Hugo Matias Anotações para aula de Temas em Psicologia Social agosto de 2009

Tamanho: px
Começar a partir da página:

Download "Hugo Matias Anotações para aula de Temas em Psicologia Social agosto de 2009"

Transcrição

1 Aula 2 Breve introdução ao pensamento marxista pelo conceito de Ideologia 1 Um exemplo de Ideologia No pensamento grego, a necessidade de entendimento do mundo levou a sociedade à produção de diversas formas de descrever a ordem do mundo, o modo como as coisas funcionavam, e uma que se tornou muito eficaz foi o pensamento aristotélico. Para Aristóteles, era necessário explicar, no mundo, dois de seus estados, pelo que tudo o mais se explicaria, e esses estados eram o repouso e o movimento. Para isso, ele concebeu o modelo das quatro causas (material, eficiente, formal e final): (a) a causa material corresponde à substância que dá existências as coisas do mundo, isto é, pelo que essas coisas são trazidas à existência (no caso de uma mesa de madeira, sua causa material é a madeira 2 ); (b) a causa eficiente corresponde àquilo que dá impulso à realização de qualquer processo 3 (ainda no caso da mesa, sua causa material é o trabalho do artesão com a madeira); (c) a causa formal diz respeito àquilo que estabiliza a existência das coisas e organiza a sua existência (corresponde à relação entre os elementos da mesa, quatro pernas sob uma tábua, sua forma); (d) a causa final corresponde à razão pela qual as coisas são o que são (qual o seu fim). Esse sistema comporta uma hierarquia na medida em que o pensamento grego valoriza certos processos em detrimento de outros. Ora, desde os primórdios da atividade filosófica o que se busca como valor último é tudo aquilo que, de algum modo, se relaciona com o que permanece, já que a ação do tempo corrompia aquilo que, aparentemente, tinha menos valor. Foi segundo o valor da permanência que as quatro causas foram hierarquizadas: com mais valor o que permanece, que é estável, e menos valor o que passa, que é o próprio movimento. As causas material e eficiente foram, assim, desvalorizadas por estarem diretamente ligadas às características mais corruptíveis das coisas, como a sua matéria que perece e os acidentes que a matéria sofre, em constante sucessão pela intervenção dos mais diversos eventos. As causas formal e final foram valorizadas por estarem mais diretamente relacionadas às idéias, o que permanece mesmo quando a matéria já se corrompeu e o tempo passou: a forma, como abstração, é atemporal do mesmo modo que a razão de ser dessas idéias e de suas relações com as coisas (a idéia de mesa permanece mesmo quando não se tem uma mesa de fato). Na cultura grega, as duas primeiras causas estavam relacionadas ainda à poiésis, isto é, à produção, a técnica e ao trabalho, e as duas últimas causas, à práxis, que correspondia à atividade política, ao exercício da liberdade no campo da ética. Ora, se o trabalho é algo inferior, é preciso que se encarregue dele o que é inferior, e se num mundo ordenado cada elemento tem a sua razão, é de se supor que certas pessoas tenham sido destinadas ao que é inferior, sendo elas mesmas, portanto, inferiores. Esses seriam os escravos. Os homens livres eram, desse modo, superiores, e deveriam se dedicar ao que é superior, o pensamento e a política. Esse sistema de pensamento, em que o trabalho era desvalorizado, foi herdado pela cultura medieval, por meio da herança justamente do pensamento grecoromano 4. Ao mesmo tempo, também se herdava a idéia de que há homens melhores, que se deveriam dedicar a tarefas mais elevadas, e estas ainda se relacionavam ao que é perene, ao mundo da Idéia. Uma tal configuração do pensamento somente se transformou quando as relações sociais, de modo muito amplo, sofreram as suas transformações e quando a relação dos homens com o trabalho também foi transformada: isto aconteceu com o advento do capitalismo. O que isso nos revela? Que as explicações construídas para o funcionamento do mundo por mais que pareça estranho estão ligadas ao sistema de produção, isto é, à forma como se organiza o trabalho numa época. Com o advento do capitalismo que desmantelou o sistema de produção feudal, a ciência moderna assumiu o mando dos sistemas de produção de conhecimento e passou a valorizar o empírico. Essa relação entre as idéias e as determinações do mundo material, isto é, o mundo das relações sociais concretas, da produção, etc., é um dos itens mais importantes do pensamento marxista que será aqui objeto de estudo: a ideologia. E é pelo estudo do fenômeno da ideologia de que o relato anterior é exemplo que teremos acesso a ele. Principais operadores do pensamento de Marx A primeira idéia a ser discutida é que, para compreender a realidade, é preciso partir das relações sociais, do modo como elas se arranjam, e não somente isso, mas também apreendê-las no interior do processo histórico. Contudo, não podemos pensar em história como sucessão de eventos, como freqüentemente se faz, pois, em Marx, a história tem uma racionalidade própria, que não é a dos acontecimentos. Para ele, o que põe a história em movimento é a contradição que determina os acontecimentos. A idéia de contradição ele conservou da filosofia dialética 5 de Hegel. Para esclarecer qual o sentido de contradição diferenciemo-la de oposição. Na oposição, dois termos que se opõem têm existência autônoma, são reconhecíveis separadamente e podem, 1 Anotações a partir da leitura de O que é ideologia?, de Marilena Chauí (1980/2008). São Paulo: Brasiliense. 2 A noção de causa em Aristóteles, certamente, é diferente daquela que conhecemos. 3 Essa causa é aquela que corresponde à noção de causa constituída com o advento da ciência moderna, que tem o seu sentido extraído de sua relação com um efeito. 4 É preciso lembrar que é ainda no império romano que tem sua origem a estrutura produtiva e social que se tornará o feudo. 5 É preciso lembrar que o termo dialética se relaciona a um amplo conjunto de sentidos e contextos diversos. No entanto, aquele que nos interessa aqui é o da dialética no modo como foi apropriada pela filosofia marxista. 1

