A PELE DO LOBO E OUTRAS PEÇAS
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- Artur Cássio Marreiro Veiga
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1 A PELE DO LOBO E OUTRAS PEÇAS Análise da obra Profª Stephanie Falcão
2 O texto teatral assemelha-se ao narrativo quanto às características, uma vez que o mesmo se constitui de fatos, personagens e história (o enredo representado), que sempre ocorre em um determinado lugar, dispostos em uma sequência linear representada pela introdução (ou apresentação), complicação, clímax e desfecho. A história em si é retratada pelos atores por meio do diálogo, no qual o objetivo maior pauta-se por promover uma efetiva interação com o público expectador, onde razão e emoção se fundem a todo momento, proporcionando prazer e entretenimento. Pelo fato de o texto teatral ser representado e não contado, ele dispensa a presença do narrador, pois como anteriormente mencionado, os atores assumem um papel de destaque no trabalho realizado por meio de um discurso direto em consonância com outros recursos que tendem a valorizar ainda mais a modalidade em questão, como pausas, mímica, sonoplastia, gestos e outros elementos ligados à postura corporal. A questão do tempo difere-se daquele constituído pelo narrativo, pois o tempo da ficção, ligado à duração do espetáculo, coincide com o tempo da representação. TEXTO TEATRAL
3 AUTOR: Artur Azevedo: (A. Nabantino Gonçalves de A.), jornalista, poeta, contista e teatrólogo, nasceu em São Luís, MA, em 7 de julho de 1855, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 22 de outubro de Ao lado do irmão Aluísio de Azevedo, participou do grupo fundador da Academia Brasileira de Letras. GÊNERO: Dramático (comédia): Drama, em grego, significa "ação". Pertencem ao gênero dramático os textos, em poesia ou prosa, feitos para serem representados, encenados, dramatizados. ANÁLISE DA OBRA
4 O gênero dramático compreende as seguintes modalidades: Tragédia: é a representação de um fato funesto, triste, suscetível de provocar compaixão e terror (catarse). Aristóteles afirmava que a tragédia era "uma representação duma ação grave, de alguma extensão e completa, em linguagem figurada, com atores agindo, não narrando, inspirando dó e terror". Comédia: é a representação de um fato inspirado na vida cotidiana, no sentimento comum, de riso fácil, em geral criticando os costumes. Os temas são leves e alegres.
5 ESTRUTURA: peça em um ato e dez cenas. COMENTÁRIOS SOBRE A OBRA: a peça A pele do lobo apresenta a trilogia da unidade: unidade de ação, de tempo e de espaço, o que significa que todo o drama ocorre em um único espaço cênico, em um único tempo determinado e os fatos se sucedem em função de uma única ação. Por tratar-se de um texto dramático, não apresenta narrador toma-se conhecimento da história através das falas e ações das personagens. As indicações de cena (cenário, entradas e saídas das personagens, quem diz o que, como, e quando) são feitas pelas rubricas. Um dos objetivos do texto dramático, no caso da comédia, é corrigir os defeitos do homem através do riso. Artur Azevedo, em A pele do lobo, censura alguns aspectos da sociedade carioca do século XIX, com um texto que, respeitando-se os elementos particulares da época, mantém uma temática bastante atual. Através das falas e ações das personagens, nota-se a crítica à atuação das autoridades responsáveis pela segurança da população, enfatizando o descaso, a intolerância e a inoperância, com que tratam as causas dos cidadãos, em detrimento de vantagens pessoais.
6 A verdadeira intenção de se estar aturando as implicações do cargo é a possibilidade de ascensão política, social e econômica. Há também uma crítica à burocracia, ao excesso de papéis necessários para o bom andamento de um processo, bem como a noção de que a maioria da população não conhece nem domina os termos (variedade linguística) utilizados nos autos processuais. O drama critica ainda a forma como a população trata o bem público, que por ser de todos, não é de ninguém, e cada qual acredita que pode tratá-lo como bem quiser, inclusive, destruindoo. O título da obra, A pele do lobo, relacionado à frase de Amália, Quem não quiser ser lobo, não lhe vista a pele, retrata bem o tema abordado, ou seja, aquele que não quer passar horas ouvindo as partes de denúncia ou de defesa em um processo, que não quiser chegar tarde aos eventos ou mesmo perdê-los, que não quiser perder a hora de comer, dormir ou levantar, que não se candidate ao cargo de subdelegado. Caso contrário, terá que lidar com atrasos, com pessoas de diferentes níveis sociais, econômicos e culturais, com papéis, bandidos e, além de tudo, expor-se publicamente.
