A certificação de Belts do Seis Sigma
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- Maria Deluca Salgado
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1 A certificação de Belts do Seis Sigma Muitas vezes, os profissionais treinados no programa Seis Sigma têm dúvidas sobre a forma de certificação dos Green Belts, Black Belts e Master Black Belts. Conheça as respostas para as perguntas mais freqüentes sobre a certificação destas pessoas Cristina Werkema Oque é certificação de Black Belts e Green Belts? A certificação de Belts é uma certificação de indivíduos treinados na metodologia Seis Sigma e não de um sistema de gerenciamento da qualidade, como, por exemplo, a ISO 9001:2000. Sendo assim, não existem requisitos oficiais e padronizados que devam ser atendidos para que uma empresa de consultoria ou qualquer outra organização possa certificar Belts. Ou seja, qualquer empresa pode certificar de acordo com seus próprios critérios. No entanto, para que uma certificação seja respeitada, cada vez mais vem se tornando 52 Banas Qualidade março 2007
2 consenso que, na avaliação de desempenho de cada candidato a Black Belt ou Green Belt, devam ser considerados alguns aspectos. Compreensão do método e das ferramentas Seis Sigma (desempenho nos cursos de formação, no desenvolvimento dos projetos práticos e em testes de avaliação). Conclusão dos projetos práticos com geração de resultados significativos e tangíveis (a avaliação do retorno econômico dos projetos deverá ser validada pela diretoria financeira/controladoria da empresa). Raciocínio crítico e capacidade de síntese e comunicação de idéias. Capacidade para conduzir mudanças organizacionais, com a demonstração de habilidades de liderança, relacionamento interpessoal, trabalho em equipe e comunicação. Portanto, tornar-se um Belt certificado exige mais que unicamente passar em um exame! A análise dos aspectos acima também nos mostra que a organização ao qual o candidato pertence está na melhor posição para determinar quão eficaz ele é na aplicação da metodologia Seis Sigma. E, é claro que, quanto maiores forem o reconhecimento e a credibilidade dessa organização, maior será o valor ou mérito da certificação. Isso já é algo esperado, visto que, de modo geral, a credibilidade de uma certificação está diretamente ligada a credibilidade do organismo certificador. A avaliação de desempenho de cada candidato a Belt é usualmente feita em conjunto pelos orientadores muitas vezes, consultores externos e gestores envolvidos nos projetos Figura 1 Exemplo de matriz para avaliação de candidatos a Black Belts 1 Banas Qualidade 53
3 desenvolvidos pelo candidato. Um exemplo de matriz para avaliação de Black Belts com vistas à certificação é apresentado na figura 1. Vale destacar que, atualmente, mesmo profissionais que já possuem certificados emitidos por consultorias respeitadas pelo mercado ou por outras empresas conceituadas (tais como General Electric GE, Motorola, Sony, Xerox, American Express, entre outras) têm se interessado em obter a certificação pela American Society for Quality ASQ ( cujas certificações são mundialmente reconhecidas. Além disso, as certificações da ASQ também têm atuado como parâmetro de comparação dos Belts que trabalham em diferentes sites de uma mesma empresa que possui unidades de negócio em várias partes do mundo. Como é a certificação da ASQ? A American Society for Quality (ASQ) instituiu no ano 2000 seu exame para certificação de Black Belts e Green Belts. No site é apresentado, em detalhes, o Six Sigma Black Belt Certification Body of Knowledge (BoK) para o exame da ASQ. O exame consiste em uma prova, em inglês, com quatro horas de duração e composta por cento e cinqüenta questões de múltipla escolha. Para a certificação, além da aprovação no exame, é necessário que o candidato tenha concluído dois projetos Seis Sigma ou apenas um, desde que, nesse último caso, possua pelo menos três anos de experiência prática na aplicação dos conhecimentos da metodologia Seis Sigma. O Six Sigma Green Belt Certification Body of Knowledge é divulgado no site certification/six-sigma-green-belt/bok.html. O candidato a Green Belt deve possuir pelo menos três anos de experiência prática na utilização do BoK. Atualmente várias instituições brasileiras, notadamente empresas de consultoria, desenvolvem atividades relacionadas à preparação para as certificações da ASQ. Na figura 3 é apresentado um resumo do BoK do exame para a certificação Black Belt da ASQ. Nessa figura foi utilizada a legenda de cores mostrada na figura 2 para indicar o