2 portanto, ser tomados um de cada vez para serem entendidos (p. ex., dois homens que se opõem: a existência deles é independente e podem ser tomados separadamente). Já na contradição, os elementos que a compõe somente têm sentido simultaneamente apreendidos e no interior de uma mesma relação de negação mútua. Essa é a mesma contradição do princípio lógico segundo o qual é impossível que A seja A e não-a, ao mesmo tempo e na mesma relação. Um exemplo: um homem pode ser pai e filho ao mesmo tempo caso ele tenha um filho, nessa relação ele é pai; caso ele tenha um pai, nessa relação ele é filho. No entanto, na mesma relação e ao mesmo tempo ele não pode ser pai e filho, porque ele não pode ser filho de seu filho ou pai de seu pai. Por outro lado, pensemos na relação entre Senhor e Escravo. Não podemos explicar a natureza do Senhor em suas relações externas ( o Senhor não é uma pedra, isso não me diz nada), mas somente em suas relações internas (o Senhor é o que manda num Escravo, ou seja, o Senhor somente é em relação ao não-senhor, o Escravo). E nessa mesma relação é que se define o seu contrário (o Escravo é aquele que tem um Senhor, ou seja, o Escravo somente é em relação ao não-escravo, o Senhor). Senhor e Escravo não podem ser entendidos separadamente ou fora da contradição entre os dois. Trata-se aqui de uma negação interna e, para Hegel primeiro, em seguida para Marx, é a contradição que move a história, o seu motor interno. Essa contradição que move a história não é uma contradição qualquer, mas aquela que se produz no interior das relações sociais, entre homens reais; ela concerne, portanto, a uma concepção materialista 6 da história. Ora, se o movimento da história se deve à contradição, e se essa contradição se produz no interior da atividade humana, das relações sociais concretas, a contradição que põe a história em movimento pode ser entendida como luta. Essa luta assume diversas formas. Exploremos a mais fundamental dessas lutas, que é a luta pela sobrevivência do homem. Na luta pela sobrevivência o que de mais fundamental que o homem enfrenta é a Natureza e esta é a primeira contradição da história, ou a contradição mais fundamental. O homem, que precisa produzir as condições materiais de sua própria existência, tem de negar a Natureza, porque precisa transformá-la de forma a atender as suas necessidades; tem, portanto, de transformar a Natureza em não-natureza. No entanto, quando ele faz isso ele nega a si mesmo também como parte dessa mesma Natureza, dela se diferenciando para se reinventar no campo da cultura. E isso é fácil de se observar, pois nenhum outro animal necessita transformar tanto a seu meio para gerar as condições de 6 Mais uma vez, é preciso lembrar que materialismo também carrega um conjunto amplo de sentidos. O sentido que nos interessa é aquele que assume no interior do pensamento marxista. Para Marx, a matéria é a primeira instância da realidade, no entanto, está sujeita a transformações de transformação de sua qualidade. Por esta via é que se pode pensar a relação entre matéria e idéia, pois a consciência também tem sua origem na matéria e, uma vez surgida, estabelece com ela um outro tipo de relação dialética. sua sobrevivência. E quando o homem faz isso ele se projeta para o mundo da cultura. Lembremos, por exemplo, que uma operação civilizatória fundamental é cozinhar o alimento, algo que nenhuma outra espécie realiza. A esse processo de transformação da Natureza para a produção das próprias condições de existência, Marx chama trabalho. O trabalho, portanto, é a mediação fundamental dessa primeira contradição e, como veremos, a mediação fundamental de todo movimento da história. Ele é mais do que simples transformação da Natureza, pois sabemos que outros animais também transformam a natureza em larga medida. Uma característica deve ser acrescentada ao trabalho, aquela que diferencia, conforme Marx 7, a realização da melhor abelha e do pior arquiteto: o fato de que o homem tem o produto final de seu trabalho em sua mente, ou consciência, antes de iniciá-lo. Transformando a realidade pelo trabalho, o homem percebe a relação entre a sua própria ação e as suas condições de existência. Então se apropria de sua própria ação, pela intencionalidade, a fim de conduzi-la e dirigi-la para fins antecipados. Nesse processo toma consciência de si mesmo. A atividade produtiva corresponde ao processo pelo qual o homem se torna homem. A intencionalidade distingue o trabalho humano, isto é, a consciência da capacidade transformadora de sua ação e o poder de antecipar o seu trabalho. Isso dá ao homem, isto é, sua consciência, o controle no processo de produção de suas próprias condições de existência, sendo justamente o que o humaniza, a saber, o trabalho. Assim, como a contradição é o motor da história, o trabalho é a sua mediação fundamental e o homem é senhor do trabalho, a história é produto humano, da ação humana. O homem, então, não é apenas uma marionete na história, submetido passivamente às suas determinações (como pretende um determinismo positivista para a história). Como afirma Marx, os homens fazem sua própria história, mas não a fazem como querem; não a fazem em circunstâncias escolhidas por eles mesmos, mas em circunstâncias diretamente recebidas, dadas e transmitidas pelo passado 8. De fato, a história é produto de homens reais sob determinações concretas. Lembremos que o trabalho realizado pelo homem na produção de sua própria sobrevivência é, desde o momento em que podemos encontrá-lo na história conhecida, um trabalho coletivo e que, entre as condições materiais que condicionam o trabalho e por conseguinte a existência do homem, estão as relações sociais. Desde onde conhecemos o trabalho humano ele se realiza sob a condição de sua divisão social: do homem e da mulher, do caçador, do pastor, do agricultor, e, na medida em que a cultura se complexifica, a divisão entre trabalho propriamente material e trabalho intelectual 9. Como vimos 7 O Capital, Livro I. 8 O 18 Brumário de Luís Bonaparte. 9 Veja-se acima. 2

