Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro Campus Avançado Arraial do Cabo. Introdução

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1 Turismo Inclusivo às Pessoas com Necessidades Específicas em Arraial do Cabo: limitações e possibilidades Virginia Poquet Santos e Tatiane Manhães de Azevedo Orientadora: Adriana da Silva Souza Professores Colaboradores Maria Aparecida Gomes Ferreira e Murilo Minello da orientadora: adriana.souza@ifrj.edu.br Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro Campus Avançado Arraial do Cabo Palavras-chave: Inclusão; Acessibilidade; Necessidades Específicas; Turismo. Introdução O Campus Avançado Arraial do Cabo do IFRJ situa-se em um município que tem como uma das suas principais atividades econômicas a pesca e o turismo. Os atrativos naturais da região provocam uma grande movimentação de pessoas oriundas de outros municípios da região, do Estado do Rio de Janeiro, de outros estados do Brasil, bem como de outros países. O turismo é uma atividade que vem tendo um crescimento considerável com a globalização. Principalmente o turismo ecológico, segmento em que se enquadra o tipo de turismo realizado em Arraial do Cabo. Entretanto este não atende a todos os indivíduos em suas especificidades e necessidades, consistindo ainda em acesso limitado a algumas camadas da sociedade. Apesar desta limitação, o deslocamento de pessoas de seu local de origem para outro, no intuito de buscar lazer, descanso, cultura ou outros continua tendo um avanço significativo. Considerando o fenômeno social que se estrutura em torno do turismo, destaca-se a importância de se observar como este vem se desenvolvendo no atendimento às pessoas com necessidades específicas (denominadas pessoas com deficiência). Tal observação decorre do fato de haver neste Campus o Núcleo de Atendimento às Pessoas com Necessidades Específicas (NAPNE), implementado desde janeiro de O Núcleo integra a Ação TEC NEP 1, que visa a instrumentalização das Instituições Federais de Educação Profissional, Científica e Tecnológica para o atendimento às Pessoas com Necessidades Específicas em cursos de formação inicial, técnicos, graduação e pós-graduação, em parceria com os sistemas estaduais e municipais, bem como outras parcerias (SETEC TEC NEP). A presente pesquisa teve como objetivo geral a análise da oferta de turismo inclusivo (acessível e adaptado, especificamente às pessoas com deficiência ), em Arraial do Cabo e a proposição de ações para a adequação do setor de turismo, através de iniciativas em parceria com algumas Secretarias deste município e o Instituto Chico Mendes, responsável pelo auxílio na gestão da Reserva Extrativista Marinha. Objetivou-se ainda: analisar as condições de acessibilidade existentes no município; ministrar palestras sobre acessibilidade; promover encontros para discussão sobre os temas Acessibilidade e Turismo Inclusivo. Para atender aos objetivos propostos nesta pesquisa optou-se por utilizar como metodologia a Pesquisa-Ação que, segundo Thiollent, é um tipo de pesquisa social com base empírica que é concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo e no qual os pesquisadores e os participantes representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo (1996, p.14). Dentre as etapas da metodologia, inicialmente fez-se o levantamento e leitura de publicações e registros referentes ao tema e o levantamento de documentos, projetos e registros na área de turismo junto aos principais órgãos no município. Tais documentos não foram obtidos, pois os lugares procurados afirmaram não dispor dos dados solicitados. Em seguida fez-se a coleta de dados através do registro fotográfico dos pontos turísticos da cidade e de alguns estabelecimentos comerciais que recebem os turistas, como hotéis e pousadas, restaurantes, áreas de lazer e o acesso público a estes. A pesquisa fez um levantamento de dados do conhecimento sobre a acessibilidade junto aos estabelecimentos citados, através da elaboração de um questionário com perguntas fechadas. A amostra teve como critério localização, setor e declaração de acessibilidade divulgada. Aplicou-se um questionário 1 Tecnologia, Educação, Cidadania e Profissionalização para Pessoas com Necessidades Específicas 1

2 semelhante a 40 turistas, objetivando ainda investigar a opinião destes sobre a oferta de Turismo Inclusivo em Arraial do Cabo. Os questionários foram aplicados em duas praias, na semana do Carnaval A escolha dos entrevistados teve como critério não ser morador da cidade. Além destas etapas, houve a proposição de estabelecimento de parceria com algumas Secretarias do município e com o Instituto Chico Mendes, através de reunião realizada em outubro de 2010 e a promoção do I Encontro sobre Acessibilidade no Turismo, que contou com palestras sobre acessibilidade e turismo inclusivo, ministradas por especialistas (convidados) na área e com interpretação em Língua de Brasileira de Sinais- abril/2012. Resultados e Discussão Através do registro fotográfico realizado percebe-se a falta de acessibilidade no setor de turismo do município. A localização de alguns estabelecimentos e pontos turísticos são praticamente incompatíveis com a acessibilidade arquitetônica - o que pode ser um obstáculo às pessoas com deficiência física e mobilidade reduzida, não impedindo, entretanto, a acessibilidade comunicacional (adequação de códigos e línguas), importante no atendimento às pessoas com deficiência sensorial, embora esta forma de acessibilidade não seja fornecida. Tais constatações, acrescidas das respostas obtidas no questionário aplicado aos estabelecimentos, aponta para a falta de conhecimento específico sobre acessibilidade e indica o interesse e necessidade urgente de sensibilização e informação sobre a temática, o que pode ser observado nas respostas a seguir: Segundo Nunes e Nunes Sobrinho (2010) a acessibilidade se constitui em uma das mais antigas e legítimas reivindicações das pessoas com deficiência (p.269). O que inicialmente era visto apenas como necessidade de adequação arquitetônica, atualmente é visto como necessária a adequação de comunicação, de transporte, respeito à diversidade, surgindo o conceito de desenho universal. Este prima pelo atendimento às diferenças entre as pessoas, com ou sem deficiência. Na concepção de desenho universal, está embutida a idéia de não somente eliminar barreiras, mas essencialmente garantir acesso (idem, p.270). O I Encontro sobre Acessibilidade no Turismo atingiu o objetivo de discutir a temática, contando com a participação de algumas Secretarias do município, representantes dos estabelecimentos comerciais, Secretarias de Turismo de outros municípios, universidades particulares e públicas federais e estudantes, sendo um marco nas discussões iniciais sobre a temática no município e no Campus Arraial do Cabo. Apesar de não conhecerem termos técnicos, os turistas entrevistados demonstraram um certo conhecimento sobre acessibilidade no turismo, reconheceram sua importância e apontaram para a necessidade de adaptação no município no que respeita à acessibilidade às pessoas com deficiência. Conhecimento sobre turismo inclusivo 23 57% Sim Não 17 43% Moradores de Arraial do Cabo Não: Sim: 0 Importância do turismo inclusivo às Pessoas com Necessidades Específicas Sim Não Não respondeu 1 3% % As entrevistas também apontam para o fato de haver entre os turistas pessoas com deficiência, o que corrobora para a pertinência do estudo em questão % 2

3 Existência na família ou conhecimento de alguém com Necessidades Específicas 18 45% Sim Não 22 55% A pessoa com deficiência viaja/viajou para Arraial do Cabo Sim Não Não respondeu 11 28% 20 49% 9 23% A pessoa encontrou estabelecimentos acessíveis Sim Não Não respondeu 30 75% 2 5% 8 20% Impedimento do retorno da pessoa ao município Sim Não Não respodeu 33 82% 1 3% 6 15% Conclusões A pesquisa é de grande relevância para a proposição de adequações no município, que podem se tornar um benefício não somente ao turista que utiliza os serviços locais, mas principalmente na promoção aos residentes da cidade condições melhores de acesso aos serviços e espaços destinados ao uso comum, independente do estado temporário ou permanente das pessoas. Há a necessidade de oferta de cursos de capacitação para o atendimento às pessoas com deficiência (como por exemplo Língua Brasileira de Sinais) e de confecção de um manual de orientação sobre acessibilidade para o setor de turismo; uma proposta para a continuidade desta pesquisa. Entende-se que apesar da acessibilidade se tratar de uma questão legal, uma garantia do cidadão, sugere-se que sua abordagem seja feita não somente neste âmbito, mas também, e principalmente, a partir da sensibilização para a questão humana e ética que a temática implica. Certamente esta é uma discussão que tem que ser levada ao poder público, como garantia de uma política pública e ações afirmativas que assegurem equidade e igualdade de direitos aos cidadãos, conforme assegurado nos dispositivos legais nacionais e internacionais. Agradecimentos Ao IFRJ pelo apoio financeiro. Ao Campus Avançado Arraial do Cabo. Ao NAPNE do Campus Avançado Arraial do Cabo. Referências DIAS, R. Sociologia do turismo. São Paulo: Atlas, NUNES,L.R. e NUNES SOBRINHO, F.P. Acessibilidade. In BAPTISTA, C. R.; CAIADO, K. R. e JESUS, D.M. (Org) Educação Especial: diálogo e pluralidade. Porto Alegre: Mediação, Rejowski, M. & Costa, B. K. Turismo contemporâneo: desenvolvimento, estratégias e gestão. São Paulo: Atlas, SASSAKI, R. K. Inclusão, construindo uma sociedade para todos. Rio de Janeiro: WVA, THIOLLENT, Michael. Metodologia da pesquisa-ação. São Paulo: Cortez,

4 Alfabetização Científico-Tecnológica: O que dizem os alunos? Bianca D Ávila Lima*, Emanuelle São Leão* Mariana de Souza Lima*, Alcina Maria Testa Braz da Silva* alcina.silva@ifrj.edu.br Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro* Palavras-chave: alfabetização, ciência, tecnologia e representações sociais. Introdução Muito provavelmente, um dos temas mais polêmicos quando se discute formação de professores de ciências é o quanto se precisa procurar uma ciência da escola - o saber escolar; essa ciência da escola não é necessariamente uma produção exclusiva para a escola e/ou na escola, mas envolve um processo de reelaboração de saberes de outros contextos sociais visando o atendimento das finalidades sociais da escolarização, que é significativamente diferente daquela ciência da universidade - o saber acadêmico. A alfabetização científica pode ser considerada como uma das dimensões para potencializar alternativas que privilegiam uma educação mais comprometida. É recomendável enfatizar que essa deve ser uma preocupação significativa na Educação Básica. Ser alfabetizado cientificamente é saber ler a linguagem em que está escrita a natureza, de fazer uma leitura do universo no âmbito do contexto histórico e sociocultural, que construímos e do qual fazemos parte. Atualmente, a alfabetização científico-tecnológica está colocada como uma linha emergente na didática das ciências, que comporta um conhecimento dos fazeres cotidianos da ciência, da linguagem científica e da decodificação das crenças e representações aderidas a ela. Deve-se pensar mais amplamente nas possibilidades de fazer com que alunos e alunas, ao entenderem a ciência, possam compreender melhor as manifestações do universo. Os conhecimentos científicos e tecnológicos ajudam a lidar e resolver problemas na vida cotidiana, como as necessidades de saúde e sobrevivência básica, aprendendo desse modo a ter consciência das complexas relações entre ciência e sociedade. A teoria das Representações Sociais nos ajuda a entender esse processo de apropriação dos saberes científicos, a partir dos processos de objetivação e ancoragem e dos constructos de universo consensual e reificado (Moscovici apud Braz da Silva & Mazzotti, 2009). Segundo Sá (1998), não basta pesquisar uma representação social de um objeto qualquer. É necessária uma análise sobre o objeto. Quando se realiza um estudo em representações sociais se pretende pesquisar algum tema que mobiliza o interesse social. Sendo este tema relevante ao ponto de justificar a existência de representações, no qual seu estudo poderá ser feito por meio de uma investigação exploratória. Este trabalho faz parte do Projeto PROCIÊNCIA, intitulado O olhar psicossocial da teoria das representações sociais para a inserção das tecnologias no contexto educacional: um estudo nos espaços da formação e da prática profissional dos professores das ciências. O objetivo é apresentar os resultados preliminares de uma investigação exploratória, realizada no espaço da prática profissional docente, junto aos professores e alunos das escolas da rede pública de ensino médio do Estado do Rio de Janeiro. Para tal foi utilizada como instrumento de pesquisa a aplicação de questionários abertos e o software ATLAS.ti (Muhr, 2001) como dispositivo analítico para a categorização temática. Resultados e Discussão Neste trabalho serão apresentados os resultados dos questionários aplicados ao grupo de alunos de ensino médio (1, 2º e 3 anos). Foi possível perceber, a partir da análise desenvolvida, que o público discente se encontra distante do que ainda se espera sobre a compreensão dos fenômenos científicos e tecnológicos. Em seus relatos, quando perguntados sobre o que seria a ciência e a tecnologia, muitos responderam ter uma ligação apenas com um estudo do corpo humano, enquanto o avanço tecnológico se limita ao uso de equipamentos para fins pessoais, o que aponta para uma deficiência escolar em relação à linguagem científica e seus diferentes significados. Uma das possíveis causas deste problema pode ser encontrada em 4

5 seu ambiente escolar, que nem sempre está adequado para atender as necessidades do aprendizado dos alunos. Tais informações foram obtidas através dos relatos dos alunos participantes da pesquisa. Conclusões Partindo da revisão de literatura e da análise das respostas dos alunos, destaca-se que ciência e tecnologia se constituem em objetos de representação social para o grupo de alunos participantes da pesquisa, pois mobiliza saberes no processo de tornar familiar a sua compreensão. Entretanto, tal representação se ancora em uma concepção ingênua de ciência e utilitarista de tecnologia. A importância de se alfabetizar científica e tecnologicamente consiste na possibilidade de superar tal representação. Segundo Chassot (2003), a alfabetização científica deve se estender desde a educação básica até a pós-graduação, tendo como finalidade que os alunos compreendam o mundo onde vivem, percebendo as potencialidades da ciência e suas aplicações na melhoria da qualidade de vida, assim como suas limitações e impactos positivos e negativos. Agradecimentos Ao IFRJ, PIBIC-IFRJ, PIBID-IFRJ e a CAPES pelo apoio financeiro. Ao CIRS-UNESCO Referências BRAZ DA SILVA, A. & MAZZOTTI, T. B. A Física pelos professores de Física: a contribuição da Teoria das Representações Sociais. Revista Ciência e Educação vol.15, n.3. UNESP, Acesso em Abril de 2012 em CHASSOT, A. Alfabetização Científica: uma possiblidade para a inclusão social. Revista Brasileira de Educação, n.22, p , abr MUHR, T. ATLAS.ti. Scientific Software Development. Berlin: SÁ, C. P. de. A construção do objeto de pesquisa em representações sociais. Rio de Janeiro: EdUERJ,

6 Trabalhando Cônicas Como Aparatos Didáticos Thiago Lanes Parente* Alexandre Lopes de Oliveira* Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro Campus Nilópolis* Palavras-chave: geometria, aparato didático, ensino-aprendizagem Introdução A última contribuição essencial da matemática grega foi a teoria das cônicas (BOURBAKI, 1974), tendo origem na ideia de Menaechmus(~350 a. C.) que buscando uma solução de um problema clássico grego da duplicação do cubo, pensou em secções planas de um cone. Apolônio ( , a. C.) foi o principal estudioso, escreveu oito tratados sobre o tema, onde foram dados os nomes das cônicas como conhecemos hoje, e o estudo com dois cones, sendo assim o primeiro a perceber a segunda ramificação da hipérbole, conferindo-lhe o título de Geômetra Magno. Sendo um conhecimento rico em aplicações, mas, de natureza puramente abstrata o ensino e aprendizagem do conteúdo se torna um desafio, para criar significado, a matemática deverá contemplar a observação, a experimentação, a investigação e a descoberta que ajudarão os alunos a fazerem reflexões mais abstratas (MENDES, 2002). O norte do trabalho é trazer essa experimentação e investigação, já que, a introdução de conceitos abstratos deve partir da análise de situações concretas... Isto não apenas facilita a aprendizagem desses conceitos, mas principalmente estabelece uma ponte entre o mundo da teoria e aquele vivenciado pelos estudantes (PCN de Matemática). A ideia é desenvolver materiais concretos, possibilitando uma ótica sobre as cônicas que está além dos quadros. Serão cones feitos de isopor, linhas, etc. com o propósito de presentear ao aluno uma situação concreta, que o coloque em contato com conhecimento, que produza ação por parte do aluno e este por sua vez provoque a sua própria aprendizagem. Suas aplicações permitem que participem ao máximo em vez de ser simples expectadores (ROMERO, 2002). Resultados e Discussão Estamos montando um acervo de aparatos didáticos sobre o tema, afim de, criar algum subsidio que esteja alem do puramente teórico, tonando-se lúdico e experimentativo; partindo do mais simples, que são os cones feitos de isopor, com as devidas secções e os de linha e madeira, aos de maior dificuldade na elaboração ainda em estudo cones feitos de acrílico, outros, partindo da rotação de um eixo diagonal onde a secção e feita com luz. Um dos objetivos é criar um laboratório sobre cônicas, mas não no sentido clássico do nome, nem com um espaço físico predeterminado, mas no sentido da experimentação, do lúdico, que segundo Abreu (1997) O laboratório de matemática e o espaço onde o aluno vai criar novas soluções para os problemas apresentados, trabalhar com atividades lúdicas e refletir sobre ideias matemáticas. 6

7 Conclusões O concreto facilita a relação de ensino aprendizagem de temas na matemática, sobretudo as cônicas, onde o importante... não é criar grandes obras, nem apelar para as salas-ambientes como um recurso para resolver todos os problemas, mas é, de acordo com as possibilidades de cada escola, favorecer as condições de trabalho para o professor, para que o mesmo possa ter uma estrutura que facilite a construção do conhecimento. (AGUIAR, 1999). Ao IFRJ pelo apoio financeiro. Agradecimentos Referências AGUIAR, M. (1999). Uma ideia para o laboratório de Matemática. Dissertação de Mestrado. São Paulo: USP Brasil. Ministério da Educação e Cultura. Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília: 1998 ABREU, Maristela Dalla Porta de (1997). Laboratório de Matemática: um espaço para a formação continuada do professor. Dissertação de Mestrado. Santa Maria: UFMG 7

8 O MUNDO DA EDUCAÇÃO E TRABALHO APÓS O CENSO DE 2010 Carolina Luiza de Castro Alexandre Maia do Bomfim alexandre.bomfim@ifrj.edu.br Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro - IFRJ Palavras-chave: Educação básica;perfil do Docente, Censo. Introdução A educação básica no Brasil na era neoliberal se caracterizou pela intensa presença da iniciativa privada, por meio de projetos e atividades filantrópicas, e o afastamento do Estado, permitindo o nãocomprometimento com a melhoria e manutenção da Educação no país, principalmente no que diz respeito a Educação básica. Nesse sentido o modelo de competência foi incentivado; reformas e propostas foram implementadas e a escola, e principalmente o docente, foi cada vez mais sendo responsabilizado pelo fracasso do sistema educacional; diretrizes e parâmetros foram publicados visando garantir um conteúdo mínimo comum. Com o objetivo de suprir a lacuna deixada por esses documentos na confecção de metodologias e materiais que auxiliem na formação de uma educação ambiental que se faça critica e estudar o docente de educação básica, em especial o de ensino fundamental que trabalha com educação ambiental foi escrito o projeto O último que sair apague a luz: pesquisa participante sobre a situação e expectativas de professores do ensino fundamental quanto a temática ambiental. Este projeto é fruto das discussões realizadas no Grupo de Pesquisa em Trabalho-Educação e Educação Ambiental (GPTEEA) acerca das inter-relações do mundo do trabalho, da questão ambiental e da educação. E com ele buscamos entender a realidade docente em especial a dos docentes na Baixada Fluminense. Para tal partiremos dos dados dos censos escolares mais recentes, inicialmente dos dados da Região Sudeste (dados mais amplo, mais genéricos) para chegar aos da Baixada Fluminense. Resultados e Discussão Os dados mais recentes dos censos escolares e demográfico realizados pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Anísio Teixeira) e o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) indicam um aumento no grau de escolaridade na população brasileira, assim como uma diminuição no número de jovens exclusos do sistema escolar, entretanto esse aumento foi observado principalmente nas regiões Norte e Nordeste, já os da região Sudeste apresentaram menor índice de aumento, o que significa que um menor número de jovens, principalmente na faixa de 15 a 17 anos. Esses dados vêm acompanhados por um ganho real de 4,1% e 13,5% no salário dos trabalhadores e trabalhadoras respectivamente. Ao avaliarmos esses dados, em um primeiro momento podemos pensar que eles significam uma melhoria tanto no sistema educacional quanto no mundo do trabalho, entretanto ter um maior número de jovens matriculados não significa que a escola consegue cumprir seu papel de preparar para o mundo do trabalho ou para estudos posteriores. O que se observa, em especial aqueles que possuem um relacionamento mais direto com o cotidiano escolar é que algumas escolas se tornaram verdadeiros depósitos de jovens, devido a falta de estrutura resultante das políticas na era neoliberal. No que diz respeito ao aumento salarial, um estudo recente do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) demonstrou que o tempo de trabalho aumentou ao longo dos anos, diminuindo assim o tempo livre e consequentemente a qualidade de vida do trabalhador. O que nos permite questionar o que realmente esses números representam em melhorias e o quanto dessas alcançaram de fato os jovens e os jovens trabalhadores da Baixada Fluminense, em especial o docente. 8

9 Considerações Finais Por estar em um momento inicial as análise de dados são genéricas, não alcançando especificamente o universo educacional nas periferias da cidade do Rio de Janeiro, entretanto isto ocorrerá ao longo do processo de pesquisa. E algumas considerações já podem ser tecidas. A primeira delas, e principal, é que os número podem não refletir a realidade de uma determinada região, pois há diversas variáveis a serem analisadas para se compreender o universo escolar. Assim sendo um segundo passo ou uma tarefa suplementar, ir às escola e conhecer as expectativas e motivações dos docentes, se faz necessário. Ao IFRJ e ao CNPQ pelo apoio financeiro. Agradecimentos Referências [1] Frigotto, G.; Civiatta, M. A Educação básica no Brasil na década de 1990: subordinação ativa e consentida à lógica de mercado. Educ. Soc., Campinas, vol. 24, n. 82, p , Abril [2] acessado em 10 de Outubro de [3] BONAMINO, A.; MATINEZ, S. A. Diretrizes e Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental: a participação das Instâncias Políticas do Estado. Educação e Sociedade. Campinas SP, vol. 23, nº 80, set, p , [4] BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: apresentação dos temas transversais, ética. Secretaria de Educação Fundamental. Brasília : MEC/SEF, 1997b. [5] acessado em 19 de Maio de

10 Construção de uma história em quadrinho como estratégia de divulgação científica Alessandra Carvalho de Souza e Silva (IC), Juliana dos Reis Caminha (IC), Anderson Domingues Corrêa (PQ) anderson.correa@ifrj.edu.br Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro*, CNPQ, IFRJ Campus Nilópolis Palavras-chave: história em quadrinhos, plantas medicinais, ensino de ciências. Introdução A história em quadrinhos surgiu na Europa no século XVIII, como manifestação artística do grafismo. Foi desenvolvida juntamente com as formas de impressão e presente até a atualidade como uma forma de comunicação impressa. A sua utilização no processo de aprendizagem constitui um instrumento que pode suscitar a reflexão, a transmissão de conhecimentos, o hábito da leitura, a pesquisa, a criação e fomentar atitudes críticas. Sendo aplicados principalmente a conteúdos de natureza histórica, ética e científica (SANTOS, 2001). A divulgação científica na área de saúde, normalmente, é realizada a partir de campanhas governamentais, que apresentam grande abrangência, podendo ser regionais ou abordar situações locais específicas. O público leigo, em geral, é o alvo principal. Dessa forma, para poder acessar informações técnicas sobre as doenças e seu tratamento é necessário à utilização de uma linguagem acessível. Assim, surgiu a necessidade de testar a linguagem das histórias em quadrinhos, que favorecem a assimilação dos conteúdos, pois a) facilitam a identificação do público leitor com os personagens e situações retratadas; b) são associadas, quase sempre, à diversão e c) favorecem a leitura pelos menos escolarizados, tendo em vista que texto e imagem estão associados. Nesse sentido, as cartilhas de prevenção de enfermidades consolidaram as histórias em quadrinhos como ferramenta de divulgação científica (MENDONÇA, 2008). O objetivo desse trabalho é a construção de um material de divulgação científica para promover a conscientização da população sobre o risco do uso indiscriminado de plantas medicinais e divulgar que elas, quando manipuladas ou consumidas inadequadamente, podem apresentar riscos à saúde. Pois, algumas delas possuem propriedades toxicológicas as quais pode levar até ao óbito (SILVA et al., 2005). Na história apresentada, a planta ingerida pelo homem causou apenas um quadro de reação alérgica cutânea. Resultados e Discussão Foi criada uma história em quadrinhos inédita (Figura 1), baseada em fatos reais sobre o uso de plantas medicinais. Um homem com aproximadamente 30 anos que apresentava sintomas de afecção no sistema digestório e um colega de trabalho recomendou que ele ingerisse um chá de uma determinada planta 10

11 Ministério da Educação encontrada em um jardim no local de trabalho. O colega alegou que já havia utilizado o chá da mesma planta quando sentia fortes dores no estômago, e o resultado, fora muito bom. Contudo, houve uma reação adversa no homem que seguiu as indicações do amigo. Procurando um médico, descobre-se que houve um equívoco em relação à planta e ele havia desenvolvido um quadro de reação alérgica devido ao uso do chá. A planta que o homem realmente quis indicar era o boldo (Plectranthus barbatus). O boldo é uma planta muito conhecida, utilizada para o tratamento de distúrbios do fígado e do estômago. Contudo, a planta utilizada como boldo foi a alfavaca (Ocimum basilicum L.). A alfavaca é considerada uma planta rica em óleos essenciais e contém eugenol, que confere à planta uma ação antisséptica e usada na preparação de banhos antigripais por conter cineol (CORRÊA, 2011). Visando o fato de a alfavaca ser uma planta que contém óleos essenciais em sua composição, pode-se entender porque houve o quadro de reação alérgica. Pois, apesar da maioria das pessoas serem tolerantes, outras, desenvolvem reações alérgicas após o uso de determinados óleos essenciais. (CAVALINI, 2005) Figura 1: Desenvolvimento da história em quadrinhos. Conclusões Acreditamos termos atingido os nossos objetivos criando uma ferramenta para a divulgação científica na qual o jovem possa se identificar com a realidade de seu tempo. A história em quadrinhos pode se tornar uma grande aliada no processo de ensino de ciências, por trazer a motivação e o prazer necessário ao aprendizado. Agradecimentos Ao IFRJ, à FAPERJ e ao CNPQ pelo apoio financeiro e concessão de bolsas. Referências MENDONÇA, M. R. S. Ciência em quadrinhos: recurso didático em cartilhas educativas f. Tese (doutorado em lingüística) Universidade Federal de Pernambuco. SANTOS, R. E. Aplicações da História em Quadrinhos. Comunicação & Educação, São Paulo, v.22, n.4651,

12 SILVA, R. P., Almeida, A. K. P., Rocha, F. A. G. Os riscos em potencial do uso indiscriminado de plantas medicinais. CONGRESSO NORTE-NORDESTE DEPESQUISA E INOVAÇÃO, 5., 2010, Maceió. Disponível em < Acesso 18 mai CORRÊA, A. D.; BATISTA, R. S.; QUINTAS, L. E. M. Plantas Medicinais: do Cultivo à Terapêutica. 8. ed. Petrópolis: Vozes, CAVALINI, M.; Folis, G. P.; Resener, M. C., Alexandre, R. F.; Zannin, M.; Simões, C. M. O. Serviço de informações sobre plantas medicinais e medicamentos fitoterápicos. Extensio. v. 2, n p, Disponível em: < Acesso em 13 mai

13 O Clube de Ciência, Cultura e Arte no Blog Carla Elias Dias (IC)*, Andréa de Moraes Silva* (PQ); Suéle Maria de Lima*(PQ2); Angela Maria da Costa e Silva Coutinho**(PQ3) andrea.silva@ifrj.edu.br Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro Campus Nilópolis*, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro Campus São Gonçalo** Palavras-chave: Clube de Ciência, Arte, Cultura, Blog. Introdução O Clube de Ciência, Cultura e Arte foi implantado no IFRJ, campus Nilópolis, com o apoio da FAPERJ, em 2008, tendo como diferencial dos Clubes de Ciências convencionais, a inclusão da cultura e da arte em sua constituição. Tem como objetivos pesquisar, desenvolver e aplicar novas metodologias para a divulgação e popularização das ciências, das artes e da cultura de forma transdisciplinar, na perspectiva da pedagogia do pensar¹. Em 2010, com a finalidade de atingir um maior número de pessoas e adolescentes e de manter contato com os freqüentadores do Clube mesmo fora dos encontros, foi criada uma ferramenta virtual. Por se tratar de um instrumento que se encaixa em qualquer disciplina, metodologia e nível educativo, a ferramenta escolhida foi o blog ( O presente trabalho traz uma análise estatística do blog, com o objetivo de saber os principais assuntos que levam os internautas a acessá-lo. Resultados e Discussão Com a criação do Blog do Clube de Ciência, Cultura e Arte, o objetivo de atingir um maior número de pessoas foi alcançado. Comparando as estatísticas dos acessos durante os primeiros 11 (onze) meses (maio/ abril/2011) com o último mês (abril/2012), observamos um grande crescimento no número de visitantes por mês. Nos primeiros 11 meses vimos uma média de 130 acessos por mês, e um número aproximado de 1400 visualizações totais. Figura 1 - Estatísticas do blog nos primeiros 11 meses 13

14 Vendo as estatísticas em maio de 2012, percebemos um número bem superior de visualizações no mês anterior (abril): Figura 2 - Estatísticas do blog em abril/2012 Pesquisando as possibilidades da quantidade elevada de acessos no mês de abril, analisamos as visualizações de cada postagem e constatamos que a matéria intitulada Todo dia era dia de Índio! foi a responsável por essa elevação. Figura 3 - Estatísticas das postagens do blog em abril/2012 Por abril ser o mês de comemoração do Dia do Índio, acreditamos que o tema abordado nessa matéria, fez com que os usuários, que pesquisassem sobre o assunto nos sites de busca, fossem direcionados para o blog do Clube de Ciência, Cultura e Arte. Conclusões A utilização de novas ferramentas tecnológicas, como um blog, colaborou na divulgação das propostas do Clube e das atividades realizadas, permitindo o alcance de maior número de pessoas. Observamos também, que ao fazer publicações tendo como referência temas atuais, temas de datas comemorativas, recebemos um número consideravelmente acima da média. Apesar do número considerável de acessos, a participação ativa dos freqüentadores através dos comentários ainda é muito baixa. Agradecimentos A FAPERJ, PROCIÊNCIA/IFRJ, CNPq e IFRJ pelo apoio financeiro. Referências ¹ Libâneo, J. C. In Costa, M. V (org). A Escola tem Futuro? Rio de Janeiro: DP&A,

15 A FALTA DE INTERESSE E A DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM COMO UMA REALIDADE DA EDUCAÇÃO BÁSICA. Jessica Macedo da Silva (IC)* Andréa Silva do Nascimento (PQ)* andrea.nascimento@ifrj.edu.br Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro; Campus Avançado Mesquita Espaço Ciência InterAtiva* Palavras-chave: cotidiano escolar; falta de interesse discente; dificuldade de aprendizagem; e prática docente. Introdução Este texto apresenta os resultados da pesquisa intitulada O Ensino de Ciências da Natureza e Matemática na realidade das escolas da educação básica, cujo objetivo pauta-se em investigar o tipo de imagem construída pelos licenciandos em Física, Química e Matemática a respeito do cotidiano da instituição escolar. Deste modo, torna-se relevante a percepção desses sujeitos enquanto observadores anônimos, de posição privilegiada por estarem inseridos neste espaço e, ao mesmo tempo, apresentarem uma concepção de seu (futuro) papel no contexto escolar, descrevendo e/ou avaliando os fenômenos encontrados neste lócus de ensino e aprendizagem. O eixo metodológico investe na abordagem qualitativa. De acordo com Minayo (1994), este tipo de pesquisa [...] trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes [...] (p. 22). Assim, foram aplicados questionários com a participação de estudantes dos cursos de licenciatura supracitados, ofertados pelo IFRJ/ Campus Nilópolis, que estivessem cursando ou que tenham cursado as disciplinas Estágio Surpervisionado Curricular I, II ou III. A escolha por esse perfil justificase por estar mais próximo da finalização do curso bem como ao objetivo da disciplina estar ligado à inserção dos licenciandos na realidade educacional. O questionário foi elaborado com o objetivo de averiguar: a) a infraestrutura e o tipo de instituição (pública ou privada), bem como o nível de ensino em que os estudantes realizam o estágio; b) os aspectos relacionados à utilização do livro didático; c) as possíveis dificuldades que esperam encontrar na prática docente; d) os principais aspectos a serem ressaltados a partir do contato com o dia a dia da escola. A próxima etapa caracterizou-se pela análise das respostas dos questionários a partir da proposta de Bardin (2011). A metodologia da análise de conteúdo sistematizada pela autora visa destacar os temas recorrentes nas respostas através de um processo dedutivo ou inferencial (op. Cit., p. 47). Para a autora, a inferência significa a operação lógica, pela qual se admite uma proposição em virtude de sua ligação com outras proposições já aceitas como verdadeiras (BARDIN, 2011, p. 45). Resultados e Discussão Foram preenchidos 30 questionários com a participação de 11 estudantes dos cursos de licenciatura em Matemática, 11 de Química e oito de Física. É importante destacar que, de acordo com as respostas, o estágio foi predominantemente realizado na rede pública estadual, no ensino médio, pois 90% dos participantes estagiaram em escolas públicas, sendo 65,8% em escolas desta rede de ensino. Cabe ressaltar que todas as escolas do sistema privado foram avaliadas de maneira muito positiva em relação à infraestrutura e dois participantes apontaram a rede federal como muito boa e excelente. Entretanto, os licenciandos de Química apresentaram como avaliação majoritária o conceito regular (42%), quantidade superior dos demais licenciandos. De acordo com estes estudantes, tal fato deve-se à ausência de laboratórios de Ciências nas instituições. De modo geral, no que diz respeito à infraestrutura das escolas em que foi realizado o estágio, apresenta-se o seguinte panorama de avaliação: 0% é ruim, 24% são regulares, 48% são boas, 16% são muito boas e 12% são excelentes. A contradição do fenômeno reside no reconhecimento, por parte desses sujeitos, que maiores investimentos no espaço escolar não se configura em condição favorável ou diretamente relacionada a uma atmosfera de aprendizagem, pois 52% dos licenciandos declararam que a falta de interesse e seus correlatos: falta de motivação, alunos pouco empenhados etc. - constitui-se em uma das maiores dificuldades enfrentadas pelos docentes em sua prática 15

16 cotidiana. Nas respostas ao questionário, a falta de interesse, falta de vontade e de motivação dos alunos das escolas em que os licenciandos realizaram o estágio foram categorias hegemônicas nos itens sobre as dificuldades da prática docente e os aspectos que destacaram sobre a realidade da Educação Básica. Outro fenômeno amplamente percebido pelos licenciandos refere-se às dificuldades dos discentes da educação básica em relação aos conteúdos escolares, conforme as duas declarações dos participantes, a seguir: Os alunos avançam nas séries (segmento) com muita dificuldade e isso atrapalha muito seu aprendizado futuro. Alguns professores veem a dificuldade do seu aluno em determinada matéria ou até mesmo com problemas pessoais, tendo que conciliar trabalho, estudo e família, e o deixa avançar para a próxima série, ainda que o discente não tenha compreendido a disciplina. Para eles, esta situação se agrava tendo em vista a assimetria entre série cursada e conhecimentos apreendidos. Conclusões Diante do exposto, os licenciandos associam o fraco desempenho dos alunos à falta de conteúdo das séries anteriores, o que nos indica uma postura de apatia. Trata-se de um comportamento já estudado por Dubet (2003). O autor partiu da realidade francesa, mas com características semelhantes a nossa realidade e identificou o retraimento e o conflito como estratégias discentes frente aos mecanismos de exclusão. Para o sociólogo, a exclusão escolar é uma realidade que faz parte de um contexto mais amplo de exclusão social. No estudo em tela, torna-se adequado associar a falta de interesse e de motivação à primeira categoria proposta por Dubet. Isso significa que, de acordo com o autor, há, por parte dos alunos, uma antecipação do destino (2003, p. 42). Entretanto, na concepção dos licenciandos, este fenômeno é compreendido como intrinsecamente relacionado a uma escolha no âmbito do sujeito e não como parte de uma dinâmica escolar mais ampla. Ao IFRJ pelo apoio financeiro. Agradecimentos Referências BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. Tradução: Luís Antero Reto, Augusto Pinheiro. São Paulo: Edições 70, DUBET, François. A escola e a exclusão. Cadernos de Pesquisa, nº 119, p , jul Disponível em: Acessado em: 22 de maio de MINAYO, Maria Cecília de Sousa [org.]. Pesquisa Social: teoria, método e criatividade. Rio de Janeiro: Vozes,

17 APRENDIZAGEM DE FÍSICA: UM DESAFIO PARA EDUCANDOS E EDUCADORES Rafael Cesar de Oliveira Cyrne (IC)*, Guilherme Henrique Mendes da Silva (IC)*, Bianca Silvares Feio (IC)**, Gaspar Egidio de Freitas (IC)** Antonio Passos Portilho *(PQ), Maria de Fátima dos Santos Portilho*(PQ2) Antonio.portilho@ifrj.edu.br Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro*; CIEP 291 Dom Martinho Schlude**. Palavras-chave: Ensino de física, desempenho escolar, aprendizagem. Introdução A partir de informações obtidas em conselhos de classe, sejam elas fornecidas por professores ou alunos representantes de turma, ou por intervenção da Coordenação Pedagógica, percebemos que a concentração de educandos com dificuldades na disciplina física é significativa. Além disso, os baixos resultados obtidos por estudantes brasileiros egressos do ensino médio em avaliações nacionais - vestibulares, Enem, entre outros ou internacionais como o Programa Internacional de Avaliação de Alunos Pisa (MEC/INEP, 2000) indicam a dificuldade que eles encontram para demonstrar os conhecimentos adquiridos em física (BONADIMAN e NONENMACHER, 2007). Se a física é um conhecimento natural, como explicar que o jovem educando demonstre uma enorme aversão ao seu aprendizado? Como compreender os baixos rendimentos desses alunos? Portanto, é preciso consultar os diversos profissionais da área da educação, principalmente, professores que vivem o cotidiano do processo ensino/aprendizagem da física, assim como os alunos, para identificar as causas deste problema e propor soluções capazes de modificar as condições que impedem a apropriação do conhecimento da física pelo aluno. Para a consecução dos objetivos do projeto, propõe-se: entrevistar os envolvidos no processo ensino/aprendizagem da física, levantar os dados sobre o desempenho dos alunos na disciplina física no município de Pinheiral, localizado na região do Médio Paraíba Fluminense, seja na escola ou em avaliações nacionais e internacionais e comparar as informações obtidas. O estágio atual de desenvolvimento das ciências é o resultado de um processo evolutivo, portanto histórico. Apropriar-se desse saber científico, ou seja, aprender, não é só adquirir o seu conteúdo. É preciso compreender de onde ele surgiu e em que circunstância evoluiu. O ato de aprender é característico do ser humano. Desde os primeiros momentos de sua existência, ele procura conhecer o mundo que o cerca. É preciso considerar que a aprendizagem se dá tanto de maneira formal, ministrada em escolas, em cursos com níveis, graus, currículos e diplomas, quanto na informal onde há muito também a aprender desde muito cedo: a língua materna, tarefas domésticas, normas de comportamento, rezar, caçar, pescar, cantar e dançar sobreviver. Na educação informal, não há lugar, horários ou currículos. Neste caso, as informações são transmitidas por membros da família ou por outros componentes da sociedade, onde convive o aprendiz. Além disso, também veiculam conhecimentos os meios de comunicação: televisão, rádio, revistas e outros (GASPAR, 2010). O ensino da física e de outras ciências envolve a necessidade de capacitar o educando para uma leitura profunda do meio em que se vive. É importante que o educando assuma uma atitude crítica sobre a prática na discussão da relação teoria/prática para que a teoria não vire um blábláblá e a prática, ativismo. (FREIRE, 2008). É fundamental que o educando, no processo de aprendizagem da física, adquira o hábito de ver o mundo de modo crítico, compreendendo as relações entre o texto e o contexto. Outro aspecto importante no processo ensino/aprendizagem é a solução de problemas. Esta metodologia possibilita a reorganização do conhecimento, implicando numa aprendizagem mais eficaz pelos estudantes, resultado de um processo de clarificação progressiva sobre relações de meio-e-fim fundamentadas na formulação, verificação e rejeição de hipóteses alternativas (COSTA E MOREIRA, 2001). 17

18 A pesquisa objetiva apresentar propostas de ações que tornem o estudo da Física mais interessante para o educando e acarrete um desempenho melhor nas avaliações de aprendizagem. Como ponto de partida, pretende-se identificar as causas do desinteresse pelo estudo da Física, na opinião de estudantes, professores e técnicos em educação. Além disto, o projeto visa: verificar as causas do baixo desempenho dos estudantes brasileiros em Física nas avaliações nacionais e internacionais e identificar ações que melhorem o desempenho dos educandos em avaliações a partir da mudança em seu interesse pelo estudo da Física. Resultados e Discussão Conforme levantamento já efetuado ao longo da pesquisa, procurou-se destacar os seguintes dados: Figura 1 Figura 2 Figura 3 Figura 1: Média por Dependência Administrativa. PROGRAMA INTERNACIONAL DE AVALIAÇÃO DE ALUNOS 2009 Ciências. Figura 2: Média do estado do Rio de Janeiro em relação ao Brasil e aos países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) - Ciências. Figura 3: Resultado de uma das questões respondida por alunos do CIEP 291 Dom Martinho Schlude e do IFRJ Campus Nilo Peçanha Pinheiral ao questionário preparado para pesquisa. 18

19 Conclusões No momento não é possível chegar a alguma conclusão, pois o projeto se encontra em desenvolvimento. O prazo de término é 31 de dezembro de Agradecimentos Ao IFRJ pelo apoio financeiro. Agradecer à Faperj pela parceria através do Projeto Jovem Talentos para a Ciência. Referências [1] MEC.INEP.- Relatório Pisa Disponível em: - Acesso em: 06 de dezembro [2] BONADIMAN, H. e S.E.B. NONENMACHER. O Gostar e o Aprender no Ensino de Física: uma Proposta Metodológica. Cadernos. Brasileiros. Ensino de Física. v. 24, n. 2: p , ago [3] GASPAR, Alberto. A Educação formal e a educação informal em ciências. Acessado em 02/09/2010. [4] FREIRE, Paulo Pedagogia da Autonomia. Editora Paz e Terra. São Paulo. [5] COSTA, S.S.C. e MOREIRA, M.A A resolução de problemas como um tipo especial de aprendizagem significativa. Caderno Catarinense de Ensino de Física, Florianópolis, v.18, n.3, p

