Dano Moral no Direito do Consumidor. HÉCTOR VALVERDE SANTANA hvs tm ail.c o m
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- Angélica Ana Beatriz Eger Lobo
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1 Dano Moral no Direito do Consumidor HÉCTOR VALVERDE SANTANA hvs tm ail.c o m
2 RELAÇÃO JURÍDICA DE CONSUMO Consumidor padrão ou standard : art. 2º, caput Consumidor por equiparação: arts. 2º, parágrafo único, 17 e 29 Fornecedor: artigo 3º, caput Produto: artigo 3º, 1º Serviço: artigo 3º, 2º
3 RESPONSABILIDADE CIVIL DO FORNECEDOR Pressupostos a) Conduta b) Nexo de causalidade c) Dano: material (dano emergente e lucro cessante) e moral Evolução da teoria geral da responsabilidade civil Teoria da culpa responsabilidade subjetiva Teoria do risco responsabilidade objetiva Distinção entre dano material e moral a) Fato do produto ou serviço b) Vício do produto ou serviço c) Dano moral: categoria autônoma
4 OS TRÊS MOMENTOS DO DEBATE SOBRE A REPARABILIDADE DO DANO MORAL 1. Teoria Negativista 1.1. Impossibilidade de pagar o pretium doloris com dinheiro 1.2. Incerteza da própria existência de um direito violado 1.3. Não há possibilidade de ressarcimento do dano moral com um critério de equivalência 1.4. Visão do Código Civil de 1916, inspirado no modelo econômico do liberalismo, marcado pelo individualismo e a preocupação com a tutela do patrimônio material 1.5. Ausência de norma expressa no Código Civil de Limitação da indenização aos direitos subjetivos individuais
5 2. Teoria Intermediária ou Eclética A partir de 1966, com o julgamento do Recurso Extraordinário SP, relatado pelo Ministro Aliomar Baleeiro, o Supremo Tribunal Federal passou a reconhecer danos morais, todavia vinculados a danos patrimoniais indiretos em razão da perda de filhos menores, resultando na edição da súmula 491 do STF: É indenizável o acidente que cause a morte de filho menor, ainda que não exerça trabalho remunerado. Base legal da teoria eclética ou intermediária: Código Civil de 1916 Art. 76 Para propor ou contestar uma ação, é necessário ter legítimo interesse econômico, ou moral. Art. 159 Aquele que por ação ou omissão voluntária, negligência, ou imprudência, violar direito, ou causar prejuízo a outrem, fica obrigado a reparar o dano. A verificação da culpa e a avaliação da responsabilidade regulam-se pelo disposto neste Código, arts a e a
6 3. Teoria Positivista Plano constitucional Art. 1º, inciso III Princípio da Dignidade da Pessoa Humana É o fundamento constitucional dos direitos da personalidade Título II Dos Direitos e Garantias Fundamentais (art. 5º ao 17) Capítulo I Dos direitos e deveres individuais e coletivos (art. 5º) Art. 5º, inc. V É assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem. Impossibilidade de tarifação Leis não recepcionadas pela Constituição Federal de 1988: a) Código Brasileiro de Telecomunicações Lei 4.117/1962. b) Lei de Imprensa Lei 5.250/1967 (ADPF 130 incompatível com a atual ordem constitucional). c) Código Brasileiro de Aeronáutica Lei 7.565/1986 Art. 5º, inciso X são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação.
