ASSOCIATD BREEDING OF GRASS CARPS (CTENOPHARYNGODON IDELLA) AND HUNGARIAN CARPS (CYPRINUS CARPIO) FED WITH GRASS RICE SEEDS (ECHINOCHLOA SP)
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- João Lucas Soares Frade
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1 CRIAÇÃO CONSORCIADA DE CARPA CAPIM (CTENOPHARYNGODON IDELLA) E CARPA HÚNGARA (CYPRINUS CARPIO), ALIMENTADAS COM SEMENTES DE CAPIM ARROZ (ECHINOCHLOA SP) ASSOCIATD BREEDING OF GRASS CARPS (CTENOPHARYNGODON IDELLA) AND HUNGARIAN CARPS (CYPRINUS CARPIO) FED WITH GRASS RICE SEEDS (ECHINOCHLOA SP) Airton Batista Santos 1 ; Rita Cristina Gomes Galarça 2 ; José Braccini Neto 3, Rosana Muniz Barreto Ginar ³ RESUMO A pesquisa visou identificar a viabilidade da criação consorciada das espécies de peixes: carpa capim (Ctenopharyngodon idella) e carpa húngara (Cyprinus carpio), entre setembro/2001 a março/2002, utilizando a semente de capim arroz (Echinochloa sp.) como complemento em sua alimentação. Os alevinos foram distribuídos em 9 tanques-redes medindo 1,2m³, dispostos em 3 tanques de alvenaria. Foram utilizados 48 alevinos por tanque rede, sendo 24 de cada espécie. Foram testados 3 tipos de tratamentos: T1: vegetais; T2: vegetais e semente de capim arroz e T3: semente de capim arroz. A alimentação foi diária e à vontade. Mensalmente, foram realizadas as aferições de peso, comprimento e biomassa em todos os exemplares e o acompanhamento das variações físico, químicas e biológicas da água. Ao término do experimento foi concluído que: 1) o tratamento com semente de capim arroz e vegetais proporcionou: a) melhor ganho de biomassa total das carpas capim e carpas húngaras nas unidades experimentais, b) melhor crescimento em comprimento tanto para carpas húngaras quanto para as carpas capim, c) menor taxa de mortalidade nos peixes em estudo; 2) A semente de capim arroz é viável como suplemento na alimentação de carpas húngaras e capim quando acompanhadas de vegetais. Palavras-chasve: Piscicultura, Bromatologia, Filé de peixe. 1 Biólogo M.Sc. em Zootecnia, PUCRS, Campus Uruguaiana, absantos@bnet.com.br. 2 Dr. Zootecnista, PUCRS, Campus Uruguaiana. 3 Bióloga, PUCRS, Campus Uruguaiana.
2 Santos, A.B. et al. 172 ABSTRACT The present research aimed at identifying the feasibility of the associated breeding of two species of fish: the grass carp (Ctenopharyngodon idella) and the Hungarian carp (Cyprinus carpio) during Sepetember/2001 to march/2002. Seeds of grass rice (Echinochloa sp) were used as a complement in the feeding of herbivorous fish. Babies of grass carps and of Hungarian carps were distributed in 9 net-tanks. Three different types of treatment were tested: T1- vegetable supplementation; T2- vegetable supplementation and grass rice seeds; and T3- grass rice seeds. The feeding was done daily and freely. Monthly were verifications of weigh, length and bio-mass were done and Physical, chemical and biological variations. In the conditions in which the experiment was performed, it is possible to conclude that: 1) the treatment with grass rice seeds provided a) better gain of the total bio-mass for body grasscarps and hungarian carps I n the experimental units, b) bigger increase in length in both grass carp and hungarian carps, and c) smaller death rate in the studied fishes; 2) The grass rice seeds is feasible with hungarian and grass carps supplementation when a accompaniment of vegetables. Key Words: Fishery, Bromatologic, Fisher Filet. INTRODUÇÃO O capim arroz (Echinochloa