20 A Relação entre as Instituições de Ensino Superior e os Museus e Centros de Ciência: Formação de Professores e Prática Docente Jéssica Nunes de Oliveira (IC)*; Monalisa Gomes de Lima Barros (IC)* Carla Mahomed Gomes Falcão Silva *(PQ) carla.silva@ifrj.edu.br Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro Campus Avançado Mesquita Espaço Ciência InterAtiva* Palavras-chave: instituições de ensino superior; museus e centros de ciência; formação de professores Este resumo apresenta os resultados parciais do projeto de iniciação científica intitulado A Relação entre as Instituições de Ensino Superior e os Museus e Centros de Ciência na Temática Formação Inicial de Professores. As questões do referido projeto estavam centradas na contribuição e interferência na formação profissional de docentes que, no período do seu curso de graduação, atuaram em museus e centros de Ciência como mediadores; na análise de ementas de disciplinas cujo o conteúdo está relacionado aos aspectos pedagógico e metodológico da respectiva área e na articulação dos conteúdos privilegiados destas disciplinas com os espaços de educação não formal. De acordo com Ovigli e Freitas (2009), a educação nesses espaços é desenvolvida de maneira ainda incipiente durante a formação inicial de professores, em especial, na área científica. Estudos evidenciam a relevância destes espaços na formação dos futuros profissionais e que os professores da área de ciências da natureza se encontram frente a novos desafios atualmente. Libâneo (2003) argumenta que é preciso que os professores compreendam que a escola não é mais a única agência de transmissão do saber. Neste novo contexto, os museus e centros de Ciência também se deparam com novos desafios. Assim, Cazelli, Costa e Mahomed (2010) consideram que o desafio das instituições de educação não formal é o de se atualizarem, com o intuito de acompanhar esse novo contexto que se impõe de forma progressiva e, mesmo, agressiva. Ressalta-se a importância de uma ação propositiva da universidade, no sentido de abrir frentes para a formação de sujeito que contemple uma articulação e vislumbre a possibilidade de atuação em museus e centros de Ciência, haja vista se tratar de espaços que, embora não tão novos, só agora começam a ganhar o reconhecimento acadêmico. Para concretizar os objetivos específicos da pesquisa, a metodologia adotada pautou-se na perspectiva qualitativa (MINAYO, 1994). Segundo a autora, a pesquisa qualitativa pretende responder às questões muito particulares, preocupando-se com um nível de realidade que não pode ser quantificado. Neste sentido, foi elaborado e aplicado um questionário com o objetivo de traçar o perfil dos professores (idade, sexo, instituição do curso de graduação, museus e centros de Ciência que atuou, função exercida e período de atuação) que atuaram como mediadores no período da sua formação profissional. Além disso, buscou-se identificar se esses sujeitos exercem ou já exerceram a atividade docente e há quanto tempo está em sala de aula; em caso negativo, solicitou-se a justificativa de não exercer o magistério. As duas últimas questões se direcionaram para: detectar se houve mudanças na prática docente em decorrência da atuação como mediador nos museus e centros de Ciência; descrever a que aspectos estas possíveis mudanças estão relacionadas. Além disso, a metodologia também investiu no contato com coordenações dos cursos de licenciatura e pedagogia das instituições de ensino superior através de s e pelo telefone. Foi também feito um levantamento das ementas através de pesquisa em sites institucionais das universidades que apareceram no estudo realizado no período PIBICT Resultados e Discussão propesq@ifrj.edu.br -Tel Internet: u.br 20

21 No período de agosto/2011 a abril/2012 foram contatados os seguintes espaços: Museu Ciência e Vida, Espaço COOPE, Espaço Ciência InterAtiva, Oi Futuro, Museu de Astronomia e Ciências Afins, Espaço Ciência Viva, Casa da Descoberta e Museu da Vida. O questionário foi aplicado junto a 15 professores que já atuaram nestes espaços. Baseado na análise das respostas dadas, foi possível averiguar que: nove docentes eram do sexo feminino e seis do masculino; a maioria dos professores encontra-se na faixa etária de 29 a 33 anos e concluiu o curso de graduação na Universidade Federal do Rio de Janeiro, cursando Licenciatura em Física. Com relação às questões abertas, verificou-se que a maioria dos docentes já trabalha ou trabalhou em sala de aula após atuarem em museus e centros de Ciência e o seu período de atuação variou entre um a dois anos, com exceção de um professor que atuou por nove anos em um mesmo museu. A principal atividade exercida pelos professores nestes espaços foi mediação. A partir da análise das respostas das questões que objetivavam investigar as principais mudanças ocorridas na prática em sala de aula em decorrência da atuação, as principais categorias que emergiram foram comunicação e transposição didática. No mesmo período foram selecionadas e analisadas as ementas dos cursos das instituições de ensino superior que surgiram no estudo realizado no período de Foram contatadas três instituições públicas e quatro privadas. As IES foram: Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IFRJ), Universidade Gama Filho (UFG), Universidade Veiga de Almeida (UVA), Universidade Cândido Mendes (UCAM) e Universidade Estácio de Sá. Na UFRJ os cursos cujas ementas foram analisadas foram Pedagogia; Licenciatura em Química; Licenciatura em História; Letras, Licenciatura em Ciências Biológicas, Licenciatura em Física e Licenciatura em Geografia. Foi constatado que apenas os cursos de Pedagogia, Licenciatura em Química e Licenciatura em Geografia apresentavam em sua ementa alguma menção a prática ou a atividades em espaços de educação não formal. Na UERJ, os cursos analisados foram: Licenciatura em Ciências Biológicas, Licenciatura em Matemática, Licenciatura em Física e Pedagogia. Verificou-se que apenas o curso de Licenciatura em Ciências Biológicas apresentava ementário disponível. Desta forma, apenas as diciplinas do referido curso foram a analisadas. A análise mostrou que de 10 disciplinas, apenas quatro apresentavam menção a prática ou a atividades em espaços de educação não formal. São elas: Ensino de Biologia, Ensino de Ciências, Estágio Supervisionado III (Ciências) e Estágio Supervisionado V (Biologia). Por fim, no IFRJ os cursos analisados foram: Licenciatura em Física, Licencitura em Matemática e Licenciatura em Química. Todos os cursos possuíam ementário disponível. Constatou-se que de 18 disciplinas, sete disciplinas apresentavam menção a prática ou a atividades em espaços de educação não formal. São elas: Metodologia do Ensino de Ciências, Divulgação de Eventos Científicos, Construção do Pensamento Cientifico e Atividades de Popularização da Ciência, Física em Sala de Aula I, Física em Sala de Aula II, Física em Sala de Aula III e Fisica em Sala de Aula IV. Com relação as universidades particulares mesmo após reunião, contato por e telefone, apenas a Universidade Estácio de Sá disponibilizou o ementário, restrigindo assim a pesquisa. O curso analisado foi o de Pedagogia. As disciplinas selecionadas para análise foram: Conteúdo, Metodologia e Prática de Ensino de Ciências e Educação Ambiental; Conteúdo, Educação Profissional: Teoria e Prática; Conteúdo, Metodologia e Prática de Ensino de História e Geografia e Pesquisa e Prática em Educação I. Constatou-se que as disciplinas analisadas apresentam alguma menção a tópicos sobre educação não formal e sobre interações entre a escola e a comunidade. Conclusões Os resultados apontam que os professores que atuaram como mediadores em museus e centros de Ciência no período da sua formação profissional atuam em sala de aula e vêem nesta experiência como principal contribuição para sua prática docente o aperfeiçoamento da comunicação dos conhecimentos científicos e a possibilidade de transposição didática a partir da experiência em e museus e centros de Ciência. Sugere-se propesq@ifrj.edu.br -Tel Internet: u.br 21

22 com essa pesquisa a importância das instituições de ensino superior incentivarem os licenciandos a incorporar na sua formação a perspectiva de que os museus e centros de Ciência configuram-se em instituições, também, formadoras que possibilitam, ao sujeito em exercício na atividade docente, a oportunidade de se apropriar enquanto cidadão e profissional destes espaços de educação não formal. Além disso, a análise das ementas evidenciam a presença de disciplinas dentro dos cursos de formação de professores do ensino superior que contemplam atividades/práticas ou tópicos de educação não formal. Nas ementas esses tópicos apareceram dentro da metodologia ou na descrição dos objetivos da disciplina. Nas instituições particulares de ensino superior, infelizmente não foi possível a análise das ementas de todos os cursos. Seria o ementário uma caixa preta?. Problemas como a falta de disponibilidade de acesso e dificuldade de contato com a coordenação dos cursos de formação de professores impossibilitaram a análise das ementas. Os resultados também apontam que em alguns cursos de ensino superior voltados para formação de professores existe uma preocupação em apresentar propostas que tratam de atividades ou tópicos sobre educação não formal. Isto se deve à intensidade de como as atividade e tópicos são discutidos e apresentados aos futuros docentes. Outrossim, é importante observar o quanto os resultados parciais desta pesquisa foram importantes para identificar de que modo a questão da educação não formal está presente nos cursos de Licencaitura e Pedagogia das instituições de ensino superior. Os próximos passos da pesquisa serão contatar os professores que atuaram em museus e centros de Ciência no período de sua formação e investigar de forma mais aprofundada, por meio de entrevistas, se as mudanças citadas nas respostas são aplicadas efetivamente ou não na prática docente; entrar em contato com os docentes das disciplinas cujas ementas foram analisadas com objetivo de entrevistá-los para investigar se as propostas de articulação dos conteúdos privilegiados das ementas analisadas com os espaços de educação não formal são concretizadas. Ao IFRJ pelo apoio financeiro. Agradecimentos Referências CAZELLI, S., COSTA, A. F., MAHOMED, C. O que precisa ter um futuro professor em seu curso de formação para vir a ser um profissional de museu? Ensino em Re-vista (UFU. Impresso)., v.17, p.579/n2-595, LIBÂNEO, J. C. A escola com que sonhamos é aquela que assegura a todos a formação cultural e científica para a vida pessoal, profissional e cidadã. In: COSTA, M. V. (Org.) A escola tem futuro? Rio de Janeiro:DP&A Editora, p MINAYO, M. C. de S. Ciência, Técnica e Arte: o desafio da pesquisa social In: Pesquisa Social: teoria, método e criatividade. Petrópolis: Vozes, 1994, p OVIGLI, D. F. B. ; FREITAS, D.. Contribuições de um centro de ciências para a formação inicial do professor. In: I Simpósio Nacional de Ensino de Ciência e Tecnologia, 2009, Ponta Grossa/PR. Atas I Simpósio Nacional de Ensino de Ciência e Tecnologia. Ponta Grossa/PR, p propesq@ifrj.edu.br -Tel Internet: u.br 22

23 A formação do mediador e sua função nos museus e centros de ciência da cidade do Rio de Janeiro Samira Oliveira de Souza Chrystian Carlétti chrystian.carletti@ifrj.edu.br Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro Palavras-chave: centro de ciência, formação de mediadores, mediador, monitor, museu de ciência. Introdução Centros e Museus de Ciências são espaços de educação não-formal que buscam aproximar as pessoas da ciência estudada por especialistas dentro das universidades e centros científicos e tecnológicos, tornando-a acessível, interessante e contextualizada à realidade do público geral. Para tanto, esses espaços se utilizam de metodologias como painéis ilustrados, brinquedos e aparatos científicos, experimentos, oficinas e shows de ciência. Porém, apesar de quase tudo em um centro ou museu de ciência ser elaborado de forma que o visitante possa sozinho interagir com o conteúdo, esses espaços têm utilizado cada vez mais a figura do mediador para auxiliar o público em sua visita. Afinal, de acordo com Rodari et al (2007), mediadores são o único artifício museológico realmente bidirecional e interativo. Apesar de estarem presentes em quase todos os centros e museus de ciência, há poucos estudos que buscam investigar como os mediadores são capacitados nesses espaços de educação não-formal. Tais estudos seriam de grande valor, uma vez que, a partir das informações coletadas, poderíamos sugerir ideias para direcionar a criação de cursos de formação de mediadores nos centros e museus de ciências do Brasil. Outra questão importante é a função atribuída aos mediadores nos centros e museus de ciências. De acordo com Mora (2007), os guias (mediadores) de museus cumprem diversas funções nos distintos museus do mundo. Eles não somente atendem ao público (...), mas também participam das chamadas áreas pedagógicas, como as oficinas e laboratórios dos museus. Por isso é necessário investigar também quais são as funções atribuídas à esses indivíduos para que tenhamos uma compreensão do que vem a ser o verdadeiro papel do mediador nesses espaços de educação não formal. Para tanto, estamos realizando um levantamento sobre as funções que são atribuídas aos mediadores dos centros e museus da ciências da cidade do Rio de Janeiro e investigando de que maneira esses espaços têm capacitado os seus mediadores e o que consideram importante nessa formação. Para realizar esse trabalho nós fizemos entrevistas com os profissionais responsáveis pela coordenação dos mediadores em alguns dos principais espaços científico-culturais da cidade do Rio de Janeiro, que são: Museu de Astronomia e Instituto de Pesquisa Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Essa entrevista segue um roteiro estruturado com perguntas definidas. Os dados coletados serão analisados e categorizados de maneira que possam ser utilizados para formar um banco de informações que possa contribuir para o desenvolvimento de um curso de formação de mediadores no Espaço Ciência InterAtiva (que já se encontra em fase de elaboração como curso de extensão), bem como para a elaboração de cursos de formação ou capacitação de mediadores de outros centros ou museus de ciências do Brasil. Resultados e Discussão Até o presente momento, realizamos entrevistas em dois espaços científico-culturais da cidade do Rio de Janeiro, são eles: o Museu de Astronomia MAST e o Instituto de Pesquisa Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Os dados coletados sugerem que os mediadores passam por algum tipo de capacitação antes de atuarem nas exposições. Essa capacitação é preparada pelos próprios profissionais que atuam nesses espaços. No MAST, a capacitação é elaborada com bastante antecedência no intuito de que todos os mediadores antigos estejam bem preparados para receber os novos mediadores. Além da capacitação, ocorrem diversos cursos no decorrer do ano nos quais qualquer mediador pode participar. Há reuniões todas 23

24 as semanas nas quais são discutidos diversos temas relacionados à mediação como atendimento ao público, conceitos científicos, etc. As opiniões e ideias de todos são consideradas e, muitas vezes, aplicadas em vários eventos realizados no Museu. No Jardim Botânico, o espaço está em vias de inauguração, porém a capacitação já está em andamento. Os participantes são alunos do Ensino Médio que são chamados de Orientadores. Observamos que, nos espaços investigados, os mediadores não acumulam outras funções além da mediação. Conclusões O trabalho ainda está em desenvolvimento, o que não nos possibilita tirar conclusões, pois, essas seriam precipitadas. Porém, ainda pretendemos realizar entrevistas em, ao menos, três outros espaços científico-culturais. Agradecimentos Ao IFRJ pelo apoio financeiro. E aos espaços onde foram realizadas as entrevistas, o Museu de Astronomia e o Jardim Botânico pelo apoio à essa pesquisa. Referências GOMES DA COSTA, A. Os explicadores devem explicar? MASSARANI, L.; MERZAGORA, M.; RODARI, P. (orgs.). Diálogos & Ciência: mediação em museus e centros de ciência. Rio de Janeiro: Museu da Vida/Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz, p , MORA, M. C. S. Diversos enfoques sobre as visitas guiadas nos museus de ciência. Em: Diálogos & Ciência: mediação em museus e centros de ciência. Em: MASSARANI, L.; MERZAGORA, M.; RODARI, P. (orgs.). Diálogos & Ciência: mediação em museus e centros de ciência. Rio de Janeiro: Museu da Vida/Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz, p , RODARI, P.; MERZAGORA, M. Mediadores em museus e centros de ciência: Status, papéis e treinamento. Uma visão geral européia. MASSARANI, L.; MERZAGORA, M.; RODARI, P. (orgs.). Diálogos & Ciência: mediação em museus e centros de ciência. Rio de Janeiro: Museu da Vida/Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz, p ,

25 UMA ESTÓRIA QUE PRECISA SER CONTADA! A MIGRAÇÃO DE ARTISTAS CIRCENSES POR UM VIÉS CULTURAL E ECONÔMICO Sluchem Tavares Cherem (IC)*, Daniele Dionisio da Silva (PQ); Cintiene Sandes Monfredo **(PQ2) daniele.silva@ifrj.edu.br Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro*, UFRJ** Palavras-chave: Migração, Relações Internacionais, Cultura Popular, Artistas Circenses, Brasil-Europa. Introdução Este trabalho foi pensado a partir da observação de que hoje a maioria dos artistas circenses brasileiros ou estão no exterior, ou já foram pelo menos uma vez em busca de trabalho. A história e a cultura da profissão dos artistas de circo são marcadas pela identidade cigana de livre migração, o que permitiria caracterizar essa migração Europa-Brasil-Europa como uma migração pelo viés cultural. Se usarmos como base teórica, os economistas adeptos do livre fluxo de mão-de-obra poderíamos avaliar a situação caracterizando essa migração pelo viés econômico, onde os artistas de circo seriam incluídos nas teorias capitalistas de exploração da mão-de-obra assalariada. Em muitas análises, as migrações são caracterizadas pelas condições econômicas e apresentadas como um impulso dos indivíduos em busca por melhores condições de vida, de trabalho e salários. As teorias gerais da migração, com foco quantitativo, são análises referentes às dinâmicas das migrações internacionais mais visíveis, onde efetivamente não se enquadra a migração dos artistas de circo, principalmente pela pequeníssima parcela de indivíduos circenses migrantes em relação ao número total de trabalhadores migrantes, o que torna esse tipo de migração circense quase invisível. Entretanto, nessas teorias também há a necessidade de se verificar as particularidades dos movimentos migratórios com um foco mais qualitativo, onde são analisados elementos como a continuidade e a persistência, o tempo e o espaço; as formas de interação, inserção nas sociedades de destino; a relação cultural; os impactos nos países de origem e retorno; e os fluxos de remessas, pontos que são bem relevantes no caso da migração de artistas circenses. Assim se propõe que a análise economicista do processo migratório deve ser complementada pela visão sociológica que, sobretudo, avalia as questões de inserção social dos indivíduos nos países de destino e as condições culturais, algo extremamente importante para o estudo proposto. Segundo Rogério Haesbaert, os indivíduos migram auxiliados pelas redes sociais, redes de informação realizada por outros imigrantes que ajudam na inserção do indivíduo mais facilmente nos locais aonde chegam. Este ponto tem relevância para a migração circense, já que é comum o artista viajar para o exterior com um contrato de trabalho feito no Brasil, entre uma agência e um empreendimento circense no exterior, agência esta que já possui uma sólida rede de informação no exterior nesta área de trabalho. Grande parte dos trabalhadores de outras áreas migra na ilegalidade desconhecendo os procedimentos para obtenção de vistos de trabalho, seus direitos e deveres em outros países, os riscos das migrações feitas de forma irregular, entretanto os artistas circenses que migram para Europa na maioria das vezes por causa desses contratos de trabalho tendo visto de trabalho, apesar de não desfrutarem de condições de trabalho melhores que os ilegais já que realizam jornadas de apresentações extremamente pesadas. Considerando que as correntes teóricas de migração são análises referentes às dinâmicas das migrações e admitem a necessidade de se verificar as particularidades dos movimentos migratórios, torna-se essencial contar a história destes artistas de circo para tentar explicar melhor motivações, causas e consequências. Na verdade muito pouco se sabe sobre o dia a dia do circo, das famílias ou dos artistas circenses no Brasil; bem como de seus problemas, dificuldades e por que muitos jovens de família circense tradicional abandonam o picadeiro e partem em busca de novas oportunidades, levando na bagagem tudo aquilo que aprenderam profissionalmente em seu núcleo familiar, o que dizer então da realidade dessa minúscula migração em termos numéricos ou percentuais. Levando em conta que é na Europa, ainda no Império Romano, que o circo ganha força e se desenvolve, e que no Brasil são principalmente as companhias formadas por ciganos expulsos da Península Ibérica que disseminam a arte circense pela formação das primeiras famílias consangüíneas circenses misturando os números clássicos europeus com o enquadramento da cultura do povo brasileiro criando novas atrações, podemos apontar que a ponte entre Europa-Brasil tem uma densidade de fluxo migratório histórico. No contexto do fim do século XX, muitos circos deixam de ser estruturas familiares; acredita-se que 25

26 a visão histórico-cultural do artista perdeu espaço para a necessidade econômica, bem como o surgimento de uma visão empresarial do circo focada simplesmente no lucro tornou o circo menos sentimental ou romântico. Além disso, em uma perspectiva diferenciada há o surgimento das escolas de circo, visando suprir a demanda e formar artistas que já não são de família circense. Nesta lógica, os laços sanguíneos vão sendo substituídos por uma relação de patrão e empregado como qualquer funcionário que trabalha em troca de salário. Outro fator preponderante é o surgimento de novas formas de entretenimento, como a televisão, o cinema e a internet, o que reduz drasticamente o espaço e o público circense nos grandes centros urbanos, afetando o lucro gerado pelos circos. Na última década do século XX, essa alteração na relação, somada as restrições impostas ao emprego de animais nos circos brasileiros, gerou desemprego e estimulou a busca de novos mercados de trabalhos no exterior, o que permitiu uma reativação da densidade de fluxo migratório histórico por meio da ponte Europa-Brasil, só que agora no fluxo inverso, Brasil-Europa. Assim sendo, esta pesquisa tem importância no âmbito de avaliar culturalmente e economicamente como se processa a migração de artistas circenses brasileiros para a Europa, bem como coletar estórias e registrar depoimentos desses artistas circenses migrantes, permitindo o registro destas histórias contadas e recontadas de acordo com os olhos do próprio artista, algo ainda não estruturado por um viés acadêmico. Desta forma, esta pesquisa propõe que acima de tudo há uma estória que precisa ser contada! Uma História que tem valor histórico e cultural! O trocadilho destas duas palavras, estória e História, tornou-se o objetivo da pesquisa: resgatar, registrar e revalorizar um passado por meio de um documentário de média metragem, uma perspectiva histórico-cultural que envolve muito mais do que a simples migração de artistas circenses por um viés cultural ou por um viés econômico. Além disso, entender melhor o atual mercado de trabalho circense no Brasil e no exterior, e as migrações que nele acontecem, preenchendo uma grande lacuna de conhecimento histórico e cultural na área circense no meio da Produção Cultural, o que também permite teorizar a estrutura migratória de mão-de-obra em uma área cultural, algo raríssimo no meio acadêmico. Resultados e Discussão A pesquisa foi iniciada em agosto de 2010 com a coleta e a leitura dos raríssimos textos acadêmicos sobre tema, muitos deles escritos por pesquisadores que tem sua história de vida misturada as múltiplas estórias do circo; levando em conta as proposições teóricas sobre migrações, a carência de fontes acadêmicas sobre o circo no Brasil e a riquíssima estória histórica da aluna Sluchem Cherem, bem como sua vasta rede de contatos. Em maio de 2011, começaram a ser aplicados os questionários aos artistas circenses a fim de avaliar questões como: idade, nacionalidade, se faz parte de família tradicional circense, onde aprendeu a arte circense, se já trabalhou fora do país (onde, quando, em que tipo de trabalho e por quanto tempo), se migrou sozinho ou com a família, como foi a experiência (avaliação financeira, profissional e pessoal), se teve alguma dificuldade referente à língua e a cultura do outro país, qual a motivação para ir trabalhar fora do país, como foi o processo (convite ou procurou meios para oportunidade de trabalho internacional), passou por algum tipo de seleção antes, como foi o reconhecimento profissional do público e dos empregadores. Essa análise por meio de questionário permitiu perceber a necessidade de expandir a pesquisa passando a registrar formalmente as estórias dos artistas circenses que tinham tido uma experiência no exterior tentando transformá-las na História de um produto cultural popular que é o circo em uma tentativa de evitar que ele seja extinto ou esquecido. Já fim do século XVIII há relatos que apontam grupos circenses indo de cidade em cidade, em lombo de burros, fazendo de tudo um pouco em pequenos espetáculos em busca de público e de sustento, algo que demonstra a essência de livre migração destes artistas, bem como sua necessidade de obter retorno financeiro com o trabalho artístico. Deste modo, essa migração dos jovens aconteceria mais naturalmente do que em outros contextos profissionais, apesar dos questionários e entrevistas apontar que a migração tem hoje um foco mais na migração individualizada de jovens do sexo masculino e não mais na familiar. Os questionários iniciais, bem como as entrevistas gravadas ainda em 2011, já sugeriam que era muito comum a migração dos artistas circenses brasileiros, tendo sua primeira experiência no exterior entre os 20 e 25 anos, principalmente em circos da Europa por um período entre 6 meses e 1 ano desempenhando um amplo espectro de atividades circenses, ou para a América do Sul por períodos mais curtos de até 3 meses desempenhando primordialmente atividades de malabarismo. Apesar de muitos desses jovens não serem de família tradicional circense vivem exclusivamente do trabalho no circo e tinham a experiência profissional e artística como motivação para viagem, apesar de considerarem outras motivações. Os questionários 26

27 apontam ainda que estes jovens obtêm vantagens financeiras e profissionais consideráveis se comparados a outros artistas circenses que nunca saíram do país. Nos questionários aplicados em 2012, em função da crise econômica e da retração do mercado de trabalho que atinge a Europa, surgem relatos de experiências de trabalho recentes na América do Norte, na Ásia e no Oriente Médio. Neste momento há que se considerar também que nos últimos anos, o Brasil vem registrando um crescimento econômico contínuo com significativa elevação do nível de emprego formal, aumento da renda da massa da população, aumento dos gastos com entretenimento e cultura, o que vem promovendo uma singela ampliação das atividades ligadas ao circo-teatro, por exemplo, apresentação de artistas circenses em shoppings, em festas infantis, em espetáculos teatrais, em eventos esportivos, em festivais culturais e até mesmo em programas de teve e shows, isso tem levando alguns dos entrevistados, que já trabalharam várias vezes fora do país, a repensar se vale a pena uma nova jornada de trabalho no exterior, longe de seu ambiente familiar ou cultural, com ganho econômico relativo e com a possibilidade de sofrer mais uma vez uma carga de trabalho exaustiva e o preconceito por ser um imigrante. Um ponto relevante para pesquisa foi a criação do blog Brasilidade Circense ( circense.blogspot.com.br), que permitiu coletar estórias, postar material áudio visual, divulgar eventos e disponibilizar os questionários on-line. Neste momento, o blog está passando por uma reformulação com a inserção de guias para dividir melhor os assuntos das páginas. Blog Brasilidade Circense Neste segundo ano de pesquisa também foram realizadas idas a apresentações circenses em circos instalados no interior, nas periferias, bem como a eventos que reuniam artistas circenses para aplicação dos questionários, como por exemplo, a 13ª Convenção Brasileira de Malabares e Circo (gravação de vídeo documental e editado e postado no blog), o IV Festival Internacional de Comicidade Feminina Esse monte de mulher palhaça (participação na oficina de Comédia Del Arte e na palestra Mulheres com suas palhaças em tese ), Noites de Parangolé (registro fotográfico do evento para postagem no blog). Ao longo dos últimos seis meses, o questionário também foi divulgado on-line via facebook em grupos e páginas ligadas à temática circense a fim de aumentar o número de respondentes. Em maio de 2011 tínhamos 18 questionários respondidos, neste momento temos 35. Paralelamente a aplicação dos questionários foram feitas visitas para registro áudio-visual, entrevistas e coleta de imagens das apresentações, nos circos Unicirco Marcos Frota, Circo Big Brothers, Circo Stankowich, Circo do Topetão e a empresa Up Leon Entretenimentos que seleciona e agência artistas circenses para o exterior. Basicamente foram entrevistados artistas que já trabalharam no exterior ou que participam do processo de agenciamento, como por exemplo, Douglas Rodrigues (trabalhou no globo da morte na Holanda, na Alemanha e nos Estados Unidos, é de família tradicional de circo), Rafael Senna (trabalhou como palhaço na Europa e na Arábia Saudita, tem o privilégio de falar inglês fluentemente), Olga Dalsenter (dona da Empresa Up Leon que agencia os artistas no exterior, foi da faculdade de teatro para a escola de circo com o intuito de melhorar suas capacidades, não assume nem gosta que sua empresa seja considerada uma agência, por que acha que agenciar dá um tom de exploração ao processo,), Rodolfo Rangel (trabalhou como acrobata em vários lugares do mundo, ex-atleta e treinador da seleção brasileira de salto acrobático), Renato Ferreira (trabalha como o palhaço, também foi da faculdade de teatro para a escola de circo com o intuito de melhorar suas capacidades), Marias da Graça (grupo de palhaças que fazem apresentações curtas em festivais no exterior, um mês no máximo). 27

28 Após as entrevistas, neste momento tem se como proposta de estrutura para o Documentário Curta Metragem Brasilidade Circense (20 min): abertura (imagens livres de lugares na Europa na quais os próprios artistas filmam sob seu ponto de vista), o início de tudo (animação ou fotos da chegada dos circos europeus no Brasil), apresentação dos artistas migrantes, o agenciamento, os artistas e suas experiências no exterior, opiniões (atual mercado de trabalho brasileiro e a possível volta ao exterior). Conclusões Primeiramente pode-se concluir que a densidade e a diversidade de dados que esta pesquisa coletou fazem dela uma fonte de referência sobre o tema circo. Considerando que essa migração invisível de artistas circenses faz parte da própria cultura da profissão, pode-se também apontar que o trabalhador migrante legal ou ilegal, artista ou não, sempre tem uma carga de trabalho pesada e pouquíssimos benefícios trabalhistas. Além disso, que a realidade econômica e política local ou regional influenciam diretamente na escolha pela migração. E por fim que as experiências no exterior agregam imensamente valor profissional a qualquer artista circense. Agradecimentos Ao IFRJ/CNPq/FAPERJ pelo apoio financeiro. A todos os artistas de circo e pesquisadores do tema que até o momento partilharam de suas estórias e Histórias. Ao Laboratório de Estratégias Didáticas LED, seus monitores e ao professor Tiago Monteiro que doaram seu tempo para produção do documentário. Referências - ALMEIDA, Luiz Guilherme. Ritual, Risco e Arte Circense. Brasília: UNB, BOLOGNESI, Mário Fernando. Palhaços. São Paulo: Editora Unesp. - CASTRO, Alice Viveiros de. Elogio da Bobagem. Rio de Janeiro: Editora Família Bastos, HAESBAERT, Rogério. Da desterritorialização a multiterritorialidade. Anais do X Encontro de Geógrafos da América Latina. Universidade de São Paulo, Março HARRIS, John R., TODARO, Michael. Migration, Unemployment and Development: A Two-Sector Analysis. The American Economic Review, Vol. 60, nº 1, 1970 ( pp ) - SASAKI, Elisa Massae. ASSIS, Gláucia de Oliveira. Teorias das Migrações Internacionais. XII Encontro Nacional da ABEP, SAYAD, Abdemaleck. A imigração ou os paradoxos da alteridade. São Paulo: EDUSP, SILVA, Ermínia. O Circo: Sua Arte, Seus Saberes: O Circo no Brasil no Final do Século XIX e Meados do Século XX Dissertação de Mestrado Unicamp Departamento de História. - TAMAOKI, Verônica. O ghost do Circo. São Paulo: Massao Ohno e Robson Breviglieri Editores, TODARO, Michael P. Internal Migration and Urban Employment: Comment. The American Economic Review, Vol. 76, nº 3, pp ,

29 Jogos Eletrônicos e Ensino de História Tiago da Silva Medeiros(IC), Vinícius Faria (IC) Danilo Spinola Caruso (PQ); Augusto Garcia Almeida (PQ2) Danilo.caruso@ifrj.edu.br Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro Palavras-chave: Jogos eletrônicos, tecnologia de jogos, História do Brasil. Introdução Este projeto tem por objetivo a produção de um jogo eletrônico (vídeo-game) voltado para o aprendizado da História do Brasil. Nossa proposta consiste em desenvolver e implantar um instrumento pedagógico através do qual crianças e adolescentes possam, de forma lúdica, construir conhecimento sobre nossa História, divertindo-se no processo de aprendizagem. Ao mesmo tempo, também pretendemos fomentar o desenvolvimento científico de nossa região, na medida em que todo o trabalho de pesquisa e implantação tecnológica do jogo será realizado por professores e alunos do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro (IFRJ). O aprendizado da tecnologia empregada possibilitará, num futuro próximo, que outros jogos eletrônicos sejam desenvolvidos no IFRJ, voltados para o mercado ou para iniciativas pedagógicas. Partimos do pressuposto que o Brasil não pode permanecer defasado nesta área. A indústria dos jogos eletrônicos desenvolveu-se aceleradamente nas últimas décadas, acompanhando a sofisticação tecnológica; hoje, seu faturamento figura à frente até mesmo da bilionária indústria do cinema. Além dessa importância econômica, é importantíssimo salientar que a indústria dos jogos eletrônicos, tal como ocorre na música e no cinema, cumpre papel importantíssimo na formação de valores e difusão de visões-de-mundo ideológicas. Daí a necessidade de desenvolvermos tecnologia nesta área, aproveitando a expertise de professores do IFRJ e capacitando as novas gerações na utilização das ferramentas tecnológicas da área. Nosso projeto se insere, dessa maneira, num esforço coletivo de empresas e outras instituições de pesquisa, que buscam oferecer ao mercado brasileiro uma produção nacional de jogos eletrônicos, que faça frente a esmagadora presença da produção internacional (notadamente dos EUA), e que trate de temas voltados para a realidade social brasileira e para os interesses nacionais. No nosso projeto, o roteiro se baseia no Brasil no século XVII, o que permitirá ao jogador o aprendizado de conteúdos importantes de nossa História. Cada fase do jogo, e o encadeamento entre elas, conflui para esta meta geral, e é neste sentido que se moverá o roteiro e se darão os conflitos dos personagens. Uma vez concluído, o jogo terá contribuído de alguma forma não somente para o aprendizado e entretenimento do jogador, como também para a reflexão crítica sobre a nossa identidade cultural e o papel de cada cidadão na sociedade atual. Resultados e Discussão Foram estabelecidas cinco fases para o projeto: I) Fase conceito; II) Fase projeto; III) Fase implementação; IV) Fase Teste; e V) Fase implementação. Nossa equipe definiu o conceito básico (High Concept) do jogo e passou à discussão das ferramentas tecnológicas a serem adotadas. Após uma pesquisa sistemática no mercado, optamos por desenvolver o jogo na plataforma (engine) Unity, realizando as animações e modelagem em 3d utilizando o Blender. As duas ferramentas escolhidas tem a vantagem do custo muito baixo (possibilitando a priorização de gastos para o hardware). Após a escolha, iniciou-se a roteirização do jogo e treinamento da equipe nas ferramentas escolhidas. Atualmente, os bolsistas já desenvolvem testes de funcionamento da mecânica dos jogos eletrônicos em três dimensões. A equipe percebeu que num projeto Para tanto, é preciso discutir uma melhor articulação entre três elementos, identificados pela equipe como os polos principais para a conclusão de um projeto na área de jogos eletrônicos: a) disponibilidade de pessoal técnico com experiência na área, conciliada com treinamento adequado de bolsistas e/ou colaboradores; b) equipamento adequado, com o máximo de tecnologia possível; 29

30 c) tempo disponível para o trabalho. Quando falta um desses polos, imediatamente torna-se necessária alguma compensação nos outros dois; caso contrário, o andamento do projeto como um todo se compromete. No atual momento, a equipe trabalha na conclusão da primeira fase do jogo. Segundo o roteiro desenvolvido, nesta primeira fase serão tratados temas importantes para a História do Brasil Colonial como a questão indígena, a miscigenação, a violência do sistema escravista e a interiorização do território. Figura 1: aspecto do cenário em 3d Figura 2: Unity 3d em funcionamento Figura 3: aspecto do cenário em 3d Conclusões A equipe considera plenamente factível a possibilidade de utilização da tecnologia dos jogos eletrônicos para o aprendizado da História. As ferramentas de software são acessíveis; temos profissionais com o know-how necessário; as necessidades de hardware podem ser atingidas com financiamento adequado; e, finalmente, existe espaço para o desenvolvimento de jogos eletrônicos no Brasil. Em primeiro lugar, porque esse ramo da indústria do entretenimento ainda está dando seus primeiros passos no país, havendo um amplo campo para crescimento de jogos com temática brasileira. E em segundo, porque a própria indústria mundial vem diversificando o mercado, e um dos novos ramos com boas possibilidades de crescimento é o de jogos com temáticas pedagógicas. Com os resultados que temos até o momento, verifica-se que existe a possibilidade real de desenvolvermos um produto com qualidade semelhante aos disponíveis no mercado. Mas, para isso, é preciso uma melhor articulação entre os diferentes campi que participam do projeto, com mais tempo para a equipe e mais bolsistas e/ou colaboradores para o projeto. Agradecemos ao IFRJ, pelo apoio financeiro. Agradecimentos Referências AHEARN L., 3D Game Textures, Second Edition: Create Professional Game Art Using Photoshop, Focal Press, 2 Edição, 2009 AMRESH A., OKITA A., Unreal Game Development, A K Peters, BUSBY J., PARRISH Z., WILSON J. Mastering Unreal Technology, Volume I: Introduction to Level Design with Unreal Engine 3, SAMS, Mastering Unreal Technology, Volume II: Advanced Level Design Concepts with Unreal Engine 3, SAMS, BUSBY J., WILSON J., OWENS D. Mastering Unreal Technology, Volume III: Introduction to UnrealScript with Unreal Engine 3, SAMS, FLYNT J. P., CAVINESS C., UnrealScript Game Programming All in One, Course Technology PTR, 1 Edição, FLYNT J. P., BOOTH B., Unreal Tournament Game Programming for Teens, Course Technology PTR, 1 Edição, GAHAN A., 3ds Max Modeling for Games: Insider's Guide to Game Character, Vehicle, and Environment Modeling, Focal Press,

31 Resumo AFROBRASILIDADE: CONSTRUINDO CAMINHO NA EDUCAÇÃO Nome do aluno do programa Sandra Regina Fabiano do RosárioVieira Professor(a) orietador Doris Regina Barros da Silva Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro -IFRJ - Campus de Nilopólis, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico - CNPq Palavras-chave: cultura afrobrasileira, patrimônios, memória, identidade Introdução O Projeto pesquisa Circuito AfroNil: memórias, patrimônios e processos identitários afro-brasileiros que tem como campo de observação o projeto de mesmo nome, Isto é,projeto Circuito AfroNil, cujo eixo pedagógico são visitações a marcos históricos e centros culturais que possuem acervo relacionado à História e Cultura Africana e Afro-brasileira. Parceria entre órgãos da prefeitura de Nilópolis e o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia IFRJ Campus de Nilópolis, seu público-alvo são alunos de quatro turmas do nono ano do Ensino Fundamental da rede municipal e uma do segundo período do ensino médio técnico da rede federal. A presente pesquisa objetiva investigar processos identitários e de produção de subjetividades engendrados em projeto educativo voltado especificamente para a abordagem de temas relacionados à História e Cultura Africana e Afro-brasileira (Leis /03 e /08).Evidenciar a relevância de propostas educativas que possibilitem a ampliação do conhecimento em relação às contribuições dos povos africanos à formação da nação brasileira, ressaltando a pluralidade e diversidade sócio-econômica e cultural contida em nossa sociedade;contribuir para dar visibilidade ao potencial pedagógico contido nas manifestações artísticas e culturais, personalidades, marcos históricos, movimentos, conquistas e demais fatos e elementos de relevância relacionados à História e cultura negra para a formação identitária da população afrodescendente e para a sociedade em geral;colaborar para desconstruir estereótipos que persistem no imaginário social e repercutem negativamente na formação da identidade e auto-estima dos afro-brasileiros, produzem a naturalização da subalternização social a que esse segmento vem sendo relegado, ocultando razões históricas e políticas de tal fenômeno;possibilitar a percepção sobre aspectos formativos engendrados em propostas que privilegiam a interação, a ludicidade, a memória, a oralidade e outros princípios educativos que remetem a formas de convívio, produção de conhecimento e cosmo visão africanos; Analisar as peculiaridades que envolvem uma ação educativa elaborada e implementada por meio de parceria interinstitucional entre órgãos de diferentes instâncias governamentais; 31

32 Os instrumentos metodológicos empregados é observação-participante,entrevistas, revisão bibliográfica.serão interlocutores desse trabalho jovens e educadores participantes do Projeto Circuito AfroNil e outros sujeitos que possam agregar elementos de análise de interesse da pesquisa.sua abordagem e qualitativa ancorada nos estudos culturais. Resultados e Discussão As análises aqui realizadas são preliminares, pois a pesquisa está em andamento e os encaminhamentos sugeridos são mais de cunho prático do que teórico. O conhecimento da existência da lei, bem como a importância atribuída à aprendizagem da História e Cultura Afrobrasileira e Africana - as 5 escolas participantes do projeto conheciam a lei - é um sinal positivo, ainda que por si só este fato não assegure sua efetiva implementação prática, nem as mudanças necessárias para a desconstrução dos estereótipos em relação ao negro. É preciso ações efetivas e o Circuito AfroNil é um projeto que sai do plano das ideias para ser uma experiência concreta de ação afirmativa. Há necessidade de formação continuada para os professores sobre a temática, a ausência de material didático é notória, principalmente na rede municipal. Das 5 unidades escolares só o IFRJ teve acesso ao material didático A Cor da Cultura - kit que teoricamente seria distribuído a todas as unidades escolares pelo governo federal - isto implica que as unidades municipais não tinham material de apoio para trabalhar. As analises preliminaries da pesquisa gerou produtos que foram submetido a três eventos a saber: Forum Mundial de Educação tecnologica a comunicação é em forma de poster tendo sido aceito, com exposição prevista para dia 30/05/2012.Já para Enecult e o COPENE e forma de comunicação escolhida foi o artigo que encontram-se em fase de analise. Conclusões Espera-se que a partir de projetos de intervenção, articulando novos conteúdos curriculares e práticas pedagógicas, produziram-se condições facilitadoras de apreensão de novas ideias e criação de outras formas de agir pedagógica e socialmente, possibilitando a inserção da temática afro no contexto escolar de forma gradativa e processual. Com certeza, estamos cientes de que obstáculos, contradições e desafios precisam ser enfrentados permanentemente. No entanto, não deixamos de acreditar que as reflexões e contribuições desse trabalho podem abrir espaço para novas discussões, em que possamos refletir criticamente sobre a presença dos conhecimentos relacionados à África e à Cultura Afrobrasileira no currículo das escolas com um novo enfoque, visando à construção de um novo modelo social. 32

33 Agradecimentos Agradeço ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Campus de Nilópolis IFRJ e ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico - CNPQ pelo apoio financeiro que possibilita o aprimoramento e aprofundamento de meus conhecimento enquanto aluna do curso CST em Produção cultural. À Doris Regina Barros da Silva minha orientadora pela sua dedicação que ao longo dessa jornada ajudou a construir e solidificar conceitos importantes a minha formação. REFERÊNCIAS Referências BRASIL. Ministério da educação cultura. Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação das relações Étnico-Raciais e para o ensino de Historia e cultura Afro-Brasileira e Africana, Brasília, Distrito Federal, 2004, 33, p. DA MATA, Roberto. Digressão: A fábula das três raças, ou o problema do racismo á brasileira. In: Introdução a antropologia social, Rio de Janeiro, Rocco DOMINGUES, Petrônio.Movimento da negritude: uma breve reconstrução histórica Mediações Revista de Ciências Sociais, Londrina, v. 10, n.1, p , jan.-jun DUPRET, Leila. Jovem da Baixada Fluminense: religião de matriz afro-brasileira e subjetividade: um entrelaçamento à luz da complexidade. In: SISS, Ahyas (org). Diversidade Étnico-racial e Educação Superior Brasileira: experiências de intervenção. Rio de Janeiro: Quartet, FERNANDES, Florestan. O negro no mundo dos brancos. 2 ed. São Paulo: Global, IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios. Síntese dos Indicadores de Rio de Janeiro: IBGE; 2010 [acesso em 16 abr 2012]. Disponível em: 33

