NORMAS GERAIS SOBRE DESPORTO Comentadas
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- Silvana Sabrosa Leal
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1 NORMAS GERAIS SOBRE DESPORTO Comentadas 1
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3 IRANY FERRARI NORMAS GERAIS SOBRE DESPORTO Comentadas 3
4 Normas gerais sobre desporto_fc.pmd 1 26/3/2012, 10:50 R EDITORA LTDA. Todos os direitos reservados Rua Jaguaribe, 571 CEP São Paulo, SP Brasil Fone (11) Março, 2012 Versão impressa - LTr ISBN Versão digital - LTr ISBN Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Ferrari, Irany Normas gerais sobre desporto : comentadas / Irany Ferrari. São Paulo : LTr, Bibliografia 1. Esportes Leis e legislação Brasil I. Título CDU-34:796(81) Índice para catálogo sistemático: 1. Brasil : Direito desportivo 34:796(81)
5 SUMÁRIO Apresentação... 9 Prefácio Art. 1º Art. 2º Art. 3º Art. 4º Art. 5º Art. 6º Art. 7º Art. 8º Art. 9º Art Art Art Art. 12-A Art Art Art Art Art Art Art Art Art
6 Art Art Art Art Art Art Art. 27-A Art. 27-B Art. 27-C Art Art. 28-A Art Art. 29-A Art Art Art Art Art Art Arts. 36 e Art Art Art Art Art Art Art Art Art Art. 46-A
7 Art Art Art Art Art Art Art Art Art Art Art. 56-A Art. 56-B Art. 56-C Art Art Art. 82-A Art Art Art. 84-A Art Art Art Art. 87-A Art Art Art. 89-A Art Art. 90-A
8 Art. 90-B Art. 90-C Art. 90-D Art. 90-E Art. 90-F Art Art Art Art Art. 94-A Art Art
9 APRESENTAÇÃO Não há mais nenhuma dúvida de que as várias modalidades de esporte, como vôlei, bola ao cesto, natação e atletismo, atraem números consideráveis de públicos. Contudo, é o futebol que conta com a maior atração do público no mundo inteiro, sobretudo no Brasil, considerado o país formador de jogadores excepcionais disputados pelo futebol, principalmente de países europeus. Esses fatos notórios são ainda incrementados pelo desejo de jogadores menores de idade de prepararem-se para jogar em clubes junto com jogadores adultos, sempre com a mesma esperança de aparecer para a mídia e para o público em geral, objetivando vencer na carreira e, assim, abocanhar um bom dinheiro para si e para a família. Essa é uma questão universal que não pode ficar ao sabor dos clubes ou dos dirigentes dessa modalidade esportiva. Por isso, é muito bom que os clubes empregadores e os jogadores-empregados ou autônomos e auxiliares conheçam seus deveres e seus direitos. Mas não é só desse aspecto do desporto que se serviu o legislador nesta Lei fixadora de normas gerais de interesse para todos os que lidam com essa tarefa atualmente, já que há um ordenamento sobre arbitragem, sobre luvas, sobre transparência e sobre princípios fundamentais do desporto, como direito individual. Trata-se de um autêntico Código do Desporto, disciplinando o Sistema Brasileiro do Desporto, dos recursos financeiros do Ministério do Esporte, para o desporto de criação nacional, da captação, dos dentistas, dos professores de educação física, etc. (arts 7ª, 8º, 9º e 10º). O Conselho Nacional Esportivo (CNE) é órgão colegiado de normatização e de assessoramento vinculado ao Ministério do Esporte, com várias e importantes atribuições, inclusive a de aprovar os Códigos de Justiça Desportiva e suas alterações. O CNE é composto de 22 (vinte e dois) membros indicados pelo Ministro do Esporte. O Sistema Nacional do Desporto também está cuidando do assunto de forma clara e objetiva, até chegar à Confederação Brasileira de Clubes. Vale a pena ler com atenção todos os dispositivos desta Lei, sobretudo os do artigo 28 ao artigo 46, já que é uma alteração bem cuidada de leis anteriores e, segundo nos parece, completa em seus objetivos. 9
