MESOTELIOMA BIFÁSICO EM CÃO RELATO DE CASO

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1 MESOTELIOMA BIFÁSICO EM CÃO RELATO DE CASO Brenda Lurian do Nascimento MEDEIROS 1 ; Nayana Raquel Guimarães SILVA 1 ; Daniel Serafim de Andrade RODRIGUES 1 ; Dalvan Fortaleza ALENCAR 1 ; Napoleão Martins Argôlo NETO 2 ; Mayara Irene MOREIRA 3 ; Laís Meireles Costa SILVA 4. 1.Graduando em Medicina Veterinária, Universidade Federal do Piauí, Teresina, Brasil. 2. Médico veterinário, doutor, docente da Universidade do Piauí, Teresina, Brasil. 3. Médica veterinária, residente em clínica médica e cirúrgica de cães e gatos do HVU da Universidade Federal do Piauí, Teresina, Brasil 4. Mestranda em Ciência Animal, Universidade Federal do Piauí, Teresina, Brasil. Resumo Mesotelioma é uma neoplasia primária rara em animais domésticos que surge nas superfícies serosas das cavidades pleural, pericárdica, peritoneal e túnica vaginal, caracterizada pela presença de múltiplos nódulos, de caráter idiopático. Os sinais clínicos ocorrem consequentes à presença da massa e acúmulo de liquido nas cavidades torácica e peritoneal, levando ao quadro de cianose e aumento da frequência respiratória. Objetivou relatar o caso clínico de um cão, sem raça definida, de 14 anos de idade, atendido no Hospital Veterinário da Universidade Federal do Piauí diagnosticado com mesotelioma do tipo bifásico. Palavras-chave: Mesotelioma, nódulos, células neoplásicas. Keywords: Mesothelioma, nodes, neoplastic cells. Introdução Mesotelioma é uma neoplasia originária das células mesodérmicas que revestem as cavidades pleural, pericárdica e peritoneal (TILLEY et al.,1975; MEULTEN, 2002) entretanto, pode afetar o escroto e a túnica vaginal (WILSON e DUNGWORTH, 2002). Macroscopicamente ele aparece como múltiplos nódulos discretos ou crescimentos arborescentes que se espalham na superfície pleural (CARLTON e MCGAVIN, 1998), com coloração variando do amarelado ao acinzentado a avermelhado, dependendo da presença de hemorragias e sua duração, com subsequente formação de hemossiderina (COSTA et al. 2002; HEAD, 1990). Microscopicamente, o componente maligno pode predominante ser tanto a cobertura ANAIS 37ºANCLIVEPA p.0123

2 de mesoteliais como as células dos tecidos de sustentação, podendo aparecer como carcinoma ou fibrossarcoma. (COSTA et al. 2002; HEAD, 1990). São raramente encontrados em animais domésticos, porém há relatos na literatura de casos em bovinos, ovinos, equinos, felinos e caninos, sendo que nesta última os adultos são os mais frequentemente acometidos, sem aparente predisposição racial. (HEAD, 1990). No bovino o mesotelioma pode ser congênito (PIZZARRO et al.,1992) entretanto em caninos não se conhece os fatores causadores do mesotelioma (WILSON e DUNGWORTH,2002). No cão, o mesotelioma ocorre com maior frequência na pleura e no pericárdio e mais raramente no peritônio (MOULTON, 1990). Geralmente essa neoplasia causa efusão bicavitária, pode se apresentar como coágulos friáveis que se aderem à superfície peritoneal de vários órgãos (NELSON e COUTO, 2015). Logo os sinais clínicos ocorrem consequentes à presença da massa e acúmulo de liquido nas cavidades torácica e peritoneal, levando ao quadro de cianose e aumento da frequência respiratória. (STEPIEN, et al., 2000). Descrição do Caso Foi atendido no Hospital Veterinário Universitário da UFPI, um cão SRD, 14 anos de idade, 34,6 kg, apresentando ascite intensa, abdômen consideravelmente distendido, presença de carrapatos e quadro de estupor. Foram solicitados os exames complementares, hemograma, bioquímico, avaliação do liquido abdominal, urinálise, ultrassom e histopatológico. Após cinco dias do atendimento o animal veio a óbito. Foi solicitado o exame necroscópico onde foram observados presença de nódulos disseminados por toda a cavidade abdominal. Realizou-se biópsia das massas nodulares para histopatológico onde foi diagnosticado como mesotelioma bifásico. Discussão O animal apresentava anemia normocítica normocrômica com discreta anisocitose, aumento da fosfatase alcalina, hipoalbuminemia e globulinemia. Na urinálise a urina apresentava com hipoestenúria, presença de bilirrubina, bacteriúria, hemoglobinúria discreta, células epiteliais de transição e cristais de bilirrubina. Foi realizado a punção de líquido peritoneal com posterior avaliação. O líquido apresentava coloração rosa amarelado, turvo, com sangue oculto, PH alcalino, ANAIS 37ºANCLIVEPA p.0124

