Marvila. Dia L Nº52. Marvila. Projectos Educativos em. Entrevista a Duarte Sá. Expectativas superadas em Marvila. Março
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- Victor Maranhão Garrau
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1 Março 2010 Jornal da Marvila Junta de Freguesia Mensal - Ano 5 Nº52 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA Projectos Educativos em Marvila PÁG. 5 Dia L Expectativas superadas em Marvila PÁG. 3 Entrevista a Duarte Sá Presidente da Direcção da Casa do Concelho de Cinfães Os alunos querem chegar e tocar! PÁG. 8
2 Marvila 2010Nº52 M A R Ç O Cara a Cara Belarmino Silva Todos juntos podemos fazer a diferença Os resultados alcançados com a acção ecológica do Dia L, realizada não só em Marvila mas um pouco por todo o país no passado dia 20 de Março, foi um bom exemplo do que é possível concretizar quando há mobilização em torno de uma causa. Pude acompanhar o trabalho das várias equipas reunidas para actuar na nossa freguesia e não só me dei conta da participação de voluntários de todas as idades literalmente dos oito anos aos 80 -, como de um espírito comum, no qual a motivação para fazer de Marvila um lugar mais bonito e agradável para todos foi vivido de forma descontraída, mas realmente comprometida. São dias como este que me convencem cada vez mais de que juntos somos mais do que separados, de que apesar de cada um ter o seu papel a desempenhar enquanto cidadão participativo e amigo de Marvila, é possível lançar um desafio à população no seu todo e verificar depois que havendo causa, há mão para fazer a obra. Aproveito assim este editorial para agradecer a participação de todos os que fizeram da limpeza da freguesia e do convívio com outros o seu plano para aquele Sábado! Ficha Técnica Mensal - Ano 5 n.º 52 Março de 2010 Director: Belarmino Ferreira Silva Propriedade: Junta de Freguesia de Marvila Avenida João Paulo II, lote 526, 1.º A Lisboa Telefone: Fax: info@jf-marvila.pt Depósito Legal: /06 Tiragem: exemplares Redacção: Green Media Produção gráfica: Grafe Publicidade, Lda. Impressão: Sogapal 02 Executivo eleito para o mandato jmmaximo@jf-marvila.pt antonio.alves@jf-marvila.pt Belarmino Silva Presidente Jorge Máximo Secretário Sociedade Civil e Desenvolvimento Económico Comunicação e Marca Marvila Estratégia Orçamental e Financeira António Alves Tesoureiro Habitação 2.ª feira das 10H00 às 12H00 Calendário de iniciativas da freguesia 1 de Abril a 7 de Junho Curso de Instrumentos Tradicionais Inscrições decorrem até 31 de Março de 2010 Fundação INATEL Sede/Agência Lisboa, Direcção de Cultura: de Abril de 2010 Torneio da Associação Cultural e Social Os amigos do Peixeninho 15H00 Informações úteis Saúde Centro de Saúde de Marvila - Rua Dr. Estevão de Vasconcelos, 56 Tel: / Centro de Saúde Dr. José Domingos Barreiros - Beco da Mitra, 2 - Tel: Unidade de Saúde dos Lóios - Tel: Unidade Local de Saúde da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa do Bairro do Armador - Av. Virgílio Ferreira, Lt. 770, R/C - Bairro do Armador Tel: /5 Clínica de Chelas - Av. Dr. Augusto Castro, Lt Lj. A e B Tel: / Farmácias Farmácia Almeida Vaz - Rua Luís Cristino da Silva, Lt. 248 Lj Tel: Farmácia Barros Gouveia - Rua Vale Formoso de Cima, 79 B - Tel: Farmácia Falcão - Rua Rui de Sousa, Lt. 65 A - Tel: Farmácia Freitas - Rua Vale Formoso, 23 A - Tel: Farmácia de Marvila B.º Marquês de Abrantes, Lt. 35 e 36 - Tel: Farmácia Sacramento Rua Actriz Palmira Bastos, 42 Lj. Dt.ª - Tel: Farmácia Santo António Avenida Paulo VI, 14 Lj. - Tel: Farmácia Santos Silva Praça Raul Lino, Lt. 226 Loja 22 - Tel: Farmácia Serejo Avenida João Paulo II, Lt. 531, Lj. B - Tel: Farmácia Pontes Leite Av. François Mitterrand, 39 B - Tel: Segurança PSP 14.