POPULAÇÃO DE PLANTAS, USO DE EFICIÊNCIA DA TERRA E ÍNDICE DE COMPETITIVIDADE DO CONSÓRCIO MAMONEIRA / SORGO

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Pedro Imperial
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1 POPULAÇÃO DE PLANTAS, USO DE EFICIÊNCIA DA TERRA E ÍNDICE DE COMPETITIVIDADE DO CONSÓRCIO MAMONEIRA / SORGO Demóstenes Marcos Pedrosa de Azevedo 1, José Wellington dos Santos 2, Napoleão Esberard de Macedo Beltrão 3 e Armindo Bezerra Leão 4 Embrapa Algodão 1azevedo@cnpa.embrapa.br, 2jsantos@cnpa.embrapa.br, 3nbeltrao@cnpa.embrapa.br, 4armindoleao@yahoo.com.br RESUMO - Um experimento foi conduzido na Estação Experimental de Monteiro, localizada no semiárido do estado da Paraíba, Brasil, nos anos de 1994 e 1995, com o objetivo de investigar o efeito de população de plantas da mamoneira (Ricinus communis L.) e de sorgo (Sorghum bicolor L.) na eficiência da terra e na competitividade destas culturas submetidas ao consórcio. Os resultados mais expressivos foram: i) os níveis populacionais estudados não interferiram nos índices de uso de eficiência da terra do consórcio; ii) os índices de competitividade do consórcio cresceram com o aumento da população de sorgo e decresceram com o aumento de população de mamoneira; iii) o mais elevado índice de competitividade do consórcio foi registrado no sistema no qual a mamoneira participou com a mais baixa população e o sorgo com o mais elevado nível populacional. INTRODUÇÃO A mamoneira é muito suscetível à competição de monocotiledôneas por serem estas de metabolismo fotossintético C4 e por apresentar, a oleaginosa, compensação limitada após a colheita destas. Vantagem apreciável não tem sido observada neste tipo de associação particularmente quando se trata de cultivares de mamona de porte anão (CHAUDHURY, 1981). Poucos são os trabalhos que mencionam vantagem considerável do consórcio mamona/sorgo (TARHALKAR e RAO, 1981). A associação mamona/milho é mais comum no Nordeste brasileiro; no entanto, poucas são as informações de pesquisa que possam compor sistemas de cultivos mais racionais envolvendo a mamoneira e o sorgo em regime de consórcio. No Nordeste brasileiro, a mamoneira é cultivada, em quase sua totalidade, em regime de consórcio. No entanto, apesar do uso generalizado, é notório a redução de população de plantas neste tipo de sistema na região. O objetivo do presente trabalho foi investigar o efeito de população de plantas na eficiência e na competitividade da mamoneira e do sorgo em regime de consórcio. MATERIAL E MÉTODOS Um experimento foi conduzido nos anos de 1994 e de 1995, no Cariri paraíbano com coordenadas geográficas de 7º 53 S e 37º 07 W com 619m de altitude e clima BS (semi-árido). O

2 período chuvoso na região é concentrado nos meses de dezembro a agosto, sendo que as maiores precipitações pluviais ocorrem entre os meses de fevereiro e maio. Nos anos de 1994 e 1995 as precipitações pluviais anuais foram de 612,3 e 561,00mm, respectivamente, todas abaixo da média histórica que é de 631mm. O solo da área experimental foi identificado como Bruno Não-Cálcico, fase pedregosa, com vegetação caatinga hiperxerófila e relevo suave ondulado, sendo preparado com aração e gradagens. O ensaio recebeu uma adubação de fundação na fórmula e utilizou-se a cultivar SIPEAL 28 para mamona e IPA , para o sorgo. Os espaçamentos e densidades de plantio variaram de acordo com as populações. O delineamento experimental utilizado foi em blocos casualizados, completos, com 9 tratamentos e 4 repetições. Os tratamentos originaram-se de um fatorial 3x3, proveniente da combinação dos fatores: populações de mamona (M pl/ha; M pl/ha e M pl/ha) e três populações de sorgo (S pl/ha; S pl/ha e S pl/ha). Parcelas com as culturas solteiras foram plantadas em cada bloco. A mamoneira isolada foi semeada na população de 5.000pl/ha e o sorgo isolado, na população de pl/ha. Os rendimentos das culturas foram computados após secagem e beneficiamento. A eficiência do consórcio foi medida em termos de uso de eficiência da terra, cuja fórmula é: UET=Yab/Yaa=Yba/Ybb, sendo Yab o rendimento da mamona em regime de consórcio, Yaa da mamona isolada, Ybb o rendimento do sorgo isolado, Yba o rendimento do sorgo em consórcio. Para a análise conjunta dos dados não foram consideradas as testemunhas isoladas, mas foi utilizado o delineamento experimental em blocos ao acaso, com parcelas divididas no tempo, com 4 repetições, cujas parcelas principais foram consideradas pelos fatores: população de mamona e população de sorgo. As sub- parcelas foram constituídas pelos anos. Para análise estatística dos dados considerou-se o modelo de parcelas divididas no tempo, sendo as parcelas principais constituídas pela combinação dos níveis dos fatores e as sub parcelas constituídas pelos anos. Os dados serão discutidos levando-se em consideração as populações teóricas. RESULTADOS E DISCUSSÃO O resumo da análise da variância conjunta do rendimento de mamona e do sorgo encontra-se na Tabela 1. Com relação ao uso de eficiência da terra (UET total), foi significativo apenas o efeito principal de "ano" (p < 0,01 pelo o teste F). A apresentação dos dados pela análise de regressão, particularmente quando não há interação significativa, não permite definir a melhor associação de plantas num modelo aditivo de consórcio. Por este motivo, foi utilizado a Figura 1, onde os UETs

