ADIÇÃO DE IMPUREZAS VEGETAIS E INFLUÊNCIA NA QUALIDADE DA CANA E DO CALDO VEGETABLES IMPURITIES ADDITION AND EFFECT ON SUGARCANE AND JUICE QUALITY
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- Diana Fidalgo de Miranda
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1 242 ADIÇÃO DE IMPUREZAS VEGETAIS E INFLUÊNCIA NA QUALIDADE DA CANA E DO CALDO VEGETABLES IMPURITIES ADDITION AND EFFECT ON SUGARCANE AND JUICE QUALITY Valquíria da Conceição Gabriel (1) Larissa Pereira Lima (2) Elaine Hartmann Ferri (3) Regiane Aparecida Chianezi (4) Leonardo Lucas Madaleno (5) Resumo A qualidade da cana-de-açúcar pode ser influenciada pela quantidade de impurezas adicionadas à matéria-prima no momento da colheita. O objetivo do presente trabalho foi avaliar a qualidade da cana e do caldo com a adição crescente de impurezas vegetais. O delineamento experimental foi fatorial (2x5), em blocos casualizados, com quatro repetições. O primeiro fator estudado foram variedades RB e RB e o segundo o incremento de impurezas (folha, palmito e palha): 0 (sem impureza), 3, 6, 9 e 12% de impurezas adicionadas. O caldo da cana foi extraído, sendo realizadas as análises na cana: Umidade, Fibra Consecana e Tanimoto, teor de sacarose aparente (Pol) e açúcares redutores (AR) na cana. No caldo foi verificado o teor de sólidos solúveis, Pol, Pureza e calculado o AR e a quantidade de açúcares recuperáveis totais (ATR). O aumento de impurezas vegetais reduziu o volume de caldo extraído, a pureza e umidade da cana. Enquanto que, houve incremento da fibra e dos açúcares redutores. Esses fatores podem prejudicar a recuperação dos açúcares para produção de etanol e açúcar. Palavras-chave: Cana-de-açúcar. Cana crua. Folha. Palmito. Palha Abstract Sugarcane quality could be affect by quantiy added impurities on raw material, in the moment of harvest. The aim of this study was evaluate cane and extracted juice quality with growing addition of vegetables impurities. Experimental design used was factorial (2X5), in randomized blocks, with four repetitions. The first factor study was varieties RB and RB and second the increase of impurities (sheet; tops and straw): 0 (without impurities), 3, 6, 9 and 12% added impurities. Cane juice was extracted, and we made cane analysis: moisture, Consecana and Tanimoto fibers, apparently sucrose (Pol) and reducing 1 Graduando em Tecnologia em Bicombustíveis pela Fatec Jaboticabal/Nilo De Stéfani. Endereço eletrônico: akira_alurya_je@hotmail.com 2 Usina Santa Fé, Nova Europa-SP. Endereço eletrônico: larissa.lima@usinasantafe.com.br 3 Usina Santa Fé, Nova Europa-SP. Endereço eletrônico: elaine@usinasantafe.com.br 4 SOCICANA, Guariba-SP. Endereço eletrônico: rachianezi@socicana.com.br 5 Docente pela Fatec de Jaboticabal/Nilo De Stéfani. Endereço eletrônico: leoagro@gmail.com
2 243 sugars (RS) in cane. Extracted juice was analyzed by soluble solids, Pol, Purity, RS and theorical recovery sugars (TRS) content. Increase of impurities reduce extracted juice volume, purity and cane moisture. Whereas, there was increase of fiber and reducing sugars. This factores could impair sugars recovery for ethanol and sugar production. Keywords: Sugarcane. Green cane. Sheet. Tops. Straw. 