PENSÕES E CORTIÇOS: o espaço nos romances Casa de pensão, de Aluísio Azevedo e Suor, de Jorge Amado

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1 PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS Programa de Pós-Graduação em Letras PENSÕES E CORTIÇOS: o espaço nos romances Casa de pensão, de Aluísio Azevedo e Suor, de Jorge Amado Leonardo de Andrade Castilho BELO HORIZONTE 2011

2 Leonardo de Andrade Castilho PENSÕES E CORTIÇOS: o espaço nos romances Casa de pensão, de Aluísio Azevedo e Suor, de Jorge Amado Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Letras da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Literaturas de Língua Portuguesa. Orientadora: Profa. Dr. Ivete Lara Camargos Walty BELO HORIZONTE 2011

3 FICHA CATALOGRÁFICA Elaborada pela Biblioteca da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais C352p Castilho, Leonardo de Andrade Pensões e cortiços : o espaço nos romances Casa de Pensão, de Aluísio de Azevedo e Suor, de Jorge Amado / Leonardo de Andrade Castilho. Belo Horizonte, p. Orientadora: Ivete Lara Camargos Walty Dissertação (Mestrado) Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Programa de Pós-Graduação em Letras. 1. Realismo na literatura. 2. Naturalismo na literatura. 3. Espaço na literatura. 4. Azevedo, Aluísio, Casa de Pensão - Crítica e interpretação. 5. Amado, Jorge, Suor - Crítica e interpretação. I. Walty, Ivete Lara Camargos. II. Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Pós-Graduação em Letras. III. Título. CDU: 869.0(81)

4 Leonardo de Andrade Castilho PENSÕES E CORTIÇOS: o espaço em Casa de Pensão, de Aluísio Azevedo e Suor, de Jorge Amado Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Letras da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Literaturas de Língua Portuguesa. Orientadora: Profa. Dr. Ivete Lara Camargos Walty Ivete Lara Camargos Walty (Orientadora) PUC Minas Melânia Silva Aguiar PUC Minas Luiz Gonzaga Morando Queiroz UNI-BH Belo Horizonte, de 2011.

5 AGRADECIMENTOS À professora Ivete Lara Camargos Walty que com muita dedicação e afeto me orientou na escrita da dissertação. MG. A todos os professores do mestrado em Literaturas de Língua Portuguesa da PUC- À Valéria Maria Pena Ferreira, professora do curso de Letras do UNI-BH, que me apresentou o mundo literário. À CAPES, que foi responsável pelo financiamento de meus estudos. À minha mãe que sempre me apoiou em todos os aspectos de minha vida. Ao escritores Aluísio Azevedo, Jorge Amado, Coelho Neto e Émile Zola.

6 RESUMO Este trabalho tem como objetivo analisar o espaço romanesco, pelo viés do realismo literário, nas obras: Casa de pensão e Suor, de Aluísio Azevedo e Jorge Amado, respectivamente. No primeiro capítulo, expus as teorias acerca do espaço e do romance. Além disso, trouxe a lume alguns aspectos da história do romance naturalista e do romance de 30. Em seguida, foram analisados os espaços da ordem e da desordem e os discursos, pautados nesses aspectos, que atravessam a pensão e a rua apresentadas no romance escrito por Azevedo. No terceiro capítulo, foi realizada uma leitura acerca do cortiço e demais locais expostos em Suor, para mostrar os espaços da alienação e desalienação. No findar desta dissertação, busquei evidenciar as convergências e divergências no espaço textual dos dois romances. Palavras-chave: Realismo-Naturalismo, Aluísio Azevedo, Jorge Amado, espaço, literatura, cortiço, pensão.

7 ABSTRACT This work aims to analize the novelistic space, through the literary realism, in the works Casa de pensão e Suor by Aluísio Azevedo and Jorge Amado, respectively. In the first chapter, I showed the theories about the space and novel. Furthermore, I exposed some historic aspects of the realistic-naturalistic novels. Then, the spaces of order and disorder and the speeches, based on these elements, that pervades the street and the boarding house were analyzed. In the third chapter, was realized a reading about the slum showed in Suor to expose the spaces of alienation and dealienation. To finish this work, I tried to show the convergences and divergences in the textual space of the two novels. Key-words: Realism-Naturalism, Aluísio Azevedo, Jorge Amado, spaces, literature, slum, boarding house.

8 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO A JORNADA ROMANESCA O romance europeu Os dois momentos do realismo Os romances de tese no Brasil O realismo social O espaço que distancia e aproxima os realismos O ESPAÇO E O REALISMO EM CASA DE PENSÃO Aluísio Azevedo e sua produção romanesca Casa de pensão: um romance que ficou no meio e serviu como meio O espaço da ordem e da desordem A aparente ordem O fatalismo do espaço da desordem A aparente ordem do texto O espaço metalinguístico Ubi societas ubi jus: Onde está a sociedade está o direito JORGE AMADO E O CORTIÇO DO SÉCULO XX Jorge Amado e a sua produção romanesca Suor: um romance proletário Casa/senzala O espaço metalinguístico e intertextual Com restos de pão e circo Os espaços da desalienação... 76

9 5 O ESPAÇO APROXIMANDO E DISTANCIANDO REALISMOS A construção dos textos através dos restos Dois sobrados O processo de alienação A doença Espaços realistas que ensinam: a educação dos leitores CONCLUSÃO REFERÊNCIAS

