Acreditação. hospitalar? Qual o papel da enfermagem na. emevidência

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1 emevidência R e v i s t a Enfermagem Ano 1 Número Qual o papel da enfermagem na Acreditação hospitalar? Qualidade de vida Especialistas falam sobre o estresse no dia a dia profissional e dão dicas para superá-lo

2 Qual o papel da Enfermagem na acreditação hospitalar? por Bruno Aires (MTB /RJ) com a colaboração de Priscila Fonseca Com a necessidade de oferecer um atendimento adequado aos pacientes, reduzir gastos desnecessários e alcançar resultados positivos, o conceito de qualidade na área da Saúde é cada vez mais frequente. Na busca permanente por melhorias, a fim de desenvolver suas atividades com eficiência e eficácia, oferecendo um serviço de excelência aos pacientes, os hospitais precisam ser avaliados por um processo de acreditação. Entretanto, para que os programas de acreditação sejam implementados, alguns padrões devem ser atingidos pelas instituições, como metas internacionais de segurança, cuidados aos pacientes, gerenciamento e uso de medicamentos, vigilância e controle de infecção hospitalar, entre outros. Como partes fundamentais para que esses resultados satisfatórios aconteçam, os profissionais de saúde têm uma grande parcela de responsabilidade nesse processo. Os enfermeiros, especialmente, assumem papéis ou posições de liderança no desdobramento dos programas de acreditação, uma vez que estes têm a função lógica de articuladores dos processos assistenciais junto às demais equipes de profissionais de saúde, em especial junto aos médicos, opina Heleno Costa Junior, coordena- 10 Enfermagem em evidência

3 dor de Educação e diretor de Relações Institucionais do Consórcio Brasileiro de Acreditação (CBA). Para Costa Júnior, a Enfermagem tem um papel de destaque nesse processo: primeiro, porque os profissionais da área são ampla maioria nas equipes das instituições hospitalares, o que os coloca mais presentes nos diversos serviços e departamentos. Em seguida, pela presença regular e frequente da equipe de Enfermagem, o que garante melhor continuidade das ações assistenciais e de gerenciamento em todas as etapas e horários. Sua atuação junto à equipe médica também é fundamental. Segundo o diretor de Relações Institucionais do CBA, quando é introduzido um programa de acreditação, em especial os que utilizam padrões reconhecidos e validados ao nível internacional - como o aplicado pelo CBA e JCI no Brasil e diferentes países do mundo -, existe uma oportunidade de ação e integração técnica e científica que sempre conduz a um maior interesse dos profissionais médicos. O início para a implantação de qualquer programa de qualidade exige empenho e persistência por parte dos profissionais, mas, com o passar do tempo e a clara percepção dos benefícios e melhorias com a utilização dos padrões de acreditação internacional, por exemplo, o interesse dos médicos vai se ampliando e, aí, a Enfermagem ganha espaço para atuar junto a esses profissionais, melhorando a qualidade dos serviços, explica. Na concepção da diretora executiva do IQG-Health Services Accreditation e da Accreditation Canada no Brasil, Mara Machado, os componentes da equipe de Enfermagem, como atores envolvidos na ação terapêutica, pela característica de seu trabalho, devem Os enfermeiros assumem papeis de liderança no desdobramento dos programas de acreditação, pois têm a função lógica de articuladores dos processos assistenciais junto às equipes de profissionais de saúde Heleno Costa Junior Enfermagem em evidência 11

