DIREITO CONSTITUCIONAL

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Miguel Caires Espírito Santo
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1 DIREITO CONSTITUCIONAL Teoria Geral dos Direitos Fundamentais Parte 6 Prof.ª Liz Rodrigues

2 - Art. 5º, 3º, CF/88: os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais. - Incluído no texto constitucional pela Emenda n. 45/04, este parágrafo pretendeu por fim à celeuma relativa à posição hierárquica dos tratados de direitos humanos.

3 - Como visto na aula anterior, a CF/88 adota uma concepção material de direitos fundamentais e, nos termos do art. 5º, 2º, prevê meios de ampliação do rol de direitos e garantias individuais ali previstos ou seja, o rol não é taxativo. - Com base neste parágrafo, parte da doutrina (Cançado Trindade, Lafer e outros) passou a defender que tratados de direitos humanos ratificados pelo Brasil teriam a mesma hierarquia que os direitos protegidos pelo texto constitucional.

4 - Os direitos assim protegidos seriam materialmente constitucionais, pois, por força do dispositivo, não estariam excluídos do rol de direitos e garantias previstos na CF. - No entanto, o STF não aceitou este posicionamento e manteve o entendimento pelo qual tratados internacionais (independentemente de seu teor) eram recepcionados pelo nosso ordenamento com status de leis ordinárias.

5 - Em 2004, a EC n. 45 incluiu no texto constitucional o terceiro parágrafo. A partir deste momento, tratados de direitos humanos que viessem a ser ratificados com o mesmo quórum necessário para as emendas constitucionais, seriam considerados a elas equivalentes. - Porém, nada foi dito em relação aos tratados já ratificados.

6 - Observação: até o momento, o único tratado ratificado nestes termos é a Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo (2009). - Observação n. 2: o processo de ratificação de tratados é composto por quatro fases, duas nacionais e duas internacionais: negociações preliminares, aprovação parlamentar, ratificação e publicação do texto (com o respectivo Decreto de Execução) na imprensa oficial.

7 - Entre 2004 e 2008, criou-se uma situação peculiar: tratados de direitos humanos ratificados pelo Brasil antes da EC n. 45 ainda eram considerados equivalentes às leis ordinárias; porém, caso algum tratado de direitos humanos viesse a ser ratificado de acordo com os termos do 3º, seria considerado equivalente às emendas constitucionais.

8 - Em 2008, no julgamento do Recurso Extraordinário n , o STF alterou seu posicionamento, entendendo que os tratados já ratificados pelo procedimento comum passariam a ser reconhecidos como normas infraconstitucionais e supralegais. - Ou seja, com esta mudança, todos os tratados internacionais de direitos humanos passam a ser hierarquicamente superiores à legislação infraconstitucional.

9 - Se ratificados nos termos do art. 5º, 3º, serão equivalentes às emendas constitucionais; - Se ratificados de acordo com o procedimento ordinário, serão considerados normas infraconstitucionais e supralegais; - Se não forem tratados que versem sobre direitos humanos, são considerados normas infraconstitucionais, com força de lei ordinária.

10 Constituição da República Federativa do Brasil (e tratados de direitos humanos equivalentes às emendas constitucionais) Tratados de Direitos Humanos (normas infraconstitucionais e supralegais) Leis complementares, leis ordinárias, leis delegadas, medidas provisórias, decretos legislativos, resoluções (art. 59, CF/88) e decretos-lei

11 - Controle de convencionalidade (Mazzuoli): se os tratados de direitos humanos são hierarquicamente superiores à legislação infraconstitucional, qualquer dispositivo que lhes seja contrário deverá ser excluído do ordenamento (critério hierárquico).

12 - Conflito entre tratado de direitos humanos e norma constitucional: lembre-se que prevalece a interpretação pro homine ou seja, se o tratado trouxer uma proteção mais ampla, ocorrerá a elevação do nível de proteção do direito em questão; caso contrário, serão mantidas as disposições constitucionais. - Cláusula pétrea: não serão apreciadas propostas de emendas tendentes a abolir direitos e garantias individuais.

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