COMERCIALIZAÇÃO DA CARNE OVINA EM JUAZEIRO DO NORTE, CRATO E BARBALHA, CEARÁ: ALGUNS ASPECTOS

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1 do Norte-CE, 17 a 19 de Dezembro de 212 EU 212 COMERCIALIZAÇÃO DA CARNE OVINA EM JUAZEIRO DO NORTE, CRATO E BARBALHA, CEARÁ: ALGUNS ASPECTOS 1 Introdução Maria Jayane Mota Bezerra 1 Fabiano da Silva Ferreira 2 Renata Fernandes de Matos 1 Paulo Ricardo Alves dos Santos 1 Filomena Nadia Rodrigues Bezerra 1 O consumo de carne ovina no Brasil, apesar de ser ainda muito baixo, tem experimentado um incremento animador, principalmente nas grandes cidades. Enquanto o consumo per capita é estimado em menos de 1, kg por ano, o consumo em países Árabes e da Europa varia de 4, a 8, kg (DANTAS, 21). Segundo Pereira Neto (24), a carne ovina era considerada um subproduto da ovinocultura sendo consumida, principalmente, nos estabelecimentos rurais. Sua comercialização era desorganizada, inclusive com abate de animais de baixa qualidade que eram enviados ao mercado consumidor. Isto criou uma imagem desfavorável do produto. Porém, este cenário está mudando à medida que a carne ovina recebe destaque no mercado de carnes. Atualmente, o perfil dos sistemas produtivos demonstra mudanças, pois é crescente o número de pequenas e médias propriedades rurais que estão se especializando na ovinocultura orientada para produção de carne. Nos últimos anos, a carne ovina tem sido encontrada em supermercados, açougues e restaurantes finos das grandes cidades, quebrando o paradigma do consumo apenas rural e em pequenas cidades do interior (COUTO, 1999). Apesar do baixo nível tecnológico ainda presente em todo processo produtivo, a ovinocultura de corte no Brasil, principalmente no Nordeste, tem apresentado configurações que a coloca numa posição privilegiada no cenário do agronegócio. Segundo IBGE (212), no Brasil, o número de cabeças de ovinos passou de em 29 para em 211. No Nordeste, o crescimento entre os dois anos foi de cabeças e no Estado do Ceará esse incremento foi de cabeças no referido período. São valores que mostram a forte evolução do setor. Na região Nordeste, onde se concentram 9% do efetivo de ovinos do Brasil, a maioria das explorações praticam sistemas de produção pouco tecnificados, utilizando animais de descarte desqualificados para atender as exigências do mercado consumidor, em termos de regularidade, qualidade e preço dos produtos cárneos, o que provoca um desequilíbrio entre a oferta e demanda e, consequentemente, oscilações de preços. Nesse contexto, o objetivo do presente estudo foi realizar um diagnóstico da comercialização de carne ovina nas cidades cearenses de do Norte, e. De forma específica, avaliou-se a forma como é feita a venda da carne pelos comerciantes; a forma como a carne é 1 Estudante do Curso de Engenharia Agronômica- Universidade Federal do Ceará- Campus Cariri. -CE. E- mail: jayanemota@alu.ufc.br; abcderenata@hotmail.com; paulo_ptg@hotmail.com; nadiarodrigues- 3@hotmail.com. 2 Prof. M.Sc. em Economia Rural. Curso de Engenharia Agronômica- Universidade Federal do Ceará- Campus Cariri. -CE fabianoferreira@cariri.ufc.br. 1

