CONTROLE DE QUALIDADE NA COLHEITA FLORESTAL
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- Brenda Wagner de Figueiredo
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1 39 CONTROLE DE QUALIDADE NA COLHEITA FLORESTAL Celso Trindade 1 e Laércio Antônio Gonçalves Jacovine 2 I HISTÓRICO A atividade de controle de qualidade foi introduzida de uma forma mais objetiva nos meios de produção na década 20 do século passado, em uma companhia telefônica da cidade de Nova Yorque, a Bell Telephonic, quando seu estatístico Shewhart, preocupava-se com os problemas que ocorriam com os componentes de telefones e a sua montagem. Como era de alto custo proceder ao controle total da qualidade, o mesmo introduziu o conceito do Controle Estatístico de Processo. Desta forma, utilizando-se de um sistema de amostragem ele poderia inferir para todo o lote de componentes que chegasse à empresa e utilizá-los com segurança na montagem dos telefones. Ainda nesta ocasião ele introduziu o conceito do PDCA que seria amplamente trabalhado por Deming nas décadas seguintes (Deming, 1990). O conceito da qualidade se ampliou grandemente com os americanos Deming e Juran, que tiveram suas idéias desenvolvidas pelos japoneses, que uma vez conhecedores destes conceitos, utilizaram a qualidade para alavancar a reconstrução de seu país após segunda guerra mundial. Mas, foi depois dos anos 60 que o produto japonês se afirmou como produto de qualidade, em função da introdução Círculos de Controle de Qualidade (CCQ) em suas atividades de trabalho. Em relação à área florestal, somente no ínicio dos anos 80 é que surgiu o primeiro conceito de qualidade no trabalho desenvolvido pela equipe da antiga Champion (FREITAS et al.,1980), atual International Paper. Este trabalho se baseava num sistema de auditorias de qualidade. Muitas empresas adequaram o sistema e buscaram implantá-lo. Os auditores 1 Engenheiro Florestal, DS Ciência Florestal celsotrindade@uol.com.br 2 Engenheiro Florestal, DS Ciência Florestal Professor Adjunto DEF/UFV. jacovine@ufv.br
2 40 LOPES, E.S. et al. verificavam se as recomendações estavam sendo atendidas e notificavam as não conformidades observadas. Este sistema apresentou algumas imperfeições, e principalmente pelos atritos criados entre as diferentes áreas, ele foi deixado de lado pelas empresas que tentaram implementá-lo. Em 1987, segundo Trindade et al. (2000), surgiu o conceito da autogestão, que transferia a responsabilidade de controlar a qualidade para quem realmente executava a operação, e ainda, neste mesmo ano, foi lançada no Brasil a primeira série da ISO Durante a década de 90 e início dos anos 2000 a maioria das empresas florestais se certificam, mas os problemas de qualidade nos processos persistirsm. A partir de 1998 é que o controle estatístico começa ser mais difundido na área florestal. II POR QUE CONTROLAR A QUALIDADE? A necessidade de ver as recomendações atendidas fez com que o pessoal operacional assumisse o controle da qualidade, desta forma os erros surgidos no processo seriam resolvidos imediatamente. Desta forma, o retrabalho seria reduzido ou até eliminado. As pessoas deveriam centrar esforços em fazer correto da primeira vez, aumentando assim a produtividade e, consequentemente, reduzindo os custos. A gestão do resultado da empresa começa então a focar a qualidade, valorizando o trabalho de equipe. Neste caso, o cliente interno/externo passa a ser um elemento de importância no processo produtivo. III POR QUE A RESPONSABILIDADE DE CONTROLAR A QUALIDADE DEVE SER DA PRÓPRIA EQUIPE? Quando a própria equipe controla a qualidade ela tem maior domínio do trabalho, os problemas passam a ser resolvidos quando detectados. E, como os mesmos são descobertos pela própria equipe ocorre imediatamente uma redução dos atritos, potencializando assim o processo de melhoria contínua. Como o resultado passa a ser de toda equipe, pode ser utilizado
