Anais V CIPSI - Congresso Internacional de Psicologia Psicologia: de onde viemos, para onde vamos? Universidade Estadual de Maringá ISSN X
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1 ESTRATÉGIAS PARA APRENDIZAGEM NO ENSINO MÉDIO DO NORTE DO PARANÁ. Gracielly Terziotti de Oliveira Ana Carolina Zuanazzi Fernandes Ana Paula Couto Vilela de Andrade Andressa dos Santos Thais Yurie Zamoner Katya Luciane de Oliveira A dinâmica escolar vem passando por vários processos de resignificação. Além dos perceptíveis por qualquer pessoa, como por exemplo, a mudança na relação professor-aluno, pode-se citar outras mudanças, ma delas é em relação à concepção da aprendizagem. Antigamente essa, e também a forma da própria educação informal e familiar, era entendia como um processo passivo em que competia aos mais novos somente o papel de receber e aceitar cada nova informação. Entretanto, hodiernamente se percebe essa relação de forma diferente, em que toda pessoa envolvida em alguma forma de aprendizado se configura como um sujeito ativo. Nessa nova maneira de se conceber o processo ensino-aprendizagem, se assume que o ensino é voltado especificamente para cada aluno de forma individualizada, e que esse aluno constrói representações para si próprio do conhecimento recém-adquirido, que possuem relações com as suas próprias experiências de vida. Assim, foi possível averiguar a existência de diferentes estratégias de aprendizagem, uma vez que o processo de transformar a informação recebida em conhecimento ocorre de diversas maneiras (Dunn & Dunn; Kolb, & Sadler-Smith apud Santos & Mognon, 2010). Nesse sentido, um constructo pertinente é o de estratégias para a aprendizagem. Em relação a esse construto o que se percebe é uma grande variabilidade em sua definição teórica, o que se reflete também em uma diversidade de instrumentos disponíveis para avaliá-las (Lins, Araujo & Minervino, 2011). Uma das formas de se entender esse constructo é a partir da Teoria do Processamento Humano da Informação, a qual se vale da análise das atividades mentais, da forma como os
2 alunos buscam, adquirem, selecionam e armazenam informações (Pozo apud Leme, 2010). Nesse sentido as estratégias de aprendizagem são avaliadas como cognitivas ou metacognitivas. O surgimento do conceito de metacognição teve como precursor um psicólogo americano, John H. Flavell nos anos 70. Entretanto a forma pela qual hoje se entende esse conceito é discrepante da forma em que este se apresentava quando foi pensado. Hoje se entende esse conceito a partir da consciência reflexiva dos processos cognitivos e o controle da cognição. Em outras palavras, a metacognição se define por todo o movimento realizado a favor de se ter consciência e controle dos próprios processos cognitivos que uma pessoa possa vir a fazer (Portilho & Dreher, 2012). Nesse sentido, Leme (2010) elucida que esse processamento inclui verificação, planejamento, seleção, interferência, reflexão e interpretação sobre o que e quanto se sabe para realizar um tarefa (p.23). Por outro lado uma estratégia cognitiva tem como função auxiliar no processo de se alcançar um objetivo com o qual alguma pessoa esteja envolvido. Dessa maneira a diferença entre as estratégias cognitivas e as metacoginitivas, segundo Flavell, Patricia Miller e Scott Miller (apud Portilho & Dreher, 2012) reside no fato de que enquanto aquela tem por fim um objetivo cognitivo, esta avaliam a eficácia da primeira, em outras palavras, regulam o que está relacionado com o conhecimento, definindo quando e como utilizar determinada estratégia em detrimento de outra. Dessa maneira, as estratégias da aprendizagem são relacionadas com o controle dos próprios processos de aprendizagem que o individuo possui. Na escola pode-se perceber as estratégias pela forma que cada estudante realiza as tarefas que lhe são propostas a todo momento. Este estudo teve por objetivo investigar as estratégias de aprendizagem de estudantes do ensino médio. Também foi objetivo investigar de forma exploratória a eficácia do instrumento para esse tipo de população.