2 % de comerciantes % comerciantes do Norte-CE, 17 a 19 de Dezembro de 212 EU 212 adquirida nas três cidades e a intenção de aquisição da carne relacionada ao preço de mercado e à qualidade do produto. 2 Metodologia/ Resultados A pesquisa constou de duas fases: aplicação de questionários e análise dos dados coletados. Na fase 1, foram entrevistados no mês de dezembro de 211, com a aplicação de questionários contendo questões objetivas e subjetivas, doze comerciantes com perfil de negociar carne de carneiro, distribuídos nas cidades cearenses de do Norte, e. A pesquisa foi realizada levando-se em consideração dois diferentes tipos de comerciantes: com alguns dos que já vendem a carne de carneiro e com alguns dos que não estavam mais vendendo a carne de carneiro. Para os comerciantes que já vendiam carne ovina, o objetivo foi obter informações acerca do tempo que os mesmos estavam no ramo, como era a procura pela carne, quais os cortes da carne que eram ofertados e quais os cortes mais demandados pelos consumidores, bem como a origem da carne. Além dessas informações, buscou-se também saber se o respectivo comerciante compraria mais carne de carneiro, se algum criador ofertasse mais barato, qual seria a quantidade e com que frequência o mesmo gostaria de comprar mais dessa carne, com que preço a carne ovina era comprada, se a carne de algum criador fosse melhor, quanto o comerciante pagaria a mais pelo produto e se o mesmo gostaria de comprar carne de carneiro com algo diferente ou inovador no mercado. No caso dos comerciantes que não estavam mais vendendo carne ovina, o objetivo foi obter as mesmas informações mencionadas anteriormente e, principalmente, saber o motivo de não terem continuado a vender carne de carneiro e se estariam dispostos a voltar a exercer a atividade. A fase 2 foi realizada a partir das informações obtidas da tabulação dos dados, que foi realizada com o uso do software Excel 27, onde os dados obtidos foram dispostos em planilhas eletrônicas para agrupamento, classificação e análise. As perguntas objetivas tiveram as respostas contabilizadas adotando-se peso 1 para a resposta dada pelo entrevistado. O somatório dos pesos obtidos permitiu mostrar o percentual de cada resposta diante do total de entrevistados. As respostas subjetivas foram todas registradas individualmente para análise e, em seguida, inseridas separadamente em grupos de respostas semelhantes. A seguir, são apresentados nas Figuras 1 e 2 algumas das informações obtidas a partir da pesquisa com os comerciantes Grande Demanda Pequena Local de aquisição Granja local Criador local Fornecedor de fora (1) (2) Figuras 1 e 2: Demanda e local de aquisição de carne ovina de acordo com os comerciantes entrevistados. 2

3 % comerciantes do Norte-CE, 17 a 19 de Dezembro de 212 EU 212 Todos os comerciantes entrevistados nas cidades de, do Norte e afirmaram ser grande a procura pela carne de carneiro, o que se reflete nas vendas, indicando ser uma carne bem aceita pela população caririense, que possibilita uma boa comercialização gerando grande retorno econômico aos vendedores. 1% desses vendedores trabalham e/ou atuam no ramo há muito tempo, alguns com mais de 4 anos de vendas, indicando ser uma necessidade recente pelo produto. O fornecedor da carne varia entre as cidades e também dentro da cidade. No 1% é adquirido de criadores locais, que ao abater o animal o encaminham diretamente aos frigoríficos. Em do Norte houve a maior variação na origem da carne, que é adquirida de granjas locais, criadores locais e/ou de fornecedores de outras cidades. Indagados se comprariam mais carne para revender se essa fosse mais barata, 1% dos comerciantes de e afirmaram que sim, pois teriam maior margem de lucro em sua venda, e comprando mais barato poderiam até vender por menor preço e teriam certeza do escoamento do produto. Em, 33,3% afirmaram que sob a condição de ser mais barato comprariam mais carne, e 66,67% afirmaram que poderiam comprar, mas dependeria da qualidade e higiene dessa carne. Afirmando que nem sempre o mais barato possui melhor qualidade (FIGURA 3) Disposição a comprar mais Sim Depende Figura 3: Disposição da compra de carne ovina, caso o produto fornecedor fosse mais barato, de acordo com os comerciantes entrevistados. A aquisição se daria semanalmente, o que foi afirmado por 1% dos comerciantes entrevistados nas três cidades. Essa frequência de aquisição indica que o estoque dessa carne precisa ser reposto em um curto espaço de dias, proporcionando uma adequação periódica dos produtores. Perguntados se estavam dispostos a pagar um pouco mais por uma carne melhor, 66,7% dos vendedores do afirmaram que pagariam sim e 33,3% afirmaram que dependeria, pois teriam de ter certeza da revenda dessa carne a preços mais altos. Em do Norte, 33,3% indicaram que pagariam mais, outros 33,3% indicaram que não e o restante, 33,3% ficaram em duvida, o que mostra que alguns não priorizam a qualidade do produto e sim seu preço (Figura 4). 3

