. Como resultado da avaliação conduzida nessa primeira fase, foi possível identificar as

138 138 empresas que não conseguiram atingir um bom desempenho mesmo quando os pesos foram definidos de forma a maximizar o seu escore de desempenho. Isso fornece evidências contundentes de que outras empresas estão tendo um melhor desempenho. O vetor direcional g mostrado a equação (3), foi especificado como sendo g = (g y, -g b ) = (y rj0, -b kj0 ), ou seja, é dado pelo próprio valor das DMUs nos indicadores. Esse vetor exige que todos os indicadores desejáveis (y) e indesejáveis (b) sejam melhorados de forma proporcional. O sinal associado aos componentes do vetor (positivo para y e negativo para b) indica que os outputs bons devem ser expandidos e os outputs ruins devem ser contraídos. Por um lado, a flexibilidade na escolha de pesos é um ponto forte, pois permite verificar as empresas ineficientes mesmo quando atribuem maiores pesos para os indicadores que lhes são favoráveis ou da forma que lhe for mais conveniente. Por outro lado, trata-se de uma fraqueza, uma vez que alguns indicadores são desconsiderados da análise por serem atribuídos pesos muito baixos ou mesmo zero, isto é, esses indicadores são ignorados na avaliação de desempenho (ZANELLA; CAMANHO; DIAS, 2015). Na segunda fase de análise, foram impostas restrições aos pesos na equação (3) de modo a garantir que todos os indicadores e dimensões de sustentabilidade estarão representados na avaliação conduzida. Além disso, a imposição de restrições de peso ao modelo DEA também ajuda na discriminação entre os escores de desempenho das DMUs, prevenindo que um grande número de DMUs atinja o nível máximo de desempenho. As restrições foram impostas na formulação dual da equação (3), mostrada em (4). A equação (4), conhecido como modelo dos multiplicadores, facilita a incorporação das restrições de peso no modelo. min Sujeito a s y u rjo r r 1 k 1 s l gyrj0ur gbkjo pk 1 r 1 k 1 s l yrj u r r 1 k 1 b kj l p k b kjo p k v v 0 j = 1,..., n (4)

139 139 u r 0 p k 0 r = 1,..., s k = 1,..., l As restrições de peso mostradas em (5) foram propostas por Zanella, Camanho e Dias (2015). Elas garantem que todos os indicadores contribuam para a medida de desempenho global e demonstram a sua importância em termos percentuais. s u u y ro y ro l r 1 r r k 1 p k b k ro r 0 = 1,..., s (5) s u y p ko b ko r 1 r r k 1 l p k b k ko k 0 = 1,...l As restrições (5) são baseadas em uma DMU artificial, cujos indicadores são iguais ao valor médio de cada indicador na amostra. Para a DMU artificial, o peso virtual do indicador desejável ( u y ro ro ) (ou o indicador indesejável ( p ko bko )) dividido pelo peso virtual de todos os indicadores deve ser, pelo menos, um determinado valor percentual dado por ou. ro ko Neste estudo, atribuiu-se o peso mínimo de 3% (ω = 0,03) para cada indicador, garantindo que todos os indicadores irão ser considerados na avaliação da sustentabilidade global. Deste modo, foi possível garantir que as empresas que são ruins em determinados indicadores serão penalizadas e terão que incluir na avaliação, com esse peso mínimo de 3%, também os indicadores que são ruins. Em relação à escolha do peso mínimo, fez-se uma análise de sensibilidade. Inicialmente, testou-se o valor de 1%, o qual não resultou em muita discriminação, uma vez que o número de empresas eficientes e não eficientes não foi alterado. Procedeu-se com o valor mínimo de 2%, mas os resultados evoluíram de forma tímida. Por fim, o peso mínimo de 3% apresentou uma melhor discriminação. Também são atribuídos restrições aos pesos para as dimensões (apresentada na equação 6). Dado que literatura considera igual nível de

140 140 importância para todas as dimensões da sustentabilidade, é considerado o peso de 0,3333 (um terço) para cada dimensão ambiental, econômica e social. Essa restrição assegura que os pesos são homogeneamente distribuídos entre as três dimensões. r D s u u r = 1 r r y y r r p b t D t l pt bt t 1 A imposição de restrições aos pesos acarreta mudanças na fronteira de eficiência, e por consequência, pode tornar ineficientes as DMUs que antes eram avaliadas eficientes pelo modelo sem restrição aos pesos. A proporção do peso total está associada a cada dimensão da sustentabilidade e para cada indicador, garantindo que todos os indicadores contribuam para a medida de desempenho global e demonstram a sua importância. A terceira etapa do trabalho teve por objetivo avaliar o potencial de melhoria específico para cada dimensão da sustentabilidade. Isto é: (i) Avaliar o potencial de melhoria da dimensão social, mantendo as dimensões ambientais e econômicas fixas; (ii) Avaliar o potencial de melhoria da dimensão econômica, mantendo as dimensões ambiental e social fixas; (iii) Avaliar o potencial de melhoria da dimensão ambiental, mantendo as dimensões social e econômica fixas. Para isso, o vetor direcional g da equação (3) será especificado de modo a avaliar a proporção pela qual todos os indicadores de uma dimensão poderão ser melhorados, mantendo ao mesmo tempo todos os indicadores das outras duas dimensões fixas. Em termos operacionais, o vetor direcional assumirá posições somente nos indicadores das dimensões em avaliação, e nos demais indicadores assumirá valor igual à zero. Portanto, esta avaliação permite identificar, para as empresas que não atingiram o desempenho máximo na avaliação da sustentabilidade, qual dimensão está comprometendo a sustentabilidade de maneira mais significativa. Em suma, a avaliação da sustentabilidade será realizada em três fases, utilizando o modelo DDF proposto em Zanella, Camanho e Dias (2015) (mostrado em 3), ou com o uso do seu dual em (4). A seguir, na Figura 14, é apresentado um resumo da avaliação conduzida em cada uma das três fases apresentadas acima. t (6)