ª Esquadra Amendoeiras - Tel ª Esquadra Condado - Tel ª Esquadra Flamenga - Tel Tel: / Coordenação s Administração e Funcionamento Relações Institucionais isabel.fraga@jf-marvila.pt vitor.morais@jf-marvila.pt Isabel Fraga Vogal Acção Social Saúde Tempos Livres Educação Conselho Educacional 5.ª feira das 10H00 às 12H00 Vítor Morais Vogal Desporto, Juventude e Cultura 4.ª feira das 18H00 às 20H00 12 de Abril de 2010 Reunião do Conselho Educativo 14H00 às 18H00 Escola EB1 Dr. João dos Santos Recursos Humanos Urbanismo Património Segurança GNR Comando - Tel Polícia Judiciária - Tel Polícia Municipal - Tel Regimento de Sapadores Bombeiros - Tel / Transportes CARRIS - Tel: CP - Tel: Metropolitano - Tel: Táxis - Tel: / / Serviços Públicos EPAL (Assistência Domiciliária) - Tel: EPAL (Roturas) - Tel: EDP (Fugas de gás) - Tel: Intoxicações - Tel: Linha Vida - Tel: 1414 (gratuita) SOS Voz Amiga - Tel: B.S. Bombeiros - Tel: vitor.simoes@jf-marvila.pt julio.reis@jf-marvila.pt 2.ª feira das 16H00 às 18H00 Vítor Simões Vogal Espaço Público Calçadas e Passeios Transportes e Trânsito Iluminação Pública Mobiliário Urbano 5.ª feira das 16H00 às 18H00 Júlio Reis Vogal Espaços Verdes Higiene Urbana Ambiente Saneamento 6.ª feira das 16H00 às 18H00 18 de Abril de 2010 Secção Desportiva da Casa do Concelho de Arcos de Valdevez XVIII Grande Prémio do Futuro de Atletismo 09H00 Quer ver o seu Evento noticiado no Jornal de Marvila? Envie-nos informações como data, hora, local e promotor do evento para conselhomarvilense@jf-marvila.pt Atendimento Social Serviço de Acção Social da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa Praça José Queiroz, 1 Piso 3 - Edifício Entreposto - Tel: Espaço LX Jovem - Tel: Outros Atendimentos Dentista Dr. Daniel Guerreiro - Tel: Segundas, Quartas e Sextas, das 16 às 20 horas Consulta com Psicoterapeuta - Dra. Joana Gonçalves 3.ª e 5.ª feira das 16h00 às 19h00 Apoio Psico-Social - Dra. Elizabete Silva 3.ª feira das 10h00 às 12h00 Consultas Jurídicas - Dr. Jorge Nascimento 3.ª feira, das 18h00 às 20h00
3 Dia L superou expectativas em Marvila A iniciativa Limpar Marvila, decorrida no passado dia 20 de Março e englobada na acção Limpar Portugal, teve forte adesão por parte da população da freguesia e permitiu superar todas as expectativas formuladas pela equipa organizadora. De acordo com Júlio Reis, responsável pelo Espaços Verdes, foram mais de 600 os inscritos e no dia apareceram pessoas que até nem tinham efectuado a sua inscrição mas queriam muito participar, o que fez com que tivéssemos Grupo Comunitário do Bairro do Armador organiza actividades O Dia L prosseguiu depois na freguesia com actividades organizadas pelo Clube de Famílias do Bairro do Armador, que incluíram momentos de sensibilização para questões relacionadas com a saúde, uma Gala de Angariação de Fundos para a causa da ilha da Madeira, uma quermesse e a actua ção de vários artistas locais. superado os objectivos nesta matéria. Apesar das condições atmosféricas não terem sido as melhores no período da manhã, foi ainda assim possível levar a cabo uma operação de intervenção nos vários bairros da freguesia e que, com o apoio logístico da Câmara Municipal de Lisboa, especialmente na recolha dos detritos acumulados pelos voluntários, resultou numa limpeza efectiva. As pessoas mostraram-se muito empenhadas e, felizmente, também ao nível da organização tudo funcionou em pleno havia luvas, sacos de plástico e todo o restante material necessário a uma acção cuidada, facto que nos leva a ponderar uma repetição do evento, seja no âmbito da iniciativa Limpar Portugal, seja independentemente, com organização por parte do executivo, adiantou ainda Júlio Reis, que aproveitou para sublinhar a sensibilização da população para a preservação dos espaços públicos como objectivo de fundo desta acção. Marvila 2015 o Beato Marvila o 2015 Beato o Congresso Marvila & Beato º Congresso de Marvila - Marvila Beato 2015 já mexe Como gostaria de ver Marvila em 2015 A sua