sp) é uma planta invasora que cresce junto as plantações de arroz irrigado e é considerada um inço, pois encontrar-se em abundância na região da Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul. Sua semente é colhida e separada na secagem do arroz sendo em grande parte desprezada e descartada como resíduo de limpeza. Este resíduo em sua composição nutritiva média, possui entre outros elementos, 10% de proteína bruta (PB), 5% de extrato etéreo (EE) e 40% de extrato não nitrogenado (ENN), indicado como um elemento a ser aproveitado na alimentação dos peixes. Conforme CASTAGNOLLI & CYRINO (1986), as necessidades nutricionais dos peixes, principalmente em proteína é alto, geralmente entre 20 a 30%. Sendo assim, a semente do capim arroz poderá suprir boa parte, barateando os custos de produção e incentivando a produção racional de peixes que proporciona uma opção alimentar e ou de comercialização junto as propriedades rurais. As espécies de peixes Ctenopharyngodon idella (carpa capim) e Cyprinus carpio (carpa húngara) são espécies de grande rusticidade, de fácil manejo e crescimento rápido. A carpa
3 173 Criação consorciada... capim é herbívoro e a húngara, onívora, não competindo entre si. Durante o experimento, foi testado o crescimento das espécies em comprimento e variação da biomassa, analisando sua sobrevivência e sua viabilidade de criação com um subproduto da agropecuária (a semente do capim arroz) como um alimento suplementar, além dos alimentos com vegetais para carpa capim e as fezes desta, como produtora de plâncton para suprir as deficiências protéicas das sementes na alimentação das carpas húngaras. MATERIAL E METODOS O experimento foi realizado no Setor de Piscicultura do Câmpus Uruguaiana PUCRS durante um período de 6 (seis) meses, entre setembro de 2001 a março de Foram utilizados 144 alevinos de carpa capim (Ctenopharyngodon idella) e 144 alevinos de carpa húngara (Cyprinus carpio). Sendo 48 alevinos por tanque-rede e 24 exemplares de cada espécie em 09 (nove) tanques-redes medindo 1,3m³, distribuídos em 03 tanques de alvenaria. As unidades experimentais foram sorteadas por blocos ao acaso. Inicialmente os alevinos foram selecionados por tamanho, peso, procurando-se padronizá-los em unidades experimentais distribuídas nos tanques por sorteio. Os tratamentos seguiram o esquema a seguir: T1: suplementação vegetal; T2: suplementação vegetal e semente de capim arroz e T3: semente de capim arroz. A alimentação foi fornecida diariamente e a vontade. A parte vegetal foi fornecida em feixes e a semente de capim arroz, em cochos apropriados. A semente de capim arroz utilizada para a alimentação dos peixes, foi selecionada do subproduto vindo dos engenhos de arroz, sendo posteriormente selecionada através do vendo, para a retirada de partículas mais leves, proporcionando, maior pureza do produto a ser utilizado. As coletas foram realizadas diretamente dos tanques redes através de puçás. A aferição dos dados de crescimento em peso e comprimento foi realizada individualmente a cada mês. A aferição do peso ocorreu em balança eletrônica Marte modelo A500, de precisão de 0,1g e o comprimento em ictiômetro milimetrado, utilizando-se a medida padrão (ponta do focinho até o pedúnculo caudal). Diariamente, foi verificada a temperatura da água, com o auxílio de um termômetro e, a cada 20 dias, entre 9h e 11h, foram aferidos ph, O 2, Nitrito e Amônia, através do Kit-Alfaquímica e a transparência (turbidez) da água com o disco de Secchi.