141 141 Figura 14 - Fases da aplicação do modelo DDF FASE 1 Resultados esperados Avaliação da sustentabilidade das empresas utilizando o modelo DDF livre de restrições de pesos nos indicadores Permitirá identificar as empresas que apresentam baixo desempenho mesmo quando os pesos dos indicadores são definidos para maximizar o seu escore de desempenho FASE 2 Resultados esperados Avaliação da sustentabilidade das empresas incorporando ao modelo DDF restrições aos pesos dos indicadores e dimensões da sustentabilidade Tem como objetivo garantir que todas as dimensões e indicadores farão parte da avaliação de desempenho, penalizando as empresas que tem valores muito ruins em alguns indicadores e haviam alocado um peso muito baixo (ou igual à zero) para estes indicadores na avaliação conduzida na Fase 1 FASE 3 Resultados esperados Avaliação da sustentabilidade das empresas nas diferentes dimensões O modelo de DDF irá identificar o potencial de melhoria de cada dimensão separadamente. Ainda, para as empresas ineficientes, será possível identificar qual dimensão está comprometendo o desempenho de forma mais significativa. Por fim, outras análises estatísticas foram usadas para fins exploratórios, o que inclui a estatística descritiva, a análise de agrupamentos e análise de correlação (BARBETTA; REIS; BORNIA, 2010), conforme explanado a seguir:

142 142 A estatística descritiva permite organizar e resumir os dados, identificar característica dos processos e apresenta-los de forma adequada; A análise de agrupamentos de Ward busca a criação de agrupamentos a partir da minimização da variância interna do agrupamento (BLASHFIELD, 1976), e permite a identificação de grupos de empresas com perfil similar; A análise de correlação para estudar a associação entre o indicador global de sustentabilidade e os escores de cada dimensão. É importante ressaltar que o conceito de correlação refere-se a uma associação entre duas variáveis, não implicando necessariamente, relação de causa e efeito. 4.4 CONSIDERAÇÕES FINAIS Muitas das atividades humanas têm efeito sobre o meio ambiente e a sociedade, e como já apresentado, a geração de eletricidade não é exceção (BREEZE, 2014). Atualmente, a geração de eletricidade se tornou uma necessidade, passando a ser um recurso indispensável e estratégico para o desenvolvimento socioeconômico de muitos países e regiões. Os avanços tecnológicos na geração, transmissão e uso final de energia elétrica permitem que ela chegue aos lugares mais isolados do planeta, transformando regiões despovoadas ou pouco desenvolvidas em polos industriais e grandes centros urbanos. Os impactos dessas transformações socioeconômicas e ambientais podem ser observados, e alguns desses efeitos são mais preocupantes que outros. Por exemplo, a poluição atmosférica resultante da combustão de carvão, óleo e gás tem efeitos claros e devem ser minimizados. Porém, toda a forma de geração de eletricidade tem suas forças e fraquezas. Um dos principais incentivos para a abordagem de sistemas é a possibilidade de vincular os elementos do TBL com a Análise Envoltória de Dados especificada como uma Função de Distância Direcional - DDF. Foram construídos os indicadores relativos de sustentabilidade, mas estes apenas fornecem as informações base sobre as ações empresariais. Assim, por meio do modelo DEA especificado com DDF é que ocorre a integração dos indicadores e das dimensões de sustentabilidade. Por sua vez, os resultados identificarão os indicadores e as dimensões que contribuem para a medida de desempenho global da

143 143 sustentabilidade ou destacar o potencial de melhoria específico para cada dimensão e indicador de sustentabilidade. A proposta de avaliação da sustentabilidade também contribui para o setor elétrico brasileiro por meio da avaliação de desempenho e a difusão das melhores práticas nas usinas hidrelétricas. Além disso, a comparação do desempenho entre as companhias podem sugerir alternativas para melhorar os indicadores de consumo de recursos (por exemplo, água e energia), de emissões de gases de efeito estufa, de geração de resíduos sólidos, garantindo adequada prestação de serviços com tarifas baixas.

144 144

145 145 5 RESULTADOS Nesta seção são apresentados os resultados alcançados durante a pesquisa. Primeiramente, foi realizada uma análise exploratória para a análise dos dados e informações a cerca das empresas que compõe a amostra. Em seguida, a seção 5.2 apresenta os resultados obtidos a partir das formulações do modelo DEA. 5.1 ANÁLISE EXPLORATÓRIA E CARACTERÍSTICAS DOS DADOS A presente pesquisa faz uso de um conjunto de dados para 29 companhias que operam em oito países. Inicialmente, a Tabela 2 apresenta o comportamento das empresas em relação à divulgação dos relatórios de sustentabilidade, no ano de Tabela 2 - Número de páginas dos relatórios GRI para a amostra País Companhias Nº de páginas País Companhias Nºde páginas BR U1-AES Tietê 81 BR U16-ReNova energia 93 BR U2-Baesa 60 BR U17-Tractebel 211 BR U3-CEEE-GT 130 CA U18-Hydro Quebec 48 BR U4-Celesc 122 CA U19-TransAlta 52 BR U5-Cemig 161 IN U20-Tata Power 207 BR U6-Cesp 124 IND U21-Indonesia Power 146 BR U7-Chesf 107 IND U22-PT PLN 176 BR U8-Copel 98 IT U23-A2A SPA 220 BR U9-CPFL 148 KO U24-Korea East west 73 BR U10-Duke Energy 84 KO U25-Kospo 85 BR U11-EDP Energias 150 RU U26-Rosenergoatom 134 BR U12-Eletronorte 112 USA U27 Exelon 95 BR U13-Eletrosul 332 USA U28-American Electric Power BR U14-Furnas 152 USA U29-Entergy 58 BR U15-Light energia 173 Média de páginas: 129; e σ: 61,33 113

146 146 Percebe-se uma grande variedade acerca da extensão dos relatórios GRI para a amostra estudada. Com efeito, o relatório mais longo apresentou 332 páginas e o mais curto contém 48 páginas. Apesar dos valores extremos, em média, as empresas utilizam 129 páginas para divulgar os seus indicadores de sustentabilidade de acordo com as diretrizes GRI. A Tabela 3 apresenta o resumo dos 14 indicadores selecionados a partir dos relatórios da GRI, divididos nas categorias ambientais, econômicas e sociais. Destaca-se que os relatórios foram analisados manualmente para identificar os indicadores de sustentabilidade de acordo com o solicitado pelas diretrizes da GRI. Os indicadores estão apresentados no Apêndice D. Tabela 3 - Resumo estatístico para os indicadores da amostra Indicadores Média Mediana S C.V Máximo Mínimo Social TREI 55, ,47 0, TURN 5,2610 4,78 4,45 0,85 22,07 0,15 COLE 0, ,25 0,27 1 0,29 LESO 2,1507 1,6 2,07 0,96 8,9 0 IOPO 0,8562 0,86 0,067 0,08 1 0,69 IREM 0,9493 0,92 0,16 0,17 1,56 0,72 Econômico IPD 4,2972 0, ,90 2,77 54,80 0,0009 INFR 2,2679 0,4625 3,41 1,50 10,67 0 CUSC 0,0701 0, ,16 2,28 0,69 0 Ambiental COEN 2,2617 0,0670 4,93 2,18 21,47 0, CAGU 0,1033 0,0437 0,165 1,60 0,85 0, EGEE 0,3268 0,1094 0,45 1,38 1,57 2,12E-05 RESO 0,0402 0, ,13 3,23 0,71 2,01E-06 DERR 0, ,0045 4,55 0,024 0 Apresenta-se a média como uma medida de tendência central para a amostra. Dado que a média é influenciada por valores extremos, essa medida pode estar muito deslocada em direção aos indicadores com os valores mais baixos ou valores mais altos. Por isso, apresenta-se também a mediana, que apresenta o ponto central que divide o conjunto de valores em duas partes proporcionais, e por isto, não é influenciada