3 anteriormente, a consciência está ligada ao trabalho e à produção, isto é, ligada às condições materiais de produção de existência, às formas de intercâmbio e de cooperação para o trabalho, portanto, e na consciência dos homens essas condições são representadas na forma como lhes aparece: a partir do momento em que se estabeleceu a diferença entre trabalho intelectual e material, e na medida em que essas relações foram objetivadas no mundo das relações sociais 10 e nas consciências dos pensadores, tais representações ganharam autonomia e aquilo que era efeito da ação do homem aquele diretamente ligado à produção material lhes apareceu como causa. Isto é, o fato de que o incremento da produção humana permitiu a liberação de alguns homens do trabalho material para o intelectual foi obscurecido com o tempo, de forma que esse arranjo das relações produtivas passou a ser pensado como anterior à própria ação do homem. Esse é o processo pelo qual a representação, ao se separar do trabalho propriamente dito, sempre inverte a realidade das relações sociais. O primeiro movimento da consciência, sob tais condições, parece ser a alienação. Foi isto que sucedeu ao mundo antigo para que o trabalho passasse a ser desvalorizado e, segundo Marx, acontecia com os seus contemporâneos ainda na modernidade. Ele avaliou a filosofia de sua época como um sistema de representações que invertia o sentido da realidade por causa da perda do vínculo entre o pensamento que lhe deu origem e a produção material, e o advento do capitalismo somente agravou esse processo. As determinações do sistema capitalista É também no interior da atividade produtiva que o homem pode ser apartado de sua própria humanidade, e é o que acontece sob as determinações do modo de produção 11 capitalista 12. Nesse sistema, o trabalhador é separado dos meios de produção, os quais passam a posse exclusiva do capitalista. A única coisa que permanece como possessão do homem comum é o seu próprio corpo, que ele deve oferecer como força de trabalho. Assim, a força de trabalho é tornada uma mercadoria. Além disso, como sabemos, o sistema de produção capitalista engendra também a fragmentação do trabalho, fazendo com que o trabalhador se encarregue somente de parte do processo produtivo (a especialização técnica). Com isso ele perde de vista o produto final e, por conseguinte, a finalidade de seu próprio trabalho 13. Ora, se o homem não pode ser reconhecer no produto final de seu trabalho, isto é, se não pode reconhecer nesse produto final a sua própria ação transformadora, se torna obstruída a possibilidade de tomada de consciência. O homem é alienado de si mesmo pela alienação da possibilidade de consciência pelo trabalho. Uma das formas pelas quais o capitalismo produz essa alienação 14 é sob a forma do fetichismo da mercadoria. Ora, pensemos na mercadoria como uma coisa atribuída de valor; este valor pode ser valor de uso o valor que qualquer objeto adquire pelo uso a que se dispõe ou valor de troca o valor que um objeto adquire em relação a outro pelo que pode ser trocado. De fato, não existe parâmetro racional para a atribuição de valor, como se se pudesse encontrar o valor absoluto de uma coisa, um valor que lhe seja essencial, um valor objetivo (qual o valor absoluto e autoreferido de um caderno?). O que Marx percebe é que o valor dos objetos somente pode ser deduzido da composição de seu preço em um mercado, e nesta composição devem ser considerados o valor da matéria-prima associado necessariamente ao trabalho que a transforma. O trabalho pode ser medido em tempo de trabalho e é isso que determina o preço e o valor das coisas. No entanto, Marx percebe que o preço das mercadorias não corresponde exatamente ao valor que o trabalho agrega a ela, pois se o preço fosse igual ao valor que o trabalho lhe agregou não seria possível extrair lucro nessa operação. Assim, é preciso que parte do tempo de trabalho na produção da mercadoria não seja pago ao trabalhador para que a mercadoria possa gerar lucro. Por isso, a mercadoria tem sua real natureza no trabalho concentrado não-pago a mais-valia 15 e é nisso que consiste a exploração do trabalho, a essência do capitalismo. O capitalismo consiste na contradição entre capital e trabalho, isto é, na negação do trabalho em favor do acúmulo de capital. Valor da mercadoria = tempo de trabalho = preço ç á h = ( h ã ) 10 Lembremos do processo tríplice de exteriorização, objetivação e interiorização em Berger & Luckmann, A construção social da realidade. Uma das referências para a construção teórica daqueles autores é Marx. 11 Essa expressão se refere, em Marx, à forma da organização socioeconômica em um determinado lugar e em uma determinada época, pela qual se discerne a etapa do desenvolvimento das forças produtivas e das relações de produção. Isso envolve, por exemplo, a forma específica do trabalho (artesanal, manufaturado, industrial), os seus meios (ferramentas, máquinas, oficinas fáricas), etc. 12 O modo de produção capitalista se especifica pela propriedade privada dos meios de produção e pelo mercado livre de bens. Os meios de produção correspondem aos meios de trabalho efetivos já descritos, mas meios de transporte, fontes de energia, etc., mais os objetos de trabalho, ou seja, os objetos materiais que devem ser pelo trabalho tansformados. 13 Se tivermos em consideração o processo de produção de um sapato. No trabalho artesanal, o artesão realiza todo o processo produtivo, ele mesmo projeta todas as suas etapas e as executa. Se esse processo é industrializado, surge a figura do operário, que se encarrega, por exemplo de cortar o couro que se tornará sapato, mas sem enxergar, possivelmente, em que tipo de sapato o seu trabalho se tornará, ignorando ainda todas as outras etapas do processo produtivo em questão. 14 Este é mais um conceito de longa história. No contexto do pensamento marxista, esse conceito se refere, em termos superficiais, ao alheiamento do homem com relação às condições de sua própria consciência. 15 A mais-valia é justamente a base da exploração do trabalho no sistema de produção capitalista, pois se trata da diferença entre o valor produzido pelo trabalho e o valor do trabalho efetivamente transformado em salário, que é pago ao trabalhador. 3

