POPULAÇÃO DE PLANTAS NO CONSÓRCIO MAMONEIRA / CAUPI.

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William Lima Miranda
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1 POPULAÇÃO DE PLANTAS NO CONSÓRCIO MAMONEIRA / CAUPI Demóstenes Marcos Pedrosa de Azevedo 1, José Wellington dos Santos 2, Napoleão Esberard de Macedo Beltrão 3 e Armindo Bezerra Leão 4 Embrapa Algodão 1 azevedo@cnpa.embrapa.br, 2 jsantos@cnpa.embrapa.br, 3 nbeltrao@cnpa.embrapa.br, 4 armindoleao@yahoo.com.br RESUMO - Um experimento foi conduzido em Monteiro, Paraíba, Brasil, nos anos de 1994 e 1995, com o objetivo de investigar o efeito de população de plantas no rendimento da mamoneira (Ricinus communis L.) e do caupi (Vigna unguiculata L.) em regime de consórcio. O delineamento experimental utilizado foi em blocos casualizados, completos, com 9 tratamentos e 4 repetições. Os tratamentos originaram-se de um fatorial 3x3, proveniente da combinação dos fatores: populações de mamona (M pl/ha; M pl/ha e M pl/ha) e três populações de feijão caupi (C pl/ha; C pl/ha e C pl/ha). Os resultados mais expressivos foram: i) os rendimentos da mamoneira e do caupi em consórcio cresceram significantemente com o aumento de suas próprias populações; ii) apenas o rendimento da mamoneira decresceu com o aumento da população do caupi; iii) os mais elevados índices de uso de eficiência da terra (UET= 1,84) foram registrados nos sistemas nos quais a mamoneira participou com pl/ha e o caupi com pl/ha. INTRODUÇÃO No Nordeste brasileiro, a maior região produtora do País, mais de 90% do cultivo da mamoneira é realizado em regime de consórcio com culturas alimentares. Tal prática permite maior estabilidade no rendimento, reduz os impactos da erosão e facilita o controle natural de plantas daninhas. Este tipo de sistema proporciona ainda maior diversidade alimentar e melhor ocupação de mão-de-obra nas pequenas propriedades (AZEVEDO et al., 2001). Um dos problemas, na exploração da mamoneira em regime de consórcio é a redução de população de plantas. Sabe-se, no entanto, que o uso de populações ótimas, isto é, populações que permitam rendimentos máximos, é um aspecto básico quando se pretende obter vantagens de rendimento do sistema consorciado em relação ao monocultivo. A população total combinada (somatório das populações das culturas componentes do sistema) deve ser mais elevada que a população individual ótima de cada cultura em regime isolado (AZEVEDO, 1990). O objetivo do presente trabalho foi investigar o efeito de população de plantas no rendimento da mamoneira e do caupi quando cultivados em regime de consórcio.

2 MATERIAL E MÉTODOS Um experimento foi conduzido nos anos de 1994 e de 1995, no Cariri paraibano com coordenadas geográficas de 7º 53 S e 37º 07 W, com 619m de altitude e clima BS (semi-árido). O período chuvoso na região é concentrado nos meses de dezembro a agosto, sendo que as maiores precipitações pluviais ocorrem entre os meses de fevereiro e maio. Nos anos de 1994 e 1995 as precipitações pluviais anuais foram de 612,3 e 561,00mm, respectivamente, todas abaixo da média histórica que é de 631mm. O solo da área experimental foi identificado como Bruno Não-Cálcico, fase pedregosa, com vegetação caatinga hiperxerófila e relevo suave ondulado, sendo preparado com aração e gradagens. O ensaio recebeu uma adubação de fundação na fórmula e utilizou-se a cultivar Sipeal 28 para mamona e Emepa 1, para caupi. Os espaçamentos e densidades de plantio variaram de acordo com as populações. O delineamento experimental utilizado foi em blocos casualizados, completos, com 9 tratamentos e 4 repetições. Os tratamentos originaram-se de um fatorial 3x3, proveniente da combinação dos fatores: populações de mamona (M pl/ha; M pl/ha e M pl/ha) e três populações de caupi (C pl/ha; C pl/ha e C pl/ha). Parcelas com as culturas solteiras foram plantadas em cada bloco. A mamoneira isolada foi semeada na população de 5.000pl/ha e o caupi isolado, na população de pl/ha. Os rendimentos das culturas foram computados após secagem e beneficiamento. A eficiência do consórcio foi medida em termos de uso de eficiência da terra (UET), cuja fórmula é: UET=Yab/Yaa+Yba/Ybb, sendo Yab o rendimento da mamona em regime de consórcio, Yaa da mamona isolada, Ybb o rendimento do caupi isolado, Yba o rendimento do caupi em consórcio. Para a análise conjunta dos dados não foram consideradas as testemunhas isoladas, mas foi utilizado o delineamento experimental em blocos ao acaso, com parcelas divididas no tempo, com 4 repetições, cujas parcelas principais foram consideradas pelos fatores: população de mamona e população de caupi. As subparcelas foram constituídas pelos anos. Para análise estatística dos dados considerou-se o modelo de parcelas divididas no tempo, sendo as parcelas principais constituídas pela combinação dos níveis dos fatores e as subparcelas constituídas pelos anos. RESULTADOS E DISCUSSÃO O resumo da análise da variância conjunta do rendimento de mamona e do caupi encontra-se na Tabela 1. Para rendimento de mamona em baga, foram significativos os efeitos principais de população de mamoneira, população de caupi e ano (p 0,01 pelo teste F). No desdobramento dos