147 147 por valores extremos. Nota-se que as maiores discrepâncias entre e a média e mediana estão nos indicadores econômicos e ambientais. Como medidas de variabilidade, são apresentados os valores máximos e mínimos, desvio padrão (s) e coeficiente de variação (C.V.). Destacam-se as medidas de máximo e mínimo para os indicadores TREI, TURN, LESO, IPD, INFR e COEN, que apresentam as maiores diferenças em termos absolutos. O desvio-padrão, por sua vez, representa o desvio típico dos dados em relação à média. Para o indicador COEN, por exemplo, tem-se que o desvio padrão é 4,93. Quanto maior o desvio-padrão, mais diferentes entre si são as quantidades de consumo de energia de cada empresa. Para poder comparar a variabilidade da amostra em termos relativos, apresenta-se o coeficiente de variação (dado por: desvio padrão dividido pela média). Pode-se observar que as maiores variabilidades estão nos indicadores econômicos e ambientais. A Figura 15 apresenta a análise de agrupamentos para as empresas da amostra de acordo com a similaridade de seus indicadores. Na análise de agrupamento, as empresas são classificadas em grupos relativamente homogêneos. O eixo horizontal representa a amostra e, no eixo vertical os pontos de similaridade. O dendograma mostra a formação de dois grandes agrupamentos (grupo 1 e grupo 2), no qual as separações entre os mesmos apresentam grandes distâncias (o que se traduz em barras de junção de classes relativamente compridas). O agrupamento 2 é formado por empresas de diversos países (três Americanas, uma Canadense, duas Coreanas, duas Brasileiras, uma Indiana e uma Russa), com predominância de energia não renovável. O agrupamento 1 é formado por 19 empresas, com predominância de energia renovável. A maior diferença entre os dois grandes grupos se deve ao tipo de geração de eletricidade (energia renovável e não renovável).

148 148 Figura 15 - Dendograma (método de Ward) A Tabela 4 apresenta os valores das medidas descritivas para cada agrupamento. Para verificar se há diferenças significativas entre as medidas apresentadas pelos diferentes grupos, realizou-se o teste Mann- Whitney. O teste Mann-Whitney é adequado para verificar se duas amostras independentes foram retiradas de populações com a mesma média. Conforme teste de Mann-Whitney, há evidências para acreditar que valores do grupo 1 são melhores aos valores do grupo 2. É possível identificar padrões de comportamento que apresentaram uma maior diferença entre os indicadores: (i) TREI e TURN pertencentes à dimensão social; e, (ii) COEN e EGEE pertencentes à dimensão ambiental. São essas as variáveis mais significativas para a divisão dos dois grupos, sendo que seus valores podem ser tanto quanto mais, melhor (no caso do indicador TREI) e quanto menos, melhor (no caso

149 149 dos indicadores TURN, COEN e EGEE) para ser caracterizado mais sustentável. Tabela 4 - Análise descritiva dos indicadores entre os grupos identificados e teste de mediana de Mann-Whitney Média Mediana Min Max Teste Mann Whitney G 1 G 2 G 1 G 2 G 1 G 2 G1 G 2 n=19 n=10 n=19 n=10 n=19 n=10 n=19 n=10 P valor TREI 41,36 83,6 36,0 88,5 7,00 10,0 84,0 134, 0,005 ** TURN 5,60 4,60 4,78 4,50 0,64 0,15 22,1 10,8 0,001 ** COLE 0,97 0,64 1,00 0,60 0,84 0,29 1,00 1,00 0,854 LESO 2,36 1,74 2,38 1,07 0,00 0,19 8,90 5,14 0,598 IOPO 0,85 0,85 0,86 0,87 0,78 0,69 1,00 0,97 0,890 IREM 0,94 0,94 0,89 1,00 0,72 0,80 1,56 1,05 0,384 IPED 6,30 0,48 0,46 0,15 0,00 0,00 54,8 2,39 0,119 INFR 2,00 2,77 0,44 0,63 0,00 0,00 10,6 10,7 0,927 CUSC 0,10 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,69 0,06 0,665 COEN 0,47 5,65 0,02 1,88 0,00 0,05 5,27 21,4 0,002 ** COAG 0,06 0,17 0,04 0,08 0,00 0,00 0,17 0,85 0,313 EGEE 0,08 0,78 0,02 0,69 0,00 0,06 0,51 1,57 0,000 ** RESO 0,00 0,10 0,00 0,01 0,00 0,00 0,07 0,71 0,195 DERR 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,02 0,00 0,769 *Estatisticamente significativo a 5%; Estatisticamente **significativo a 1% Entretanto, cada grupo se destaca em uma dimensão distinta. Enquanto o Grupo 2 se destacou na dimensão social com os indicadores média de horas de treinamento dos colaboradores (TREI) e menor turnover (TURN), o Grupo 1 teve um melhor desempenho com os indicadores ambientais, destacando o menor consumo de energia (COEN) e menor emissão de gases de efeito estufa (EGEE). A partir das estatísticas descritivas pode-se dizer que o conjunto de dados abrange diferentes perfis de geração de eletricidade, uma vez que compreendem diferentes quantidades para cada variável. A Figura 16 apresenta o perfil de geração de eletricidade para a amostra de empresas no presente estudo, no qual é composto por um mix de energias. Destaca-se a predominância de hidroeletricidade (58,7%), seguido da geração por óleo (19,8%), nuclear (7,07%), carvão (4,15%), eólica (3,8) e solar (3,1%).

