TEORIA QUEER: CONTRIBUIÇÕES NAS QUESTÕES DE GÊNERO

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1 TEORIA QUEER: CONTRIBUIÇÕES NAS QUESTÕES DE GÊNERO Talita Leite Tavares Vandivel Galdino Bezerra Filho Universidade Federal da Paraíba-UFPB Resumo É fato, a sociedade ocidental mostra-se na contemporaneidade consideravelmente marcada pela heteronormatividade. A questão perpassa, desse modo, pelo preconceito de caráter homofóbico destinado a gays, lésbicas, bissexuais, transexuais, entre outras formas de relações eróticoafetivas. Nesse sentido, cabe-nos, com vistas à devida relevância social, discutir como a Teoria Queer, surgida em meados da década de 80 nos EUA, tem contribuído para os estudos de gênero e sexualidade, auxiliando direta ou indiretamente em dirimir processos discriminatórios contra tais grupos. Dessa maneira, ela se apresenta como uma possibilidade de discutir eticamente as questões referidas, num tempo em que intenta fugir de normas socialmente aceitas e quiçá discriminatórias, dos binarismos construídos socialmente, tais quais homossexualidade/heterossexualidade, masculino/feminino, entre outros. O normativo acaba por impor limites à subjetividade, enrijecendo identidades, entendidas pela Queer como transitórias e dinâmicas. Propõe-se assim, uma discussão para destacar no contínuo das origens e evoluções dessa teoria, suas contribuições, precursores e principais conceitos utilizados, uma vez que se tem constituído como fundamentação teórica de diversos trabalhos científicos no âmbito da sexualidade e construções de identidade de gênero. Palavras-chave: Teoria Queer. Gênero. Sexualidade. Introdução A Teoria Queer tem se constituído como base de inúmeros trabalhos acadêmicos, fundamentando as mais variadas pesquisas de cunho científico relacionadas às questões de gênero. Desse modo, discuti-la neste trabalho, não a vinculando a quaisquer focos de pesquisa, tais quais travestis, mulheres, homossexuais, entre outros, possibilita-nos deslizar mais livremente sobre suas idéias e quiçá construir novas indagações em torno das questões de gênero. Origens e precursores da Queer 1

2 Embora não possa ser definida como um todo homogêneo, já que em seu interior existem divergências, e a tentativa de unificá-las iria contrariar seus objetivos políticos (PEREIRA, 2006, apud PINO, ), a Teoria Queer pode ser compreendida a partir das questões que a originaram. O termo Queer, segundo Louro (2001), pode ser traduzido por estranho, ridículo, excêntrico, raro, extraordinário, mas a expressão também se constitui de forma pejorativa, sendo ainda utilizado em tons depreciativos e homofóbicos na designação de gays e lésbicas. Com toda sua carga de estranheza e de deboche, o termo queer é assumido por uma vertente dos movimentos homossexuais para caracterizar sua perspectiva de oposição, significando contrapor-se à normalização, principalmente, à heteronormatividade compulsória da sociedade. Queer representaria, assim, a diferença que não quer ser tolerada e, logo, sua forma de ação é muito mais transgressiva e perturbadora (LOURO, 2001). Segundo Annemarie Jagose (1996, apud PINO, ), o termo faz parte do vocabulário semântico para compreensão da homossexualidade desde o século XIX e, recentemente, ganhou significado político pela incorporação teórica e adoção pelos movimentos sociais, sendo usado como um conceito que abrange a coalizão da cultura sexual marginalizada, que se auto-identifica como queer, outras vezes para descrever a nascente teoria que vem se desenvolvendo distante de estudos mais tradicionais sobre gays e lésbicas. Os estudos queer emergem na década de 1980 como uma corrente teórica que colocou em xeque as formas correntes de compreender as identidades sociais. Descendendo teoricamente dos estudos gays e lésbicos, da teoria feminista, da sociologia do desvio norte-americana e dos pós-estruturalismo francês, a teoria queer surge em um momento de reavaliação crítica da política de identidades. Assim, busca evidenciar como conhecimentos e práticas sexualizam corpos, desejos, identidades e instituições sociais numa organização fundada na heterossexualidade compulsória (obrigação social de se relacionar amorosa e sexualmente com pessoas do sexo oposto) e na heteronormatividade (enquadramento de todas as relações mesmo as supostamente inaceitáveis entre pessoas do mesmo sexo em um binarismo de gênero 2