10 " 1 INTRODUÇÃO Neste trabalho, serão analisados dois romances: Casa de pensão (2008) e Suor (1986), de Aluísio Azevedo e de Jorge Amado, respectivamente. As duas obras figuram em movimentos tidos como realistas que estão, entretanto, separados pelo tempo. A obra de Azevedo foi publicada em 1884, pertencendo, pois, segundo grande parte dos historiadores da literatura brasileira, ao chamado movimento realista-naturalista, que teve como característica basilar o uso do cientificismo. Por seu turno, Suor, cuja primeira edição foi publicada em 1934, está situada, a partir de um viés histórico-literário, no que se convencionou chamar de romance de 30, período em que o realismo literário, em grande parte das obras, foi pautado pelas ideias marxistas. Na busca de estudar as configurações do real nos dois romances, em suas diferenças e semelhanças vistas por um prisma que supera a moldura dos estilos de época, elegi o espaço como elemento operatório de leitura. Assim sendo, buscar-se-á analisar, por meio das convergências e divergências dos traços de ambas as obras, o espaço no texto e do texto, levando sempre em conta o conceito de realismo ligado ao momento de publicação dos romances. O conceito de espaço a ser utilizado será o formulado pelo geógrafo Milton Santos (2008), ao lado das teorias de Roberto DaMatta (1997) que versam sobre a oposição entre casa e rua, já que serão alvo, desta análise, a configuração espacial de cada habitação coletiva e a organização composicional dos referidos romances. Em vista disso, as teorias de Mikhail Bakhtin (1993) ajudarão a mapear as vozes e o espaço que essas ocupam nas narrativas. No primeiro capítulo, será feita uma exposição teórica sobre os conceitos essenciais para análise das obras, a partir de um breve trajeto histórico do romance. Dado que esse é um gênero considerado burguês, em suas origens, importa rastrear, mesmo que rapidamente, seus primórdios, buscando compreender melhor como cada autor utilizou-o visando um interesse estético, moral e político. Nesse contexto, far-se-á uma apresentação da produção de Aluísio Azevedo, para aí situar o romance em análise. Em seguida, alguns aspectos do movimento modernista, que se tornaram fundamentais para a volta do realismo na década de 1930, serão sucintamente expostos. Será tecida também uma breve apresentação acerca do romance de 30. Os conceitos de espaço, ao lado da ideia de detritos veiculada por Michel de Certeau, serão discutidos para que possam ser utilizados, assim como a teoria de José Carlos Rodrigues (1995) sobre o lixo, durante o processo hermenêutico de Casa de pensão e Suor.

11 # O segundo capítulo contará com uma análise espacial da obra de Aluísio Azevedo centrada na ideia de ordem e desordem existentes na casa de pensão e no fatalismo que atravessa a casa de aluguel de cômodos. Ademais, esses elementos serão verificados noutros espaços percorridos pelas personagens, como a rua, a república de estudantes, casas que não são habitações coletivas, etc. No decorrer da explanação desses fatores, será analisada mais detalhadamente a questão do lixo, o qual faz parte dos referidos espaços e está ligado às condutas morais e amorais das personas. Durante a análise da obra serão trazidos à baila alguns discursos (os que considerei mais relevantes para este trabalho e que dialogam com os espaço da casa de pensão), tanto das personagens como do narrador, examinados à luz das teorias, sobre o romance, escritas por Mikhail Bakhtin. Ao romance Suor dedicar-se-á o terceiro capítulo desta dissertação. Assim, serão analisados os elementos de alienação e desalienação, os quais são fundamentais para compreender como funcionam os espaços apresentados na obra. Destaco que a ideia de fragmentação e de detritos será lida com maior atenção, uma vez que o próprio romance Suor, devido à sua estruturação textual, proporciona maior discussão no tocante a esse aspecto e, por conseguinte, uma aplicação mais aprofundada da teoria de Michel de Certeau, para que os supracitados elementos sejam interpretados de maneira mais produtiva. Tal como será feito durante a análise de Casa de pensão, buscar-se-á analisar, em Suor, os discursos que influenciam a estruturação do cortiço e dos demais espaços apresentados na obra. Por fim, no último capítulo, estudar-se-ão os elementos divergentes e convergentes entre as duas obras, que se dão nos lugares pelos quais as personagens desempenham suas ações no decorrer da narrativa. Assim, apontar-se-á como Azevedo, no ainda incipiente capitalismo brasileiro, usando as técnicas do romance realista, antecipou ideias que seriam mais bem captadas, somente anos mais tarde, durante o realismo desenvolvido nos anos Serão abordadas também as doenças que atingem algumas personagens presentes nas habitações coletivas. Verificar-se-á como as enfermidades estão ligadas metaforicamente aos vícios, em Casa de pensão, e à alienação, em Suor. O espaço do texto e no texto será, pois, explorado nas duas obras, para demonstrar que os dois tipos de realismo, mesmo distantes cronologicamente, possuem pontos afins como a educação estética e moral de seus leitores.

12 $% 2 A JORNADA ROMANESCA 2.1 O romance europeu Na perspectiva mais tradicional, o romance pode ser considerado, sem dúvida, um dos gêneros literários recentes. A forma, apesar de ter sido praticada na antiguidade basta lembrar do romance de Petrônio, Satiricon, não foi mencionada na Poética de Aristóteles, nem na de Horácio. Somente durante a Era Moderna, isto é, a partir do final do século XV, os autores começaram a praticar com mais frequência a prosa romanesca. Dom Quixote, por exemplo, foi publicado no centênio subsequente. No entanto, apenas no ultimar do século XVIII, na Inglaterra, o gênero ganhou destaque, graças à pena de Samuel Richardson, autor dos clássicos Pamela e Clarissa. Ian Watt, em Ascensão do romance (2007, p. 12), afirma que: o termo romance só se consagrou no final do século XVIII. Contudo, os estudiosos apontam que as obras romanescas desse período, ao mesmo tempo em que ganhavam popularidade, passaram a ser alvo de ataques, cujo objetivo era desqualificar o gênero. Pensadores como Voltaire, Diderot e Rousseau, célebres por suas ideias filosóficas, atacavamno, o que não os impediu de terem se rendido a ele e passado a praticá-lo. O fim do século XVIII marcaria, pelo menos simbolicamente, a queda da aristocracia como consequência da Revolução Francesa. Assim, no período oitocentista, época em que a burguesia alcançou seu auge econômico e político na Europa, o romance tornou-se, de certo modo, a epopeia dos burgueses; em outras palavras, o gênero passou a retratar o modo de vida burguês em seus diversos aspectos. Inicialmente, esse quadro, pintado por meio de palavras, deu-se pelo prisma romântico, o qual foi responsável por influenciar uma miríade de escritores, como Victor Hugo, Camilo Castello Branco, Walter Scott, entre outros. O século XIX contou com um grande avanço da indústria (a Segunda Revolução Industrial aconteceu em 1848) e com um desenvolvimento das ciências naturais e das ciências humanas. As teorias cientificistas da época, como o Evolucionismo Social de Herbert Spencer, o Determinismo de Taine, o Positivismo de Comte, buscavam compreender as sociedades humanas. Nelson Werneck Sodré, sobre o que foi explicitado acima, aponta o uso de tais teorias na determinação de relações de poder: A segunda metade do século XIX assiste à expansão burguesa no mundo, e por isso