3 parciais de mamoneira foram alocados nos eixos dos X, os UETs parciais do sorgo, nos eixos dos Y e os UETs totais foram representados pelas linhas diagonais que ligam os referidos eixos. As deduções mais expressivas que podem ser tiradas desta Figura são: i) nem todos os UETs totais foram superiores a 1,0, o que representa desvantagem biológicas destes sistemas em relação ao monocultivo, ii) os mais elevados UETs totais foram obtidos pelos os sistemas nos quais a mamoneira participou com o mais elevado nível populacional (M 3 S 1 e M 3 S 2 ), M 3 S 3 foi a única exceção. Com relação ao índice de competitividade (IC), apenas o efeito principal de "população mamoneira" e "população sorgo "foram significativos (p < 0,01). No desdobramento dos dois graus de liberdade do fator população de mamona, foi significativo, apenas o componente linear. Os índices de competitividade deste cereal cresceram com o aumento de sua própria população e decresceram com o aumento da população de mamona (Fig. 2). A Figura 3 ilustra de maneira mais ampla os efeitos acima discutidos, os índices de competitividade do sorgo cresceram significativamente com o aumento de sua aprópria população e decresceram com o aumento da população de mamona; o sorgo foi mais competitivo que a mamoneira em todos os sistemas e o mais elevado IC foi registrado no sistema onde o sorgo participou com o mais elevado nível (S 3 ) e a mamoneira no mais baixo nível populacional (M 1 ). CONCLUSÕES Os fatores população de plantas da mamona e população de sorgo, não alteraram os índices de uso de eficiência da terra do consórcio; Os fatores população de plantas da mamona e população de sorgo, interferiram significantemente nos índices de uso de eficiência da terra do consórcio; O índice de competitividade do sorgo aumentou com o aumento do nível populacional desta cultura e foi reduzido significantemente com o aumento de população de plantas de mamona. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CHANDHURY,S.L. Recent trends in intercropping systems on the drylands of India. Some thoughts, some results. In: INTERNATIONAL WORKSHOP ON INTERCROPPING, Hyderabad, India. Proceedings...Patancheru: ICRISAT, p TARHALKAR, P.P.; RAO, N.G.P. Genotype plant density considerations in the development of an efficient intercropping system for sorghum, In: INTERNATIONAL WORKSHOP ON INTERCROPPING, Hyderabad, India. Proceedings...Patancheru: ICRISAT, p

4 Tabela 1. Resumo das análises de variância (quadrados médios) dos índices uso de eficiência da terra (UET) de competitividade (IC) do sorgo. Fonte de Variação Gl UET total IC sorgo Pop/mamona (A) 2 0,17 43,24 ** Pop/sorgo (B) 2 0,01 28,75 ** Interação (AxB) 4 0,08 3,23 Erro (a) 24 0,05 0,59 Ano (C) 1 1,21 ** 1,59 Interação (AxC) 2 0,03 0,27 Interação (BxC) 2 0,01 1,95 Interação (AxBxC) 4 0,11 2,82 Erro (b) 27 0,06 1,42 C.V. (a) - 23,00 43,15 C.V. (b) - 20,33 43,28 ** Significativo (p<0,01) Figura 1. Diagrama dos UETs do consórcio mamona/sorgo.

5 Figura 2. Regressão do índice de competitividade do sorgo em função das populações de mamona e de sorgo (p< 0,01)

6 Figura 3. Índice de competitividade do sorgo.

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