3 que organiza suas práticas, atos e desejos a partir do modelo do casal heterossexual reprodutivo) (PINO, ). Ainda que esse seja um grupo internamente bastante diversificado, capaz de expressar divergências e de manter debates acalorados, há entre seus integrantes algumas aproximações significativas. Os/as teóricos/as queer constituem um agrupamento diverso que mostra importantes desacordos e divergências. Não obstante, eles/elas compartilham alguns compromissos amplos em particular, apóiam-se fortemente na teoria pós-estruturalista francesa e na desconstrução como um método de crítica literária e social; põem em ação, de forma decisiva, categorias e perspectivas psicanalíticas; são favoráveis a uma estratégia descentradora ou desconstrutiva que escapa das proposições sociais e políticas programáticas positivas; imaginam o social como um texto a ser interpretado e criticado com o propósito de contestar os conhecimentos e as hierarquias sociais dominantes (LOURO, 2001). Os primeiros teóricos queer rejeitaram a lógica minorizante dos estudos socioantropológicos em favor de uma teoria que questionasse os pressupostos normalizadores que marcavam a Sociologia canônica. 2 A escolha do termo queer para se autodenominar, ou seja, um xingamento que denotava anormalidade, perversão e desvio, servia para destacar o compromisso em desenvolver uma analítica da normalização que, naquele momento, era focada na sexualidade. Foi em uma conferência na Califórnia, em fevereiro de 1990, que Teresa de Lauretis empregou a denominação Queer Theory para contrastar o empreendimento queer com os estudos gays e lésbicos. 3 Em termos políticos, não tardou para que ele denotasse uma alternativa crítica aos movimentos assimilacionistas (MISKOLCI, 2009). Teórica e metodologicamente, os estudos queer surgiram do encontro entre uma corrente da Filosofia e dos Estudos Culturais norte-americanos com o pósestruturalismo francês, que problematizou concepções clássicas de sujeito, identidade, agência e identificação. Central foi o rompimento com a concepção cartesiana (ou Iluminista) do sujeito como base de uma ontologia e de uma epistemologia. Ainda que haja variações entre os diversos autores, é possível afirmar que o sujeito no pós- 3

4 estruturalismo é sempre encarado como provisório, circunstancial e cindido (MISKOLCI, 2009). Teóricos queer encontraram nas obras de Michel Foucault e Jacques Derrida conceitos e métodos para uma empreitada teórica mais ambiciosa do que a empreendida até então pelas ciências sociais. De forma geral, as duas obras filosóficas que forneceram suas bases foram História da Sexualidade I: A Vontade de Saber (1976) e Gramatologia (1967), ambas publicadas em inglês na segunda metade da década de 1970 (MISKOLCI, 2009). O primeiro volume de História da Sexualidade rompeu com a hipótese repressiva que marcava a maioria dos estudos até meados da década de Segundo Foucault, vivemos em uma sociedade que, há mais de um século, "fala prolixamente de seu próprio silêncio, obstina-se em detalhar o que não diz; denuncia os poderes que exerce e promete libertar-se das leis que a fazem funcionar". (FOUCAULT, 2005, p.14) Em outras palavras, o filósofo afirmou que a sexualidade não é proibida, antes produzida por meio de discursos. Ao expor e analisar a invenção do homossexual, ele mostrou que identidades sociais são efeitos da forma como o conhecimento é organizado e que tal produção social de identidades é "naturalizada" nos saberes dominantes. A sexualidade tornou-se objeto de sexólogos, psiquiatras, psicanalistas, educadores, de forma a ser descrita e, ao mesmo tempo, regulada, saneada, normalizada por meio da delimitação de suas formas em aceitáveis e perversas. Daí a importância daquelas invenções do século XIX, a homossexualidade e o sujeito homossexual, para os processos sociais de regulação e normalização (MISKOLCI, 2009). A contribuição de Jacques Derrida para a Teoria Queer pode ser resumida a seu conceito de suplementaridade e à perspectiva metodológica da desconstrução. A suplementaridade mostra que significados são organizados por meio de diferenças em uma dinâmica de presença e ausência, ou seja, o que parece estar fora de um sistema já está dentro dele e o que parece natural é histórico. Na perspectiva de Derrida, a heterossexualidade precisa da homossexualidade para sua própria definição, de forma que um homem homofóbico pode-se definir apenas em oposição àquilo que ele não é: um homem gay. 7 Este procedimento analítico que mostra o implícito dentro de uma 4