opinião é importante. Congresso Peço alteração ao logotipo, mediante as seguintes informações do Cliente: a) a perna do algarismo 4, é o algarismo 1, bem nítido enquanto tal; Este ano o tema do congresso de Marvila procura antecipar como iremos e queremos viver a nossa freguesia na 2ª b) o sinal metade entre Marvila e Beato passa a estrela; desta década. Se é um marvilense interessado a sua opinião é importante. Envie-nos para conselhomarvilense@jf-marvila.pt um pequeno texto Coloco no separador "Ficheiros" um desenho ilustrativo do objectivo do Cliente. (maximo 10 linhas) com a sua visão do nosso futuro comum, evidenciando as amea ças, oportunidades e sugestões que considere relevantes. Os textos recebidos serão publicados nos canais de divulgação da junta e do conselho marvilense (Jornal Mensal de Marvila, na página Facebook do Conselho Marvilense, Site e Blog conselhomarvilense2010.blogspot.com), e a respectiva súmula submitida para apreciação e discussão em Junho no congresso de Marvila. Participe e faça parte do nosso futuro comum. 03
4 Marvila 2010Nº52 M A R Ç O A Educação em Perspectiva Entrevista a Lucinda Luci Silva Professora e Coordenadora Escolar na EB1 Dr. João dos Santos Gostava que os pais participassem mais da escola JM - Quais as maiores dificuldades que en contra no seu trabalho diário com os alunos? LS - Verifico que o problema não está tanto na indisciplina na sala de aula, mas antes na ocupação do tempo do recreio. Os miúdos precisam de um campo de jogos que lhes permita brincar e libertar a energia. A falta de ocupação no período do recreio dá azo a que não se distraiam, o que por vezes resulta em problemas. Foram recentemente criadas actividades no espaço da escola mas que, como não há espaço para todos, funcionam apenas como prémio para quem se porta bem e isso, obviamente, não é suficiente. JM - Para além de professora, é coordenadora da EB1 Dr. João dos Santos, função que lhe permite uma perspectiva mais ampla - o que nos pode dizer acerca do papel dos pais? LS - Estou aqui desde 1998 e portanto conheço bem este ambiente escolar: os alunos, os pais, até os irmãos dos alunos, a quem também dei aulas em tempos. Através do contacto com todas estas pessoas percebo que, de facto, os professores não são perfeitos mas infelizmente também há muitos pais mais preocupados consigo mesmos do que com os miúdos. Refiro-me por exemplo a pais que mais facilmente investem nos seus pequenos vícios do que na alimentação do filho ou na possibilidade deste ir ao teatro com o resto da turma quando a professora propõe essa actividade. E não raras vezes sou criticada porque me entrego totalmente e me sinto na condição de dizer estas verdades, mas no fim do dia não nos podemos esquecer que para muitas crianças, a única refeição a que têm direito é feita aqui na escola. E apesar de passarem por experiências realmente difíceis, os miúdos conseguem vir para a aula e ter um sorriso para oferecer... Os pais não são tolerantes com os filhos e em vez de trabalharmos em conjunto para ultrapassar isto, depositam aqui os miúdos e ficam desorientados de cada vez que é necessária qualquer alteração à rotina. Já tive pais que com a aproximação das férias me perguntaram e agora, o que é que faço ao miúdo?... JM - Tudo isso com implicações no desempenho das crianças... LS - Sem dúvida. Há histórias de maus tratos, relatos de carências alimentares e de privações que marcam muito as crianças, nomeadamente por causa do tempo que passam totalmente sozinhas, que é muito. Com tudo isto a pesar, o professor não pode exigir que a criança apareça na aula de manhã e esteja concentrada e motivada. Continua a persistir a ideia de que o professor não pode fazer nada em relação a isto porque os pais é que têm autoridade, inclusivamente na escola. Eu não concordo: já o disse em várias ocasiões e repito, não trabalho para agradar