1 Introdução A qualidade da matéria-prima que chega à indústria está relacionada com a qualidade da colheita empregada. Com a mudança de sistema de cana queimada para cana crua e com o advento da mecanização houve incremento da adição de impurezas nas usinas (GIMENES et al., 2016). As impurezas vegetais são compostas pela folha, palmito e palha. A folha é responsável pela fotossíntese e no momento da colheita pode ficar aderida aos colmos e não ser retirada. Essa parte vegetativa é rica na concentração de amido e ácidos orgânicos que estão presentes nas células e podem reduzir a qualidade do caldo (BOVI e SERRA, 2001). O palmito é localizado em torno da gema apical da planta. Essa parte é descartada no momento da colheita por conter teores elevados de biomoléculas que atrapalhariam o processamento industrial como os compostos fenólicos, amido e apresenta ainda reduzida quantidade de açúcares. A palha é a folha morta e pode atuar como efeito esponja no momento da extração e diminuir a quantidade do caldo extraído. O potássio (K), no momento da extração pode ser arrastado da palha e aumentar os teores deste nutriente no caldo. Esse elemento é conhecido por tornar mais difícil a cristalização no processo de produção de açúcar (efeito melassigênico), levando à menor produção (ALBUQUERQUE, 2011). Dentro deste contexto, o objetivo do presente trabalho foi verificar a qualidade da cana e do caldo com adição crescente de impurezas vegetais. 2 Material e Métodos O experimento foi conduzido em parceria entre a Fatec de Jaboticabal, Usina Santa Fé e Socicana, em julho de O delineamento experimental foi fatorial (2x5), em blocos casualizados, com quatro repetições. O primeiro fator estudado foram variedades RB e RB e o segundo o incremento de impurezas (folha, palmito e palha): 0 (sem impureza), 3, 6, 9 e 12% de impurezas adicionadas.
3 244 O caldo da cana foi extraído e no mesmo foi realizada as análises na cana através da Umidade, Fibra Consecana e Tanimoto, teor de sacarose aparente (Pol) e açúcares redutores (AR) na cana. No caldo foi verificado o teor de sólidos solúveis ( o Brix), sacarose aparente (Pol - %), Pureza (%), AR calculado e a quantidade de açúcares recuperáveis totais (ATR), conforme CTC (2011) e CONSECANA (2008). Os resultados foram submetidos à análise de variância pelo teste F, e em seguida, pelo teste de Tukey (p 0,05), conforme BARBOSA e MALDONADO JÚNIOR (2015). 3 Resultados e Discussão Nas tabelas 1 e 2, foi observado que as duas variedades não se diferenciaram quanto ao estádio de maturação, que pelas análises convencionais realizadas, pode ser considerado adequado, em torno de 85% de pureza (FERNANDES, 2011). A variedade RB se destacou por estar com a quantidade de açúcares maiores do que a RB Quanto a quantidade de impurezas adicionadas foi observado que foi reduzido o volume de caldo (diminuição de 4,35%), a Pureza (queda de 1,6%) e umidade (12,34 %) (Tabelas 1 e 2), comparando-se o nível de impureza entre 0 e 12%, enquanto que houve aumento na concentração de açúcares redutores (elevou 5,7%), fibra (Consecana = 17 % ou Tanimoto = 16,2%). Em experimento realizado no ano anterior (2015 dados não mostrados), para variedades RB e SP se observou aumento de açúcares redutores, volume de caldo extraído e fibras. Isso indica que as impurezas interferem na extração, pois aumentam o teor de fibra e diminuem a quantidade de caldo extraído. Para os dois anos verificou-se o incremento de açúcares redutores, possivelmente pela adição de palmito, que possui maior teor de glicose e frutose, por ser região de crescimento da cana. Tabela 1. Análise de variância e teste de Tukey para duas variedades colhidas com crescentes quantidades de impurezas vegetais adicionada (folha, palmito e palha) para o volume de caldo extraído, concentração de sólidos solúveis ( o Brix), sacarose aparente (Pol), Pureza (%) e Açúcares redutores - (AR - %), do caldo extraído, safra 2016/2017.