5 oposição binária costuma ser chamado de desconstrução. Desconstruir é explicitar o jogo entre presença e ausência, e a suplementaridade é o efeito da interpretação porque oposições binárias como a de hetero/homossexualidade, são reatualizadas e reforçadas em todo ato de significação, de forma que estamos sempre dentro de uma lógica binária que, toda vez que tentamos quebrar, terminamos por reinscrever em suas próprias bases (MISKOLCI, 2009). A partir das contribuições acima, teóricos como Eve K. Sedgwick, David M. Halperin, Judith Butler e Michael Warner começaram a empreender análises sociais que retomavam a proposta de Foucault, ao estudar a sexualidade como um dispositivo histórico do poder que marca as sociedades ocidentais modernas e se caracteriza pela inserção do sexo em sistemas de unidade e regulação social (FOUCAULT, 2005, p ). 9 Os estudos "queer" sublinham a centralidade dos mecanismos sociais relacionados à operação do binarismo hetero/homossexual para a organização da vida social contemporânea, dando mais atenção crítica a uma política do conhecimento e da diferença. Nas palavras do sociólogo Steven Seidman, o queer seria o estudo "daqueles conhecimentos e daquelas práticas sociais que organizam a 'sociedade' como um todo, sexualizando - heterossexualizando ou homossexualizando - corpos, desejos atos, identidades, relações sociais, conhecimentos, cultura e instituições sociais". (SEIDMAN, 1996, p.13) (MISKOLCI, 2009). Os teóricos queer compreendem a sexualidade como um dispositivo histórico do poder. 10 Um dispositivo é um conjunto heterogêneo de discursos e práticas sociais, uma verdadeira rede que se estabelece entre elementos tão diversos como a literatura, enunciados científicos, instituições e proposições morais (MISKOLCI, 2009). As condições que possibilitam a emergência do movimento queer ultrapassam, pois, questões pontuais da política e da teorização gay e lésbica e precisam ser compreendidas dentro do quadro mais amplo do pós-estruturalismo. Efetivamente, a teoria queer pode ser vinculada às vertentes do pensamento ocidental contemporâneo que, ao longo do século XX, problematizaram noções clássicas de sujeito, de identidade, de agência, de identificação. 5

6 Já no início do século, o sujeito racional, coerente e unificado é abalado por Freud com suas formulações sobre o inconsciente e a vida psíquica. A existência de desejos e idéias ignorados pelo próprio indivíduo e sobre os quais ele não tem controle é devastadoras para o pensamento racional vigente: ao ignorar seus desejos mais profundos, ao se mostrar incapaz de controlar suas lembranças, o sujeito se 'desconhece' e, portanto, deixa de ser 'senhor de si'. Mais tarde, Lacan perturba qualquer certeza sobre o processo de identificação e de agência, ao afirmar que o sujeito nasce e cresce sob o olhar do outro, que ele só pode saber de si através do outro, ou melhor, que ele sempre se percebe e se constitui nos termos do outro. Longe de ser estável e coeso, esse é um sujeito dividido, que vive, constantemente, a inútil busca da completude. As possibilidades de autodeterminação e de agência também são postas em xeque pela teorização de Althusser quando este demonstra como os sujeitos são interpelados e capturados pela ideologia. Conforme Althusser, ao se entregar à ideologia, o sujeito realiza, de forma aparentemente livre, seu próprio processo de sujeição. Ao lado dessas teorizações que problematizaram de forma radical a racionalidade moderna, destacam-se os insights de Michel Foucault sobre a sexualidade, diretamente relevantes para a formulação da teoria queer. Conforme Foucault, vivemos, já há mais de um século, numa sociedade que "fala prolixamente de seu próprio silêncio, obstina-se em detalhar o que não diz, denuncia os poderes que exerce e promete liberar-se das leis que a fazem funcionar". 16 Ele desconfia desse alegado silêncio e, contrariando tal hipótese, afirma que o sexo foi, na verdade, "colocado em discurso": temos vivido mergulhados em múltiplos discursos sobre a sexualidade, pronunciados pela igreja, pela psiquiatria, pela sexologia, pelo direito... Empenha-se em descrever esses discursos e seus efeitos, analisando não apenas como, através deles, se produziram e se multiplicaram as classificações sobre as 'espécies' ou 'tipos' de sexualidade, mas também como se ampliaram os modos de controlá-la. Tal processo tornou possível, segundo ele, a formação de um "discurso reverso", isto é, um discurso produzido a partir do lugar que tinha sido apontado como a sede da perversidade, como o lugar do desvio e da patologia: a homossexualidade. Mas Foucault ultrapassa amplamente o esquema binário de oposição entre dois tipos de discursos, acentuando 6