aos pais mas sim em favor dos meus alunos. JM - Mas nem tudo é mau - qual é o reverso deste trabalho com os mais pequeninos? LS - A alegria que qualquer professor sente quando ao fim de algum tempo deixa de ser uma pessoa estranha para eles e passa a ser alguém que os ajuda a desabrochar, a ver que as regras têm um objectivo e que tudo tem um sentido. Só fica aqui a faltar um papel mais activo por parte dos pais... Gostaria que no futuro houvesse espaço para eles participarem, já que temos todos muito a aprender uns com os outros. A forma como o próprio sistema está organizado não permite muito isso, mas é importante que a escola se abra e permita este contacto entre todos. Aconselhamento educativo chega aos pais gar no passado dia 22 de Março, na EB1 Dr. João dos Santos e contou com a presença de cerca de 20 participantes. O tema escolhido para o encontro teve o título Sou Capaz e permitiu o desenvolvimento de dinâmicas que promovem, de forma prática, estilos para uma comunicação mais saudável entre pais e filhos, visando o incentivo positivo à adopção de comportamentos mais adequados e à compreensão do benefício da mudança por parte das crianças. Com a duração de 60 minutos por sessão, as Conversas com Pais são de entrada totalmente gratuita e têm lugar no final de cada período escolar, nos estabelecimentos de ensino básico do primeiro ciclo parceiros do Projecto Intervir em Marvila. Para participar basta apenas uma inscrição prévia dos pais e encarregados de educação através do telefone ou do endereço electrónico projectointervir@jf-marvila.pt. 04 Tendo como principal objectivo a criação de um espaço de reflexão temático feito da partilha de experiências entre técnicos do Projecto Intervir em Marvila, professores e encarregados de educação, as Conversas com Pais promovem o pensamento e a acção em alguns dos principais assuntos que preocupam os agentes educativos, permitindo a transmissão de conceitos de aprendizagem de competências simples e de aplicação imediata. A última sessão das Conversas com Pais teve lu-
5 Primeiro plenário do Conselho Educativo de Marvila acontece a 12 de Abril As instalações do Espaço Jovem Intervir voltaram a ser palco de encontro dos membros da comissão instaladora do Conselho Educativo de Marvila, para o esclarecimento e partilha das bases de trabalho deste órgão consultivo da Junta de Freguesia e marcação do primeiro plenário para os vários grupos de trabalho, entretanto agendado para o próximo dia 12 de Abril, na EB1 Dr. João dos Santos. Jorge Máximo, responsável pelo da Sociedade Civil e Desenvolvimento Económico da Junta de Freguesia de Marvila, e Hermínio Corrêa, da Associação de Pais da Escola Secundária D. Dinis foram os principais intervenientes da tarde de trabalhos que permitiu a discussão dos principais objectivos e orientações daquele que se espera vir a ser o principal órgão do domínio da educação na freguesia. Competências em foco nas escolas básicas da freguesia Continuam a decorrer semanalmente as acções de promoção de competências pessoais e sociais da equipa de técnicos do Projecto Intervir em Marvila nas escolas básicas da freguesia: EB1 Dr. João dos Santos, EB 1 Nº. 195 e EB 2+3 de Marvila. Visando o apoio às camadas mais jovens na prevenção de comportamentos de risco e no desenvolvimento de noções como a confiança, a segurança, a concentração ou a autonomia, as intervenções têm lugar no contexto da sala de aula e contam com a participação activa dos professores responsáveis por cada turma. As actividades preparadas pela equipa coordenada pela Dra. Joana Gonçalves permitem não só um contacto mais próximo com a realidade vista Seguindo as pisadas do Conselho Marvilense, de que é fruto, o Conselho Educativo de Marvila visa reunir sinergias primeiro em Marvila, mais tarde nas freguesias vizinhas e desenvolver conceitos de cidadania participativa e