4 % comerciantes do Norte-CE, 17 a 19 de Dezembro de 212 EU 212 Disposição a pagar Sim Depende Não Figura 4: Disposição da comprar de carne ovina, caso o produto fornecedor fosse melhor, de acordo com os comerciantes entrevistados. Quanto à demanda dos comerciantes por inovações na carne de carneiro ofertada pelos fornecedores, apenas os comerciantes de afirmaram que sim, o que representou 8% nessa cidade. Os outros 2% não desejam inovações nesse produto. Em do Norte, 1% afirmam depender do tipo de inovação para que pudessem adquirí-la. Em, 33,3% também afirmam depender do tipo de inovação, e a maioria, em um total de 66,7% não desejam nenhuma inovação, permanecendo com o produto que adquiriam (Figura 5) Sim Depende Não Figura 5: Disposição da comprar de carne ovina com algo diferente ou inovador, de acordo com os comerciantes entrevistados. Em do Norte um dos comerciantes entrevistados que afirmou não comercializar mais carne de carneiro, apontou como motivos: a pouca procura pelo produto, que só adquiria a carne de um fornecedor de fora do município, dificultando os negócios e o fato de ter optado por mudar para a venda de frango, mesmo se tivesse acesso a uma carne ovina de melhor qualidade, pois afirma que vale a pena, pretendendo assim, continuar no ramo. Nessa cidade, foi informado ainda que o quilograma da carne era adquirido pelo equivalente a R$ 11,; entretanto, que a forma mais frequente de venda era o quarto traseiro e o quarto dianteiro. A mesma forma de venda foi apontada em, porém, nesta cidade, o quilograma da carne era adquirido pelo equivalente a R$ 1,, o mesmo valor foi informado na cidade de. Percebe-se, então, que se trata de uma região com grande mercado a ser atingido e vai de encontro ao que é visto em EMBRAPA CAPRINOS E OVINOS (21) quando afirmou 4

5 do Norte-CE, 17 a 19 de Dezembro de 212 EU 212 que a demanda por carne de ovinos no Brasil cresce aproximadamente 25% ao ano. Entretanto, o País não consegue atender o consumo e precisa importar animais para tentar e/ou suprir o déficit de oferta. Por outro lado, produtores reclamam da concorrência desleal com a carne importada, que é mais barata e de qualidade inferior. As estimativas de consumo de carne ovina no Brasil são imprecisas, tanto por falta de organização do setor quanto pelo problema do abate clandestino. 3 Conclusões - Conclui-se que a carne de carneiro é um produto já presente há bastante tempo no consumo nas cidades de do Norte, e ; - Os criadores locais são os principais fornecedores desse produto, principalmente no, onde existe um grande potencial para aumento desse fornecimento; - 1% dos comerciantes em e e 33,3% em comprariam mais carne para revender se essa fosse mais barata, onde a aquisição se daria semanalmente; - 66,7% dos comerciantes em e 33,3% em pagariam mais por uma carne melhor e em 8% afirmam depender de outros fatores para esse investimento; - foi à única cidade que deseja comprar carne com algo diferente, o que foi afirmado pelos vendedores, já em e a aquisição também ocorre, porém dependente de outros fatores, como o tipo de inovação; - A significativa demanda na cidade de do Norte confirma que vale a pena investir na produção e oferta de carne de carneiro. 4 Referências COUTO FILHO, C. Apele como fonte de renda. In: WORKSHOP SOBRE CAPRINOS E OVINOS TROPICAIS, 1. Fortaleza Anais. Fortaleza, Banco do Nordeste, 1999, p DANTAS, A. Posição dos abatedouros dentro de um Programa Nacional de Ovinocaprinocultura In: MIZUTA, K.; SILVEIRA, M.A.; COUTO, F.A.A. et al. Apoio à cadeia produtiva da ovinocaprinocultura brasileira: Brasília, DF: MCT/CNPq/MAPA. Relatório Final p. EMBRAPA CAPRINOS E OVINOS. Demanda por carne ovina cresce 25%, mas oferta é baixa. Disponível em: < Acesso em 12 out IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Pesquisa Pecuária Municipal. Disponível em: < Acesso em: 3 set PEREIRA NETO, O. (Org.) Práticas em ovinocultura: ferramentas para o sucesso. Porto Alegre: SENAR RS, p. 5