4 Neste sistema, porque o trabalho é negado, a mercadoria deixa de trazer a marca do trabalho isto é, o homem deixa de perceber a relação intrínseca entre a mercadoria e o seu próprio trabalho pela cisão introduzida no interior do processo produtivo e passa a ser percebida como uma simples coisa a ser consumida, como uma coisa-em-si, que existe independentemente da ação humana. Um tipo particular de mercadoria, que reifica 16 o valor como pura abstração, que é o dinheiro, ganha tanta autonomia que passa a exercer certo poder sobre os próprios homens que a criaram, do mesmo modo que fantasmas, amuletos, símbolos, deuses ou seja, o dinheiro se torna um fetiche 17. No sistema de produção capitalista os homens são realmente transformados em coisas e as coisas transformadas em gente, pois como se pode perceber o homem se faz mercadoria vendendo sua força de trabalho; por outro lado, o dinheiro parece mover o mundo, uma capacidade que realmente é apenas da ação humana. É essa autonomização do funcionamento das coisas, apartadas de seu caráter produzido, a que Marx chama alienação. Mas como é que esse sistema se sustenta sem que as pessoas percebam o que está realmente acontecendo, sem que os trabalhadores percebam que estão sendo explorados e expropriados? A concepção marxista de ideologia Fazem parte da idéia de modo de produção, além das condições materiais dessa produção e das relações sociais concretas que as sustentam, também um conjunto de representações diversas (jurídicas, culturais, econômicas, etc.) que disso decorrem, compondo, juntamente com aqueles outros elementos, a totalidade 18 em que consiste a realidade de que fazemos parte. A cada sistema de produção corresponde um conjunto de idéias que o justifica, que serve para camuflar as suas contradições de modo que não sejam percebidas pelos homens. Como vimos, uma conseqüência da divisão social do trabalho é a luta de classes 19 e a contradição 16 Vem do latim res. Isto quer dizer, coisifica, transforma em coisa. 17 Marx, Manuscritos Econômico-Filosóficos. A palavra fetiche designa um objeto qualquer investido pelo homem de propriedades especiais, mágico-religiosas, por exemplo. Em Marx, o fetichismo da mercadoria designa a operação psicossocial pela qual certos objetos, como o dinheiro, parecem ter vontade e exercem poder sobre os homens.. 18 A idéia de totalidade é de extrema importância na teoria marxista. Ela implica que não se podem dissociar os diversos elementos estruturantes da realidade sem que se adultere a realidade no campo do pensamento. Com isso, essa idéia assume o status de um operador metodológico da reflexão marxista. 19 Já foi mencionado o fato de que a contradição fundamental do capitalismo é entre o capital e o trabalho, e que também caracteriza esse sistema de produção a propriedade privada dos meios de produção por uns em detrimento de outros. Tais condições do sistema de produção capitalista dão origem à existência de classes sociais, isto é, classes de grupos de pessoas que ocupam posições diferenciadas nesse sistema. Por um lado, os que possuem os meios de produção e, com isso, compram a força de trabalho de outros, cuja exploração do trabalho não pago deve gerar o capital. Por outro lado, aqueles que vendem a sua força de trabalho sendo, portanto, explorados, que ela engendra. Essa divisão de classes também provoca efeitos sobre o mundo das idéias, pois cada uma das classes sociais em luta tem os seus próprios interesses: o interesse principal da classe dominante é permanecer no domínio, assim como o principal interesse da classe dominada é deixar de ser dominada. Se lembrarmos que uma modalidade fundamental de divisão social do trabalho é a divisão entre o trabalho material e o intelectual, e lembrarmos que essa divisão provoca a separação entre trabalho e representação, então perceberemos que a representação que essa divisão produz é uma forma de projeção de interesses. Os interesses das classes dominantes é que são projetados, e são projetados no mundo das idéias como interesses coletivos, e a sua institucionalização se torna o que conhecemos, no mundo moderno, como o Estado. Consideremos os ideais mais importantes que a modernidade produziu e que até hoje são estruturantes em nossa cultura contemporânea: todos esses ideais estão relacionados à liberdade e à igualdade. No entanto, os homens em sua vida concreta somente conhecem liberdade e igualdade como virtualidades e não chegam a experimentar nenhuma das duas em sua plenitude. Por exemplo, não se pode conceber que um rico goze da mesma liberdade que um pobre, pois se aquele que é rico quiser ir do Brasil para o Japão ele é livre de direito e de fato para ir; já o que é pobre é livre de direito virtualmente mas não é livre de fato para ir, pois não terá os meios a sua disposição. Alguém pode pensar que ninguém o impede de ir, e isto está certo, no entanto as suas condições materiais o impedem e, como vimos anteriormente, as condições materiais em que o homem vive foram por ele produzidas. Então, se há pobres é porque a história das ações humanas produziu os pobres, assim como produziu os ricos, e isso se constitui em uma desigualdade que não pode ser superada apenas no mundo das idéias. Mesmo assim, todos tendemos a pensar que o pobre é, de fato, livre, e se ele não pode ir ao Japão ninguém pode ser culpado disso senão ele mesmo, pois se ele tiver força de vontade e trabalhar muito ele pode vir a conseguir o que quer. Este é o sistema de idéias que sustenta o sistema de produção capitalista, pois o capitalismo não necessita de que todos sejam iguais ou livres, mas necessita de um certo tipo de igualdade e de liberdade, somente aquela que permita a criação e manutenção de certas relações sociais, as relações de trabalho. Lembremos que, no capitalismo, o trabalhador é aquele que vende sua força de trabalho. Ele o faz mediante um contrato de trabalho e as condições fundamentais para o estabelecimento de um contrato pelo qual se pode vender a própria força de trabalho, isto é, pela qual alguém pode se fazer uma mercadoria são alguma liberdade e igualdade, pois o homem vende livremente seu trabalho e se o faz livremente é porque negocia com seus iguais. constituem outra classe social. Trata-se do capitalista e do trabalhador, ou, como também ficou conhecido, da burguesia e do proletariado. 4