13 $$ mesmo, é uma fase de lutas militares, de conquistas coloniais, de teorização de pretensas superioridades proclamadas, de desenvolvimento da produção e do comércio e, portanto, de invenções, de inovações técnicas de avanço científico. (SODRÉ, 1992, p. 41). Arvorando-se em verdade absoluta, tais teorias justificaram, no plano político e econômico, o chamado neoimperialismo, isto é, a busca pelos mercados em colônias e antigas colônias e o desprezo a povos de etnias diferentes. Em suma, para os cientistas de quaisquer áreas naquele período, as leis do mundo que abarcavam não só os acontecimentos da natureza, mas também o comportamento dos indivíduos já estariam, pois, determinadas; bastava a ciência, com seus avançados métodos, trazê-los à tona. Dizer isso é importante, uma vez que os métodos das ciências humanas eram calcados, em grande parte, naqueles desenvolvidos na biologia, na medicina, na fisiologia, etc. Assim, os escritores, imersos nesse contexto, não ficaram alheios a tais descobertas. A literatura romântica, cujo pilar de maior importância era a subjetividade, não se mostrava, para os autores, que inaugurariam uma nova maneira de escrever romances, suficiente para apreender os fatos, o cotidiano e a vida da sociedade. A partir disso, eclodiu, em França, uma nova estética, o realismo, cujo desdobramento foi o naturalismo. Aqueles que adotaram tal poética utilizavam as teorias cientificistas como arcabouço teórico para a criação de suas produções literárias. Assim, surgiram escritores como Balzac (este, juntamente com Stendhal, marcaria uma fase de transição entre o romantismo e o realismo-naturalismo), Gustave Flaubert, Guy de Maupassant e Émile Zola, o qual foi responsável pela criação do chamado romance experimental. O método experimental no romance, proposto por Émile Zola, que era baseado, por seu turno, nos escritos de Claude Bernard um médico que propunha um maior rigor científico ao exercício da medicina, consistia na observação dos dados, em seguida, na coleta dos mesmos e, por fim, na aplicação desses na tessitura do romance. Enfim, para o autor naturalista, os escritores que quisessem, de fato, introjetar, em suas obras, a verdade, deviam aplicar um método guiado pelo pensamento cientificista, na busca de agir de modo análogo a um cientista. Os biógrafos de Émile Zola descrevem o hábito do escritor de coletar dados que retratassem com fidelidade a realidade. O autor francês percorreu mercados quando foi escrever um romance sobre o comércio de Paris, cortiços, casas de prostituição e outros ambientes para apreender o real (SODRÉ, 1992, p ). O romance ganhava, assim, o dever de trazer, dentro de uma trama ficcional, acontecimentos e situações relativos a determinados setores da sociedade.

14 $& Por outro lado, as obras realistas-naturalistas possuíam como uma das metas principais a educação de seus leitores. É certo que as obras românticas e aquelas escritas no século XVIII também eram caracterizadas por esse viés pedagógico; entretanto, no movimento realista-naturalista a ideia era a de apontar os males e as enfermidades sociais que assolavam a sociedade, para assim conscientizar o leitor dos perigos de certas condutas. A exposição, baseada na visão naturalista, da podridão e das partes doentes do organismo social (as sociedades no século XIX passaram a ser vistas como os corpos humanos em que cada segmento possuía uma finalidade, do mesmo modo que os órgãos), permitia uma melhor maneira de corrigi-las, visto que a objetividade cientificista da nova escola apontava que acusar para regenerar poderia levar as sociedades a um maior progresso. Essa preocupação com a educação moral estender-se-ia também ao realismo-naturalismo praticado no Brasil e, posteriormente, em alguns romances de cunho marxista que ganharam espaço durante a década de 1930 no Brasil. Isso posto, faz-se importante realçar que o romance é um gênero que está, estritamente, ligado a objetivos políticos, desde sua origem. Se nos séculos XVIII e XIX, na Europa, foi utilizado para propagar e consolidar o modo de vida burguês, no Brasil, a prosa romanesca durante o período romântico foi usada, juntamente com a poesia, para exaltar as qualidades da pátria recém-independente. O realismo-naturalismo, praticado no romance, por sua vez, foi fundamental para propagar as ideias de higienização, cuja semente teria sido plantada ainda quando a família real aportou nas terras brasileiras. Algo parecido ocorreu com o romance marxista desenvolvido na década de 1930, cuja meta era tentar subverter a ordem vigente. Por isso mesmo, há que se recorrer a Mikhail Bakhtin (1993, p. 135), uma vez que o teórico aponta que a marca primordial do romance é o homem que fala e sua palavra, frisando que o sujeito, que fala no romance, é um homem essencialmente social (BAKHTIN, 1993, p. 135). Desse modo, pode-se dizer que ele é marcado pelo tempo em que vive, ou seja, é um ser histórico. Assim, sua fala não é nunca individualizada, haja vista que seu discurso carrega marcas da sociedade e, consequentemente, dos espaços pelos quais ele transita. Outra característica da fala do autor, que permeia a prosa romanesca, é o fato de suas palavras serem um ideologema, isto é, estarem pautadas por um ponto de vista particular acerca do mundo e, logo, do espaço no qual está inserido (BAKHTIN, 1993, p. 135). Essa presença dos discursos pode ser intencional ou não, pois, às vezes, o escritor projeta, inconscientemente, a fala doutrem em sua prosa. Destaca-se, então, a importância do lugar da enunciação no romance e do romance,