7 que vivemos uma proliferação e uma dispersão de discursos, bem como uma dispersão de sexualidades. Diz ele: assistimos a uma explosão visível das sexualidades heréticas, mas sobretudo e é esse o ponto importante a um dispositivo bem diferente da lei: mesmo que se apóie localmente em procedimentos de interdição, ele assegura, através de uma rede de mecanismos entrecruzados, a proliferação de prazeres específicos e a multiplicação de sexualidades disparatadas. A construção discursiva das sexualidades, exposta por Foucault, vai se mostrar fundamental para a teoria queer. Da mesma forma, a operação de desconstrução, proposta por Jacques Derrida, parecerá, para muitos teóricos e teóricas, o procedimento metodológico mais produtivo. Conforme Derrida, a lógica ocidental opera, tradicionalmente, através de binarismos: este é um pensamento que elege e fixa como fundante ou como central uma idéia, uma entidade ou um sujeito, determinando, a partir desse lugar, a posição do 'outro', o seu oposto subordinado. O termo inicial é compreendido sempre como superior, enquanto que o outro é o seu derivado, inferior. Derrida afirma que essa lógica poderia ser abalada através de um processo desconstrutivo que estrategicamente revertesse, desestabilizasse e desordenasse esses pares. Desconstruir um discurso implicaria em minar, escavar, perturbar e subverter os termos que afirma e sobre os quais o próprio discurso se afirma. Desconstruir não significa destruir, como lembra Barbara Johnson, 18 mas "está muito mais perto do significado original da palavra análise, que, etimologicamente, significa desfazer". Portanto, ao se eleger a desconstrução como procedimento metodológico, está se indican do um modo de questionar ou de analisar e está se apostando que esse modo de análise pode ser útil para desestabilizar binarismos lingüísticos e conceituais (ainda que se trate de binarismos tão seguros como homem/mulher, masculinidade/feminilidade). A desconstrução das oposições binárias tornaria manifesta a interdependência e a fragmentação de cada um dos pólos. Trabalhando para mostrar que cada pólo contém o outro, de forma desviada ou negada, a desconstrução indica que cada pólo carrega vestígios do outro e depende desse outro para adquirir sentido. A operação sugere também o quanto cada pólo é, em si mesmo, fragmentado e plural. Para os teóricos/as queer, a oposição heterossexualidade/homossexualidade onipresente na 7

8 cultura ocidental moderna poderia ser efetivamente criticada e abalada por meio de procedimentos desconstrutivos. Na medida em que queer sinaliza para o estranho, para a contestação, para o que está fora-do-centro, seria incoerente supor que a teoria se reduzisse a uma 'aplicação' ou a uma extensão de idéias fundadoras. Os teóricos e teóricas queer fazem um uso próprio e transgressivo das proposições das quais se utilizam, geralmente para desarranjar e subverter noções e expectativas. É o caso de Judith Butler, uma das mais destacadas teóricas queer. Ao mesmo tempo em que reafirma o caráter discursivo da sexualidade, ela produz novas concepções a respeito de sexo, sexualidade, gênero. Butler afirma que as sociedades constroem normas que regulam e materializam o sexo dos sujeitos e que essas "normas regulatórias" precisam ser constantemente repetidas e reiteradas para que tal materialização se concretize. Contudo, ela acentua que "os corpos não se conformam, nunca, completamente, às normas pelas quais sua materialização é imposta" daí que essas normas precisam ser constantemente citadas, reconhecidas em sua autoridade, para que possam exercer seus efeitos. As normas regulatórias do sexo têm, portanto, um caráter performativo, isto é, têm um poder continuado e repetido de produzir aquilo que nomeiam e, sendo assim, elas repetem e reiteram, constantemente, as normas dos gêneros na ótica heterossexual (LOURO, 2001). A perspectiva de Butler exemplifica uma das modificações que os estudos queer sofreram ao longo da década de 1990, o que inclui o acréscimo de novos sujeitos à reflexão (como os intersex e transexuais), as críticas à teoria da performatividade peça chave no desenvolvimento dessa corrente teórica e a necessidade de dar atenção às novas temáticas propostas por outras/os autoras/es não somente no contexto norte-americano. No que se refere propriamente aos intersex, esses desdobramentos localizam-se especificamente nas insuficiências da teoria da performance de gênero para os dilemas das minorias corporais, ou seja, a dificuldade em pensar os corpos, a variedade corporal e as técnicas de normalização que incidem sobre os corpos, conforme apontou a teórica queer espanhola Beatriz Preciado (2004) (PINO, ). 8