150 150 As empresas brasileiras (AES-Tiete - U1 até Tractebel energia - U17) e a canadense Hydro Quebec (U18) apresentam uma matriz de geração elétrica de origem predominantemente renovável. Essa característica é diferente do restante da amostra, que são, em sua maioria, usinas térmicas que atuam na Índia, Indonésia, Itália, Coréia e Estados Unidos. Outra característica que diferencia as empresas está na quantidade de geração de eletricidade. Cinco empresas - American Electric Power (U28), Hydro Quebec (U18), Exelon (U27), Rosenergoatom (U26), PT PLN (U22) que lideram na geração de eletricidade são movidas, predominantemente, por energia térmica, com exceção da U18. No outro extremo da classificação estão as cinco empresas - Eletrosul (U13), Celesc (U4), ReNova energia (U16), CEEE-GT (U3), Baesa (U2) que geraram, em 2012, a menor quantidade de eletricidade, com predominância da energia renovável. Todas as empresas atuam no mercado brasileiro. Destacam-se a Eletrosul e ReNova energia, respectivamente com 17% e 61% da geração de eletricidade por energia eólica.

151 Figura 16 - Perfil de geração de eletricidade para amostra de empresas 151 Legenda: HID: hidroeletricidade; LNG: gás liquefeito de petróleo; OLE: óleo; CAR: carvão; GAN: gás natural; SOL: Solar; EOL: Eólica; BIO: biomassa; GEO: Geotérmica; NUC: Nuclear.

152 APLICAÇÃO DA ANÁLISE ENVOLTÓRIA DE DADOS COM A ABORDAGEM DA FUNÇÃO DE DISTÂNCIA DIRECIONAL Modelo livre de restrições Inicialmente, a avaliação de desempenho da sustentabilidade para as empresas de geração de eletricidade se deu por meio da total flexibilidade dos pesos. Considerando a amostra de 29 empresas, 28 empresas possuem a melhor pontuação de eficiência (igual a 0) e apenas a American Electric Power (U28) foi considerada ineficiente (com escore igual a ), isto é, apresenta baixo desempenho. Os resultados estão apresentados no Apêndice E. Portanto, para a U28 que não atingiu a pontuação máxima mesmo quando é utilizado o conjunto de pesos que maximize o seu desempenho, não há contestação que as outras empresas apresentam melhores resultados. Essa DMU desempenha as suas atividades nos Estados Unidos e apresenta 73% da sua eletricidade movida por carvão. Em relação aos indicadores de sustentabilidade ambiental, a empresa apresenta o maior nível de emissão de gases de efeito estufa e o segundo maior nível de geração de resíduos sólidos, perdendo posição apenas para Korea East West (U24). Uma característica dos modelos DEA é a escolha dos pesos atribuídos aos inputs e respectivos outputs, baseado nos próprios dados do conjunto de empresas em análise, conforme apresentado nesta seção. Esta análise é importante pois permite verificar as empresas ineficientes mesmo quando as empresas atribuem maiores pesos para os indicadores que lhes são favoráveis. Por sua vez, alguns indicadores são desconsiderados da análise por serem atribuídos pesos muito baixos ou mesmo zero. Esse problema pode ser minimizado quando se trabalha com uma grande quantidade de empresas em relação ao número de variáveis. Dado que a presente pesquisa considera 29 empresas e 14 variáveis, o sistema de pesos parece ser uma escolha justa para não colocar algumas empresas em desvantagem. A seguir, serão apresentados os resultados para o modelo DEA com a imposição de restrições aos pesos das dimensões e dos indicadores. De acordo com a análise de sensibilidade (Seção 4.3), foram atribuídos pesos mínimos para os indicadores e para as dimensões, conforme apresentado a seguir.

153 Indicador global da sustentabilidade (IGS) A segunda fase da aplicação do modelo DEA teve por objetivo a formação de um indicador de desempenho global de sustentabilidade (IGS). Foram impostas restrições aos pesos dos indicadores e das dimensões para garantir que todos os indicadores contribuirão com um peso mínimo de 3% para o indicador global e que as três dimensões de sustentabilidade estarão apresentadas de forma equitativa no indicador global, ou seja, cada uma das três dimensões (ambiental, econômico e social) deverá pesar 33,333% (1/3). Neste novo cenário, apenas seis empresas foram classificadas como eficientes. Os resultados completos estão apresentados no Apêndice F, na coluna intitulada cenário IGS. A partir da observação dos resultados deste novo cenário de avaliação, percebe-se uma maior discriminação entre os escores de desempenho apresentados pelas empresas. Os escores variam de zero (melhor desempenho) a 0,755 (o pior desempenho, portanto, com amplo potencial de melhoria), e média de 0,281. Já a média do escore de desempenho aumenta para 0,355 quando são consideradas no cálculo somente as empresas ineficientes. Isso sugere que, em média, as empresas podem melhorar em cerca de 30% os indicadores. As seis empresas eficientes estão destacadas na Tabela 5. Tabela 5 - Empresas com alto escore de desempenho em sustentabilidade Empresas eficientes Local de operação Geração de eletricidade MWh Ranking* U14 Furnas Brasil U6 CESP Brasil U7 CHESF Brasil U18 - Hydro Quebec Canadá U27 Exelon USA U26 - Rosenergoatom Rússia Ranking* se refere à posição das empresas em relação à quantidade de geração de eletricidade na amostra. Estas empresas apresentam as seguintes características: (i) apresentam boas posições no ranking de geração de eletricidade em

154 154 relação às demais; (ii) o perfil de geração por hidroeletricidade e nuclear; (iii) quatro são os locais de operação Brasil, Canadá, USA e Rússia; e, (iv) as empresas Furnas, Cesp, Chesf e Hydro Quebec pertecem ao Grupo 1 na análise de agrupamentos, enquanto as empresas Exelon e Ronsergoatom pertencem ao Grupo 2. A análise dos pesos atribuídos pelas empresas ajudam a identificar suas potencialidades e fraquezas com relação as demais empresas. Portanto, os resultados acerca da relevância dos indicadores para determinar o melhor desempenho para as empresas mostram que as unidades com alto escore de desempenho possuem em comum a relevância para com os seguintes indicadores: (i) COAG ou consumo de água (U6, U7, U14, U18, U27); (ii) CUSC ou conformidade com leis e regulamentos (U6, U7, U26) e; (iii) TURN ou taxa de rotatividade (U7, U14, U18), conforme pode ser visto na Figura 17. Nesta figura são mostrados os indicadores nos quais as empresas atribuiram a maior parcela de pesos. Para os demais indicadores que não são apresentados na figura, as empresas atribuíram o peso mínimo permitido (3%). Figura 17 - Maiores pesos atribuídos aos indicadores pelas empresas com alto escore de desempenho