4 Santos, A.B. et al. 174 A água dos tanques foi reposta diariamente para manter seu nível inicial e suas condições de oxigênio e/ou biológicas. A análise biológica da água foi realizada a cada 90 dias através de coletas de água realizadas sob a superfície, aproximadamente 30 cm de profundidade. Foi realizado o exame quantitativo dos organismos in vitro com a posterior fixação em formol. O critério de avaliação seguido foi: observação de 1 a 5 elementos de zooplâncton no campo visual do microscópio (ocular 10x e objetiva 10x) igual a (+); de 6 a 10 elementos de zooplâncton no campo visual (++) e acima de 11 elementos no campo visual igual a (+++). Foram calculados os valores médios de comprimento total (L T ) Peso total; Peso total (W T ) de cada amostra, para elaboração de gráficos que relacionam a variação destes dados em função do tempo de cultivo, utilizando as fórmulas: Para cálculo dos incrementos em peso e comprimento foram empregadas as fórmulas: Iw = WT + T - WT (g/dia) (1) T L L = LT + T - LT (cm/dia) (2) T Sendo: WT= peso total médio no instante T do cultivo; WT+ T= peso total médio no instante posterior T+T; LT= comprimento total médio no instante T do cultivo; LT+ T= comprimento total médio no instante posta T+ T; T= intervalo de tempo entre períodos sucessivos (dias). Os valores da biomassa total foram calculados pela equação: BT=NT.WT (3) Onde: BT= biomassa total no instante T de cultivo; NT= número total de peixes no instante T de cultivo; WT= peso total médio de peixes no instante T de cultivo. Sendo a curva da biomassa traçada graficamente relacionando a variação da biomassa total em função do tempo de cultivo. O delineamento experimental foi o de parcelas divididas em que as parcelas principais foram designadas em blocos com três repetições onde foi alocado o fator alimentação e as parcelas com o fator espécie, foram designadas ao acaso dentro da parcela principal, conforme o esquema a seguir.
5 175 Criação consorciada... TABELA 01. Esquematização do delineamento experimental Parcelas Repetições Nº de observações Subtotal Total Capim arroz + vegetais capim arroz Suplementação vegetal Espécies Repetições Nº de observações Subtotal Total Carpa Capim Carpa Húngara Na análise estatística os dados foram analisados pela análise de variância e as diferenças significativas, à nível de 5%. As variáveis mensuradas foram: ganho de peso; crescimento; taxa de sobrevivência e ganho da biomassa na criação consorciada. RESULTADOS E DISCUSSÃO O subproduto utilizado no experimento como alimento para os alevinos, possui um percentual médio de semente de capim arroz 63,8%, grãos de arroz inteiros 0,62%, grãos chochos 1,6%, grãos quebrados 19,9%, palha 11,6% casca 1,56% e outras partículas 0,85%, conforme observado na tabela 02. A porcentagem maior de semente de capim arroz encontrada no material utilizado deve-se principalmente a uma seleção prévia inicial realizada através do vento ocasionando a retirada dos resíduos sólidos mais leves, principalmente cascas e palhas. A presença de poucos grãos de arroz inteiros, provavelmente deve-se a uma melhor seleção realizada nos engenhos. Analisando o produto final do material utilizado na alimentação, pode-se notar que a grande maioria é composta por sementes de capim arroz, ficando em segundo lugar os grãos de arroz quebrados que formam a base nutritiva utilizada. As medidas diárias de temperatura da água durante o experimento variaram entre 17 e 27º C. A mínima ocorreu em setembro/ 2001 e a máxima em março/2002. As análises químicas e físicas foram realizadas mensalmente, e os resultados obtidos podem ser observados no quadro 01, a seguir.