9 Preciado critica a teoria da performance de gênero, pois a considera insuficiente para pensar os processos de incorporação do sexo e do gênero. Segundo a autora, Butler teria subestimado os processos e as transformações sexuais presentes nos corpos de transexuais e transgêneros, assim como as técnicas que são destinadas para os "corpos normais", uma vez que toda a atenção é destinada à performance da paródia drag, não sem razão, as primeiras críticas à performatividade drag vieram dos movimentos transexuais (PINO, ). Preciado privilegia um corte biopolítico, no qual não só a performance de gênero constrói e dá significado ao corpo, mas as "transformações corporais físicas, sexuais, sociais, políticas que ocorrem não só no cenário, mas também no espaço público" (Preciado, 2004:249). Para tanto, é necessário atentar para as tecnologias precisas de transincorporação, assim como entender a produção biopolítica do corpo como prótese sexual. Essa postura, segundo a autora, significa uma nova etapa para os estudos queer, na qual se deixa a incapacidade de pensar a corporalidade causada pelo temor de cair numa forma de essencialismo, de pensar em alguma naturalidade do corpo (PINO, ). De fato, Butler não dispensa atenção para as "chamadas minorias corporais" em Problemas de gênero ou Bodies that matter, apenas em sua obra mais recente trata da temática dos intersex, transgêneros e transexuais. No entanto, o alcance da teoria da performatividade de gênero não pode ser subestimado, tampouco supervalorizado, exatamente porque a teoria queer não se resume à teoria da performance (PINO, ). De acordo com Butler, a situação paradoxal de confronto com as normas de gênero e, ao mesmo tempo, a necessidade de ter um mínimo de reconhecimento social para ter vidas habitáveis caracteriza os sujeitos da teoria queer. Esses sujeitos vivem em situações de paradoxo identitário como possibilidade de manter a sua existência. Pessoas que vivem em paradoxos identitários estão sujeitas ao não-reconhecimento por manterem uma relação crítica com as normas e, portanto, serem consideradas menos humanas do que as "ajustadas", as "normais". Os sujeitos queer, entretanto, são constituídos por normas e, por mais que "queiram" viver de maneira crítica e transformadora, são ameaçados por essas mesmas normas a serem invisibilizados e 9

10 desfeitos como se não fosse parte do que se considera humano. Esses indivíduos sabem que se não incorporarem essas normas de reconhecimentos suas vidas tornam-se inabitáveis, assim, precisam buscar identidades reconhecidas (PINO, ). Continuando na perspectiva da autora, as normas de gênero fazem com que os indivíduos vivam a experiência de serem desfeitos. Algumas pessoas são desfeitas para ter reconhecimento social, outras são desfeitas exatamente por não ter este reconhecimento. O exemplo dos intersex, assim como o dos transexuais, é emblemático nessa discussão de paradoxos identitários. No caso dos intersex, à situação de paradoxo identitário se soma a de invisibilidade. As pessoas que nascem na condição de intersex necessitam categorias de reconhecimento para ter vidas habitáveis, as quais serão recebidas através da designação de um gênero. No entanto, este processo inclui intervenções corporais drásticas que podem comprometer suas vidas (PINO, ). Assim, Butler sugere que os estudos queer devem se orientar para as questões que conferem "habitalidade" para os sujeitos. Essa perspectiva, guiada pela Nova Política do Gênero, reúne os movimentos transgêneros, transexual, intersex e as complexas relações entre o feminismo e a teoria queer. A tarefa desses movimentos é lutar para refazer a realidade, mudar as normas que regem o humano, negociar o que é habitável ou não (Butler, 2006:52). Se os grupos ou indivíduos devem buscar o que lhes propicia vida habitável, Butler dirá que é a "violência fóbica contra os corpos que os une" (Id. ib.:24). A luta pela autonomia para gerir os próprios corpos é central nesses movimentos, principalmente em relação aos intersex. Para Butler, tanto os pesquisadores de gênero e sexualidade como os movimentos políticos devem levar em consideração a socialização da vida corporal e a situação paradoxal do mesmo. O corpo tem uma vulnerabilidade, que os relaciona primeiramente com os outros, com as normas sociais que regem os corpos (Id. ib.:39-40) (PINO, ). Objetivo Desenvolvimento 10