3 dois graus de liberdade de cada fator (população de mamoneira e para população de caupi), foram significativos apenas o componente linear (p 0,01) (dados não apresentados). O rendimento de mamona cresceu linearmente com o aumento de população da própria mamoneira (Fig. 1A). Por outro lado, o rendimento da mamona decresceu significativamente com o aumento de população de caupi (Fig. 1B). Este comportamento se deve ao caupi, que apesar do menor porte, é mais competitivo do que a mamoneira. Bezerra Neto e Robichaux (1997) obtiveram resultados semelhantes, nos quais os rendimentos do milho cresceram e a biomassa do algodoeiro (Gossypium hirsutum L.. r. latifolium Hutch.) decresceu com o aumento da densidade populacional do caupi/milho no consórcio com o algodoeiro. Observe-se que os níveis populacionais da mamoneira e do caupi das Figs 1 e 2 são os níveis reais obtidos não são os níveis teóricos, planejados. Esta diferença foi decorrente de erro no desbaste. Para o rendimento do feijão caupi, apenas o efeito principal de população de caupi e ano foram significativos (p 0,01) (Tab. 1). Decompondo os dois graus de liberdade do primeiro fator, foi significativo apenas o componente linear (p 0,01). O rendimento de caupi em grão cresceu significativamente com com sua própria população (Fig. 2). Os mais elevados UETs foram registrados nas populações de planta/ha de mamona (1,84) e 40.00plantas/ha de caupi (1,84) e houve tendência de estes índices aumentarem com o aumento de população tanto da mamoneira como do caupi (Tab. 2). CONCLUSÕES Os rendimentos das culturas da mamoneira e do caupi, em consórcio, cresceram com o aumento de suas próprias populações; Apenas o rendimento da mamoneira consorciada decresceu com o aumento de população de caupi; Os mais elevados índices de uso de eficiência da terra foram (UET = 1,84) registrados nas populações de 5.000pl/ha de mamona e pl/ha de caupi. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AZEVEDO, D.M.P. de. The influence of plant population on weed suppression in maize/bean intercropping. Norwich Norfolk, England: The University of East Anglia, pPh.D. Thesis.

4 AZEVEDO, D.M.P. de; NÓBREGA, L.B. da; LIMA, E.F; BATISTA, F.A.S; BELTRÃO, N.E. de M. Manejo. In: Demóstenes Marcos Pedrosa de AZEVEDO e Emídio Ferreira LIMA. O Agronegócio da mamona no Brasil. Campina Grande: Embrapa Algodão. Embrapa Informação Tecnológica, p BEZERRA NETO, F; ROBICHAUX, R.H. Spatial arrangement and desnity effects on an annual cotton/cowpea/maize intercrop. II. Yield and biomass, Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.32, n.10, p Tabela 1. Resumo das análises de variância das variáveis rendimento de mamona e rendimento de caupi Fonte de Variação GL Rendimento de Mamona QUADRADOS MÉDIOS Rendimento de Caupi População/mamona (A) ,18** 9972,76 População/caupi (B) ,59* ,76** Interação (AxB) , ,97 Erro (a) , ,87 Ano (C) ,55** ,72** Interação (AxC) , ,34 Interação (BxC) 2 748, ,68 Interação (AxBxC) , ,80 Erro (b) , ,70 C.V. (a) - 31,04 21,22 C.V. (b) - 29,07 18,41 ** Significativo (p<0,01); * Significativo (p<0,05). Tabela 2. Rendimento de mamona em baga e caupi em grão (média de 4 anos). Fatores Rendimento de mamona Rendimento de caupi Uso de Eficiencia da Terra -UET População de Mamona (pl/ha) M , ,41 M ,46 507,79 0,67 M ,04 486,29 1,84 População de Caupi (pl/ha) C ,75 398,88 1,55 C ,08 448,79 1,54

5 Fatores Rendimento de mamona Rendimento de caupi Uso de Eficiencia da Terra -UET C ,38 673,46 1,84 Ano A ,03 609,22 - A ,78 404,86 - Testemunha Isolada 657,01 506,97 - Média 421,40 505,04 1,64

6 A B Figura 1. Regressão do rendimento de mamona: A- em função da população da mamoneira e B- de mamona em função da população de caupi. (p 0,01). Figura 2. Regressão do rendimento de caupi em função da população de caupi. (p 0,01).

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