6 Santos, A.B. et al. 176 TABELA 02. Composição percentual de semente de capim arroz (Echinochloa sp) e outros componentes encontrados no subproduto da secagem do arroz, por vários pesquisadores. Uruguaiana Uruguaiana Uruguaiana Santa Maria Santos/ Santos/ Componentes em % Santos (1992) (Olivo) Peruzzi Galarça 1º ano 2º ano (1999) (2001) Grãos de arroz inteiros 2,97 18,21 3, ,62 Grãos chochos 8,91 3, ,6 Grãos quebrados 32,67 18,68 26,66 16,66 19,9 Grãos de Echinochloa sp 14,85 7,57 57,14 43,33 63,8 Palha 4,90 1,46 8,88-11,67 Casca 11,88 35,52-8,33 1,56 Outras partículas - - 3,43 1,66 0,85 Quadro 01. Análises químicas e físicas da água, por tanque durante os meses do experimento. Mês Oxigênio O 2 (ppm) Amônia (mg/l) Nitrito (mg/l) Tanques ph Transparência a b c a b c a b c a b c a b c 1 8,0 8,0 8, ,0 6,0 6,0 13,0 13,0 13,0 2 7,5 7,5 7,5 0,5 0,5 0,5 0,01 0,01 00,1 7,0 6,5 6,5 12,0 12,0 12,0 3 7,5 7,5 7,5 0,5 0,5 0,5 0,01 0,01 0,01 6,5 6,5 6,5 20,0 13,0 34,0 4 5,0 4,5 5,0 0,5 1,0 1,0 0,05 0,03 0,03 5,5 5,5 5,5 7,0 8,0 6,0 5 4,5 4,0 4,0 1,0 1,0 1,0 0,025 0,03 0,025 6,5 6,5 6,5 10,0 13,0 13,0 6 6,0 6,5 6,5 0,5 0,5 0,5 0,03 0,03 0,03 6,0 6,0 6,0 27,0 27,0 27,0 Conforme GALLI & TORLONI (1985), as carpas resistem bem às quedas do teor de oxigênio dissolvido, suportando até 3,2 mg/litro. TAVARES (1995) afirma que os peixes apresentam tolerância aos diferentes compostos nitrogenados até uma determinada faixa, para amônia, entre 0,6 e 2,0 mg/l. GODOY (1986) afirma que o nitrito não deve ultrapassar o valor de 1,0ppm já TAVARES (1995), destaca que não deve exceder a 0,5mg/l. (cm) CASTAGNOLLI & CYRINO (1986), citam que a faixa bastante tolerável para os seres vivos está entre ph 5,0 e 9,0. Durante o experimento, o oxigênio dissolvido variou entre 4,0 e 8,0 ppm, a amônia entre 1,0 e 0,5 mg/l, o nitrito entre 0,01 e 0,05 mg/l, e o ph entre 5,5 e 7,0. Sendo assim, as variações químicas e físicas da água não influenciaram negativamente no experimento. A transparência variou entre 6,0 e 34,0 cm, devido ao desenvolvimento do
7 177 Criação consorciada... plâncton motivado pela degradação da apresentava-se com maior número de matéria orgânica dos dejetos dos peixes e partículas em suspensão. A aferição do pela água da barragem que nutria os volume de plâncton durante o experimento tanques e que, em determinadas épocas, está representada conforme tabela a seguir Tabela 03. Aferição do volume de plâncton TANQUE A TANQUE B TANQUE C PLÂNCTON PLÂNCTON LEGENDA : + = POUCO ; ++ MÉDIO; +++ MUITO Conforma a tabela 03, o tanque A que é responsável pelo tratamento só com vegetais foi o que apresentou menor volume de plâncton (+) em relação ao tanque B e C. O tanque B, onde o tratamento foi com vegetais e semente de capim arroz apresentou maior volume de plâncton (+++) que os outros tanques. Observa-se que nos tanques com resíduos de fezes dos peixes com vegetais triturados e restos de amido dos alimentos com semente de capim arroz, proporcionou um melhor desenvolvimento de plâncton. Sendo o plâncton um alimento rico em PB deve ter colaborado na melhoria nutricional dos peixes, notadamente nas carpas húngaras, por serem onívoras. As carpas húngaras iniciaram os tratamentos com peso médio inicial de 6,8; 7,7 e 7,9g e durante 189 dias, obtiveram peso médio de 11,3; 43,0 e 50,3 sendo que o ganho de peso diário foi: 0,024; 0,186 e 0,224 g/dia respectivamente. Já, as carpas capim apresentaram peso médio inicial de 5,6, 4,0 e 4,9g e em 189 dias obtiveram peso de 44,7; 55,7 e 6,6g sendo que o incremento diária foi de 0,207; 0,274 e 0,009 g/dia. No atual experimento, a carpa húngara apresentou maior ganho de peso no tratamento com semente de capim arroz (T3) 0,22g/dia e a carpa capim com semente de capim arroz vegetais (T2), 0,27g/dia. Sendo que os resultados apresentaram-se compatíveis com os de Peruzzi (1999), que encontrou o melhor ganho de peso (0,291 g/dia) na alimentação com semente de capim arroz e vegetais, seguido de vegetais (0,1957 g/dia) e semente de capim arroz (0,0728 g/dia). SANTOS (1992) encontrou melhor resultado no ganho de peso em carpas húngaras no tratamento com semente de capim arroz em tanques adubados com esterco de aves. O que destaca que a semente de capim arroz possui excelente aproveitamento pelas carpas húngaras.