11 Para aprofundamento acerca das contribuições da Teoria Queer nas questões de gênero, fizemos uma seleção de temas que consideramos chave para desenvolvermos com intenção de tornar mais claras as idéias queer. Para tanto, em virtude de tratar-se de um trabalho sucinto, detivemo-nos em abordar aquelas questões das quais trata Judith Butler - uma das teóricas queer mais discutidas nos últimos tempos e que apresenta demasiada abstração em seus conceitos, merecendo a difícil tentativa de destrinchá-los. O Sexo e a desconstrução do gênero na Queer a partir de Judith Butler Judith Butler, em Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade, desconstruiu o conceito de gênero no qual a teoria feminista está baseada. A divisão sexo/gênero constituiria apoio fundacional da política feminista, partindo da idéia de que o sexo é natural e o gênero, à diferença daquele, socialmente construído, premissa problematizada por Butler (2003). Inicialmente, as teorias feministas se basearam na idéia de gênero como diferente da idéia de sexo para defender perspectivas "desnaturalizadoras" sob as quais se dava, consensualmente, a associação do feminino à fragilidade ou submissão. O conceito de gênero era tido como culturamente construído e o de sexo como naturalmente adquirido, como mencionado. Situaram-se aí, portanto, os principais questionamentos de Judith Butler (2003). Butler (2003) intentou afastar da noção de gênero a idéia de que ele decorreria do sexo, discutindo ainda em que medida a distinção entre ambos seria arbitrária. Quando a autora diz que seria possível que o sexo sempre tenha sido o gênero, de maneira que, assim, inexistiria a distinção entre sexo e gênero, sugere que o sexo não é natural, mas discursivo e cultural tal qual gênero. Partindo da afirmação de Simone de Beauvoir "A gente não nasce mulher, torna-se mulher", Butler (2003) disserta a esse respeito que não há nada na explicação da autora anteriormente citada que garanta que o 'ser' que se torna mulher seja, necessariamente, uma fêmea, Butler insistiu na tentativa de desnaturalizar o gênero. 11

12 Segundo a mesma, a maioria das teorias feministas entende o sexo como substância, como aquilo que é idêntico a si mesmo, e o gênero enquanto "atributo" de pessoa. Entrementes, Butler (2003) defende que o gênero configuraria um fenômento inconstante e contextual, não podendo denotar um ser substantivo, mas ser um ponto relativo de convergência entre conjuntos específicos de relações, cultural e historicamente convergentes" (BUTLER, 2003, p. 29). Sendo a identidade apenas efeito que se manifesta em um regime de diferenças, a autora diz não existir uma identidade de gênero por trás das expressões de gênero, e que a identidade é performativamente constituída. Ela estaria tentando deslocar o feminismo do campo do humanismo, como prática política que pressupõe que o sujeito possua uma identidade fixa, para um espaço tal que permita deixar em aberto a questão da identidade, algo que não organize a pluraridade. A desconstrução de gênero, dessa maneira, é amiúde apontada como um fator de esvaziamento dos estudos feministas em favor da Teoria Queer, mas, ao contrário do que se parece, Butler, em entrevista concedida a Peter Osborne e Lynne Segal, alerta para os perigos desse "anti-feminismo", justificando que combater a dualidade sexo/gênero através da Teoria Queer, dissociando essa completamente do feminismo, configuraria um grande erro (RODRIGUES, 2005). A oposição aos binarismos A promessa política da Teoria Queer reside na crítica aos múltiplos binarismos e aparentes antagonismos sociais, os quais se expressam em diversas categorias relacionadas com a sexualidade, tais como raça, gênero, classe, nacionalidade e religião. Dirige-se, pois, aos indivíduos que não se conformam às regras e, portanto, vivem nas zonas de abjeção que, conforme Pino (2007), referem aos lugares nos quais sua própria humanidade seria contestada por não corresponder aos ideais normativos do humano. Ela apresenta uma rejeição à categorização de gênero, produzindo uma fuga ao binarismo masculinidade e femininidade, sexualidade própria e imprópria, às correlações fixas entre sexo/ gênero/ desejo - que determinam processos de subjetivação 12

