RENDIMENTO DA MAMONEIRA SUBMETIDA A DIFERENTES FONTES E DOSES DE NITROGÊNIO*

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1 RENDIMENTO D MMONEIR SUBMETID DIFERENTES FONTES E DOSES DE NITROGÊNIO* Lígia Rodrigues Sampaio 1, Robson César lbuquerque 2, Napoleão Esberard de Macedo Beltrão 3 e Rosiane de Lourdes Silva de Lima 4 1 Universidade Estadual da Paraíba, liggiasampaio@yahoo.com.br; 2 Universidade Federal de Campina Grande, ralbuquerque_cg@yahoo.com.br; 3 EMBRP lgodão, nbeltrão@cnpa.embrapa.br; 4 UNESP Jaboticabal, limarosiane@yahoo.com.br; RESUMO - Objetivando verificar o rendimento da mamoneira (Ricinus communis L.), quando submetida a diferentes fontes e doses de nitrogênio, foi conduzido este experimento no período de novembro de 2005 a março de Foram estudados duas fontes (torta de mamona e sulfato de amônio) e cinco doses de nitrogênio (15, 30, 60, 120, 240 mg/dm 3 ) arranjados no fatorial 2 x 5, em delineamento de blocos causalizados, com três repetições. Cada unidade experimental foi constituída por uma planta por vaso de 60 L, com substrato de solo + adubo. Foram feitas análises quinzenais da germinação até aos 56 dias do plantio. s fontes de nitrogênio são equivalentes para produção de frutos e sementes de mamona, sendo necessário 508 kg/há ((254 mg/dm 3 ) para otimizar a produtividade. data de florescimento foi reduzida com as doses de N até alcançar 48,8 dias. INTRODUÇÃO mamoneira é uma das mais de 7000 espécies da família euphobiaceae, possivelmente originária do leste da África, na Etiópia. É uma oleaginosa com grande tolerância à seca, exigente em calor e luminosidade, adaptando-se perfeitamente ao semi-árido brasileiro (CRTXO et al., 2004). Nos campos de produção de sementes, o uso de fertilizantes é mais comum do que nas lavouras de consumo, porque os produtores têm maior retorno financeiro com a venda da produção. Entretanto, em todo tipo de cultivo agrícola as condições do solo, no tocante a composição e disponibilidade de nutrientes para as plantas, influem na produção e na qualidade da semente, por afetar a formação do embrião e dos órgãos de reserva, assim como a composição química (CRVLHO e NKGW, 2000). O uso de fertilizantes, com a finalidade de corrigir deficiências, bem como manter o balanceamento de nutrientes presentes no solo, deve ser ditado não apenas pela disponibilidade de elementos no solo e exigências da cultura, mas também pelo nível tecnológico empregado e economicidade da atividade (TÁVOR, 1982). O nitrogênio é um macronutriente primário essencial para as plantas, por participar da formação de proteínas, aminoácidos e de outros compostos importantes no metabolismo das plantas.

2 Sua ausência bloqueia a síntese de citocinina, hormônio responsável pelo crescimento das plantas, causando redução do seu tamanho e conseqüentemente redução da produção econômica das sementes (MENGEL e KIRKBY, 1982). Todavia, de acordo com Potafos (1998), o nitrogênio é um dos elementos mais freqüentemente associado com o manejo inadequado e poluição ambiental. Segundo o mesmo pesquisador, os fertilizantes nitrogenados são altamente solúveis e, quando aplicados ao solo, se não forem utilizados pelas culturas, podem ser convertidos em nitratos, ficando sujeito a perdas por erosão, lixiviação e desnitrificação. torta de mamona, de acordo com Bose et al. (1988), além de servir de fonte de aminoácidos para os mais variados fins nutricionais, é um dos melhores fertilizantes, pois tem elevado conteúdo de nitrogênio, fósforo e cálcio, quando comparada a outros adubos orgânicos, como o esterco bovino, esterco misto e a torta de algodão, além de ter elevado teor de fibra. dicionalmente, a adição da torta no solo, além de suprir as necessidades nutricionais das plantas, aumenta o ph do solo, reduz a acidez total, eleva o conteúdo de carbono e promove melhoria geral na parte física do solo, além de reduzir os nematóides (LER, 1959 apud BELTRÃO, 2002). mamona apresenta um excelente comportamento agronômico, no entanto, tem-se buscado estabelecer práticas de cultivo que permitam viabilizar sua exploração sob técnicas racionais e econômicas, principalmente, por ser uma planta que absorve uma quantidade muito grande dos principais macronutrientes. pesar do avanço já alcançado, ainda são necessárias informações mais especificas sobre o manejo da cultura, incluindo nesse processo, a utilização de sua torta, como adubo orgânico, em substituição adubo mineral, como fonte de nitrogênio. Este trabalho tem por objetivo comparar a resposta da planta ao uso do sulfato de amônio e da torta de mamona como fontes de nitrogênio. MTERIL E MÉTODOS O presente experimento foi conduzido em condições de ambiente natural pertencente ao Centro Nacional de Pesquisa do lgodão (CNP-EMBRP), na cidade de Campina Grande-PB, no período de novembro de 2005 a março de No ensaio utilizou-se sementes da cultivar BRS 149 Nordestina. Utilizou-se como substrato, um solo de textura arenosa, típico da região de Campina Grande, classificado como Neossolo Regolitico. Foi adotado um delineamento experimental em blocos casualizados com três repetições, em esquema fatorial 2 x 5, sendo os fatores duas fontes de nitrogênio (Torta de mamona e Sulfato de amônia) e 5 doses (15, 30, 60, 120, 240 mg/dm 3 ) resultando em 10 tratamentos. s parcelas