7 Plano infraconstitucional a) Lei 7.347/1985 (Lei da Ação Civil Pública, com redação da Lei 8.884/1994). Art. 1º. Regem-se pelas disposições desta Lei, sem prejuízo da ação popular, as ações de responsabilidade por danos morais e patrimoniais. II ao consumidor b) Código de Defesa do Consumidor Artigo 6º, inciso VI a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos. c) Código Civil de 2002 Art. 186 aquele que por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
8 CONCEITO DE DANO MORAL Dano moral é a privação ou lesão a direito da personalidade, independentemente de repercussão patrimonial direta, desconsiderando-se o mero mal-estar, dissabor ou vicissitude do cotidiano, sendo que a sanção consiste na imposição de uma indenização, cujo valor é fixado judicialmente, com a finalidade de compensar a vítima, punir o infrator e prevenir fatos semelhantes que provocam insegurança jurídica. a) supera-se a concepção de definir o dano moral vinculado à dor espiritual b) cuida-se de lesão aos direitos da personalidade (artigos 11 a 21 do CC/02) c) reconhecimento do dano moral coletivo d) reconhecimento do dano moral decorrente de inadimplemento contratual
9 NÃO CONFIGURAÇÃO DO DANO MORAL: a) meros aborrecimentos b) contrariedades c) dificuldades cotidianas d) mal-estar e) ocorrências inerentes à vida em sociedade Vestido preso em escada rolante de shopping ACJ Abordagem de segurança em show ACJ Substituição de aeronave de vôo de Brasília/EUA ACJ Colchão furado ACJ Súmula 385 do STJ: Da anotação irregular em cadastro de proteção ao crédito, não cabe indenização por dano moral, quando preexistente legítima inscrição, ressalvado o direito ao cancelamento
10 DIREITOS DA PERSONALIDADE Conceito: Os direitos da personalidade são próprios do ser humano em relação aos seus atributos físicos, psíquicos e morais. Características: 1. Inatos: não são outorgados pelo ordenamento jurídico, mas surgem com o ser humano a partir do nascimento com vida 2. Absolutos: são oponíveis erga omnes, já que contêm em si um dever geral de abstenção 3. Intransmissíveis: não comportam transferência para esfera jurídica de outrem, nascendo e extinguindo-se com o seu titular, não podendo dele ser separado 4. Indisponíveis : em regra não podem ser objeto de contrato 5. Imprescritíveis, impenhoráveis, inexpropriáveis 6. Ilimitados: rol exemplificativo
11 CLASSIFICAÇÃO DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE 1. Atributos físicos: Direito à vida, integridade física, direito ao corpo humano vivo ou morto, direito à voz humana art. 5º, inc. XXVIII (ligado ao direito autoral) 2. Atributos psíquicos: Estão relacionados à proteção da incolumidade da mente humana, a exemplo da liberdade, privacidade, intimidade, segredo e criação intelectual (científica, artística e literária) 3. Atributos morais Direito à honra Direito à imagem Direito à identidade (arts. 16, 17, 18, 19)
12 PROVA DO DANO MORAL A prova do dano moral realiza-se por meio de presunção (judicial ou simples), de forma indireta, mediante atividade intelectual do julgador e não de mera averiguação direta do fato probando Dano IN RE IPSA (decorre do próprio fato) Cuida-se de uma relação de dois fatos distintos: o primeiro conhecido do juiz e o segundo que será apurado mediante raciocínio lógico
13 FIXAÇÃO DO VALOR DA INDENIZAÇÃO Arbitramento judicial Não há tabelamento ou limitação legal a) CRITÉRIOS GERAIS equidade, prudente arbítrio, razoabilidade, vedação do enriquecimento ilícito b) CRITÉRIOS ESPECÍFICOS grau de culpa do ofensor, intensidade da alteração anímica da vítima, repercussão social, situação econômico-financeira do ofensor, condições pessoais da vítima Vedação de fixação do valor da indenização vinculada ao salário mínimo art. 7º, IV, CF/1988
14 FINALIDADES DA INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL Compensatória: não visa recompor prejuízo patrimonial, mas compensar a vítima por ter tido seu direito da personalidade violado Punitiva: visa punir o agente causador do dano, levando-se em conta o seu elemento subjetivo (dolo ou culpa) Preventiva: é a adoção da teoria do valor do desestímulo, ou seja, dirige-se à coletividade para o fim de evitar a reincidência de fatos semelhantes
15 CONTROLE DO VALOR DA INDENIZAÇÃO PELO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA Superação da súmula 07 do Superior Tribunal de Justiça: a pretensão de simples reexame de prova não enseja recurso especial A fixação do valor do dano moral é questão fática O Superior Tribunal de Justiça exerce o controle do valor da indenização em casos de excepcionais para garantir a razoabilidade e evitar abusos
16 CONCLUSÃO 1.O dano moral não está vinculado à perda patrimonial do consumidor, mas à violação dos direitos da personalidade, fundada na cláusula geral de proteção do ser humano 2. O dano moral deve ser reconhecido com critérios de razoabilidade e proporcionalidade, a fim de evitar abusos e a chamada indústria da indenização dos danos morais 3. O dano moral demanda uma função punitiva quando o fornecedor pratica conduta abusiva, especialmente quando há ofensa à coletividade
17 4. Não há tabelamento legal ou judicial do valor do dano moral 5. O controle do valor da indenização por dano moral pelo Superior Tribunal de Justiça somente é admitido em casos excepcionais para o fim de evitar abusos com valores exorbitantes ou ínfimos 6. A indenização por dano moral representa a efetivação da proteção jurídica do consumidor no aspecto mais importante da tábua axiológica de nosso ordenamento jurídico: a proteção da dignidade da pessoa humana
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