8 Santos, A.B. et al. 178 TABELA 04. Médias e desvio padrão do peso (g), comprimento (cm), mortalidade (%), biomassa total das espécies por tratamento. Parâmetros Espécie Tratamentos Média Desvio Padrão T1 49,03 a 17,04 Carpa Capim T2 51,73 a 5,204 Ganho de peso (g) T3 1,76 b 0,611 T1 4,461 c 3,257 Carpa Húngara T2 35,33 b 0,13 T3 42,23 a 3,435 T1 7,13 a 1,148 Carpa Capim T2 8,30 a 0,30 Crescimento em T3 1,266 b 0,152 comprimento (cm) T1 1,40 b 0,91 Carpa Húngara T2 5,16 a 0,32 T3 5,06 a 0,45 T1 17,0 b 6,92 Carpa Capim T2 15,33 b 9,81 Mortalidade (%) T3 42,0 a 23,25 T1 69,66 a 2,30 Carpa Húngara T2 11,0 b 5,19 T3 12,66 b 4,50 T1 1312,0 a 418,34 Biomassa Total Carpa Capim T ,50 a 120,24 T3 159,20 b 17,02 T1 270,40 c 79,68 T2 1035,25 b 14,06 Carpa Húngara T3 1207,20 a 96,06 Letras diferentes na mesma coluna para cada espécie representa diferença significativa (P<0,01) TABELA 05. Relação do crescimento em peso e comprimento por dia das carpas capim e húngaras por Crescimento tratamento. Espécies Tratamentos T1 T2 T3 Peso Carpa húngara 0,024 0,186 0,224 g/dia Carpa capim 0,259 0,274 0,009 Comprimento Carpa húngara 0,025 0,027 0,027 cm/dia Carpa capim 0,038 0,031 0,007 DORIA & LEONHARDT (1993), obtiveram os valores de peso inicial de 8,2g e final 598,6g, obtendo incrementos diários em peso de, 86g/dia com Cyprinus carpio em policultivo com Colossoma macropomu, Piaractus mesopotamicus e Prochilodus scrofa, utilizando ração contendo 28% PB e adubação orgânica. Já, RAPPAPORT & SARIG (1979), utilizando ração com 25% de proteína, encontraram um incremento de peso entre 3,0g/dia e 5,18g/dia em carpas. GRAEFF (1997), obteve como resultado de seus tratamentos 0,36 e 0,60 g/dia, na análise de velocidade de crescimento em carpas (Cyprinus carpio var especularis) em fase de engorda no período de inverno. BERNARDINO & FERRARI (1989), ao estudar os efeitos do
9 179 Criação consorciada... uso de ração comercial no desempenho do pacu, Piaractus mesopotamicus em cativeiro, utilizando ração com 22% de PB, obtiveram como resultado: peso médio final de 624g e crescimento diário de 1,68g/dia; sendo os que não receberam a ração, obtiveram como resultado: peso médio final 36,6g e crescimento médio diário 0,06g/dia. Comparando os dados citados, podemos identificar que o crescimento com ração apropriada apresenta um ganho de peso superior ao atual encontrado no experimento. Já BERNARDINO & FERRARI (1989) obtiveram crescimento 10 vezes inferior ao obtido na atual pesquisa quando não utilizaram ração. Os dados do experimento com a utilização de subprodutos ficaram numa faixa intermediária entre aqueles que utilizaram e os que não utilizaram a ração. O crescimento em comprimento, obteve as seguintes médias durante o período experimental para a carpa húngara: 0,007; 0,027 e 0,027cm/dia.. Sendo que o peso inicial e final foi: 5,8; 5,9 e 6,1cm e 7,2; 11,1 e 11,2 respectivamente, para os tratamentos com vegetais, vegetais e semente de capim arroz e semente de capim arroz. As carpas capim obtiveram crescimento em comprimento diário de 0,038; 0,044 e 0,007 cm/dia, sendo que o comprimento inicial foi de 6,5; 5,5 e 6,3cm e após 189 dias, o crescimento final obtido foi e 13,6; 13,8 e 7,5 cm, entre os tratamentos (tabela 05). O melhor desenvolvimento em comprimento para a carpa capim foi no tratamento com vegetais, seguido de semente de capim