10 Contudo, como toda norma legal, vai estar sujeita a estudos, a contrariedade, para que se chegue à aspiração maior de fazer justiça e de se aprimorar o regramento dos vários aspectos que o desporto do país estava a exigir. A leitura das normas contidas na Lei n , alterada com o espírito de completá-la pela Lei n /11, dará ao leitor a visão por inteiro das atividades profissionais do desporto nacional, esmiuçando a respeito dos direitos e deveres dos atletas e dos pontos estruturais de um ordenamento jurídico específico e muito importante para um grande número de pessoas afeiçoadas aos esportes como profissão, como saúde, como educação. O autor. 10
11 PREFÁCIO Na leitura deste livro, presenciei a erudição notável do jurista Irany Ferrari, atributo afeto àqueles que possuem vasta experiência e inúmeras obras significativas ao estudo do Direito. Em excelente trabalho doutrinário, Irany Ferrari soube interpretar, com distinta propriedade, os aspectos relevantes da Lei n /98, com as alterações carreadas pela Lei n /11. O conteúdo da qualificada obra merece intensos aplausos, pois atende aos anseios dos operadores do Direito Desportivo, que buscam a mens legis da norma em estudo para aplicá-la ao caso concreto. A cada dispositivo da Lei seguem-se as valiosas anotações do jurista, levadas a efeito com surpreendente didática e coesão, de modo a tornar evidente a essência do comando normativo estudado. Aliam-se, aos comentários do autor, os seletos precedentes jurisprudenciais, bem como as remissões à legislação correlata. Faculta- -se assim, ao leitor, interpretar com serenidade o texto e dele extrair o seu exato entendimento. De realçar a irrepreensível abordagem feita pelo autor acerca dos contratos de trabalho dos atletas. Sendo sui generis, tais relações contratuais são, com frequência, alvo de objeções e discussões técnicas. O especial enfoque dado pelo autor às peculiaridades das aludidas avenças desata importantes controvérsias sobre o tema, evidenciando que a expertise do autor também se estende ao Direito do Trabalho. Enfim, posso afirmar que esta obra digna de figurar entre as melhores da especialidade é indispensável para todos os profissionais e estudantes que desejam explorar o Direito Desportivo à luz das normas aqui tratadas. São Paulo, dezembro de Marco Polo Del Nero Advogado em São Paulo Presidente da Federação Paulista de Futebol 11
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13 NORMAS GERAIS SOBRE DESPORTO Comentadas Desporto é uma denominação genérica de todos os esportes individualmente considerados. Daí porque as leis pertinentes foram unificadas, em primeiro lugar, pela de n , de 24/03/98, pela Lei n , de 09/07/04 (bolsa atleta), pelos programas Atleta Pódio e Cidade Esportiva, e pela revogação da Lei n , de 02/09/76. A Lei atual é a de n /98, alterada pela de n , de 2011, como veremos no decorrer dos comentários, a partir do capítulo I, e dedica-se às disposições iniciais, sendo composta por um só artigo, a saber: Art. 1º O desporto brasileiro abrange práticas formais e não formais e obedece às normas gerais desta Lei, inspirado nos fundamentos constitucionais do Estado Democrático de Direito. 1º A prática desportiva formal é regulada por normas nacionais e internacionais e pelas regras de prática desportiva de cada modalidade, aceitas pelas respectivas entidades nacionais de administração do desporto. 2º A prática desportiva não formal é caracterizada pela liberdade lúdica de seus praticantes. Como se lê nessa norma legal, o DESPORTO (práticas esportivas diversas) pode ser praticado de forma profissional e de forma não profissional. A primeira forma é regida por contratos formais de trabalho entre o atleta e a instituição esportiva regulada por normas nacionais e internacionais e pelas regras de prática esportiva de cada modalidade. A forma não profissional é a da liberdade do atleta sem contrato de trabalho, em que a percepção do trabalho se faz por meio de incentivos ou patrocínios. É, digamos assim, a parte lúdica dos praticantes. 13