3 Sistema de pesagem no controle de cargas na 41 para premiar, orientar a participação no lucro da empresa ou ainda na composição de um salário variável, como algumas empresas já vêm praticando. IV COMO FAZER PARA CONTROLAR A QUALIDADE? Inicialmente é necessário conhecer a operação e seus requisitos, para então construir o padrão ou procedimento de trabalho, material este que será a base para o treinamento e implantação do controle da qualidade. Uma vez definido o que controlar, deve-se estabelecer uma metodologia de controle da qualidade. A simplicidade deve ser a regra, pois temos uma facilidade grande de burocratizar todo o processo e isto precisa ser evitado. Um cuidado que se deve ter neste momento é com o copiar de outras empresas. Deve-se lembrar que cada uma empresa é única, portanto as adequações devem ser consideradas sob este ângulo. V FOCO NO CLIENTE O foco no cliente permitirá a realização do trabalho num maior nível de qualidade. Cabe lembrar a visão de Juran (1990), quando ele realça a importância de se considerar as relações internas e que foi denominado por ele de triplo papel. Nesta relação sempre o processo atual funciona como cliente de um processo anterior e fornecedor do processo seguinte. Para que um processo funcione de maneira adequada é necessário que se exercite estas relações da melhor forma possível. Colocar adjetivos pejorativos aos clientes bloqueia enxergar novas possibilidades, entravando muitos processos de melhoria. Quando se foca o cliente de maneira correta garante-se a perenização por onde se passa. Focar o cliente, tanto interno como externo, é uma questão de sobrevivência. VI ALGUNS CONCEITOS DE QUALIDADE Na implantação do controle de qualidade em alguma área específica, como na colheita florestal, os seguintes conceitos devem ser consi-
4 42 LOPES, E.S. et al. derados: 1. Gestão da qualidade capacidade da organização em atender aos requisitos do cliente, regulamentares e da própria organização ISO9000/ Controle da qualidade parte do sistema de gestão focada no controle de processo. VII CONTROLE ESTATISTICO DO PROCESSO (CEP) Para controle do processo utiliza-se o CEP, em sua implementação usa-se uma ferramenta da qualidade conhecida como 5W+1H, conforme é mostrado a seguir. O que? (What) Como? (How) Quando? (When) Onde? (Where) Quem? (Who) Por quê? (Why) Avaliar as cepas com altura não conforme (<10 cm) Verificar em 50 cepas, as não conformes, procurando representar todo eito trabalhado nas duas primeiras horas de operação. Registrar o resultado no gráfico de controle. Diariamente, uma vez/operador/eito. No eito trabalhado, nas duas primeiras horas. O próprio operador. Garantir que as cepas fiquem com altura abaixo do recomendado. Ação recomendada Quando o percentual não conforme for superior a 5%, reorientar o corte. A utilização do gráfico de controle é uma prática adequada e de fácil visualização pelas áreas operacionais. A análise do gráfico facilita a tomada de decisões, devendo os problemas e ações tomadas serem registrados neste mesmo gráfico. Na Figura 1 pode ser visto um exemplo de um gráfico de controle.
5 Sistema de pesagem no controle de cargas na 43 Figura 1 Gráfico de controle da qualidade da altura de cepas. VIII CONCLUSÃO A implantação do controle estatístico na colheita florestal é uma necessidade, para que se possa estar reduzindo retrabalho e custos. Podese utilizar um roteiro próprio, mas sempre focando o resultado e o processo de melhoria contínua. Um processo sob controle é previsível, podendo-se desta forma garantir sua qualidade. IX BIBLIOGRAFIA DEMING, W.E. Qualidade: a revolução da administração. Rio de Janeiro: Marques- Saraiva, p. FREITAS, M., SILVA, A.P., CANERA, R.A., BEIG, O. Avaliação e controle de qualidade em florestas de eucaliptos. Piracicaba: IPEF, p. (Circular Técnica), 91). JURAN, J.M. Planejando para a qualidade. Trad. De João Cillag. São Paulo: Pioneira, p. TRINDADE, C., REZENDE, J.L.P., JACOVINE, L.A.G., SARTÓRIO, M.L. Ferramentas da Qualidade: aplicação na atividade florestal. Viçosa: UFV, p.: il.
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