34 Quem não gosta de ciência bom sujeito não é...: o carnaval como inspiração Thiago da Silva Cerqueira(IC)*, Romulo de Oliveira Pires *(IC), Eline Deccache Maia *(PQ); Jorge Cardoso Messeder**(PQ2) do orientador(a): eline.maia@ifrj.edu.br Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro Campus Nilópolis*, ** Palavras-chave: Carnaval; Ciência; Ensino de Ciências; Material Didático Introdução O carnaval tem sido um tema muito estudado na área das ciências sociais que buscam compreender o sentido deste fenômeno social em nossa sociedade. Contudo, nenhum ou poucos trabalhos até então foram realizados no sentido de acompanhar e mensurar quanto de ciência é encontrado nos barracões onde o carnaval é elaborado. Quando a relação entre ciência e carnaval é feita isso se dá devido à sua forma explícita como, por exemplo, quando alguma escola de samba explora o tema da ciência como enredo. É o caso do prêmio Nobel de Química Roald Hoffmann, que chama atenção para esse fenômeno no prefácio da edição brasileira do livro O mesmo e o não mesmo, apresentando seu olhar sobre uma das maiores festas existentes: Havia química no carnaval do Rio de Janeiro de A química estava lá não apenas simbolicamente, na deslumbrante alegoria da Pirâmide da Vida que Paulo Barros criou para a Unidos da Tijuca (...). Estava em todos os lugares para onde se olhasse, nos plásticos e nas fibras sintéticas que preservavam a leveza dos carros alegóricos e suas fantasias, nas cores brilhantes. (2007, p ). Que diria Hoffmann se tivesse oportunidade de visitar o barracão de uma dessas escolas! Veria que além da química tem física, matemática, biologia, história etc. no dia a dia da construção do carnaval carioca. Foi exatamente isso que constatamos com a pesquisa Ciência no Barracão: um estudo exploratório durante o trabalho de campo realizado no segundo semestre de 2011 e início de 2012, no barracão do GRES Beija-Flor de Nilópolis, cujo objetivo foi verificar como a ciência, colocada em prática nesse ambiente, poderia auxiliar no Ensino de Ciências. Durante o período em que visitamos o barracão constatamos como o saber científico dá suporte aos trabalhos levados a termo nesse ambiente, uma vez que os trabalhadores têm que criar alternativas que viabilizem a elaboração do que é solicitado nos projetos do carnaval, tornando aquele espaço em laboratório informal de experiências realizadas por cientistas do cotidiano. Certamente que aqui ampliamos o conceito de ciência. Não se trata da ciência institucionalizada, que possui um campo específico configurado, segundo a noção de campo de Bourdieu (2004). O que se faz no barracão não é a ciência levada a termo por iniciados, mas uma ciência que busca soluções para problemas específicos. Uma ciência empírica, que nem por isso deixa de construir um conhecimento, embora este fique confinado no interior do barracão e não circule, como no caso da ciência institucionalizada. De todo modo, acreditamos que a partir da ciência que é feita e que respalda o trabalho no barracão, podemos demonstrar um sentido mais palpável no aprendizado da mesma. Ou seja, o carnaval pode revestir de sentido para os alunos o conteúdo apresentado nas disciplinas de ciências. Resultados e Discussão Alguns estudos realizados em barracões de escolas de samba nos apontam para uma realidade extremamente rica. O trabalho que dá forma ao espetáculo do carnaval apresentado no Sambódramo é uma produção complexa que envolve: ferragem, carpintaria/marcenaria, escultura, laminação, empastelação, pintura de arte, alúminio, espuma, decoração, iluminação, mecânica, movimento, vime, néon e espelho. São atividades que dependem de conhecimentos diversos. Os trabalhadores envolvidos são majoritariamente da comunidade de origem da escola e apresentam baixa escolaridade, o que em algumas tarefas pode ser um complicador, principalmente aquelas que necessitam de interpretação de plantas/projetos e a realização de alguns cálculos matemáticos. O método de ensino utilizado nos barracões se dá a partir da demonstração e experimentação, sendo o trabalho concreto um laboratório de aprendizagem (Valença, 2006). Apesar da baixa escolaridade, os trabalhadores que estão à frente dos diversos setores do barracão contam com ampla experiência adquirida empiricamente, inclusive alguns deles dominando conteúdos científicos, definindo-se, em muitos casos, como autodidatas. Trabalhar com o tema carnaval envolve uma discussão com muitas dimensões. O carnaval é um fenômeno social complexo, amplamente estudado por renomados cientistas 34

35 sociais, como é o caso do antropólogo Roberto Da Matta (1979; 1981). A importância desse evento para a cultura carioca é inegável, e envolve aspectos econômicos, tecnológicos e de inovação, esses dois últimos pouco discutidos e investigados. A realidade observada no barracão nos indica que é possível obter uma gama de temas geradores científicos que podem ser transformados em materiais didáticos pedagógicos instigantes, facilitando a prática de professores de Ciências da rede municipal de Nilópolis. Como ilustração, podemos citar as atividades desenvolvidas no setor de moldagem, onde existe uma grande variedade de resinas poliméricas utilizadas. Assim como o conteúdo de química, os de física serão analisados de maneira análoga. Como exemplo, podemos citar a engenhosidade dos carros alegóricos nos seus diversos momentos de criação, onde o professor de física encontra situações de estudo que abordam tópicos relevantes da mecânica clássica, como sistemas de alavancas, roldanas, movimento e equilíbrio entre outras. A ideia de que o conteúdo encontrado no barracão é rico para estimular os estudos de Ciências, se complementa com o fato de que o inverso também se dá. Dito de outro modo, o conteúdo abordado na escola e utilizado nas atividades desenvolvidas no barracão pode se caracterizar como um diferencial do trabalhador que ali se encontra. Geralmente, o trabalhador que consegue aliar o que aprendeu na escola formal de ensino com suas atividades, quando esse aprendizado teve alguma significância para o mesmo, possui uma relação diferenciada com as tarefas desenvolvidas, tendo resultados que se destacam no conjunto. Quando o encarregado da parte de adereços e texturização foi perguntado se ele via alguma relação entre o conteúdo aprendido na escola com o trabalho desenvolvido no barracão sua reposta foi significativa: Muito, muito, muito muito...de todas as matérias. Às vezes a gente está na escola e diz ah pra que eu vou estudar química? Pra que eu vou estudar física? E isso está muito influenciado porque você para fazer um cálculo de material você precisa da matemática, você às vezes usando a cola em certos materiais ela causa uma reação química, você tem que saber a dosagem certa, você tem que saber se aquele material aceita a reação do outro material, é pura química. A física está na questão do peso do material e do volume. A relação encontrada é dialética. O ensino formal tem muito a contribuir com as práticas cotidianas assim como essas podem apoiar as práticas de ensino. A compartimentalização que a escola conseguiu fazer com os conteúdos abordados, dando a sensação de que o que aprendemos na escola não tem relação com o mundo prático, pode ser modificada quando conseguimos estabelecer conexão entre esses dois universos, atribuindo sentido aos conteúdos abordados. O grau de pertencimento a um ambiente depende de nos reconhecermos ou não nele e, infelizmente, os jovens não conseguem se enxergar na escola atual, não detectam elementos de identificação com as propostas que lhes são apresentadas, do mesmo modo que não conseguem compreender para quê aprender Ciências, mal sabendo eles que a ciência está em toda parte, mas a ciência que ele vê na escola é muito distante de sua vida. O carnaval está aí para provar o contrário. Ao pensarmos em estudar Ciências a partir do carnaval, partimos do pressuposto de que o material gerado seria utilizado no município de Nilópolis, uma vez que teríamos neste uma delimitação mais clara de identificação do tema com o cotidiano dos jovens estudantes. A partir de uma atitude de ensino CTS existe a proposta de confecções de vídeos educativos (reunidos em DVD) que abordem a atividade desses trabalhadores pesquisados em seus ambientes de trabalho e propostas de planos de aulas para que o professor de Ciências torne a sua aula mais instigante. Tais materiais serão distribuídos para os professores de Ciências da rede pública de Nilópolis para uma futura validação, que será realizada em parceria com o Mestrado Profissional em Ensino de Ciências (PROPEC) do IFRJ Campus Nilópolis. Conclusões Terminada a primeira fase da nossa pesquisa, qual seja, a de coleta de material para confecção de material didático, percebemos que o que observamos durante esses oito meses de trabalho de campo foi uma riqueza enorme de possibilidades de diálogo entre as duas escolas: a de samba e a formal de ensino. Os dois ambientes constituem-se em espaços de aprendizagem, com características distintas, mas que podem se retroalimentar. Uma profusão de conhecimentos científicos tem no carnaval um espaço significativo. A criatividade do carnaval, tão importante para alavancar a escola de samba na competição, depende cada vez mais do domínio de tecnologias inovadoras. Do mesmo modo, as escolas formais de ensino dependem cada vez mais de novas abordagens de seus conteúdos para tornar esse espaço um local onde o aprendizado seja um processo prazeroso e eficaz. Para tanto, partirmos do pressuposto de que atribuirmos um sentido ao aprendizado pode ser uma forma de estimular nos alunos o interesse em aprender Ciências e, deste modo, promovermos a cidadania desses jovens, proporcionando o direito básico que os mesmos têm de um ensino de qualidade. A abordagem CTS vem demonstrando que o entrelaçamento de temáticas diversas pode se constituir em um caminho muito rico e estimulante. O tema do carnaval é aqui apresentado como um aspecto 35

36 a mais a ser somado na criação de mecanismos que contribuam para a facilitação do aprendizado do conteúdo de Ciências. Agradecimentos Ao IFRJ- PROCIÊNCIA e à FAPERJ pelo apoio financeiro e ao G.R.E.S. Beija-flor que abriu suas portas para a nossa pesquisa. Referências BOURDIEU, Pierre. Os usos sociais da ciência: por uma sociologia clínica do campo científico. SP: Ed. Unesp, DA MATTA, Roberto. Carnavais, malandros e heróis: para uma sociologia do dilema brasileiro. RJ: Ed. Zahar, HOFFAMANN, Roald. O mesmo e o não mesmo. SP: Ed. UNESP, SANTOS, Wildson P. dos & AULER, Décio (Org.). CTS e Educação Científica: desafios, tendências e resultados de pesquisa.brasília: Ed, UnB, VALENÇA, M.T. Trabalho e Educação nos Barracões de Samba: entre conformação e a resistência. Trabalho apresentado na ANPED, GT 09,

37 A fenomenologia de Husserl e suas contribuições para a problemática da representação Marcos Aurélio da Silva Francisco Professor Orientador: Érica Leonardo de Souza (IFRJ); Professor colaborador: Waldmir Nascimento de Araujo Neto (UFRJ) e Rodrigo Ribeiro da Silva (IFRJ) erica.souza@ifrj.edu.br Fenomenologia de Husserl, Representação, Representação Dinâmica, Aplicativo para telefonia móvel. Introdução Propomo-nos realizar uma pesquisa teórico-filosófica da fenomenologia de Husserl no que tange a sua contribuição para a problemática da representação, tomando como pressuposto que, o maior intuito de nosso projeto, é buscar alternativas para interpretar os diferentes usos da representação no trato com o estado dinâmico do objeto químico. A questão que nos mobilizou neste ano de pesquisa foi justamente esta: a fenomenologia de Husserl pode nos propiciar fundamentos ontológicos para o trato das situações didáticas mais complexas referentes aos processos de câmbio representativo e consequentemente as suas reflexões são válidas para o desenvolvimento das representações complexas e dinâmicas envolvidas nos aplicativos de animação? Responder essa questão em sua integridade fora, durante este ano de pesquisa, nosso maior objetivo. Resultados e Discussão Em um ano de pesquisa chegamos a alguns resultados parciais em relação ao objetivo primeiro e mais geral do projeto, a saber, cumpriu-se a parte referente à investigação dos elementos semióticos em jogo na problemática da representação no que tange a compreensão situada na fenomenologia husserliana. No que se refere ao desenvolvimento do aplicativo propriamente dito não houve ainda a possibilidade de adentrarmos concretamente em sua construção, dado a profundidade da investigação da parte teórica, a complexidade das questões levantadas e a momentânea indisponibilidade de um ambiente tecnológico e teórico que propiciasse a sua efetivação. (Desejamos cumprir em futuro próximo esse estágio da pesquisa, na esperança de que o projeto seja renovado por mais um ano e na esperança de que consigamos uma ajuda operacional e/ou um convênio com uma instituição que trabalhe mais especificamente com o desenvolvimento de aplicativos e que nos viabilize os ótimos aprendizado e utilização do software aberto Blender 3D em plataforma operacional mac os.) Havíamos dito anteriormente que a questão que nos mobilizou neste ano de pesquisa foi justamente a de saber se a fenomenologia de Husserl (importante campo teórico filosófico envolvido nas questões a cerca do conhecimento) poderia nos propiciar fundamentos ontológicos para o trato das situações didáticas referentes à representação e ao câmbio representativo no ensino da química e para o desenvolvimento das representações complexas e dinâmicas envolvidas nos aplicativos de animação? A resposta a este pergunta é simples: sim. Porém, a sua discussão e seu desenvolvimento mostraram-se muito mais complexas. O processo de representação é comumente identificado como uma relação entre três domínios, onde: 1) algo é representado, 2) para algo, 3) por meio de algo. Muitas vezes, no ensino da química um signo (meio comumente usado para representar algo) é imediatamente identificado como sendo o algo que se representou. Podemos compreender como sendo válido este uso no momento em que compreendemos que a pretensão do signo seja somente representar as qualidades do ente químico. Mesmo que cientes da posição crítica de alguns autores, como de Frege, por exemplo, podemos com cuidado considerar legítima a igualdade entre o representante e o representado, tendo em mente de que essa igualdade não pode de 37

38 maneira alguma significar ingenuamente que ela coloca concretamente o objeto diante do sujeito, esta igualdade não pode aniquilar o sistema representativo. A fenomenologia de Husserl nos ensina que não há necessidade ontológica de presença do objeto no processo de representação, na verdade supô-la é rejeitar a própria essência da representação que em suma traduz-se na necessidade de se vivenciar a presença (concreta ou não) de um dado objeto; podemos inclusive representar graficamente coisas que não existem e manter a atribuição de sentido. O importante é salientar que, se tratando de ensino de química, cada tipo ou forma de representação escolhida em uma atividade na sala de aula pode valorizar um aspecto do objeto, guiar o aprendiz por um caminho até ele. Fenomenologicamente falando, o importante na hora da transmissão do conhecimento é que o objeto em questão seja vivenciado intencionalmente pelos sujeitos que participam do processo de transmissão. Em um segundo estágio de pesquisa, aquela configurada neste período, conseguimos adentrar nas reflexões fenomenológicas acerca da essência do ato de pensar (fundamento do conhecimento) compreendido que é por atos que todo pensamento se realiza. Em cada ato, Husserl diferencia a matéria de sua representação subjacente, ou seja, entende-se que cada ato contém e precisa de uma representação como base (fundamento). Trata-se desta forma dois integrantes disjuntos, mesmo que abstratos, de atos. A matéria é considerada aquilo que no ato lhe confere a relação determinada com o objeto. (HUSSERL, p.464). Husserl confere um grande esforço para clarificar a essência desta relação. O importante é ressaltar que todo conhecer é para Husserl uma junção de atos, uma espécie de fenômeno de vivência intencional do objeto por parte de uma consciência (subjetividade) constitutiva de sentidos e que toda vivência intencional ou é uma representação ou repousa em representações que são sua base (HUSSERL, p.464). Dito com mais precisão, nas próprias palavras de Husserl: (...) em cada ato, o objeto intencional é um objeto representado num ato de representar e que, quando não se trata desde o início de um mero representar simples, um representar está sempre tão peculiar e intimamente entretecido com um ou vários outros atos ou melhor, caracteres de atos que, assim, o objeto representado de apresenta ao mesmo tempo como ajuizado, desejado, esperado e coisas semelhantes. (HUSSERL, p. 465) Mas é ímpar dizer que a vivência intencional de um objeto não é uma simples justaposição de vários atos, onde o objeto estaria intencionalmente presente com cada ato em separado, mas antes a vivência mesma é um ato estritamente unitário onde um objeto aparece uma única vez, porém este estar presente de forma única é o ponto de chegada de uma intenção complexa. O que Husserl pretende dizer é que uma vivência intencional do objeto (num pensar e/ou conhecer) só adquire sua relação e seu sentido com algo objetivo quando nela está imbricada uma vivência de representação, ou seja, quando nela está presente uma vivência do ato de representar que lhe faz a apresentação do objeto. Ou seja, para a consciência conhecedora, um objeto ou um estado-de-coisas não seria nada, não seria um objeto se esta mesma consciência não consumasse o ato de representar este objeto, que fizesse de sua intenção precisamente um objeto (seu). As qualidades, as características e os juízos ligados aos objetos em questão no pensar e no conhecer não podem ser concebidos como atos completos e independentes e neste sentido não podem ser pensados sem o ato de representação e por isso mesmo estão nele fundados. Isto que dizer de um lado que o ato de representar as qualidades, p.ex. dinâmicas, de um determinado objeto é um fator intencional na medida em que tem efetiva relação com algo objetivo e que de outro só pode adquirir esta relação de objetividade através do imbricamento íntimo com a representação simples do objeto. A representação neste caso é mais do que uma simples parte integrante do ato de pensar ela é por si mesma também uma vivência intencional concreta. O que Husserl pretende ainda dizer é que se entendemos matéria como sendo aquilo que confere a relação determinada com o objeto, podemos entender como sendo a matéria de um ato de pensar e/ou conhecer o conteúdo objetivo que é invariável nas várias e complexas formas de se representar. Fenomenologicamente falando as representações diversas (de qualidade e de juízo, p.ex.) podem ser diferenciadas através dos momentos, mas são irrelevantes para a matéria mesma, pois todas as complexas e diferenciadas representações a cerca da mesma matéria tem a mesma essência intencional. O que Husserl denomina de essência intencional dos atos é justamente o que neles há de qualitativo, isto é o que neles é 38

39 essencial como qualidade a ser transmitida e/ou conhecida do objeto e do estado-de-coisas. A essência intencional que é complexa graças a variedade de qualidades a que se quer transmitir de um objeto nada mais é que um complexo de qualidades unitariamente enlaçadas que fundam uma qualidade global unitária, de tal modo que, não se esqueça que cada qualidade primitiva não é ela própria qualidade da representação ela mesma, mas deve se ter em mente que mesmo fundada no ato de representar, as qualidades não são pertencentes à representação (como resultado), no sentido de que somente a matéria correspondente da representação é que possui verdadeiramente as qualidades imbricadas numa gama global e complexa e não a representação ela mesma. Conclusões A fenomenologia de Husserl pode certamente nos propiciar uma ampla e rigorosa fundamentação ontológica e gnosiológica para o trato das situações didáticas que envolvem o estudo de projeções representativas e de câmbio representativo em geral no ensino da química, e neste sentido pode legitimar e auxiliar o desenvolvimento de aplicativos que envolvem e auxiliam o referido estudo. Ao IFRJ e ao CNPQ pelo apoio financeiro. Agradecimentos Referências HUSSERL, E. Investigações Lógicas. Pahinomenon Clássicos de Fenomenologia. Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa. SANTAELLA, L.; NÖTH, W. Imagem: cognição, semiótica, mídia. São Paulo: Editora Iluminuras Ltda, p. SCHUMMER, J. The Chemical Core of Chemistry I: A Conceptual Approach. International Journal for Philosophy of Chemistry, v. 4, n. 2, p ,

40 Violações de direitos humanos, sofrimento social e saúde mental: um estudo com familiares de pessoas desaparecidas. Fernanda Caroline Cassador Costa, Deborah Martins de Souza, Fábio Alves Araújo (Professor orientador) fabio.araujo@ifrj.edu.br Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro*, Instituições parcerias ** e/ou de outros campi do IFRJ Palavras-chave: desaparecimento forçado, luto, sofrimento social, saúde mental, justiça. Introdução Este projeto propõe-se à análise do fenômeno do desaparecimento de pessoas, particularmente de casos que podem ser enquadrados na definição de desaparecimento forçado, ou seja, pessoas que desaparecem involuntariamente, em razão de conflitos envolvendo a participação da polícia, milícias e traficantes de drogas. Este tipo particular de desaparecimento será comparado a outros tipos e situações com o objetivo de se estudar as disputas envolvendo a categoria desaparecido. O foco central da pesquisa foi descrição e análise das experiências de sofrimento vividas pelos familiares dos desaparecidos e seus impactos na saúde mental destas pessoas e as formas como lidam com o acontecimento. Neste projeto, é importante destacarmos a importância do trabalho da antropóloga Veena Das (Das,1995) que desenvolve uma antropologia das margens do Estado, tema que se constitui como fundamental para o presente projeto, pois é a partir dele que poderemos propor uma etnografia das relações dos familiares da vítimas de desaparecimento forçado com as instâncias burocráticas do Estado. Para auxiliar nessa discussão, podemos nos referir à idéia de Asad (2004:280), que complementa esta noção dada por Veena Das, afirmando que tais margens do Estado variam de acordo com as diferentes maneiras de determinar pertencimento e inclusão,dentro e fora,a lei e a exceção. Assim, também o antropólogo Luiz Antônio Machado da Silva (Machado,2008) elabora a noção de que o funcionamento do Estado nas margens vincula-se, entre outros aspectos, aos critérios efetivos de cidadania e às diferentes modalidades de aplicação da lei em casos específicos, às relações estabelecidas no tempo e no espaço portanto sempre datadas e situadas entre as instituições estatais e seus agentes com os diferentes segmentos da população que habita o território nacional, bem como a percepção destes acerca do funcionamento institucional. Assim, é de tamanha relevância citarmos Lautier(1987:87), que se insere nesta discussão apresentando uma noção específica acerca da noção de cidadania, que é a cidadania de geometria variável, que se referente a uma cidadania mutável segundo hierarquias de poder tácitas, mas informalmente consolidadas, variáveis e sempre situadas. Assim, esta noção admite que nem sempre a linguagem dos direitos é hegemônica e que, quando isso ocorre, o conceito prático de cidadania surge diferencialmente indexado às situações e aos problemas concretos. 40

41 Um outro aspecto deste projeto, é investigar a produção da identidade frente a situações limites, eventos críticos e acontecimentos traumáticos. Como revela Araújo (Araújo,2007), o crime de desaparecimento forçado é tomado como um evento traumático que provoca uma série de experiências traumáticas e sofrimento social. Ao mesmo tempo, a reivindicações por justiça e reparação demandam formas de rememoração e protesto que fazem aparecer todo um repertório moral do qual os familiares lançam mão para se relacionar com a lei e com o Estado. Assim, a partir da vivência de uma experiência traumática o desaparecimento forçado se constituem comunidades morais que passam a interpelar o Estado por justiça, verdade e reparação. A construção de identidades é um ponto central nessa pesquisa, pois nosso objetivo é analisar como os diferentes atores envolvidos no caso de desaparecimento (o governo, representado pelo órgão da polícia militar e outras instituições de justiça, os familiares das vítimas do desaparecimento, entre outros) buscam acionar diferentes dispositivos engendrando uma disputa em torno da categoria desaparecido. Ou seja, a grande questão é como cada autor aqui descrito classifica os casos de desaparecimento e lutam para que sua classificação domine a do outro. Este é um eixo principal da nossa pesquisa. A partir destes argumentos, podemos perceber que os casos de desaparecimento forçado podem ser tomados como evento crítico, tal como esse conceito é trabalhado pela antropóloga Veena Das (1995). O sofrimento e a dor que estes eventos proporcionam, têm seu papel na criação de comunidades morais, ao exigirem justiça e ao se relacionarem com o sistema burocrático e jurídico do Estado, tais comunidades são deslocadas do mundo privado e criadas como comunidades políticas, passando a questionar a legitimidade de um Estado incapaz de monopolizar a violência. Nesse sentido violência não é só destruição, influi na construção de novas identidades sociais e políticas. 41

42 Resultados e Discussão Em um primeiro momento do projeto, realizamos um acompanhamento etnográfico de eventos. Ou seja, visitamos alguns locais nos quais ocorreram manifestações e discussões de familiares de vítimas de desparecimento forçado, como a rede contra a violência. Um outro local, foi a audiência de uma caso de desaparecimento, mais especificamente o de Patrícia Franco, a Engenheira de 24 anos desaparecida no dia 14 de junho de O acompanhamento desses eventos possibilitaram algumas discussões teóricas em nosso grupo de pesquisa, ampliando o nosso conhecimento a cerca de todas as questões que envolvem o fenômeno do desaparecimento. O projeto também procurou percorrer algumas instâncias onde os familiares circulam, como hospitais, Institutos Médicos Legais (IMlL s), entre outros. É importante destacarmos que este percurso foi um dos principais objetivos do projeto, visto que o acompanhamento da circulação de familiares é primordial. Ele nos possibilitou mapear alguns casos de desaparecimento, e conhecer um pouco mais das trajetórias que os indivíduos percorrem em procura de um desaparecido. O projeto pesquisou e realizou algumas entrevistas com parentes de vítimas de desaparecimento, cujo material foi estudado e analisado. Organizamos um denso material que procurou descrever os aspectos peculiares de cada vítima entrevistada, assim como perceber as mudanças que ocorreram em seu cotidiano após o evento traumático. Figura 1: Manifestação contra a violência 42

43 Figura 2: Manifestação contra a violência Conclusões Os estudos de desaparecimento priorizam a questão dos desaparecidos políticos e são raros os estudos que tratam da problemática do desaparecimento nos dias de hoje. Assim, esta pesquisa procurou mostrar de maneira explícita que a prática de desaparecimento forçado, não foi característica apenas das ditaduras militares, países como México, Colômbia e Peru, com governos civis eleitos são ou têm sido cenários da mesma. Assim, o desafio que se colocou no caso particular desta pesquisa foi o de compreender como as formas de sofrimento humano podem ser ao mesmo tempo coletivo e individual, fruto do exercício do poder econômico, político e repressivo. O objetivo foi analisar como os familiares produzem sentido, críticas e resistências para situações críticas que se encontram no limite da fronteira entre problemas pessoais e problemas sociais. Ao IFRJ pelo apoio financeiro. Agradecimentos Referências MACHADO DA SILVA, Luiz Antônio.Vida sob cerco: Violência e rotina nas favelas do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,2008. ARAÚJO, Fábio Alves (2007). Do Luto à luta: a experiência das mães de Acari. Tese de doutorado, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. DAS,Veena;POOPLE,Deborah(eds.).Anthropology in the margins of the state. New Delhi: Oxford University Press,2004. LAUTIER,Bruno. os amores tumultuados entre o Estado e a economia informal. Contemporaneidade e Educação,vol.II, N 1,1997. ASAD,Talal. Where are the margins of the state?. In: Das V.;Poople D.(ed.), Anthropology in the margins of the state. Nova Délhi: Oxford University Press,

44 ESPORTE, HOMEM E NATUREZA: POR UMA REEDUCAÇÃO AMBIENTAL Ana Clara dos Reis Damasceno e Bruno Diniz de Lima Fábio Murat do Pillar *(PQ); Marcelo Paraíso Alves**(PQ2) Fábiomurat1@hotmail.com Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro Palavras-chave: Palavras-chave: Ensino em Ciências, Interdisciplinaridade, Educação Ambiental, Modernidade. Introdução O projeto se configura a partir dos seguintes objetivos: identificar a ruptura na relação do homem com a natureza; segundo, discutir o paradigma moderno e suas consequências para a sociedade atual. Refletir sobre a referida cisão (homem e natureza), nos remete a pensar em objetivos específicos que nos permitirá realizar intervenções no cotidiano por nós vivenciado (IFRJ campus Volta Redonda). Dessa forma, em relação aos objetivos específicos, optamos por trabalhar com os seguintes direcionamentos: elaborar estratégias metodológicas com princípio interdisciplinar, entrelaçando os conhecimentos científicos desenvolvidos no IFRJ-VR (mais especificamente nas disciplinas de Geografia, Filosofia, Educação Física e Biologia) para a constituição de possíveis intervenções em educação ambiental; e propor estratégias para o ensino em ciências, ciências da saúde e educação ambiental no ensino médio. O contexto do projeto é o curso de Automação Industrial do Instituto Federal do Rio de Janeiro campus Volta Redonda (RJ). Como parte de um projeto de ensino e extensão com princípios interdisciplinares, implementado na forma de Visitação Técnica, Ensino de Ciências e Esporte na Natureza, este trabalho será desenvolvido a partir de fevereiro de 2011, nas disciplinas de educação física, geografia, filosofia e biologia do curso de automação industrial envolvendo estudantes e professores do referido curso desta instituição. Neste trabalho, serão feitas descrições e discussões de uma das intervenções deste projeto em duas direções: primeiro, no sentido da promoção de um conjunto de iniciativas e de propostas, que contenham elementos para uma revisão crítica do modelo moderno de percepção da realidade e, na medida em que as concepções pedagógicas atuais dependem desse modelo, estendendo-se também à formação docente, especialmente à formação continuada (o professor prático reflexivo ), e, a uma formação voltada para educação ambiental. No que diz respeito à prática docente, o que queremos é refletir sobre as ações realizadas tendo como base as atitudes que requer um compromisso político como intelectual transformador: iniciativa, colaboração, experimentação, interesse em trabalhos sociais (TARDIF, 1991). E o segundo direcionamento se encaminha na perspectiva do ensino em ciências. É relevante ressaltar que o estudos e inscreve na ótica de repensar as possibilidades de estratégias para o ensino em ciências. Essa perspectiva tem por centralidade o fato de que o ensino em ciências no Brasil (KRASILCHIK, 1987; GILPEREZ, 2006) vem sendo motivo de discussões e reflexões na comunidade científica e no contexto do sistema educacional: a falta de experimentação, o ensino conteudista, a carência de relações com o cotidiano nas situações de ensino e de aprendizagem, a grade curricular como uma camisa de força, que dificulta o desenvolvimento do trabalho criativo do docente, bem como o modelo de transmissão e de recepção dos conhecimentos científicos como 44

45 verdades neutras e absolutas, levam às dificuldades de superação das concepções prévias e alternativas trazidas pelos alunos, às lacunas na formação inicial do professor, à dificuldade de se implementar a formação continuada, somados ao contexto estrutural muitas vezes desfavorável que envolve as escolas e o próprio sistema educacional (Braz da Silva, 2008). Portanto, este trabalho consiste em apresentar e divulgar os resultados de uma estratégia didática, tendo por base a relação entre aprender e ensinar, visando, através da mediação pedagógica, uma dinâmica construtiva de práticas alternativas da escola pesquisada. Na intenção de atingir tal objetivo, dispomo-nos, num primeiro momento ou inicialmente, a refletir sobre os fundamentos em que, sobretudo a partir do século XVII, estabeleceram-se as bases do pensamento moderno e da racionalidade na concepção da realidade, por cujo processo a relação entre o homem e a natureza sofreu uma forte interferência. No segundo momento, o esporte na natureza como um possível espaço para repensar o paradigma moderno. E por fim a apresentação e a discussão das práticas pedagógicas que emergem das práticas pedagógicas desenvolvidas dor docentes e discentes do IFRJ campus Volta Redonda. O processo pelo qual se formularam as bases do pensamento moderno introduziu no âmbito total da cultura humana transformações profundas, especialmente na relação entre o homem e a natureza. É para a especificidade dos efeitos desse processo sobre esta relação, que voltaremos o olhar nesse estudo, buscando estabelecer os parâmetros de uma fundamentação primeira, tanto para a questão ambiental e para toda e qualquer perspectiva teórica superveniente a ela dirigida, quanto para uma interpretação do lugar (sentido) da natureza no universo das práticas corporais, notadamente das atividades esportivas. Tomaremos então a relação entre consciência e vida (homem e natureza) dentro do enfoque de uma questão determinada: o fenômeno moderno do distanciamento entre alma (vida) e espírito (consciência), em pleno curso pelo menos desde o ímpeto reformista do Renascimento, passando pela Revolução Científica do século XVII até esta parte nas sociedades civilizadas do Ocidente europeu. Se podemos citar nações como a Grã- Bretanha, Alemanha, França, Bélgica, Suíça, Holanda e Itália, como aquelas em que esse distanciamento se inicia e se faz notar muito acentuadamente, hoje ele pode ser visto como uma realidade mundial amplamente flagrante. Ressaltando que em toda essa tematização é imprescindível uma abordagem da relação entre capitalismo e protestantismo para o entendimento da transformação da sensibilidade e da visãode-mundo do homem ocidental ao longo desse processo: sua relação com a natureza. Afirmamos que esse distanciamento decorre da perda da capacidade de fusão afetiva com o cosmo vivente, isto é, do enfraquecimento da aptidão para se absorver, em participando da sua moção, nas forças atuantes nos processos vitais afirmativos de outro ser vivente, seja idiopaticamente, seja heteropaticamente, ou ainda num elemento, no qual e apenas no qual dois ou mais seres, perfeitamente individuais, identificassem-se com o que eles mesmos não são, isto é, pudessem se ter feito um, num processo de irmanação originária. Freud dedicou a esse fenômeno básico estudos importantes, reconhecendo-o como a forma primeira e mais originária do laço afetivo 2, embora dentro do campo de aplicação dos conceitos estritamente psicanalíticos. Por forças atuantes entendemos o que, mutatis mutandis, os representantes da Lebensphilosophie (filosofia da vida) chamam "élan" vital, a vasta e profunda enteléquia (Driesch), de que depende a existência e o desenvolvimento da estruturação psíquica e fisiológica, primeiro agente na formação do patrimônio genético das gerações; que liga os indivíduos aos indivíduos, as espécies às espécies, e faz da série inteira dos viventes uma imensa onda a perpassar a matéria (Bergson). Longe de ser o produto de um arranjo casual de elementos inorgânicos regidos por leis físico-químicas e, portanto, passível de uma explicação nos moldes das da mecânica física, a vida é, na verdade, um fenômeno fundamental de ordem metafísica (J. v. Uexküll), originário, e por isso mesmo inalcançável pelo método experimental das ciências positivas da natureza e pela lógica que lhes dá embasamento em princípios puramente teóricos. Resultados e Discussão 45

46 Com a pesquisa, esperamos realizar: produção de artigo sobre estratégias metodológicas e o princípio interdisciplinar, desenvolvidos no IFRJ-VR (mais especificamente nas disciplinas de Geografia, Filosofia, Educação Física e Biologia) para a constituição de possíveis intervenções em educação ambiental, por meio do esporte na natureza. Divulgar o trabalho em eventos científicos e revistas especializadas na área de Educação e Ensino em Ciências Conclusões Gostaríamos de aduzir que esse projeto inclui o objetivo de elaborar estratégias metodológicas com princípio interdisciplinar, entrelaçando os conhecimentos científicos desenvolvidos no IFRJ-VR (mais especificamente nas disciplinas de Geografia, Filosofia, Educação Física e Biologia) para a constituição de possíveis intervenções em educação ambiental; propor estratégias para o ensino em ciências, ciências da saúde e educação ambiental no ensino médio. Ao IFRJ pelo apoio financeiro. Agradecimentos Referências BERGSON, H. A Evolução Criadora. Rio de Janeiro, Zahar Editores, DESCARTES, R. Meditações. São Paulo, Abril Cultural, (Os Pensadores). FREUD, S. (1920). Más Allá del Principio de Placer. Buenos Aires, Amorrortu Editores, SCHELER, M. Sociologia del Saber. Buenos Aires, Ediciones Siglo Veinte, WEBER, M. Ética Protestante e O Espírito do Capitalismo. São Paulo, Companhia das Letras,

47 Identidade Cultural na Baixada: Uma visão antropológica sobre o curta Na Baixada não tem mar Laura Santos Ferreira de Azevedo e Rodrigo Dias Mendes Bolsista do Grupo PET/Conexões de Saberes em Produção Cultural - IFRJ Fernanda Delvalhas Piccolo Orientadora e Tutora do Grupo PET/Conexões de Saberes em Produção Cultural - IFRJ fernandapiccolodoc@uol.com.br Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro - IFRJ Campus Nilópolis Palavras-chave: Identidade, Diversidade Cultural, Documentário, Moradores, Baixada Fluminense. Introdução A Baixada Fluminense do Estado do Rio de Janeiro é uma região compreendida pela mídia como terra de extrema violência urbana e corrupção política. Porém alguns moradores desta região dizem gostar de morar neste local, por ele ser um lugar bom para se viver, apesar das dificuldades como o acesso a cultura, a educação e transporte de qualidade, dentre outros aspectos sociais importante para se ter uma boa qualidade de vida enquanto cidadão. Visando conhecer melhor o que os moradores da Baixada Fluminense, pensam sobre si mesmos e sobre a região em que vivem, fizemos uma pesquisa de campo, realizando a seguinte pergunta aos moradores de alguns municípios desta região em que percorremos: Para você, o que é ser morador da Baixada Fluminense? Esta foi a grande pergunta norteadora para nossa pesquisa de campo em relação a visão que os moradores da Baixada possuem sobre a sua identidade enquanto habitantes desta região. A mesma que deu origem ao nosso documentário que intitulamos: Autorretratos da Baixada Fluminense: Na Baixada não tem mar. Devido ao método que utilizamos em nossa pesquisa, sendo este por amostragem, percorremos apenas alguns municípios da Baixada. Isto nos possibilitou ter uma visão um pouco mais genérica de um grande universo que seria a Baixada Fluminense do Estado do Rio de Janeiro. Universo esse que por motivos de tempo, gastos, dentre outras condições de estudo, não foi possível realizar esta pesquisa em sua totalidade, ou seja, toda a Baixada. 47

48 O nome Autorretratos surgiu através desta idéia de irmos a apenas alguns municípios da região, trazendo pequenos retratos realizados pelos próprios moradores desta região sobre si mesmos. O subtítulo deste curta-metragem: Na Baixada não tem mar, foi dado devido a uma fala de uma das moradoras do município de Nilópolis que entrevistamos que relatou A Baixada ta crescendo muito, eu acho que ta tendo muita coisa legal. As Faculdades Federais que vieram pra cá, eu acho que tem muita coisa legal sim. A gente tem muito verde, tem gama de florestas, cachoeiras e essas coisas. A paisagem daqui é bonita, não tanto como o mar, porque eu acho que o mar é tudo. Na Baixada não tem mar. A entrevistada demonstrou claramente sua preferência pelas orlas cariocas. Podemos ressaltar que existe região litorânea em alguns municípios da Baixada, porém não são tão divulgados e são impróprios para o banho. Dentre as diversas possibilidades de estudos que poderíamos realizar sobre a Baixada Fluminense, tendo como base os estudos que realizamos na oficina sobre a mesma, optamos por trabalhar o conceito de identidade nesta região. Tínhamos o intuito de saber quem realmente são os moradores da Baixada Fluminense, o que eles pensam sobre si mesmos e como são vistos pelos moradores de outras regiões ( principalmente os da Zona Sul e Centro da cidade do Rio de Janeiro). O documentário que realizamos se propôs a trabalhar o conceito de Tomaz Tadeu da Silva (2007; cap 2, pp A produção social da Identidade e da Diferença) Podemos dizer que onde existe diferenciação, ou seja, identidade e diferença, aí que está presente o poder. A diferenciação é o processo central pelo qual a identidade e a diferença são produzidas. Há entretanto,uma série de outros processos que traduzem essa diferenciação ou que com ela guardam uma estreita relação. São outras tantas marcas da presença de poder: incluir/excluir ( estes pertencem, aqueles não ); demarcar fronteiras ( nós e eles ), classificar ( bons e maus ; puros e impuros, desenvolvidos e primitivos ; racionais ), normalizar ( nós somos normais, eles são anormais ). A afirmação da identidade e a marcação da diferença implicam sempre, as operações de incluir e excluir. (...) o que somos significa também dizer o que não somos. Pretendíamos estudar como estas relações de incluir e excluir, criam preconceitos e estereótipos, demarcam fronteiras, dentre outros fatores que se pode observar ao estudar o conceito de identidade entre as relações: Centro, Zona Sul da cidade do Rio de Janeiro X Baixada Fluminense. 48

49 Resultados e Discussões Os moradores Ao realizarmos as entrevistas, podemos perceber que muitas pessoas se intimidavam com o fato da entrevista ser gravada, outras associavam a política, recusavam por ter receio do que poderia acontecer após a veiculação do filme. Constatamos também que algumas pessoas possuem baixoauto estima sobre o estado atual de sua cidade, já outras acreditam que a Baixada é um região tranqüila para se viver. Uma moradora de Mesquita fez o seguinte relato em relação ao seu sentimento de pertencimento da Baixada: Não troco nenhuma casa daqui por lá embaixo. Aqui é muito mais sossegado, mais tranqüilo. O contra é o seguinte: Nós somos discriminados, só isso, o resto aqui não tenho o que reclamar. Discriminados, por sermos moradores da Baixada. Analisando alguns artigos sobre a Baixada Fluminense, encontramos outros relatos de moradores que foram pertinentes ao nosso estudo teórico, a citar: Não saio daqui de jeito nenhum. Cresci aqui, minha família veio de fora, mas eu conheço todo mundo. Se precisar de alguma coisa, sei que o pessoal me ajuda. Não fico preocupada. Não vou pra lugar onde ninguém nem sabe o nome do visinho. Todo mundo aqui é igual (Sra. I. moradora de Nova Iguaçu, entrevista realizada em agosto de 2004 Um olhar sobre a Baixada: usos e representações sobre o poder local e seus atores - BARRETO, Alessandra Siqueira 2004, p.47). Aqui a gente só pode esperar o pior. Quando chove, a gente tem que amarrar saco plástico no (s) pé (s) pra não chegar no trabalho sujo de lama ( Sr. J. morador de Duque de Caxias, em entrevista realizada em março de Um olhar sobre a Baixada: usos e representações sobre o poder local e seus atores - BARRETO, Alessandra Siqueira 2004, p.47). Um dos entrevistados se recusou a participar da filmagem, por ter nada de bom a acrescentar sobre a Baixada. Em sua concepção, esta região fluminense, possui tantas coisas negativas, que fica difícil relatar ou até mesmo lembrar de algum aspecto positivo que ela possui. Podemos constatar nas entrevistas que o sentimento de pertencimento destas pessoas dividem opiniões. Algumas ainda possuem uma visão negativa, sendo esta, certamente veiculada pela mídia, que sempre remete a Baixada como uma região de marginalização e descaso político, já outras se sentem tão lisonjeadas em serem moradoras da Baixada, que não sairiam daqui para morar na Zona Sul do Rio de Janeiro, por exemplo. 49