15 $' deixando evidente que esse é, por excelência, um gênero plurilíngue. A forma romanesca comporta, assim, diversos tipos de discursos e um grande número de vozes, já que outros discursos atravessam o próprio discurso do autor, ou, mais do que isso, integram sua composição. O romance admite introduzir na sua composição diferentes gêneros, tanto literários (novelas intercaladas, peças líricas, poemas, sainetes dramáticos, etc.), como extraliterários (de costumes, retóricos, científicos, religiosos e outros). Em princípio, qualquer gênero pode ser introduzido na estrutura do romance, e de fato é muito difícil encontrar um gênero que não tenha sido alguma vez incluído num romance por algum autor. Os gêneros introduzidos no romance conservam habitualmente a sua elasticidade estrutural, a sua autonomia e a sua originalidade linguística e estilística. (BAKHTIN, 1993, p. 124). O teórico russo expõe, pois, que, no romance, essa variedade de gêneros possibilita um melhor enfoque de uma determinada realidade (BAKHTIN, 1993, p. 125). Como será visto, nos próximos capítulos, a escolha dos discursos que atravessam a obra de cada autor é um dos fatores que norteiam a própria construção da ideia de real. Importa, desse modo, considerar o gênero romance em sua relação com que o que se convencionou chamar de realismo. 2.2 Os dois momentos do realismo Os romances de tese no Brasil Os romances cientificistas também foram produzidos no Brasil, com certo atraso, como bem aponta Lúcia Miguel Pereira: O atraso com que foi aqui adotado o realismo é o sintoma do alheamento dos escritores de então não só ao mundo, mas às condições do país. E também da maior correspondência entre o nosso feitio e a atitude idealista. Ao embate das novas idéias e condições de vida suscitadas pelo progresso científico e industrial do século XIX, desde muito caducara em França, nosso figurino literário, o romantismo que aqui teimava em viver. O Guarani é do mesmo ano da publicação em volume de Mme. Bovary, anteriormente divulgado por uma revista de grande prestígio. Zola já começara a série dos Rougon-Macquart quando Taunay escreveu a Inocência. (...) Só na década de 80 se modifica de modo sensível o nosso panorama literário. (PEREIRA, 1988, p. 119).

16 $( Sim, a data que serviu de marco para o início da produção pautada nos ditames do realismo-naturalismo, em nosso país, foi o ano de Nesse ano, foi publicado o romance O mulato, de Aluísio Azevedo, que, apesar de ter vários cacoetes românticos (elementos esses que estiveram presentes em boa parte da produção do escritor maranhense, uma vez que ele também escrevia folhetins românticos para sobreviver), é considerada a primeira obra realistanaturalista feita aqui. Há controvérsias no tocante a isso, posto que Josué Montello, por exemplo, aponta que, em 1877, o romance O coronel sangrado, de Herculano Marcos Inglês de Sousa, já continha características realistas-naturalistas. No entanto, Montello ressalta que: Não obstante a circunstância de ter vindo a lume quatro anos depois de O coronel sangrado, foi o romance de Aluísio Azevedo que verdadeiramente assinalou, em nossas letras, a presença da nova escola literária, com o rumor e debate que provocou, de Norte a Sul do país. (MONTELLO, 1986, p. 69). Poder-se-ia dizer que Aluísio Azevedo foi um dos maiores representantes do realismonaturalismo brasileiro, e suas obras: O mulato, Casa de pensão e O cortiço estão no rol dos maiores clássicos de nossa literatura. É importante destacar que a escola que se opôs à subjetividade romântica, além de inovar, levemente, no tocante à forma de composição dos romances, trouxe à baila também temas que, até então, não haviam sido contemplados pelos prosadores brasileiros. Adolfo Caminha, por exemplo, expôs a questão do homossexualismo em o Bom Crioulo. Azevedo também não fugiu do tema, levando-o para os leitores de seus folhetins românticos que continham doses de naturalismo. Em A Condessa Vésper, por meio das personagens Ambrosina e Laura, ele apresentou, mesmo que de forma velada, o safismo. Eu disse, no início deste capítulo, que as obras realistas-naturalistas foram usadas como uma maneira de educar os leitores, expondo a esses as feridas da sociedade. Azevedo procurou fazer isso educando os leitores brasileiros também no tocante à estética, isto é, em relação ao gosto literário dos mesmos. No capítulo LXI da publicação em folhetim de Mistérios da Tijuca, ele salienta esse aspecto estético-pedagógico. Diremos logo com franqueza que todo o nosso fim é encaminhar o leitor para o verdadeiro romance moderno. Mas isso já se deixa ver sem que ele o sinta, sem que ele dê pela tramóia, porque ao contrário ficaremos com a isca intacta. É preciso ir dando a coisa em pequenas doses, paulatinamente. Um pouco de enredo de vez em quando, uma ou outra situação dramática de espaço a espaço, para engodar, mas sem nunca esquecer o verdadeiro ponto de partida: a observação e o respeito à verdade. Depois as doses de Romantismo irão diminuindo gradualmente, enquanto as de Naturalismo se irão desenvolvendo; até que um belo dia, sem que o leitor o sinta, esteja completamente habituado ao romance de pura observação e estudo de caracteres. (AZEVEDO apud LEVIN, 2005, p. 25).

17 $) Certamente havia o lado comercial em jogo, uma vez que os folhetins alavancavam as vendas dos jornais. Entretanto, mesmo contando com essa questão mercadológica, não se pode descartar que Azevedo buscava conduzir o público para um estilo diferente de romance, que ele acreditava ser o certo, isto é, o mais verdadeiro. Esse romance verdadeiro seria aquele que tratava a realidade como referencial a ser representado, ou seja, a realidade era dada como algo pronto, previamente determinado. Nesse sentido, Nelson Werneck Sodré vê o naturalismo como um movimento artificial que, na busca de retratar a realidade, cai no escamoteamento dessa mesma realidade. Diz o autor: O naturalismo, numa época em que a burguesia e proletariado se chocavam, procurava trazer à ficção, como à crítica, os novos quadros que a existência européia apresentava, particularmente aqueles quadros urbanos em que se desenvolvia a tremenda luta que a acumulação capitalista proporcionava. Fugindo de figurar as suas exatas dimensões e a profundidade social de seus motivos, o naturalismo descaía inevitavelmente para o excepcional, para o isolado, para o extremo, para o arbitrário. É por isso que acaba por fixar-se no patológico, nos tipos descomedidos, no ébrio, no criminoso, na histérica, no anormal, como se criaturas tais estivessem em condições de espelhar o conjunto. Nessas figuras, por outro lado, o que avultava era antes o individual do que o social, daí a deformação a que se submetia a transposição da vida para arte. (SODRÉ, 1992, p. 384). Observa-se que o conceito de realismo está diretamente relacionado ao conceito de realidade com que se lida O realismo social Na segunda década do século XX, os romances de tese começaram a se tornar escassos no Brasil. O fato é que a literatura cientificista, após os horrores da Primeira Grande Guerra, de 1914, e os acontecimentos que desencadearam a Revolução Russa em 1917, entre outros eventos de cunho político ocorridos noutras partes do mundo, não correspondia mais aos anseios nem dos leitores, nem dos escritores. A ciência que era tida, até então, como uma verdade absoluta, foi relativizada. Em outras palavras, a fé no conhecimento cientificista se tornou menor. No plano político, econômico e social, o Brasil também sofreu alterações com influência dos acontecimentos políticos internacionais mencionados anteriormente. Desse modo, no findar do segundo decênio do século XX, manifestações anarquistas e greves de

