Prefácio à quarta edição em inglês
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- Mirela Cavalheiro Klettenberg
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1 Prefácio à quarta edição em inglês A Reforma na Europa do século 16 é uma das áreas de estudo mais fascinantes disponíveis ao historiador. Ela também continua a ser de importância central a qualquer um interessado na história da igreja cristã ou de suas ideias religiosas. A Reforma englobou diversas áreas bem distintas, embora sobrepostas, de atividades humanas: a reforma tanto da moral quanto das estruturas da igreja e da sociedade, novas abordagens a questões políticas, mudanças no pensamento econômico, a renovação da espiritualidade cristã e a reforma da doutrina cristã. Foi um movimento baseado num conjunto mais ou menos coerente de ideias, as quais eram cridas como sendo capazes de atuar como a base de um programa de reformas. Mas quais eram essas ideias? Qual era a origem delas? E como foram modificadas pelas condições sociais do período? A singularidade das ideias por trás da Reforma do século 16 é uma séria dificuldade de fato, talvez a maior dificuldade enfrentada pelo historiador moderno que estuda esse período. O termo teologia tem sido usado pelos cristãos desde o século 3º para indicar um discurso sobre Deus. A palavra pode ser usada para se referir tanto às ideias centrais da fé cristã quanto à disciplina acadêmica que reflete sobre essas ideias. Muitos dos estudantes atuais da Reforma conhecem pouco a teologia cristã. Por exemplo, o grande lema teológico justificação pela fé somente parece incompreensível a muitos estudantes desta era, assim como as complexidades dos debates do século 16 quanto à Eucaristia. Por que essas questões aparentemente obscuras causaram tal comoção naquela época? É uma tentação óbvia para o estudante da Reforma evitar dialogar com as ideias do movimento e tratá-lo como um fenômeno puramente social. Este livro foi escrito com a convicção de que há muitos estudantes que não se satisfazem com esse envolvimento superficial com as ideias da Reforma. Estes desejam lidar seriamente com essas ideias, mas se sentem
2 12 O pensamento da Reforma desencorajados a fazer isso pelas dificuldades formidáveis encontradas ao tentar compreendê-las. A teologia cristã sempre terá um lugar de importância no estudo da Reforma. Por isso, não ter pelo menos certo grau de familiaridade com a teologia significa deixar de compreender a cultura e a autoconsciência da era da Reforma. As ideias religiosas exerceram um papel muito importante no desenvolvimento e na expansão da Reforma. Estudar a Reforma sem considerar essas ideias religiosas que alimentaram seu desenvolvimento é o mesmo que estudar a Revolução russa sem considerar o marxismo. Historiadores não podem se isolar da linguagem e das ideias da era que estão estudando. Outra dificuldade que surge no caminho do estudante da Reforma é o avanço considerável feito na última geração na nossa compreensão tanto da Reforma em si como de seus antecedentes no final da Renascença, particularmente em relação ao período final do escolasticismo medieval. Parte desse trabalho ainda precisa ser filtrado para chegar até o estudante; e há uma necessidade premente de uma obra que explique as descobertas da erudição recente e indique sua importância para nossa compreensão da Reforma durante o século 16. O objetivo desta obra é fazer exatamente isso. Ela supõe que o leitor não conheça nada da teologia cristã, e procura fornecer um guia introdutório às ideias que se provaram centrais a esse movimento na história europeia, enquanto, ao mesmo tempo, introduz aos poucos as descobertas de grande parte da erudição recente neste campo. O livro surgiu da minha experiência de muitos anos de ensino sobre a Reforma para estudantes da Oxford University, e desejo reconhecer minha dívida para com esses estudantes. Foram eles que me ensinaram que diversas partes do estudo sobre a Reforma são assumidas como conhecimento público, mas que realmente precisam ser explicadas. Foram eles que identificaram os pontos mais difíceis que necessitam de uma análise especial. Foram eles que reconheceram a necessidade de uma obra deste tipo e se o leitor a achar útil, deve agradecer a esses estudantes. Também sou grato aos meus colegas das faculdades de teologia e de História da Oxford University pelos muitos debates úteis a respeito das dificuldades encontradas ao ensinar o pensamento da Reforma no século 21. Este livro foi primeiramente publicado em Ficou imediatamente óbvio que ele supria uma necessidade educacional real. Uma segunda edição expandida e revisada surgiu em A terceira edição de 1999 forneceu uma cobertura biográfica substancialmente maior dos principais pensadores da Reforma, e estendeu sua cobertura ao pensamento da Reforma inglesa.