50 Identidade Cultural da Baixada Fluminense A Baixada é uma região muito diversa, complexa, não possibilitando dar a ela uma homogeneidade, devido a sua diversidade cultural. Cada município possui características bastante distintas. Uns parecem mais urbanizados, outros rurais. Alguns municípios são tão diferentes do resto da Baixada que nem se consideram ou desconhecem fazer parte da mesma. Um grande exemplo a ser citado é o município de Paracambi, por ser uma região tranqüila, calma, onde há a predominância de muitas florestas, paisagens bonitas, além de ser um pouco distante dos municípios mais conhecidos da Baixada como Nova Iguaçu, Nilópolis, dentre outros. Não se consideram integrantes desta região fluminense, apesar de serem. Existe grande diversidade cultural quanto a religião, aos hábitos rurais e/ou urbanos, preferências musicais, bens culturais, manifestações populares, economias, dentre outros aspectos que variam de um município para outro. Conclusões A Baixada é um local basicamente estereotipado pela mídia como violento, muito precário e desasistido pelas autoridades, tendo muito mais problemas quanto a segurança, transporte, acesso a cultura, saneamento básico, do que qualidades. Esta região possui belezas naturais, consideradas pontos turísticos como: a Cachoeira de Mesquita, a Reserva de Tinguá e o Parque Municipal de Nova Iguaçu. Podemos somar a estes aspectos a sua diversidade cultural, percebida a cada município percorrido. Porém, estes fatores positivos ressaltados pelos moradores, são poucos divulgados pela mídia, que, ao contrário, produz uma imagem negativa da região. Isto porque esta é constituída por indivíduos oriundos em sua maioria, das classes dominantes, atendendo aos seus interesses. Valorizar o Centro e a Zona Sul do Rio de Janeiro implica na operação de excluir e estigmatizar a Baixada Fluminense. Agradecimentos Ao FNDE, pelo apoio financeiro, ao PET/Conexões de Saberes em Produção Cultural IFRJ, por ser um Programa de Educação Tutorial que contribui para a nossa excelência acadêmica e permitir um amplo conhecimento sobre a Baixada Fluminense, que é o nosso foco de pesquisa. Ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro Campus Nilópolis que contempla os seus estudantes com um ensino de qualidade. Vale ressaltar que hoje o nosso Instituto é tido como um ponto de referência as empresas, devido a amplitude de excelentes profissionais que trabalham nessa Instituição de Ensino. Aos integrantes do PET/Conexões de Saberes em Produção Cultural, que tiveram relevância para que este trabalho fosse realizado. E a nossa Tutora Fernanda Delvalhas Piccolo, que sempre tem nos ajudado e contribuído para que futuramente sejamos excelentes profissionais na área da Cultura. 50

51 Referências SILVA, Tomaz Tadeu. A produção social da identidade e da diferença. In:. (Org.) Identidade e diferença: a perspectiva dos estudos culturais. 7. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, ENNE, Ana Lucia S. Imprensa e Baixada Fluminense: múltiplos representações. Revista Ciberlegenda, n.n.14, <30/03/2011>. BARRETO, Alessandra Siqueira. Um olhar sobre a Baixada: usos e representações sobre o poder local e seus atores.< BR&output=search&sclient=psyab&q=Um+olhar+sobre+a+baixada%3A+usos+e+representa%C3% A7%C3%B5es+sobre+o+poder+local+e+seus+atores&btnG= > Campos, RJ,

52 MOSTRA BAIXADA.DOC: CINEMA ITINERANTE Sidnei Eduardo Pena Gama Professor(a)orietador Fernanda Delvalhas Piccolo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro Palavras-chave: Mostra, Documentários, Baixada Fluminense, Itinerância. Introdução Este trabalho apresenta reflexões e análise da atividade de extensão Mostra Baixada.Doc. Esta atividade é itinerante e iniciou-se em novembro de 2011, na região da Baixada Fluminense. Os objetivos da Mostra são, por um lado, integrar os petianos ao entorno, à realidade a qual o grupo PET/Conexões de Saberes em Produção Cultural está inserido, trocar experiências e produções de saberes e conhecimentos com grupos sociais da região, por outro, visa a formação de platéia. A Mostra Baixada.Doc constitui-se de quatro curtas documentários, realizados pelos petianos, como resultado de duas oficinas ministradas aos mesmos: Cinema Documentário, ministrada pelo prof. Tiago Monteiro, coordenador do LED/NUCA do IFRJ, e a oficina sobre a Baixada Fluminense, ministrada pela tutora do grupo. As temáticas abordadas nos curtas, tendo a Baixada como cenário, são: religião, memória, patrimônio, estilos de vida e conflitos sociais. Até o momento foram realizadas duas itinerâncias: a primeira numa escola estadual do município de Mesquita, para aproximadamente cem alunos do nono ano do ensino fundamental. A segunda ocorreu no âmbito das atividades de encerramento do projeto Diálogos sobre a Diversidade (Afronil), no IFRJ, em Nilópolis, com 20 alunos das redes estadual e municipal participantes do projeto. Tomando essas ações como os processos educativos enquanto dinâmicas históricas, que envolvem espaços e tempos de sujeitos e práticas sócioculturais (Dayrell, 2006: 19), as atividades foram sendo construídas no processo. Desta forma, na busca do diálogo e da troca com os estudantes abarcados pelas atividades da Mostra, utilizou-se estratégias distintas, buscando apreender a percepção dos alunos sobre o lugar no qual vivem a Baixada Fluminense e, posteriormente, sobre sua relação com o cinema. Na primeira itinerância foi realizado debate em grupo e na segunda acrescentou-se a produção de cartazes pelos alunos, tendo como tema as questões acima. Além disso, realizamos a observação da assistência aos curtas. No diálogo com os estudantes sobressaiam as falas do senso comum, de que é ruim morar na Baixada, que neste espaço não tem nada, enquanto que quando eles viam seus lugares retratados, se encontrando ali, as reações eram de reconhecimento e valorização do lugar onde moram. Já em relação a construção de seus próprios filmes, os temas que eles abordariam seriam: bullying, tráfico, racismo, moda e carnaval. Desta forma, percebemos que mediante ações culturais, como a aqui apresentada, é possível estabelecer diálogos para a (des)construção de identidades, de expressão e fruição culturais. Resultados e Discussão Na itinerância do C.E. Pierre Plancher, durante a exibição dos vídeos, parte dos alunos interagia entre eles conversando, rindo, alguns falavam sobre o que assistiam, permanecendo atentos quando eles viam seus lugares retratados, se encontrando ali, as reações eram de reconhecimento e valorização do lugar onde moram e outros não permaneceram até final das exibições. Ao finalizar a sessão dos vídeos, com a proposta de interação do grupo e os alunos, iniciamos uma conversa e pedimos que falassem em relação a construção de seus próprios filmes. Os poucos alunos que se manifestaram responderam que fariam filmes com temáticas como: bullying, tráfico, racismo, moda e carnaval. Em relação às ações com os cartazes realizados na segunda itinerância observamos que as crianças, após serem perguntadas sobre Como vêem o lugar onde moram?, expressaram alguns símbolos identitários, como o beija-flor, que remete tanto a Escola de Samba, como a marca da Prefeitura; a Via ligth, estrada que liga o município à cidade do Rio de Janeiro. Um dos grupos desenhou sua cartografia da cidade, isto, 52

53 colocaram os locais onde vão, num mapa desenhado. Em relação à segunda questão Que filme vocês fariam/, feita após a assistência aos documentários, os cartazes revelam filmes: de ação e humor sarcástico; sobre o carnaval com referência a Escola de Samba local; sobre violência urbana; e sobre masculinidade, com referências a carros e homens. Conclusões Com a execução dessa atividade extensionista, percebemos que mediante ações culturais, como a aqui apresentada, é possível estabelecer diálogos para a (des)construção de identidades, de expressão e fruição culturais. Ao IFRJ pelo apoio financeiro. Ao FNDE. A CAPES. Agradecimentos Referências BARRETO, Alessandra Siqueira Um Olhar Sobre a Baixada: Usos e representações sobre o poder local e seus atores.campos 5(2) ENNE, Ana Lúcia S DO FAROESTE FLUMINENSE AO FUTURO QUE JÁ CHEGOU, As representações da grande imprensa carioca acerca da Baixada Fluminense. In: XXVI Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação BH/MG 2 a 6 set Disponível em: < Acesso em: 12 mar JUNIOR, Daniel de Sant Ana O Samba como elemento formador da identidade do Município de Nilópolis, relações interações dos moradores com a Escola de Samba Beija Flor. UERJ. Disponível em: < Acesso em: 20 mar

54 PET/CONEXÕES E SABERES E PROEJA: UMA PARCERIA TECNOLÓGIA NA CONSTRUÇÃO DE PROJETOS AUDIOVISUAIS Claudia Pinho Anselmo de Lima Gleice Queli Cestaro Márcia Polito Tranhaque Ruth Anne Santos Maciel Fernanda Delvalhas Piccolo (Tutora) Profª. Doutora Fernanda Delvalhas Piccolo fernanda.piccolo@ifrj.edu.br Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro, Campus Nilópolis CST em Produção Cultural/ PET - Conexões de Saberes em Produção Cultural Palavras-chave: PET/Conexões e Saberes, PROEJA, Tecnologia, Audiovisual. Introdução Atualmente a modalidade de ensino da EJA não tem sido apenas um meio de proporcionar as pessoas que não tiveram a oportunidade e/ou que por algum motivo não puderam estudar no tempo adequado, dessa forma esse segmento de ensino tem proporcionado não só instrumentos de aprendizagem científica a seus alunos, mas também a inserção no mercado de trabalho, promovendo práticas e reflexões que vão muito além da sala de aula. A partir desse contexto, o Grupo Programa Estudantil Tutorial (PET)/Conexões e Saberes desenvolveu junto ao PROEJA do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro (IFRJ) do Campus de Nilópolis um projeto de audiovisuais que foi intitulado como Planeta PROEJA que trata-se de um documentário realizado pelos alunos que aborda o perfil, a trajetória e as motivações dos alunos da turma do primeiro período do curso do PROEJA, onde o Grupo (PET)/Conexões e Saberes atuou na monitoria dos alunos durante o processo de construção dos vídeos e teve como responsabilidade orientar, esclarecer e discutir sobre o que seria um documentário bem como as formas de realizá-lo e editá-lo. Em vista desses acontecimentos, o desenvolvimento desse projeto teve como objetivo promover a motivação de permanência e a valorização dos alunos desse segmento além de proporcionar o desenvolvimento cognitivo e tecnológico dentro do curso realizado por estes. A oficina e fomentação das idéias Resultados e Discussão O desenvolvimento do projeto Planeta PROEJA iniciou-se no dia 10 de janeiro e terminou no dia 07 de fevereiro de E dentre as estratégias realizadas para orientar os alunos do PROEJA no decorrer da elaboração, construção e criação dos seus documentários, estão à apresentação dos membros do Grupo PET/Conexões e Saberes, seguida pela distribuição de uma apostila a cerca da temática e apresentação de uma oficina que foi elaborada pelos petianos para esclarecer e discutir sobre o que seria um documentário, suas possíveis finalidades, os tipos de documentários que existem e o que eles propõem ao público. Após a apresentação os alunos se dividiram em 4 grupos (grupo A, grupo B, grupo C e grupo D) compostos por 5 alunos e os petianos se distribuíram em grupos de 3 membros, onde cada grupo de petianos orientou um dos 4 grupos de discentes do PROEJA. Depois dessa divisão os petianos conversaram com os alunos para poder saber qual era o objetivo deles e suas possíveis intenções de criação do documentário, enfim o que eles queriam mostrar e quando poderiam se reunir para realizar as filmagens e edições, onde ficou estabelecido 2 encontros semanas para realização dessas atividades. 54

55 O processo de construção e apresentação do projeto Durantes o processo de construção do documentário, os petianos orientariam os alunos a manusear a câmera, os ângulos de posicionamento da câmera e locais mais adequados para a filmagem e de que forma os alunos deviriam se portar para uma melhor filmagem, após essas orientação iniciou-se as filmagens que contaram com a presença dos alunos do curso, onde estes relataram as suas experiências e motivações, com a presença de professores que discutiram acerca dos benefícios do curso e do desenvolvimento de projetos para a construção ativa do conhecimento pelos alunos do curso. Ao término das filmagens, foi realizada a edição, no qual os petianos com o auxílio dos monitores do LED (Laboratório de Estratégias Didáticas) orientaram na forma de manuseio do programa de edição de vídeos, sugerindo os recursos mais adequados de se chegar ao produto final desejado pelos grupos. No dia 07 de fevereiro houve a apresentação dos documentários elaborados por cada grupo, em que a turma pode compartilhar das experiências, motivações e visões de cada um dos alunos. Durante a realização do projeto, os alunos se empenharam muito no processo de criação das idéias, de filmagem e de edição para a construção do produto final, onde o trabalho em equipe foi bem desenvolvido. Observamos que com a criação desse projeto os alunos se sentiram mais capazes e importantes no processo educativo, visto que eles foram capazes de criar, explorar e realizar de forma ativa a produção de vídeos e a partir disso eles desenvolveram com mais eficácia a autoconfiança em si, deixando de lado qualquer dificuldade, pois os mesmos perceberam e aprenderam com a produção dos colegas que todos compartilham de vitórias e de períodos ruins, mas que o importante está na superação destes. Podemos analisar, assim, que ao promovermos propostas em que os alunos sejam o centro criador do conhecimento estaremos motivando e valorizando os seus conhecimentos de vida e com isso conseguiremos estimular a auto-estima e a autoconfiança dos alunos para que estes permaneçam na escola e sejam capazes de superar as possíveis dificuldades que encontraram pelo caminho. Para tanto uma forma de motivação e de construção do saber está no desenvolvimento de projetos dentro da modalidade do EJA, um exemplo desse sucesso foi o projeto Planeta PROEJA. Processo de construção dos documentários 55

56 Conclusões Com a realização deste trabalho espera-se que os profissionais envolvidos nesta modalidade de ensino possam se utilizar e compreender da importância do emprego dos projetos dentro do âmbito escolar, visto que estes servem como instrumentos de uma pedagógica que se utiliza de propostas ativas, dinâmicas, desafiadoras e que inserem o aluno no contexto da comunidade em que está sendo desenvolvido o trabalho pedagógico, evitando, assim, uma pedagogia de caráter tradicionalista. Portanto o desenvolvimento de projetos dentro da modalidade do EJA trata-se de mais uma forma de motivação e de construção do saber científico e tecnológico, onde a prova disso está no sucesso da construção dos documentários criados pelos alunos do curso do PROEJA do IFRJ do Campus de Nilópolis. Agradecimentos Ao IFRJ, CAPES, FNDE, PET E PET CONEXÕES E SABERES pelo apoio financeiro. Referências FUCK, Irene Terezinha. Alfabetização de Adultos: Relato de uma experiência construtivista. 2. ed. Petrópolis: Vozes, Portal MEC. Disponível em: < mid=562>. Acesso em: 01 de fer VERSIEUX, Daniela Pereira. O PROEJA a Formação Integral dos Trabalhadores Disponível em: < Acesso em: 01 de fev Ireland, T. Objetivos maiores que a alfabetização: EJA Educação para jovens e Adultos. [junho, 2009]. São Paulo: Revista Nova escola. Entrevista concedida a Paula Sato. Disponível em: < Acesso em: 02 de fev

57 LEVANTAMENTO QUANTI- QUALITATIVO DOS ALUNOS DO CST EM PRODUÇÃO CULTURAL DO IFRJ. Maria da Glória Santos da Silva Professor(a)orientador Fernanda Delvalhas Piccolo do orientador(a) Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro - Campus Nilópolis. Palavras-chave: Formação, Produção Cultural, Discentes. Introdução O trabalho aborda a pesquisa O perfil Socioeconômico, Cultural e as Motivações e Perspectivas dos Alunos do CST em Produção Cultural do IFRJ: Um Levantamento Quanti-Qualitativo. Esta pesquisa tem o objetivo de investigar o perfil social, econômico e cultural desses discentes, bem como conhecer suas motivações e perspectivas frente ao curso e a futura profissão. Para tanto, utilizou-se uma metodologia quanti-qualitativa, em duas fases: a primeira, a quantitativa, na qual foi aplicado questionário com setenta e três questões, em torno de temas como: idade, cor/raça, situação de moradia e religiões, respondidas por cento e quarenta e três participantes voluntários; a segunda, qualitativa, foi realizada por meio de entrevistas com roteiro, em torno dos seguintes tópicos: visões da cultura, a escolha do CST em Produção Cultural, com vinte e seis participantes. A análise dos dados recolhidos permitirá conhecer esses futuros profissionais, que atuarão no mercado cultural brasileiro. A formação acadêmica do Produtor Cultural é recente se comparada a outras áreas profissionais. Com menos de duas décadas de institucionalização nas Instituições de Ensino Superior, o curso de Produção Cultural vem sendo a opção de indivíduos interessados em atuar no campo da cultura. Neste sentido, a proposta de se investigar o perfil dos discentes do Curso Superior de Tecnologia em Produção Cultural do IFRJ (Campus Nilópolis), se justifica, pois conhecer as motivações e as perspectivas desses indivíduos frente ao curso e à futura profissão pode contribuir para o desenvolvimento desta área de ensino e de atuação. Além disso, a escala de crescimento do mercado cultural brasileiro, ao longo dos anos, e o surgimento de novos espaços e equipamentos, instituições e projetos de aspectos culturais apontam para a exigência da profissionalização dos agentes que atuaram neste importante setor econômico. Neste contexto, o produtor cultural é o organizador e criador de projetos, produtos, bens, serviços e equipamentos artísticos e culturais, ocupando a posição de ligação dos profissionais da cultura a diversos segmentos sociais: artistas, público consumidor, investidores, gestores, entre outros. A demanda por profissionais com formação acadêmica e a criação de curso de Produção Cultural reflete uma nova realidade na consolidação desta categoria profissional (Avelar, 2008). 57

58 Neste contexto, é que se realizou a pesquisa O perfil Socioeconômico, Cultural e as Motivações e Perspectivas dos Alunos do CST em Produção Cultural do IFRJ: Um Levantamento Quanti-Qualitativo. A coleta de dados ocorreu entre novembro/2011 e fevereiro/2012. Resultados e Discussão Neste trabalho, especificamente, iremos privilegiar a análise uma questão: o porquê da escolha do curso de produção cultural. Na etapa quantitativa, dos 143 entrevistados 63,6% eram mulheres e 36,4% eram homens e 91 mulheres. Em relação à idade, a maioria, 69,9% encontra-se na faixa etária entre 18 a 25 anos, 11,8% encontra-se tanto entre 26 a 30, como com 36 anos ou mais, 4,8% está entre 31 e 35 anos, e 1,4% têm menos de 18 anos. Em relação a autodefinição de cor/raça, 44,1% se autodeclarou branco, 22,4% como pardo, 21,6% como negro, 5,6% como mestiço, 1,4% como amarelo e 4,9% como outro. Em relação aos motivos de escolha do curso de produção cultural, 85,4% dos respondentes apontaram a Identificação com a profissão, 2,8% o incentivo de amigo, 2,8% ter sido a única instituição em que obteve vaga e 7% indicaram outros motivos. Na etapa qualitativa, dos 26 entrevistados 10 eram homens e 16 eram mulheres, em relação à faixa etária a maioria 46% encontra-se entre 18 e 25 anos, 30,7% encontra-se entre 26 e 30 anos, e 19% tem entre 33 e 51 anos e, em relação à autodefinição de cor/raça, 26,9% se autodeclarou branco, 26,9% como pardo, 23,7% como negro, 3,8% amarelo, 3,8% miscigenado e 3,8% como mista. Em relação à questão fale sobre o principal motivo pelo qual você escolheu o curso de Produção Cultural?, as respostas foram diversas, tais como interesse na grade do curso, segundo três entrevistados. Como afirma um dos entrevistados: Foi pela grade curricular, eu tinha passado pra produção e pra letras, entre as duas grades eu vi que produção cultural tinha mais a ver comigo pela sua diversidade de disciplinas. (Entrevistada, 33 anos) 11 entrevistados apontaram a afinidade e identificação com a área/curso tendo apontado como motivação: os eventos, trabalhar em produção teatral, interesse pela área cultural, a grade do curso, experiência prévia na área de produção, querer trabalhar com cultura, ter terminado a escola de teatro e buscou um outro olhar dentro da área artística, trabalhar com produção e fez ensino médio em técnico em produção. Três relataram experiência anterior na área, seja por formação técnica, seja pelo mundo do trabalho: Eu já trabalhava com produção cultural, meu segundo grau foi técnico de Produção de Eventos, aí eu já fui direto, e continuei já que era minha profissão, já era o que eu queria. (Entrevistada, 28 anos) Dois apontaram terem sido influenciados pelos familiares; três relataram ter escolhido o curso depois de várias pesquisas na internet; dois indicaram ter caído de pára-quedas no curso; um afirmou não ser sua primeira opção de curso. 58

59 Bom, eu meio que caí de aqui de pára-quedas, porque foi uma amiga que falou pra eu fazer, porque ela também tinha passado pro vestibular pra cá e quando ela fez esse primeiro vestibular eu ia fazer com ela pra produção, nós marcamos, eram eu, ela e um amigo, a gente falou assim vamos fazer Produção Cultural. (Entrevistada, 23 anos) Conclusões Este trabalho teve por finalidade conhecer os discentes de graduação de Produção Cultural do IFRJ- Campus Nilópolis em relação a sua formação acadêmica e a futura aplicação desses conhecimentos no campo profissional. Os resultados obtidos demonstram que a pesquisa atingiu seu objetivo de trazer novos conhecimentos para uma área pouco abordada como a formação do Produtor Cultural. Com isto, espera-se ter contribuído na valorização e reconhecimento destes profissionais. Agradecimentos pesquisa. O apoio do IFRJ Campus Nilópolis, CAPES, PROGRAD, ASCOM e os participantes voluntários da Referências AVELAR, Rômulo. O avesso da cena: notas sobre Produção e Gestão Cultural. 2ª ed. Belo Horizonte: Ed. DUO, GOLDENBERG, Miriam. A arte de pesquisar: como fazer pesquisa qualitativa em Ciências Sociais. 10ª ed. Rio de Janeiro: Ed. Record, p. 59

60 Crônicas virtuais A influência da internet na construção do espaço Katzuki Parajara de Castro 1 Jeniffer Ferreira de Lemos Silva 2 Fernanda Delvalhas Piccolo 3 fernanda.piccolo@ifrj.edu.br Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro, Instituto Federal Rio de Janeiro Campus Nilópolis, Curso Superior de Tecnologia em Produção Cultural - PET/Conexões de Saberes em Produção Cultural. Palavras-chave: palavra, crônica, ambiente, internet. Introdução Qual a importância da palavra? O que ela nos permite expressar enquanto refletida a realidade cultural de nossa comunidade? A palavra detém o poder de transparecer os ideais de uma nação? Este trabalho tem como objetivo fazer uma reflexão acerca da Oficina de Crônica realizada pelo Grupo PET/Conexões de Saberes em Produção Cultural IFRJ com intuito de propor a construção de textos a partir do cotidiano do indivíduo que observa e deseja manifestar suas meditações acerca da realidade e o papel da internet no processo de democratização deste gênero. Figura 1: Oficina de Crônica ministrada pelo Professor Cândido Rafael (IFRJ) e o escritor Claudio Alves, conhecido com Lasana Lukata Figura 2: Leitura dos textos "Governo rosa: uma anilina no salário" e 1 Estudante de Graduação 4º. semestre do Curso de CST em Produção Cultural do IFRJ-Nilópolis, katzuki.parajara@gmail.com 2 Estudante de Graduação 4º. semestre do Curso de CST em Produção Cultural do IFRJ-Nilópolis, jeniffer.lemos@hotmail.com 3 Orientador do trabalho. Professora do Curso de CST em Produção Cultural do IFRJ-Nilópolis, Tutora do Grupo PET/Conexões de Saberes em Produção Cultural, fernanda.piccolo@ifrj.edu.br 60

61 Resultados e Discussão Para falarmos sobre a produção de crônicas, primeiramente devemos considerar alguns questionamentos antes do início da escrita. É preciso deglutir sobre o que se anseia discursar permutando pensamentos individuais com a realidade resultando numa reflexão textual. Ao comentarmos a significação da palavra crônica, discutimos sua função principal do relato cronológico do cotidiano que nos situa e/ou nos cabe um pouco à imaginação. O cômico/irônico muito presentes, aproxima o leitor de forma leve e ainda assim opina com clareza as seriedades da vida. 1 Há de se apontar que as fronteiras entre os gêneros literários estão mais tênues, permitindo assim o uso dos textos com características mais pessoais de quem se aventura a escrever. Um dos termos utilizados para denominar a sociedade atual é o sociedade da informação 2 e, de acordo com a pesquisa Mercado Brasileiro de Tecnologia de Informação (TI) e Uso nas Empresas divulgada anualmente pela Fundação Getulio Vargas (FGV) aponta que em 2011 o número de computadores em uso no Brasil em 2010 era de 78,2 milhões e em 2011 chegava a 85 milhões, podendo a chegar à 98 milhões em Comparando estes números ao pouco mais de 190 milhões de habitantes no Brasil divulgado pelo Censo 2010, é evidente o crescimento do acesso a este tipo de tecnologia no país. 3 Conclusões A tecnologia a cada dia avança mais, proporcionando novas formas de interação, novas mídias e ferramentas a divulgação de idéias torna-se a cada dia mais democrática. A publicação de livros debandou em parte para os perfis virtuais com a ascensão da internet, democratizando a leitura com maior intensidade e permitindo maior grau de expressão. Os blogs nos dias atuais portam-se como agentes potencializadores da divulgação dos trabalhos ao grande público, fixando uma das principais funções das mídias que é o compartilhamento de idéias. Na linha do tempo do surgimento das novas tecnologias da informação, a Internet pode ser destacada em função de suas características e potencialidades, das quais duas podem ser relacionadas: a interatividade e a flexibilidade. Ao tratar dos fundamentos da interatividade, Silva (2000, p. 105) explica a sua composição através de três binômios: participaçãointervenção, bidirecionalidadehibridação e potencialidade-permutabilidade. Ao caracterizar cada um deles, o autor cita Almeida, explicando que o primeiro pode ser entendido como resposta autônoma, criativa e não prevista da audiência; a questão da bidirecionalidadehibridação faz referência à eliminação de fronteiras entre autor e fruidor, palco e platéia, produtor e consumidor. Por fim, a potencialidade-permutabilidade, é percebida mais nitidamente no ambiente informático onde as memórias de acesso aleatório dos computadores, e os dispositivos de armazenamento não-lineares permitem a disponibilização instantânea de todas as possibilidades articulatórias, possibilitando conceber obras como inacabadas, as quais existem em estado potencial como elos probabilísticos e móveis que pressupõem o trabalho de finalização provisória do leitor/espectador/usuário. 4 A característica global e comum a várias culturas perpetra da produção das crônicas na internet um espaço de identidades virtuais que permite ultrapassar o território geográfico ao qual o escritor convive. Ou seja, além de maior livre-arbítrio nas produções literárias, a crônica relata os fatos mesclando jornalismo e literatura de acordo com o potencial criativo do escritor e sua relação com o ambiente, seja físico ou virtual. Agradecimentos Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro, Instituto Federal Rio de Janeiro Campus Nilópolis, Curso Superior de Tecnologia em Produção Cultural/ PET Conexões de Saberes em Produção Cultural, Professor Cândido Rafael (IFRJ), escritor Lasana Lukata (Claudio Alves). Referências 61

62 1 PNLL: textos e história / José Castilho Marques Neto (org.). São Paulo: Cultura Acadêmica Editora, p. Aí vai meu coração: cartas de Tarsila do Amaral e Anna Maria Martins para Luís Martins / Ana Luisa Martins. São Paulo: Editora Planeta do Brasil, Teixeira, Adriano Canabarro Internet e democratização do conhecimento: repensando o processo de exclusão social / Adriano Canabarro Teixeira P.4 3 Folha.com: Internet em casa reduz número de LAN houses no país. IPEA Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada Disponível em: 4 Teixeira, Adriano Canabarro Internet e democratização do conhecimento: repensando o processo de exclusão social / Adriano Canabarro Teixeira

63 As Identidades Punks e os Territórios Ocupados Fernanda Delvalhas Piccolo: Dra. Em Antropologia Social. Professora Adjunta do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro (IFRJ). fernanda.piccolo@ifrj.edu.br Victor Iotte Lara Bolsista de Iniciação Científica do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro (IFRJ). Discente do curso superior de Produção Cultural do IFRJ. 3tempos3@gmail.com Palavras-chave: Identidades; punks; territórios; ocupações. Introdução O presente trabalho é fruto pesquisa, em andamento, Cultura, visões de mundo e a constituição da identidade punk na sociedade urbana contemporânea. No momento serão abordadas a constituição das identidades na sociedade urbana contemporânea, as visões de mundo, das artes, bem como as ocupações/squats, tomando como universo de análise duas ocupações punks existentes na cidade do Rio de Janeiro, localizadas em áreas centrais da cidade. Os habitantes e frequentadores desses locais são, em sua maioria jovens, que transformam tais espaços em pontos de encontro de pessoas inseridas em grupos distintos, que expressam seu inconformismo e buscam a liberdade. A metodologia utilizada é a observação participante e entrevistas informais. O presente projeto de pesquisa tem como objetivo geral compreender e analisar as visões de mundo e a constituição da identidade punk na sociedade urbana contemporânea. Ao analisarmos a questão da identidade Punk e de como suas relações são formadas pelos territórios da cidade, percebemos a construção de relações sócias com grupos diversos que partilham dos mesmos ideais ou do mesmo inconformismo. Nesse contexto o termo ocupar ganha destaque ao se afirmar como uma forma de expressão destes grupos que se sentem excluídos ou marginais. Neste projeto na segunda fase da pesquisa optamos por fazer um trabalho comparativo entre dois grupos que ocupavam a região central do Rio de Janeiro: A Ocupação Punk Flor do Asfalto e o grupo Ocupa Rio. 63

64 Os punks e a cidade Resultados e Discussão É nas cidades contemporâneas, local da efemeridade e da fluidez das relações sociais, das fragmentação, desconstrução e construção de identidades que encontramos hoje os punks que estudamos. Portanto, o punk é um fenômeno social juvenil e citadino. Indivíduos denominados ou autodenominados punk surgiram em meados da década de 70 e, naquele momento, talvez mais do que hoje, este grupo social era considerado, por setores da sociedade, como um grupo desviante, visto que o movimento punk, surgido como forma de expressão musical naquele período, se fez presente como forma de protesto ao Rock and Roll produzido na época, pretendendo um retorno às origens desse estilo musical. Cabe lembrar que a própria palavra punk era usada, em Nova Iorque e na Inglaterra, para designar o que não prestava, isto é, drogados, sadomasoquistas, assaltantes mirins, travestis, prostitutos adolescentes, suicidas, sonhadores (Bivar, 2007, p. 40), isto é, era utilizada para fazer referência aos grupos considerados desviantes socialmente. No Brasil, cabe ressaltar, a palavra punk é sinônimo de algo ruim, pesado. Nesse contexto, o movimento punk surge com uma ideologia de resistência e de contracultura, buscando questionar os valores vigentes na época. Podemos dizer que o movimento Punk-Rock surge como algo embrionário já na década anterior com o nome de Garage-Rock, com bandas como Mc5, The Stooges, New York Dolls, e, no final da década de 70, espalha-se para o mundo. O punk-rock surge em Nova Iorque com a banda os Ramones e logo encontra ressonância entre parte da juventude, visto que buscava a quebra de paradigmas mediante a estética punk e do seu slogan Faça você mesmo. No campo musical, esta ideia causa uma ruptura na visão de que apenas músicos virtuosos poderiam tocar, sendo assim, a partir desse momento qualquer pessoa que tivesse um instrumento e uma ideia poderia tocar e se divertir (Bivar, 2007). Já a Inglaterra, em meados dos anos 1970, atravessava uma grave crise econômica, impossibilitando que os jovens fossem absorvidos pelo mercado de trabalho. Essa situação contribuiu para o surgimento de uma forte resistência por parte da juventude. Um empresário, chamado Malcolm Mclaren, dono de uma loja de roupas, denominada Sex, antenado com as novidades da cena musical de Nova Iorque, visto que ele era o empresário da banda New York Dolls, trouxe a novidade para a Inglaterra e fundou o Sex Pistols, banda essa que com sua atitude agressiva e inovadora, protestou contra a situação vigente naquele momento no país e disseminou o Punk-Rock pela Inglaterra, dando origem a várias bandas como o The Clash, The Damned (Bivar, 2007). No entanto, cabe ressaltar que o punk não é apenas um estilo musical, mas um estilo de vida e uma visão de mundo, constituindo-se em um movimento punk. Os jovens nele inseridos expressam-se não apenas pela música, mas também via uma estética impressa na moda, na poesia e em fanzines, constituindo uma identidade urbana e contemporânea (Caiafa, 1985; Turra Neto, 2004; Canevacci, 2005; Gallo, 2008; Vianna, 2010). Uma parcela do movimento punk, tendo contato com as ideologias anarquistas e pré-anarquistas de pensadores como Bakunin, Godwin, Proudhon, Malatesta e de seus antecessores Locke, Rosseau, Thoreau, forma o Anarco-Punk, grupo esse considerado mais politizado e mais consciente de seu papel ideológico na construção de seus sonhos. No Brasil, o movimento punk chega a São Paulo, no final dos anos 70 e de lá para os dias atuais é possível encontrarmos punk circulando por inúmeras cidades brasileiras (Bivar, 2007). Alguns autores têm se debruçado sobre os punks, enquanto grupo social, tais como Caiafa (1985), Turra Neto (2004), Canevacci (2005), Gallo (2008), Morais (2009), Vianna (2010), mas colocando-os como uma subcultura no espaço da sociedade, por terem surgido na contracultura juvenil dos anos 70. No entanto, hoje, tanto o conceito de subcultura como o de contracultura perdem valia, visto que como aponta Canevacci (2005), as contraculturas se dissolveram nos anos 1990, dando espaço ao surgimento das culturas extremas, isto é, as culturas juvenis estão em fluxo móvel, são plurais, fragmentadas, disjuntivas, assim como as identidades produzidas. Isto porque há um processo de fragmentação e complexificação da sociedade e das identidades nela produzida (Hall, 2004). 64

65 É neste fluxo da sociedade contemporânea que surgem as ocupações denominadas squats lugar de moradia, de encontro, de artes, de expressão de punks na interação com outros grupos sociais citadinos. A identidade punk na contemporaneidade: arte e ocupações A primeira questão a ser abordada é a própria percepção do que é ser punk atualmente, para os jovens entrevistados. Para eles a definição do ser punk passa pela não rotulação, ao mesmo tempo em que não se refere mais a uma estética com roupas pretas, acessórios de prata, cabelos moicanos, mas sim a uma atitude, a um ideal, a ser diferente. Por isso, se hoje, por exemplo, o uso de cabelos moicanos está em diversos grupos, esse deixa de ser uma marca distintiva do punk. Nesse sentido é que podemos compreender a aversão a rotulação, visto que em nossa sociedade nos relacionamos com os outros via processos de rotulação, estereotipificação e estigmatização. Até o momento, realizamos, além das observações participantes, algumas entrevistas informais das quais selecionamos seis relatos, com cinco homens e uma mulher. Destes dois moram nas ocupações e três as frequentam, sendo que moram em municípios da Baixada Fluminense/RJ 4; um tem 23 anos, três 25 anos, um 27 anos e um 29 anos; quanto a cor/raça tres se definiram como brancos, um como multiétnico, um como pardo e um como preto. Para melhor definição e comparação dos dois grupos vamos apresentar os resultados das entrevistas em dois blocos separados e em seguida iremos identificar os pontos de igualdade e diferença entre os dois grupos. Flor do asfalto: Em termos de escolaridade, um possui superior incompleto, um ensino médio completo e um ensino médio incompleto. Em relação aos afazeres, um faz bicos, um é funcionário público e músico, um é musico e faz shows. Pô, cara! Eu uso jaqueta de couro e blusa com pet, ta ligado, de refrigerante. Pô cabelo normal, raspado e tênis rasgado, velho, tá ligado [...]. O cara pode ser milionário é ser punk. Ser punk é somente um ideal, ser punk é ser desvinculado dos padrões da sociedade. Sabe porque o padrão é diferente de se vestir, falar, tipo ser você mesmo. Pela postura o punk é um movimento de auto definição. (Guilherme, 25 anos). [...] eu gosto de ser livre, de não ter preconceitos, ser anarquista, ser Punk eu acho que e isso pra mim, você não precisa ter um estereotipo especifico, o que vale e o que você pensa e o que você acredita e faz. Pelas pessoas que eu convivo, as coisas que eu conheço, eu vejo que não existe mais isso de se ter que ser assim ou usar aquilo para ser Punk ou qualquer outra coisa, está tudo na sua cabeça. Tem coisas que você não pode escolher, elas são escolhidas para você, pelo menos eu acho que é assim, tipo ser punk é muito louco você querer que as coisas sejam diferentes, e ter uma outra postura na vida implica no fato das pessoas te rejeitarem, e dai você acaba se sentindo excluído de uma série de coisas. (Fátima, 23 anos) De boa essa coisa de rótulos eu acho uma grande besteira, você não pode ser isso ou aquilo, ter um padrão de comportamento e ser enquadrado como um livro na estante, como livro de filosofia ou de geografia. As pessoas sentem necessidade de se afirmar de dizer que são alguma coisa porque na verdade não são merda nenhuma, eu poderia muito bem dizer que sou punk, que sou músico, que sou preto, mas eu acho que eu sou tudo isso e nada. A parada é ser e não ficar dizendo por aí sem fazer nada. Pelo que eu vejo hoje em dia qualquer um pode ser punk, porque ao que me parece a maioria das pessoas acha que ser punk é ter uma roupa suja e rasgada e beber e se divertir com as drogas ou ter um cabelo moicano. Eu acho isso tudo uma grande merda sabe, porra vai se fuder até essa merda desses pagodeiros e funkeiros estão com essa porra de moicano na cabeça, é tudo moda agora. Para mim, punk mesmo é o cara que tem uma ideologia, que acredita que através de ações políticas pode-se mudar alguma coisa, que até não seja o mundo, mas que ele mude a si mesmo e não seja constantemente manipulado por essa sociedade de consumo capitalista que só quer te usar e descartar. (Pedro, 25 anos) 65

66 Ocupa Rio: Em termos de escolaridade, notamos que dois tem nível superior e que o terceiro esta cursando, com relação aos afazeres, um é professor, um outro trabalha como autônomo enquanto o terceiro se define como estudante. Apesar de não ser filiado a nenhum partido, sempre estive envolvido nas mobilizações que ocorriam na Universidade. É, portanto, foi muito natural o meu interesse pelos temas e ações que são propostos pelo Movimento Ocupa Rio. Ou seja, isto nada mais é do que dar uma oportunidade para que os indivíduos possam se expressar e que dessa forma por meio do dialogo e da troca de experiências possa ocorrer uma transformação na sociedade. A ideia inicial do Movimento de Ocupação ao levar estas discussões para a rua e o de democratizar o acesso a informação e que dessa forma uma maior parcela da população possa estar inserida nas reflexões sociais e econômicas que afligem a sociedade. Dando também visibilidade para que determinados assuntos e grupos que não fazem parte da grande mídia possa ser discutidos e reconhecidos. E fundamental dar visibilidade as minorias. ( Fabricio, 29 anos) Eu acredita que este movimento de Ocupação que esta ocorrendo no mundo todo, é um ato dos mais democráticos para que possamos discutir varais questões sociais que afligem a população. Porque não adianta a gente só reclamar, temos de propor soluções e por meio da força dos movimentos sócias temos de mostrar nosso inconformismo. Porque somente dessa forma podemos acreditar em uma realidade diferente para o Brasil. E claro que a nossa realidade aqui e muito diferente dos países da Europa ou dos EUA, mas estamos tentando com estas iniciativas na praça publica motivar as pessoas em geral a questionarem e refletirem sobre o seu cotidiano. ( Paulo, 25 anos)...eu achei muito interessante a oportunidade de estarmos na ruas discutindo vários temas que nos afligem nos meios acadêmicos, isto me parece ser a forma mais democrática de protesto e de mobilização. A ideia do grupo e de poder dar visibilidade ao que e invisível para os meios de comunicação de massa, tornado exposta para a grande mídia uma serie de doenças e mazelas sócias que devem ser urgentemente sanadas. A grande questão do grupo e a que mais me interessa e a de e propor por meio do dialogo medidas efetivas para que possamos mudar um pouco a nossa realidade social e cultural. ( Felipe, 27 anos) Ao comparáramos estes dois movimentos sociais aqui na cidade do Rio de Janeiro, por meio da Flor do Asfalto e do Ocupa Rio, percebemos que os extremos quase se tocam, mas que a sua motivação, assim como o seu oxigênio são gerados por um processo de combustão um pouco diferente em cada um dos casos. Mas ao identificarmos em ambos os grupos uma noção de inconformismo com a situação atual, seja ela econômica, social e cultural, percebemos neste ponto uma afinidade que une os seus ideias, tornando-os de certa forma iguais e diferentes simultaneamente. Na Flor do Asfalto em sua maioria temos a formação do grupo por meio de jovens de origem humilde, ou seja, basicamente estes jovens são motivados a reclamar e a questionar a sua realidade, pois não tem acesso a quase nada. Sendo assim em sua maioria eles tem baixa escolaridade, são moradores de zonas mais pobres da cidade e tem uma situação econômica e familiar desfavorável, o que de certa forma contribui para que a sociedade os veja como marginalizados. Muito e claro, também por conta do estereotipo do Punk que é parte do senso comum da população. 66

67 No extremo oposto temos os jovens que fazem parte do Ocupa Rio, que em sua maioria são moradores de bairros de classe media alta, universitários de instituições de ensino publicas, e que em seu cotidiano não são afligidos por questões de ordem econômica. Tendo dessa forma uma estabilidade financeira garantida pela família, que lhes permitem além de uma melhor educação, mais espaço no mercado de trabalho, estes jovens são motivados em sua maioria por questões reformistas e idealistas de ordem politica, que são discutidas dentro destes universos acadêmicos. Ambos os movimentos são importantes, pois discutem os mesmos conceitos, promovendo o encontro de jovens por meio de suas afinidades ideológicas e econômico-sociais. A fim de ocuparem os territórios públicos e privados como elemento de dialogo e reflexão, democratizam suas ideias e ações. E por meio destes encontros e destes diálogos que são criadas novas ideias, e que são formadas novas identidades, permitindo que o teórico e o pratico, o acadêmico e o experiencial, possam ter o seu espaço. E juntos um como complemento do outro possam convergir em múltiplos movimentos que permitam dessa forma aos indivíduos uma oportunidade de se conscientizarem do mundo ao seu redor, promovendo pequenas transformações em suas realidades. Conclusões Cabe salientar que a pesquisa encontra-se em andamento e apresentamos aqui resultados preliminares. Estes apontam que ser punk, expressar-se como tal ou identificar-se com a visão de mundo punk é um fenômeno da juventude. Ainda, salientam a complexidade e heterogeneidade das identidades punk na cidade do Rio de Janeiro, as quais, por meio das ocupações/squats, convivem com outras identidades, compartilhando experiências cotidianas e expressões artísticas. Os habitantes e frequentadores dessas ocupações são, em sua maioria jovens, que transformam tais espaços em pontos de encontro de pessoas inseridas em grupos distintos, que expressam seu inconformismo com a injusta sociedade em que vivemos, com a política manipuladora e corrupta e buscam a liberdade. Se antes o punk era sinônimo de vestir-se de preto, com cabelos moicanos e acessórios prateados, hoje a expressão dessa identidade alargou-se e ser punk, para esses jovens, está na cabeça, em ter atitude, ter outra postura na vida, ser desvinculado dos padrões da sociedade, acreditar que as coisas podem ser diferentes. Cabe ressaltar que a sociedade urbana contemporânea é complexa e heterogênea, na qual diversos grupos com estilos de vida interagem, abrindo espaço para acusações de desvio e conflitos advindos desses encontros. Nesse sentido, a presente pesquisa torna-se fundamental, pois visa estudar as visões de mundo, a constituição da identidade de grupos punks, bem como são estabelecidas as relações sociais entre este grupo e a sociedade abrangente. Ao IFRJ, CNPQ e FAPERJ pelo apoio financeiro. Agradecimentos Referências BIVAR, A. O que é punk. São Paulo, Brasiliense, BECKER,H. Outsiders: estudos da sociologia do desvio Rio de Janeiro, Zahar, CANEVACCI, M. Culturas Extremas: mutações juvenis no corpo das metrópolis. Rio 67