155 155 A empresa Exelon (U27) se destaca por apresentar o melhor indicador em relação aos investimentos em infraestrutura que beneficiem as comunidades locais. Em seu relatório de sustentabilidade, a empresa destaca o pagamento de impostos federais e ao estado, e chama a atenção para a distribuição de 95% das suas receitas líquidas que retornam para a economia estadunidense. Com o objetivo de desenvolvimento econômico local vem expandindo as suas operações que resultarão em mais de 900 novos postos de trabalho ao longo dos próximos anos. Por fim, a empresa oferece programas de assistência de energia aos clientes de baixa renda. A Rosenergoatom (U26) se destaca com relação às demais empresas por apresentar um melhor desempenho em relação à geração de resíduos sólidos. No relatório de sustentabilidade de 2012, a empresa destaca que a geração de eletricidade por fonte nuclear ocorre por meio de procedimentos legalmente regulamentados pela Federação Russa, pois um dos maiores problemas das usinas nucleares é a eliminação dos resíduos radioativos. Dada a preocupação com a segurança ambiental e do seu entorno, o manuseio dos resíduos radioativos se dá, em primeira instância, com a redução do resíduo criado. Após, ocorre a conversão para um estado condicionado que é seguro para o armazenamento temporário na central nuclear. Em 2012, as centrais nucleares armazenaram 3.563m 3 de resíduos radioativos sólidos (2,4% menos quando comparado à 2011) e produziu m 3 de resíduos líquidos radioativos (2% menos quando comparado à 2011). O setor nuclear russo apresenta-se num processo de transição para o ciclo de combustível fechado e novos reatores a nêutrons rápidos, que permite assegurar uma utilização mais eficiente do urânio, oferecendo uma solução para os problemas ambientais. Em comum, as empresas U26 e U27 apresentam o indicador de treinamento de pessoal. Conforme destacado no relatório da Rosenergoatom, o treinamento de pessoal e a formação avançada são fatores-chave para garantir a operação segura e eficiente de usinas nucleares. O mesmo é encontrado na Exelon, a qual realiza treinamentos para manter e melhorar o desempenho da força de trabalho altamente qualificada, e incluíram: mais de 72 mil sessões de treinamento individuais por meio de 12 programas credenciados; mais de exames escritos; mais de 55 mil avaliações de desempenho conduzidas em laboratórios, simuladores ou em campo; em torno de formações em sala e treinamentos baseado em desempenho.

156 156 Já a empresa brasileira Furnas (U14) apresenta elevados investimentos em pesquisa e desenvolvimento. A empresa destaca em seu relatório de 2012 que investir em pesquisa, desenvolvimento e inovação, com foco na sustentabilidade, é uma prioridade em Furnas. A U14 afirma cumprir o estabelecido pela Lei nº 9.991/ que regulamenta os investimentos a serem feitos pelas permissionárias de serviços públicos de energia elétrica, no qual, a carteira de projetos de P&D resultou em um investimento de R$ 102 milhões. A empresa também criou parcerias para o desenvolvimento de produtos ou processos inovadores, a partir de protótipos cuja titularidade seja de uma das parceiras e que sejam resultado de outros projetos de P&D regulados pela ANEEL. Por fim, de forma a facilitar o recebimento de ideias em pesquisa, desenvolvimento e inovação, Furnas lançou em 2012 o canal P&D+I no seu sítio na internet. Até novembro do respectivo ano, haviam recebido 152 ideias de projeto cujos custos já alcançavam o total de recursos financeiros disponíveis para projetos de P&D+I. Para a CESP (U6), outros dois indicadores são diferenciais em relação às demais empresas eficientes. O primeiro é o percentual de empregados abrangidos por negociação coletiva. Conforme o relatório GRI de 2012, a empresa destaca que a totalidade dos empregados é abrangida pelos acordos coletivos firmados entre a companhia e Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Energia Elétrica de São Paulo, Sindicato dos Engenheiros no Estado de São Paulo e Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Energia Elétrica de Campinas. O segundo indicador é Taxa de lesões para a força de trabalho total. Conforme exposto no relatório de sustentabilidade, a U6 apresenta foco na prevenção de acidentes por meio do desenvolvimento de atividades rotineiras de inspeções as instalações e formação de equipes de Segurança do Trabalho. Outras atividades para evitar as taxas de lesões se dá por meio (i) da catalogação de material bibliográfico e normas; (ii) da regularização quanto ao Controle de entrega dos EPI para empregados da Sede; (iii) da implantação do Controle de Estoque de EPI na Segurança do Trabalho Sede; (iv) da fiscalização quanto a qualidade e o fornecimento de EPI s através do contrato com a CESP; 12 A Lei nº 9.991, de 24 de Julho de 2000 dispõe sobre realização de investimentos em pesquisa e desenvolvimento e em eficiência energética por parte das empresas concessionárias, permissionárias e autorizadas do setor de energia elétrica, e dá outras providências (

157 157 (v) da organização e acompanhamento dos cursos sobre direção defensiva nas unidades da CESP; e (vi) dos relatórios técnicos e relatórios de acidente do trabalho, entre outras atividades. Cem por cento (100%) dos colaboradores da CESP são representados pela Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA). A CESP também possui representantes em diversos Comitês de Segurança e Saúde do Trabalho (FUNCOGE; ABCE; Grupos Tripartite do Ministério do Trabalho e ABNT). Já a CHESF (U7) chama atenção em seu relatório para o indicador de pesquisa e desenvolvimento. A empresa afirma investir fortemente em fontes renováveis ou alternativas de energia e no tema Meio Ambiente; contribuiu para o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) e para o custeio da Empresa de Pesquisa Energética (EPE). Portanto, no total, a Chesf investiu em P&DI (pesquisa, desenvolvimento e inovação), direta e indiretamente, o expressivo montante de cerca de R$ 45,1 milhões. A seguir, são apresentadas as empresas que apresentam pior desempenho (Tabela 6). Para estas empresas ineficientes, são apresentados os seus pares, que são empresas eficientes com perfil similar e que servem como benchmarking. Deve ser dada maior atenção para os pares com os maiores valores de λ k, uma vez que, os valores referem-se ao grau de similaridade entre a empresa e seus pares. A empresa Hydro Quebec (U18) é considerada benchmark para o maior número de empresas ineficientes (considerada peers para 22 empresas). A U18 se destaca nos indicadores sociais investimentos realizados em infraestrutura para comunidades locais e taxa de rotatividade da organização em Também se destacam o indicador econômico intensidade dos investimentos em P&D e no indicador ambiental intensidade de consumo de água. A empresa tem suas operações no Canadá, sendo o perfil de geração 98% por hidroeletricidade e 2% por fonte nuclear. Como já destacado, o país é um líder mundial em hidroeletricidade. As empresas AES Tiete (U1), Baesa (U2) e Light energia (U15) apresentam escores de ineficiência muito próximos à zero o que corresponde a um bom desempenho. Estas empresas podem reduzir os indicadores indesejáveis e aumentar os indicadores desejáveis para alcançar a fronteira de eficiência numa proporção muito menor que as demais DMUs. Por exemplo, a empresa U15, que apresentou um escore de 0,0544, poderia melhorar todos os seus indicadores à uma taxa de 0,0544 e alcançar a fronteira de desempenho eficiente.