3 Prefácio à quarta edição em inglês 13 Esta nova edição retêm todas as características que tornaram as edições anteriores atraentes aos estudantes. Ao mesmo tempo, inclui material adicional de relevância direta. Além da necessária atualização geral, incorporando desenvolvimentos da erudição desde a última edição, a nova edição foi reorganizada para torná-la mais fácil de usar. A obra inteira foi revisada para assegurar que é tão acessível e útil quanto possível. Alguns críticos sugeriram que a obra ficaria melhor se ampliasse seu escopo para incluir os desenvolvimentos do século 17. Contudo, a maioria solicitou que ela mantenha seu foco atual no século 16. Esse desejo que parece fazer sentido pedagogicamente foi respeitado. Alister McGrath Londres, dezembro de 2011
4 Como usar este livro Três palavras resumem o objetivo deste livro: apresentar, explicar e contextualizar. Primeiro, o livro visa apresentar as ideias principais da Reforma na Europa durante a primeira metade do século 16. É como o esboço de um mapa, o qual indica os pontos principais do terreno intelectual: notas e sugestões para leituras posteriores permitirão que o leitor acrescente os detalhes distintos posteriormente. Segundo, o livro visa explicar essas ideias. Ele supõe que o leitor não saiba nada sobre a teologia cristã que fundamenta a Reforma, e explica o significado de termos como justificação pela fé e predestinação, e porque eles têm relevância religiosa e social. Terceiro, o livro visa contextualizar essas ideias estabelecendo-as em seu contexto intelectual, social e político apropriado. Esse contexto inclui grandes movimentos intelectuais, tais como o humanismo e o escolasticismo, as ideologias religiosas alternativas da Reforma radical e do catolicismo, e as realidades políticas e sociais das cidades imperiais do início do século 16. Todos esses fatores afetaram o pensamento dos reformadores e seu impacto sobre o público deles e esta obra tem o objetivo de identificar essa influência e avaliar seus efeitos. Uma série de apêndices lida com dificuldades que os estudantes normalmente encontram ao lerem obras referentes à Reforma. O que estas abreviaturas significam? Como entender estas referências a fontes primárias e secundárias? O que significa pelagiano? Onde posso encontrar mais informações a respeito da Reforma? Essas e outras questões são tratadas em detalhes, o que torna este um livro singular. Assume-se que o leitor não conhece outras línguas além de sua língua materna, e todas as citações ou lemas em latim serão traduzidos e explicados. Embora o texto da obra use extensivamente obras eruditas em línguas estrangeiras, não disponíveis em nossa língua, uma bibliografia seleta de obras será fornecida para o benefício do leitor.
5 Como usar este livro 15 Sobre as notas e sugestões de leitura As notas são poucas, limitadas a identificar a fonte de citações extensas ou de estudos eruditos mencionados explicitamente no texto. Para abreviaturas e formas de referência às fontes primárias, veja os apêndices 3 e 4. A melhor obra de referência disponível atualmente a respeito do pensamento da Reforma é a de H. J. Hillerbrande (org.), The Oxford encyclopaedia of the Reformation (4 v.; Oxford, 1996). Esse é um recurso essencial para qualquer um interessado em qualquer aspecto da Reforma, e inclui bibliografias substanciais. As bibliografias referentes a cada capítulo [que são encontradas no final do Apêndice 6] não pretendem ser exaustivas. Sua função é identificar estudos potencialmente valiosos que permitam ao leitor desta obra investigar mais a fundo os tópicos de cada capítulo.
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