18 $* trabalhadores eclodiram. De mais a mais, na década de 1920, o Tenentismo, a Coluna Prestes, a criação do PCB contribuíram para a derrocada da República Velha (com o golpe de 1930 que levou Getúlio Vargas à presidência do país), colocando fim à política do Café com Leite alternância entre candidatos de São Paulo e Minas Gerais na chefia do Poder Executivo. No que toca à estética, a década de 1920 foi fundamental, posto que os modernistas, influenciados pelas teorias de vanguarda que surgiram nas primeiras décadas dos Novecentos, romperam com o padrão tradicional da literatura que havia sido produzida, até então. Nesse sentido, Mário de Andrade e Oswald de Andrade, entre outros escritores, influenciados pelas vanguardas europeias (cubismo, futurismo, expressionismo), teceram ataques mordazes à poesia parnasianista e ao realismo-naturalismo na prosa romanesca e no conto, que já mostravam sinais de esgotamento estético. Nos chamados anos heroicos do modernismo brasileiro, isto é, em seus primeiros anos, o experimentalismo, com os diversos gêneros literários, com a língua, a forma de composição das obras e a retomada de um projeto brasileiro de literatura (basta lembrar do Manifesto Pau Brasil do autor de Memórias Sentimentais de João Miramar), levou a literatura brasileira para rumos diferentes. A preocupação com a ideia de real, pautada em teorias cientificistas, foi deixada de lado. A década de 1930 contou com uma nova produção romanesca que, além de projetar novos autores, passou a conter, mais explicitamente, um engajamento político e social. As experimentações estéticas, promovidas pelos modernistas dos anos 1920, foram colocadas em segundo plano. Desse modo, poder-se-ia dizer que o contexto histórico de 1930, marcado por uma presença maior dos partidos políticos e pela expansão da indústria, trazendo, por conseguinte, a formação de uma classe proletária assalariada, contribuiu, sobremaneira, para a busca por um romance calcado no viés realista, em que algumas características mais tradicionais foram, pois, retomadas. Sobre isso, Edvaldo Bergamo explicita que: A partir da década de 1930, ocorre um fenômeno cultural de dimensões mundiais caracterizado pelo arrefecimento dos experimentalismos de vanguarda por força da eminência histórica que pedia, até mesmo no plano artístico, uma ação política efetiva. Por necessidade de eficácia comunicativa junto ao público, a arte, e o romance, em particular, numa retomada do estilo realista, sob novas bases ideológicas, apostou majoritariamente em um conteúdo sintonizado com os impasses sociais e transfigurado em formas estéticas mais convencionais. Esse realismo reformulado, que combatia o modelo capitalista burguês, expandiu-se por diversas partes do globo, encontrando ressonância, aliás, entre os países de literatura portuguesa. (BERGAMO, 2008, p. 52). O engajamento político de esquerda, que tinha como base as ideias marxistas, fica nítido em várias obras do período. Nos romances de Jorge Amado, como Cacau, O país do

19 $+ carnaval e Suor que é objeto de análise deste trabalho o pensamento socialista e comunista guia as personagens. Os livros tornam-se um forte instrumento na tentativa de conscientizar o proletariado para uma possível revolução à moda da ocorrida na Rússia em Faz-se importante destacar que agora o real, observado nos supraditos romances, é dado como fruto das relações econômicas, em uma perspectiva marxista de ideologia como reflexo dessas relações. Nesse sentido, vale lembrar com Marilena Chauí que a história é o real e o real é o movimento incessante pelo qual os homens, em condições que nem sempre foram escolhidas por eles, instauram um modo de sociabilidade e procuram fixá-lo em instituições determinadas (família, condições de trabalho, relações políticas, instituições religiosas, tipos de educação, formas de arte, transmissão dos costumes, língua, etc.). (CHAUÍ, 1981, p ). A autora mostra ainda que além de procurar fixar seu modo de sociabilidade através de instituições determinadas, os homens produzem idéias ou representações pelas quais procuram explicar e compreender sua própria vida individual, social, suas relações com a natureza e com o sobrenatural. (CHAUÍ, 1981, p. 21). Essas representações, inclusive a literatura, são atravessadas por valores e vozes, resultantes do processo enunciativo, seus sujeitos, tempos e espaços. Por isso mesmo, como já salientei, na busca de estudar as configurações do real nos dois romances, em suas diferenças e semelhanças vistas por um prisma que supera a moldura dos estilos de época, elegi o espaço como elemento operatório de leitura O espaço que distancia e aproxima os realismos Acredito, assim, que, mapeando a construção do espaço do texto e no texto, nas duas obras, poderei exercer um modo mais efetivo de lê-las, buscando compreender os dois tipos referidos de realismo em que se incluem. Assim sendo, determinarei o que, nesta dissertação, será entendido por espaço, lançando mão da teoria do geógrafo Milton Santos, que o define como

