A nova responsabilidade civil escolar
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- Nathan Farias Paranhos
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2 A nova responsabilidade civil escolar
3 Introdução Atualmente, constata-se enorme dificuldade em relação à busca e à definição dos reais limites da responsabilidade civil das escolas particulares e públicas em razão da ocorrência de fatos relevantes ao mundo jurídico. Fatos estes que repercutem na esfera pessoal de direitos do cidadão, em especial em razão da vigência do Código de Defesa do Consumidor.
4 O instituto da responsabilidade civil A ideia de responsabilidade civil está relacionada à noção de não prejudicar o outro. Tal concepção existe desde o Direito Romano. Muito embora seja um instituto cuja evolução foi grandiosa, a responsabilidade pode ser definida como a aplicação de medidas que obriguem alguém a reparar o dano causado a outrem em razão de sua ação ou omissão.
5 Pressupostos da responsabilidade civil Na lição de Fernando Noronha, para que surja a obrigação de indenizar, são necessários os seguintes pressupostos:
6 Pressupostos da responsabilidade civil 1. Que haja um fato (uma ação ou omissão humana, ou um fato humano, mas independente da vontade, ou ainda um fato da natureza), que seja antijurídico, isto é, que não seja permitido pelo direito, em si mesmo ou nas suas consequências;
7 Pressupostos da responsabilidade civil 2. Que o fato possa ser imputado a alguém, seja por dever a atuação culposa da pessoa, seja por simplesmente ter acontecido no decurso de uma atividade realizada no interesse dela; 3. Que tenham sido produzidos danos;
8 Pressupostos da responsabilidade civil 4. Que tais danos possam ser juridicamente considerados como causados pelo ato ou fato praticado, embora em casos excepcionais seja suficiente que o dano constitua risco próprio da atividade do responsável, sem propriamente ter sido causado por esta (NORONHA, 2010, p. 468/469).
9 A responsabilidade civil e o CDC Uma das vertentes da responsabilidade civil é a consideração da responsabilidade civil objetiva, a qual prescinde de culpa para responsabilização do agente. No âmbito escolar, esta espécie de responsabilidade civil se destaca, até mesmo, pelo que estatui o Código de Defesa do Consumidor junto ao Artigo 14.
10 A responsabilidade civil e o CDC Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos. (BRASIL, 1990)
11 Conclusão Para as escolas particulares, no tocante à ideia da responsabilidade civil, há pacífica incidência do exposto junto ao Código Civil, Código de Defesa do Consumidor, Lei de Diretrizes e Bases da Educação, além de, por óbvio, do texto constitucional.
12 Conclusão Aludida responsabilidade restará afastada, por exemplo, em caso fortuito ou de força maior, culpa exclusiva da vítima, culpa de terceiro, exercício regular de um direito, legítima defesa, estado de necessidade, enfim, excludentes legalmente previstas em lei.
13 Acidente ocorrido com aluno em horário de recreio ou atividade extracurricular junto às dependências da escola. Neste caso, a responsabilidade civil escolar é inegável. O entendimento do Superior Tribunal de Justiça (STJ) é no sentido de que:
14 Os estabelecimentos de ensino têm dever de segurança em relação ao aluno no período em que estiverem sob sua vigilância e autoridade, dever este do qual deriva a responsabilidade pelos danos ocorridos. Resp
15 E em casos de excursão de colégio? Viagens? Materiais perigosos situados no pátio da escola? Bullying? E mais:
16 Uma aluna, menor impúbere, foi vítima de violência pelos próprios colegas, que, desconfiados de ter sido a responsável pelo desaparecimento de R$ 1,00 de uma aluna, fizeram-lhe uma revista pessoal vexatória, com invasão de suas intimidades, sem que a professora, que a tudo assistiu, interviesse para coibir o abuso.
17 O TJ-RJ considerou que o colégio procedeu com culpa no dever de vigilância e disciplina na sala de aula, perdendo o controle para os próprios alunos e aplicou indenização correspondente a 100 salários mínimos (Ap /00, Des. CARLOS RAYMUNDO CARDOSO, in RT 783/402).
18 Casos Concretos: Atenção e Dicas Por fim: Acidente ocorrido em laboratório de Química de estabelecimento de ensino. Falta de cautelas de segurança. Caracterização da culpa e do nexo causal. Vítima que não exerce atividade laborativa. Indenização devida. 612:44 e RJTJSP,106:371) (RT,
19 Acidente ocorrido com a vítima, aluna de Educação Física, no curso de aula de natação ministrada durante o currículo regular da faculdade, do qual resultou a morte da vítima. Culpa do professor, na utilização de método de mergulho na parte rasa da piscina, na passagem no interior de um bambolê, utilizável em prática de participantes à disputa de provas.