nível de complexidade das questões do teste referentes a cada tópico, conforme definido pela ASQ 2. Vale ressaltar que os conhecimentos do Lean Manufacturing estão contemplados no BoK da ASQ para as certificações Seis Sigma, o que está em sintonia com a tendência de integração das duas metodologias, que gerou o Lean Seis Sigma. Por que um profissional busca a certificação? Geralmente a certificação é considerada um instrumento auxiliar para: Demonstração de proficiência na área de conhecimento considerada; Aumento da empregabilidade; Obtenção de aumento na remuneração. Algumas empresas atualmente estabelecem o requisito possuir certificação como Green Belt ou Black Belt como um item obrigatório no caso de promoções para níveis gerenciais. No entanto, vale destacar que, atualmente, a principal qualidade valorizada pelo mercado em um Belt é a sua real capacidade para gerar, para as empresas nas quais vem trabalhando, resultados significativos por meio do uso adequado da metodologia Seis Sigma, independentemente de que ele possua, ou não, uma certificação. Existe um Body of Knowledge padrão para a certificação de Master Black Belts? Como no caso dos Black Belts e Green Belts, não existem requisitos oficiais e padronizados que devam ser atendidos para que uma empresa de consultoria ou qualquer outra organização possa certificar Master Black Belts. É importante ressaltar que a ASQ ainda não instituiu seu exame para certificação de Master Black Belts. No entanto, apesar de não existir um currículo padrão, vem se tornando consenso que as atividades abaixo devam fazer parte do treinamento para formação de Master Black Belts: 54 Banas Qualidade março 2007
4 Participação no curso para Master Black Belts (mínimo de duas semanas, com espaçamento de 30 dias entre elas); Desenvolvimento/coordenação de um projeto multifuncional que envolva uma equipe de Black Belts e Green Belts; Condução de pelo menos duas semanas de instrução supervisionada em treinamentos do Seis Sigma. Além disso, uma visão geral do conteúdo programático mínimo de um treinamento para formação de Master Black Belts deve ser baseado em: Desenvolvimento de equipes. Estilos de comunicação. Comunicação interpessoal. Apresentações em público. Técnicas de didática. Técnicas para reuniões produtivas. Negociação. Processo decisório. Gerenciamento de mudanças e liderança. Gerenciamento de projetos. Gestão avançada do Seis Sigma: - Indicadores técnicos e financeiros. - Definição e priorização de projetos. - Seleção de candidatos a Black Belts e Green Belts. - Business Case. - Project Charter. - Processo de certificação. Método DMAIC e ferramentas: - Revisão/aprofundamento do método DMAIC e principais ferramentas. - Técnicas especiais de planejamento de experimentos. - Introdução à análise de confiabilidade. - Ferramentas do Lean Manufacturing. - Estudos de caso. Design for Six Sigma (DFSS): - Método DMADV. - Ferramentas do DMADV: - Técnicas para levantamento de dados primários. - Modelo de Kano. - QFD. - Design for Manufacturing. - Design for Assembly. - Análise de Pugh. - TRIZ. - Análise de Tolerâncias. Estudos de caso. Vale destacar que é importante que um Master Black Belt, como parte de suas habilidades, possua sólidos conhecimentos Banas Qualidade 55
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7 das ferramentas estatísticas. No entanto, ele também deve possuir excelentes competências para facilitar trabalhos em equipe, gerenciar mudanças, promover inovações e superar resistências. Um treinamento para formação de Master Black Belts, para ter credibilidade, deve enfatizar o desenvolvimento dessas competências e não apenas promover um upgrade em conhecimentos estatísticos. COMENTÁRIOS E REFERÊNCIAS 1. A matriz da figura 1 foi elaborada por Jorge Cardoso, Coordenador do Programa Seis Sigma do Grupo Brasmotor (Multibrás e Embraco) desde seu início, em 1997, até março de Os níveis de cognição apresentados na figura 2 são baseados em Levels of Cognition da taxonomia de Bloom (1956). Cristina Werkema é diretora do Grupo Werkema e autora das obras Criando a Cultura Seis Sigma, Design for Six Sigma: Ferramentas Básicas Usadas nas Etapas D e M do DMADV, Lean Seis Sigma: Introdução às Ferramentas do Lean Manufacturing e Avaliação de Sistemas de Medição (publicações da Série Seis Sigma), além de oito livros sobre estatística aplicada à gestão empresarial, área na qual atua há mais de quinze anos. (31) ; cristina@werkemaconsultores.com.br Livros de: 5S e Seis Sigma 60 Banas Qualidade março 2007
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