Relatório sobre os prejuízos das enchentes de setembro de 2011 no Vale do Itajaí

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2 Relatório sobre os prejuízos das enchentes de setembro de 2011 no Vale do Itajaí Santa Catarina foi atingida por fortes chuvas em setembro deste ano, chuvas que por mais um ano causam estragos para as cidades do estado, principalmente para aquelas situadas no Vale do Itajaí. Com o objetivo de avaliar o tamanho dos estragos trazidos pelas chuvas para o comércio, a FECOMÉRCIO-SC realizou uma pesquisa entre os dias 19 e 22 de setembro com 68 comerciantes das cidades de Blumenau, Itajaí e Rio do Sul. Comerciantes que tinham nos seus estabelecimentos uma média de 13,5 colaboradores. Segue abaixo os setores entrevistados: Setor Ocorrências Vestuário 25,00% Calçados 2,90% Supermercados 1,50% Farmácias 4,40% Foto e som 2,90% Informática 1,50% Móveis 4,40% Auto peças 5,90% Rev. Veículos 2,90% Óticas e Jóias 4,40% Postos de Gasolina 1,50% Materiais de construção 1,50% Outros 41,20% Estoques Com base nesta amostra, uma primeira informação levantada foi o investimento que estas empresas haviam realizado em estoque nos últimos 6 meses, chegando-se ao valor médio de R$ ,00 investidos em estoque. Sendo que 77,9% dos empresários tem investimentos à prazo, com tempo médio de comprometimento de 5,8 meses. Assim, em um momento onde os empresários haviam ampliado seus estoques para as vendas de final de ano, a enchente os pegou de surpresa.

3 Foi averiguado que 34% dos produtos a serem vendidos pelas lojas se perderam com a enchente, ou seja, em um momento de alto investimento, majoritariamente através do crédito, uma grande perda como essa é de grande prejuízo para as empresas. Desta forma, também foi investigado se estes empresários conseguiriam honrar suas dívidas com estoque, sendo que 26,8% afirmaram que não terão como pagar suas dívidas com dinheiro próprio. Além disso, como as festas de final de ano estão chegando, é necessário que as empresas tenham um bom estoque para fazer frente ao aumento natural da demanda. Desta forma, também foi perguntado se os empresários teriam capacidade de repor o estoque destruído com capital próprio, chegando-se a resposta de que 56,1% não terão esta capacidade.

4 Infraestrutura Já ao tratarmos da infraestrutura, o investimento realizado nos últimos 6 meses foi em média de R$ ,00, sendo que 41,2% dos empresários não realizaram investimentos infraestruturais e, dentre os que realizaram, a maioria (45,6%) tem investimentos à vista. Entretanto, o prazo médio de endividamento daqueles que realizaram investimentos no crédito aqui é bastante dilatado, ficando em 24,9 meses. Considerando toda a infraestrutura, foi levantado pela pesquisa que 33% dela foi perdida durante a enchente. Já em relação à capacidade dos empresários que realizaram investimentos na estrutura física das lojas de pagar suas contas, foi identificado que a maioria deles, 52%, não terá condições de quitar suas dívidas, um número bastante expressivo e preocupante.

5 Dentre os que tiveram perdas em estrutura física, 45,9% afirmaram que não conseguirão repor os estragos com capital próprio, fazendo com que a situação fique longe de voltar à normalidade. Dias fechado Além do prejuízo físico, facilmente percebido, outro prejuízo que tem de ser considerado é o de dias em que as lojas permaneceram fechadas durante a enchente e após ela, tratando de tentar consertar os danos. Com isto, levantou-se que em média as empresas ficaram fechadas 6,8 dias, fazendo com que as perdas estimadas com as vendas não realizadas ficasse em uma média de R$ ,00 por empresa. Recorrência da catástrofe e ausência de auxílio estatal Um dado levantado que ajuda a dar a dimensão do problema é o fato de que 69,1% dos entrevistados já sofreram em outras oportunidades com fenômeno similar, ou seja, mais de uma vez já tiveram prejuízos com as enchentes que recorrentemente atingem o Vale do Itajaí.