14 O desporto, como direito individual, tem como base os princípios: Art. 2º I da soberania, caracterizado pela supremacia nacional na organização da prática desportiva; II da autonomia, definido pela faculdade e liberdade de pessoas físicas e jurídicas organizarem-se para a prática desportiva; III da democratização, garantido em condições de acesso às atividades desportivas sem quaisquer distinções ou formas de discriminação; IV da liberdade, expresso pela livre prática do desporto, de acordo com a capacidade e interesse de cada um, associando-se ou não a entidade do setor; V do direito social, caracterizado pelo dever do Estado em fomentar as práticas desportivas formais e não formais; VI da diferenciação, consubstanciado no tratamento específico dado ao desporto profissional e não profissional; VII da identidade nacional, refletido na proteção e incentivo às manifestações desportivas de criação nacional; VIII da educação, voltado para o desenvolvimento integral do homem como ser autônomo e participante, e fomentado por meio da prioridade dos recursos públicos ao desporto educacional; IX da qualidade, assegurado pela valorização dos resultados desportivos, educativos e dos relacionados à cidadania e ao desenvolvimento físico e moral; X da descentralização, consubstanciado na organização e funcionamento harmônicos de sistemas desportivos diferenciados e autônomos para os níveis federal, estadual, distrital e municipal; XI da segurança, propiciado ao praticante de qualquer modalidade desportiva, quanto a sua integridade física, mental ou sensorial; XII da eficiência, obtido por meio do estímulo à competência desportiva e administrativa. Parágrafo único. A exploração e a gestão do desporto profissional constituem exercício de atividade econômica sujeitando-se, especificamente, à observância dos princípios: (Incluído pela Lei n , de 2003) I da transparência financeira e administrativa; (Incluído pela Lei n , de 2003) II da moralidade na gestão desportiva; (Incluído pela Lei n , de 2003) III da responsabilidade social de seus dirigentes; (Incluído pela Lei n , de 2003) IV do tratamento diferenciado em relação ao desporto não profissional; e (Incluído pela Lei n , de 2003) V da participação na organização desportiva do País. (Incluído pela Lei n , de 2003) Esse dispositivo reúne em si os princípios fundamentais do Desporto, como direito individual, em 12 itens e 1 parágrafo único, como segue: I princípio da soberania significando supremacia nacional no que toca à organização de prática desportiva. 14
15 II princípio da autonomia, que é o da liberdade de as pessoas físicas e jurídicas se organizarem para a prática desportiva. III princípio da democratização com a garantia de acesso às atividades desportivas sem restrições ou descriminações. IV princípio da liberdade como expressão da livre prática do desporto, para se associar ou não a entidade do setor. V princípio do direito social em razão do Estado ter o dever de prestar auxílio considerável ao desporto em geral, como um direito do desportista. VI princípio da diferenciação com o dever de ser dado tratamento específico aos esportes formais e não formais. VII princípio da identidade nacional com incentivos ao desporto de criação brasileira. VIII princípio da educação pelo desenvolvimento integral do homem como ser autônomo e participante; com recursos públicos voltados para o aspecto educacional. IX princípio da qualidade tendo em vista a valorização dos resultados esportivos, educativos e de cidadania, para o desenvolvimento físico e moral. X princípio da descentralização, que é o do funcionamento harmônico dos sistemas desportivos diferenciados no tocante aos níveis federal, estadual, distrital e municipal. XI princípio da segurança como proteção à integridade física, mental e sensorial do atleta. XII princípio da eficiência relativa ao estímulo à competência desportiva e administrativa. O desporto pode ser reconhecido em qualquer das seguintes manifestações: Art. 3º I desporto educacional, praticado nos sistemas de ensino e em formas assistemáticas de educação, evitando-se a seletividade, a