5 A idéia de liberdade serve para que o trabalhador não pense que está sendo explorado e a idéia de igualdade serve para escamotear a contradição entre classes sociais. Desse modo, o sistema vai se mantendo sem que as pessoas questionem as coisas como elas são e funcionam, pois as relações sociais em que nós vivemos assim pensamos todos são assim desde que o mundo é mundo, sendo anteriores a ação do homem, dela separadas e por ela não podem ser mudadas. É assim que funciona a ideologia para Marx. Definição de ideologia Mesmo assim, precisamos esclarecer ainda mais esse conceito. Segundo Marilena Chauí, a ideologia não é um processo subjetivo e consciente, mas um fenômeno objetivo e subjetivo involuntário, produzido pelas condições objetivas da existência social dos indivíduos 20. Isto significa que a ideologia não é somente uma coisa da cabeça das pessoas, mas é algo que tem certa objetividade no mundo concreto, a saber, no mundo das relações sociais concretas: ela é materializada de várias maneiras na nossa cultura, sob a forma de leis, costumes, senso comum, instituições de diversas naturezas. Além disso, sua formulação não é consciente e intencional, nem mesmo para aqueles cujos interesses ela representa. É na relação do homem com a classe social a que pertence que ele a percebe como sendo algo exterior ao campo de sua ação, a que deve se submeter e cujo poder é inescapável (ele naturaliza a classe social em vez de historicizá-la). Com isso, ele se aliena de sua própria consciência de classe ou seja, da consciência da contradição que governa as relações sociais e do fato de que essa contradição é produto da ação de todos os homens e se submete à ideologia. Assim, a ideologia somente pode ser entendida com referência à luta de classes. Outra característica que disso decorre é que, se a ideologia é objetiva, se é conseqüência das relações sociais concretas numa determinada sociedade e época, assim como o processo de alienação, ela não poderá ser superada pela simples transformação das idéias, do subjetivo (conscientização seja de qualquer forma), mas somente pela transformação das condições materiais de existência e, simultaneamente, da consciência, ou seja, num movimento ao mesmo tempo subjetivo e objetivo. Portanto, as condições sob as quais surge e se mantém a ideologia: a) divisão do trabalho em material e intelectual (os que trabalham não pensam e os que pensam não trabalham); b) a alienação, isto é, o fato de que os homens percebem a realidade das relações sociais e produtivas não como produto de sua ação na história, mas como algo que lhes transcende e que lhes é exterior, a que estão submetidos e sobre o que não têm qualquer força; c) a ideologia decorre da luta de classes e do fato de que há uma classe dominante, e esta dominação é justamente o que a ideologia oculta e assim, mantém todo um arranjo de coisas de que ela mesma é parte. A ideologia é o processo pelo qual as idéias da classe dominante tornam-se as idéias de todas as classes sociais, tornam-se idéias dominantes (Chauí, p. 85) 21, e as idéias dominantes nada mais são do que a expressão ideal das relações materiais dominantes (Marx citado por Chauí, p. 85) 22. E as operações fundamentais da ideologia são a naturalização dessas relações materiais reais e a produção de universais abstratos para a descrição do homem, pelo que se escamoteia a própria desigualdade e a luta de classes. Num segundo momento, a ideologia, que produziu esses universais abstratos necessita ser incorporada ao senso comum. Num terceiro momento, a ideologia pode resistir com a sua força mesmo que a classe dominada perceba a sua relação com uma classe dominante, pois uma outra função da ideologia é produzir a separação entre a classe dominante e as suas idéias. 20 O que é ideologia? 21 Id. 22 Id. 5

A sociologia de Marx. A sociologia de Marx Monitor: Pedro Ribeiro 24/05/2014. Material de apoio para Monitoria

A sociologia de Marx. A sociologia de Marx Monitor: Pedro Ribeiro 24/05/2014. Material de apoio para Monitoria 1. (Uel) O marxismo contribuiu para a discussão da relação entre indivíduo e sociedade. Diferente de Émile Durkheim e Max Weber, Marx considerava que não se pode pensar a relação indivíduo sociedade separadamente