de responsabilização cívica envolvendo membros de todas as rea lidades escolares: creches e jardins de infância, escolas básicas e secundárias, colégios privados, associações, IPSS s, ensino superior, entre outras. Porque é preciso toda uma freguesia para educar uma criança, o Conselho Educativo de Marvila vai iniciar funções com prioridades bem definidas: promover o sistema educativo de forma articulada e trabalhar a tolerância, incentivando um clima de convivência e de confiança entre todos os envolvidos e visados pelo projecto. pelo lado das crianças, como o desenvolvimento de actividades paralelas à sua aprendizagem curricular contar histórias, fazer desenhos alusivos a um tema, executar trabalhos manuais ou aprender a relaxar são apenas algumas das metodologias aplicadas para o reforço de comportamentos positivos. Recentemente associado a este projecto está igualmente o apadrinhamento de uma turma do quarto ano do primeiro ciclo da EB1 Dr. João dos Santos por outra turma da escola EB2+3 de Marvila, uma iniciativa lançada pelo Projecto Intervir em Marvila e que objectiva uma transição menos problemática dos alunos aquando da sua mudança para a nova escola. Psicologia para todos Violência na escola Por Dra. Joana Gonçalves Actualmente falar de violência escolar é também falar de Bullying. Trata-se de um fenómeno que abrange muitos tipos de comportamentos mas de uma forma geral são sempre maus-tratos intencionais e repetitivos entre colegas de estatuto e poder desigual. A violência pode ser feita através de agressividade física, verbal, manipulação social e até mesmo através de ataques à propriedade (furto, extorsão ou destruição deliberada de objectos). Os agressores são crianças ou jovens que por qualquer motivo têm mais força ou poder do que a vítima. E o exercício persistente e continuado deste tipo de violência é revelador de um enorme mal-estar interno. Tal como me explicava uma criança com a sua ingénua sabedoria Os meninos que gozam são maus porque são tristes. Têm ciúmes das outras crianças. Não têm família, nem o que os outros têm, acrescento eu, não têm o Amor Incondicional que é suposto nutrir todas as crianças. As vítimas são habitualmente crianças ou jovens que sofrem de obesidade ou de uma qualquer dificuldade de expressão, como a gaguez, os tiques, ser demasiado calado ou falador, isto é, basta que de alguma forma fuja dos padrões considerados normais pelo meio onde está. O recreio é um dos contextos em que o Bullying mais se faz sentir uma vez que se encontram num mesmo espaço muitas crianças e/ou jovens, tornando-se díficil para os adultos vigiarem todos os comportamentos e intervirem atempadamente. As consequências deste tipo de violência escolar podem ser devastadores senão existir uma intervenção eficaz, e passam quer por sintomas físicos (como por exemplo um olho negro) como por psicológicos, muitas vezes mais díficeis de sarar, como a fobia escolar, a baixa de rendimento escolar, a depressão, as doenças psicossomáticas, a baixa de auto-estima e mais tarde eventualmente a adopção de comportamentos de elevado risco para a sua saúde física e mental (como por exemplo, a delinquência, a toxicodependência e eventualmente o Bullying em si - as vítimas mais tarde poderão tornar-se nos agressores). Se considera que o seu filho é um alvo fácil à agressividade e gozação dos outros colegas, tente ajudá-lo ou procure ajuda para que ele saiba lidar com aquilo que o diferencia para que não se torne um motivo de vergonha e humilhação pública. Esteja atento ao seu filho observando-o a brincar com os outros colegas, pois nem sempre as crianças têm a força necessária para fazerem frente a um agressor e podem precisar de ajuda. Não deve desvalorizar as queixas do seu filho, pois isso leva a que a criança ou jovem se sinta um fracasso. Deve intervir no sentido de fazer parar o comportamento da