68 de Janeiro: DP&A, GALLO, I. C. D`Á.. Punk: cultura e arte. Varia História, Belo Horizonte, v. 24, n. 40, p , jul./dez, HALL, S. A identidade na pós-modernidade. Rio de Janeiro: DP&A,

69 Musicalidade e Processos identitários no Bloco Afro Orunmilá Monalisa Santana de Castro(ICQ/ IFRJ)* Fernanda Delvalhas Piccolo *(PQ/ IFRJ) Fernanda.piccolo@ifrj.edu.br Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro* Palavras-chave: bloco afro, processos identitários, identidade negra, demarcação de território. Introdução O presente projeto de pesquisa está inserido no grupo de pesquisa do ifrj Culturas, Identidades e Manifestações Artísticas, especialmente na linha de pesquisa Sociabilidade e constituição da identidade afro- brasileira no Bloco Afro Orunmilá, situado na Lapa/RJ, cujo objetivo é estudar os processos de constituição de identidade afro dos participantes do bloco, bem como seus sinais diacríticos presentes na música, dança, símbolos, cabelos, etc. Nesse sentido, no projeto aqui serão abordados os temas da constituição de uma identidade negra a partir de visões e comportamentos do bloco afro Orunmilá, no bairro da Lapa no Rio de Janeiro. Na maioria das músicas, os temas falam sobre a discriminação racial, o enaltecimento a heróis negros, a valorização das raízes africanas, a beleza da mulher negra, sua sensualidade, a afirmação da identidade negra e a ligação as religiões africanas com os termos em yorubá, linguagem de matriz africana. A partir dessa perspectiva analisamos a questão da musicalidade e seus processos identitários. Na maioria das músicas, os temas falam sobre a discriminação racial, o enaltecimento a heróis negros, a valorização das raízes africanas, a beleza da mulher negra, sua sensualidade, a afirmação da identidade negra e a ligação as religiões africanas com os termos em yorubá, linguagem de matriz africana. A partir dessa perspectiva analisamos a questão da musicalidade e seus processos identitários. Na música abaixo, cantada pelo compositor e intérprete do Bloco afro Orunmilá se verifica as seguintes características: Oyé...Mutumbá, meu colofé/ Oras por nobres, Mutumbá, meu colofé/ São 20 anos de luta, com todo o nosso AXÉ/ Rio de Janeiro, Catumbi, Mineira, Abolição/Sou batuqueiro da Lapa Orunmilá, meu irmão/candomblé de Rua/ Hip hop de terreiro/samba Reggae maneiro/ Com papo de conscientização/miscigenados pela mão divina/ Vamos cumprindo a nossa sina/ E tocando o tamborzão/levada de ketu meu irmão/toca o meu tamborzão/ Levada de Angola meu irmão/ Toca meu o tamborzão/ Levada de Gegê meu irmão/ Toca meu tamborzão/ Levada de Orun meu irmão/ Toca o meu tamborzão. (Música Tamborzão Orunmilá 20 anos/ Compositores: Walmir Aragão, Marcus B2, Mestre Luiz e Rodrigo Araujo). Figuras: As figuras acima mostram os costumes do grupo orunmilá. A comemoração da Deusa do ébano e o símbolo das yabás (orixás femininos) são retratados nas músicas do bloco. 69

70 Resultados e Discussão A presente pesquisa teve início em em agosto de 2011, e encontra-se em andamento. Até o momento realizamos, além de observações participantes, 18 entrevistas informais, com 10 mulheres e 8 homens, as perguntas nortearam temas como a música e a dança no bloco. Usamos uma metodologia qualitativa com a realização de observação participante e entrevistas informais, mas que seguem um roteiro. Salientamos que o roteiro de entrevistas, assim como o projeto, foi encaminhado CEP do IFRJ e obteve aprovação. A pesquisa foi desenvolvida a partir de uma metodologia de cunho etnográfico, aliando as observações participantes, entrevistas com líderes e frequentadores do bloco, busca de matérias em sites e análise das músicas tocadas no bloco afro. Conclusões Cabe salientar que a pesquisa encontra-se em andamento e apresentamos aqui resultados preliminares. A pesquisa constata que as músicas do bloco afro Orunmilá se remetem ao sentimento de pertença aos paises de matrizes africanas, a conscientização, as linguagens em yourubá proveniente das religiões afro, além da demarcação do território como um espaço negro e sua resistência em propagar a cultura afro. Deste modo, é a partir da musica entoada no bloco afro, é possível perceber a influencia na formação do processo identitário e na demarcação do território como espaço negro. Ao IFRJ, CNPq, e Faperj pelo apoio financeiro. Agradecimentos Referências AMARAL, Rita e SILVA, Vagner G. Foi conta para todo canto: as religiões afro-brasileiras nas letras do repertório musical popular brasileiro. Afro- Ásia, 34 (2006), SILVA, Ana Claudia C. Agenciamentos coletivos, territórios existenciais e capturas. Uma etnografia de Movimentos Negros Em Ilhéus. (Tese de doutorado) Universidade Federal do Rio de Janeiro Museu Nacional. Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social. Rio de Janeiro, SILVA, Jorge Luiz Teixeira da. Tese de mestrado: Capoeira e identidade: Um olhar ascógeno do racismo e da identidade negra através da Capoeira. Escola Superior de Teologia Instituto Ecumênico de Pós- Graduação em Teologia, São Leopoldo, SILVA, Tomaz T. Identidade e diferença: A perspectiva dos estudos culturais. Petrópolis: Vozes,

71 Homossexualidade e Sistema Penitenciário: um recorte sobre a população prisional LGBT Naiana dos Santos Almeida *(IC) Gabriela Salomão Alves Pinho *(PQ) gabriela.pinho@ifrj.edu.br Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro* Palavras-chave: homossexualidade, sistema penitenciário, população LGBT Introdução Este resumo refere-se a um recorte de um projeto de pesquisa bastante peculiar, pois envolve pesquisadores e profissionais do Sistema Penitenciário do Rio de Janeiro. A experiência de troca entre a academia e o campo de pesquisa através da participação de profissionais que atuam nas unidades prisionais mostra-se profícua ao produzir um saber construído na relação entre a teoria e a prática. Além disso, estabelecemos, nesse momento, parceria também com a Superintendência de Direitos Individuais, Coletivos e Difusos da Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos do Governo do Estado do Rio de Janeiro. A SuperDir visa combater a discriminação e a violência contra LGBT e promover a cidadania desta população em todo território fluminense, respeitando as especificidades desses grupos populacionais. Além disso, este órgão também desenvolve ações contra a discriminação por estado de saúde e a intolerância religiosa. Nesse sentido, foram realizadas visitas à Penitenciária Nelson Hungria (Unidade Feminina), à Penitenciária Talavera Bruce (Unidade Feminina) e ao Presídio Ary Franco (Unidade Masculina). O objetivo dessa inspeção consiste em localizar os principais problemas que por ventura existam na unidade e tentar contribuir para a melhoria das condições de trabalhos dos servidores ali lotados e de vida da população prisional, principalmente para o público LGBT, que tem necessidades diferenciadas e especializadas. Consideramos que a instituição prisional feminina suscita interrogações muito particulares. Partimos das inquietações nascidas do engajamento neste trabalho, em especial daquelas que se revelaram um desafio permanente, pois mesclam, simultaneamente, variáveis institucionais e peculiaridades subjetivas ligadas ao confinamento penitenciário. Muitas vezes a prisão acentua ou desencadeia a solidão e a dependência afetiva, o que faz com que várias mulheres mudem em relação à sua orientação sexual, ainda que tal mudança não decorra de uma nova orientação quanto à escolha amorosa. Tais envolvimentos tendem a se apoiar mais na expectativa de proteção, e mesmo de sobrevivência, em um ambiente hostil sob vários aspectos. Os casais assim formados reproduzem estereótipos heterossexuais nos quais se evidenciam atitudes machistas, sendo frequentes os atos de violência provocados por ciúmes. No par, uma delas assume o papel masculino, o que é caracterizado pelo uso de roupas masculinas, adoção de um nome masculino, corte do cabelo com máquina zero e postura truculenta, até na forma de andar. Em muitas delas, observamos uma modificação da postura nos momentos que antecedem sua saída da penitenciária. Retomam seu visual feminino, pois estarão voltando para a família, amigos e filhos. O exercício da sexualidade, no contexto prisional, é tratado ainda como uma regalia e não um direito. Mesmo sendo a visita íntima uma conquista recente, ela ainda se restringe a alguns Estados, no Brasil, e a determinadas prisões que puderam adaptar seus espaços físicos para esta finalidade. Na prática, o acesso à visita íntima fica limitado a um pequeno percentual da população carcerária, encontrando-se uma série de requisitos normativos para sua execução, o que agrava ainda mais o problema. No caso das unidades prisionais femininas a concessão dessa regalia é ainda mais dificultada. Com relação ao direito às visitas íntimas nos presídios para LGBT só recentemente saiu uma regulamentação do governo do Rio de Janeiro, de acordo com a qual: A SEAP do Rio de Janeiro regulamentou a visitação dos detentos e detentas LGBT dos presídios fluminenses. A resolução garante isonomia de tratamento a todos internos, ou seja, lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais, terão o direito de (re)estabelecer suas relações homoafetivas dentro das penitenciárias. As informações são da Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos. (site: G1.globo.com). A humanidade da população LGBT é posta em questão ou mesmo negada a partir de crenças, discursos e tradições heteronormativas, 71

72 naturalizantes e religiosas em dissonância aos princípios de respeito à dignidade, garantia da autonomia e proteção da liberdade que caracterizam sociedades democráticas e Estados laicos (Mello, Maroja & Brito, 2010). No entanto, as políticas públicas exercem um papel importante na manutenção e/ou superação das opressões de gênero e sexuais. Ou seja, podem reforçar as desigualdades, quando as ações e programas governamentais buscam atender necessidades postas como universais, ignorando determinadas demandas de parcelas da população; ou podem contribuir para a redução destas desigualdades, ao darem prioridades aos direitos sexuais e reprodutivos na agenda do governo (FARAH, 2004 apud Mello, Maroja & Brito, 2010). Os estudos de gênero e sexualidade provocam um questionamento dos lugares, das práticas sociais, políticas e econômicas, ampliando a possibilidade de subjetivação e ação para os sujeitos de ambos os sexos, em várias dimensões das relações sociais. Louro (1997) reitera a necessidade de se desconstruir e perturbar essa oposição binária, na qual o pólo masculino é tido como referencial e padrão, mostrando que a consequência desta lógica é a suposição de que a relação masculino-feminino constitui-se em uma oposição entre um pólo dominante e outro dominado e esta é vista como a única e permanente forma de relação entre os elementos em questão. As práticas e identidades sexuais seguirão esta normatização na tentativa de uma homogeneização que tem seu padrão na heterossexualidade, como aponta Judith Butler (2008) ao desenvolver sua tese da heteronormatividade que regeria nossa sociedade ocidental. Cabe ressaltar que os sujeitos que permeiam estas dicotomias e binarismos não são somente homens e mulheres produzidos exclusivamente sob a égide do gênero e da sexualidade, mas sujeitos sociais de diferentes classes, localidades, etnias, religiões, gerações, entre outros marcadores. Resultados e Discussão É importante ressaltar que as visitas realizadas por equipes representando diferentes órgãos oficiais, que será foco de nosso estudo neste trabalho, teve como objetivo um olhar diferenciado para as pessoas nas quais se sobrepõem diversas causas de vulnerabilidade, tais como: pertencimento à minoria sexual, estado de encarceramento e, muitas vezes, a situação de pobreza. Além de conversa com os diretores das três Unidades Penitenciárias visitadas: Presídio Ary Franco, Penitenciária Nelson Hungria e Penitenciária Talavera Bruce, foram vistoriadas as instalações físicas e foram realizadas entrevistas com a população carcerária. A visita ao Presídio Ary Franco (Unidade Masculina), mais especificamente à Casa de Custódia Romero Neto, localizada em Água Santa, que é um local de passagem e triagem dos presos, teve como foco principal analisar as condições dos presos LGBT, mais precisamente nesta unidade, dos gays, travestis e transexuais. Apesar da Unidade ter capacidade para abrigar um total de 958 presos, no dia da vistoria, o número de pessoas recolhidas alcançava o patamar de Os presos reclamaram bastante da visitação: a maioria não recebe visitação da família e isso dificulta o acesso aos materiais de higiene e limpeza que são entregues pela família. A visita comum é realizada em um pátio coberto. Para os que não tem visita, contam com o apoio da pastoral LGBT. O cadastramento é feito através de cadastramento e os presos do público LGBT reclamam porque a carteirinha vem com seu nome de registro e não com seu nome social. os presos reclamam da completa ausência de visita íntima para casal homoafetivo; a revista em transexuais e travestis nem sempre é realizada por agentes femininas; depende da galeria. apontando ainda a insuficiência de medicamentos, principalmente hormônios para os transexuais e homossexuais que necessitam deste sob prescrição médica. A distribuição da medicação aos portadores de HIV é feita pela psicóloga. Há um local (Galeria A) destinado ao público LGBT, sendo que estes não são obrigados a irem para lá e sim, convidados. Os presos que compõe o público LGBT reclamam da obrigatoriedade do corte de cabelo e barba, sob pena de punição disciplinar, bem como não poderem usar maquiagem, acessórios e roupas femininas. A Penitenciária Nelson Hungria é a penitenciária de onde as internas custodiadas aguardando julgamento e encontra-se localizada na Estrada General Emílio Maurell Filho, n 1907, no bairro de Bangú, na cidade do Rio de Janeiro. O objetivo desta inspeção consistiu em localizar os principais problemas que porventura existam na unidade prisional, observando, principalmente, as condições de vida das presas lésbicas e bissexuais assim como contribuir para a melhoria das condições carcerárias e de trabalho dos servidores ali lotados. Há concessão de visita íntima somente para as presas que possuem relacionamento heterossexual; as presas lésbicas postulam o direito à visitação íntima, onde não são atendidas; somente se viabiliza a saída das presas para realizarem visitas íntimas para as que têm relacionamentos heterossexuais. A maioria das presas deseja ser transferida da unidade em virtude, principalmente, do tratamento que lá recebem. Trata-se de uma unidade prisional que não possui um bom atendimento jurídico e as agentes que trabalham diretamente com as internas, agem de forma discriminatória principalmente para o público LGBT, colocando 72

73 para trabalhar as presas que possuem uma melhor aparência e discriminando as que se vestem e agem de forma mais masculinizada. Quando utilizam estas, colocam para realizar tarefas mais pesadas. As internas relataram também que a festa realizada no dia das crianças para as internas que possuíam filhos, não foram permitido o acesso da mesma para todas e a comida que sobrou foi jogada fora. A Penitenciária Talavera Bruce é a maior penitenciária feminina de cumprimento de pena privativa de liberdade em regime prisional fechado do Estado do Rio de Janeiro e encontra-se localizada no Complexo de Gericinó, na Estrada Guandu do Sena, n 1902, no bairro de Gericinó, na cidade do Rio de Janeiro, RJ. Não foi permitida visita no lugar do castigo, pois a visita foi direcionada. Como na Unidade anterior, há concessão de visita íntima somente para as presas que possuem relacionamento heterossexual; as presas lésbicas postulam o direito à visitação íntima, onde não são atendidas; somente se viabiliza a saída das presas para realizarem visitas íntimas para as que têm relacionamentos heterossexuais; até sugeriram a construção de um sapatório. Ainda assim, a maioria esmagadora das presas não deseja ser transferida da unidade em virtude, principalmente, do tratamento que lá recebem. Trata-se de uma unidade prisional que tem bom atendimento jurídico e na qual, em regra e segundo as internas, não há graves violações de direitos humanos. De forma geral, nas três Unidades visitadas, os presos reivindicam um incremento do atendimento jurídico, uma vez que a quantidade de advogados e defensor não consegue suprir a demanda. Realçam, ainda, alguns términos de pena. Reclamam também da falta de assistência social a presos e familiares; bem como a ausência de atividades educacional, laborativa e esportiva na unidade, tais como cursos profissionalizantes de cabelereiro, manicure, maquiagem, informática, bem como local para funcionamento de uma igreja e outros cultos religiosos; reclamam do ócio, agravado pela circunstância do regime de tranca a que estão submetidos. Não há dispositivo de aquecimento da água para banho dos presos. Só há fornecimento de material de higiene e limpeza quando ingressam na unidade; o kit que é fornecido é composto de: 01 (um) sabonete, 01 (uma) pasta de dente, 01 (uma) escova de dente, e nem todos os internos recebem. Também não é reposto com regularidade pelo Estado; esta falta é suprida com recursos próprios dos presos, pelos familiares nos dias das visitas e doações e entidades religiosas. O Estado não fornece colchões para todos os presos. Nas Unidades Femininas, não há fornecimento de absorvente às presas pelo Estado; a omissão é suprida por doações; as presas lésbicas ou bissexuais não podem usar cueca e se os familiares trouxerem, não é permitida a entrada. Conclusões Diante da heteronormatividade presente na nossa sociedade, percebe-se a violação à personalidade da população carcerária LGBT, bem como a não garantia de direitos básicos. Acreditamos que os dados levantados nesta pesquisa qualitativa podem contribuir com as ações que são impetradas no destino desses homens e mulheres durante e após o período de privação da liberdade. Ao IFRJ e à FAPERJ pelo apoio financeiro. Agradecimentos Referências FOUCAULT, Michel. A ordem do Discurso. São Paulo: Edições Loyola, LOPES, Guacira (Org). O corpo educado: Pedagogias da Sexualidade. Belo Horizonte: Autêntica, SANTOS, Maricy B. S. dos; NERI, Heloneida F.; OLIVEIRA, Maria F. L.; QUITETE, Byanka & SABROZA, Adriane. Do Outro Lado dos Muros: a Criminalidade Feminina. In: Revista Mnemosine. Vol. 5, Nº 2 (2009). Disponível em: cliopsyche.cjb.net. Acessado em: 01 de outubro de SCOTT, Joan. "Gênero: uma categoria útil de análise histórica". Educação e Realidade, Porto Alegre, v. 16, n. 2, p. 5-22, jul./dez

74 A educação ambiental e a formação inicial de professores no âmbito dos museus e centros de ciências Águida Cristina Dias Lucena (IC)*, Denize Greice Neves da Costa *(IC) Gabriela Ventura da Silva do Nascimento gabriela.silva@ifrj.edu.br Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro*, Campus Avançado Mesquita Palavras-chave: educação ambiental, museus e centros de ciências, formação inicial de professores Introdução No contexto da colaboração entre educação formal e não-formal, os museus e centros de ciências constituem-se importantes espaços para a promoção da educação ambiental. Assim, sinalizando a importância da criação de espaços de discussão e participação coletiva, nos quais se aliem reflexão e prática, o presente projeto buscou discutir a inserção da temática ambiental nos museus e centros de ciências. As questões ambientais no âmbito escolar demanda a discussão sobre a abordagem desta temática durante a formação de professores. Os museus e centros de ciências por sua vez, tem contribuído com a formação docente e, nesta perspectiva, o presente projeto também investigou sobre a formação inicial de professores nesses espaços. A presente pesquisa se realiza em um contexto maior, como aporte teóricoprático para a fundamentação de ações e projetos a serem desenvolvidos no Espaço Ciência InterAtiva (ECI), tendo em vista a inserção da discussão ambiental na formação docente inicial, a partir da aproximação das relações entre os cursos de licenciatura e o ECI. Para tanto, realizou-se um levantamento bibliográfico acerca da formação docente inicial, bem como a temática ambiental nos museus e centros de ciências. De forma complementar, no âmbito do Estado do Estado do Rio de Janeiro, orientando-se pelo catálogo da Associação Brasileira de Museus e Centros de Ciências (ABCMC), foram analisadas nesses espaços, a presença de ações e projetos que contemplem a temática ambiental, bem como atividades e cursos que sejam voltadas para os licenciandos. Importa ressaltar que a seleção dos espaços foi feita tendo em vista os espaços que tratam de temáticas científicas, a saber: Museu da Vida da Fundação Oswaldo Cruz Museu Ciência e Vida, Centro Cultural da Ciência e Tecnologia da UFRJ, Instituto de Pesquisa do Jardim Botânico, Instituto Vital Brazil, Sesciência, Casa da Descoberta da UFF, CECIERJ, MAST, Jardim Botânico da UFRRJ, Espaço Ciência de Paracambi. A pesquisa foi realizada nos meses de março e abril de 2012 e consistiu em uma visita aos sítios na Internet dessas instituições com o objetivo de reunir informações referentes às exposições, aos cursos e outras atividades voltadas para a temática ambiental e para a formação docente inicial. A visita procurou por atividades e exposições que estão presentes e as que já foram oferecidas pelos mesmos. Resultados e Discussão Conforme informações disponibilizadas no período de levantamento de dados pelos sítios na Internet dos museus e centros de ciências citados acima, foi possível observar que apenas oito desses espaços possuíam alguma atividade envolvida com a temática ambiental. Para o Museu da Vida da Fundação Oswaldo Cruz, observou-se a realização de exposições que exploram o Brasil como a Exposição Fotografias da Ciência na Amazônia, mostrando a importância dessas fotos para o meio científico e a Exposição Visões da Amazônia, onde se conta a história da Floresta Amazônica. Esse museu de ciências conta ainda, no seu espaço denominado Biodescoberta, com algumas atividades voltadas para a temática ambiental como: Diversidade da Vida, que apresenta a diversidade dos ecossistemas existentes na Mata Atlântica e sua degradação; Veja o Vivo que é um aquário onde são apresentados alguns dos seres vivos pertencentes ao ecossistema brasileiro; e Há vida na água não tratada? que mostra a variedade de microorganismos que vivem em águas não tratadas. Com relação ao Centro Cultural da Ciência e Tecnologia da UFRJ, assinala-se a exposição Sensações do Passado Geológico da Terra que trata das transformações que ocorreram na Terra. Há também a exposição Baratas & Afins: o notável mundo dos insetos que mostrou ao público a importância dos insetos para o equilíbrio ecológico da natureza. Aponta-se ainda, a realização por este 74

75 espaço, de uma oficina de reciclagem, um curso de reciclagem e fibras naturais e uma mostra ecológica com experimentos científicos. O Instituto de Pesquisa do Jardim Botânico do Rio de Janeiro possui um projeto de responsabilidade social chamado Projeto Dedo Verde que consiste em uma caminhada pelo Jardim Botânico com crianças para que elas possam ter contato com as cores e texturas presentes na natureza. O Projeto Verão Verde, criado em 2005, é outra atividade promovida por esse espaço, visando uma melhoria nas condições sociais e ambientais através de algumas metas. Importa salientar que, o Jardim Botânico possui o Museu do Meio Ambiente, o qual disponibiliza algumas exposições como, por exemplo, a exposição Visões da Terra. Aberta ao público no período de 2009 a 2011, a exposição buscou proporcionar ao visitante um passeio através das transformações sofridas pela Terra e as concepções diferentes de mundo. Outra atividade a ser mencionada refere-se às palestras intituladas Meio Ambiente e Desenvolvimento e Mudanças ambientais globais e cooperação internacional, crônica de um fracasso anunciado, ambas realizada no ano de 2009 pelo Jardim Botânico do Rio de Janeiro. O Instituto Vital Brazil é outro espaço que realizou alguns projetos no viés da temática ambiental, dentre os quais se destacou a Primeira Pré- Conferência Local da Saúde Ambiental da Comunidade do Morro do Vital Brazil para conscientizar a comunidade local sobre a preservação ambiental. O Sesciência possui o projeto Ecologia, Pensamento e Sociedade, que propõe motivar o compromisso nas questões individuais e coletivas do meio ambiente, da economia e da sociedade. O Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST), no ano de 2011, realizou a atividade O Terrário Território Fechado onde são debatidas as condições necessárias para que exista vida. A Fundação CECIERJ, realizou o Fórum Ciência e Sociedade em 2002 onde se encontram algumas atividades como Água e Qualidade de Vida, Energias Renováveis, Gestão Ambiental, Homem do Cerrado: água, clima e energia. Outro espaço em que foram encontradas atividades voltadas para temática ambiental foi o Jardim Botânico da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Nesse espaço, são oferecidas visitas através dos quais o visitante é guiado por estudantes do Projeto Educação Ambiental, assistem a uma palestra sobre o funcionamento e a história do local e visitam o centro de produção de mudas de plantas. Cabe salientar que o Espaço Ciência InterAtiva do IFRJ, consta no catálogo da ABCMC e possui uma exposição permanente denominada Energia e Vida cujo objetivo é proporcionar ao visitante diversas reflexões tendo a temática da energia e suas diversas interfaces com as diversas áreas do conhecimento e da vida. Em um viés histórico, a exposição aborda as diferentes questões relativas a temática energética, desde a invenção da máquina a vapor às ditas fontes alternativas de energia, com destaque para a questão da exclusão social do acesso as modernas fontes de energia para grande parte da população, nas diversas regiões no âmbito mundial. No que se refere à formação docente, vale destacar que esse espaço volta-se para a formação docente, inicial e continuada, sendo temática marcante nas pesquisas e ações desenvolvidas por esse espaço. Com relação à formação inicial, não foram encontradas informações sobre atividades voltadas para esse público disponibilizadas nas páginas da Internet, durante o período de consulta nos outros espaços consultados. Importa considerar que, as informações disponibilizadas pelos sítios na Internet das instituições mencionadas não nos permite afirmar que não exista ou não tenha sido realizadas atividades ou ações, pois essas informações podem não estar disponibilizadas, em função da rotatividade de atividades e ações desenvolvidas pelos diferentes museus e centros de ciências. Um exemplo que merece destaque diz respeito ao Curso Parcerias, promovido pelo MAST, voltados para licenciandos da área de Ciências e Pedagogia, cujas informações não se encontravam disponíveis no site institucional. Todavia, ressalva-se que, ao verificar as atividades promovidas por esses diversos espaços de educação não formal, o que pôde ser observado é o destaque que a temática ambiental assume nas ações propostas e divulgadas por esses espaços. Conforme assinalado por Guimarães e Vasconcelos (2006), os espaços de educação não formal, como os museus e centros de ciências ainda carecem de trabalhos que contemplem a temática ambiental. Porém, tendo a questão socioambiental como fio condutor, observam-se algumas ações recentes promovidas pelos museus e centros de ciências na relação com as escolas. Um exemplo representativo dessa relação colaborativa entre esses dois espaços pode ser encontrada no projeto Tecendo Redes por um Planeta Terra Saudável (Vasconcelos, 2008). Cabe ressalvar que, embora sejam observadas diversas ações desenvolvidas no âmbito dos museus e centros de ciências, conforme as informações disponibilizadas em seus sites institucionais, uma questão que surge refere-se aos objetivos e concepções que embasam essas atividades. Advoga-se a necessidade de compreender que as questões ambientais, bem como a própria educação ambiental, não podem ser tratadas de forma simplificada e homogênea. Antes, deve ser reiterado que pelo viés crítico da educação ambiental, assumem centralidade, os conflitos e complementaridades da realidade socioambiental em suas múltiplas determinações históricas e sociais, o que implica em um novo olhar sobre as relações entre seres humanos e a sua base natural de existência, 75

76 ponderando uma sociedade pautada em relações sociais extremamente assimétricas.dessa forma, além de contemplar a questão ambiental, é preciso discutir qual o projeto de educação e qual a concepção de ambiente subjacentes às propostas desenvolvidas. O presente trabalho reitera a relevância de que esses espaços agreguem a dimensão crítica à educação ambiental e esta seja associada na formação de professores. No que tange à formação de professores nesses espaços, Jacobucci,Jacobucci e Neto (2009) salientam que A literatura na área de formação de professores em espaços não-formais de educação ainda é muito escassa no país, com relatos isolados de atividades em um ou outro centro ou museu de ciências (p. 119). E, de forma específica, com relação à formação inicial, Monteiro, Martins e Gouvêa (2009), sinalizam a incipiência de ações promovidas por esses espaços voltadas para formação inicial dos docentes e segundo estes autores, a tradição dos cursos de licenciatura deve fundir-se com os novos conceitos de educação em Museus e Centros de Ciências. Conclusões Este trabalho contextualiza-se na colaboração dos museus e centros de ciências para a formação docente inicial e para a promoção da educação ambiental crítica. Por meio da análise aqui realizada, corrobora-se a pertinência da realização de ações e projetos pelos museus e centros de ciências voltados para a formação inicial de professores. Ratifica ainda a importância desses espaços na inserção da temática socioambiental no processo educacional durante a formação inicial docente. Diante do consenso da urgência de reversão do cenário de crise socioambiental e tendo em vista as inúmeras questões relacionadas à educação, há de se ressaltar a importância de que essa tarefa seja contemplada nos diversos setores da sociedade. Nesse sentido, Vasconcelos e Guimarães (2006) apontam a relação entre a educação formal e não formal e sinalizam a importância da cooperação entre diferentes instituições educativas, entre educação formal e não formal, na formulação e execução de ações e propostas que visem o enfrentamento da crise socioambiental. Conforme apontado em Ventura e Sousa (2010) [...] a criação de espaços de discussão, nos quais se congreguem reflexão e prática, em ambientes de participação individual e coletiva, certamente é um caminho que pode contribuir para a Educação Ambiental Crítica e uma nova sociedade. (p. 30). Neste contexto colaborativo entre museus e centros de ciências e a educação formal (nos diversos níveis de ensino), reiterase a relevância da aproximação do Espaço Ciência InterAtiva do IFRJ com os cursos de licenciatura, sobretudo, aqueles da própria instituição, por meio de ações de extensão ou por meio da participação dos licenciandos como mediadores das atividades de educação e divulgação científica promovidas por esse espaço. Ao IFRJ pelo apoio financeiro. de professores.agradecimentos Referências MONTEIRO, B. A. P.; MARTINS, I.; GOUVÊA, G.. Espaços não formais de educação e os discursos presentes na formação inicial de professores de química. [Trabalho apresentado no VII ENPEC; Santa Catarina: Florianópolis]. QUEIROZ, G.; GOUVÊA, G.; FRANCO, C. Formação de professores e Museus de Ciência. In: GOUVÊA, G.; MARANDINO, M.; LEAL, M. C. (orgs) Educação e Museu: a construção social do caráter educativo dos museus de ciência. Rio de Janeiro: Access, VASCONCELLOS, M. M. N. Educação ambiental na colaboração entre museus e escolas: limites, tensionamentos e possibilidades para a realização de um projeto políticopedagógico emancipatório. Tese de Doutorado. Programa de Pós-graduação em Educação. Universidade Federal Fluminense, RJ, VASCONCELLOS, M.M.N., GUIMARÃES, M. Educação ambiental e educação em ciências: um esforço de aproximação em um museu de Ciências MAST. Ambiente & Educação, vol.11, p VENTURA, G.; SOUSA, I. C. F. Refletindo sobre a relação entre natureza humana, valores capitalistas e a crise ambiental: contribuições para a promoção da Educação Ambiental crítica. Ambiente & Educação, vol. 15(1), p

77 A educação ambiental e a formação inicial de professores: uma discussão sobre educação e ambiente com licenciandos Denize Greice Neves da Costa (IC)*, Águida Cristina Dias Lucena *(IC), Gabriela Ventura da Silva do Nascimento gabriela.silva@ifrj.edu.br Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro*, Campus Mesquita Palavras-chave: educação ambiental crítica, formação docente inicial. Introdução A promoção da educação ambiental nos diversos setores da sociedade tem sido cada vez mais crescente e fundamental no enfrentamento da crise ambiental que se agrava. Todavia, é necessário ressaltar que existem diversas formas de fazer Educação Ambiental (EA) e cada uma delas traz subjacente uma determinada concepção sobre a educação e sobre o ambiente, ressaltando a importância de compreender essas duas categorias estruturantes da Educação Ambiental. O processo de institucionalização da EA no Brasil resultou em uma forte demanda de atividades e práticas no âmbito da educação formal, o que por sua vez, implicou em uma fragilização desse processo na realidade cotidiana das escolas. Conforme assinala Guimarães (2004), [...] de um modo geral, os professores não tiveram em sua formação a discussão da inserção da dimensão ambiental no processo educacional. Também não participaram dessa discussão na sociedade (...). (p. 111). Neste contexto, o presente projeto buscou refletir sobre as percepções de professores em formação inicial dos três cursos de licenciatura do campus Nilópolis do IFRJ, sobre a questão ambiental e sobre a educação, tendo em vista a identidade pessoal e profissional, enquanto futuro docentes, assumida por esses sujeitos. Importa salientar que, o presente projeto se inscreve no contexto de um centro de ciências, a saber: o Espaço Ciência InterAtiva do IFRJ/Campus Avançado Mesquita. Em uma investigação de cunho qualitativo, foram aplicados questionários contendo questões abertas a estudantes dos cursos de licenciatura em Química, Física e Matemática do campus Nilópolis do IFRJ totalizando um universo de 41 estudantes participantes, composto por 14 por alunos de Licenciatura em Física, 11 alunos da Licenciatura em Química e 16 por alunos do curso de Licenciatura em Matemática. As questões versavam sobre as expectativas desses licenciandos para a profissão docente, as suas motivações para cursar licenciatura e o papel atribuído por eles ao professor e à educação. E, tendo em vista a questão ambiental, o questionário contemplou ainda as definições destes estudantes sobre os problemas ambientais, bem como a inserção dessa temática na prática docente. Resultados e Discussão Quando questionados sobre sua escolha por cursar licenciatura, três participantes admitiram que o curso não foi sua primeira escolha. No entanto, grande parte dos alunos disse ter escolhido a carreira docente manifestando o interesse e gosto pela profissão e pelo ensino. Importa observar ainda que alguns licenciandos explicitam uma perspectiva positiva de crença na educação e no papel do professor. Cabe ressaltar também que para alguns desses licenciandos a escolha pela licenciatura se justifica pelo interesse na área específica e, não pela carreira docente. Para oito licenciandos, questões de facilidade de acesso ao curso, aparecem como justificativas pela escolha da licenciatura e, desta forma, são apontados fatores como a baixa relação candidato vaga, baixo custo, proximidade de casa, entre outras questões relacionadas a facilidade no acesso ao curso de licenciatura. As expectativas desses licenciandos com relação à profissão docente relacionam-se à cinco principais categorias, a saber: seguir carreira acadêmica, questões relativas à remuneração, perspectivas positivas no que tange as contribuições do professor nas transformações sociais, o papel do professor na aprendizagem e nos conhecimentos, além de aspectos referentes a identidade profissional e o papel docente na sociedade. Em uma postura pragmática, para cinco desses licenciandos, as expectativas para a profissão docente, enfocam-se no papel do professor como facilitador da aprendizagem, aquele que transmite conhecimentos. Para treze dos licenciandos participantes da pesquisa, a profissão docente é vista sob uma perspectiva que aposta no papel do professor como sujeito capaz de ajudar a mudar 77

78 a vida das pessoas e da sociedade como um todo. Importa observar que seis licenciandos afirmam que pretendem seguir carreira acadêmica, com o objetivo de ingresso em uma pós-graduação após a conclusão da licenciatura. Uma questão que cabe ser ressaltada diz respeito ao reconhecimento e valorização do papel docente. Para onze dos licenciandos que participaram da pesquisa, as suas expectativas para a profissão docente são positivas, entretanto, apontam a profissão como pouco valorizada e reconhecida, tanto pelos alunos e pela escola, quanto pela sociedade de forma geral. Importa observar que, no que tange à remuneração, os licenciandos apontam aspectos relativos a baixa remuneração e para outros, a profissão docente aparece como uma carreira com a possibilidade para um bom rendimento financeiro. Ao analisar de forma específica como os participantes veem o papel da educação e do professor, emergem questões referentes a valorização da identidade profissional docente na sociedade e também são apontados pelos licenciandos aspectos relacionados à falta de investimento na educação e surgem ainda críticas e perspectivas negativas quanto a educação e ao professor. Importa, contudo, salientar que muitos licenciandos associam o papel da educação e do professor ao desenvolvimento do país. O papel do professor e da educação ainda é remetido à formação do aluno, em uma perspectiva de formação humana e cidadã. Três participantes, de forma explícita, associam a educação e o professor à transformação da sociedade. Com vistas a compreender as percepções dos licenciandos sobre a questão ambiental, contemplando, portanto, a outra categoria estruturante da educação ambiental, questionamos esses estudantes com relação as suas definições sobre problemas ambientais, exemplos citados por eles de questões relacionadas a temática ambiental, bem como as possibilidades de contemplá-la em sua prática docente. Observou-se que para muitos estudantes a questão ambiental enfoca-se na ação humana sobre a natureza, o que causa os diversos problemas ambientais. Denotando de forma explícita a dualidade entre natureza e seres humanos, muitas definições do que são problemas ambientais, apontam de forma específica a natureza, o meio ambiente e os ecossistemas como principais sujeitos na problemática ambiental. Importa ressalvar qual é o papel atribuído à educação e a escola nesse contexto, fazendo emergir nos discursos desses estudantes, questões como falta de educação, de conhecimento e de conscientização. Para onze participantes, os problemas ambientais são causados pela falta de educação, conhecimento, conscientização e orientações voltada para o meio ambiente. Cabe ainda ponderar que, para nove alunos os problemas ambientais assumem o viés da política pública, legislação ambiental e desenvolvimento industrial, explicitando na trama ambiental outros atores além do ser humano (de forma genérica, sem que sejam explicitados as diferentes classes sociais e modos peculiares de interagir com o ambiente) e da natureza (como algo a ser protegido do ser humano, como se este dela não fizesse parte). Assim, é possível encontrar definições de problemas ambientais, as quais, por exemplo, abordam a questão da industrialização e do lucro. Analisando os exemplos de problemas e questões relacionadas a temática ambiental pode-se reiterar a visão de que a problemática ambiental está associada estritamente à preservação da natureza, reciclagem e outras ações que remetem aos comportamentos dos indivíduos. De fato, são questões presentes de forma massiva dos discursos ambientais presentes nas diversas esferas da sociedade, e, dessa forma, os participantes relacionam os problemas ambientais a questões ecológicas, ao problema do lixo e a fenômenos naturais. Os participantes relacionam a temática ambiental às ações que ocorrem no meio ambiente devido ao comportamento das pessoas, falta de educação, interesses financeiros e urbanização desordenada. Ao analisar as possibilidades de contemplar a temática ambiental nas práticas docentes, observa-se que para a maioria (37 estudantes) isso é possível em suas diferentes áreas de atuação e apontam estratégias relacionadas a aplicações práticas de soluções para os problemas ambientais, pautadas em mostrar causas e efeitos, por meio de projetos e ações interdisciplinares. Conclusões Através do presente projeto, podem-se discutir diversos aspectos que devem ser considerados para a inserção da discussão da questão ambiental durante a formação inicial desses futuros professores. Considerando o papel que a educação assume no enfrentamento social do atual quadro de degradação socioambiental, uma primeira questão a ser assinalada diz respeito à problematização do papel da educação e do professor diante do atual cenário de crise ambiental. Importar assinalar que, conforme Layrargues (2006), [...] nenhuma discussão a respeito das metas, objetivos e avaliação da educação ambiental que mereça credibilidade pode deixar de abordar a perspectiva sociológica da educação como instrumento ideológico de reprodução das condições sociais. (Layrargues, 2006, p.85). Corroborando com este autor, a assertiva de que a EA é acima de tudo educação, Tozoni-Reis (2007) afirma que a EA [...] diz respeito a relação entre sociedade e ambiente, às formas históricas com que a humanidade se relaciona com o 78

79 ambiente assim como as formas históricas das relações entre os sujeitos e destes com o ambiente, priorizando a necessidade de participação política dos sujeitos sociais. (p. 217). Ao discutir a educação ambiental à luz da sociologia da educação, Layrargues (2006) assinala que para a Teoria Critica a Educação cumpre um papel de desalienação ideológica das condições sociais. Considerando, portanto, a função social da educação ambiental, enquanto a própria educação, o autor ressalva que a concepção daquela educação tem se aproximado das correntes em que concebem-na como instrumento de socialização humana e então são privilegiadas mudanças culturais em que resultem em mudanças individuais, em uma perspectiva pouco crítica da realidade, esvaziando o campo da ação política, distanciando o cidadão comum das grandes decisões. Uma abordagem sociológica da educação ambiental, portanto, permite compreendê-la para além de mudanças comportamentais ou o ensino de conteúdos acerca dos grandes desequilíbrios ecológicos. Em uma concepção de educação que a considera como instrumento de transformação social, problematizadora e dialógica, o projeto político pedagógico da educação ambiental que se pretenda crítica, emancipatória e transformadora, demanda uma compreensão das inter-relações entre as diversas dimensões da realidade, situando-as historicamente no cenário socioambiental, o que reforça a tematização histórica dos valores e das relações entre sociedade e ambiente, entre seres humanos e natureza. (VENTURA, 2007). Esses aspectos contribuem para uma compreensão crítica da educação ambiental. Outra questão que merece ser destacada refere-se ao sentimento de autodesvalorização e desvalorização da carreira docente. Dessa forma, considerando a educação ambiental como a própria educação, torna-se crucial que as práticas formativas docentes atentem para questões relacionadas à ressiginifcação e valorização da identidade profissional docente. Carvalho (2005) ao refletir sobre os desafios políticos e epistemológicos da formação de professores em educação ambiental assinala que: Trata-se da formação de uma identidade pessoal e profissional. [...] quaisquer que sejam estes programas e metodologias, estes devem dialogar com o mundo da vida do (a)s professore(a)s, suas experiências, seus projetos de vida, suas condições de existência, suas expectativas sociais.(p.13). Neste contexto, este projeto, reiterando a importância da relação colaborativa entre a educação formal e os museus e centros de ciências para a promoção de ações e propostas orientadas pelas vertentes críticas da educação ambiental, busca aporte empírico nas análises aqui realizadas para a construção de ações e projetos voltados para a inserção da discussão ambiental na formação inicial de professores, estreitando as relações entre o Espaço Ciência InterAtiva e os cursos de licenciaturas. Ao IFRJ pelo apoio financeiro. Agradecimentos Referências CARVALHO, I. C. M. A invenção do sujeito ecológico: identidades e subjetividade na formação dos educadores ambientais. In: Sato, M. & Carvalho, I. C. M. (orgs) Educação Ambiental; pesquisa e desafios. Porto Alegre, Artmed, GUIMARÃES, M. A formação de educadores ambientais. Campinas: Papirus; LAYRARGUES, P.P. Muito além da natureza: educação ambiental e reprodução social. In: LOUREIRO, CFB, LAYRARGUES, PP, CASTRO, RS. (orgs.). Pensamento complexo, dialética e educação Ambiental. São Paulo: Cortez; TOZONI-REIS, M. F. C. Contribuições para uma pedagogia crítica na educação ambiental: reflexões teóricas. In: LOUREIRO, C.F.B. et al A questão ambiental no pensamento crítico: natureza, trabalho e educação. Rio de Janeiro: Quartet, VENTURA, G. Reflexões sobre as percepções de um grupo de estudantes sobre a crise ambiental p. Dissertação (Mestrado em Ensino de Biociências e Saúde) FIOCRUZ, Instituto Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro,