20 $" um conjunto de objetos e de relações que se realizam sobre estes objetos; não entre eles, especificamente, mas para as quais eles servem de intermediário. Os objetos ajudam a concretizar uma série de relações. O espaço é o resultado da ação do homem sobre o próprio espaço, intermediado pelos objetos, naturais e artificiais. (SANTOS, 2008, p. 78). Esse conceito se torna mais amplo quando se entende a ideia de paisagem, que seria, nas palavras de Santos (2008, p.67), tudo que vemos, o que nossa visão alcança, é a paisagem. Esta pode ser definida como o domínio do visível, aquilo que a vista abarca. É formada não apenas de volumes, mas também de cores, movimentos, odores, sons, etc. Paisagem e espaço se opõem e se complementam, funcionando de maneira dialética. A paisagem poderia ser comparada a uma fotografia, que capta um momento da sociedade. Porém, quando as relações sociais juntam-se à paisagem, ela ganha movimento, resultando, dessa maneira, no espaço. O geógrafo alerta para a necessidade daqueles que trabalham com as teorias espaciais observarem as relações entre os objetos e as ações humanas. Para Santos (2008, p. 64), ambos possuem uma ligação dialética; assim, os objetos acolhem as relações sociais e estas impactam os objetos. Para analisar de modo mais preciso o espaço e as vozes que permeiam os dois romances que constituem o corpus deste trabalho, faz-se importante destacar que ambos possuem, como cenário, duas grandes cidades: Rio de Janeiro e Salvador. Devido a isso, o espaço citadino no texto é de grande importância, pois está não somente atrelado à construção do enredo, mas também à estrutura do texto. Por isso mesmo, importa lembrar que, durante os Oitocentos, a racionalização das cidades foi levada ao extremo. As duas cidades, Rio de Janeiro (local onde se desenrola a trama de Casa de pensão) e Salvador (cenário de Suor) foram fortemente influenciadas pelas teorias racionalistas e, é claro, pelas ciências que eclodiram no século XIX. O Rio de Janeiro, desde a chegada da família real, sofreu várias reformas que se tornaram mais rigorosas, a partir da administração do prefeito Pereira Passos, o qual tentou promover, na capital fluminense, as mesmas reformas feitas em Paris (alargamento de ruas, retirada dos moradores pobres do centro urbano, etc.). Em Salvador, no findar dos Oitocentos, foi executada uma obra, cujo objetivo era o deslocamento de um cemitério da cidade. A ideia era a de afastar os miasmas (vapores que, segundo os médicos da época, provocam doenças) do local. Nota-se que, pautada por esse pensamento racionalista, tentou-se organizar cada ponto da cidade; os espaços da morte, da vida, do lazer, etc. passaram a ser regulados. O cidadão que quisesse viver dentro de uma cidade deveria estar de acordo com essas normas.

21 $# Certeau mostra que esse planejamento parte daquilo que chama cidade-conceito, que tem como característica precípua a tentativa de (...) superar e articular as contradições nascidas da aglomeração humana (CERTEAU, 2008, p. 172). Em outras palavras, há uma preocupação em disciplinar, classificar, hierarquizar, o espaço urbano (CERTEAU, 2008, p. 175), na busca de torná-lo coerente e legível. Entretanto, como foi visto, anteriormente, o espaço não é algo estanque, pois as relações sociais alteram-no, ou mais do que isso, constroem-no, fazendo com que a ordem e o planejamento, pensados pelo viés da cidade-conceito, escapem pela tangente. Nesse sentido, Certeau (2008, p. 173) acentua que: (...) na produção de um espaço próprio: a organização racional deve portanto recalcar todas as poluições físicas, mentais ou políticas que a comprometeriam;. Assim, o que foge à organização e o que não pode ser reincorporado à ordem, como os desvios comportamentais, a anormalidade, a doença, deve ser, nesse discurso racional, eliminado (CERTEAU, 2008, p. 173). Desse modo, os que defendem os ideais da cidade-conceito, quando veem que seus utópicos sonhos de planejamento não se mostram eficazes, dizem que a cidade está se degradando, não levando em conta, portanto, as estratégias que fogem ao pensamento racional de controlar a urbe. As tentativas de varrer aquilo que é considerado detrito pela administração mostram-se ineficazes, uma vez que o que seria imprestável volta e se incorpora à malha citadina. O lixo, o qual incorporaria aquilo a que é dado o nome de práticas microbianas, está muito longe de ser controlado ou eliminado pela administração panóptica, isto é, uma administração controladora, que não admite os fatos que não se encaixam em seu discurso de ordem e progresso (CERTEAU, 2008, p. 175). No estudo de como o espaço urbano é configurado pelas obras romanescas em análise, será levada, ainda em conta, uma oposição entre a casa e a rua, dois tipos de espaço que, como o realismo presentes nas duas obras, ora se distanciam, ora se aproximam, chegando, até mesmo, a se confundirem. Às vezes, o limite entre ambos torna-se bastante tênue. Para Roberto DaMatta (1997, p. 90) a oposição entre rua e casa é básica, podendo servir como instrumento poderoso na análise do mundo social brasileiro, sobretudo quando deseja se estudar sua ritualização. Ressaltem-se, pois, alguns elementos que norteiam o estudo dos dois romances, objeto desta dissertação: o gênero romance em sua relação com formas de realismo e os diferentes conceitos de real ; o processo enunciativo, seus sujeitos, vozes, tempos e espaços; o espaço urbano em sua dimensão pública e privada, seus detritos e mazelas.

22 &% 3 O ESPAÇO E O REALISMO EM CASA DE PENSÃO 3.1 Aluísio Azevedo e sua produção romanesca Nascido em 1857, em São Luís do Maranhão, Aluísio Tancredo Gonçalves de Azevedo, além de ter sido um dos escritores mais importantes do país, foi um dos primeiros a introduzir as ideias de Émile Zola nas letras brasileiras. O escritor, segundo Valentim Magalhães, foi o primeiro a ganhar o pão por meio da pena; entretanto, ressaltava que o pouco que conseguia com os seus escritos não dava para a manteiga. Desse modo, obrigado a viver de sua escrita, Aluísio Azevedo publicou romances de cunho romântico (para ganhar o leitor) e obras realistas-naturalistas (que ele considerava as ideais). Como já foi mencionado no primeiro capítulo, o escritor maranhense buscava educar o leitor. Partindo disso e das leituras feitas acerca de sua obra, poder-se-ia dizer que Azevedo produziu um naturalismo híbrido. Por isso, ora suas obras possuíam mais elementos naturalistas (O mulato, Casa de pensão, O homem e O cortiço), ora mais características românticas (Girândola dos amores, Filomena Borges, Uma lágrima de mulher). Brito Broca, ao comentar a esterilidade literária de Azevedo, diz que o escritor, depois de ser aprovado em concurso para a carreira consular, encerrou a atividade literária, pois não conseguia produzir mais contos, romances, etc. (BROCA, 2005, p. 48). Mesmo sem me aprofundar nesses detalhes de cunho biográfico, importa salientar que a leitura do texto de Broca faz-se interessante, uma vez que ele comenta que Azevedo tinha como projeto criar uma obra, nos moldes da série de vinte romances escritos por Émile Zola, denominada de Rougon-Macquart. A série descreve a história de uma família no Segundo Império francês que, devido aos vícios, desmorona. Por causa dessa esterilidade literária, que Broca tenta investigar em seu texto, o autor conseguiu produzir, na opinião do historiador literário, apenas dois romances à moda de Émile Zola: Casa de pensão e O cortiço. Na década de 1880, vontade para criar essa série de obras não faltou. Em carta dirigida a Afonso Celso, o autor de Filomena Borges pede um cargo público para que não tenha que fabricar Mistérios da Tijuca e possa escrever Casas de pensão (BROCA, 2005, p. 48). Aluísio, nesse trecho, demonstra que não estava mais disposto a escrever folhetins românticos; sua ideia era a de estabelecer-se, economicamente, para, desse modo, poder realizar seu projeto naturalista.

