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- Vanessa Gorjão Sales
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1 TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 19ª REGIÃO 10ª VARA DO TRABALHO DE MACEIÓ/AL ATA DE JULGAMENTO DO PROCESSO nº Aos vinte e nove dias do mês de novembro do ano de dois mil e sete, às 16:20 horas, estando aberta a audiência da 10ª VARA DO TRABALHO DE MACEIÓ/AL, na sala de audiências da respectiva Vara, sito à AV. DA PAZ, º ANDAR, CENTRO, com a presença do Juiz do Trabalho Substituto CARLITO ANTÔNIO DA CRUZ, foram por ordem do Sr. Juiz do Trabalho apregoados os litigantes: Jane Márcia Palmeira Paranhos, RECLAMANTE, e Centro Visual Ltda. - EPP - Flu Look, RECLAMADO. Instalada a audiência, passou o juiz a proferir a seguinte decisão: I - Relatório. Trata-se de reclamação trabalhista ajuizada por JANE MÁRCIA PALMEIRA PARANHOS, em face de CENTRO VISUAL LTDA. - EPP - FLU LOOK, ambos qualificados nos autos. Sustenta a parte reclamante que foi admitida como vendedora do reclamado 01/09/1998, recebendo remuneração fixa de R$ 450,00 e comissão, esta no valor de R$ 700,00 a R$ 800,00 mensais, num total remuneratório de R$ 1.200,00, por mês. Diz que a reclamada não pagava a incidência das comissões sobre 13º salários, férias + 1/3, nem sobre o FGTS. Alega que sofria descontos indevidos, mensalmente, em seu salário. Aduz que, devido ao desconto indevido no seu salário recebeu apenas parte do valor devido do seguro-desemprego. Afirma que laborava das 10 às 22 horas, de segunda à sábado e das 15 às 21 horas, aos domingos, sem intervalo, com folga apenas a cada 15 dias, no período de outubro de 2002 a fevereiro de 2006, quando prestou serviço na Loja do Shopping Iguatemi. Alega que de março de 2006 a junho de 2007, laborou das 9 às 22 horas, de segunda a sábado, e das 9 às 18 horas, aos domingos, na loja do Hiper Bom Preço, também com folga de 15 em 15 dias. De julho de 2007 a agosto de 2007, foi transferida para a Loja localizada ao lado do Shopping Iguatemi, laborando das 13 às 22 horas, de segunda a sábado, sendo que, uma vez por mês, sua jornada nesta loja se prolongava até às 00/01:00, devido ao balanço que era realizado, mensalmente. Diz que não lhe foram pagas as horas extras. Acrescenta que laborava em feriados civis e santificados. Informa que sofria mensalmente desconto, por prejuízo de inadimplência de clientes, numa média mensal de R$ 150,00 a R$ 200,00, valores estes que devem ser deduzido. Aduz que foi despedida sem justa e recebeu apenas o Valor de R$ 750,27, devido ao desconto de R$ 709,00, devendo, pois, ser devolvido também esse desconto indevido. Diz que é pobre na forma da lei. Ao final, requer: aviso prévio; devolução da quantia de R$ 709,00, descontada na rescisão; diferença das verbas rescisórias constantes do TRCT (13º salário e férias + 1/3); diferença do 13º salário do período imprescrito; diferença das férias + 1/3 do período imprescrito; diferença do FGTS + 40%, com incidência em férias + 1/3 e no 13º salário, 29/11/ :33:23 Sistema de Acompanhamento de Processos em 1ª Instância pág. 1 / 6
2 de todo o período; diferença do seguro-desemprego; horas extras + 50% e reflexos em férias + 1/3, 13º salário e no FGTS; indenização de 01 hora pela não concessão de intervalo + 50%, conforme previsto no art. 71, 4º, da CLT; dobra dos domingos e feriados civis e santificados, de acordo com o calendário oficial; adicional noturno; indenização pelos descontos indevidos no período imprescrito. Pede, ainda, justiça gratuita e honorários advocatícios. Deu à causa o valor de R$ ,00. Juntou documentos. Na audiência inaugural, compareceu apenas o reclamante, restando prejudicada a primeira proposta de acordo e a defesa da reclamada. Foi dispensado o depoimento da reclamante e a produção de provas. Encerrada a instrução. Razões finais, reiterativas, pela reclamante e prejudicadas as da reclamada. Prejudicada a segunda proposta de conciliação. A reclamada apresentou requerimento, fls. 29/31, informando a ocorrência de roubo sofrido por sua preposta, juntando-se documentos, entre eles o registro da