A COMPREENSÃO ATRAVES DO DIÁLOGO NA SALA MULTISERIADA.
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1 A COMPREENSÃO ATRAVES DO DIÁLOGO NA SALA MULTISERIADA. Apresentadora: Andressa Pinheiro da Silva Coautora: Elisiane Severo da Silva Orientador (a): Prof.ª Drª. Rosane Sarturi- CE INTRODUÇÃO: O presente trabalho apresenta um relato das bolsistas do projeto da área de Pedagogia da Universidade Federal de Santa Maria, inserido no Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) no atendimento realizado na classe multidisciplinar com crianças e adolescentes que apresentam dificuldades de aprendizagem, numa escola estadual localizada na região norte de Santa Maria/RS. Tendo em vista o desafio de compreender as ações e resistência dos alunos pertencentes ao 2º, 3º e 5 o ano do ensino fundamental, abordaremos o eixo das relações interpessoais, e o diálogo que se refere aos fatores que estão se destacando nesse ambiente, os quais se somam aos desequilíbrios sociais, o enfraquecimento das relações familiares, a crise de valores e o individualismo. Palavra-Chave: Compreensão, Diálogo e Relações Interpessoais. OBJETIVO: O objetivo é analisar como o diálogo, na classe multisseriada, pode contribuir nas relações interpessoais com crianças e adolescentes que tem dificuldades de aprendizagens, considerando os fatores que influenciam estas relações, como atitudes agressivas, grosseiras, egocentrismo, exclusão do grande grupo ações que acabam por intervir no processo ensino-aprendizagem. METODOLOGIA: A abordagem da pesquisa é qualitativa do tipo participante, pois nos envolvemos na coleta de dados, através de registros descritos pelas bolsistas, conversas entre o grupo e coordenadora relatando as atitudes e ações dos alunos ao longo do semestre, sistematizando os mesmos. Analisamos as atitudes e ações apresentadas pelos alunos diante as atividades propostas, de acordo com os eixos orientadores do projeto que são a lecto-escrita,
2 o raciocínio lógico-matemático, a localização espaço-temporal permeados pelas relações interpessoais. Os alunos atendidos do 2º, 3º, e 5 o ano apresentam alguns fatores que contribuem para que suas atitudes, ações e relacionamento interpessoal em sala de aula sejam conflituosos, gerando tensões entre os colegas e bolsistas. Muitas dessas atitudes são agressivas e grosseiras, de certa forma é um pedido de ajuda para a situação que o mesmo vem vivenciando sejam elas agressão física ou psicológica, medo, tristeza, ressentimento, decepção, vergonha e raiva. Grande parte dos problemas de violência provém de uma falta de controle das emoções, o aumento do individualismo e do egocentrismo impede o aluno de ver o outro como um mediador na busca do conhecimento escolar, seja o outro professor ou o colega nas trocas indispensáveis nos trabalhos em grupo. Tentativas constantes de fazer a aula girar em torno de seus interesses e idéias, o desapego da escola, levam as mesmas atitudes a um desapego do aluno a respeito da instituição na qual convive uma grande parte do tempo. Assim, as condutas violentas aparecem como única forma de solução dos conflitos leva a atitudes e comportamentos violentos, o que freqüentemente é potencializado pela falta de controle emocional, ausência de dialogo, limites sociais que geram confusões, conflitos em sala de aula que perturbam e interferem diretamente no processo de aprendizagem dos alunos. Tensões, grande ansiedade que causam alterações no foco de atenção, atrapalhando a memória imediata perturbando as construções de relações lógicas apoiadas nas informações do momento e nas anteriores. Diante esta situação vivenciada passamos a incentivar comportamentos de trocas, diálogos, estimulando a análise, instigando os alunos sobre situações variadas, levando em consideração os contextos familiares desestruturados. Caracterizada pelo diálogo, pela negociação e pelo respeito mútuo, durante o atendimento dos alunos na sala multidisciplinar as bolsistas estão sempre atentas às atitudes e reações dos alunos, sendo sensível na percepção das mesmas. Diariamente auxiliamos os alunos com dificuldades de interação e desenvolvimento nas atividades propostas, compreendendo as atitudes apresentadas, nossos planejamentos são sempre flexíveis, as observações e registros contribuem para o aprimoramento dos atendimentos. Utilizamos dinâmicas e jogos lúdicos que trabalham a coletividade, o respeito, a
3 paciência, a cooperação, a aproximação entre os colegas e bolsistas, realizamos diálogos em que os alunos podem se expressar para que sintam confiança em nós. Nesta situação a compreensão deste diálogo tem sido uma ferramenta muito importante, pois nos proporciona ouvir e discutir meios de melhor entendimento das atitudes de agressividade, raiva, desmotivação e auto exclusão do grande grupo. RESULTADOS E DISCUSSÕES: A aprendizagem dos alunos da sala multidisciplinar acontece em tempos e modos diferentes, devido às idades heterogêneas de cada um, respeitando o seu ritmo de aprendizagem. As relações interpessoais interferem de forma direta no processo de aprendizagem do aluno quando, são criadas barreiras na construção do conhecimento, tornando-a vasta de dificuldades. Procuramos trabalhar o máximo possível, promovendo atividades individuais com