Tema: Abordagem sociossemiótica para leitura de imagem. Objetivo: Conhecer e utilizar alguns princípios da proposta de Kress & Van Leeuwen.
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- Maria de Lourdes Gama Maranhão
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1 Tema: Abordagem sociossemiótica para leitura de imagem. Objetivo: Conhecer e utilizar alguns princípios da proposta de Kress & Van Leeuwen. Prezados alunos, A proposta semiótica de Roland Barthes para a leitura de imagem abriu caminho para outros estudos e para novas propostas. O que antes, inicialmente, era domínio das artes plásticas, de artistas e marchands, com as artes gráficas, passou a ser dos designers de propaganda e dos gráficos e, já há algum tempo passou a ser domínio da linguística também. Um dos grandes impulsos ou marcos referenciais nos estudos sobre a leitura de imagens vem dos trabalhos de Kress & Van Leeuwen. Na verdade. O que eles fizeram foi traduzir os princípios da chamada Gramática Sistêmico- Funcional, proposta por Halliday, nos anos 1970, para os domínios da imagem. O trabalho deles intitula-se Reading Images: The Grammar of Visual Design e foi publicado em 1996 (sem tradução para o português). Trata-se de um trabalho detalhado e complexo. Teremos, neste curso, uma visão geral dessa proposta faremos alguns exercícios de leitura. Realmente, meus caros, a proposta sociossemiótica abre um panorama amplo e sedutor sobre o mundo da imagem. Passaremos a enxergar coisas que nunca vimos. Seminário: Hipertexto e gêneros digitais- UFAL/PPGLL/ Prof. Dr. Luiz F. Gomes.Página 1
2 Abordagem sociossemiótica de Kress & Van Leeuwen As imagens não apenas representam o mundo, mas fazem parte dele e são construídas nele. O enfoque da semiótica social da comunicação visual está na descrição dos recursos semióticos, o que pode ser dito e feito com as imagens (e outros modos de comunicação) e como o que as pessoas dizem e fazem com as imagens pode ser interpretado. (JEWITT & OYAMA, 2001, p.134) A diferença fundamental entre a proposta estruturalista de Dondis e de Barthes e esta chamada de social é, segundo Jewitt e Oyama, que a primeira lida com sistemas de códigos e conjuntos de regras para conectar signos e sentidos e a abordagem social lida com recursos. Trabalhar com códigos sugere que basta que duas pessoas conheçam os mesmos códigos e regras para que se entendam perfeitamente. De fato isso ocorre em alguns casos, como nos códigos das placas de trânsito. Já os recursos permitem a criação de relações simbólicas entre os produtores da imagem, os leitores e as pessoas, lugares ou coisas presentes nas imagens. A gramática da linguagem visual utiliza uma organização que se dá por meio de 3 metafunções: representacional, interativa e composicional. Vejamos um resumo de cada uma das metafunções. Seminário: Hipertexto e gêneros digitais- UFAL/PPGLL/ Prof. Dr. Luiz F. Gomes.Página 2
3 Significados representacionais Representação das experiências de mundo por meio da imagem Construção visual da natureza dos eventos Os significados são realizados pelos participantes representados, que podem ser indivíduos, lugares ou coisas; o que está sendo mostrado, o que está acontecendo e as relações entre eles. Os participantes podem ser apenas representados (passivos) interativos (ativos) ou As relações entre os participantes podem ser organizados em duas estruturas: 1-narrativa, quando há presença de vetores indicando quais ações estão sendo realizadas: Ação transacional Ação não-transacional Reação transacional Reação não-transacional Processo mental Processo verbal 2-conceitual, ou seja, os participantes e suas particularidades: Processo classificacional Processo analítico Processo simbólico Seminário: Hipertexto e gêneros digitais- UFAL/PPGLL/ Prof. Dr. Luiz F. Gomes.Página 3
4 Significados interativos Traz estratégias de aproximação/afastamento do leitor Relação entre os participantes, Tipos de interação, aproximação ou afastamento do produtor do texto em relação a seu leitor, que é um participante exterior à imagem, na busca de estabelecer um elo imaginário entre ambos. Para tanto, são utilizados quatro recursos: contato distância social perspectiva modalidade determinado pelo vetor que se forma ou não entre as linhas do olho do participante representado e o interativo exposição do participante representado perto ou longe do leitor- equivalente aos planos cinematográficos: fechado, médio e aberto ângulo ou ponto de vista em que os participantes são mostrados, p. ex. frontal, oblíquo, vertical nível de realidade que a imagem representa Seminário: Hipertexto e gêneros digitais- UFAL/PPGLL/ Prof. Dr. Luiz F. Gomes.Página 4