4 se tornar mediadores e articuladores do processo do cuidado. Espera-se que eles exerçam, juntamente com os demais profissionais terapeutas, um novo processo de assistência à saúde, onde estejam presentes nas discussões do planejamento e garantam a continuidade do cuidado, afirma. Um dos investimentos necessários na implantação de um programa de acreditação é o treinamento oferecido às equipes de Enfermagem. De acordo com a diretora executiva, os profissionais necessitam reaprender o trabalho a partir de dinâmicas relacionais, somando, entre si, os diversos conhecimentos. Esse processo está vinculado à determinação de uma relação nova, que foge ao padrão tradicional. Para Costa Junior, as necessidades de treinamento são inúmeras e as instituições acreditadas na atualidade indicam um aumento expressivo das horas de treinamento por profissional. A Enfermagem contribui para essa oportunidade de educação e qualificação por meio dos treinamentos. Em geral, essa área já possui estruturas ou pessoas voltadas à educação continuada, que são, em 90% dos casos, absorvidas, ampliadas ou aperfeiçoadas e inseridas como parte dos departamentos de recursos humanos da instituição. Treinamentos que englobam aspectos técnicos, comportamentais, científicos e gerenciais são alguns dos requerimentos dos padrões de acreditação internacional CBA e JCI, esclarece. De acordo com o coordenador de Educação do CBA, os profissionais de Enfermagem têm participação ativa na Espera-se que eles exerçam um novo processo de assistência à saúde, onde estejam presentes nas discussões do planejamento e garantam a continuidade do cuidado Mara Machado contribuição para o desenvolvimento da qualidade assistencial e institucional, devido à própria atitude de fazer o melhor possível, independente de padrões ou critérios especificamente determinados. Normas como as de acreditação internacional possibilitam ao profissional as referências ou parâmetros para, de fato, melhorar a qualidade de seus serviços. Um dos requisitos fundamentais do programa de acreditação CBA e JCI é o monitoramento contínuo da qualidade e segurança alcançadas no dia a dia. Os profissionais de Enfermagem podem contribuir, de forma ativa e efetiva, para ampliar a oportunidade de implantação desse tipo de programa e, por consequência, melhorar suas condições de trabalho, afirma. Para Mara Machado, o trabalho de Enfermagem envolve gerenciamento: a finalidade é a organização do espaço terapêutico, realizada preferencialmente pelo enfermeiro, que distribui e controla o trabalho da equipe, no intuito de desenvolver condições adequadas de cuidado aos pacientes e de desempenho para os trabalhadores. Essa concepção de gerência favorece a interação com a assistência. Contudo, historicamente, na Enfermagem, os processos de cuidar e administrar quase não se tocam, correndo de forma paralela nas instituições. Isso deve ser modificado com a promoção de uma aliança desses dois eixos, permitindo constituir o cuidar gerenciando e o gerenciar cuidando, interpretado como uma construção para a Enfermagem brasileira e um novo paradigma. Esse ato de junção é o diferencial para a melhoria da qualidade e segurança dos serviços de saúde, ensina. Outro ponto importante a ser considerado são as atividades administrativas exercidas por enfermeiros em hospitais. Para Costa Junior, o profissional pode 12 Enfermagem em evidência

5 Historicamente, na Enfermagem, os processos de cuidar e administrar quase não se tocam, correndo de forma paralela nas instituições. Isso deve ser modificado com a promoção de uma aliança desses dois eixos, permitindo constituir o cuidar gerenciando e o gerenciar cuidando, interpretado como atuar nessa área, desde que não uma construção para a Enfermagem brasileira e um novo paradigma capacitado para tal e não precisa haja conflito sobrepor ou sobrecarregar com a função de cuidado. Não vejo nenhum problema nisso quando, de fato, o profissional está devidamente essa função com exigências de ainda prestar assistência ao paciente. No entanto, quando uma instituição passar a exigir que, além de liderar sua equipe, o profissional ainda exerça outras funções administrativas sem relação direta com o processo assistencial, isso pode comprometer de forma significativa a capacidade de atuação do indivíduo, acredita. Segundo o coordenador, é importante que a instituição tenha definições nítidas sobre as exigências do cargo e, principalmente, das funções que o enfermeiro irá desenvolver. E, ainda, que esse profissional tenha a clara oportunidade de reconhecer e declarar suas competências para exercer determinada função. Segundo a diretora executiva do IQG-Health, faltou à Enfermagem habilidade para fazer da gerência uma ação participativa, já que esta tem o objetivo de articular os processos de trabalho assistencial e gerencial, num gerenciamento do cuidado, também caracterizado pela ênfase na comunicação e interação do enfermeiro com o paciente e com outros profissionais. O caráter educativo está presente tanto nas ações voltadas para quem é atendido, como naquelas voltadas para a equipe, particularmente a supervisão e a educação permanente, ambas entendidas como instrumentos do gerenciamento em Enfermagem. A falta de articulação entre o gerenciamento e o cuidado tem mantido este fragmentado, aumentando os riscos para o paciente e alienando o trabalho da equipe. Esse distanciamento cria uma inquietação nos profissionais e um desempenho abaixo do esperado. Neste momento, estamos precisando resgatar o papel do enfermeiro como um gestor do cuidado, enfatiza. Enfermagem em evidência 13