hipercompetitividade de seus praticantes, com a finalidade de alcançar o desenvolvimento integral do indivíduo e a sua formação para o exercício da cidadania e a prática do lazer; II desporto de participação, de modo voluntário, compreendendo as modalidades desportivas praticadas com a finalidade de contribuir para a integração dos praticantes na plenitude da vida social, na promoção da saúde e educação e na preservação do meio ambiente; III desporto de rendimento, praticado segundo normas gerais desta Lei e regras de prática desportiva, nacionais e internacionais, com a finalidade de obter resultados e integrar pessoas e comunidades do País e estas com as de outras nações. Parágrafo único. O desporto de rendimento pode ser organizado e praticado: I de modo profissional, caracterizado pela remuneração pactuada em contrato formal de trabalho entre o atleta e a entidade de prática desportiva; II de modo não profissional, identificado pela liberdade de prática e pela inexistência de contrato de trabalho, sendo permitido o recebimento de incentivos materiais e de patrocínio. (Redação dada pela Lei n , de 2000) O Capítulo III da lei trata da natureza e das finalidades do Desporto, o qual pode ser reconhecido como tal em qualquer das manifestações elencadas nos incisos I a III e no parágrafo único, para o desporto de rendimento, nos incisos I e II. 15
16 Nessa conformidade, o Desporto pode ser educacional (praticado nos sistemas de ensino e em formas assistemáticas de educação); de participação (voluntário, como contribuição para integração do participante na plenitude da vida social); de rendimento (praticado com a finalidade de obtenção de resultados e de integração de pessoas e comunidades do País e com outras nações). Esse desporto de rendimento pode ser organizado e praticado de modo profissional (caracterizado pela remuneração pactuada em contrato formal) e de modo não profissional (caracterizado pela liberdade da prática e pela ausência de contrato de trabalho, permitindo o reconhecimento de incentivos materiais e de patrocínios). O Sistema Brasileiro do Desporto compreende: Art. 4º I o Ministério do Esporte; (Redação dada pela Lei n , de 2003) II (Revogado pela Lei n , de 2003) III o Conselho Nacional do Esporte CNE; (Redação dada pela Lei n , de 2003) IV o sistema nacional do desporto e os sistemas de desporto dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, organizados de forma autônoma e em regime de colaboração, integrados por vínculos de natureza técnica específicos de cada modalidade desportiva. 1º O Sistema Brasileiro do Desporto tem por objetivo garantir a prática desportiva regular e melhorar-lhe o padrão de qualidade. 2º A organização desportiva do País, fundada na liberdade de associação, integra o patrimônio cultural brasileiro e é considerada de elevado interesse social, inclusive para os fins do disposto nos incisos I e III do art. 5º da Lei Complementar n. 75, de 20 de maio de (Redação dada pela Lei n , de 2003) 3º Poderão ser incluídas no Sistema Brasileiro de Desporto as pessoas jurídicas que desenvolvam práticas não formais, promovam a cultura e as ciências do desporto e formem e aprimorem especialistas. O Sistema Brasileiro do Desporto é composto pelo Ministério do Esporte, pelo Conselho Nacional do Esporte (CNE) e pelos sistemas de desporto dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, organizados com autonomia, mas em regime de colaboração. O objetivo do Sistema Brasileiro é o de garantir a prática desportiva regular na busca sempre de melhorar o padrão de qualidade. Esse sistema, fundado na liberdade de associação, pertence ao patrimônio cultural brasileiro e é relevante por seu interesse social. Importante notar que podem integrar esse sistema pessoas jurídicas que desenvolvam práticas não formais e que se dediquem a formar e a aprimorar especialistas do esporte. 16
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