Leia mais

FILOSOFIA E SOCIEDADE: O TRABALHO NA SOCIEDADE MODERNA

FILOSOFIA E SOCIEDADE: O TRABALHO NA SOCIEDADE MODERNA FILOSOFIA E SOCIEDADE: O TRABALHO NA SOCIEDADE MODERNA FILOSOFIA E SOCIEDADE: O TRABALHO NA SOCIEDADE MODERNA O ser humano ao longo de sua existência foi construindo um sistema de relação com os demais

Leia mais

MATERIALISMO HISTÓRICO (Marx e Engels)

MATERIALISMO HISTÓRICO (Marx e Engels) MATERIALISMO HISTÓRICO (Marx e Engels) ...as mudanças sociais que se passam no decorrer da história de uma sociedade não são determinadas por ideias ou valores. Na verdade, essas mudanças são influenciadas

Leia mais

- Foi ele quem introduziu um sistema para compreender a história da filosofia e do mundo,

- Foi ele quem introduziu um sistema para compreender a história da filosofia e do mundo, - Foi ele quem introduziu um sistema para compreender a história da filosofia e do mundo, - Chamado geralmente dialética: progressão na qual cada movimento sucessivo surge como solução das contradições

Leia mais

Teoria de Karl Marx ( )

Teoria de Karl Marx ( ) Teoria de Karl Marx (1818-1883) Professora: Cristiane Vilela Disciplina: Sociologia Bibliografia: Manual de Sociologia. Delson Ferreira Introdução à Sociologia. Sebastião Vila Sociologia - Introdução à

Leia mais

AS RELAÇÕES CONSTITUTIVAS DO SER SOCIAL

AS RELAÇÕES CONSTITUTIVAS DO SER SOCIAL AS RELAÇÕES CONSTITUTIVAS DO SER SOCIAL BASTOS, Rachel Benta Messias Faculdade de Educação rachelbenta@hotmail.com Os seres humanos produzem ações para garantir a produção e a reprodução da vida. A ação

Leia mais

A partir de nossas análises e estudos, preencha adequadamente as lacunas da sentença abaixo, na respectiva ordem:

A partir de nossas análises e estudos, preencha adequadamente as lacunas da sentença abaixo, na respectiva ordem: Questão 1 A partir de nossas análises e estudos, preencha adequadamente as lacunas da sentença abaixo, na respectiva ordem: O desconhecimento das condições histórico-sociais concretas em que vivemos, produzidas

Leia mais

LIBERDADE E POLÍTICA KARL MARX

LIBERDADE E POLÍTICA KARL MARX LIBERDADE E POLÍTICA KARL MARX MARX Nasceu em Tréveris (na época pertencente ao Reino da Prússia) em 5 de Maio de 1818 e morreu em Londres a 14 de Março de 1883. Foi filósofo, jornalista e revolucionário

Leia mais

IDEOLOGIA: UMA IDEIA OU UMA INFLUÊNCIA?

IDEOLOGIA: UMA IDEIA OU UMA INFLUÊNCIA? Matheus Silva Freire IDEOLOGIA: UMA IDEIA OU UMA INFLUÊNCIA? Introdução Em resumo, todos têm costumes e coisas que são passadas de geração para geração, que são inquestionáveis. Temos na nossa sociedade

Leia mais

A mercadoria. Seção 4 do Capítulo 1. O caráter fetichista da mercadoria e o seu segredo. 2ª Parte.

A mercadoria. Seção 4 do Capítulo 1. O caráter fetichista da mercadoria e o seu segredo. 2ª Parte. A mercadoria Seção 4 do Capítulo 1 O caráter fetichista da mercadoria e o seu segredo. 2ª Parte. 1 Retomando Diz Marx, em resumo: O caráter fetichista do mundo das mercadorias provém, com a análise precedente

Leia mais

Teorias socialistas. Capítulo 26. Socialismo aparece como uma reação às péssimas condições dos trabalhadores SOCIALISMO UTÓPICO ROBERT OWEN

Teorias socialistas. Capítulo 26. Socialismo aparece como uma reação às péssimas condições dos trabalhadores SOCIALISMO UTÓPICO ROBERT OWEN Capítulo 26 Socialismo aparece como uma reação às péssimas condições dos trabalhadores A partir de 1848, o proletariado procurava expressar sua própria ideologia As novas teorias exigiam a igualdade real,

Leia mais

Profª Karina Oliveira Bezerra Aula 05 Unidade 1, capítulo 5: p. 63 Unidade 8, capítulo 5: p. 455 Filme: Germinal

Profª Karina Oliveira Bezerra Aula 05 Unidade 1, capítulo 5: p. 63 Unidade 8, capítulo 5: p. 455 Filme: Germinal Profª Karina Oliveira Bezerra Aula 05 Unidade 1, capítulo 5: p. 63 Unidade 8, capítulo 5: p. 455 Filme: Germinal No século XIX, em decorrência do otimismo trazido pelas idéias de progresso (positivismo),

Leia mais

EDUCAÇÃO: UMA ABORDAGEM CRÍTICA

EDUCAÇÃO: UMA ABORDAGEM CRÍTICA Volume 05, número 01, fevereiro de 2018. EDUCAÇÃO: UMA ABORDAGEM CRÍTICA Francisco Vieira Cipriano 1 Para iniciarmos nosso debate acerca do complexo da educação é necessário um debate acerca do ser social.