3 Participaram 150 estudantes do ensino médio de uma escola pública estadual do estado do Paraná. A média de idade foi de 17 anos e 8 meses (Dp=4,0). A idade mínima foi de 16 anos e a máxima 27. O gênero feminino foi predominante na amostra (67,0%) Para a coleta de dados utilizou-se a Escala de Estratégias de Aprendizagem e motivação para o aprendizado de autoria de Oliveira (2010), a escala apresenta 29 itens com questões relativas aos motivos para estudar e as estratégias para o aprendizado, com três alternativas de respostas: sim, às vezes, nunca. Para a coleta de dados foram usados somente os itens relacionados às estratégias de aprendizagem que os estudantes utilizam no momento do Estudo, isto é, 15 itens. A aplicação ocorreu de forma coletiva, em uma única sessão que durou aproximadamente trinta minutos. A coleta ficou condicionada ao consentimento do participante na investigação para os maiores de 18 anos e ao consentimento dos pais ou responsáveis legais, no caso de participantes menores. Cabe esclarecer que a presente pesquisa está respaldada pela Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde e seus complementares. Inicialmente os dados foram organizados em planilha e submetidos à estatística descritiva, para atender ao primeiro objetivo específico, qual seja, investigar as Estratégias de aprendizagem de estudantes do ensino médio. Os dados revelaram que os estudantes (60%) recorrem mais as estratégias cognitivas no momento do estudo do que às estratégias metacognitivas. Uma parte dos estudantes (22%) também parece não saber monitorar o momento de estudo. Dentre as estratégias de aprendizagem mais usadas no momento de estudo estão o resumo (29%), o falar em voz alta (31%) e o grifar o texto (64%). Sendo que um aluno ainda escreveu na frente da questão grifar o texto no momento do estudo que dava menos trabalho. Estratégias como criar novas ideias, fazer mapas ou esquemas para o estudo, elaborar roteiro para o estudo parecem não ser tão utilizadas. Essas estratégias tiveram um percentual abaixo de 15% de ocorrência de uso no momento do estudo Das estratégias metacognitivas ao que parece os alunos, apesar de apresentarem consciência de suas dificuldades, não mudam de estratégia quando percebem que o que fazem
4 não está funcionando (37%). Nesse sentido, aponta-se também que parte dos estudantes (23%) tem dificuldade para perceber quando não compreendeu alguma informação. No que tange ao segundo objetivo específico, investigar de forma exploratória a eficácia do instrumento para esse tipo de população, foi possível observar que os alunos não encontraram dificuldades ao responder à Escala, sendo que no final do instrumento ele assinalava se tive encontrado alguma dificuldade para compreender o que havia sido perguntado nas questões. Não houve ocorrência de alunos que tivessem assinalado que encontraram dificuldades de compreensão dos itens. Para uma melhor investigação dos itens da escala, após a aplicação do instrumento 5 alunos que responderam foram convidados aleatoriamente a passar pelo seguinte procedimento: O aplicador lia a questão para o aluno, depois perguntava se ele havia compreendido, aguardava a resposta afirmativa ou negativa do aluno e então solicitava que o aluno explicasse em suas palavras o que entendeu da pergunta. O aluno fazia a explicação e o avaliador julgava se o aluno havia compreendido ou não o que havia sido perguntado. Em todos os casos não houve nenhum item que o aluno tivesse expressado alguma dificuldade de compreensão. Analisando os dados percebeu-se que a maioria dos alunos recorre mais as estratégias cognitivas do que as estratégias metacognitivas, o que não condiz com o esperado. De acordo com a literatura (Boruchovitch; Costa apud Leme, 2010) o esperado é que com o desenvolvimento e o aumento da escolaridade tende a aumentar o uso de estratégias metacognitivas. Essa afirmação em si, com os dados coletados nessa pesquisado, não é possível realizar. Mas pode se hipotetizar que a porcentagem do uso de estratégias metacognitivas deveriam ser maiores, uma vez que a população pesquisada foram alunos do Ensino Médio. Nesse sentido, pode-se também hipotetizar que a baixa utilização de estratégias metacognitivas podem estar relacionadas ao desconhecimento destas e/ou ao conhecimento mas sem a sua utilização devido ao desconhecimento da sua importância para um maior aproveitamento e rendimento escolar. Dessa maneira, poderia se imaginar estratégias para que
5 os estudantes desenvolvessem interesse no uso desse tipo de estratégia, apresentando as estratégias em si e suas eficácias. Também chama a atenção o fato de que alguns alunos, quase um quarto dos alunos pesquisados não foram capazes de observar as formas pelas quais eles se apropriam do conhecimento vinculado pela escola. O que por sua vez, se faz pensar que talvez esses alunos estejam frequentando mais a escola pela simples obrigação do que por todas as vantagens que esse proporciona. E devido essa amostra ser constituída de alunos do Ensino Médio pode hipotetizar também o quanto esse meio se torna desinteressante com o passar dos anos. Nesse sentido, pode citar uma das importâncias do papel do professor em conhecer o seu aluno e as suas estratégias de aprendizagem, para, então, preparar as suas aulas e a forma de ministrá-las, levando em conta também a sua própria estratégia de aprendizagem e, que na maioria das vezes, repercute em suas estratégias de ensino. Os estudos sobre estratégias de aprendizagem demonstram a sua relevância pela significado que são capazes de oferecer para as novas práticas pedagógicas. Essa importância se deve ao fato de que hoje se percebe, se respeita e se incentiva que cada aluno, cada pessoa faça uso da sua individualidade e das suas características próprias em todos os âmbitos da sociedade, inclusive na escola. Em relação aos dados obtidos nessa pesquisa, é preciso pontuar que são exploratórios e que os estudos merecem maiores aprofundamentos, especialmente numa amostra maior e mais diversificada. Podendo inclusive se buscar por novas relações como a percepção de outros profissionais envolvidos no processo de ensino-aprendizagem. Referências Leme, E. M. (2010). Estilos e estratégias de aprendizagem: Estudo das relações entre os construtos. Dissertação de Mestrado, Universidade São Francisco, Itatiba. Lins, M. R. C., Araujo, M. R., & Minervino, C. A. S. M. (2011, janeiro/junho). Estratégias de aprendizagem empregadas por estudantes do Ensino Fundamental. Psicologia Escolar e Educacional, 15(1), Recuperado em 02 de junho, 2012, de
6 Oliveira, K. L. (2010). Questionário Escala de Motivação e Estratégias para o Aprendizado para Crianças do Ensino Fundamental. Manuscrito não publicado do Programa de Mestrado da Universidade Estadual de Londrina, Londrina. Portilho, E. M. L., & Dreher, S. A. S.(2012, janeiro/março).categorias metacognitivas como subsídio à prática pedagógica. Educação e Pesquisa, 38(1), Recuperado em 02 de junho, 2012, de script=sci_arttext&pid=s &lng=en&tlng=pt Santos, A. A. A., & Mognon, J. F. (2010, dezembro). Estilos de aprendizagem em estudantes universitários. Boletim de Psicologia, 60(133), Recuperado em 02 de junho, 2012, de
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