5 Os significados composicionais Modos de organização do texto imagético Organização ou combinação dos elementos representacionais e interacionais, para que produzam o sentido desejado pelo autor. Esses significados são realizados por meio de três sistemas interrelacionados: Valor da informação Saliência Moldura local que o participante e leitor ocupam. Ideal Real Dado - Novo formas de atrair a atenção, planos- de fundo, primeiro, segundo; tamanho, cores, nitidez, etc. linhas reais ou imaginárias que dividem e estruturam a imagem. Exemplo de Análise Prezados alunos, A gramática da linguagem visual, como eu havia dito é complexa, bastante detalhada e extensa. Fiz um resumo dos tópicos principais e sei, por experiência anterior, que os quadros não são autoexplicativos. O ideal seria poder oferecer a vocês um exemplo de cada aspecto mostrado, mas isto equivaleria a transpor praticamente o que o livro de Kress & Van Leeuwen fez, em mais de trezentas páginas!! O que farei, então, é mostrar uma análise para lhes dar alguma ideia de como funciona. Peço desculpas, pois sei que não será suficiente. O detalhe é que utilizarei a mesma imagem que propus como atividade nos estudos sobre a teoria de Barthes!! Minha intenção é que vocês comparem Seminário: Hipertexto e gêneros digitais- UFAL/PPGLL/ Prof. Dr. Luiz F. Gomes.Página 5
6 as possibilidades de análise de Barthes e de Kress & Van Leeuwen e, claro, façam suas escolhas. A ideia deste curso é oferecer um leque de possibilidades teóricas para análise de imagem e das relações imagem-texto para que vocês escolham uma ou mais abordagem de sua preferência para se aprofundar. Enquanto isso, acompanhem a análise sociossemiótica do quadro abaixo: ANÁLISE 1 Metafunção Representacional: relação entre participantes representados: 1. Participantes: interativos (ativos) mãe e bebê- transação bidirecional, olho no olho; 1.1 Narrativa a) Ação- atores: mãe (ator) e bebê (meta) ou vice-versa; b) Reação transacional: mãe e bebê reagem um ao outro; c) Processo verbal não há; d) Processo mental- não é explícito, mas a mãe pode estar conversando mentalmente com o filho. 1.2 Conceitual a) Classificacional negros, mãe jovem e filho(a); pobres; b) Simbólico maternidade, negritude e singeleza (pobreza); c) Analítico não há. Seminário: Hipertexto e gêneros digitais- UFAL/PPGLL/ Prof. Dr. Luiz F. Gomes.Página 6
7 2- Metafunção interativa: relação entre imagem e observador. a) Contato não há contato com o observador; b) Distância social grande distância (social) do leitor, pois os participantes estão afastados do leitor; c) Perspectiva lateral- não envolve o observador com a cena; d) Modalidade (valor de verdade): negra/marrom com sombra azul, figura contornada, sem detalhes fisionômicos, cenário limitado, grande luminosidade e brilho. Mundo não real, mas verdadeiro. 3- Metafunção composicional: relação entre elementos da imagem. 1 Valor informativo localização central. 2. Enquadramento- plano estruturado imagem está no centro. 3. Saliência - mãe e bebê são igualmente valorizados e salientes. ATIVIDADE PRÁTICA Nosso tema principal da aula é a leitura de imagens com base na proposta de Kress & Van Leeuwen, que preconiza que o significado de uma mensagem visual é construído por meio de três metafunções que funcionam simultaneamente. As relações entre os significados propostos por essas três metafunções constroem o significado final da composição imagética. Como vocês já analisaram a mesma obra duas vezes, gostaria que fizessem, agora, acompanhando a análise que fiz como exemplo, duas coisas: Seminário: Hipertexto e gêneros digitais- UFAL/PPGLL/ Prof. Dr. Luiz F. Gomes.Página 7
8 1- Analisem, ou seja, escrevam sua interpretação da pintura do Carybé e comparem e façam uma avaliação crítica sobre o uso de uma e de outra abordagem. Obs. Não tratem as 3 categorias como um checklist; isto é, não há necessidade de procurar todas as possibilidades expressivas de cada metafunção, pois, o autor certamente terá feito suas escolhas e terá utilizado algumas e outras não. ATIVIDADES EXTRA Queridos, Como uma chance adicional para discutirmos a abordagem sociossemiótica, sugiro a quem puder, a leitura de mais duas imagens (vejam abaixo). Seminário: Hipertexto e gêneros digitais- UFAL/PPGLL/ Prof. Dr. Luiz F. Gomes.Página 8
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