Leia mais

CAPITULO 4 SOCIOLOGIA ALEMÃ: KARL MARX E MAX WEBER

CAPITULO 4 SOCIOLOGIA ALEMÃ: KARL MARX E MAX WEBER CAPITULO 4 SOCIOLOGIA ALEMÃ: KARL MARX E MAX WEBER Karl Marx (1818-1883) Mercadoria como base das relações sociais Mercantilização: tudo vira mercadoria. Materialismo Histórico Dialético Toda e qualquer

Leia mais

O TRABALHO NA DIALÉTICA MARXISTA: UMA PERSPECTIVA ONTOLÓGICA.

O TRABALHO NA DIALÉTICA MARXISTA: UMA PERSPECTIVA ONTOLÓGICA. O TRABALHO NA DIALÉTICA MARXISTA: UMA PERSPECTIVA ONTOLÓGICA. SANTOS, Sayarah Carol Mesquita UFAL sayarahcarol@hotmail.com INTRODUÇÃO Colocamo-nos a fim de compreender o trabalho na dialética marxista,

Leia mais

O pensamento sociológico no séc. XIX. Sociologia Profa. Ms. Maria Thereza Rímoli

O pensamento sociológico no séc. XIX. Sociologia Profa. Ms. Maria Thereza Rímoli O pensamento sociológico no séc. XIX Sociologia Profa. Ms. Maria Thereza Rímoli Avisos Horário de Bate Papo: sextas-feiras, 17hs às 17hs:30 Atenção com o prazo de envio das respostas das atividades eletrônicas.

Leia mais

Karl Marx: E AS LUTAS DE CLASSES

Karl Marx: E AS LUTAS DE CLASSES Karl Marx: E AS LUTAS DE CLASSES Pontos que serão tratados nesta aula: Método sociológico de Marx: Materialismo histórico Lutas de classe: Burguesia x proletariado Alienação Ideologia Mais-valia Fetichismo

Leia mais

Positivismo de Augusto Comte, Colégio Ser Ensino Médio Introdução à Sociologia Prof. Marilia Coltri

Positivismo de Augusto Comte, Colégio Ser Ensino Médio Introdução à Sociologia Prof. Marilia Coltri Positivismo de Augusto Comte, Émile Durkheim e Karl Marx Colégio Ser Ensino Médio Introdução à Sociologia Prof. Marilia Coltri Problemas sociais no século XIX Problemas sociais injustiças do capitalismo;

Leia mais

Trabalho de Sociologia P2 Aluno (a): Turma: 3ª série:

Trabalho de Sociologia P2 Aluno (a): Turma: 3ª série: Trabalho de Sociologia P2 Aluno (a): Turma: 3ª série: Professor: Yuri Disciplina: Sociologia Antes de iniciar a lista de exercícios leia atentamente as seguintes orientações: É fundamental a apresentação

Leia mais

Karl Marx ( ) Alunos: Érick, Lucas e Pedro Profª: Neusa

Karl Marx ( ) Alunos: Érick, Lucas e Pedro Profª: Neusa Karl Marx (1818-1883) Alunos: Érick, Lucas e Pedro Profª: Neusa Vida Nasceu em Trèves - Prússia (Reino alemão). Em 1835 e 18h36, estudou Direito, História, Filosofia, Arte, e Literatura na Universidade

Leia mais

Os Sociólogos Clássicos Pt.2

Os Sociólogos Clássicos Pt.2 Os Sociólogos Clássicos Pt.2 Max Weber O conceito de ação social em Weber Karl Marx O materialismo histórico de Marx Teoria Exercícios Max Weber Maximilian Carl Emil Weber (1864 1920) foi um intelectual

Leia mais

Uma pergunta. O que é o homem moderno?

Uma pergunta. O que é o homem moderno? Uma pergunta O que é o homem moderno? Respostas O homem moderno é aquele que não trabalha para viver, mas vive para trabalhar. O homem moderno não domina o tempo; ao contrário, é dominado pelo tempo. O

Leia mais

BENS. São todas as coisas materiais produzidas para satisfazer as necessidades das pessoas.

BENS. São todas as coisas materiais produzidas para satisfazer as necessidades das pessoas. BENS São todas as coisas materiais produzidas para satisfazer as necessidades das pessoas. SERVIÇOS São todas as atividades econômicas voltadas para a satisfação de necessidades e que não estão relacionadas

Leia mais

Teoria da História. Prof. Dr. Celso Ramos Figueiredo Filho

Teoria da História. Prof. Dr. Celso Ramos Figueiredo Filho Teoria da História Prof. Dr. Celso Ramos Figueiredo Filho Karl Marx (1818-1883) e Friedrich Engels (1820-1895) Matrizes filosóficas: Dialética Hegeliana (G.W.F.Hegel) Materialismo e Alienação (Ludwig Feuerbach

Leia mais

KARL MARX E A EDUCAÇÃO. Ana Amélia, Fernando, Letícia, Mauro, Vinícius Prof. Neusa Chaves Sociologia da Educação-2016/2

KARL MARX E A EDUCAÇÃO. Ana Amélia, Fernando, Letícia, Mauro, Vinícius Prof. Neusa Chaves Sociologia da Educação-2016/2 KARL MARX E A EDUCAÇÃO Ana Amélia, Fernando, Letícia, Mauro, Vinícius Prof. Neusa Chaves Sociologia da Educação-2016/2 BIOGRAFIA Karl Heinrich Marx (1818-1883), nasceu em Trier, Alemanha e morreu em Londres.