esses educandos, pois precisam de atenção, compreensão, diálogo e afetividade em maior excesso que o restante da turma. Pois Dantas: [ ] também ressalta que a afetividade influencia na construção do conhecimento, pois o tempo, no qual a aprendizagem de conteúdos se processa, depende do clima efetivo na sala de aula. O professor deve se relacionar efetivamente com seus alunos para que se sintam desmotivados, dificultando assim a aprendizagem do mesmo (DANTAS, 1994, p. 65). Contudo nossa prática percorre a sensibilidade, a empatia e a afetividade, para o aluno sinta-se motivado a aprender. Nosso olhar está voltado a perceber seus medos e angustias, auxiliando-os em amenizar esses sentimentos. Tornando assim suas relações interpessoais e de aprendizagem efetivas em um processo acolhedor na escola, respeitando os anseios e ritmos de aprendizagem individuais de cada aluno. Fernandez: que [ ] entende que o professor deve ter empatia, sensibilidade para perceber qual é a atividade mais adequada àquele momento e à realidade do aluno. Além disso, o sucesso do encontro exige motivação das partes envolvidas, requer momento e local favorável e que o assunto a ser abordado seja condizente com pelo rito individual de cada aluno (FERNANDEZ, 1991, p. 47). Ao incorporar os princípios de compreensão, dialogo, motivação e do respeito a realidade e individualidade dos alunos, já conseguimos visualizar grandes mudanças de atitudes destes, os comportamentos agressivos e ríspidos no ambiente escolar, aos poucos estão dando lugar a
4 convivência harmoniosa, trazendo bons frutos as relações interpessoais. Com isso, esperamos que a aprendizagem continue promovendo um processo construtivo e produtivo. Através de nossos planejamentos, registros, observações e diálogos recolhem-se informações que permitem a análise clinica de cada aluno, para compreender as ações dos educandos diante das propostas pedagógicas realizadas. Dessa forma, pretende-se eles saibam reconhecer suas individualidades e respeitando a do outro para um convívio harmonioso. Pois: que Deve partir de nós, professores, a flexibilidade nas atitudes, pois cada ser que está enquadrado no ambiente escolar possui individualidade e concepções diferentes. Cada pessoa é, e sempre será um verdadeiro universo de individualidade; suas ações, seus motivos, seus sentimentos constituem paradigma único. (ANTUNES, 2003, p. 9). Através do cuidado e da maneira como nos relacionamos com os alunos, o modo como respondemos ou recebemos os estímulos ocorrem de forma em que os seus valores não são agredidos. Procuramos ter sensibilidade e compreensão, no modo de agir na sala de aula, percebendo as intenções dos alunos. Dessa forma, o diálogo entre os colegas e as bolsistas na troca de experiências, auxilia o enfrentamento das dificuldades cotidianas, construindo assim um ambiente, em que todos se sintam a vontade para expressar o que afeta a si. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Em nossas ações diárias de planejamento procuramos ser atuantes e interativas, para que a aprendizagem ocorra de forma significativa no espaço escolar. Com isso, conduzimos os relacionamentos de uma forma em que os educandos sintam-se confiantes, acolhidos, respeitados, aceitos de modo que nós bolsistas possamos entender seus sentimentos. É preciso ter sensibilidade para ouvi-los, dialogar com eles e apoiá-los buscando superar suas dificuldades. A nossa prática busca entrelaçar a aprendizagem com a afetividade, para que possamos viver num ambiente tranqüilo com os alunos, construindo relações interpessoais harmoniosas. A relação entre as bolsistas e os alunos constitui em um elemento inseparável no processo de construção do conhecimento, uma vez que a qualidade da interação pedagógica estabelece um sentido afetivo para o objeto de conhecimento, Vygotsky: [ ] diz que a escola desempenha um importante papel no desenvolvimento intelectual e conceitual das crianças. Desse modo, as interações entre os alunos e os professores é condição necessária para a produção de conhecimento,
5 permitindo o dialogo, a cooperação e as trocas de informação mútuas. (VYGOTSKY apud REGO, 1995, p.102). Portanto, consideramos significativo refletir sobre a nossa prática, através da reflexãoação-reflexão. Pois, educar é uma arte que se ensina com amor, sendo que um professor que ama o que faz e está sempre motivado a continuar lutando por uma educação de qualidade. Consideramos os aspectos afetivos como um fator facilitador em como trabalhar com a compreensão e dialogo entre professor e aluno, buscando contribuições para que a escola seja um ambiente de relações agradáveis na compreensão do que se diz e faz. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: MALDONADO, Maria Tereza. Aprendizagem e afetividade. Revista de Educação AEC, v.23, n.91, p DANTAS, Heloysa. Afetividade e a construção do sujeito na psicogenética de Wallon, Local: editora, p.65. FERNANDEZ, Alicia. A inteligência aprisionada. Porto Alegre: Artes Médicas, ANTUNES, Celso. Relações Interpessoais e Auto-estima. Petrópolis, RJ: Vozes, REGO, T. C. Vygotsky: uma perspectiva histórico-cultural da educação. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 1995.
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