criança ou jovem que humilha e violenta o seu filho. Deve falar com o seu filho e explicar-lhe que é natural sentir medo e vergonha, que não se deve culpar pelo que aconteceu, mas que deve ser capaz de falar sobre o que está a acontecer para poder ser ajudado. Deve chamar à atenção dos professores responsáveis e falar com os pais da criança ou jovem agressor(a), questionando sobre a possiblidade de ambos (vítima e agressor) serem acompanhadas(os) por um técnico especializado. Se o seu filho é muito agressivo, esteja atento, ele pode ser o autor de bullying e não ter consciência do sofrimento que provoca nas outras crianças ou jovens. Joana Gonçalves - Psicóloga Clínica Mestre em Psicopatologia e Psicologia Clínica Membro da Associação Portuguesa de Psicanálise e Psicoterapia Psicanalítica Membro da Sociedade Portuguesa de Psicodrama Psicanalítico de Grupo 05
6 Marvila 2010Nº52 M A R Ç O Vox Populi Que conteúdos gostaria de ver noticiados em edições futuras deste jornal? Albertina Costa, Doméstica Acho que é mais importante apontar os problemas que vivemos e referir o que está por fazer por exemplo, reparar os buracos das estradas ou substituir a sinalética de rua que em muitos sítios está deitada abaixo - do que noticiar outras coisas. Fátima Duarte, Funcionária Pública Na minha opinião o jornal é muito cultural. Deviam de ser destacadas as notícias sobre o que não está bem na freguesia e em que sentido o executivo está a trabalhar para fazer melhorias. Assistente Operacional da Câmara Municipal de Lisboa A meu ver o jornal é demasiado ins ti tucional e repetitivo porque só noticia acções que já aconteceram e que dizem sempre respeito às mesmas instituições, como a ACULMA ou a Casa do Concelho de Cinfães. Como veículo de melhoria na freguesia, preferia encontrar no jornal mais conteúdos sobre outros projectos, bem como notas relativas a acontecimentos futuros, nos quais se possa participar. O Jornal de Marvila criou este espaço para intervenção dos seus leitores. Queremos dar voz activa aos seus comentários, dúvidas, queixas, reclamações e notícias, para um jornal ainda mais próximo da freguesia! Envie a sua correspondência para: conselhomarvilense@jf-marvila.pt 8 de Março de 1857 Dia Mundial da Mulher Esta cena foi real Nova Iorque a capital Lutaram pelos seus direitos Greve de fome fizeram Qual a paga que tiveram? Em celas encarceradas E depois foram queimadas Em Lisboa, Marvila Estamos na primeira fila Contra tanta cobardia Nós damos paz e amor Um beijo e uma flor Com a Junta de Freguesia. O Poeta de Marvila Ilídio Sousa Tuna do ISEL organizou festival No dia 27 de Março realizou-se na Aula Magna o tradicional Festival Anual de Tunas em que participaram várias Tunas Nacionais e ainda estrangeiras, entre elas, uma espanhola representando 06 um dos Pólos Universitários da Cidade de Madrid. De realçar o facto de que na mesa do Júri estava presente o Presidente do Executivo, Sr. Belarmino Silva. O Festival terminou às 4 horas da manhã do dia seguinte. Oito delas, em média com 25 elementos, incluindo a representante da Cidade de Madrid estiveram presentes na nossa Freguesia e foram coordenadas pela Tuna do ISEL que transporta a bandeira da nossa Freguesia para qualquer parte onde se desloca. As oito tunas concentraram-se junto à sede da Colectividade mais antiga de Marvila a Sociedade Musical 3 de Agosto de 1885, descendo a Rua Direita de Marvila até ao Poço do Bispo, sede do Clube Oriental de Lisboa onde cantaram várias serenatas às senhoras que estavam às janelas do Clube Oriental de Lisboa, incluindo a Vogal do Executivo do pelouro da Educação, Dr.ª Isabel Fraga. Neste evento estiveram, também, presentes o Presidente do Executivo, Sr. Belarmino Silva e o Tesoureiro, Sr. António Alves, terminando a sua actuação, em Marvila, pelas 19 horas e, logo de seguida, as tunas dirigiram-se para a Aula Magna.