158 158 Tabela 6 - Pares (peers) projetados para as DMUs ineficientes Escore de Ineficiência Pares ( λ k ) TransAlta (U19) 0,755 U18(1) CEEE-GT (U3) 0,716 U7(0,542), U18(0,458) Copel (U8) 0,6187 U18 (0,675), U7 (0,325) EDP Energias do Brasil (U11) 0,5259 U26(0,435),U18(0,301), U7(0,264) Eletrosul (U13) 0,5009 U18(1) American Electric Power (U28) 0,4711 U7(0,499), U18(0,293), U6(0,207) Cemig (U5) 0,4639 U7(0,587), U18(0,348), U6(0,065) Korea East West (U24) 0,4490 U18(1) Celesc (U4) 0,4070 U18(0,65), U7(0,35) CPFL (U9) 0,3886 U7(0,561), U18(0,251), U26(0,187) Indonesia power (U21) 0,3553 U18(0,893), U6(0,107) Tata Power (U20) 0,3437 U7(0,371), U18(0,317), U26(0,312) A2A spa (U23) 0,3345 U7(0,578), U18(0,422) Entergy (U29) 0,2988 U7(0,011), U18(0,698), U26(0,291) Eletronorte (U12) 0,2846 U7(0,491), U18(0,509) PT PLN (U22) 0,2642 U7(0,817), U18(0,183) ReNova energia (U16) 0,2568 U18(0,541), U6(0,459) Tractebel (U17) 0,2537 U18(0,865), U6(0,135) Duke Energy (U10) 0,1768 U26(1) Kospo (U25) 0,1170 U18(0,93), U27(0,07) Baesa (U2) 0,0653 U6(0,502), U7(0,479), U18(0,018) AES Tiete (U1) 0,0625 U6(0,502), U7(0,479), U18(0,018) Light energia (U15) 0,0544 U7(0,73), U18(0,27) Os indicadores considerados relevantes para o desempenho estão apresentados na Figura 18. Em comum, estão os indicadores

159 159 conformidades com leis e regulamentos, consumo de água e derramamentos ambientais. Figura 18 - Empresas ineficientes próximas à fronteira de eficiências Como exemplo de boa prática, em 2012, a AES Tietê (U1) reduziu o consumo de água em 56,5% em relação ao consumo de Em seu relatório de sustentabilidade, a empresa estabeleceu, como próximos passos, a formação de uma Comissão Interna de Gestão do Consumo dos Recursos Naturais, com foco em gestão e novos projetos e além de campanhas internas de conscientização. A Baesa apenas destacou o repasse da compensação financeira pela utilização de recursos hídricos 13 para a ANEEL, mas nada além das obrigações formais. Já a Light Energia destaca que mais de 95% das águas que movem as turbinas das usinas abastecem a população da região metropolitana do Rio de Janeiro, e que somente necessitam ser cloradas para o consumo humano. Ademais, a empresa afirma monitorar a qualidade da água do reservatório para identificar possíveis alterações na qualidade da água para o consumo. Outro indicador presente em ambas as empresas, conforme Figura 16, é o derramamento ambiental (DERR). A U1 destaca em seu relatório que não foram registrados derramamentos significativos de óleo em 2012 ; a U2 coloca que o manuseio de líquidos perigosos, tais como óleos e outros produtos químicos, ocorre em áreas providas de contenção e longe do alcance de corpos receptores, não havendo a ocorrência de vazamentos e liberações para o meio ambiente ; a U15 13 Conforme estabelecido na Lei nº 8.001, de 13 de março de 1990, com modificações dadas pelas Leis nº 9.433/97, nº 9.984/00 e nº 9.993/00, são destinados 45% dos recursos aos Municípios atingidos pelos reservatórios das UHE's, enquanto que os Estados têm direito a outros 45%. A União fica com 10% do total.

160 160 destaca que nos últimos três anos não houve nenhum derramamento significativo. Por conseguinte, a Figura 19 apresenta as áreas de maior importância para as seis empresas mais ineficiente da amostra. Custos de não conformidade e volume derramamentos são os indicadores que se destacam em todas as empresas ineficientes. Destaca-se que a empresa canadense Transalta (U19) apresenta o pior escore de eficiência, enquanto a canadense Hydro Quebec (U18) é referência em sustentabilidade. Diferente do perfil de geração da U18, a Transalta gera eletricidade principalmente por carvão (54%) e gás natural (21%), com apenas 25% de fonte renovável (eólica e hidroeletricidade). A U19 apresenta um consumo de energia e água muito acima da média, quando comparado às demais empresas da amostra. Já no nível social, há baixo índice de treinamento para colaboradores. Na dimensão econômica, os investimentos em infraestrutura em comunidades locais e pesquisa e desenvolvimento estão muitos abaixo da média. Figura 19 - Pesos atribuídos para cada indicador para seis piores empresas A empresa paranaense Copel (U8) se destaca no indicador consumo de água. Conforme o relatório de sustentabilidade de 2012, as atividades da Copel não interferem nas áreas úmidas listadas pela Convenção de Ramsar (1971), que trata da conservação e uso racional