3 experimentais consistiram de um vaso de plástico com capacidade para 60 litros perfurados na parte inferior para permitir a drenagem. Os recipientes foram preenchidos com um substrato composto de solo + a adubação, sendo aplicada 50% das doses da adubação mineral em fundação e 50%, em cobertura. ntes da semeadura, as sementes foram desinfestadas com Benlate (Benomyl) na dosagem de 200 g do produto para 100g de sementes, visando prevenir problemas fitossanitários no desenvolvimento inicial das plântulas. Foram semeadas cinco sementes com carúncula para cima, à profundidade de 3cm, onde, aos 12 dias após a emergência, fez-se o desbaste deixando apenas uma planta por parcela. valiaram-se os dados referentes às variáveis de produções de fitomassa aérea e de raiz, dias para floração, número e peso de frutos e número de sementes. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e ao teste de Tukey para comparação de médias. O efeito de doses foi estudado por regressão, ajustando modelos biologicamente explicáveis aos dados, selecionando os de maiores R 2 significância pelo teste F. RESULTDOS E DISCUSSÃO penas na fitomassa das raízes e na floração houve significância do efeito de fonte de nitrogênio (Tab. 2), nas quais o sulfato de amônio foi superior à torta de mamona (Tab. 3). Em geral, a alta disponibilidade de nitrogênio mineral favorece o crescimento vegetativo da cultura e retarda o início do florescimento. O efeito de doses foi altamente significativo para todas as variáveis estudadas, com destaque para a fitomassa das raízes onde houve interação significativa com as fontes usadas (Tab. 2). Neste caso, houve resposta linear para o uso de torta de mamona e quadrática, ao uso de sulfato de amônio, o qual produziu o máximo de raízes com menor dose (Tab. 4). mamona respondeu de forma quadrática nas variáveis de crescimento vegetativo (Fig. 1a, b) e produção (Fig. 1d), pois o solo usado era muito pobre no nutriente usado (Tab. 1). s doses necessárias para otimizar o crescimento e produção variaram entre 376,1 a 508,1 kg/ha, de qualquer das fontes de nitrogênio estudadas (Tab. 4). Em relação ao número de dias para floração (Tab. 3), os dados mostram que quanto mais solúvel é a fonte, mais disponível fica o nitrogênio e ocorre maior redução no início do florescimento. Por outro lado, com o aumento das doses de nitrogênio no solo em estudo, ocorreu o contrário do que se esperava (Fig. 1c): a data do florescimento foi antecipada em cerca de 2 dias para cada 10 kg/ha adicional ao usado na primeira dose até os 60 dias do plantio; de 60 kg/ha em diante, houve redução de um dia para início do florescimento até 90 kg/ha de N; e de menos de um dia para doses maiores.