ocorrência, conforme se vê à fl. 39. É o relatório II - Fundamentos da decisão. Preliminarmente, considero sem razão a demandada em sua justificativa de fls. 29/31, pois no processo do trabalhista vigora o princípio da impessoalidade do preposto (art. 843, CLT). Além disso, o boletim de ocorrência somente foi emitido no dia 22/11/2007, às 12h21min, ou seja, no dia seguinte ao ocorrido, fato que enfraquece a declaração de que ocorrera o assalto momentos antes da audiência. Ademais, a reclamada não apresentou a carta de preposição junto com a documentação de fl. 32/39, não demonstrando qualquer representatividade delegada a Sra. Clarissa Costa Alves. No mérito, pesa contra a parte demandada a pena de revelia e confissão, quanto à matéria fática, em face da sua ausência injustificada na audiência em que deveria apresentar defesa, conforme prevê o art. 844, da CLT. Por ser assim, considero verdadeiros os fatos narrados na petição inicial, relativos ao contrato de trabalho, tempo de serviço, valor do salário mensal, trabalho em horário extraordinário e em dias não úteis, bem como o não pagamento das verbas trabalhistas e rescisórias postuladas, bem como a argüição de descontos indevidos, pagamento da rescisão, com desconto indevido, recebimento a menor de valores do seguro-desemprego, por culpa da reclamada. Assim, observando-se que o período de trabalho foi 01/09/1998 a 31/08/2007, conforme 29/11/ :33:23 Sistema de Acompanhamento de Processos em 1ª Instância pág. 2 / 6
3 consta do TRCT de fl. 09, bem como que a autora laborou, no período de outubro de 2002 a fevereiro de 2006, na Loja do Shopping Iguatemi, das 10 às 22 horas, de segunda a sábado, e das 15 às 21 horas, aos domingos, sem intervalo, com folga apenas a cada 15 dias, o que resulta numa jornada semanal de 75 horas, já considerada a folga quinzenal, das quais 31 horas são consideradas horas extras porque ultrapassam o limite de 44 horas semanais. Nesse período, por mês, pelo uso do fator 4,33, que é compatível com o número de semanas anuais, tem-se que a autora faz jus a de 134,23 horas extras mensais. No período de março de 2006 a junho de 2007, na loja do Hiper Bom Preço, a autora laborou das 9 às 22 horas, de segunda a sábado, e das 9 às 18 horas, aos domingos, também com folga de 15 em 15 dias, resultando, por semana, numa carga horária de 82,5 horas, das quais 38,5 são horas extras, resultando, por mês, pelo uso do fator 4,33, em 166,70 horas extras. De julho de 2007 a agosto de 2007, quando foi transferida para a Loja localizada ao lado do Shopping Iguatemi, laborando das 13 às 22 horas, de segunda a sábado, sendo que, uma vez por mês, sua jornada nesta loja se prolongava até às 00/01:00, devido ao balanço que era realizado, mensalmente, o que resulta, por semana, em 56,66 horas, já computada a jornada em um dia por mês, das 13 às 00:30, em média, quando fazia balanço na loja. Dessas horas semanais, 12,66 são horas extras, por ultrapassarem às 44 horas extras. Assim, por mês, pelo fator 4,33, faz jus à autora a 54,82 horas extras mensais, nesse período. O adicional noturno é devido quanto ao horário de trabalho a partir das 22 horas. No caso sob judice, esse fato somente ocorreu no período em que a autora laborou na loja vizinha ao Shopping Iguatemi, no período de julho e agosto de 2007, em apenas um dia por mês, quando a obreira participava do balanço, em um dia por mês, resultando devido o adicional noturno referente a 2,5 horas noturnas, por cada um desse dias, resultando, assim, em labor em 5 horas noturnas, nesses dois meses de trabalho. Por ser assim, em face da revelia da reclamada, resultando nos fatos acima, defiro os pedidos exordiais, para condenar a acionada a pagar à autora, com base na remuneração mensal de R$ 1.200,00, e o tempo de serviço imprescrito de 31/10/2002 a 31/10/2007, data da rescisão, constante do TRCT de fl. 09, o valor correspondente aos títulos: aviso prévio; devolução da quantia de R$ 709,00, descontada na rescisão; diferença das verbas rescisórias constantes do TRCT, fl. 09 (13º salário e férias + 1/3), entre o valores pagos e os devidos, com base na remuneração de R$ 1.200,00, mensais; diferença do 13ºs. salários vencidos e diferenças das férias vencidas + 1/3 do período imprescrito; diferença do FGTS + 40% do tempo de serviço de 01/09/1998 a 31/10/2007, com incidência em férias + 1/3 e no 13º salário, estas limitadas aos valores pagos, com base na remuneração mensal fixa de R$ 405,00, de todo o período contratual (01/09/1998 a 31/10/2007); diferença do seguro-desemprego, entre o valor pago, equivalente a 5 cotas de R$ 405,00, 29/11/ :33:23 Sistema de Acompanhamento de Processos em 1ª Instância pág. 3 / 6