20 Impropriedade do método. Culpa concorrente da universidade (TJ-RJ -2.aC.-Ap. - Rel. Penalva Santos - j RT 597/173). A grande questão é: caso ocorra acidente grave com aluno, talvez até mesmo o evento morte, a poucos minutos de ingresso junto à instituição de ensino ou após a sua saída?
21 Neste casos, a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça é uníssona em afirmar que não haverá responsabilidade escolar, pois, não se encontrava o aluno junto às dependências da escola. Não haverá, pois, responsabilidade in vigilando. A jurisprudência não se afasta deste entendimento, conforme pode ser visto, verbis:
22 (...) o aluno fica sob a guarda e vigilância do estabelecimento de ensino, público ou privado, com direito de ser resguardo em sua incolumidade física enquanto estiver nas dependências da escola, respondendo os responsáveis pela empresa privada ou o Poder Público,
23 nos casos de escola pública, por qualquer lesão que o aluno venha a sofrer, seja qual for a sua natureza, ainda que causada por terceiro. Fora das dependências da escola, em horário incompatível, inexiste qualquer possibilidade de se manter essa obrigação de resguardo.
24 (TJ de SP. Apelação Cível Fernandópolis. Terceira Câmara de Direito Público. Des. RUI STOCO, Julgado em ).
25 Morte de aluno por terceiros no interior de escola. Aluno matriculado em estabelecimento de ensino oficial, morto por indivíduos que invadiram a escola no período de aulas. Danos morais e patrimoniais. Verbas devidas.
26 Ao receber o estudante, confiado ao estabelecimento de ensino de rede oficial ou da rede pública particular para as atividades curriculares de recreação, aprendizado e formação escolar, a entidade de ensino fica investida no dever de guarda e preservação da integridade física do aluno, com a obrigação de empregar a mais diligente vigilância para prevenir e evitar
27 qualquer ofensa ou dano aos seus pupilos com a obrigação de empregar a mais diligente vigilância para prevenir e evitar qualquer ofensa ou dano aos estudantes, que possam resultar do convívio escolar.
28 Responderá no plano reparatório se, durante a permanência no interior da escola, o aluno sofrer violência física por inconsiderada atitude do colega, do professor ou de terceiros, ou, ainda, qualquer atitude comissiva ou omissiva da direção do estabelecimento, se lhe sobrevierem lesões que exijam reparação e emerja daí uma ação ou omissão culposa.
29 (TJ-SP C. Dir. Público - Ap Rel. Brenno Marcondes - j. 19.1O.2000-Bol. AASP 2237/467).
30 O aluno em situação de inadimplência pode sofrer algum tipo de restrição por parte da instituição de ensino? O consumidor deverá honrar com o contratado, caso contrário se sujeitará às sanções e medidas legais cabíveis.
31 Entretanto, a instituição de ensino não poderá aplicar quaisquer penalidades pedagógicas por motivo de inadimplência do aluno, conforme dispõe o art. 6º da Lei 9.870/99. Assim, a adoção de medidas que visem o constrangimento do consumidor, tais como suspensão de provas escolares,
32 retenção de documentos escolares, penalidades pedagógicas, etc., não são admitidas por parte das escolas. (conforme dispõe o art. 6º da Lei 9.870/99.) E a renovação de matrícula de aluno inadimplente?
33 As instituições particulares de ensino devem obedecer a algum critério para a estipulação das taxas cobradas por serviços como fornecimento de declaração de escolaridade, histórico e outros?
34 As instituições de ensino gozam de autonomia administrativa para decidir sobre o valor a ser cobrado pelos serviços prestados, inclusive no que se refere às taxas para o fornecimento de documentações.
35 Contudo, esclarecemos que, de acordo com a Portaria nº 971/97 do Ministério da Educação, os valores de mensalidades e outras taxas cobradas por parte da instituição de ensino devem estar previstos no catálogo da instituição, documento que deve estar disponível para livre consulta de qualquer interessado.
36 O consumidor deve informar-se sobre os valores das mensalidades e outras taxas cobradas pela instituição de ensino no momento da contratação do serviço educacional. Todavia, caso o valor cobrado por tais serviços pareça excessivo, o consumidor poderá efetuar denúncia junto ao órgão local de defesa do consumidor (Procon).
37 Fiscalização do correio eletrônico pelo empregador. Possibilidade? Divergência. Cerceamento de acesso a sites da internet por funcionários. Possibilidade? Colocação de câmeras em salas de aulas. Possibilidade?
38 Luiz Fellipe Preto Advogado
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