4 245 Causas de variação Volume Brix Pol Pureza AR Variedades (V) 8,74 ** 20,33 ** 21,12 ** 2,72 ns 2,54 ns RB ,5 A 16,76 B 14,21 B 84,77 0,73 RB ,40 B 17,76 A 15,14 A 85,16 0,72 Impurezas Vegetais (I) 4,74 ** 0,08 ns 0,35 ns 6,47 ** 6,61 ** 0 335,00 A 17,24 14,77 85,60 A 0,71 C 3 332,50 AB 17,36 14,8 85,19 ABC 0,72BC 6 327,50 ABC 17,23 14,71 85,34 AB 0,71 C 9 323,75 BC 17,29 14,6 84,36 BC 0,74 AB ,00 C 17,17 14,48 84,25 C 0,75 A Blocos 13,51 ** 14,09 ** 25,68 ** 73,53 ** 74,09 ** Interação V x I 0,98 ns 0,10 ns 0,16 ns 0,29 ns 0,34 ns CV 2,31 4,06 4,34 0,79 3,14 ** Significativo a 1% de probabilidade pelo teste F; * Significativo a 5% de probabilidade, ns não significativo; CV: coeficiente de variação. Letras iguais na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey (P 0,05). Tabela 2. Análise de variância e teste de Tukey para duas variedades colhidas com crescentes quantidades de impurezas vegetais adicionada (folha, palmito e palha) para a quantidade de Fibra Consecana e Tanimoto (%), Umidade (%), Pol (%) e AR (%) da cana e teor de açúcares teórico recuperáveis (ATR kg/t de cana), safra 2016/2017. Causas de variação Fibra Con. Fibra Tan. Umidade Pol Cana AR Cana ATR Variedades (V) 1,92 ns 15,75 ** 0,38 ns 20,55 ** 3,17 ns 20,54 ** RB ,08 A 12,78 B 68,53 A 12,02 B 0,62 A 120,12 B RB ,32 A 13,76 A 69,57 A 12,75 A 0,61 A 126,99 A Impurezas Vegetais (I) 15,02 ** 8,02 ** 2,88 * 2,28 ns 2,18 ns 2,23 ns 0 11,42 C 12,26 C 71,50 A 12,63 0,60 125,8 3 11,65 C 12,78 BC 71,19 AB 12,61 0,61 125,7 6 12,09 BC 13,28 ABC 68,89 AB 12,45 0,60 124, ,48 B 13,79 AB 70,01 AB 12,26 0,63 122, ,36 A 14,24 A 63,65 B 11,98 0,62 119,74 Blocos 8,42 ** 3,97 * 2,09 ns 35,94 ** 53,86 ** 33,70 ** Interação V x I 1,18 ns 1,48 ns 0,92 ns 0,05 ns 0,53 ns 0,05 ns CV 4,58 5,93 7,70 4,12 3,33 4,12 ** Significativo a 1% de probabilidade pelo teste F; * Significativo a 5% de probabilidade, ns não significativo; CV: coeficiente de variação. Letras iguais na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey (P 0,05).
5 246 4 Conclusões O aumento de impurezas vegetais reduz o volume de caldo extraído, a pureza e umidade da cana. Enquanto que, há incremento da fibra e dos açúcares redutores. Esses fatores prejudicam a recuperação dos açúcares para produção de etanol e açúcar. 5 Agradecimentos 2015/ À Fapesp pelo auxílio financeiro, projeto BIOEN, pesquisa regular, processo Referências ALBUQUERQUE, F. M. Processo de fabricação do açúcar. 3ª edição, Recife: Ed. Universitária da UFPE, 2011, 447p. BARBOSA, J. C.; MALDONADO JÚNIOR, W. Experimentação Agronômica e Agroestat Sistema para análises estatísticas de ensaios agronômicos. Jaboticabal: Gráfica Multipress Ltda, 2015, 396p. BOVI, R.; SERRA, G. E. Folhas verdes, folhas secas, fibra do colmo e a clarificação do caldo da cana-de-açúcar. Scientia Agricola, Piracicaba, v.58, n. 3, p , CONSECANA. Normas de avaliação da qualidade da cana-de-açúcar. Disponível em: < >. Acesso em: 21 Set CTC. Manual de métodos de análises para açúcar. Piracicaba, Centro de Tecnologia Canavieira, Laboratório de análises, Disponível em CD Rom. FERNANDES, A. C. Cálculos na Agroindústria da Cana-de-açúcar. 3ª Edição, STAB: Piracicaba, 2011, 416p. GIMENEZ, A. Z.; FRANZÉ, R. V.; MADALENO. L. L. Teores de impurezas vegetais e concentração do amido no caldo de cana. Ciência e Tecnologia: Fatec-JB, v. 8, n. 1, p , 2016.
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