80 OFICINA DE CRIAÇÃO DE PRODUÇÃO DE RECURSOS AUDIOVISUAIS PARA O ENSINO DE CIÊNCIAS Lucile Daniel Moreira 1 ; Léo Diniz 2 ; Maylta Brandão dos Anjos 3 ; Giselle Rôças 3 1. Licencianda do curso de química, IFRJ, Campus Nilópolis. Bolsista PIBIC do CNPq 2. Aluno do curso de produção cultural, IFRJ, Campus Nilópolis. Bolsista PIBIC do IFRJ 3. Docentes do Programa Stricto Sensu em Ensino de Ciências IFRJ, Campus Nilópolis giselle.rocas@ifrj.edu.br Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro, Campus Nilópolis Palavras Chave: Ensino de Ciências, lúdico, Produção do Audiovisual, Cultura, Educação Introdução A criação e a produção de um vídeo através do Ciclo de Palestras desenvolvida entre professores, alunos do curso de produção cultural e mestrandos de Pós-Graduação Stricto Senso em Ensino de Ciências do IFRJ realizado em duas escolas da baixada Fluminense foi o foco deste trabalho, como proposta de melhoria na qualidade de ensino nas escolas, permitindo que temáticas como saúde e meio ambiente possam ser trazidas para sala de aula facilitando o desenvolvimento por parte dos alunos. O uso de vídeos atua não somente como um instrumento educativo para o educando, mas principalmente, como um objeto lúdico de divulgação que estimula a criatividade dos mesmos. A realização das oficinas e a produção de vídeos constituem em um aprendizado, onde esses sujeitos possam vivenciar o conteúdo, viver o imaginário e o inesperado, descobrindo o que existe além dos limites da sala de aula, (BALBINO 2005). O projeto visou a elaboração e a divulgação de dois audiovisuais que, não somente, ajudarão a ampliar o conceito entre cultura e educação, tão defasadas em nossa sociedade, como também atraiam a atenção dos professores e alunos. Salientamos ainda que, os audiovisuais serão exibidos também no museu de ciências do IFRJ, que está em fase de construção, localizado no município de Mesquita na Baixada Fluminense. Resultados e Discussão Este trabalho foi realizado em duas escolas, do ensino básico e do ensino de formação de professores, ambas localizadas na Baixada Fluminense e teve na sua observância a melhoria da qualidade de ensino e buscou através da concretização das oficinas tornar mais próximo e mais significativo assuntos relacionados ao tema ambiente e ensino de ciências aos alunos. Para tanto, se fez necessário a realização de 12 oficinas com os seguintes temas: A ludicidade auxiliando o processo ensino e aprendizagem, O professor e a sua prática: o que é um bom professor?, Almanaque sonoro de química: Mediações e rede, Educação ambiental e ensino de matemática: uma articulação possível no ensino fundamental, O livro paradidático: linguagem e imagem na construção de um aprendizado significativo, Protótipos versus idéias essenciais: discutindo citologia em ambiente 3D, Atividades lúdicas como instrumento de inserção da educação ambiental no currículo escolar, Brincando com RPG: O lúdico, jogos cooperativos e o RPG, Narrativas e práticas investigativas na construção do pensamento científico, Ferramentas midiáticas como suporte à educação ambiental para a formação do técnico em guia de turismo, Pistas de ação para os professores desenvolverem uma educação ambiental crítica, Oficinas de cores, sendo as mesmas ministradas por alunos do mestrado de Pós-Graduação Stricto Senso em Ensino de Ciências do IFRJ. Cada oficina teve a duração de aproximadamente três horas nos quais se produziu um registro audiovisual 80

81 da mesma. Realizamos ainda questionários com todos os sujeitos envolvidos, possuindo cunho comparativo entre as respostas de professores do ensino básico e do ensino de formação de professores Tais questionários redundaram em respostas da qual nos servirá de livre interpretação. Foram produzidos ainda dois documentários em conjunto com docentes, técnicos e alunos das escolas envolvidas, com apoio técnico do NUCA e dos alunos de Produção Cultural, sendo eles o Vírus da Educação e o Ensino, Ambiente, Saúde e Cultura nas Escolas. Tal atividade promoveu nas escolas a possibilidade de resgate de parte das suas histórias, bem como descobrir personagens interessantes que habitam os corredores das mesmas. Conclusão Durante o desenvolvimento da pesquisa, pudemos conferir que a leitura de alguns autores nos remeteu à compreensão da aprendizagem significativa e como ela foi profícua para o conhecimento e desenvolvimento cognitivos do alunado. A realização das oficinas educacionais, sendo realizadas através de palestras, foi o ponto chave neste processo no que tangencia o binômio ensino/ aprendizagem e mostrou que através dos esforços dos envolvidos, o desenvolvimento intelectual e cultural foi de forma gradativa e não terminará no fim de um projeto. Para tanto, o objetivo da pesquisa foi atingido ao contribuir para as práticas pedagógicas e fazendo com que os alunos explorassem seu imaginário, realizando debates sobres os temas propostos e descobrindo que a busca do conhecimento vai além das salas de aula. Agradecimentos Ao IFRJ, CNPq e Faperj pelo apoio financeiro. Aos diretores, coordenadores, professores, alunos do mestrado e alunos das escolas participantes do projeto. Referências AUSUBEL, David. Aquisição e retenção de conhecimentos: Uma perspectiva cognitiva. Editora Plátano. Lisboa, MOREIRA, M. A. Aprendizagem significativa crítica. In: Conferência proferida no III Encontro Internacional sobre aprendizagem Significativa, Lisboa (Peniche), 11 a 15 de set Disponível em < apsigcritport.pdf> Acesso em Março, NOVAK, JOSEPH D. Apreender, Criar e Utilizar O Conhecimento. Mapas Conceptuais como Ferramentas de Facilitação nas Escolas e Empresas. Editora Plátano. Lisboa, NOVAK, J.D., A.J. CANÃS, (2006a). The Origins of the Concept Mapping Tool and the Continuing Evolution of the Tool, Information Visualization Journal 5, (January 2006). Rev , Florida Institute for Human and Machine Cognition. Disponível em: < /OriginsOfConceptMappingTool.pdf> Acesso em: Março,

82 Formação Continuada de Professores em Ciências Naturais para docentes dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental: ação de um museu de ciências na Baixada Fluminense/RJ. Maria de Magdala Gonçalves Valério da Silva (IC) 1, Lilian Mascarenhas de Paula 2 (IC Capes), Kely Marciano Soares (IC- Capes) 1, Volnei Vogas Cipriano de Souza (IC- Capes) 1 Grazielle Rodrigues Pereira 1,3 (PQ) grazielle.pereira@ifrj.edu.br Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro, Espaço Ciência InterAtiva/Campus Avançado Mesquita 1 Universidade do Estado do Rio de Janeiro 2 Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho 3 Palavras-chave: formação de professores, ensino fundamental, ciências naturais, educação não formal. Introdução O ensino das Ciências pode contribuir de forma significativa para formar cidadãos capazes de entender diversas questões sociais, bem como ter uma compreensão ampla do seu entorno. Para tanto, o ensino das Ciências precisa estar inserido na educação de forma efetiva desde a Educação Infantil. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (Brasil, 1998) corroboram com as questões supracitadas ao advogar em favor da importância de se ensinar conteúdos de Ciências desde os primeiros anos da Educação Básica. Por outro lado, o professor que hoje atua junto a esse público, sobretudo nos anos iniciais do Ensino Fundamental, geralmente é graduado em Pedagogia ou possui o Curso de Magistério (Ensino Médio) e, sendo assim, não possui a formação adequada para ensinar Ciências Naturais (Ducatti-Silva, 2005). Cabe também ressaltar que o profissional da educação que leciona para as séries iniciais do Ensino Fundamental é um profissional polivalente, em geral responsável também pelo ensino de outras disciplinas (Ovigli, Bertucci, 2009). Com isso, o Ensino de Ciências é lecionado de forma superficial, onde as ações desse professor se resumem a aulas expositivas, listas de exercícios para os alunos decorarem, e com isso, os debates e discussões inerentes ao conhecimento científico, assim como o caráter experimental das ciências naturais são excluídos. Os docentes justificam que o reduzido número de atividades em Ciências nesse nível de ensino (e que muitas vezes sequer existem) deve-se ao nível de escolaridade dos estudantes, que por estarem ainda em fase de alfabetização, nem sempre necessitam aprender sobre este componente curricular (Bonando, 1994). Tendo em vista essa problemática que permeia o sistema educacional brasileiro, é de suma importância a presença contínua de atividades que facilitem discussões científicas atualizadas, além de ações que contribuam para múltiplas reflexões no ambiente escolar, especialmente quando nos reportamos ao ensino das Ciências Naturais nas séries iniciais do Ensino Fundamental. Para Hamburger, 2007: O desafio do educador é despertar a curiosidade e essa capacidade. O desafio maior é formar o educador e prover condições para que atue com sucesso (p. 101). A partir dessa problemática, os centros e museus de ciências, mesmo sem o compromisso de proporcionar o aprendizado formal das Ciências tem a capacidade de despertar o interesse do público visitante por essas áreas do conhecimento a partir de atividades lúdicas, interativas, instigantes presentes em suas exposições. Assim como, muitos espaços museais, tendo a filosofia educacional como um fio condutor, têm se preocupado com a formação continuada de professores em Ciências Naturais. Em pesquisas anteriores (Pereira, et al 2011), investigamos as características dos programas dos programas de formação continuada de professores (carga horária, frequência, público alvo, participação docente na construção do curso) dos museus e centros de ciências do Rio de Janeiro. Mediante os resultados da pesquisa, iniciamos a construção do projeto do I Curso de Formação Continuada de Professores em Ciências Naturais (I CFCPCN) do Espaço Ciência InterAtiva 1 (ECI). 1 Centro de Ciências do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro. 82

83 Com vistas à implantação do I CFCPCN no ECI, no presente trabalho buscamos conhecer as necessidades e o perfil dos professores que lecionam para os anos iniciais do Ensino Fundamental da rede de ensino do município de Mesquita, cidade a qual o ECI está inserido. Ainda na presente pesquisa, durante as atividades inerentes ao I CFCPCN estudamos o perfil do professor participante do curso, assim como o impacto imediato das primeiras ações do curso em questão. Metodologia A partir dos parâmetros da pesquisa qualitativa aplicamos um questionário com perguntas abertas e fechadas a fim de traçarmos o perfil dos professores participantes da pesquisa, assim como para investigarmos suas necessidades ao considerarmos o ensino das Ciências Naturais. Com isso, durante a pesquisa que antecedeu o I CFCPCN obtivemos uma amostra de 30 docentes oriundos de escolas do município de Mesquita. No segundo momento da pesquisa, aplicamos esse mesmo questionário aos professores inscritos no curso, com isso no primeiro dia de atividades inerentes ao I CFCPCN obtivemos a devolução de 21 questionários. A da amostra dos 21 docentes, averiguamos que os mesmos lecionam nos municípios de: Volta Redonda, Rio de Janeiro, Mesquita e Belford Roxo. Ressalto que iniciamos as atividades do I CFCPCN em março de 2012, com previsão de término em julho de O curso contempla atividades experimentais, palestras, debates de vídeos, realização de oficinas, visitas técnicas a centros e museus de ciências do Rio de Janeiro, com carga horária total de 100 horas de atividades. Assim como, o público alvo são professores dos anos iniciais do Ensino Fundamental, regentes de turma. Participam apenas professores regentes de turma, pois objetivamos avaliar o impacto do curso em curto e longo prazo a partir da mudança de atitude, bem como em virtude das transformações na prática docente frente às ciências naturais, como realização de experimentos em sala de aula, a utilização dos centros e museus de ciências como espaços complementares à educação, sobretudo a partir do entendimento de que esses espaços são locais propícios para o seu próprio enriquecimento científicocultural. Para avaliarmos o impacto imediato do I CFCPCN realizamos debates e grupo focal com auxílio de filmagens e fotografias durante as aulas com os 21 professores participantes do curso. Resultados e Discussões A pesquisa foi realizada com profissionais que atuam nos anos iniciais do Ensino Fundamental, contudo identificamos que dentre os 51 participantes da pesquisa, cinco além de lecionarem para esse segmento também atuam na Educação Infantil, três no segundo segmento do Ensino Fundamental e dois no Ensino Médio. Ainda, mediante as perguntas introdutórias, indagamos a respeito da formação acadêmica dos sujeitos da pesquisa e verificamos que 17 possuem graduação em Pedagogia, quatro são licenciados em Matemática, um é licenciado em Geografia, dois são licenciadas em Letras, um é licenciada em Ciências Biológicas, assim como uma pessoa possui bacharel em Direito. Verificamos que seis pessoas afirmam possuir graduação, mas não especificaram a área de formação, já 19 docentes não possuem graduação. Também identificamos 14 docentes com curso latu sensu de pós-graduação, onde prevalece a área de Educação (n=12). Cabe ressaltar que na amostra de 51 docentes, identificamos uma pessoa cursando Mestrado em Educação. Mediante o questionário, verificamos que sete docentes ao longo da sua formação acadêmica não foram expostos a disciplinas que enfatizassem as ciências, de modo que os demais (n= 41), durante o curso de formação de professores (Curso de Magistério) ou na graduação estudaram em algum momento disciplinas que dessem destaque para as ciências. Todavia, dentre as respostas, percebemos que essas disciplinas têm como proposta fornecer apenas noções nas áreas das ciências naturais. Ao indagarmos a respeito da participação destes em programas de formação continuada de professores na área de ciências, verificamos que apenas 11 pessoas em algum momento participaram de curso com esse viéis. Verificamos ainda que sete pessoas fizeram cursos na área de ciências em centros ou museus de ciências e os demais participaram dos programas oferecidos pelas universidades: UERJ e UFRJ. Considerando a amostra dos professores que se inscreveram no I CFCPCN, constatamos que apenas três já participaram de programas de formação continuada nas áreas de ciências. O questionário também nos permitiu analisar a sugestões dos participantes quanto à metodologia do I CFCPCN e com isso averiguamos que a maior parte gostaria que durante o curso abarcasse atividades experimentais, debates, palestras e os orientassem quanto às possibilidades de aplicação e adequação dos 83

84 temas em sala de aula. Ainda obtivemos as seguintes sugestões: visitas a museus de ciências e centros tecnológicos ; os experimentos devem ser simples para serem construídos pelos alunos ; uso da literatura para as séries iniciais, entre outras que foram inseridas na metodologia do I CFCPCN. Ainda assim, solicitamos a participação destes na construção dos temas inerentes às ciências naturais. Com isso, o curso foi construído a partir das demandas e necessidades dos professores, de modo que foi possível abarcar os principais temas propostos pelos PCNs. Durante a realização do I CFCPCN, a partir do aporte metodológico do grupo focal, verificamos que os docentes não possuem laboratórios de ciências em suas escolas, a única escola citada, utiliza o laboratório para almoxarifado. Esses docentes também não realizam atividades experimentais junto aos seus alunos, e dentre as justificativas, expressam a falta de conhecimento em ciências naturais. Também obtivemos depoimentos como: A escola privilegia a alfabetização e as aulas de ciências ficam de lado. Como resultados do impacto imediato do I CFCPCN, os professores nos relataram mudanças em suas aulas, pois todo material disponibilizado até o momento têm sido aplicado em sala, bem como todos têm explorado o aspecto experimental das Ciências. Também constatamos que as turmas desses professores que ainda não conheciam o Espaço Ciência InterAtiva, passaram a frequentar as exposições do ECI. Conclusões A pesquisa nos revelou que apesar dos professores dos anos iniciais serem responsáveis pela formação básica da criança em diferentes áreas do conhecimento, não possuem formação adequada para explorarem as ciências naturais de forma profícua, bem como suas aulas são expositivas e desvinculadas do cotidiano do estudante. Corroborando ainda com os resultados do presente trabalho, Silva (2005) afirma que: O ensino de Ciências desenvolvido nas séries iniciais do antigo primeiro grau...descrevem um ensino teórico, expositivo...muitas vezes ministrado com um apêndice curricular obrigatório. p.33 Evidenciamos também que por não possuírem um conhecimento sólido em Ciências, os docentes não têm explorado o aspecto experimental junto aos seus alunos, o que dificulta o processo de ensino aprendizagem. De acordo com dados do Institute for Applied Behavioral Sciences (1999) a atividades experimentais, ou seja, o practice by doing favorece o aprendizado em 75%. Em suma, a partir da investigação inerente a presente pesquisa junto aos docentes, o I CFCPCN não só busca aprofundar o conhecimento científico dos participantes, assim como discutir suas práticas docentes e auxiliá-los no diálogo com outras disciplinas, sobretudo a Língua Portuguesa, contribuindo assim para o processo de alfabetização dos alunos. Ao IFRJ e a CAPES pelo apoio financeiro. Agradecimentos Referências [1] BRASIL (1998). Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília: MC/SEF. [2] DUCATTI-SILVA, K. C. (2005). A formação no curso de Pedagogia para o ensino de ciências nas séries iniciais. Dissertação de Mestrado, Programa de Pós-Graduação em Educação, Faculdade de Filosofia e Ciências, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Marília, SP. [3] HAMBURGER, E. W. (2007). Alguns apontamentos sobre o ensino de Ciências nas séries escolares iniciais. Estudos Avançados, v. 21, n. 60, p [4] PEREIRA, G R; M. L; Countinho-Silva, R. (2011). Um Olhar Sobre os Programas de Formação Continuada de Professores em Museus de Ciências do Rio de Janeiro/Brasil.. In: I Congreso Internacional de Enseñanza de las Ciencias y la Matemática (I CIECyM), Tandil. 84

85 Cinegritude: reflexões sobre a invisibilidade da produção cinematográfica afrobrasileira contemporânea. Alunos: Ana Carolina da Silva Andrade ( IC FAPERJ), Christiane Nunes Lima (PIBIC CNPQ), Nathiele Montovanelli Carvalho ( voluntária) Professor(a)orietador Janaína Oliveira janaina.oliveira@ifrj.edu.br Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro, CNPQ. FAPERJ Palavras-chave: Educação, Lei /03, Centro Afro Carioca de Cinema, Encontros de Cinema Negro. Introdução Com aprovação da Lei /03 que modificou a Lei 9.394/96 a LDBEN a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, tornando obrigatório o Ensino de História da África e culturas Africana e Afro- Brasileira no ensino básico (fundamental e médio), em escolas públicas e privadas, nos conteúdos referentes a todas as disciplinas oferecidas pelo currículo escolar, tornou-se maior a busca por qualificação e atualização profissional nas tematicas das relações étnicorracias. Sabe-se que o tema é pouco discutido no ambiente escolar e o conteúdo da lei não é difundido na graduação do futuro profissinal de educação, havendo dificuldade para os profissionais de educação alcançarem qualificação e atualização necessárias para implemetarem a lei /03 em sala de aula. Dessa forma a temática étnicorracial não entra nas salas de aula, sendo os alunos os mais prejudicados por esse silenciamento da O Projeto de Pesquisa Cinegritude: reflexões sobre a invisibilidade da produção cinematográfica afrobrasileira contemporânea é um estudo acerca das realizações do Centro Afro Carioca de Cinema e um estudo quali-quantitativo do público freqüentador do Afro Carioca de Cinema e dos Encontros de Cinema Negro realizados pelo mesmo. A pesquisa visa investigar o conhecimento deste público, seja ele docente ou não acerca da história e das realizações desta área, tendo como objetivo colaborar com a qualificação dos profissionais de educação através de uma reflexão sobre a produção cinematográfica africana e afrobrasileira contemporânea. Para tanto busca trazer temáticas que auxiliem a implementação da Lei /03 em sala de aula, como forma de colaborar na qualificação dos profissionais de educação, além de divulgar e manter a memória cultural afro- brasileira Resultados e Discussão A pesquisa tem como foco um estudo sobre o Centro Afro Carioca de Cinema, que fica localizado em um bairro central do Rio de Janeiro, na Lapa na Rua Joaquim Silva nº40, e foi fundado em 2007 pelo cineasta Zózimo Bulbul. Foram estudadas as suas atividades: oficinas, seminários e mostras de filmes, além de traçar o perfil do público que comparece aos eventos realizados pelo Centro Afro Carioca de Cinema. Esse estudo foi feito através de pesquisa de campo, levantamento bibliográfico sobre a temática estudada e em forma de entrevistas para obter uma análise quali-quantitativa do público que participou dos Encontros de Cinema. Foram realizadas entrevistas com o público em geral, o público oriundo de escolas e também alguns cineastas ao longo dos III, IV e V Encontros de Cinema Negro, realizados respectivamente nos meses de novembro de 2009 e Para a análise e edição do material coletado, é fundamental registrar que o projeto foi contemplado com a cota única de R$2.000,00 referente ao PROCIÊNCIA/ IFRJ CNPq nos anos de 2009 e 2010, e 85

86 também com Auxílio Instalação da FAPERJ no valor de R$ 9.778, empregado na montagem de um Laboratório de Audiovisual no atualmente em funcionamento no Campus São Gonçalo do IFRJ. O Laboratório Audiovisual Cinegritude (composto por computador de ilha de edição, filmadora com tripé, projetor multimídia, telão com tripé e caixa de som) vem cumprindo a etapa da pesquisa referente à edição do material produzido ao longo da pesquisa, destinando-se também à realização de oficinas e pequenas mostras de cinema, fornecendo, deste modo, melhores condições para a realização e continuidade do Projeto Cinegritude. O objetivo é realizar as atividades propostas de forma mais prática e assegurada, como também investir na possibilidade de ampliação dos objetivos, assinalando uma intervenção de maior visibilidade para comunidade de São Gonçalo, seja ela escolar ou não. Conclusões Concluímos que realmente paira sobre a produção cinematográfica afro, tanto do Brasil, como de outros países uma certa invisibilidade. O Centro Afro Carioca de Cinema age de forma incessante na intenção de mudar essa situação, os Encontros de Cinema Negro realizados pela mesma tem papel fundamental na busca da visibilidade da cinematografia afro- brasileira. O projeto Cinegritude é, na verdade, uma obra em construção permanente, se considerarmos que o fim da invisibilidade de tais questões ainda estão longe de ter fim em nosso país. Agradecimentos Ao IFRJ pelo apoio financeiro, à FAPERJ, à CNPQ E ao Centro Afro Carioca de Cinema. Referências CARVALHO, Noel dos Santos. Cinema e representação racial: o cinema negro de Zózimo Bulbul. Tese de Doutorado. São Paulo: FFLCH-USP, MUNANGA, Kabenguele. Rediscutindo a mestiçagem no Brasil. Identidade nacional versus identidade negra. Petrópolis, Rio de Janeiro: SOUZA, Edileuza Penha (org.). Negritude, cinema e educação. Caminhos para a implementação da Lei /2003. Volumes1 e 2. Belo Horizonte: Edições Mazza,

87 Educação e Relações Étnicorraciais: estudos sobre a implementação da lei /03 em municípios de São Gonçalo. Alunas :Nathiele Montovanelli Carvalho (PIBIC - CNPQ) Ana Carolina da Silva Andrade (Voluntária) Christiane Nunes Lima (Voluntária) Professor(a)orientador : Janaína Oliveira do orientador(a): janaina.oliveira@ifrj.edu.br Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro*, Instituições parcerias ** e/ou de outros campi do IFRJ Palavras-chave: Educação, Relações Étnico-raciais e Lei /2003 Introdução Atualmente são levantadas uma série de questões relacionadas às discussões sobre a temática étnico-racial, reforçadas pela aprovação da Lei /03 que modificou a Lei 9.394/96 a LDBEN a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, tornando assim obrigatório o ensino da História da África e das Culturas Africana e Afro-Brasileira no ensino básico (fundamental e médio), em escolas públicas e privadas, nos conteúdos de todas as disciplinas oferecidas pelo currículo escolar. Com o processo de implementação da lei surge uma busca por qualificação e atualização dos profissionais de educação em temáticas relevantes as relações étnicorracias. Para auxiliar esses profissionas e para que os conteúdos necessários para a legislação em vigor entre definitivamente em prática. que este projeto pretende colaborar, através do levantamento de dados e experiências de alguns professores da rede pública do município de São Gonçalo no que diz respeito à implementação da política educacional baseada no reconhecimento da diversidade étnicorracial do país que constitui o cerne da motivação que gerou a Lei /03. Resultados e Discussão O projeto pretende partilhar estas informações colhidas através das entrevistas realizadas com com a população docente através da criação de um blog na internet e também da realização de atividades que já vem acontecendo no Campus São Gonçalo,como por exemplo o I Encontro de Educação e Relações Étnicorraciais em São Gonçalo, ocorrido no mês de dezembro de 2011, contribuindo assim, senão para o fim, ao menos para a diminuição do isolamento que comumente dos profissionais da educação sentem sua prática pedagógica quando a aplicabilidade dos conteúdos relativos às histórias e culturas africanas e afro-brasileira. Conclusões As informações, e os levantamentos de dados, os eventos e as experiências no cotidiano escolar no município de São Gonçalo,o no que diz respeito à implementação da política educacional 87

88 baseada no reconhecimento da diversidade étnicorracial do país que constitui o cerne da motivação que gerou a Lei /03 estão em andamento e em constante evolução e discussão. Ao IFRJ pelo apoio financeiro. Agradecimentos Referências []BRASIL, MEC/SECAD. Orientações e Ações para Educação das Relações Étnico-Raciais. Brasília: SECAD, Educação anti-racista: caminhos abertos pela Lei Federal no /03 Brasília : Ministério da Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, (Coleção Educação para todos). Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação das Relações Etnicorraciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana Brasília: SECAD, LARKIN NASCIMENTO, Elisa (org.) Cultura em Movimento. Matrizes africanas do ativismo negro no Brasil. Coleção Sankofa, vol.2. São Paulo: Selo Negro, MUNANGA, Kabenguele. Rediscutindo a Mestiçagem no Brasil. Identidade Nacional versus identidade negra. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, Superando o racismo na Escola. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade,

89 EXPERIÊNCIAS COM MATERIAIS MIDIÁTICOS PARA O ENSINO DA RADIOATIVIDADE Luiz Filipe Rebello Jacob (IC)*, Jorge Cardoso Messeder* (PQ); do prof. orientador: jorge.messeder@ifrj.edu.br Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro - Campus Nilópolis* Palavras-chave: Ensino de química; físico-química; radioatividade; vídeos educativos; materiais didáticos. Introdução Os recursos audiovisuais vêm sendo utilizados com fins educativos desde a década de 60. No entanto, o seu potencial educativo tem sido discutido, e no que se refere ao Ensino de Química, mostra-se necessária uma nova configuração na abordagem destes recursos, a fim de proporcionar uma aprendizagem significativa, complementando o livro didático (ARROIO, 2006). Em trabalhos anteriores, verificou-se que a aplicação vídeos experimentais em sala de aula facilita o aprendizado de alguns temas abordados na Educação Básica, como por exemplo, reações químicas (LAVANDIER, 2008) e temas sociais, como o comércio de alimentos e suas conseqüências para a saúde e o meio ambiente (MATTOS, 2010). A pesquisa está sendo realizada por licenciandos em Química do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro (IFRJ) /Campus Nilópolis, viabilizando a criação de recursos midiáticos (como por exemplo, DVDs) que abordam diversos assuntos químicos relacionados com o cotidiano. A pesquisa tem procurado uma abordagem educacional em Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS), uma vez a mesma integra os diversos saberes das áreas de conhecimentos acadêmicos tradicionais, promovem a reflexão sobre os fenômenos sociais e a condição da existência humana sob a perspectiva da ciência e da técnica e por último analisa as dimensões sociais do desenvolvimento tecnológico (BAZZO, 2002). A existência de um enfoque CTS nas estruturas curriculares das licenciaturas se faz importante, pois a abordagem CTS diferencia e melhora o processo ensino-aprendizagem e tem, cada vez mais, que figurar na formação continuada do professor, que se inicia no período das graduações, e na do aluno, do nível mais fundamental até o seu ingresso nas universidades, para que este tenha capacitação de qualidade e alcance seu espaço durante o processo de inserção social. A utilização de materiais didáticos como por exemplo,vídeos educativos, tem grande mérito, pois reforça a concepção de que temas sociais nas aulas de química podem influenciar os ganhos em termos de aprendizagem, especialmente no que se refere aos conceitos científicos, à compreensão da ciência e à aquisição de atitudes científicas junto à comunidade. A busca de uma educação CTS poderá segundo Alves & Messeder (2009), favorecer um processo de ensino-aprendizagem que forneça ao licenciando um espaço para reflexão sobre Ciência, Tecnologia e sua implicação na Sociedade, promovendo uma formação transformadora e atuante, levando ainda em consideração os saberes prévios ou populares desses atores do ambiente escolar. Em trabalhos anteriores, pode-se verificar que vídeos educativos sobre atividades experimentais, em um enfoque CTS, podem contribuir para minimizar a problemática existente nas aulas experimentais de Ciências, despertando o interesse e a atenção dos alunos quando não houver a possibilidade de realização de uma aula prática. Tal situação mostrou-se de grande valia ao contexto da rede municipal de ensino de Nilópolis, no Rio de Janeiro, onde em várias escolas não existem laboratórios de ciências nem espaços adequados para a realização de atividades práticas (ALVES & MESSEDER, 2011). Um dos objetivos da pesquisa foi despertar o interesse e a atenção de licenciandos do IFRJ, alunos, professores e a comunidade envolvida para assuntos ligados à radioatividade. Como atividade em fase atual de execução, licenciandos em Química vem apresentando os diversos materiais didáticos produzidos em espaços públicos da Baixada Fluminense 89

90 com intuito de informar e conscientizar a população sobre diversos problemas onde a tríade Química, Saúde e Meio Ambiente se relacionam. Resultados e Discussão O material midiático Radioatividade: Amiga ou Vilã? foi organizado a partir de vídeos do site YouTube, que foram editados através do programa VirtualDub. Como isso, houve a produção de um DVD contendo um breve histórico da radioatividade e sua descoberta, a sua definição, contribuições, sendo elas positivas e negativas, assim como documentários sobre famosos acidentes em usinas nucleares e suas conseqüências (Chernobyl, Fukushima e Goiânia). A primeira etapa de execução da pesquisa foi realizada em sala de aula, para que houvesse a validação do material didático produzido. Essa experiência ocorreu com 40 alunos do 3º ano do Ensino Médio Regular, do Colégio Bahiense, em Vaz Lobo (RJ). Inicialmente, foi entregue aos alunos um questionário com a finalidade de averiguar o entendimento destes sobre a história da radioatividade em seus múltiplos aspectos, sejam eles, sociais, econômicos e ambientais. Um dos vídeos versava sobre a biografia de Marie Curie. Antes da sua exibição, os alunos foram questionados sobre a relação dessa cientista com suas pesquisas sobre radioatividade. 85% dos alunos nunca tinham ouvido falar de Marie Curie, e apenas 5% fizeram menção às suas descobertas. Ao serem questionados se eles reconheciam uma afinidade do trabalho de Marie Curie com o cotidiano atual, 7,5% dos alunos disseram que sim, já 92,5% afirmaram que não. Muitos alunos não conseguiram estabelecer uma relação entre radioatividade e o nosso dia-a-dia. Para o reconhecimento dos três acidentes nucleares, verificou-se que 45% dos alunos conheciam pelo menos um acidente, 30% dois acidentes, 7,5% sabiam dos três acidentes e 17,5% nunca haviam ouvido falar de nenhum deles. Após essa etapa os alunos foram questionados sobre suas opiniões acerca do uso da energia nuclear. 7,5% responderam como positivo o uso dessa forma de energia, 75% disseram que se trata de uma forma de energia negativa, justificando que pode causar mortes ou até mesmo doenças cancerígenas; 15% responderam como uma forma de energia negativa, porém não justificaram e 2,5% não responderam. Com relação à concordância com a existência de um pólo nuclear em seu estado, 2,5% responderam sim, 75% responderam não, dando a justificativa da possibilidade de futuros acidentes radioativos, 20% responderam não, porém não deram justificativas e 2,5% não responderam. Os alunos só tiveram noção da complexidade do assunto a partir dos vídeos exibidos e do espaço que foi aberto para perguntas e discussões, no qual experiências foram trocadas ocorrendo, assim, uma reflexão sobre o tema. Conclusões Foi visto que os licenciandos envolvidos na pesquisa aprovaram o uso de temas socioculturais, principalmente nos estágios curriculares supervisionados. Além disso, com esse momento introdutório da presente pesquisa é possível contemplar a execução da prática, como componente curricular, exigida aos cursos de licenciatura. Tais licenciandos tinham pouco conhecimento sobre o tema Radiação, a fim de usá-lo como recurso complementar em suas aulas e, deste modo, potencializar o aprendizado dos alunos. A temática despertou o interesse e atenção dos futuros professores à tríade Química, Saúde e Meio Ambiente, e a conscientização de que a Educação CTS praticada nos cursos de graduação pode ser democratizada para o público em geral. Este estudo demonstrou grande potencial, uma vez que problematizou os assuntos trabalhados em toda a educação básica e até mesmo, no ensino universitário, além de contribuir para que futuros professores possam realmente inserir e praticar situações do cotidiano no exercício das suas atividades como educador. 90

91 Agradecimentos Os autores agradecem o apoio financeiro do IFRJ (PROCIÊNCIA) e do CNPq pela concessão de bolsa PIBIC. Referências ALVES, E.M. et al. Articulações entre o enfoque CTS e os professores de Ciências. Revista Ciência em Tela, v. 2, n.2, p ALVES, E. M.; MESSEDER, J. C. Produção de um recurso audiovisual com enfoque CTS como instrumento facilitador do ensino experimental de ciências. Experiências em Ensino de Ciências, v.6, p ARROIO, A.; GIORDAN, M. O vídeo educativo: Aspectos da organização do ensino. Química Nova na Escola, n.24, p.8-11, nov BAZZO, W.A. A pertinência de abordagens CTS na educação tecnológica. Revista Iberoamericana de Educación, n. 28, p , jan./abr LAVANDIER, R. C. O uso didático pedagógico de vídeos com experimentos químicos destinados ao ensino de reações químicas. 49 f. Monografia (Trabalho de Conclusão de Curso de Licenciatura em Química) IFRJ, Nilópolis, Rio de Janeiro MATTOS, T. V., OLIVEIRA JUNIOR, G. I., MESSEDER, J. C. Alimentos em feiras livres: abordagem em vídeo educativo para o ensino de química. XV Encontro Nacional de Ensino de Química, 2010, Brasília/DF. CD-Rom.,

92 ESTUDO DO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM DA DISCIPLINA DE PRÉ-CÁLCULO NOS CURSOS DE LICENCIATURA Katlay Nunes Teixeira, Kelling Cabral Souto Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro, CNPq. Palavras chaves: Pré-cálculo, ensino, aprendizagem e metodologia. Introdução Atualmente, discute-se muito a dificuldade no aprendizado da disciplina de Cálculo Diferencial Integral por parte dos alunos iniciantes nas universidades. Tendo em vista tal dificuldade no processo de ensinoaprendizagem, algumas universidades introduziram a disciplina de pré-cálculo, que serviria como uma revisão de alguns conteúdos vistos no ensino médio, visando amenizar a evasão e os elevados índices de reprovação na disciplina de cálculo. Verifica-se que a criação desta nova disciplina (pré-cálculo) não apresentou a eficácia esperada uma vez que as universidades continuam enfrentando os mesmos problemas. Será que o problema está na falta de interesse de alunos e professores, ou será que o problema está no ensino de base, gerando uma deficiência no aprendizado, ou mesmo nas grades curriculares das universidades ou ainda na falta de motivação de alunos e professores? O MEC [1] admitiu que os alunos têm chegado à faculdade com deficiências de aprendizado, conforme publicado no jornal O Estado de São Paulo em 2 de junho de Os educadores das Universidades têm observado os baixos desempenhos e falta de interesse de seus alunos. A falta de motivação de professores e seus baixos salário, são fatos. Entretanto, nenhum desses fatores ou a junção deles trazem uma explicação concreta para o que vem acontecendo com o ensino no país. A verdade, é que vários questionamentos tem sido feitos como uma tentativa de entender o que está acontecendo. Porém, são raros os estudos formais que procuram estudar o problema com a profundidade que se requer, de forma a obter dados concretos para um melhor diagnóstico e elaboração de metodologias que possam amenizar o problema. Problema este, que parece se tornar mais contundente em cursos que contém a disciplina de pré-cálculo em suas grades curriculares. O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro (IFRJ) Campus Nilópolis [2], oferece três cursos de licenciatura, nas áreas de Matemática, Física e Química. Todos os três oferecem a disciplina de pré-cálculo em suas grades. Sendo esta a disciplina que apresenta o maior índice de reprovação na Universidade. Diante deste cenário, portanto, este trabalho, procura observar e identificar as principais dificuldades no processo ensino-aprendizagem da disciplina de pré-cálculo, tendo em vista o alto índice de reprovação por parte dos alunos dos cursos de licenciatura em Matemática, Física e Química do IFRJ-Campus Nilópolis. Bem como, elaborar metodologias que auxiliem o aprendizado da disciplina de pré-cálculo. Resultados e Discussão. 92

93 O ensino e o aprendizado representam a base de qualquer instituição de ensino, que oferece o ensino e em troca espera que seus alunos ao serem avaliados tenham um bom desempenho, pois este é o sinal de que realmente o conteúdo foi aprendido. Esse projeto propõe a elaboração de um trabalho que procura observar e identificar as principais dificuldades no processo ensino-aprendizagem da disciplina de pré-cálculo, tendo em vista o alto índice de reprovação por parte dos alunos dos cursos de licenciatura em Matemática, Física e Química e num segundo momento propor metodologias que auxiliem o aprendizado da disciplina de pré-cálculo. Como o projeto ainda está em andamento, não temos de fato as principais causas dos índices de reprovação na disciplina de Pré-Cálculo, porém é provável que uma delas seja a base deficiente em conteúdos do ensino médio e fundamental do aluno ingressante a universidade. A ANDIFES(Associação Nacional dos Dirigentes das instituições Federais de Ensino Superior) [3] chama a atenção quando afirma que Menos jovens se formam em cursos de licenciatura e pedagogia no país, numa reportagem que trata exatamente da questão de que muitos alunos chegam as universidades com deficiência no aprendizado, principalmente nos conteúdos de matemática, com isso encontram uma enorme dificuldade ao aprenderem as disciplinas de nível superior, como pré-cálculo por exemplo. Conclusões A partir da conclusão do projeto será possível observar e identificar as principais dificuldades no processo ensino-aprendizagem da disciplina de pré-cálculo, tendo em vista o alto índice de reprovação por parte dos alunos dos cursos de licenciatura em Matemática, Física e Química. O recolhimento de dados está sendo feito através de um questionário que será aplicado a alunos dos cursos de licenciatura do IFRJ campus Nilópolis, só a partir desses dados será possível apontar as conclusões finais do projeto. Agradecimentos Ao IFRJ pelo apoio financeiro e a fonte de fomento CNPq que muito contribuíram para a evolução desse projeto de pesquisa. [1] acessado em 2 de maio de [2] acessado em 2 de maio de Referências [3] acessado em 9 de maio de

94 A influência das crenças dos professores na concepção de álgebra dos alunos Nome do aluno do programa (IC): Andiára da Silva Freire dos Santos Professor orientador (PQ): Magno Luiz Ferreira do orientador: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro Campus Volta Redonda Palavras-chave: crenças e concepções, ensino de álgebra, Educação Matemática Introdução O ensino de álgebra tem sido muito discutido nos últimos tempos. Existe uma série de tentativas de torná-lo mais significativo para os alunos, de modo que estes possam sentir-se mais estimulados durante o processo educativo. Um bom exemplo dessas tentativas é apresentado nos Parâmetros Curriculares Nacionais [PCN] (BRASIL, 1998). Além disso, podemos destacar algumas questões relevantes como: No que diz respeito à álgebra, qual a influencia que os livros didáticos têm sobre os professores de matemática? (SANTOS, 2007). Quais os erros mais comuns na aplicação de métodos de resolução de equações? (FREITAS, 2002). Quais as crenças e concepções sobre álgebra e ensino de álgebra alguns professores apresentam? (FERREIRA, 2009). É fato que estas perguntas nos proporcionam um norte para novas investigações. Além disso, estas questões reforçam a ideia de que nós, professores de matemática, precisamos estar conscientes de nosso modo de pensar tanto sobre a disciplina em si quanto sobre seu ensino para poder compreender as complexidades do processo educativo. Quem sabe assim poderemos mudar algo ou melhorar os processos de educação algébrica e, consequentemente, no ensino de matemática. Este trabalho está baseado na pesquisa de mestrado iniciada por Ferreira (2009), que faz uma discussão sobre como os professores de matemática desenvolvem suas crenças e concepções sobre a álgebra e o ensino da mesma. Com base nesta discussão o autor aponta que os professores de matemática podem apresentar formas diferentes de conceber este campo da matemática. Desta forma, é possível levantar as seguintes questões: quais são as percepções dos alunos, do Ensino Fundamental e Médio, sobre a atividade algébrica? Que nível de influência as crenças dos professores têm sobre estas concepções sobre álgebra dos alunos? Para responder estas perguntas é preciso ter uma noção clara sobre o que significam os termos crenças e concepções. Segundo Carvalho e Neves (2006), crenças são julgamentos que indicam a probabilidade subjetiva de uma pessoa ou objeto ter uma característica em particular. Por outro lado o termo concepção representa algo amplo, que abrange conceitos, proposições, regras, significados, imagens mentais, preferências, semelhanças e inclusive as próprias crenças (PONTE, 1992). Esta ideia nos permite compreender as crenças como um dos agentes que influenciam na constituição das concepções. Desta forma, este projeto surge como mais um esforço na busca por um ensino de matemática mais significativo no sentido de que a compreensão sobre o modo como as concepções discentes se forma, no que diz respeito à atividade algébrica, pode trazer novas reflexões sobre o discurso matemática em sala de aula. Resultados e Discussão Acreditamos que a tomada de consciência da existência de varias e distintas manifestações algébricas, por parte dos professores envolvidos na pesquisa, será uma grande contribuição de nosso trabalho. Durante as entrevistas com os docentes pudemos perceber dificuldades dos mesmos em responder perguntas como: O que é álgebra? ou O que caracteriza a atividade algébrica? Estas dificuldades podem resultar em certas dificuldades dos alunos. Entretanto, ainda é necessário observar mais aulas para desenvolver impressões mais claras sobre as relações existentes entre a forma de pensamento algébrico dos professores e dos alunos. Conclusões 94

95 Devido ao caráter qualitativo do projeto, é necessário esperar a conclusão de todas as etapas de pesquisa. Este é um aprendizado importante para o orientanto, pois o adiantamento de impressões sobre o modo como as pessoas pensam a respeito de determinado assunto (álgebra neste caso) pode não ser preciso o suficiente e gerar possíveis contradições. È importante ressaltar que o trabalho tem ocorrido sem grandes problemas e depende apenas de observações das aulas para sua conclusão. Agradecimentos Ao IFRJ pelo apoio à pesquisa e aos professores que se dispuseram a participar das atividades de pesquisa. Referências BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: Matemática. Brasília: MEC, CARVALHO, C; NEVES, M. C. A importância da afectividade na aprendizagem da matemática em contexto escolar. Análise psicológica, Lisboa, v.24, n.2, p , abr FERREIRA, M. L. Álgebra: como as crenças dos professores influenciam na aprendizagem dos alunos f. Dissertação (Mestrado em Ensino de Matemática) Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. FREITAS, M. A. Equação do 1º grau: métodos de resolução e analise de erros no Ensino Médio f. Dissertação (Mestrado em Educação Matemática) Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo. PONTE, J. P. Concepções dos professores de matemática e processos de formação. In: BROWN, M.; FERNANDES, D.; MATOS, J. F.; PONTE, J. P. Educação Matemática. Lisboa: Instituto de Inovação Educacional, 1992, p SANTOS, L. G. Introdução do pensamento algébrico: um olhar sobre professores e livros didáticos de matemática f. Dissertação (Mestrado em Educação Matemática) Centro de Educação, Programa de Pós-graduação em Educação, Universidade Federal do Espírito Santo, Vitoria. 95