13 nos quais o gênero seria determinado pelo sexo e ambos, por seu tempo, apontariam o objeto adequado ao desejo (Estrada, 2009). Assim, aponta para uma variedade e diversidade das subjetivações e das práticas que escapam aos chamados gêneros inteligíveis, "aqueles que mantêm e instituem relações de coerência e continuidade entre o sexo, gênero, desejo e prática sexual" (BUTLER, 2003, p. 48). Judith Butler, como outros teóricos queer, volta sua crítica e sua argumentação para a oposição binária heterossexual/homossexual. Tais teóricos e teóricas afirmam, conforme Louro (2001), que a oposição preside não apenas os discursos homofóbicos, mas ainda continua presente nos discursos favoráveis à homossexualidade, tanto para defender a integração dos/as homossexuais (ou para reivindicar uma espécie ou uma comunidade em separado), como para considerar a sexualidade como originariamente 'natural' (ou mesmo considerá-la como socialmente construída) - esses discursos não escapam da referência à heterossexualidade como norma. Segundo os teóricos e teóricas queer, portanto, é necessário empreender uma mudança epistemológica que, efetivamente, rompa com a lógica binária e com seus efeitos hierárquicos, classificatórios, de dominação e exclusão. A afirmação da identidade implica, segundo Louro (2001), sempre a demarcação e a negação do seu oposto, que é constituído como sua diferença e, no entanto, esse 'outro' permanece como indispensável. Numa ótica desconstrutiva, seria demonstrada a mútua implicação/constituição dos opostos, passando-se a questionar os processos pelos quais uma forma de sexualidade (a heterossexualidade) recebe o status de norma, ou, ainda mais que isso, passa a ser concebida como 'natural' (LOURO, 2001). Noção de corpo abjeto em Judith Butler Em entrevista a Baukje Prins e Irene Meijer, Judith Butler faz a seguinte afirmação sobre a noção de abjeto, a qual considero mais clara e menos abstrata dentre sua colocações filosóficas: abjeto para mim não se restringe de modo algum a sexo e heteronormatividade. Relaciona-se a todo tipo de corpos cujas vidas não são 13

14 consideradas.vidas e cuja materialidade é entendida como não importante (BUTLER apud PRINS & MEIJER, 2002, p. 161). Prins & Meijer (2002), contudo, insistiram em falar da dificuldade de se apreender a noção do abjeto, comunicando a Butler de sua possível relutância em dar exemplos mais concretos do que poderia ser considerado corpo abjeto. Quando desenvolve esse tópico, a autora cita exemplos, embora alerte que a definição de abjeto não se esgota nos exemplos que fornece, justificando que as pessoas quando apresentam teorias abstratas sobre coisas do tipo da abjeção, não raro, ao dar seus exemplos, tornam estes normativos de todo o resto e, consequentemente, o processo torna-se paradigmático produzindo suas próprias exclusões. Ao dar seu exemplos, ela disserta: Poderia enumerar muitos exemplos do que considero ser a abjeção dos corpos. Podemos notá-la, por exemplo, na matança de refugiados libaneses: o modo pelo qual aqueles corpos, aquelas vidas, não são entendidos como vidas. Podem ser contados, geralmente causam revolta, mas não há especificidade. Posso verificar isso na imprensa alemã quando refugiados turcos são mortos ou mutilados (BUTLER apud PRINS & MEIJER, 2002, p. 162). Ela diz recebermos uma produção/materialização diferenciada do humano, bem como de uma produção do abjeto. Afirma que não é que aquilo que não pode ser vivido ou compreendido não tenha vida discursiva, mas que vive dentro de um discurso como figura não questionada, indistinta e sem conteúdo de algo que ainda não se tornou real. Segundo mesma, ninguém pode sobreviver sem ser carregado pelo discurso. Assim, podemos entender que corpos que não importam são corpos abjetos, não são inteligíveis e não têm uma existência legítima (PRINS & MEIJER, 2002). Breves considerações sobre a teoria da performatividade de Judith Butler Conforme Butler (2006), a teoria da performance de gênero teria sido passo inicial para o desenvolvimento da teoria queer, pautando-se na perspectiva de rejeitar qualquer tipo de "fundacionismo biológico"; de romper, assim, com o heterossexismo que imperava nos estudos feministas, dignificando aqueles que viviam fora das normas de gênero à exemplo de gays, lésbicas, travestis, drags, etc. (PINO, 2007). 14