161 161 de zonas úmidas, assim como o consumo de água não afeta significativamente ecossistemas e habitats naturais. No processo de geração de energia elétrica, ocorre simplesmente o turbinamento da água represada nos reservatórios, não sendo considerada, portanto, água consumida. Nas usinas, o sistema de resfriamento utiliza água bruta de corpos d água superficiais e ocorre em circuito aberto, sem recirculação, exceto na Usina Elétrica a Gás de Araucária. A Copel não recicla a água utilizada em suas unidades administrativas. Importante destacar que foi realizada a análise de correlação de Pearson entre os escores de desempenho e a quantidade de geração de eletricidade para cada empresa. O resultado da correlação é considerado baixo (-0,3073), o que demonstra insignificância entre os escores de desempenho e os ganhos de escala, dada a quantidade de MWh gerado. As empresas com a pior ineficiência podem melhorar o seu desempenho ao verificar: (i) o que as empresas benchmarking estão fazendo; (ii) os indicadores com pouco ou nenhum peso atribuído, pois são estes em que desempenho deve ser melhorado ao máximo Potencial de melhoria das empresas nas diferentes dimensões da sustentabilidade A terceira etapa da análise apresenta o potencial de melhoria para as empresas de geração de eletricidade, considerando individualmente as dimensões da sustentabilidade. Enquanto o indicador global da sustentabilidade (IGS) aponta o quanto uma empresa poderia melhorar todos os indicadores simultaneamente, nessa seção é explorado o potencial que uma empresa pode melhorar os indicadores relacionados a uma única dimensão, mantendo as demais dimensões fixas. Ademais, permite identificar quais empresas tem um potencial de melhoria desequilibrado (ou não) entre as três dimensões. Vale lembrar que todos os indicadores continuam sendo mantidos na análise, mas o foco agora é melhorar apenas uma dimensão. Os resultados estão apresentados no Apêndice F 14, nas colunas intituladas cenário Social, Cenário Econômico e Cenário Ambiental. O 14 O Apêndice F apresenta as medidas de desempenho, ordenando as empresas do melhor desempenho para o pior desempenho. Os dados são apresentados em quatro blocos: (i) melhor desempenho (benchmark) cor azul; (ii) desempenho médio cor amarela; (iii) desempenho baixo cor marrom; (iv) desempenho ruim cor vermelha.

162 162 símbolo destaca as empresas com potencial de melhoria acima da média Potencial de melhoria na dimensão social O escore de desempenho obtido para o IGS varia de zero à 0,755, enquanto o escore médio corresponde à 0,2815. Os resultados para a ênfase na dimensão social apresenta um escore de desempenho entre zero e 3,381, com média de 0,8076. Nota-se que quando a ênfase está numa única dimensão a social, o escore médio de desempenho está muito mais longe de zero (melhor escore de desempenho). Isto é, a média de ineficiência aumenta quando é colocada a ênfase no potencial de melhoria para uma única dimensão, o que já era esperado. Isso ocorre porque as melhorias necessárias para atingir a fronteira de desempenho são exigidas somente nos indicadores de uma dimensão. A análise de correlação de Pearson entre os escores IGS e da dimensão social apresentou forte significância (r = 0,957), sendo considerado um resultado muito bom, sugerindo que os dois escores estão alinhados positivamente. Por conseguinte, quando o objetivo é melhorar apenas a dimensão social, mantendo as demais dimensões fixas, o escore de ineficiência é, em média, 2,868 vezes superior que o cenário IGS (média do escore social dividido pelo escore médio IGS, isto é, 0,8076/0,2815 = 2,860). Isso significa que, quando o objetivo é apenas melhorar a dimensão social, existe uma margem de melhoria 2,868 vezes superior do que melhorar todas as dimensões simultaneamente. Conhecendo o desempenho das empresas dentro da dimensão social, verificou-se se cada empresa apresenta um desempenho social aquém ou além do que seria esperado naquela dimensão. Para ilustrar o cálculo, tomou-se como exemplo, a empresa TransAlta, dos Estados Unidos, que obteve um indicador de desempenho global de sustentabilidade igual a 0,7551 e um escore social de 2,4397. A empresa pode melhorar os indicadores relacionados à dimensão social na proporção de 2,4397, mantendo inalterados os indicadores relacionados à dimensão ambiental e econômica. O escore de desempenho que se esperaria obter para a TransAlta, para que a empresa não se sobressaísse (nem positivamente, nem negativamente) na dimensão social é de 0,7551*2,868 = 2,165, ou seja, o seu escore global multiplicado pelo número de vezes em que, na

163 163 amostra, o potencial de melhoria médio na dimensão social é superior ao desempenho global. Como resultado, o potencial de melhoria da TransAlta na dimensão social está além do esperado (2,439>2,165). Portanto, a empresa U19 deve se concentrar em melhorias na dimensão social para atingir um equilibrado perfil de sustentabilidade. A Tabela 7 apresenta sete empresas que apresentaram potencial de melhoria (Beta) acima do escore esperado. Ou seja, apresentam um desempenho pior que o esperado na dimensão social. Analisando a Tractebel energia (U17), verifica-se que a empresa apresenta um escore IGS abaixo da média geral, que corresponde à 0,2537. Já o escore social é mais elevado (0,7359). Novamente, nota-se que quando a ênfase está somente na dimensão social, o escore médio de desempenho está mais longe do desempenho ideal (escore zero) e, além disso, o desempenho da empresa nesta dimensão está aquém do expectável (0,7359 > 0,7278), dado o seu desempenho no IGS. Conclui-se, de modo preliminar, que a dimensão social é a que está impactando no baixo desempenho da U17. Tabela 7 - Potencial de melhoria e valor esperado na dimensão social IGS Beta Social Valor esperado TransAlta (U19) 0,7551 2,4397 2,1663 Eletrosul (U13) 0,5009 1,4530 1,4370 Cemig (U05) 0,4639 1,4153 1,3309 Indonesia Power (U21) 0,3553 1,0727 1,0192 ReNova (U16) 0,2568 0,8020 0,7366 Tractebel (U17) 0,2537 0,7359 0,7278 Kospo (U25) 0,1170 0,4112 0,3356 Escore médio 0,2815 0,8076 Amplitude 0 0, ,381 O valor de desempenho que seria esperado a empresa obter (em função do escore global que obteve) para que não se sobressaísse (positivamente ou negativamente) na dimensão social é mostrado na última coluna da Tabela 7. Se, por acaso, uma empresa tivesse os betas de todas as dimensões iguais aos valores esperados (médios) para cada dimensão, pode-se afirmar que esta empresa não está pior, ou melhor,