arroz e vegetais e semente de capim arroz, o que difere de PERUZZI (1999), que encontrou melhor desenvolvimento em comprimento nos tratamentos com semente de capim arroz e vegetais (0,349 mm), seguido de vegetais (0,2585mm) e semente de capim arroz (0,163 mm). A carpa húngara obteve melhor crescimento em comprimento quando tratadas com semente de capim arroz e suplementação vegetal (T2) e semente de capim arroz, 0,027 e 0,027cm/dia respectivamente. DORIA & LEONHARDT (1993), obtiveram os valores de comprimento inicial de 7,6cm e final de 30,94 cm durante um período de 6 meses. Sendo os valores médios de incrementos diários de 0,018cm/dia para carpa húngara em policultivo com Colossoma macropomum, Piaractus mesopotamicus e Prochilodus scrofa utilizando ração com 28% de PB e adubação orgânica. No entanto, as carpas húngaras e capim alimentadas com semente de capim arroz e vegetais (T2), obtiveram melhor sobrevivência 86% e 85% (tabela 05), como também a carpa húngara alimentadas com semente de capim arroz (T3), 86%.
10 Santos, A.B. et al. 180 DORIA, et al. (1993), utilizando tratamento com ração peletizada contendo 28% PB em policultivo, obteve taxa de sobrevivência para todo o lote de 88,77%. Sendo que, separadamente por espécies, a carpa apresentou a maior taxa com 92,89%, em seguida o curimbatá com 88,48%, o pacu com 87,87% e o tambaqui com 72,72%. GRAEFF, et al. (2001), obteve sobrevivência de 92,5; 97,5, 92,5 e 92,5 com carpas comum (Cyprinus carpio) testando a viabilidade do uso de resíduos de cevada em substituição ao farelo de soja. SILVA NETO, et al. (1988), afirmam que a taxa de mortalidade acumulada durante o período experimental (com Cyprinus carpio) foi de 14%, não obtendo valor significativo. BERNARDINO & FERRARI (1995), obtiveram sobrevivência de 94,0%, quando testaram o efeito do uso de ração comercial no desempenho de pacu (Piaractus mesopotamicus) em cativeiro. Podemos observar que os melhores dados de sobrevivência estão em torno de 86% que se aproxima da maioria dos autores. As carpas húngaras no T1: alimentadas com somente vegetais foram as que apresentaram maior mortandade, cerca de 71% e as carpas capim apresentaram maior índice de mortandade quando alimentadas somente com semente de capim arroz, no T3, cerca de 42%, conforme tabela 05. As taxas altas de mortalidade e baixo desenvolvimento está diretamente relacionada a deficiência alimentar causada pela alimentação deficiente de fibras nas carpas capim e deficiência de amido e proteína no alimento utilizado por carpas húngaras. Os tratamentos onde havia vegetais, possibilitaram a carpa capim apresentar melhor sobrevivência e desenvolvimento, devido a sua natureza alimentar que é herbívora. Consequentemente, a alimentação com semente de capim arroz, não supriu sua necessidade alimentar e ocasionou em aumento da mortandade e pouco desenvolvimento, pois segundo FURTADO (1995), a Ctenopharyngodon idella, alimenta-se de vegetação aquática submersa, além de gramas, capim não-seco em grandes quantidades (diariamente entre 30 a 90% de seu peso). Baseado nos dados do autor acima, pode-se identificar que a carpa capim necessita de grande número de vegetais na sua alimentação diária, podendo-se concluir que a mudança drástica desse hábito alimentar enfraquece o animal, podendo ser essa a provável causa da grande mortandade. A importância das fibras na alimentação de peixes herbívoros também foi ressaltada por: FOSSE, et al., 1997)