15 Judith Butler, pois, questionando a categoria gênero como sendo calcada no sexo biológico e, seguindo a perspectiva de Foucault sobre o caráter discursivo da sexualidade, propôs o que ficou sendo chamado como "teoria performática", segundo a qual a "performatividade" do gênero é um efeito discursivo, e o sexo é um efeito do gênero (PEDRO, 2005). Conforme Louro (2001), Judith Butler tomou o referido conceito de performatividade emprestado da lingüística, a fim de afirmar que a linguagem que se refere aos corpos ou ao sexo não faz tão somente uma constatação ou descrição desses corpos, mas, no instante da nomeação, constrói aquilo que nomeia, produz os corpos e os sujeitos. As sociedades, desse modo, constroem normas que regulam e materializam o sexo dos sujeitos e essas "normas regulatórias" precisam ser constantemente repetidas e reiteradas para que tal materialização se concretize. Nesses moldes, as normas regulatórias do sexo têm um caráter performativo, um poder continuado e repetido de produzir aquilo que nomeiam, reiterando constantemente as normas dos gêneros na ótica heterossexual (LOURO, 2001). No entanto, ainda que essas normas reiterem, de forma compulsória, a heterossexualidade, elas também dão espaço para a produção dos corpos que a elas não se ajustam por semelhança. Esses serão constituídos como sujeitos "abjetos", aqueles que escapam da norma, estando, pois, no terreno da exclusão. Portanto, os corpos, na verdade, não se conformam nunca, completamente, às normas pelas quais sua materialização lhes é imposta, daí elas necessitarem ser constantemente reconhecidas em sua autoridade, para que possam exercer com a devida força seus efeitos (LOURO, 2001). Dessa maneira, Butler (2003) diz que não existe uma identidade de gênero por trás das expressões de gênero, e que a identidade é performativamente constituída. E, se o caráter imutável do sexo é contestável, talvez o próprio construto chamado "sexo" seja tão culturalmente construído quanto o gênero e talvez o próprio sexo sempre tenha sido o gênero, de tal forma que a distinção entre ambos revela-se absolutamente nenhuma. Judith Butler, então, questiona a própria categoria gênero como "interpretação cultural do sexo". Focaliza, pois, o sexo como resultado "discursivo/cultural", 15

16 questionando a constituição do sexo como "pré-discursivo" e, logo, anterior à cultura (PEDRO, 2005). Considerações finais Assim, a Teoria Queer favorece entendimentos que resistem à heteronormatividade enquanto matriz reguladora da subjetividade humana, que institui uma hierarquia sexual tal que estabelece contornos demarcatórios entre a sexualidade aceita e saudável e outras tantas formas que as não seriam (Estrada, 2009). Produz uma análise crítica acerca de um sistema de sexualidade que estipula parâmetros de normalidade e anormalidade com vistas às práticas erótico-afetivas. O queer descreve os gestos ou modelos analíticos que mostram as incoerências da suposta relação estável, revelando, logo, que a heterossexualidade não é natural, mas antes efeito do poder, do controle e da regulação social (PINO, 2007). Referências BUTLER, Judith. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira, Estrada, A. M. (2009). Comecei a ser uma que gostava de pessoas : Narrativas eróticas dissidentes e posicionamentos do self nas redes cotidianas de significado. Tese de doutorado, Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa. LOURO, Guacira Lopes. Teoria queer: uma política pós-identitária para a educação. Estudos Feministas. v. 9, n. 2, ( ), MISKOLCI, Richard. A Teoria Queer e a Sociologia: o desafio de uma analítica da normalização. Sociologias. n.21, Porto Alegre, PEDRO, Joana Maria. Traduzindo o debate: o uso da categoria gênero na pesquisa histórica. História. v. 24, n. 1, Franca, PINO, Nádia Perez. A teoria queer e os intersex: experiências invisíveis de corpos desfeitos. Cadernos Pagu. v. 28, ( ),

17 PRINS, B. & MEIJER, I. C. Como os corpos se tornam matéria: entrevista com Judith Butler. Estudos Feministas. v., n., ( ), RODRIGUES, Carla. Butler e a desconstrução do gênero. Estudos Feministas. v. 3, n. 1, MISKOLCI, Richard. A Teoria Queer e a Sociologia: o desafio de uma analítica da normalização. Sociologias. no.21 Porto Alegre Jan./June, 2009 ( PINO, Nádia Peres. A teoria queer e os intersex ( LOURO, Guacira Lopes. Teoria queer: uma política pós-identitária para a educação. Estudos Feministas. v. 9, n. 2, ( ), 2001) PEDRO, Joana Maria. Traduzindo o debate: o uso da categoria gênero na pesquisa histórica. História. v. 24, n. 1, Franca,

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