96 EDUCAÇÃO AMBIENTAL CRÍTICA E PRÁTICAS CORPORAIS: POSSÍVEIS INTERVENÇÕES NO COTIDIANO ESCOLAR Fernando Teixeira de Lima (IC) 1, Fabrício Sousa Lima Prado (IC) 2 Professor(a)orietador: Marcelo Paraíso Alves 1 ; Wagner Francisco Marinho da Silva 2, Paulo Roberto de Araújo Porto 3, Fábio Murat do Pillar 4 Marcelo.alves@ifrj.edu.br Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro Palavras-chave: Ensino em Ciências; Interdisciplinaridade; Educação Ambiental. Introdução A constituição de uma Educação Ambiental (EA) consonante com os interesses e anseios da sociedade atual precisam estar articulados a um conjunto mais amplo de reflexões, não permitindo o reducionismo das práticas educativas. Um exemplo evidente disto é o pouco esforço que tem sido dedicado à análise do significado ideológico da reciclagem no seio dos projetos educativos na sociedade brasileira (LAYRARGUES, 2011). Nesse sentido, o presente relato de experiência busca a superação deste tipo de ação conservadora se aproximando da proposta de uma Educação Ambiental Crítica (GUIMARÃES, 2011), que possui como um de seus princípios basilares a participação social e ativa, pois esta ótica parte do pressuposto de que a educação política, crítica, com potencial emancipatório, procura compreender historicamente o seu contexto se posicionando diante de uma crise socioambiental 1. Portanto, torna-se relevante considerar que neste trabalho se entende a Educação Ambiental Crítica como sendo aquela que atua com a capacidade da promoção da compreensão dos conflitos socioambientais: o conflito entre a apropriação privada - modo de produção capitalista - e o interesse coletivo, as relações de desigualdade social e as respectivas exclusões oriundas deste paradigma (sociedade e natureza, gênero, sexualidade, questões raciais, dentre outras), permitindo o despertar de uma pedagogia da indignação ou do conflito, capaz de mobilizar e instrumentalizar ações emancipatórias na realidade atual. Cabe destacar que a práticas emancipatórias aqui mencionadas se desenvolvem também articuladas a partir da discussão sobre o projeto educativo de Santos (1996). No projeto mencionado, as opções dos participantes da ação pedagógica e a conflitualidade que a deve marcar, não podem e não devem ser produtos exclusivos de pensamentos e reflexões, mas embebidos de emoções, sentimentos e paixões o que permitiria ampliar os sentidos possíveis e as compreensões acerca dos conteúdos de ensino, que em nosso caso teria como centralidade a EA. Para o autor, os aspectos centrais da referida experiência pedagógica estaria centrada no conflito entre a aplicação técnica e a aplicação edificante da ciência, entre o conhecimento-regulação e o conhecimento-emancipação e entre o imperialismo cultural e o pensamento pluritópico. Essa postura, contra hegemônica, seria capaz de potencializar a perspectiva crítica do processo formativo em EA. Para o autor essa postura pluritópica, se coloca no sentido de superação do pensamento abissal 2 (SANTOS, 2004), que sustenta o sistema mundial colonial moderno, esse sistema que reforça a educação hierarquizada, unidirecional e anti-dialógica. Com esse posicionamento o autor procura outro modo de produção de conhecimento. Logo, as discussões realizadas neste estudo buscam como referência e, se articulam com propostas educativas que através da participação social, no viés de atitudes individuais, coletivas e emancipatórias propiciem o rompimento de posturas hegemônicas disjuntivas e comportamentalistas individualizantes. 1 Ao utilizar a expressão socioambiental, procura-se tratar de ambos aspectos em sua tessitura, articulados, nunca isolados. 2 A característica fundamental do pensamento abissal é a impossibilidade da co-presença dos dois lados da linha. Este lado da linha só prevalece na medida em que esgota o campo da realidade relevante. Para além dela há apenas inexistência, invisibilidade e ausência não-dialéctica (SANTOS, 2004). 96

97 Assim, o objetivo desse relato de experiência foi refletir sobre possíveis indícios ou sinais de práticas emancipatórias em EA no IFRJ-VR, tendo como centralidade a concepção de currículos praticados (OLIVEIRA, 2003). A pesquisa teve como campo de estudos os sujeitos docentes e discentes - que compõem o 2º período do Curso de Automação Industrial do IFRJ campus Volta Redonda no período compreendido entre fevereiro de 2011 e janeiro de Resultados e Discussão Pensar a partir dos currículos praticados (OLIVEIRA, 2003), requer refletir sobre as exigências oficiais contidas no currículo, mas também considerar as singularidades dos sujeitos que vivenciam o tempo e o espaço particularizado do IFRJ-VR. Essa perspectiva de compreensão da realidade Estudos do Cotidiano nos movimenta no sentido em que se compreendem os sujeitos (alunos e professores) como autores das práticas pedagógicas construídas. Nesse sentido, a partir da aplicação e análise dos questionários e das discussões e reflexões teóricoepistemológicas (CARVALHO, 2011; DIAS, 2009) realizadas pelo grupo de pesquisa, percebemos que as atividades desenvolvidas e as experiências realizadas (inserção em duas APA s), bem como a produção do vídeo como material didático-metodológicos permitiu a aproximação das práticas realizadas no IFRJ-VR rumo a uma possível EA crítica. Os artigos estudados visaram promover momentos de discussão acerca de múltiplos conceitos: natureza, meio ambiente, a relação do homem com o meio, a formação de um sujeito que pense a partir de uma ética ecológica, dentre outros. A intenção foi promover outras experiências - Morro da Urca e Parque Nacional de Itatiaia - de práticas corporais para os discentes envolvidos no estudo, confrontando com as diversas concepções de natureza e aos conceitos apreendidos no cotidiano das salas de aula. Buscou-se ainda a produção de trabalhos pelos alunos como forma de avaliação das atividades realizadas, do processo de ensino realizado e a produção de um vídeo como recurso didático-metodológico (ainda em elaboração) para docentes que busquem trilhar caminhos similares, tendo em vista a visita técnica. É importante frisar que a produção de vídeo não tem a pretensão de servir como um modelo ou padrão de atividade, apenas como uma produção singular do referido espaçotempo: o currículo praticado (OLIVEIRA, 2003) no cotidiano do campus Volta Redonda. A construção dos trabalhos (projetos aplicáveis pelos alunos da turma 222 e os curtas metragens desenvolvidos pela turma 221) procurou destacar uma concepção de EA que busca complexificar a compreensão de mundo dos sujeitos e seus modos de usar e fazer 3 que busca uma ideia de enfrentamento ao contrário de uma concepção que procura a solução para os problemas (GUIMARÃES, 2011). Para o autor há uma diferença significativa entre as duas concepções mencionadas: a primeira funda-se em uma perspectiva que desloca o processo educativo para o enfrentamento do problema, promovendo ações que buscam contribuir na solução, mas não é a solução em si. A segunda, ao contrário, cai na no que o autor denomina de armadilha paradigmática. Essa concepção pode conduzir a uma interpretação onde o objetivo do processo seja a solução do problema, desviando a finalidade educativa. Assim, as atividades pedagógicas fabricadas (CERTEAU, 1994) pelos sujeitos (discentes e docentes) contemplaram perspectiva do enfrentamento de problemas adotando-se os seguintes procedimentos: O objetivo de se trabalhar com o texto intitulado Impacto e conservação: prós e contras da prática esportiva em unidades de conservação de Alves (2009) teve como justificativa a discussão do autor em relação os impactos causados pelo esporte ou práticas corporais em APA s. A partir do texto foi possível realizar uma aproximação com conceitos relacionados aos sistemas ou unidades de conservação, e de maneira mais específica com a história do parque de Itatiaia; impacto ambiental e impactos de atividades na natureza; conceitos como bioma, biota, efeito de borda, compactação do solo, dentre outros temas. Durante a leitura e discussão do referido artigo, foi possível refletir sobre os problemas ambientais e os conflitos entre os interesses privados e o bem coletivo (a questão fundiária, por exemplo). O objetivo, como reporta Guimarães (2011), foi questionar e problematizar as causas profundas da crise ambiental, exercitando o esforço de ruptura com a armadilha paradigmática, que se aproxima dos eixos formativos 3 As maneiras de usar e fazer no estudo se reporta à ótica de Certeau (1994) que concebe o sujeito comum como um ser ativo, por intermédio das táticas de poder, em busca de uma produção singularizada. 97

98 exposto pelo autor, nesse caso específico o primeiro eixo: o esforço de ruptura com a armadilha paradigmática (p. 28). Seguindo nesta mesma trilha, foram apresentadas as duas turmas, os capítulos I, II e III do livro intitulado Educação Ambiental: a formação do sujeito ecológico. Os textos apresentados e discutidos com os alunos possibilitaram a reflexão sobre as várias concepções da natureza, permitindo olhar criticamente a racionalidade moderna que vela o conflito da crise atual produzindo um consenso que reproduz e reforça a lógica hegemônica. A tentativa de utilizar a obra de Carvalho (2011) foi buscar uma aproximação com o eixo três mencionado por Guimarães (2011, p. 28) estimular a percepção e a fomentação do ambiente educativo como movimento -, pois para o autor potencializar a percepção de que o processo educativo não se restringe ao aprendizado individualizado dos conteúdos escolares, mas se refere à relação do um com o outro, do um com o mundo. A educação se dá na relação (p. 28) eixo oito. A visita técnica realizada ao Parque Nacional do Itatiaia buscou a ampliação da percepção supracitada. Os alunos ao chegarem ao PARNA, foram encaminhados ao teatro Tom Jobim com o intuito de assistirem a uma exposição sobre as unidades de conservação, suas características e as precauções para as ações realizadas nestes espaços. Neste momento tiveram a oportunidade de se deparar com vídeos educativos que apresentaram as consequências das ações humanas para as áreas preservadas e comportamentos adequados para se evitar maiores danos ao espaço mencionado. Posteriormente, puderam observar a maquete e o museu do parque que permite visualizar todo o território e sua extensão, bem como suas características e especificidades (Parte Alta e Parte Baixa): vegetação, fauna, flora, clima e solo. Um aspecto importante a salientar, é que os discentes da turma 221 receberam como tarefa avaliativa, um trabalho a partir da produção de uma curta metragem, utilizando as visitas técnicas como ponto central para a referida tarefa. Tal procedimento deveria obedecer alguns procedimentos dentre eles a produção coletiva. A tentativa foi romper com a perspectiva de produção individualizada. Outro aspecto a se considerar nesta prática avaliativa é que estimula os alunos na busca por outros conhecimentos, pois prioriza outros saberes para além da perspectiva escolástica (linguagem oral e escrita). Não quero aqui dizer que a produção histórica do conhecimento não é importante, mas discutir outras possibilidades de construção de conhecimento possível de ser fabricada (CERTEAU, 1994). A visita técnica mencionada no corpo deste trabalho se insere neste contexto. Por exemplo: os alunos utilizaram outras formas de linguagens para narrar os conhecimentos apreendidos (avaliação): linguagem corporal nas ações de caminhar pelas trilhas e a linguagem áudio-visual produção de vídeos. Cabe salientar que, foi posteriormente às reflexões realizadas em sala de aula, a partir dos textos estudados, que os alunos participaram das visitas técnicas no Parque Nacional do Itatiaia e no Morro da Urca. O objetivo central destas inserções foi dialogar com o eixo oito mencionado anteriormente por Guimarães (2011), e o eixo dez que reproduzo a seguir: Exercitar a emoção como forma de desconstrução de uma cultura individualista extremamente calcada na razão e a construção do sentimento de pertencimento ao coletivo, ao conjunto, ao todo, representado pela comunidade e pela natureza (p. 28). Os depoimentos de alguns alunos da turma 222 revelam (GINZBURG, 1989) valores vivenciados pelos alunos: Aluno 1: No morro da Urca onde havia lugares que a subida era difícil e ajudar os amigos tornou-se necessário, além da parte de incentivo, motivação, ajuda na água, muita água. Aluno 4: Uma hora na visita técnica, no Morro da Urca, apareceram os micos, e dei a dica a minha colega para esconder a comida e ficar parada e calma, para não assustá-los. Em diversos momentos os discentes se depararam com situações inusitadas que os movimentaram a uma ação coletiva, solidária, participativa, rompendo com uma ótica individualista. É importante ressaltar que não é a intenção desta pesquisa desenvolver uma análise quantitativa, no entanto, é importante frisar que em todos os questionários recolhidos no final das ações pedagógicas do semestre, havia indícios de práticas coletivas durante as visitas realizadas. Cabe ainda mencionar, que em nenhum momento houve direcionamento de qualidade ou vigor físico, mas de características de ajuda mútua, onde o objetivo era que todos chegassem no ponto desejado e contemplassem as nuances do ambiente trilhado. 98

99 Recordando Betrán e Betrán (2006), o esporte praticado em ambientes diferenciados - como foi no Morro da Urca e PARNA - apresenta-se como prática constituinte de um projeto que subsidia novos padrões motores. Os autores reforçam a idéia de que essas ações esportes radicais, esportes de aventura, dentre outras nomenclaturas -, exigem de seus praticantes a utilização de novos recursos motores devido a múltiplos fatores: os implementos necessários a sua ação, a sensação de incerteza (contextos ambientais e climáticos), manifestações de diferentes situações emocionais devido ao estresse, dificuldade e risco, entre outras. Essas dificuldades permitiram a vivência de valores que se aproximam de EA crítica, pois os depoimentos são sinais reveladores de que essas atividades que estão envolvidas por emoções e sentimentos que extrapolam suas formas e conteúdos. Diante do contexto apresentado, parece haver possibilidades de rupturas com as práticas pedagógicas tradicionais realizadas na escola. Práticas pedagógicas que promovam, a partir da compreensão da crise socioambiental, uma releitura de mundo em que tenha como centralidade um conhecimento prudente pautado em uma vida mais decente. Conclusões Partindo das discussões sobre o viés da solidariedade e da participação, dando-lhe sentido político na ação coletiva no contexto socioambiental e estampando propositalmente um caráter pedagógico na experiência dessas relações, acreditamos que essa seja uma contribuição da EA Crítica e mutuamente a sua consolidação na sociedade. No processo de produção singular apresentado, buscamos contribuir para o debate acerca da construção de uma EA Crítica, desenvolvendo aulas e metodologias que buscam superar uma prática pedagógica desvinculada do contexto socioambiental. Portanto, este trabalho se articula a um paradigma que procura romper com relação dicotômica teoria e prática repensando os conhecimentos produzidos e os seus impactos na sociedade que nos envolve. Dentro desta perspectiva, procuramos impedir que o estudo não se resuma a modelos prontos e acabados para aplicação em sala de aula ou em ambientes previamente preparados para as atividades didáticas de maneira engessada. Para isso, trabalhamos com os seguintes pressupostos: Primeiro, a ideia e a valorização do caos, pois esta torna possível desequilibrar o conhecimento (perspectiva interdisciplinar) proporcionando debates sobre as potencialidades e limitações de metodologias dos múltiplos campos do saber; Segundo, que advém do primeiro, a ruptura com o pensamento abissal, que é a superação da monocultura do saber científico; Terceiro, a valorização da solidariedade, pois esta reverte a comunidade no campo privilegiado do conhecimento emancipatório. Quarto, a valorização da comunidade interpretativa, uma nova subjetividade depende menos da identidade do que da reciprocidade, podendo e devendo ser construída a margem do antropocentrismo. Por fim, o conhecimento emancipação, defendido aqui, deve estar pautado na experimentação, na resolução de problemas, no prazer e nas atividades lúdicas para a EA Crítica considerando a solidariedade e a participação que aqui disputamos em seu sentido contra-hegemônico, um processo pedagógico que busca intervir na constituição de uma reinvenção da organização social capaz de produzir um conhecimento prudente para uma vida mais decente. Agradecimentos Ao IFRJ pelo apoio financeiro nas Bolsas de IC e PROCIÊNCIA. Referências ALVES, F. D. Impacto e preservação: prós e contras da prática esportiva em unidades de conservação. In: DIAS, C. A. G. Em busca da aventura: múltiplos olhares sobre o esporte, lazer e natureza. Niterói: EdUFF, BETRÁN, J. O.; BETRÁN, A. O. Proposta pedagógica paras as Atividades Físicas de Aventura na Natureza (Afan) na educação física do ensino médio. In: MARINHO, A.; BRUHNS, H. T. Viagens, Lazer e Esporte: o espaço da natureza. Barueri, Manole, CARVALHO, I. C. de M. Educação ambiental: a formação do sujeito ecológico. São Paulo: Cortez, DIAS, C. A. Urbanidades da natureza: o montanhismo, o surfe e as novas configurações do esporte no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Apicuri,

100 GINZBURG, C. Mitos, emblemas e sinais: morfologia e história. 2 ed. São Paulo. Companhia das Letras, GUIMARÃES, M. Armadilha paradigmática na educação ambiental. In: LOUREIRO, C. F. B; LAYRARGUES, P. P; CASTRO, R. S. (orgs). Pensamento Complexo, dialética e educação ambiental. 2. Ed. São Paulo: Cortez, Pensamento Complexo, dialética e educação ambiental. 2. Ed. São Paulo: Cortez, (orgs.) Educação Ambiental: repensando o espaço da cidadania. 5. ed. São Paulo: Cortez, OLIVEIRA, Inês Barbosa. Currículos praticados: entre a regulação e a emancipação. Rio de Janeiro. DP&A, SANTOS, Boaventura de Souza. Para Uma Pedagogia do Conflito. In: SILVA, Luiz H. et Allii (orgs.) Novos Mapas Culturais: Novas Perspectivas Educacionais. Porto Alegre: Editora Sulina, Para uma sociologia das ausências e uma sociologia das emergências. In SANTOS, Boaventura de Souza (org.). Conhecimento prudente para uma vida decente: um discurso sobre as ciências revisitado. São Paulo: Cortez,

101 ESTUDO DE RECEPÇÃO DE UM VÍDEO PRODUZIDO POR ESTUDANTES DE ENSINO MÉDIO SOBRE O FUNCIONAMENTO DO MOTOR ELÉTRICO Taydara Araújo Morais Bezerra (IC)*, Marcus Vinicius Pereira (PQ1)*, Luiz Augusto Coimbra de Rezende Filho (PQ2)** marcus.pereira@ifrj.edu.br Instituto Federal do Rio de Janeiro*, Universidade Federal do Rio de Janeiro** Palavras-chave: estudo de recepção, produção de vídeo, motor elétrico, laboratório didático de física. INTRODUÇÃO Encontram-se, no campo da educação, trabalhos que discutem a produção de vídeos por alunos como uma prática que permite explorar aspectos que decorrem do deslocamento do aluno passivo-receptor para ativoprodutor. Pode-se considerar o vídeo como uma produção audiovisual privilegiada ao dar lugar mais facilmente à experimentação quando comparado ao cinema e à televisão. Uma estratégia alternativa para o laboratório escolar de Física é a produção de vídeos pelos alunos que podem planejar desde a concepção do próprio aparato que pretendem explorar para explicar determinado fenômeno. Para investigar essa estratégia, analisou-se 22 vídeos produzidos por alunos de ensino médio no contexto de uma atividade de laboratório de Física, tanto do ponto de vista de sua eficiência como atividade de laboratório [1] quanto de sua concepção como uma forma de relatório audiovisual [2] que pode dar conta da dimensão estético-cultural inerente ao próprio vídeo. O presente trabalho amplia a pesquisa que vem sendo desenvolvida ao realizar um estudo de recepção de um desses vídeos produzidos, intitulado JN Motor Eletromagnético. Tem-se como objetivo principal, então, analisar duas dimensões do modelo multidimensional [3] que incorpora e amplia o modelo de codificação/decodificação [4], relacionando-as com a própria análise fílmica do vídeo [5]. QUADRO TEÓRICO-METODOLÓGICO Há falta de diálogo entre as pesquisas na área de ensino e o conhecimento externo que poderia informar estudos que abordem o audiovisual [6]. Dessa forma, para se estudar a recepção da obra audiovisual será utilizado um modelo holista [7] a partir das idéias de Hall [4] que supõe uma circularidade entre produção e recepção: a codificação (produção) pode tentar submeter o material a uma decodificação (recepção) mais específica e fechada por parte do receptor, ao mesmo tempo em que o receptor pode subverter esse sentido da codificação. Em outras palavras, os processos de produção e recepção são interdependentes. Schrøder [3] amplia essa relação na medida em que propõe um modelo multidimensional para estudos de recepção, no qual se consideram seis dimensões específicas: quatro relacionadas às leituras (motivação, compreensão, discriminação e posição) e duas relacionadas às implicações (avaliação e implementação). Neste estudo, optou-se por analisar duas das quatro dimensões de leitura: a compreensão e a discriminação. A primeira diz respeito à forma como os espectadores entendem o material audiovisual, sendo determinada tanto por fatores macrossociais (gênero, classe, etnia etc.) como por fatores microssociais (escolaridade, cultura etc.). A discriminação está relacionada à familiaridade do espectador com o gênero do material audiovisual, com os processos de produção, estilos etc., ou seja, ao seu conhecimento técnico, estético e cultural. Nessa dimensão se investiga como e porque os espectadores podem ser esteticamente críticos. Os significados de um filme são construídos nem somente por seu conteúdo e forma nem somente pelos sentidos produzidos pelos espectadores, mas também pelo seu contexto de produção. Nesse sentido, ao se estudar a recepção faz-se necessário analisar, antes, a própria obra por meio de uma análise fílmica [5]. Analisar um filme é desconstruí-lo em suas partes, em seguida reconstruí-lo e buscar a compreensão do todo da obra a partir da síntese das partes. Este todo do filme reconstituído pode subsidiar a estimativa de uma leitura preferencial, discutida no modelo a seguir, que pode influenciar, por sua vez, mas dificilmente determinar, as leituras produzidas pelos espectadores. 101

102 RESULTADOS O vídeo aborda o funcionamento de um motor elétrico simples e tem duração aproximada de três minutos e meio, apresentando o conteúdo científico de maneira descontraída pelos alunos. Trata-se de uma paródia do Jornal Nacional, com alunos caracterizados de apresentadores e uma de repórter que entrevista um outro aluno que interpreta o cientista que inventou o motor, explicando-o do ponto de vista científico nos moldes de um vídeo tutorial passo-a-passo. O tom de humor pode ser percebido no início e no final do vídeo, enquanto um tom mais didático é dado na explicação do experimento. A produção é notadamente amadora. Por outro lado, o texto fílmico está estruturado da identificação do evento científico no cotidiano, enunciação de uma verdade científica pelos apresentadores e execução de um experimento por um cientista que comprova que tal enunciação se trata de uma verdade. A Figura 1 abaixo ilustra algumas cenas desse vídeo. Figura 1: Cenas do vídeo JN Motor Eletromagnético. O estudo de recepção foi realizado por meio de um grupo focal com seis estudantes, três do sexo feminino e três do sexo masculino, todos com amplo acesso à informação. O grupo assistiu ao vídeo e depois discutiu por aproximadamente meia hora sobre as questões levantadas pelo Mediador, como: (i) O que você compreendeu (ou não) do vídeo? (ii) Destaque pontos positivos e negativos. (iii) Você faria o vídeo de alguma forma diferente? Como? (iv) O que você acha do uso desse vídeo como recurso didático? Dois alunos relacionaram, equivocadamente, o conteúdo do vídeo à indução eletromagnética, e um deles criticou a duração e encadeamento do vídeo. O Mediador indagou se a existência no vídeo da seção intitulada A Física explica seria suficiente melhor compreensão, afirmativa refutada pelos participantes. É interessante, neste momento, a forte relação, para a maioria dos alunos, entre a compreensão do fenômeno envolvido com o funcionamento do motor e a necessidade de apresentação de uma equação matemática, como se isso fosse garantia de uma melhor compreensão do vídeo. Por outro lado, um aluno chama a atenção que os produtores fizeram opção pela realização de um vídeo de caráter mais qualitativo, chegando a citar um exemplo que é, rapidamente, criticado por ele mesmo e pelos outros participantes do grupo focal, já que o fato da voz over mencionar o que está acontecendo com a espira que rotaciona (mais rápido ou mais devagar) não é suficiente prova para que seja compreendido o que está acontecendo. Em tom de espantol, um aluno reconhece um elemento na imagem e o associa à compreensão, pois para ele o fato de que a espira girava mais rápido, como afirmado na narração, deveria estar relacionado a uma faísca mais evidente. No entanto, este e outro aluno reconhecem que o que é dito é suficiente para afirmar o que é correto, apesar do que é visualizado na imagem. Dois alunos destacaram o humor na encenação como ponto positivo em contraste com o conteúdo científico formal, considerado difícil, chato, rígido e sério, como algo que em geral não dá lugar a um tom mais tranquilo, mais descontraído. Porém, outros dois alunos inferiram que o caráter positivo do humor no vídeo depende para quem ele está endereçado, quem é seu público-alvo, levando o grupo a debater ainda sobre a credibilidade das informações em função do tom humorístico da encenação e o uso da paródia do telejornal como tentativa de minimizar a não-credibilidade das informações veiculadas em um vídeo amador, mesmo os sujeitos considerando a qualidade boa, em especial para exibição na internet. A paródia foi vista pelo grupo como tentativa de não tornar o vídeo chato, como a maioria dos vídeos científicos segundo alguns sujeitos. Nesse momento o grupo debateu acerca do uso do telejornal, evidenciando a posição de distanciamento de um dos alunos, não somente pela paródia, mas pelo fato de o vídeo ter sido produzido por outros alunos, e a de não distanciamento para os outros cinco sujeitos por mais que reconhecessem a necessidade de um embasamento teórico para a compreensão. Quando indagados sobre os alunos produzirem o vídeo, o grupo esteve em imersão total, considerando que as práticas tradicionais do laboratório didático, as quais esses sujeitos têm ampla experiência, possuem menos vantagens quando comparadas a produção de um vídeo que mobilizaria outros aspectos. 102

103 CONSIDERAÇÕES FINAIS Considerando que a estratégia de produção de vídeos por alunos vem contribuindo para a reflexão sobre o papel do ensino experimental com o uso de tecnologias da informação e comunicação, a investigação sobre a produção e a recepção de vídeos pode trazer mais conhecimentos sobre as nuances e diferenças colocadas pelo ensino-aprendizagem com recursos audiovisuais, uma vez que podem identificar, por exemplo, dinâmicas existentes entre a resistência e a adesão/apropriação dos alunos ao material utilizado. Mesmo o estudo de recepção tendo sido realizado com um vídeo que possuía um tom mais descontraído e humorístico, além de conter encenação e paródia, é marcante a componente científica no discurso dos sujeitos, seja quando relatam o que entenderam do vídeo, seja quando destacam aspectos de ordem técnica/estética, chegando a algumas vezes considerar que um vídeo científico deveria excluir tais aspectos. Nesse sentido, a recepção desse tipo de vídeo por alunos (espectadores) que possuem cada um seu repertório cultural marcado sociohistoricamente cria um espaço oportuno para se estudar a produção de sentidos, sobretudo para se tentar relacionar como jovens que atualmente produzem os mais diversos tipos de materiais (textos, imagens, vídeos etc.) e os publicam na web (blogs, facebook etc.) veem, compreendem, refutam e/ou aceitam vídeos e outras mídias cada vez mais presentes na sala de aula do século XXI. Os sujeitos já vivenciaram, em sua maioria, algum tipo de experiência de produção audiovisual, o que demonstra a inserção desses alunos em um mundo de informação e comunicação, com a democratização cada vez maior dos meios de produção e a valorização da produção independente, por meio de câmeras digitais e celular e repositórios de vídeo (como o YouTube e Vimeo). Consideramos que as etapas realizadas até agora permitem vislumbrar a importância da conclusão da pesquisa em andamento para o campo da educação, sobretudo do Ensino de Ciências, ao trazer referenciais teóricos negligenciados em estudos que consideram o audiovisual. Ao IFRJ, FAPERJ e CNPq pelo apoio financeiro. AGRADECIMENTOS REFERÊNCIAS [1] PEREIRA, M. V.; BARROS, S. S. Análise da produção de vídeos por estudantes como uma estratégia alternativa de laboratório de física no Ensino Médio. Rev. Bras. Ens. de Física, v.32, n.4, 4401, [2] PEREIRA, M. V.; BARROS, S. S.; REZENDE FILHO, L. A. C.; FAUTH, L. H. A. Audiovisual physics reports: students video production as a strategy for the didactic laboratory. Physics Education, v.47, n.1, [3] SCHRØDER, K. C. Making sense of audience discourses: towards a multidimensional model of mass media reception. European Journal of Cultural Studies, v.3, n.2, [4] HALL, S. Codificação/Decodificação. In:. Da diáspora: Identidades e mediações culturais. Belo Horizonte, UFMG, [5] VANOYE, F.; GOLIOT-LÉTÉ, A. Ensaio sobre a análise fílmica. Campinas: Papirus, [6] REZENDE FILHO, L. A. C.; PEREIRA, M. V.; VAIRO, A. C. Recursos Audiovisuais como temática de pesquisa em periódicos brasileiros de Educação em Ciências. Rev. Bras. de Pesquisa em Educação em Ciências, v.11, n.2, [7] DEACON, D. Holism, communion and conversion: integrating media consumption and production research. Media, Culture & Society, v.25, n.2,

104 CONSCIÊNCIA AMBIENTAL NO AMBIENTE ESCOLAR Cristiane Santos M. da Silva*(IC Bolsista PIBIC Jr), Cristina da Costa B. Araújo* (IC Bolsista PIBIC), Fernanda Silva Soares *(PQ); Maria Inês Teixeira *(PQ2) Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro Campus Duque de Caxias* Palavras-chave: Sustentabilidade, Sensibilização Ambiental e Desenvolvimento Sustentável. Introdução A presente pesquisa foi realizada no IFRJ Campus Duque de Caxias que está inserido no Município de Duque de Caxias está situado na Baixada Fluminense, sendo uma área com intensa degradação ambiental e falta de consciência ecológica. O ambiente escolar mostra-se deveras profícuo para ações ambientais. A educação escolar deve estar sempre aliada com a educação ambiental, de maneira a mostrar caminhos que nos leve ao desenvolvimento sustentável, ultrapassando as amarras do capitalismo e do consumo (Ramos & Ramos, 2008; Campos et al, 2012; Bassani et al, 2012). Sendo assim, de acordo com Camargo & Wolf (2008), a educação ambiental está integrada à cidadania, sendo transdisciplinar e desenvolvendo atitudes corretas no que concerne à sociedade e ao meio ambiente. O Homem é parte integrante do meio ambiente, pois é nele que a vida se desenvolve, onde se encontram a natureza e a cultura. Segundo Sauvé (2005), a educação ambiental é uma educação para a conservação e para o consumo responsável, para a solidariedade na repartição eqüitativa dentro de cada sociedade, entre as sociedades atuais e entre estas e as futuras. O objetivo do trabalho é a transformação de hábitos sociais e de posturas ecológicas através de atividades de educação ambiental, em especial sobre a importância da proteção das florestas e da vegetação em geral, no âmbito global e local, indicando que o desmatamento e as queimadas são uma das causas do aquecimento global. Materiais e Métodos As atividades ocorreram no auditório do IFRJ Campus Duque de Caxias, no período matutino e vespertino, em dois momentos: no evento da Comemoração ao Dia da Árvore e do Ano Internacional das Florestas 2011 e na Semana Nacional de Ciência e Tecnologia Mudanças climáticas, desastres naturais e prevenção de riscos. Os participantes foram discentes e docentes do Ensino Técnico e da Licenciatura em Química. As metodologias e materiais utilizados foram: - Palestra expositiva consistiu na exposição do tema Mudanças Climáticas Globais. Os materiais utilizados foram computador, data show e pen drive. Após a palestra foi aberto tempo para perguntas e aplicado um questionário sobre o tema da palestra. - Palestras dialogadas estas palestras consistiram na exposição dos temas: A importância das árvores e das florestas e Lugares mais arborizados de Duque de Caxias e do Rio de Janeiro. A palestra foi montada de maneira que o grupo era requisitado com perguntas ou incentivos para completar um raciocínio durante todo o tempo, sendo ao final aplicado um questionário. - Avaliação das atividades a coleta de dados foi realizada por meio de aplicação de questionários, os dados foram tabulados no programa Excel e posteriormente os resultados gerados foram analisados. Resultados e Discussão Foi solicitado aos participantes que assinalassem a melhor forma, na opinião deles, de evitar o desmatamento através de atitudes particulares (Figura 1). Do total de participantes, 29% marcou comprando somente móveis de madeira certificada pelo ibama ou com selo verde ; 24,5% não cortando árvores nem colocando fogo em locais próximos às matas ; 17,5% avisar as autoridades quando observar corte de árvores mesmo em local urbano ; 16% avisando aos bombeiros quando há incêndios em matas ou locais 104

105 próximos a elas ; 7% votar em políticos cujos partidos sejam comprometidos com a causa ambiental ; e 6% votar em políticos cujas ações sejam voltadas para causas ambientais. Com isso, pode-se perceber que os participantes acreditam mais nas ações individuais e na denúncia e menos nas ações políticas. Em outra questão, foi detectado que 79,5% dos participantes conheceram o PNUMA na palestra e que 61,5% já sabiam que o dia 21 de setembro é o dia da árvore. Com as palestras, 84,6% descobriram que 2011 era o ano internacional das florestas. Percebeu-se que 31% dos participantes não sabiam a diferença entre El niño e aquecimento global. Com relação à causa das mudanças climáticas, a maioria conhecia as causas relacionadas à variação da radiação solar e as causas terrestres, tais como a deriva continental e uma minoria ouviu falar das causas astronômicas, tais como a precessão dos equinócios. Figura 1. Opinião dos participantes com relação a melhor maneira de agir individualmente para evitar o desmatamento. Conclusões 1. As atitudes assinaladas pela maioria estão relacionadas às ações individuais e de denúncia. Enquanto aquelas relativas às ações políticas quase não foram marcadas, mostrando que os participantes acreditam mais nas ações individuais para evitar o desmatamento; 2. Nota-se claro esclarecimento sobre questões ambientais após as palestras, ainda que existam aqueles que apresentam dificuldades para entender alguns conceitos; 3. Muitos participantes duvidavam que o aquecimento global fosse provocado pelas ações do Homem. A maioria possuía uma visão catastrófica e superficial do tema exposto. 4. Percebe-se que com ações pequenas e contínuas dentro do ambiente escolar pode-se transformar hábitos sociais e posturas ecológicas, formando mentes comprometidas, cidadãos conscientes e resgatando a relação homem-natureza. Ao IFRJ pelo apoio financeiro e à CNP e Faperj. Agradecimentos Referências 1. CAMPOS et al. Educação para a Sensibilização Ambiental: uma construção de toda a sociedade. Revista de Educação Científica, Tecnológica e Ambiental da UNESCO, v. XXVII, n. 1-2, p. 1-4, Disponível em: < Acesso em: 21/02/

106 2. RAMOS, M. da S.; RAMOS, R. da S. Educação Ambiental e a Construção da Sustentabilidade Pequenas Escolas na Construção da Eco-Responsabilidade Local. Revista Visões, 4a Edição, Vol. 1, Jan/Jun Disponível em: < Acesso em: 14/05/ SAUVÉ, L. Educação Ambiental: possibilidades e limitações. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 31, n. 2, p , maio/ago Disponível em: < Acesso em: 21/08/ BASSANI, P. et al. GEAMA: educação ambiental para a cidadania. Anais do VIII SEPECH da Universidade Estadual de Londrina. Disponível em: < Acesso em: 14/05/ CAMARGO, R. & WOLF, R. A. do P. Educação Ambiental e Cidadania no Currículo Escolar. Revista Eletrônica Lato Sensu UNICENTRO Ed. 6 Ano: Disponível em: < as/pdf/5-ed6_ca-educa.pdf> Acesso em: 14/05/

107 ATIVIDADES NO IFRJ CAMPUS DUQUE DE CAXIAS VISANDO A PROMOÇÃO DA PROATIVIDADE EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL Cristina da Costa B. Araújo* (IC Bolsista PIBIC), Cristiane Santos M. da Silva*(IC Bolsista PIBIC Jr), Maria Inês Teixeira *(PQ); Fernanda Silva Soares*(PQ2) maria.teixeira@ifrj.edu.br Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro Campus Duque de Caxias* Palavras-chave: Conscientização Ambiental, Sensibilização Ambiental e Sustentabilidade. Introdução O IFRJ Campus Duque de Caxias está inserido no Município de Duque de Caxias, está situado na Baixada Fluminense e faz parte do bioma da Mata Atlântica 3. De acordo com estudos de Cerati e Lazarini (2009), para a proteção dos recursos naturais são necessárias ações com a comunidade e grupos sociais para sensibilizar e despertar a consciência crítica dos mesmos 1. Por meio da Educação Ambiental essa consciência crítica pode ser despertada, trazendo consigo mudanças de posturas e atitudes. Segundo Ramos e Ramos (2008) os espaços de interações sociais são propícios ao engajamento e a concepção de ações coletivas 5. Os autores analisaram um projeto de educação ambiental com pesquisa participativa no ambiente escolar realizado numa escola pública. A pesquisa demonstrou que ações em pequenas escolas podem dinamizar toda a comunidade do entorno transformando hábitos sociais e posturas ecológicas contribuindo a médio e longo prazo para o desenvolvimento sustentável de toda uma comunidade. A Proatividade é a capacidade que alguém tem de fazer com que determinadas coisas aconteçam ou se desenvolvam 2. É ter atitudes com bases em fatos e dados 4. Com base nesses e em outros estudos o presente trabalho teve como objetivos: informar sobre ciclos biogeoquímicos, relações ecológicas e outros temas ambientais para despertar a consciência crítica dos discentes e docentes do IFRJ Campus Duque de Caxias; estimular a proatividade nos grupos para que em seus lares e comunidades sejam eles exemplos e também semeadores de atitudes sustentáveis; e analisar os resultados encontrados nessas ações de educação ambiental. Materiais e Métodos As atividades ocorreram no auditório e em salas de aula no IFRJ Campus Duque de Caxias, no período matutino e vespertino, durante a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia Mudanças Climáticas Desastres Naturais e Prevenção de Riscos. Os participantes foram discentes e docentes do Ensino Técnico e da Licenciatura em Química. As metodologias e materiais utilizados foram: - Palestra expositiva consistiu na exposição do tema Água um bem de todos!. Os materiais utilizados foram computador, data show e pen drive. Após a palestra foi aberto tempo para perguntas. - Palestra dialogada esta palestra consistiu na exposição dos temas terrário, fotossíntese, ecossistema, biosfera e ciclos biogeoquímicos. A palestra foi montada de maneira que o grupo era requisitado com perguntas ou incentivos para completar um raciocínio durante todo o tempo. Um terrário montado 3 meses antes da palestra foi mostrado ao grupo e foram feitas perguntas sobre o que eles observavam. - Oficina de montagem de terrário com garrafas PET o grupo foi dividido em duplas, em que cada dupla trabalhou junto na montagem do terrário. Foram utilizadas luvas descartáveis, etiquetas, fita adesiva, ferramentas de jardinagem, garrafas PET previamente cortadas, seixos, carvão, terra adubada, mudas de Chlorophytum comosum, nome popular gravatinha, e de Tradescantia zebrina, nome popular trapoerabazebra. Após o plantio as mudas foram regadas e os terrários foram lacrados com fita adesiva e etiquetados contendo data e nomes dos responsáveis por sua montagem. Ao final da oficina as duplas formadas levaram seus terrários para casa. O grupo foi orientado a colocar o terrário em locais com luz indireta, a não retirar a fita adesiva e observar seu interior sempre que possível. - Avaliação das atividades a coleta de dados foi realizada por meio de aplicação de questionários, os dados foram tabulados no programa Excel e posteriormente os resultados gerados foram analisados. 107

108 Resultados e Discussão Aos participantes foi solicitado em uma das questões do questionário que valores fossem dados às atitudes proativas que podem fazer a diferença no uso sustentável da água. Valores de 1 a 4 foram dados para atitudes que eles consideravam mais e menos importantes, respectivamente, como demonstrado a seguir: 1 a mais importante; 2 - importante; 3 - pouco importante; 4 - a menos importante. A figura 1 mostra a percentagem de participantes e os respectivos graus de importância estabelecidos para cada atitude proativa. As atitudes de denunciar desmatamentos de encostas e de matas ciliares seguida do aproveitamento da água da chuva foram consideradas mais importantes para se promover o uso sustentável da água. Enquanto reservar água de enxágüe da máquina de lavar roupa para lavar carros, calçadas, etc., e lavar carros e calçadas com baldes e evitar o uso da mangueira foram consideradas atitudes pouco importantes. Em outra questão foi solicitado que marcassem atitudes sustentáveis. Aproximadamente 48% dos participantes souberam informar quais eram atitudes sustentáveis, mas cerca de 40% ainda tiveram dúvidas. Os resultados mostraram que aproximadamente 86% souberam definir o que é desenvolvimento sustentável. Aproximadamente 93% dos participantes associaram o terrário a um ambiente tropical e 100% conseguiram visualizar a presença do ciclo hidrológico, talvez porque conseguiram associar com o que viram no terrário apresentado com água condensada na parede do mesmo, porém não perceberam a participação de outros ciclos biogeoquímicos Denunciar desmatamentos de encostas e de matas ciliares. % de participantes Graus de importância Aproveitar água da chuva. Lavar carros e calçadas com baldes, evitar o uso da mangueira. Reservar água de enxágüe da máquina de lavar roupa para lavar carros, calçadas, etc. Figura 1. Percentagem de participantes e respectivos graus de importância (sendo 1 o mais importante e 4 o menos importante) estabelecidos para cada atitude proativa. Conclusões 1. As atitudes proativas marcadas como importantes necessitam de suporte dos governos para que efetivamente aconteçam. Enquanto que aquelas marcadas como menos importantes são atitudes que cabe a cada indivíduo executar não necessitando de suporte de governos, significa o popular fazer a sua parte. 2. Nota-se claro esclarecimento sobre questões ambientais após as palestras, ainda que existam aqueles que apresentam dificuldades para entender alguns conceitos; 3. Todos os participantes conseguiram visualizar a presença do ciclo hidrológico no terrário, porém não perceberam a participação de outros ciclos biogeoquímicos. 4. São necessárias outras abordagens para esclarecimento de dados sobre o meio ambiente e para estimular ainda mais a proatividade em Educação Ambiental. Ao IFRJ pelo apoio financeiro, ao CNPq e à Faperj. Agradecimentos Referências 108