23 &$ Casa de Pensão: um romance que ficou no meio e serviu como meio Escrito em forma de folhetim e, posteriormente, publicado em 1884, Casa de pensão situa-se, no tocante à data de publicação, entre O mulato, de 1881, e O cortiço, de Nessa tríade, essa obra de Azevedo, pelo menos nas histórias da literatura, foi a que menos recebeu atenção. No máximo, há comentários indicando que o romance possui qualidades elevadas, quando é comparado às outras obras do autor (as mais românticas). Josué Montello (1986, p. 79) destaca que: Casa de pensão e O cortiço (...) situam-se no ponto mais alto da curva que descreve a evolução da obra de Aluísio Azevedo. Ademais, os historiadores citam que Casa de pensão foi um alicerce para a construção de O cortiço, esta considerada a principal obra do autor. Dito isso, fica claro o porquê de Casa de pensão ser um romance que ficou no meio, dado que, além de ter sido publicado entre O mulato obra que é o marco do naturalismo no Brasil e O cortiço, o romance analisado neste trabalho, no viés da história literária, serviu apenas de escada para uma obra, cujas características naturalistas são mais evidentes. Casa de pensão foi inspirado em um fato ocorrido no Rio de Janeiro, a questão Capistrano. Amplamente divulgada nos jornais na seção de notícias policiais, a tragédia envolvia o estudante Capistrano, o qual foi morto por Antônio Alexandre Pereira, irmão de Júlia, a jovem seduzida por aquele (WALDMAN apud AZEVEDO, 2006, p. 4). A questão Capistrano é interessante na medida em que ajuda a pensar que Azevedo, como um bom realista-naturalista, buscava os pontos que ele considerava doentes na sociedade, e que, por isso, mereciam uma atenção maior de seus leitores. Entre essas partes enfermas estariam as habitações coletivas e a vinda, feita de modo errado, de um provinciano para a capital, que alteravam a ordem da sociedade. Não seria errôneo afirmar que o fato de a obra ter sido baseada em um caso acompanhado com fervor pelos cariocas, provavelmente, teria alavancado as vendas do folhetim que depois foi publicado em formato de livro. A trama do romance consiste na ida de Amâncio, o protagonista, para a Corte. O rapaz, oriundo do Maranhão, chega à capital fluminense com o intuito de estudar medicina, hospedando-se na casa de um amigo de sua família. Porém, sua estada nessa residência é curta, dado que, persuadido por João Coqueiro, ele se muda para uma pensão. A ampla casa é controlada por Coqueiro e sua esposa, Mme. Brizard, uma mulher bem mais velha que o marido. Os quartos são ocupados por figuras diferentes: um homem que sofre com a tísica;

24 && um casal, cuja esposa depois se apaixona por Amâncio, entre outras personagens. Moram também na casa: a irmã de João Coqueiro Amélia César e Nini, esta última persona, uma moça histérica que é filha de Mme. Brizard. Na casa de pensão, Coqueiro e a esposa valem-se de várias estratégias para casar o estudante maranhense com Amélia. Apesar de todos os esforços empreendidos pelo casal, o rapaz toma a jovem somente como amante, pois fica claro no decorrer do romance que ele não deseja se casar com ela. Revoltado com a situação, Coqueiro entrega Amâncio à Justiça, alegando que o estudante de medicina havia desonrado Amélia. O rapaz vai a julgamento e é absolvido. Revoltado com a decisão do júri, Coqueiro invade o hotel em que Amâncio se achava hospedado e mata o rapaz que falece clamando pela mãe. 3.2 O espaço da ordem e da desordem Casa de pensão é marcado por uma diferença entre a ordem e a desordem que se reflete nas personagens, nos espaços apresentados no romance e também na composição e organização do próprio texto. A ordem surge, no primeiro capítulo com a chegada do jovem à casa de Campos, um comerciante metódico. Ao descrever a localização e os aspectos exteriores da casa, o narrador já começa a delinear como será a atitude do negociante, no decorrer da narrativa. A casa de Luís Campos era na Rua Direita. Um desses casarões do tempo antigo, quadrados e sem gosto, cujo ar severo e recolhido está a dizer no seu silêncio os rigores do velho comércio português. Compunha-se do vasto armazém ao rés-dochão, e mais dois andares; no primeiro dos quais estava o escritório e à noite aboletavam-se os caixeiros, e no segundo morava o negociante com a mulher ( ) (AZEVEDO, 2008, p. 15). A localização do imóvel é bastante reveladora. Como se sabe, a oposição entre a direita e a esquerda é repleta de significados. No mundo ocidental, a direita está associada à retidão, à ordem, àquilo que é correto e, em um viés político, ao conservadorismo e à tradição. O imóvel de Campos pauta-se por regras comerciais que não estão restritas ao armazém, localizado ao rés do chão, e ao escritório. As normas do comércio, que regem o primeiro pavimento, atingem também o segundo andar do velho casarão.