4 CONCLUSÔES s fontes de nitrogênio são equivalentes para produção de frutos e sementes de mamona, sendo necessário 508 kg/ha (254 mg/dm 3 ) para otimizar a produtividade. data de florescimento foi reduzida com as doses de N até alcançar 48,8 dias. * Pesquisa financiada pela Petrobrás. REFERÊNCIS BIBLIOGRÁFICS BELTRÃO, N. E.de M. Torta de Mamona (Ricinus communis L.): fertilizante e alimento. Campina Grande: Embrapa lgodão, (comunicado Técnico, 171). BOSE, M. L. V.; WNDERLEY, R. da C. Digestividade e balanço metabólico da fração nitrogenada do farelo de mamona desintoxicado e de ferro de alfafa em ovinos. Revista da Sociedade Brasileira de Zootecnia, v. 17, n. 5. p , CRTXO, W.V.; BELTRÃO, N. E. de M.; SILV, O. R. R. F. da; SEVERINO, L. S.; SUSSUN, N. D.; SORES, J. J. O cultivo da mamoneira no semi-árido brasileiro. Campina Grande: Embrapa lgodão, (Circular Técnica, 77). CRVLHO, N.M.; NKGW, J. Sementes: ciência, tecnologia e produção. 4.ed. Jaboticabal: FUNEP, p. TÁVOR, F. J.. cultura da mamona. Fortaleza: EPCE, POTFOS, INSTITURO D POTSS & FOSFTO. Manual internacional de fertilidade do solo. Piracicaba, p. MENGEL, K.; KIRKBY, E.. Principles of plant nutrition. 3 ed. Bern: International Potash Institute, p Tabela 1. Características químicas do solo utilizado no experimento, Campina Grande-PB, PH mmol c /dm 3 Mg/dm 3 % H 2 O Ca ++ Mg ++ Na + K + l +++ P M.O. 5,4 4,2 2,5 0,4 5,1 4,0 1,8 2,5 Tabela 2. Resumo das análises de variância das variáveis de produção aos 56 dias após a emergência, em função de fontes e doses de nitrogênio. Campina Grande, PB F.V. GL Quadrado médio Fitomassa érea Fitomassa. Raíz Floração Nºfruto P. fruto Nº Sementes Fontes (F) 1 23,10 ns 73,50* 340,03** 61,63 ns 0,29 ns 213,33 ns

5 Doses (D) ,75** 382,90** 354,03** 1235,91** 9516,64** 9404,88** F x D 4 214,86 ns 43,95* 69,86 ns 52,21 ns 160,16 ns 380,08 ns Blocos 2 502,06 ns 19,35 ns 7,43 ns 47,63 ns 221,36 ns 475,30 ns Resíduo ,70 12,62 31,13 24,70 321,16 212,96 CV (%) 29 27,05 20,23 9,68 23,48 38,62 25,42 ns:não significativo pelo teste F. ** : Significativo a 1 % pelo teste F. * Significativo a 5% pelo teste F. Tabela 3. Médias das variáveis de produção aos 56 dias após a emergência, em função de fontes de nitrogênio. Campina Grande, PB Fitomassa érea Fitomassa Raiz Floração (Dias) Número de fruto Peso de Fruto Número de Sementes Fontes T. mamona 84,92a 15,99b 54,26b 19,73a 46,49a 54,73a S. amônia 86,67a 19,12a 61,00a 22,60a 46,29a 60,06a Médias seguidas de mesma letra, não diferem entre si, pelo teste de Tukey a nível de 5 % de probabilidade. Tabela 4. Dose de nitrogênio (DNM) e produção máximas (PM) de fitomassa da parte aérea, das raízes, da data do florescimento, número e peso de frutos, número de sementes e fitomassa de raiz em duas fontes de nitrotrogênio (torta de mamona, TM; e Sulfato de amônio, S). Campina Grande, PB, 2006 P. Fitomassa de Raiz FL NF PF NS érea TM S g/planta dia frutos/planta g/planta sementes/planta g/planta DNM (kg/ha de N) 479,4 438,2 480,0 508,2 508,1 456,9 480,0 376,1 PM 170,4 27,8 48,8 41,1 101,4 109,7 26,2 31, P. érea Raiz y = -0,0007x2 + 0,7184x - 1,8296 R2 = 0,9847** y = -0,0001x2 + 0,0991x + 6,0659 R2 = 0,9607** Dose de N (kg/ha) B T.M. S.. y = -0,0002x2 + 0,1486x + 3,6088, R2 = 0,9277** y = 0,0348x + 9,5192, R2 = 0,9127** Dose de N (kg/ha)

6 C FL y = 99,132x-0,1147 R2 = 0,9475** Dose de N (kg/ha) D NF PF NS y = -0,0005x2 + 0,4773x + 0,6775, R2 = 0,9989** y = -0,0004x2 + 0,4284x - 7,4182 R2 = 0,9868** y = -0,0002x2 + 0,1551x + 1,6824, R2 = 0,9962** Dose de N (kgha) Figura 1. Resposta da mamona a aplicação de doses crescentes de nitrogênio (N), usando torta de mamona (T.M.) e sulfato de amônio como fonte (S..). Produção de fitomassa da parte aérea e da raiz; B Produção de fitomassa de raiz nas duas fontes de nitrogênio testadas; C Data de plantio; e D Número (n/planta) e peso de frutos (g/planta) e número de sementes (numero/planta). Campina Grande, PB, 2006.