109 1. CERATI, T. M.; LAZARINI, R. A de M. A Pesquisa-Ação em Educação Ambiental: uma experiência no entorno de uma unidade de conservação urbana. Ciência e Educação, vol. 15, n. 2, p , Disponível em: < em: 29 fev PROATIVIDADE. In: Dicionário Priberam de Língua Portuguesa. Disponível em: < em: 29 fev GUIMARÃES, M. Educadores Ambientais em uma Perspectiva Crítica Reflexões em Xerém. Setembro de f. Tese (Doutorado em Ciências Sociais) Instituto de Ciências Humanas e Sociais, Curso de Pós Graduação em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade, UFRRJ, RJ, Disponível em < em: 14 maio LEME, R Disponível em: < Acesso em: 29 fev RAMOS, M. da S.; RAMOS, R. da S. Educação Ambiental e a Construção da Sustentabilidade Pequenas Escolas na Construção da Eco-Responsabilidade Local. Revista Visões, 4 a Edição, Vol. 1, Jan/Jun Disponível em < Acesso em: 14 maio

110 O papel da investigação e do processo de construção de uma proposta didáticometodológica de Ciências e Matemática na Formação Inicial no IFRJ/campus Volta Redonda Ana Carolina da Silva Olimpio (IC); Jéssica Simãoes Mariano Pinto (IC); Amanda Marcelina da Fonseca (aluno colaborador); Fernanda Copio Esteves (aluno colaborador); Marta Ferreira Abdala Mendes*(PQ); Márcia Amira Freitas do Amaral*(PQ2); Paulo Roberto de Araújo Porto *(PQ2) marta.mendes@ifrj.edu.br Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro* Palavras Chave: Formação Inicial de Professor, Ensino de Ciências e Matemática; Metodologias Introdução Esse trabalho insere-se numa pesquisa mais ampla A INSERÇÃO DE UMA EXPERIÊNCIA DIDÁTICO- METODOLÓGICA NO ENSINO DE CIÊNCIAS E MATEMÁTICA NUMA ESCOLA DO MUNICÍPIO DE VOLTA REDONDA e tem por finalidade apresentar o papel da investigação e do processo de criação de uma proposta didático-metodológica pelas licenciandas em Física e em Matemática do IFRJ/campus Volta Redonda em parceria com uma escola pública municipal. Essa experiência está fundamentada numa concepção histórico-epistemológica, através de diálogos com autores que estabelecem uma associação indissociável entre o ensino-aprendizagem de ciências e o ensino-aprendizagem sobre a natureza da ciência (MATTHEWS, 1995; BASTOS, 1998, BIZZO 2002). Buscamos nessa experiência analisar a luz dos debates em ensino de Ciências e Matemática e em formação inicial de professor uma inovação na prática do docente (NÓVOA, 1992; SCHÖN,1987, 1995, 2000; ZEICHNER, 1993; DINIZ-PEREIRA e ZEICHNER, 2002). Dentro de um quadro teórico híbrido, reforça-se como o ensino de Ciências e Matemática pode tornar-se concretamente contextualizado e socialmente significativo na medida em que as dimensões históricas e filosóficas do conhecimento científico e de seu processo de construção forem incorporadas tanto na formação do professor como na do aluno. Nossa proposta de trabalho, portanto, insere-se nesse conjunto de reflexões sobre os trabalhos didático-metodológicos, já iniciadas e desencadeadas no Laboratório Didático- Metodológico de Ciências e Matemática pelos professores e licenciandas do Grupo de Pesquisa em Ensino de Ciências e Matemática. Apresentamos os resultados da continuidade de uma proposta de prática pedagógica reflexiva, criada para a melhoria do Ensino de Ciências e Matemática, verificando as possibilidades e os limites da intervenção didática na escola em que já estávamos realizando um trabalho junto aos alunos de uma turma de 9º ano do Ensino Fundamental e uma turma de 3º ano do Ensino Médio no ensino de Ciências e Matemática. A busca por refletir e pesquisar a prática docente e a uma consequente inovação no Ensino de Ciências e Matemática, insere-se na linha teórica e nos pressupostos da abordagem do professor autônomo, reflexivo e investigador de sua própria prática como precursor da melhoria do processo de ensino-aprendizagem e do desenvolvimento profissional do professor, com base em autores como Kenneth Zeichner, Antonio Nóvoa, Maurice Tardiff, Lee Shulman, Donald Schon, Philippe Perrenoud. A proposta analítica destes autores permite o desenvolvimento de modelos sobre a prática, perspectivas e o saber do professor e oferece um instrumental metodológico para uma discussão sobre a função da pesquisa em Ensino de Ciências e Matemática no aprimoramento da prática docente. Como metodologia, a ação na escola parceira partiu da promoção do diálogo entre diferentes áreas de conhecimento, a partir da construção de atividades e materiais que pudessem refletir o processo dinâmico, histórico, circunstancial, material e coletivo da produção do conhecimento, como por exemplo: experimentação, resolução de problemas; modelagem; jogos, desenvolvimento de materiais didáticos e de atividades lúdicas para o ensino. Para isso, foram produzidas novas atividades e materiais didáticos, disponibilizados no Laboratório Didático- Metodológico para enriquecer a prática docente e o Ensino de Ciências e Matemática nas escolas da região. Após a aplicação das atividades que utilizaram materiais didáticos focados no processo de construção do conhecimento científico, estamos analisando os dados obtidos, para verificar se houve mudanças das concepções de ciência e tecnologia dos alunos investigados e também se a prática reflexiva no Ensino de Ciências e Matemática possibilita mudanças na postura pedagógica das licenciandas. A partir das reflexões, 110

111 análises e produções desta pesquisa, será produzido um CD ROM, como material didático, com todas as atividades, roteiros e materiais desenvolvidos para que essas práticas pedagógicas possam ser incorporadas ao processo de ensino-aprendizagem nas escolas públicas da região. Figura 1: aplicação das atividades nas turmas. Resultados e Discussão A dinâmica de trabalho foi baseada na pesquisa-ação, em que as intervenções foram realizadas nas mesmas duas turmas - uma do 9º ano do Ensino Fundamental e outra do 3º ano do Ensino Médio do Colégio Delce Horta Delgado, na busca de informações que permitam uma análise mais aprofundada das ideias e reflexões iniciais dos alunos a respeito da ciência e tecnologia e uma possível mudança de entendimento durante a implementação do trabalho. Foram coletados os dados por meio de um questionário contendo 15 questões objetivas, que investigavam a informações sobre a estrutura da escola; sobre o ensino e a concepção de ciência e tecnologia dos alunos, professores e licenciandas. Foram recolhidos 70 questionários de alunos e 7 de professores de Ciências, Matemática e Física dessas turmas da escola. Estamos realizando a análise de todos os dados recolhidos nesses questionários. As ações foram realizadas a partir de dois eixos norteadores: 1) apresentar a Ciência e a Matemática de forma lúdica; 2) apresentar a Ciência e a Matemática contextualizada com os problemas atuais da sociedade e a sua relação com o processo sóciohistórico. A intervenção nas salas de aulas foram desenvolvidas em 3 momentos: Primeiro momento: pesquisa sobre como as atividades lúdicas podem, ao mesmo tempo, favorecer o ensino de conteúdos e atrair a atenção dos alunos. Escolhidas as atividades e analisadas suas relações com o ensino de Ciência e Matemática, passam para a elaboração das mesmas, onde discriminam o objetivo, recursos e o material necessário para sua realização, dentre outros aspectos. Segundo momento: produção de atividades e materiais didático-metodológicos; aplicação nas turmas e vivência do interesse que as atividades proporcionaram ou não aos alunos. Terceiro momento: avaliação da aplicação da atividade pelos alunos e quais foram os pontos positivos e negativos da intervenção. Eixo temático proposto Atividade desenvolvida Assuntos abordados DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA HISTÓRIA DA CIÊNCIA EXPERIMENTAÇÃO Jogo Maratona do Verdadeiro ou Falso (9º ano e 3º ano) Jogo Matix (9º ano e 3º ano) Pista da Aprendizagem (9º ano) Bússola d água (3º ano) Questões ambientais; informações sobre a realidade local; informações diversas. História dos números; operações com números inteiros. Velocidade média; leitura de gráficos. Pontos cardeais; magnetismo. Esquema 1: Atividades e experimentos construídos 111

112 Esquema 2: Análise dos Questionários após atividade - 9º ano: Atividade de experimentação Análise Quantitativa Conclusões Nesta etapa da análise dos dados coletados verificamos que a ação das licenciandas no processo de construção das metodologias, atividades, textos, e momento presenciais, segundo relato das mesmas, permitiu uma percepção sobre a importância de se aliar teoria e prática à formação inicial dos professores do Ensino de Ciências e Matemática (prática reflexiva já na formação inicial) e como pode provocar mudanças nas concepções e/ou na postura pedagógica do professor em formação. Foi possível identificar mudanças das licenciandas antes e depois de todo o processo, provocadas pelas ações, reflexões e as práticas educativas desenvolvidas, ampliando a concepção que os futuros professores tem sobre as funções de um Educador: professor-pesquisador. Acreditamos que tais mudanças foram provocadas pela participação num processo investigativo que permitiu revelar as seguintes mudanças sobre a concepção do trabalho docente: Interesse pelo processo de ensino-aprendizagem (PIBID); Ruptura com postura transmissão-recepção de conhecimentos; Valorização do processo de construção do conhecimento científico; Concepção de Educador: formação para ser um professor-pesquisador; Articulação teoria e prática; Valorização da relação professoraluno. Agradecimentos Ao IFRJ pelo apoio financeiro. Faperj pelo apoio financeiro para a construção do Laboratório Didático- Metodológico no campus Volta Redonda e ao Colégio Profª Delce Horta Delgado. Referências CARVALHO, A.M.P. e GIL-PÉREZ, D. Formação de professores de Ciências: tendências e inovações. São Paulo: Cortez, FOUREZ, G. A. Crise no Ensino de Ciências? Investigações em Ensino de Ciências, v. 8 (2), Em GIORDAN, A. e DE VECHI, G. As origens do saber das concepções dos aprendentes aos conceitos científicos. Porto Alegre: Artes Médicas, PERRENOUD, P. Avaliação: da excelência à regulação da aprendizagem entre duas lógicas. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, SCHÖN, D. A. Educando o profissional reflexivo: um novo design para o ensino e a aprendizagem. Porto Alegre: Artes Medicas Sul,

113 HERANÇA HISTÓRICA E CULTURAL DAS ESCOLAS DE NILÓPOLIS: PRODUÇÃO DE DOCUMENTÁRIOS CONFLUÊNCIAS NO ENSINO DE CIÊNCIAS Léo Diniz 1; Lucile Daniel Moreira 2 ; Maylta Brandão dos Anjos 3 ; Giselle Rôças 3 1. Aluno do curso de produção cultural, IFRJ, Campus Nilópolis. Bolsista PIBIC do IFRJ 2. Licencianda do curso de química, IFRJ, Campus Nilópolis. Bolsista PIBIC do CNPq 3. Docentes do Programa Stricto Sensu em Ensino de Ciências IFRJ, Campus Nilópolis Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro, Campus Nilópolis Palavras Chave: Ensino de Ciências; Produção de documentários; Herança histórica e cultural Palavras-chave: Ensino de Ciências; Produção de documentários; Herança histórica e cultural Introdução A pesquisa ora apresentada visou trabalhar situações vividas no cotidiano das instituições de ensino, conferindo às imagens e linguagens a arte cênica no intento da recuperação da memória e herança histórica para a qualidade do ensino. Salientamos, ainda, que a proposta é singular para que os professores lancem mão de ferramentas e recursos que confiram, não somente mais qualidade às aulas, mas que, sobretudo confira maior relação processual da vida escolar. Pensando assim, a pesquisa primou pela ação participativa em escolas da Baixada Fluminense do Rio de Janeiro Brasil, localizadas no entorno do IFRJ. São elas - INSTITUTO DE EDUCAÇÃO CARLOS PASQUALE e CIEP 389/GP HAROLDO BARBOSA que mereceram ser revisitadas nos mais diferentes contextos e recortes, sobretudo quando este qualificou e deu luz ao presente. A investigação buscou entender as escolas que se tem hoje no município. Passar pela história cultural local, formadora de opiniões e produtora de resultados, criou uma base de análise própria para os envolvidos nessa pesquisa. Assim, foi tal enlevo o que deu subsídio a pesquisa, tornando-a justificável em sua realização. Os documentários foram produzidos pelo Laboratório de Estratégias Didáticas LED, com parceria do Mestrado Profissional em Ensino de Ciências. O projeto teve como parceria, além do IFRJ, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Rio de Janeiro - FAPERJ. Foi neste contexto que a pesquisa se consolidou na criação, elaboração e produção de vídeos didáticos como instrumento valioso para formação de professores. Nessa percepção temos claro que a confluência dos conhecimentos produzidos ao longo da vida humana se consolida na apropriação social e cultural do mundo. Para que a apropriação de fato aconteça, lança-se mão das diversas metodologias existentes e nesta, a autonomia dos sujeitos do ensino alunos e professores - na produção artística, científica e cultural. Tais características foram perseguidas para que se efetivasse um ensino coadunado com as necessidades de se rever histórica e culturalmente. As práticas pedagógicas que aliam o lúdico a diferentes etapas do processo de ensino-aprendizagem possuem vários eixos que, propiciaram vivenciar o conteúdo, viver o imaginário e o inesperado, descobrindo que existe, além dos limites da sala de aula, um caminho de movimento que integra, reintegra, constrói e reconstrói, criando possibilidades para que os sujeitos dessa pesquisa - se impregnassem da realidade e assim ao construí-la e reconstruí-la no cotidiano da vida e na vida em aula e tela conferissem maior qualidade às aulas no seu processo constante de formação. Resultados 1 113

114 Como resultado da pesquisa, produzimos dois documentários nesse projeto, respectivamente intitulados O Vírus da Educação e Aquilo que somos. Nesses, os alunos exploraram o tema, realizando debates e descobrindo que a busca do conhecimento vai além das salas de aula, sendo polissêmico, multifacetado e policromático. A herança histórica das escolas de Nilópolis nos mostrou isso. Conclusão A produção de dois documentários ampliaram as possibilidades de se contar as histórias das escolas de Nilópolis. A produção e o uso dos mesmos atuaram não somente como um instrumento educativo, mas principalmente, como um objeto lúdico de divulgação que estimulou a criatividade e o interesse dos atores escolares e acadêmicos envolvidos na pesquisa. Soma-se a tal fato, a necessidade cada vez maior de se registrar a realidade vivida sob os vários aspectos que a concretiza. Assim, a realização dos documentários se constitui em ações desejadas à promoção do intercâmbio de instituições de ensino superior e escolas. Agradecimentos Ao IFRJ e a FAPERJ pelo apoio financeiro. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABDALA JUNIOR, Roberto. O cinema na conquista da América: um filme e seus diálogos com a história. Revista Brasileira de Educação Vol. 13, n. 37, jan./ abr., BRANDÃO, Carlos Rodrigues. A Educação como Cultura. Mercado de Letras, 1ª ed BERNARDET, Jean Claude. (2006) Cineastas e imagens do povo. São Paulo: Companhia das Letras. CASTELLS, Manuel. (2007) A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, LINS, Consuelo. O documentário de Eduardo Coutinho: televisão, cinema e vídeo. Rio de Janeiro: Jorge Zahar. TEIXEIRA, Francisco Elinaldo (org). (2004) Documentário no Brasil: tradição e transformação. São Paulo: Summus Editorial

115 Trabalhar, Estudar e Pesquisar: desafios da Iniciação Científica na Educação de Jovens e Adultos (EJA) Nome dos alunos do programa(ic)*:carla Priscila Correia de Aquino e Edno Silva Pereira Professora orientadora *(PQ); Pâmella Passos Professora colaboradora**(pq2): Aline Dantas da orientadora: pamella.passos@ifrj.edu.br Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro*, Instituições parcerias ** e/ou de outros campi do IFRJ Palavras-chave: Iniciação Científica; Educação de Jovens e Adultos (EJA), Educação Profissional e Tecnológica. Introdução O presente trabalho é um dos resultados da pesquisa institucional intitulada Lan house é lugar para técnico em informática? O papel do IFRJ no contexto de globalização e (re)apropriações da internet. Iniciada em 2009 tal investigação teve como foco: o Morro Santa Marta, a Favela de Acari e o Curso Técnico em Manutenção em Informática, na modalidade EJA do Campus Rio de Janeiro do IFRJ. Em todos esses locais, nossa indagação era sobre o papel da Lan House, seus usos e apropriações. Questionários foram aplicados, grupos focais e entrevistas foram realizadas e no recolhimento de informações, outras fontes foram sendo produzidas. Ao trazer como questão o papel social do IFRJ no contexto da globalização, a pesquisa suscitava discussões acerca da formação oferecida no curso de Manutenção e Suporte em Informática e seu diálogo com as demandas sociais contemporâneas. Em setembro de 2011 a pesquisa finalmente passou a contar com bolsistas do próprio curso de Manutenção e Suporte em Informática, modalidade EJA. Dizemos finalmente, pois em 2010 uma seleção específica para este curso foi aberta, no entanto, não houve inscritos sob a alegação de que não teriam tempo nem preparo para realizar a pesquisa. Assim, o foco desta apresentação é dar visibilidade a experiência de iniciação científica com alunos da Educação de Jovens e Adultos. Cursando o último período do Curso Técnico em Manutenção e Suporte em Informática dois estudantes passaram a pesquisar sobre Tecnologias, Educação e Cultura. Por ser uma pesquisa na área técnica, a atividade também era considerada como estágio curricular, o que nos possibilitou analisar a formação que os alunos do Proeja recebem não apenas a partir de suas falas nos grupos focais ou nos questionários, mas no cotidiano prático da profissão. Resultados e Discussão Discutir a educação técnica em perspectiva histórica no Brasil implica pensar o ensino profissionalizante destinado as classes subalternas desde o período colonial aos dias atuais. A dicotomia entre a educação que prepara para o trabalho e a que prepara para a vida, reflete-se na dualidade estrutural entre ensino técnico e propedêutico que vem marcando de forma diferenciada, o ensino técnico na educação brasileira. Como base ideológica desta distinção, podemos destacar a crença na educação como meio de contenção e mascaramento das desigualdades sociais. Sob este prisma, o ensino assume uma função moralizante e disciplinadora, abrindo mão de sua ampla possibilidade de questionamento as regras estabelecidas e seu cunho crítico-emancipador. Cordeiro & Costa (2006), ao analisar a educação profissional brasileira em perspectiva histórica, traçam um panorama que vai das primeiras corporações de ofício no período Colonial e posteriormente Imperial, até os impactos da Nova LDB de Nesta trajetória identificamos claramente o público ao qual a educação profissional era destinada: a juventude pobre e excluída. Com o passar dos anos e as alterações no modelo econômico do país, as relações de classe foram se complexificando, o que de forma alguma significa diminuição das desigualdades, ao contrário, na maioria dos casos percebemos o acirramento desta. No entanto, a sociedade claramente dividida entre filhos de 115

116 escravos e mestiços e filhos da elite, assumiu um caráter mais dinâmico, o que a nosso ver, fez emergir, nos dias atuais, contradições que devem ser analisadas com rigor e atenção. Se é bem verdade que ao longo da história da educação brasileira o ensino profissionalizante significou uma alternativa ao ensino superior, suspeitamos que tal realidade não se confirma nos dias atuais. Situando-nos em inícios do século XXI, experimentamos a realidade de um país que assistiu a um desmonte da educação pública, principalmente no que tange a educação básica, implementado pela avalanche neoliberal dos anos Neste contexto, as escolas técnica federais, mesmo com todas as dificuldades oriundas da falta de investimento financeiro e de pessoal, permaneceu e consolidou-se como um espaço de educação de excelência, atraindo para os seus bancos não somente os filhos das classes mais desfavorecidas, mas também segmentos da classe média. A presença deste novo público suscitará uma série de debates institucionais, que foge a temática desta apresentação, no entanto, cabe pensar que é este público que hoje hegemoniza o Campus Rio de Janeiro do IFRJ. Dos seis cursos de Ensino Médio e Técnico que hoje são oferecidos no Campus Rio de Janeiro do IFRJ, somente o curso de Manutenção e Suporte em Informática é ofertado na modalidade Educação de Jovens e Adultos (EJA) e tem como público majoritário estudantes oriundos das classes populares. Cabe ressaltar que a implementação deste curso, bem como sua permanência, não se deu sem embates, dando visibilidade a um processo de elitização vivenciado pela própria instituição. A nosso ver a praticamente ausência de alunos da EJA atuando como pesquisadores no Programa de Iniciação Científica do IFRJ é não apenas um reflexo da falta de tempo dos alunos-trabalhadores, mas também da oferta quase nula de pesquisas nas área do curso e dos desafios de se orientar alunos que, em geral, apresentam mais dificuldades. Nossa pesquisa também encontrou tais entraves, como relata o trecho do diário de um dos bolsistas da pesquisa: Estou concluído o ensino médio/técnico em Manutenção e Suporte em Informática. Tenho vinte e seis anos, tenho um filho de oito anos e trabalho para a Comlurb de agente de preparo de alimentos ( merendeira ). (...) No inicio da pesquisa, fiquei fascinada por estar fazendo parte de um grupo importante da escola na qual eu estava estudando, eu pensei: posso melhorar a minha fala, minha escrita e como falar em público. Vai ser o máximo, vou agarrar essa oportunidade. Mas o pior estava por vir, como entrei em setembro na pesquisa, tínhamos mais um mês para se preparar para a Semana da Química, eu em pensamento: vai ser moleza. Então começaram as dificuldades logo após a orientadora passar a tarefa de fazer uns gráficos. Eu pensei, que moleza eu estou me formando técnica de informática vou arrasar nos gráficos. A vontade era muita, mas quando a adrenalina passou lembrei que não tive aula o suficiente de Excel para executar a tarefa. Fiquei de nove horas da noite até duas horas da manhã tentando aprender com o Google como fazer um gráfico editado bem organizadinho (...). (Diário de pesquisa da bolsista Carla) Superando suas dificuldades pessoais e déficits de responsabilidade institucional esses alunos enfrentavam as dificuldades que surgiam. Professores de língua portuguesa, informática, matemática, dentre outros,foram fundamentais para dar o suporte que eles(bolsistas) e a própria orientadora precisavam para não desistir da aposta de se pesquisar com os alunos da EJA. Organizando horários, repensando linguagens e a própria relação orientador-orientando a pesquisa seguiu garantindo todas as atividades antes desenvolvidas, tais como: participação em eventos, apresentação de trabalhos e realização de oficinas. As dificuldades do processo foram muitas, tanto para os bolsistas quanto para a orientadora. A ausência de um suporte institucional, por exemplo, uma oficina de produção de textos, foi substituída pela boa vontade de professores que assumiram tal tarefa como carga horária além da que lhe é destinada oficialmente na instituição. Como orientadora no IFRJ desde 2009, cabe destacar que a dificuldade de produção textual não é exclusiva dos alunos da EJA, assim, acreditamos que uma política de fomento a Iniciação Científica que tenha um prisma inclusivo deve proporcionar ações de formação não apenas para os orientadores, mas também aos orientandos. Conclusões E assim, entre resumos feitos e refeitos, gráficos elaborados e reelaborados, pôsteres discutidos e rediscutidos aprendemos todos: orientandos e principalmente orientadora. A produção científica oriunda 116

117 desta experiência de pesquisa foi extremamente rica, principalmente no que tange a relação Ensino- Pesquisa. Para exemplificar, trazemos um trecho de Rubem Alves: Você já pensou na semelhança que há entre os cientistas e os pescadores? O pescador está diante das águas do rio. Ele sabe que nas funduras daquelas águas nadam peixes que não são vistos. Mas ele quer pegar esses peixes. Se as malhas forem largas, peixes grandes. Se forem apertadas, vêm também os peixes pequenos... O cientista está diante do mar chamado realidade. Ele também quer pescar peixes. prepara então suas redes chamadas teorias, lança-as no mar e pesca seus peixes. Note: com suas redes o pescador pesca peixes. Não pesca o rio...imagine que ele olha para as nuvens e deseja pescálas. Para isso suas redes não chegam. O laboratório de um cientista são as redes que ele lança no mar da realidade para pescar conhecimento. ( ALVES, P.9)2007. A experiência de pesquisar com alunos-trabalhadores nos permitiu tecer outras redes e ampliar nossa pesca. Compreendemos de maneira mais orgânica que discutir o papel social do IFRJ é muito além do olhar para fora ou mesmo da Extensão. É preciso romper os muros dentro da escola, é necessário problematizar constantemente nossos ensinamentos. Como tantos professores que são alunos de pósgraduação, trabalham e desenvolvem pesquisa, os alunos da EJA, quem sabe, espelham-se no desafio desta tripla jornada apresentando-se como aqueles que também querem e podem pesquisar no IFRJ. Agradecimentos Aos professores do Curso Técnico em Manutenção e Suporte em Informática do Campus Rio de Janeiro do IFRJ, por acreditar, apoiar e colaborar no fazer pesquisa com Jovens e Adultos e não apenas sobre eles. Aos alunos da EJA, sujeitos e também objetos desta pesquisa. Ao IFRJ pelo apoio financeiro. Referências [1] ALVES, Rubem. O que é científico? São Paulo, Edições Loyola,2007. [2] CORDEIRO, Denise & COSTA, Eduardo Antônio de Pontes. Jovens pobres e a educação profissional no contexto histórico brasileiro. Revista eletrônica Trabalho Necessário, nº 4, [3] FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra,

118 RECICLANDO HÁBITOS NO IFRJ: PRODUÇÃO DE JORNAIS E BLOG PARA A EDUCAÇÃO AMBIENTAL Ana Eliza Martinho(IC)*, Laís Pinheiro (IC)*, Mariana dos Santos Lima Luz *, Willian Cruz **, Maira Ferreira Lopes**, Felipe Soares de Alencar** Roseantony Rodrigues Bouhid*** (PQ); Cláudia F. da Silva Lírio****(PQ2); Nina Beatriz Pelliccione*** (PQ2) roseantony.bouhid@ifrj.edu.br IFRJ/ campus Rio de Janeiro Curso Superior de Tecnologia em Gestão Ambiental*, IFRJ/ campus Rio de Janeiro cursos técnicos**, IFRJ/campus Rio de Janeiro***, IFRJ/campus Paracambi**** Palavras-chave: Divulgação Científica, Rede Sociotécnica, Comunicação Ambiental. Introdução O Instituto Federal do Rio de Janeiro IFRJ pertence a uma rede do sistema de ensino público brasileiro que investe nas questões ambientais formando técnicos, tecnólogos e pós-graduados que atuam na área. Dessa forma, acredita-se que a formação desses profissionais pode ser acompanhada da reflexão sobre os impactos socioambientais gerados em nome do desenvolvimento. Busca-se participar do processo de Educação Ambiental em uma instância informal, ultrapassando os limites da escola, ao mesmo tempo, fundamentando e instrumentalizando atores que participam do processo educacional formal ou não (ARAÚJO, CALUZI e CALDEIRA, 2006). A Educação Ambiental pode ser classificada como: Conservacionista, com a perspectiva ecocêntrica; Pragmática, dentro do ideal de ecoeficiência, onde se preconiza conceitos relacionados ao esgotamento de recursos naturais e excesso de resíduos, sem que seja feita uma crítica sobre a desigualdade da distribuição dos recursos e dos riscos ambientais relacionados à disposição dos resíduos e a Crítica, conhecida também como popular, emancipatória ou transformadora, onde há relação com o modelo de sociedade criado e onde se aborda os conflitos ambientais (LAYRARGUES, 1999). Nesse trabalho não se busca juízo de valores entre as vertentes citadas, considerase que os atores que desenvolvem ações e pesquisas na área podem transitar por elas, tendo em mente seus objetivos e públicos relacionados. A vertente Crítica é a que mais se aproxima dos ideais compartilhados pela equipe estabelecida. Busca-se integrar os atores dos diferentes níveis de ensino, os funcionários, e também atingir um público externo à escola para que o conhecimento produzido nas pesquisas acadêmicas possa ser divulgado e discutido, não como verdade absoluta ou com a perspectiva salvacionista (PEREZ ET AL, 2001), mas interagindo com o público, heterogêneo em sua formação inicial, e apresentando limites e possibilidades na ciência, bem como algumas controvérsias e consensos, dialogando com o modelo de participação pública, modelo considerado como democrático para a comunicação pública de ciências (NAVAS ET AL, 2007). Acredita-se que dessa forma os diferentes conhecimentos populares acumulados, associados aos saberes acadêmicos, de forma simétrica em nível de importância, possam ser aproveitados e trocados, a fim de contribuir para as discussões e para o entendimento da área. Os meios de comunicação em massa são o principal veículo de informação sobre ciência e tecnologia do país, sofrendo críticas da comunidade científica pelas visões distorcidas da ciência que veicula, o meio acadêmico como produtor de ciência e tecnologia poderia incentivar a popularização do conhecimento de forma crítica. O suporte de comunicação textual (BONINI, 2011) produzido pelos próprios alunos e professores pesquisadores do IFRJ oferece espaço para a discussão sobre temas controversos ou consensuais tais como: desenvolvimento sustentável, racismo ambiental, biodiversidade, poluição, políticas públicas, consumismo, legislação ambiental, microbiologia ambiental, marketing verde, tecnologias verdes, lixo eletrônico, dentre outros. Dessa forma os temas interdisciplinares podem ser fontes de discussões amplas e hibridas, misturadas à política, saúde, alimentação, ética, economia e qualidade de vida. A produção mensal da versão impressa do Boletim do Meio Ambiente ocorre desde 2007 com o trabalho de pesquisa Uso de Boletins para Divulgação de Boas Práticas Ambientais desenvolvido no campus Rio de janeiro e com a participação de alunos de iniciação científica apoiados pelos Programas Internos de Bolsas de Iniciação Científica e Tecnológica (PIBICT). A partir de 2009 iniciou-se a disponibilização do boletim 118

119 online no sítio: Este blog destina espaço para a publicação de reportagens relacionadas aos temas já mencionados, enquetes, projetos acadêmicos e busca estimular o visitante a escrever artigos para publicação, incentivando a leitura e a produção textual. No ano de 2011 foram integrados alunos colaboradores pertencentes a dois cursos técnicos oferecidos no campus Rio de Janeiro curso Técnico em Meio Ambiente e Curso Técnico em Biotecnologia. Esse acréscimo na equipe favoreceu o trabalho de produção do boletim e de sua divulgação, visto ser um trabalho de fôlego se realizado por um pequeno grupo, conforme constatação empírica das equipes envolvidas desde a sua criação. O envolvimento de alunos do curso de Biotecnologia enriqueceu as discussões ampliando as possibilidades de temas abordados. Nesse trabalho objetivou-se caracterizar o público que acessa o boletim por meio do blog, que o usa como canal de informações e discussões de questões socioambientais, e quais os temas de maior interesse relatados. Os dados levantados foram obtidos por meio das ferramentas disponibilizadas pela web, como os dados de acesso fornecidos pelo Blogger, site onde o blog está cadastrado e pelo levantamento dos temas dos textos enviados pelos leitores e publicados, feita pelos títulos, referências e conteúdos. Algumas observações que auxiliaram na análise apresentada foram obtidas pelos relatos informais dos leitores para os integrantes da equipe ao fazerem a distribuição mensal da versão impressa nas salas de aula, nos corredores, na biblioteca e nos ambientes escolares externos ao IFRJ e atendidos pelo boletim. A linguagem utilizada é simples e visa ser atrativa, de forma que desperte a curiosidade para o tema e que seja compreensível aos diversos níveis culturais. Resultados e Discussão Os acessos ao blog nos meses de abril, maio, junho e julho de 2011 mantinham uniformidade em número e não chegavam a 200. A partir de agosto desse mesmo ano houve um incremento e observou-se quase 1400 acessos em setembro de Relacionou-se esse aumento ao período da greve dos professores e funcionários do IFRJ e ao fato da equipe do boletim ter feito a comunicação dos acontecimentos desse período. Nessa fase os atores do instituto buscavam informações e essa divulgação pode ter sido importante para tornar conhecido o blog. Com o fim da greve atingiu-se um novo equilíbrio nos acessos que se encontram, atualmente, entre 600 e 900. A maior parte das pessoas que acessam o blog (58%) se encontravam na faixa etária de 18 á 24 anos, os adolescentes entre 13 e 17 constituem um público em potencial, aparecendo como 24,5% dos visitantes. Observou-se também que aumentou o número de pessoas que enviaram textos para publicação no informativo. Os saberes próprios e diferenciados foram valorizados, não foram feitas alterações nesses textos e os autores assinaram suas publicações. Apesar das intervenções nas enquetes não ser intensiva, observou-se que os textos enviados apresentavam críticas e conteúdos, não sendo resultado apenas de opinião não fundamentada. O assunto preferido do público foi Ética Ambiental (40%), seguido de lixo eletrônico (29%), Economia verde (15%) e microbiologia ambiental (16%). Percebe-se que a maior parte (60%) dos temas escolhidos pelo público encontra suporte na gestão técnica-econômica do metabolismo industrial, nos preceitos de ecoeficiência, que está inserida na classificação da Educação Ambiental Pragmática, hegemônica nos países capitalistas. Foram propostas três enquetes: o uso de animais em pesquisas científicas; o que se pensa sobre atitudes verdes e sobre o marketing verde realizado por algumas empresas. Houve participação tímida, apenas nove intervenções do público e os pontos de vista foram colocados, porém sem diálogo entre eles. Observou-se que charges, imagens e o tema resíduos sólidos, presente em grande parte das publicações foram bem acessados e recebidos pelos leitores. As vias de acesso ao blog mais utilizadas foram por acesso direto do Google(60%) ou pelo facebook (35%), o que destaca a contribuição das redes sociais na divulgação do boletim e do blog. Conclusões O Boletim do Meio Ambiente vem sendo produzido desde 2007 por voluntários e bolsistas do programa de iniciação cientifica do IFRJ/ Campus Rio de Janeiro envolvendo os humanos e os não-humanos como computador, greve, blog, redes sociais, enquetes e textos até seu estabelecimento como um veículo/suporte de informação e de discussões das questões socioambientais. Atualmente o blog do boletim conta com mais de 700 acessos mensais. Esse equilíbrio nos acessos foi atingido a partir da cobertura que a equipe do 119

120 boletim fez do período de greve que ocorreu em 2011, o que facilitou a divulgação da mídia pesquisada. O público atingido é jovem, sendo que 82,5% é constituído por pessoas com menos de 25 anos de idade. A divulgação do conteúdo em gênero virtual permitiu que este tivesse um maior alcance de público, permitindo que ultrapassássemos os muros da Instituição, sendo inclusive apreciado por alunos de outros campi do IFRJ e outras instituições de ensino que vêm interagindo com os alunos pesquisadores e pedindo cópias impressas. No momento estas ainda são disponibilizadas na forma xerografada, o que é uma limitação para a mídia impressa do boletim pesquisado, principalmente para atender ao objetivo de aproximação dos funcionários às discussões fomentadas. O incremento de integrantes da equipe do boletim facilitou o trabalho realizado e pode ter sido um dos principais fatores para o progresso do jornal como suporte de comunicação textual e divulgação científica. A divulgação do projeto em redes sociais populares proporcionou uma aproximação maior com grande parte do público leitor. A interatividade, característica desse tipo de rede, permite que os leitores se sintam confortáveis para comentar e opinar sobre o conteúdo veiculado. Isso poderia proporcionar, como resultado, a troca de idéias e experiências. O diálogo entre os que acessam o blog foi classificado como tímido e a equipe buscará estratégias para promover a sua ampliação. Agradecimentos Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico-CNPq e Instituto Federal do Rio de Janeiro IFRJ Referências [1] BONINI, A. Mídia / suporte e Hipergênero: os gêneros textuais e suas relações. RBLA, Belo Horizonte, v. 11, n. 3, p , 2011 [2} PEREZ, D. G.; MONTORO, I.F.; ALÍS, J.C.; CACHAPUZ, A.; PRAIA, J. Para uma Imagem não Deformada do Trabalho Científico. Ciência & Educação, v.7, n.2, p , [3] NAVAS, A. M.; CONTIER, D. e MARANDINO, M. Controvérsia Científica, Comunicação Pública da Ciência e Museus no Bojo do Movimento CTS. Ciência & Ensino, vol. 1, número especial, Nov., [4] ARAÚJO, E.S.N.N.; CALUZI, J.J. e CALDEIRA, A.M. de A. Divulgação Científica e Cultura Científica. IN: ARAÚJO, E.S.N.N.; CALUZI, J.J. e CALDEIRA, A.M. de A. (org.). Divulgação Científica e Ensino de Ciências: estudos e experiências. São Paulo: Escrituras, [5}Layrargues, P.P. A Resolução de Problemas Ambientais Locais deve ser um Tema-gerador ou a Atividade Fim da Educação Ambiental? In: REIGOTA, M. (Org.) Verde Cotidiano: o meio ambiente em discussão. Rio de Janeiro: DP&A Editora. 1999, p

121 UMA FERRAMENTA PARA O ENSINO DE BIOLOGIA COM UM OLHAR INTEGRADOR: JOGO PROTEÍNA É ESSA? Beatriz dos Anjos Fonseca Sampaio da Silva (PIBIC), Laion Victor Oliveira Okuda (PIBITI) Professores Orientadores: Tânia Goldbach e Sheila Albert Reis tania.goldbach@ifrj.edu.br Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro Campus Maracanã Palavras - Chave: ensino de ciências e biologia, ensino de genética, jogos didáticos. Introdução A literatura contemporânea do campo da Biologia Teórica e da Filosofia da Biologia, cruzando com a de cunho educacional e biológico, reunidos através do trabalho de levantamentos de trabalhos acadêmicos relacionados ao tema Ensino de Genética e tópicos afins, realizado no Núcleo de Pesquisa em Educação e Divulgação Cientifica - IFRJ (NEDIC-IFRJ), apontam para importantes desafios no que diz respeito à superação de problemas relativos à fragmentação, descontextualização e desatualização da temática (GOLDBACH et al, 2009). Com vistas a contribuir para este cenário, a equipe tem elaborado atividades e materiais educativos (oficinas, listagens de atividades praticas e jogos). O presente trabalho diz respeito à elaboração do mais recente jogo pelo NEDIC, denominado Que proteína é essa?. A utilização de jogos como estratégia didática tem sido apontada como facilitadora na compreensão e no envolvimento dos educandos no ensino de Ciências e Biologia (CAMPOS et al, 2002). Nossos levantamentos (GOLDBACH et al, 2011) apontam um número significativo de relatos e pesquisas envolvendo o uso de jogos didáticos sobre a temática, o que nos motiva a enriquecer este conjunto.. O objetivo do jogo Que proteína é essa? é apresentar uma coleção de proteínas sanguíneas, chamando atenção para sua diversidade, integrando suas funções com as bases celulares e moleculares que as sustentam. Pretende também relacioná-las aos genes/cromossomos pertinentes, apontando variedades e implicações, promovendo uma abordagem interacionista no ensino da genética e biologia. Metodologia O processo de elaboração do jogo contou com pesquisas de referências bibliográficas e sites da internet, para reunir informações confiáveis e atualizadas. A participação de professores de bioquímica e biologia molecular, na revisão dos conteúdos dos textos, foi fundamental para a redação. Foram realizadas rodadas de simulação de jogadas pelo grupo, com a participação voluntária de graduandos de biologia IFRJ e outros componentes. O jogo foi construído buscando agregar característica interativa em sua jogabilidade. Ele é baseado em cartas (cartas-guias, cartas-específicas e cartas-enzimas) e tabuleiro, contendo informações sobre um conjunto de 14 proteínas presentes no tecido sanguíneo. Possui também um dado, onde cada face representa uma fase na formação da proteína, que é utilizado no início do jogo para decidir a ordem dos jogadores (o que conseguir a fase mais avançada inicia o jogo). Seu tabuleiro é apenas informativo, com ilustrações das proteínas do jogo, sendo indicadas também suas funções. Sua duração varia de 30 a 40 minutos, e seu publico alvo é graduação, e a formação inicial e continuada de professores. O jogo Que proteína é essa? foi apresentado na Seção Genética na Praça do 57º Congresso da Sociedade Brasileira de Genética, em agosto de 2011, organizado pela Sociedade Brasileira de Genética; e no V EREBIO (Encontro Regional de Ensino de Biologia), em setembro de 2011, promovido pela SBenBio (Sociedade Brasileira de Ensino de Biologia Regional Sul) em conjunto com o IV Simpósio Latino Americano e Caribenho de Educação em Ciências promovido pelo ICASE (International Council of Associations for Science Education). Ambos os eventos contaram com um público amplo, incluindo professores da área. 121

122 Foram realizadas também aplicações dirigidas para turmas de pós-graduação de Especialização em Ensino de Ciências do IFRJ; e na XXXI Semana da Química do IFRJ, para turmas de ensino técnico em Biotecnologia de períodos avançados. As diferentes aplicações do jogo foram etapas importantes para os últimos ajustes e finalização do mesmo, visando maior divulgação, a qual será ampliada com publicações no sítio do NEDIC, em elaboração. Figura 1: Exemplos de Cartas usadas no Jogo: Carta-Guia, Carta Informativa e Carta-Enzima Figura 2: Tabuleiro do jogo Resultados e Discussão Após as aplicações do jogo foram entregues questionários impressos, com perguntas em comum a todos (relativas ao jogo, sua dinâmica, materiais e aplicação), e outras específicas ao grupo para qual o jogo estava sendo apresentado. A aplicação realizada na XXXI Semana de Química do IFRJ para o grupo de alunos do curso técnico de Biotecnologia consistiu em um total de 56 questionários respondidos para análise. A aplicação realizada para o grupo de alunos da pós-graduação contou com 10 questionários respondidos. Após as perguntas havia um espaço para comentários pessoais, relacionados às questões, também utilizadas na análise. Os questionários pretenderam avaliar o jogo em geral, como seu material (cartas, dado, tabuleiro), conteúdo e sua aplicabilidade para diferentes níveis de ensino. Nessa análise, foram utilizadas questões que melhor representam a avaliação geral do jogo. Outras perguntas eram específicas para determinados materiais presentes no jogo, como a que se refere à escrita das cartas e suas ilustrações, e foram utilizadas para análise com vistas à versão final do jogo. Pergunta 2.a) Você acha que o jogo está elaborado com material que facilite sua jogabilidade? Pergunta 2.b) De acordo com o conteúdo abordado no jogo, você acredita que seja adequado para qual nível de escolaridade? Pergunta 4) O quanto, na sua opinião, o jogo consegue efetivamente auxiliar na aprendizagem do conteúdo? Nota dada ao jogo (1 a 10) Questão 2A Pós Técnico (3.57%) 2 1 (10%) 2 (3.57%) (12.5%) 4 5 (50%) 25 (44.64%) 5 4 (40%) 19 (33,92%) S.R. 0 1 (1,78%) Questão 2b Pós Técnico E.S. 9 (75%) 25 (39,06%) E.M. 3 (25%) 39 (60,94%) Questão 4 Nota Pós Técnico (20%) 11 (19,65%) 3 1 (10%) 18 (32,15%) 4 4 (40%) 16 (28,57%) 5 3 (30%) 10 (17,85%) S.R. 0 1(1,8%) Nota dada ao jogo Nota Técnico Pós (10%) 7 8 (14,28%) 1 (10% 8 24 (42,86%) 2 (20%) 9 13 (23,21%) 4 (40%) 10 8 (14,28%) 1(10%) S.R. 3 (5,35%) 1 (10%) Nas tabelas 2a e 4, a escala de 1 a 5 é crescente, no qual o número 1 representa nenhum e o número 5 representa muito. S.R. = Sem resposta E.S. = Ensino Superior E.M. = Ensino Médio 122

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