3 presença de neutrófilos (88%), células mesoteliais (10%), macrófagos (1%), linfócitos (1%) e de células do núcleo picnótico e cariorex. Na ultrassonografia foi observado presença de liquido ascítico em quantidade considerável no abdômen e pelve, fígado de contorno irregular e dimensões reduzidas, ecotextura heterogênea e ecogenicidade mista. Cinco dias após a realização dos exames o animal veio a óbito. Foi realizada necropsia e verificou a presença de múltiplos nódulos que variam de 0,5 a 2cm de diâmetro difusamente, distribuídos no omento, peritônio parietal e visceral, serosa do estômago, cápsula dos rins, baço e fígado. O estômago apresentava um único nódulo transmural de aproximadamente 3 cm de diâmetro, envolvendo a camada serosa e muscular do órgão. No rim, ao remover a cápsula renal, observou-se área de infarto antigo de aproximadamente 1,0 cm de diâmetro. No pulmão foi visualizado apenas fragmentos com coloração vermelhoescura. Microscopicamente os cortes histológicos do omento, serosa do estômago e cápsula dos rins, baço e fígado apresentavam proliferação neoplásica epitelial pleomórfica. As células neoplásicas se organizavam ora revestindo longas papilas delgadas (múltiplas camadas de células apoiadas em delicado estroma conjuntivo frouxo), ora formando túbulos, irregulares e de diâmetros variados, ora pequenos ninhos, envoltas quantidade variável (ora escassa, maioria, ora abundante, como observado no estômago) de tecido conjuntivo denso, formado por grandes fibroblastos volumosos, bem vascularizado. Por vezes, são formados grandes túbulos revestidos por uma ou mais camadas de células que formavam projeções papiliformes em direção ao lúmen. As células apresentam núcleos (algumas binucleadas) volumosos arredondados, com cromatina frouxa, nucléolos evidentes, raras figuras de mitose, citoplasma ora abundante, ora escasso e anisocitose moderada. Foram observadas ainda, áreas multifocais de necrose associadas a células inflamatórias, predominantemente linfócitos. Os cortes histológicos dos pulmões apresentam congestão e edema intensos. Segundo CARLTON e MCGAVIN (1998) o mesotelioma apresenta nódulos na cavidade peritoneal bem como nas serosas dos órgãos conforme apresentado no caso. ANAIS 37ºANCLIVEPA p.0125

4 Para WEISS (2010) o mesotelioma pode ser classificado em três tipos sendo epitelial, sarcomatóide e bifásico quando formado pela associação de áreas epiteliais e sarcomatóides. Logo, a descrição da microscopia caracteriza o caso como sendo mesotelioma bifásico pela a associação dos dois tipos. Além disso, para GARRET (2013) embora a presença de células mesoteliais visualizadas pela citologia do liquido peritoneal fosse inconclusiva para o diagnóstico do mesotelioma a presença dessas foi sugestivo para presença de células neoplásicas. Referências Bibliográficas CARLTON, W. W.; MCGAVIN, M. D. Patologia Veterinária Especial. 2 ed, Porto Alegre:ArtMed,1998, 672 p. FARAON, A. F., TOURRUCÔO, A. C., FERREIRA, K. C. R. S., OLIVEIRA, L. O., OLIVEIRA, R. T. Mesotelioma pleural em um cão da raça rottweiler. Acta Scientiae Veterinariae, Porto Alegre, v38, n.1, p.77-80, GIMENES, L. U.; PRESTES, N. C.; MOYA, C. F.; PORTO, C. D; ROCHA. N. S. Mesotelioma abdominal em cão.relato de caso. Journal of Veterinary Research and Animal, São Paulo, v.40, n.5, p. 218, GABRIEL FILHO, S. J.; MAGALHAES, G. M.; CONFORTI, V. A.; SANTILLI, J.; CALAZANS, S. G. Biphasic pericardial and pleural mesothelioma in a cat: a case report. Veterinarni Medicina, Ribeirão Preto, v.60, n.2, p , PIACENTI, A. M. Mesotelioma pleural com metástase renal em gato. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, Belo Horizonte, v.56, n.4, p , MACHIDA, N.; TANAKA, R.; TAKEMURA, N.; FUJII, Y.; UENO, A.; MITSUMORI, K. Development of Pericardial Mesothelioma in Golden Retrievers with a Long-term ANAIS 37ºANCLIVEPA p.0126

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