6 Se o fato do fenômeno se repetir já é alarmante, outra informação extremamente importante é a de que, mesmo com todas estas perdas, 80,9% dos empresários não receberam nenhuma espécie de ajuda por parte das autoridades competentes para conseguir enfrentar este período de dificuldades. Ajuda que não se trata de nenhum assistencialismo, pois é extremamente necessária para que estes empresários consigam atravessar esse período de dificuldades para que continuem a gerando empregos e movimentando a economia. Já dentre os poucos que receberam auxílio, todos tiveram prorrogação no pagamento de impostos.

7 Relatório sobre os prejuízos das enchentes de setembro de 2011 em Rio do Sul Rio do Sul foi a cidade que teve seu comércio mais castigado neste trágico setembro de Desta maneira, se fez necessário a sua análise separada, onde os prejuízos do comércio foram consideravelmente superiores aos da média. Estoques O investimento em estoques aqui foi maior do que nas outras cidades nos últimos 6 meses, sendo que seu valor médio foi de R$ A maioria deste investimento foi realizado com base no crédito, com um tempo médio de comprometimento com as dívidas de 6 meses. Com este alto grau de endividamento, não é de se surpreender que 38,1% dos empresários não terão condições de quitar suas dívidas, dado muito preocupante.

8 A perda dos estoques dos lojistas aqui também foi superior ao da média das cidades entrevistadas, ficando no alto percentual de 40,6% de perdas. Esse alto percentual está na origem do também alto número de estabelecimentos que não conseguirão repor seu estoque com capital próprio, parcela que chega aos 63,6%. Infraestrutura Em Rio do Sul o investimento na estrutura física das lojas foi de R$ ,00, maior que o da média. Entretanto, aqui a maioria do investimento foi feito à vista (42,3%), sendo que uma parcela de 34,6% não realizou investimento algum neste item. Já para os 23,1% que utilizaram o crédito, o tempo médio de endividamento é de 17 meses.

9 Ao se perguntar se os empresários de Rio do Sul terão condições de quitar as dívidas dos investimentos a prazo com infraestrutura com dinheiro próprio, a resposta foi de que 61,5% não terão como pagar, um fato que se não for sanado pode gerar sérios problemas à estrutura de pagamentos da economia da região. Já a perda total da estrutura física das lojas ficou em uma média de 54,72%, ou seja, mais da metade da infraestrutura do comércio da cidade foi perdida. Uma estatística que choca e causa perplexidade pelo seu tamanho. Esse alto volume de perdas, para 48% dos empresários não poderá ser reposto com capital próprio.

10 Dias fechado Em relação à média de dias que as lojas permaneceram fechadas e deixaram de vender, o total foi de 10,23 dias, com uma média de perdas de R$ ,00 por empresa. Recorrência da catástrofe e ausência de auxílio estatal Em Rio do Sul a ausência de auxílio estatal também se fez presente, 80,8% das empresas não recebeu forma alguma de auxílio. Dado este que carece de explicação, já que não é a primeira vez que a maioria dos empresários já sofreu com fenômenos similares (57,7%).

11 Conclusão A pesquisa da FECOMÉRCIO-SC apontou que os estragos causados pela chuva foram de grande magnitude. Uma parcela considerável dos estoques e da infraestrutura do comércio da região foram destruídos pelas enchentes. Esse dado por si só já é bastante perturbador, entretanto, parcela expressiva dos empresários haviam feito investimentos nos últimos 6 meses, tanto em estoque quanto na estrutura física das lojas, sendo que os investimentos com base no crédito foram bastante utilizados. Isso fez com que as empresas se endividassem com perspectiva de um desenrolar tranqüilo de suas atividades, o que obviamente não ocorreu. Desta forma, muitas delas mostraram não ter condições de honrar seus compromissos financeiros. Isso, se não remediado, pode levar a grandes prejuízos para toda a economia local, com efeitos diretos sobre a cadeia de pagamentos das cidades. Assim, tendo em vista a constatação de que o Estado ainda não interveio nestas questões, é necessária uma atuação direta dos órgãos competentes na solução dos problemas do comércio das cidades, especialmente de Rio do Sul, a cidade mais atingida. Além disso, a observação de que para grande parte dos entrevistados essa não havia sido a primeira vez que passavam por situação semelhante, faz com que seja necessário investimento na prevenção de fenômenos parecidos, que, infelizmente, já viraram rotina para a população catarinense.