164 164 em nenhuma dimensão específica, proporcionalmente a dimensão global Potencial de melhoria na dimensão econômica Os resultados para a ênfase na dimensão econômica apresentam um escore que varia de 0 a 6,030, com média de 1,0853. Tanto a amplitude dos escores quanto o valor médio é muito superior ao indicador global de sustentabilidade (IGS), o qual apresenta um escore médio de 0,2815. Assim como no cenário social, quando é colocada ênfase numa única dimensão, a média de ineficiência aumenta. A análise de correlação de Pearson entre os escores do IGS para com a dimensão econômica mostra-se significativa (r = 0,876). Quando o objetivo é melhorar a dimensão econômica, mantendo as demais dimensões fixas, o escore médio de ineficiência é 3,855 (1,0853 dividido por 0,2815) vezes superior que o cenário IGS. Portanto, quando o objetivo é apenas melhorar a dimensão econômica, a margem de melhoria é 3,855 vezes superior do que melhorar todas as dimensões simultaneamente. A Tabela 8 apresenta nove empresas que apresentaram potencial de melhoria acima do esperado. Assim como na dimensão social, as empresas TransAlta, Eletrosul e Indonesia Power também apresentam potencial de melhoria (beta) além do esperado na dimensão econômica. Tabela 8 - Potencial de melhoria e valor esperado na dimensão econômica IGS Beta econômico Valor esperado TransAlta (U19) 0,7551 6,0302 2,9110 Eletrosul (U13) 0,5009 2,0597 1,9310 American Electric P. (U28) 0,4711 1,8914 1,8160 Korea East west (U24) 0,4490 2,9500 1,7308 Indonesia power (U21) 0,3553 1,4513 1,3696 Tata Power (U20) 0,3437 1,6520 1,3250 Entergy (U29) 0,2988 1,2054 1,1517 PT PLN (U22) 0,2642 1,0461 1,0186 Duke Energy (U10) 0,1768 0,9875 0,6814 Escore médio 0,2815 0,10853 Amplitude 0 0, ,030

165 165 A empresa Korea East West (U24), que atua na geração de eletricidade na Coréia por meio do combustível fóssil, apresentou um baixo escore de desempenho na dimensão econômica, assim como, o valor do IGS é superior à media geral. Isto significa que a U24 poderá melhorar os indicadores relacionados à dimensão econômica na proporção de 2,950, mantendo inalterados os indicadores relacionados à dimensão social e ambiental. Conclui-se que a U24 tem um desempenho aquém das expectativas para a dimensão econômica (2,950>1,7308), enquanto na dimensão social e ambiental está além das expectativas Potencial de melhoria na dimensão ambiental Na dimensão ambiental, observa-se que o escore médio de desempenho está muito longe do desempenho ideal. Novamente, enquanto o escore de desempenho obtido para o IGS varia de zero à 0,755, nesta dimensão o escore varia de zero à 5,699, com valor médio de 0,965. Já a análise de correlação de Pearson apresentou forte correlação (de 0,7477) entre os escores IGS e da dimensão ambiental. Por conseguinte, quando o objetivo é melhorar apenas a dimensão ambiental, mantendo as demais dimensões fixas, o escore médio de ineficiência é 3,429 vezes superior que o escore médio do IGS. Ou seja, quando o objetivo é apenas melhorar a dimensão ambiental, a margem de melhoria é 3,429 vezes superior do que melhorar todas as dimensões simultaneamente. A Tabela 9 apresenta seis empresas que apresentaram potencial de melhoria acima do esperado. Assim como na dimensão social, a Cemig também apresenta potencial de melhoria acima do esperado na dimensão ambiental. Já a empresa PT PLN apresenta potencial de melhoria acima do esperado nas dimensões ambiental e econômica. Considerando a Cemig (U5), que atua no sudeste no Brasil, a mesma obteve um escore de 0,4639 no cenário IGS, estando acima da média da amostra. A proporção de melhoria na dimensão ambiental está além das expectativas para a dimensão ambiental (assim como na dimensão social). Ou seja, para chegar à fronteira de eficiência, a mesma deve se concentrar nas dimensões ambiental e social, dimensões em que está apresentando desempenho aquém do esperado.

166 166 Tabela 9 - Potencial de melhoria e valor esperado na dimensão ambiental Empresas IGS Beta ambiental Valor esperado Copel (U08) 0,6187 2,4745 2,1215 EDP energias (U11) 0,5259 3,2118 1,8034 Cemig (U05) 0,4639 1,8096 1,5908 CPFL (U09) 0,3886 1,9630 1,3324 PT PLN (U22) 0,2642 1,1373 0,9060 Light energia (U15) 0,0544 0,2576 0,1866 Escore médio 0,2815 0,965 Amplitude 0 0, ,699 Analisando a empresa PT PLN (U22), que tem as suas operações na Indonésia, apresenta grande diferença entre o IGS e escore de desempenho ambiental. A U22 poderá melhorar os indicadores relacionados à dimensão ambiental na proporção de 1,1373, mantendo inalterados os indicadores relacionados à dimensão social e econômica. Ainda, se pode verificar que a empresa apresenta um potencial de melhoria além das expectativas na dimensão (1,1373 > 0,9060). Por sua vez, para a empresa chegar à fronteira de eficiência, a mesma deve se concentrar nas dimensões ambiental e econômica, uma vez que na dimensão social apresenta um potencial de melhoria abaixo do esperado, ou seja, a empresa apresenta um desempenho razoável na dimensão social. De acordo com os resultados, muitas empresas apresentam melhor desempenho em somente uma das dimensões, portanto, apresentam um potencial de melhoria desequilibrado entre as dimensões. Complementando a análise já realizada, o Quadro 25 apresenta as 15 piores empresas de acordo com os escores obtidos em cada uma das dimensões da sustentabilidade, iniciando do pior para o melhor desempenho (a análise completa das posições em cada cenário pode ser observada no Apêndice G). Por exemplo, a empresa EDP Energias (U11) apresenta um resultado relativamente bom na dimensão econômica e faz parte das 5 empresas com o pior desempenho na dimensão social e ambiental. Outras empresas que apresentam potencial de melhoria desequilibrado

167 167 são a Korea East West (U24) e a American Electric Power (U28), que apresentam o pior desempenho na dimensão econômica. A CEEE-GT (U3) apresenta um desempenho econômico relativamente bom, mas está muito mal situada em relação à dimensão ambiental e social. Constatouse que o próprio relatório de sustentabilidade divulgado pela empresa deixa a desejar, e está principalmente focado na dimensão econômica. Quadro 25 - Posição das empresas sob o pior desempenho A partir desses resultados, percebe-se que as dimensões da sustentabilidade não apresentam um total equilíbrio. Em algumas empresas há um balanceamento entre as dimensões, enquanto outras apresentam melhor desempenho (ou dão preferência) para uma determinada dimensão. Conclui-se que essa situação responde fielmente

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