25 &' O segundo andar vivia, pois, num brinco, nem um escarro seco no chão 1. Os móveis luziam, como se tivessem chegado na véspera da casa do marceneiro; as roupas da cama eram de uma brancura fresca e cheirosa; não havia teias de aranha nos tetos ou nos candeeiros e os globos de vidro não apresentavam sequer uma nódoa de uma mosca. E o Campos sentia-se bem no meio dessa ordem, desse método. (AZEVEDO, 2008, p. 17). A descrição desse espaço, metodicamente organizado, serve para demonstrar que a casa do comerciante é livre de quaisquer máculas, assim como a personalidade de seu dono, a qual é calcada no cumprimento das leis. Para deixar isso claro, o autor vale-se de diversos adjetivos, os quais estão ligados à ideia de brancura, que, por sua vez, desdobra-se na sensação de higiene, saúde e limpeza, opondo-se, portanto, como se verá em seguida, à desordem da república de estudantes e à aparente ordem da casa de pensão, onde o protagonista e outras personagens transitam. A desordem é apresentada ainda nos primeiros capítulos do livro e surge justamente quando Amâncio encontra seu amigo de província, o Paiva. Por isso, numa ocasião, em que atravessa pela manhã o beco do Cotovelo, sentiu grande alegria ao dar de cara com o Paiva Rocha (AZEVEDO, 2008, p. 39). Interessante notar que o beco do Cotovelo se opõe à Rua Direita, pois enquanto essa última simboliza a ordem, o beco é o ponto de partida no Rio de Janeiro do trágico fim do estudante de medicina. O espaço que o beco representa na malha citadina é, geralmente, associado a crimes, e a sua própria composição estreita, sendo, às vezes, sem saída, pode ser lida, no texto, como um espaço que colocará o protagonista em situação semelhante, isto é, à margem da sociedade. O encontro de Amâncio com o esperto Paiva, em um local público, apresentado logo no início da narrativa, é também um teste para o sonhador e ingênuo estudante de medicina que encarava a capital fluminense como uma Paris dos romances românticos. A rua se configura como obstáculo a ser enfrentado; nesse caso, é apresentada como um espaço, cuja regra básica é o engano, a decepção, a malandragem, essa arte brasileira de usar o ambíguo como instrumento de vida (DAMATTA, 1997, p. 91). O rapaz, acostumado à fácil vida provinciana ao lado da mãe, não possui a malandragem de outros jovens estudantes que residem no Rio de Janeiro; a rua para ele, desse modo, torna-se um espaço altamente perigoso. Além disso, é no beco/rua que o provinciano conhece os malandros: Paiva e, por sua vez, Coqueiro, o dono da casa de pensão. Esse referido espaço indicia a desordem que se segue. A república onde Paiva reside, 1 Era comum, no século XIX, o hábito de cuspir no chão, mesmo em casa. As escarradeiras eram, então, muito usuais nas residências da aludida época.

26 &( contrapondo-se à casa de Campos, é já um local, aos olhos do narrador, doente e perigoso. Só acordou no dia seguinte, quando o sol já entrava pela única janela do quarto. Sentia a boca amarga e o corpo moído. Assentou-se na cama e circunvagou em torno os olhos assombrados, com a estranheza de um doido ao recuperar o entendimento. O sujeito magro da véspera lá estava no mesmo sítio; agora, porém, dormia, amortalhado a custo num insuficiente pedaço de chita vermelha. Do lado oposto, no chão, sobre um lençol encardido e cheio de nódoas, a cabeça pousada num jogo de dicionários latinos, jazia Paiva, a sono solto, apenas resguardado por um colete de flanela. Mais adiante, em uma cama estreita, de lona, viam-se dois moços, ressonando de costas um para outro, com as nucas unidas, a disputarem silenciosamente o mesmo travesseiro. O quarto respirava todo um ar triste de desmazelo e boêmia. Fazia má impressão estar ali: o vômito de Amâncio secava-se no chão, azedando o ambiente; a louça, que servira ao último jantar, ainda coberta de gordura coalhada, aparecia dentro de uma lata abominável, cheia de contusões e roída de ferrugem. Uma banquinha, encostada à parede, dizia com o seu frio aspecto desarranjado que alguém estivera aí a trabalhar durante a noite, até que se extinguira a vela, cujas últimas gotas de estearina se derramavam melancolicamente pelas bordas de um frasco vazio de xarope Larose, que lhe fizera às vezes de castiçal. Num dos cantos amontoava-se roupa suja; em outro repousava uma máquina de fazer café, ao lado de uma garrafa de espírito de vinho. Nas cabeceiras das três camas e ao comprido das paredes, sobre jornais velhos e desbotados, dependuravam-se calças e fraques de casimira; em uma das ombreiras da janela umas lunetas de ouro, cuidadosamente suspensas num prego. Por aqui e por ali pontas esmagadas de cigarro e cuspalhadas ressequidas. No meio do soalho, com o gargalo decepado, luzia uma garrafa. A luz franca e penetrante da manhã dava a tudo isso um relevo ainda mais duro e repulsivo; o coração de Amâncio ficou vexado e corrido, como se todos os ângulos daquela imundície o espetassem a um só tempo. Ergueu-se cautelosamente, para não acordar os outros, e foi à janela. O vasto panorama lá de fora estremulhou-lhe os sentidos com o seu aspecto. (AZEVEDO, 2008, p ). Essa longa passagem do romance expõe uma característica importante do quarto de república, a semelhança com um cárcere, que será o destino de Amâncio no findar da narrativa. Essa associação é possível, uma vez que há apenas uma janela, única ligação com a rua, aspecto que colabora para tornar o quarto abafado e infecto. Essas características insalubres propiciam, pois, o surgimento de doenças, físicas e morais. Seguindo esse raciocínio, tem-se a leitura de que a ordem da casa de Campos levaria à prosperidade, enquanto a desordem da república, por sua vez, levaria à derrocada. Outros elementos corroboram essa exegese. O estudante, deitado em uma das camas, está amortalhado, não coberto de maneira aconchegante, ou seja, seu estado é o de um cadáver. Ademais, ele usa uma chita, um tecido barato, que, de certa maneira, representa a pobreza do espaço e a escassa moral dos estudantes, principalmente do conterrâneo de Amâncio. O lençol, que envolve Paiva, possui, do mesmo modo, características repugnantes

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