7 TEMPO: atualidade (1875). Cronológico: quando começa a primeira cena, Cardoso e Amália já estavam prontos para sair há duas horas e dois minutos. Quando termina a última cena, já eram três horas e um quarto de espera. Psicológico: a marcação sistemática dos minutos indica que cada minuto consistia em um período insuportável de espera, quando eram eles que tinham que ouvir as partes; por outro lado, parecia que o tempo passava muito depressa, acentuando o atraso dos dois. ESPAÇO: Rio de Janeiro, sala da casa de Cardoso: a casa da autoridade é uma repartição pública. TEMPO E ESPAÇO
8 A peça A pele do lobo foi escrita por Artur Azevedo em 1875 e representada pela primeira vez no Rio de Janeiro, no Teatro Fênix Dramática, em 10 de abril de 1877 Cardoso: subdelegado, que pediu o cargo, visando conseguir, após a morte de um colega, galgar um cargo superior. É impaciente e não suporta receber as queixas das pessoas. Representa o funcionário público que não atua de acordo com as necessidades e obrigações de seu cargo e, quando o faz, é de má vontade. Amália: esposa de Cardoso, atormenta-o com horários rígidos, acusa-o por ter aceito o cargo e sugere que o abandone. Apolinário: cidadão do povo, criador de galinhas, uma parte. Representa o indivíduo de pouca escolaridade, humilde, bajulador e enrolado. Faz-se de tonto, mas impõe sua presença pela subserviência. PERSONAGENS
9 Perdigão: Compadre de Cardoso. Vem reclamar o atraso dos padrinhos. Jerônimo: Outra parte, o acusado que se transforma em vítima. Trata mal o bem público, reclama da burocracia e impõe-se pela força. Termina preso. Manuel Maria, Vitorino e Compadre: testemunhas. Uma parte. Dois soldados de polícia: agentes que aparecem para restabelecer a ordem. PERSONAGENS
10 A peça possui 10 cenas, sendo elas: Cena I - Cardoso, Amália e uma parte Cena II - Os mesmos e Apolinário Cena III - Cardoso e Amália Cena IV - Os mesmos e Jerônimo Cena V - Os mesmos, Manuel Maria, depois O Compadre, depois Vitorino Cena VI - Os mesmos e Dois Soldados Cena VII - Cardoso e depois Amália Cena VIII - Amália, depois Perdigão Cena IX - Os mesmos e Cardoso Cena X - Os mesmos e um Soldado [ Cai o pano]
11 Pele do Lobo Conta a angústia de Cardoso e sua esposa Amália. O casal tenta há mais de duas horas chegar ao batizado onde serão padrinhos. No entanto, são constantemente impedidos de sair da delegacia, onde Cardoso ocupa o cargo de subdelegado, devido à queixa de roubo de galinhas feita por Apolinário contra o suposto ladrão, Jerônimo. Jerônimo vai até a delegacia e causa a maior confusão. No final desta confusão toda Cardoso perde o cardo de subdelegado. PELE DO LOBO
12 Conta a história de Isaías e de Inês. Isaías era apaixonado por Inês e queria se casar com ela, mas ela não queria. Isaías adora anexins (provébios) e conversa muito com a tentativa de conquistar à Inês, que já era viúva. No final Inês aceita o pedido de casamento. AMOR POR ANEXINS
13 Conta a história de Jorge que em uma noite de carnaval, sai para beber e faz tudo que tem direito. Depois volta para a pensão de Dona Maria, onde mora. Ela muito preocupada com Jorge chama um médico para vê-lo. Ele examina-o e diz que foi apenas a ressaca da noitada. E depois de conversar com D. Maria, o médico descobre que Jorge é namorado de sua afilhada. Então ele conta para o pai da moça, que rompe relações com Jorge. Certo tempo depois chega um homem, D. Maria deixa o entrar, pois acha que ele é o pai da namorada de Jorge. Mal sabia ela que era o chefe de Jorge, que demite-o por causa da noitada anterior. D Maria fica arrependida e se sente culpada pelo ocorrido. COMO EU ME DIVERTI
14 Conta a história de Ângelo que era casado com Henriqueta. Ângelo vivia cheio de dividas por causa do luxo da sua esposa. Certo dia seu amigo Rodrigo chega no seu escritório e fala com ele sobre este assunto e convence Ângelo de dizer a seu sogro e sua sogra o que estava acontecendo. Ângelo então conta e no final se separa de Henriqueta. Então Ângelo juntamente com pai João e Rodrigo vão para outra cidade descansar a cabeça. Mas lá descobrem que Henriqueta está doente assim como Ângelo. Depois descobrem que ela está grávida e os dois, com muita saudade se reencontram e voltam para o lar. A linguagem empregada facilita a compreensão do texto e o assunto é de fácil entendimento, pois se trata de paixão. O DOTE
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