7 Marvila estudada em iniciativas do ISCTE O Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE) tem vindo a ser palco de iniciativas nas quais Marvila está em foco. Entre as duas mais recentes, destaque para a exposição O impacte das novas infra-estruturas - Marvila: Regeneração Urbana, cujos trabalhos concorreram igualmente ao reputado prémio SECIL, e para a conversa de biblioteca Espírito de Submissão um Percurso de Construção Conceptual. No primeiro caso, todos os trabalhos incluídos foram apresentados por alunos diplomados do Mestrado Integrado em Arquitectura do ISCTE/ IUL e contemplaram espaços e possibilidades de intervenção na freguesia. Christopher Ribeiro da Silva concorreu com o projecto Escola de Ofícios Tradicionais de Lisboa, Fábio Ferreira Neves com O Museu da Indústria: Zona Oriental e Lisboa, João de Melo Veiga com o trabalho Marvila, Lisboa, 8 Habitações + Percurso e finalmente, Marcelo Moreira e Silva com Azinhaga dos Alfinetes Pobreza em discussão na D. Dinis O auditório da Escola Secundária D. Dinis recebeu no passado dia 27 de Março uma importante iniciativa da Assembleia de Freguesia de Marvila: o Colóquio Sobre o Ano Europeu do Combate à Pobreza e à Exclusão Social. Com sessão de abertura a cargo do Secretário da Junta de Freguesia Jorge Máximo, e intervenções de vários oradores convidados, como o Padre Carlos Azevedo, Capelão do Hospital D. Estefânia e a Assistente Espiritual da Comunidade Vida e Paz, Ana Paula Morais, da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e Sara Morais Pinto, da Associação Cais e Maria do Carmo Tavares, da CGTP/intersindical, o colóquio contou ainda com a moderação de José Fernando Nabais, Presidente do Clube Oriental de Lisboa e com um encerramento preparado por Isabel Almeida, Presidente da Comissão para a EAECPES e Membro da Assembleia de Freguesia. O evento permitiu uma discussão aberta com os cerca de 60 participantes em sala, destacando-se o encorajamento necessário à participação e ao compromisso político de todos os segmentos da sociedade para intervenção junto dos mais desfavorecidos, desde o nível europeu ao nível local e em simultâneo nos sectores público e privado. - Centro de Formação de Ofícios Tradicionais. Já o livro Espírito de Submissão, de António Pedro Dores deu o mote para a realização de uma conversa sobre uma investigação feita com elementos de comunidades estrangeiras a residir em Marvila africanos, brasileiros e cidadãos de leste no âmbito da identificação de estados de espírito e sua influência na teorização da Justiça. Rita Penedo, Funcionária do Ministério da Administração Interna e João Camacho, Técnico de Intervenção Local no Gabinete de Bairro da Ameixoeira, foram os dois técnicos envolvidos no projecto e presentes no evento para partilhar as principais conclusões retiradas do estudo. 07
8 Marvila 2010Nº52 M A R Ç O Entrevista a Duarte Sá Presidente da Direcção da Casa do Concelho de Cinfães Os alunos querem chegar e tocar! Com mais um Curso de Instrumentos Tradicionais a arrancar no dia 1 de Abril, a Casa do Concelho de Cinfães volta a estar em destaque como umas das principais impulsionadoras culturais da freguesia de Marvila. Duarte Sá é, desde há 13 anos, presidente da direcção deste espaço, onde o espírito de Cinfães se quer bem vivo e a tradição do genuinamente português persiste em ser mantida. JM - Como surgiu a iniciativa do Curso de Instrumentos Tradicionais? DS - O Curso de Instrumentos Tradicionais tem origem num protocolo que assinámos com o INA- TEL há três anos e que estabeleceu que a Casa do Concelho de Cinfães facilitasse o espaço e ajudasse na formação musical de alunos e em específico na concertina. Existia muita procura em Lisboa mas não existiam (nem agora existem) muitos locais onde as pessoas pudessem dirigir-se para aprender. Tudo isto a acrescer ao facto de termos um racho folclórico próprio ajudou a que fosse para nós fácil trabalharmos o programa com o INATEL e fazermos aqui o curso. JM - De que forma se explica este interesse renovado pela concertina? DS - Penso que esta procura esteja relacionada com a vontade de se recrear o antigamente e o feed- -back que tanto o INATEL como nós temos recebido dos grupos musicais com quem trabalhamos é que o acordeão não produz o mesmo efeito e portanto foi uma questão de encontrar um formador para a concertina e começar a divulgar a realização do curso. 