4 e aquelas que a obreira receberia se fosse considerada a remuneração mensal de R$ 1.200,00; 134,23 horas extras mensais, referentes ao período de outubro de 2002 a fevereiro de 2006; 166,70 horas extras mensais, referentes ao período de março de 2006 a junho de 2007; 54,82 horas extras, referentes ao período de julho de 2007 a agosto de 2007; reflexos das horas extras nas férias + 1/3, 13º salário e no FGTS; indenização de 01 hora pela não concessão de intervalo + 50%, conforme previsto no art. 71, 4º, da CLT; dobra dos domingos e feriados civis e santificados, de acordo com o calendário oficial; adicional noturno, referente a 5 horas noturnas trabalhadas em julho e agosto de 2007; indenização pelos descontos mensais indevidos no período imprescrito (31/10/2002 a 31/08/2007), no valor mensal médio de R$ 175,00. Da justiça gratuita. Defiro o pedido de justiça gratuita à reclamante, ante a sua declaração de insuficiência econômica, na forma da Lei nº /60 e Lei nº /85. Dos honorários advocatícios. O pedido de honorários advocatícios, porém, não merece acolhimento, consoante pacífica jurisprudência do TST, cristalizada pelos enunciados 219 e 329, bem como pela OJ nº. 305, da SDI-I, que limitam o deferimento de honorários quando houver concessão de justiça gratuita e houver assistência sindical. É de ser salientado que a novel EC 45/04, ao trazer para a competência desta Justiça Especializada outras causas, além das decorrentes da relação de emprego, devido ao conceito mais abrangente de "relação de trabalho", exposto no inciso I, do art. 114, da CF, não afeta o entendimento sufragado nas orientações jurisprudenciais acima indicadas. No máximo poderá haver honorários advocatícios sucumbenciais nas hipóteses em que o litígio envolver situação diversa da relação de emprego, o que não é o caso dos autos. Indefiro, pois, este pedido. Das verbas previdenciárias e de imposto de renda. Das verbas deferidas, os valores correspondentes às horas extras, dobras de domingos e feriados e adicional noturno e 13º salário são de natureza salarial e, como tais, sofrem incidência de percentuais da previdência, respondendo tanto reclamante quanto o acionado por esse encargo, conforme Lei nº /91, interpretada com os ditames da Constituição Federal, especialmente o art. 195, caput e incisos I e II, devendo a reclamada recolher os valores respectivos no prazo de cinco dias, após o trânsito em julgado desta decisão, sob pena de execução (CF, art. 114, inciso VIII, na redação emprestada pela novíssima Emenda Constitucional nº. 45/2004). Com relação ao imposto de renda, a Lei nº /92 impõe a retenção e o recolhimento pela pessoa obrigada pelo pagamento no momento em que o valor for disponibilizado para o reclamante, sendo responsável pelo tributo, o autor beneficiado com a decisão, devendo o reclamado comprovar o recolhimento no prazo de 15 dias, sob pena de ser 29/11/ :33:23 Sistema de Acompanhamento de Processos em 1ª Instância pág. 4 / 6