11 181 Criação consorciada... apud KUBITZA, (1999) que obteve melhor crescimento e conversão alimentar do matrinxã quando elevou de 10% para 20% a inclusão de feno de alfafa na ração, elevando assim, o nível de fibra bruta. A carpa húngara quando alimentada com vegetais, embora possuindo dentes faringeanos que poderiam triturar o alimento, obteve um elevado índice de mortandade, devido a pouca digestibilidade que possui para fibras, porém, possui grande necessidade de proteína. PAIVA, et al. (1971), classificam as proteínas como um dos nutrientes mais importantes para a vida e crescimento dos peixes. As porcentagens de proteínas, nas rações mais eficientes, variam de espécie para espécie. Espécies herbívoras parecem prosperar com baixos níveis relativos de proteína, até 20% ou menos. A carpa húngara alimentam-se de proteína de origem animal e vegetal (LOGATO, 2000) e utilizam alimentos pertencentes a dois ou mais níveis tróficos (VADAS, 1990). Alimenta-se naturalmente de zooplânctons e bentos, aceitando também alimentos artificiais, desde que pastosos e folhas tenras de vegetais (FURTADO, 1995). Conforme FURTADO (1995), a carpa capim é uma espécie que produz bastante esterco (adubo orgânico), sendo portanto muito utilizada para o cultivo com outras espécies. Assim o grande volume de fezes desta, é produtora de adubo para a formação de plâncton, que irá suprir as deficiências protéicas do capim arroz na alimentação de carpas húngaras. SCHROEDER, (1980) ressalta que a produção de plâncton 50 a 100 vezes superior é de tanques não fertilizados e que a produção de proteína no zooplâncton é de 56% com base na matéria seca. Podemos observar através dos dados obtidos que as carpas alimentadas com elementos variados (semente de capim arroz, vegetais e plâncton) aumentam o peso e o comprimento, por suprir suas necessidades nutricionais e consequentemente, tem uma baixa mortandade.
12 Santos, A.B. et al. 182 TABELA 05 - Número inicial e final de alevinos, porcentagem de sobrevivência, mortandade por tratamento e por espécie. ESPÉCIE TRATAMENTO Nº INICIAL Nº FINAL % VIVOS % MORTOS CARPA HÚNGARA CARPA CAPIM vegetais % 71% vegetal + s.c.arroz % 14% s. capim arroz % 14% TOTAL vegetais % 17% vegetal + s.c.arroz % 15% s. capim arroz % 42% TOTAL No estudo da biomassa total, somando-se o ganho de peso para a carpa capim e carpa húngara constatamos que o tratamento com semente de capim arroz e vegetais (T2) foi o que proporcionou o melhor resultado. Mesmo resultado encontrado por PERUZZI (1999) que obteve produção estimada de kg/há/ano em carpas capim. SANTOS (1992) obteve produção de kg/há/ano para carpas húngaras com tratamento de semente de capim arroz em tanques adubados com esterco de aves. CONCLUSÕES Nas condições em que se realizou o experimento podemos obter as seguintes conclusões: A carpa capim obteve maior crescimento em peso e comprimento quando alimentada com semente de capim arroz e vegetais. A carpa húngara obteve maior crescimento em comprimento quando tratada com semente de capim arroz e vegetais e semente de capim arroz e melhor ganho de peso quando tratada com semente de capim arroz. O maior crescimento em biomassa foi tratado com semente de capim arroz e vegetal. O tratamento que apresentou menor mortandade foi com semente de capim arroz e vegetal. A semente de capim arroz é viável como suplemento na alimentação de carpas húngaras e carpas capim sendo que nessas, quando acompanhadas de vegetais. REFERÊNCIAS BERNARDINO, G. & FERRARI, V.A. Efeitos do uso de ração comercial no desempenho do pacu, Piaractus mesopotamicus HOLMBERG, 1887, em