08 JM - É uma modalidade de aprendizagem que esperam manter nos próximos tempos ou vão enveredar por outros instrumentos? DS - O curso que temos agora em divulgação engloba não só a concertina, que trabalhamos desde há três anos, mas também o cavaquinho, a guitarra clássica e a guitarra portuguesa, num total de 60 horas de aprendizagem. Depois deste curso a concertina vai passar a ser ensinada na Casa de Castro D Aire enquanto que os restantes instrumentos se mantêm aqui. JM - O que nos pode avançar em relação ao método de ensino utilizado? DS - Esse é talvez o aspecto mais importante porque o método utilizado permite que em muito pouco tempo qualquer pessoa, mesmo as que nunca tiveram formação musical nem saibam ler um pauta, possam começar a tocar desde início. Trata-se de um método desenvolvido pelo professor Vasco Simões e que está hoje a ser implementado por dois dos seus antigos alunos. Consiste em atribuir cores, verde ou rosa, consoante se trate de uma tecla para abrir ou fechar na concertina. A mesma tecla produz assim dois sons diferentes e através das cores o aluno fica a saber o que se pretende que toque. Depois a cada dedo da mão direita equivale um número, portanto, basta combinar o número do dedo à cor correspondente à tecla pretendida. Tem sido um sucesso e no espaço de apenas três anos posso afirmar que reunimos tocadores excelentes. Numa escola de música comum o estudo começa com o solfejo e a aprendizagem é mais maçuda o que leva a que muitas pessoas mais tarde desistam porque não sentem resultado imediato. Na concertina e com este método, à segunda aula o aluno já consegue fazer música. JM - Qual a vossa expectativa de procura desta vez? DS - A procura tem sido muito grande, por pessoas de todas as idades e de ambos os sexos, sendo que o único contra é o investimento necessário para adquirir o instrumento, visto que é impossível para nós ou para o INATEL ter instrumentos para fornecer a todos os interessados. No ano passado fizemos uma divulgação forte e tivemos inclusivamente pessoas do Porto a pedir-nos para os inscrevermos, sem perceberem que estávamos em Marvila... E em Novembro passado, quando realizámos o primeiro Encontro de Concertinas da Casa do Concelho de Cinfães actuaram cerca de 40 tocadores de concertina alunos nossos, o que representou para nós uma grande satisfação. JM - Acredita que com a manutenção de iniciativas como esta, a aprendizagem deste instrumento pelas gerações mais novas fique assegurada? DS - Sim, é muito satisfatório para nós que tal aconteça porque também vemos a emoção na expressão das pessoas quando começam a tocar, sejam crianças sejam adultos. Existe, de facto, uma evolução visível e um reconhecimento do trabalho. Como as inscrições são feitas no INATEL não conseguimos perceber qual a expectativa inicial das pessoas mas quando chegam a nós percebemos que o principal é começar a fazer música rapidamente - querem chegar e tocar e isso é o mais importante! JM - E que outras acções se podem esperar em breve na Casa do Concelho de Cinfães? DS - Fazemos questão de pontualmente levar a cabo algum tipo de iniciativa, portanto, ao longo dos meses existem sempre coisas em marcha. Nos primeiros dias do ano realizamos a Tradicional Matança do Porco, que este ano bateu recordes de participação, no Carnaval fazemos um baile e já em Maio vamos realizar um Torneio de Jogos Tradicionais. A 30 de Maio celebraremos o nosso 13º aniversário com os sócios e para Junho temos já pensado um grande piquenique.
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