5 responsabilizado pelo respectivo valor. Dos efeitos da presente sentença. A parte reclamada fica ciente de que deve pagar à parte reclamante, os valores acima deferidos, correspondente aos títulos indicados, no prazo de 15 dias após o trânsito em julgado desta decisão, sob pena de ser acrescido multa de 10% sobre o valor da condenação e, de imediato, procedido penhora, inclusive de dinheiro existente em conta bancária, pelo convênio BacenJud, sendo dispensado, desde logo, a citação para a fase de execução deste julgado, conforme art. 475-J, do CPC, perfeitamente aplicável ao processo do trabalho, por ser norma procedimental que melhor atende ao princípio da tramitação razoável do processo (CF, art. 5º, LXXVIII). Tudo com acréscimo de juros de mora e correção monetária, esta o com o índice do 5º dia útil do mês subseqüente ao de referência, em respeito às disposições do art. 459, 1º, da CLT e seguindo orientação constante da súmula 381, do TST. Das custas. Restando sucumbente a parte acionada, imponho-lhe, ainda, a condenação em custas processuais, no valor de R$ 200,00, calculadas sobre R$ ,00, valor da condenação principal, que servirá de base para o depósito recursal, respeitado o limite legal. III - Conclusão. Ante ao exposto e por tudo o mais que dos autos constam, resolvo julgar PROCEDENTE o objeto da reclamação trabalhista ajuizada por JANE MÁRCIA PALMEIRA PARANHOS, em face de CENTRO VISUAL LTDA. - EPP - FLU LOOK, para condenar esta a pagar à reclamante, no prazo de 15 dias após o trânsito em julgado desta decisão, sob pena de acréscimo da multa de 10% sobre o valor atualizado da dívida, com imediata penhora de bens suficientes à garantia da dívida, inclusive de dinheiro em conta bancária, pelo sistema BacenJud, o valor que for apurado em liquidação de sentença, com base na remuneração mensal de R$ 1.200,00, e o tempo de serviço imprescrito de 31/10/2002 a 31/10/2007, data da rescisão, constante do TRCT de fl. 09, o valor correspondente aos títulos: aviso prévio; devolução da quantia de R$ 709,00, descontada na rescisão; diferença das verbas rescisórias constantes do TRCT, fl. 09 (13º salário e férias + 1/3), entre o valores pagos e os devidos, com base na remuneração de R$ 1.200,00, mensais; diferença do 13ºs. salários vencidos e diferenças das férias vencidas + 1/3 do período imprescrito; diferença do FGTS + 40% do tempo de serviço de 01/09/1998 a 31/10/2007, com incidência em férias + 1/3 e no 13º salário, estas limitadas aos valores pagos, com base na remuneração mensal fixa de R$ 405,00, de todo o período contratual (01/09/1998 a 31/10/2007); diferença do seguro-desemprego, entre o valor pago, equivalente a 5 cotas de R$ 405,00, e aquelas que a obreira receberia se fosse considerada a remuneração mensal de R$ 1.200,00; 134,23 horas extras mensais, referentes ao período de outubro de 29/11/ :33:23 Sistema de Acompanhamento de Processos em 1ª Instância pág. 5 / 6
6 2002 a fevereiro de 2006; 166,70 horas extras mensais, referentes ao período de março de 2006 a junho de 2007; 54,82 horas extras, referentes ao período de julho de 2007 a agosto de 2007; reflexos das horas extras nas férias + 1/3, 13º salário e no FGTS; indenização de 01 hora pela não concessão de intervalo + 50%, conforme previsto no art. 71, 4º, da CLT; dobra dos domingos e feriados civis e santificados, de acordo com o calendário oficial; adicional noturno, referente a 5 horas noturnas trabalhadas em julho e agosto de 2007; indenização pelos descontos mensais indevidos no período imprescrito (31/10/2002 a 31/08/2007), no valor mensal médio de R$ 175,00. Tudo com acréscimo de juros de mora e correção monetária, esta o com o índice do 5º dia útil do mês subseqüente ao de referência, em respeito às disposições do art. 459, 1º, da CLT e seguindo orientação constante da súmula 381, do TST. Verbas previdenciárias e de imposto de renda, na forma da fundamentação supra, que passa a integrar este dispositivo como se aqui estivesse transcrita. Custas, pela reclamada, de no valor de R$ 200,00, calculadas sobre R$ ,00, valor da condenação principal, que servirá de base para o depósito recursal, respeitado o limite legal. Cientes a parte reclamante (art. 843, da CLT e súmula 197, do TST). Intimem-se a reclamada e os órgãos públicos interessados na presente decisão: INSS, DRT, CEF e RECEITA FEDERAL, enviando-lhes cópia desta decisão. Nada mais. E para constar, foi lavrada a presente ata, que vai assinada na forma da lei. CARLITO ANTONIO DA CRUZ - Juiz(a) do Trabalho LUCIANA TAVARES DE SOUZA BASTOS- Diretor(a) de Secretaria 29/11/ :33:23 Sistema de Acompanhamento de Processos em 1ª Instância pág. 6 / 6
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