13 183 Criação consorciada... cativeiro. B. Técnico do CEPTA, Pirassununga, 2 (único): 19-33, CASTAGNOLLI, N. & CYRINO, J.E.P. Piscicultura nos Trópicos. São Paulo, Manole, p. DORIA, C.R.C.; CAVICCHIOLO, M.; ZANONI, M.A. & LEONHARDT, J.H. Análise preliminar da produção do policultivo semi-intensivo com arraçoamento e adubação orgânica de Cyprinus carpio (Pisces: Cyprinidae), Prochilodus scrofa (Pisces: Prochilodontidae), Piaractus mesopotamicus e Colossoma macropomum (Pisces: characidae). Revista UNIMAR 15 (suplemento): , GALLI, L.F.; TORLONI, C.E. Criação de Peixes. São Paulo, Nobel p. GRAEFF, A. Efeito da Densidade de Povoamento na Produtividade Final em Carpas (Cyprinus carpio var specularis) em Fase de Engorda. 1. Período: Inverno. R. Bras. Zootec., v. 26, n.3, p , GRAEFF, A.; PRUNER, E.N.; & SPENGLER, M.M. Efeito da substituição do farelo de soja pelo resíduo de cevada na alimentação da carpa comum (Cyprinus carpio L.). Revista Ceres, 48(280): , GODOY, M.P. Elementos de biologia de peixes e de qualidade de água. Florianópolis. Eletrosul, p. DORIA, C.R.C. & LEONHARDT, J. Análise do crescimento de Cyprinus carpio (Pisces: Cyprinidae) em sistema de policultivo semi intensivo com arraçoamento e adubação orgânica. Revista UNIMAR 15 (suplemento): , FURTADO, J.F.R. Piscicultura: uma alternativa rentável. Guaíba: Agropecuária, p. KUBITZA, F. Nutrição e alimentação dos peixes cultivados. 3º ed. Jundiaí: F. Kubitza, p. LOGATO, P.V.R. Nutrição e alimentação de peixes de água doce. Viçosa: Aprenda Fácil, p. OLIVO, C.J.; BRUM, A.E.S.; VIEIRA, M.P.; DE BOIS, A.N.; RITTER, H. e SCHIMIDT, M.V.C. Componentes e
14 Santos, A.B. et al. 184 composição química de resíduos de limpeza de arroz e sua utilização na alimentação de novilhas leiteiras. Ciências Rurais. Santa Maria. 21 (2): PAIVA, C.M.; FREITAS, J.V.F.; TAVARES, J.R.P. & MAGNUSSON, H. Rações para piscicultura intensiva no nordeste do Brasil. Boletim Técnico DNOCS, Fortaleza, 29(2):1-18, jul/dez, Proceedings of... Manil, Philippines, ICLARM/SEARCA, p.73-86, SILVA NETO, B.C. Densidade de povoamento na criação intensiva de carpas (Cyprinus carpio comunnis L). Bol. Inst. Pesca. São Paulo. 15 (1): 13-17, TAVARES, L.H.S. Limnologia Aplicada à Aquicultura. Boletim Técnico Nº 1. Jaboticabal: FUNEP, p. PERUZZI, P. Estudo da criação de carpa capim (Ctenopharyngodon idella) alimentada com semente de capim arroz (Echinochloa sp). Monografia de Graduação em Ciências Biológicas. PUCRS - Campus Uruguaiana, VADAS, R.L. The importance of omnivory and predator regulation of prey in freshwater fish assemblages of North América. Env. Biol. Fish., 27(4): , 1990 SANTOS, A.B. Estudo do ganho de peso e crescimento de carpas húngaras Cyprinus carpio L, 1758 tratadas com Capim arroz Echinochloa sp em tanques adubados. Santa Maria-RS. UFSM P. 98. Dissertação de Mestrado. SCHROEDER, G.L. Fish farming in manure-loaded ponds. In: CONFERENCE ON INTEGRATED AGRICULTURAE AQUACULTURE FARMING SYSTEMS, Manila, Philippines, 6-9 Aug.
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