Leia mais

Aula 8 A crítica marxista e o paradigma da evolução contraditória. Profa. Dra. Eliana Tadeu Terci

Aula 8 A crítica marxista e o paradigma da evolução contraditória. Profa. Dra. Eliana Tadeu Terci Aula 8 A crítica marxista e o paradigma da Profa. Dra. Eliana Tadeu Terci Abstração-dedução e aproximações sucessivas não difere Marx dos clássicos e neoclássicos, porém Diferenciar essência de aparência

Leia mais

Sociologia 23/11/2015 PRODUÇÃO & MODELOS ECONÔMICOS TIPOS DE MODOS DE PRODUÇÃO

Sociologia 23/11/2015 PRODUÇÃO & MODELOS ECONÔMICOS TIPOS DE MODOS DE PRODUÇÃO Sociologia Professor Scherr PRODUÇÃO & MODELOS ECONÔMICOS TIPOS DE MODOS DE PRODUÇÃO Comunismo primitivo os homens se unem para enfrentar os desafios da natureza. Patriarcal domesticação de animais, uso

Leia mais

KARL MARX MATERIALISMO HISTÓRICO E DIALÉTICO

KARL MARX MATERIALISMO HISTÓRICO E DIALÉTICO KARL MARX MATERIALISMO HISTÓRICO E DIALÉTICO MÉTODO DE ANÁLISE * A DIALÉTICA HEGELIANA (IDEALISTA): Afirma a contradição, o conflito, como a própria substância da realidade, a qual se supera num processo

Leia mais

Sofrimento Psíquico e Trabalho

Sofrimento Psíquico e Trabalho Sofrimento Psíquico e Trabalho Profa. Dra Terezinha Martins dos Santos Souza Professora Adjunta IESC/UFRJ TRABALHO Satisfação material das necessidades dos seres humanos: Interação com a natureza, transformando

Leia mais

MARX. Prof. Fabiano Rosa de Magalhães

MARX. Prof. Fabiano Rosa de Magalhães MARX. Prof. Fabiano Rosa de Magalhães MARX Contexto A Perspectiva socialista se desenvolvia na Europa: autores como Thomas Paine (1737-1809), William Godwin (1756-1836) e Robert Owen (1771-1858) na Inglaterra;

Leia mais

Trabalho e socialismo Trabalho vivo e trabalho objetivado. Para esclarecer uma confusão de conceito que teve consequências trágicas.

Trabalho e socialismo Trabalho vivo e trabalho objetivado. Para esclarecer uma confusão de conceito que teve consequências trágicas. Trabalho e socialismo Trabalho vivo e trabalho objetivado Para esclarecer uma confusão de conceito que teve consequências trágicas. 1 Do trabalho, segundo Marx Há uma frase de Marx nos Manuscritos de 1861-63

Leia mais

Capital Portador de Juros: Marx e Chesnais

Capital Portador de Juros: Marx e Chesnais Capital Portador de Juros: Marx e Chesnais Ref.: Capítulo XXI, vol. 3, de O Capital de Karl Marx e cap. 1 de A finança mundializada de François Chesnais 1 Economia Vulgar É bem conhecida a duplicidade

Leia mais

Sociologia Alemã: Karl Marx e Max Weber. Prof. Robson Vieira 1º ano

Sociologia Alemã: Karl Marx e Max Weber. Prof. Robson Vieira 1º ano Sociologia Alemã: Karl Marx e Max Weber Prof. Robson Vieira 1º ano Karl Marx Karl Marx Fazia uma critica radical ao capitalismo; Suas teorias foram além das obras e das universidades; Ativista do movimento

Leia mais

O CONTEXTO HISTÓRICO DO SURGIMENTO DA SOCIOLOGIA

O CONTEXTO HISTÓRICO DO SURGIMENTO DA SOCIOLOGIA O CONTEXTO HISTÓRICO DO SURGIMENTO DA SOCIOLOGIA CENÁRIO HISTÓRICO A Sociologia surge como conseqüência das mudanças trazidas por duas grandes revoluções do século XVIII. As mudanças trazidas pelas duas

Leia mais

ANOTAÇÕES SOBRA A CRÍTICA DE MARX À CONCEPÇÃO DO ESTADO DE HEGEL

ANOTAÇÕES SOBRA A CRÍTICA DE MARX À CONCEPÇÃO DO ESTADO DE HEGEL 1 ANOTAÇÕES SOBRA A CRÍTICA DE MARX À CONCEPÇÃO DO ESTADO DE HEGEL Wellington de Lucena Moura Mestrando em Filosofia Universidade Federal da Paraíba O objetivo deste trabalho é o exame das críticas à filosofia

Leia mais

O Marxismo de Karl Marx. Professor Cesar Alberto Ranquetat Júnior

O Marxismo de Karl Marx. Professor Cesar Alberto Ranquetat Júnior O Marxismo de Karl Marx Professor Cesar Alberto Ranquetat Júnior Karl Marx (1818-1883). Obras principais: Manifesto Comunista (1847-1848). O Capital em 3 volumes.volume 1(1867) Volume 2 e 3 publicado por

Leia mais

e-issn Vol 8 Nº ª edição

e-issn Vol 8 Nº ª edição 236 PRINCÍPIO EDUCATIVO DO TRABALHO COMO PERSPECTIVA DE EMANCIPAÇÃO HUMANA Eliane do Rocio Alberti Comparin 1 RESUMO: O artigo busca demonstrar o conceito de trabalho à luz do materialismo histórico e

Leia mais

DIFERENTES PERSPECTIVAS EPISTEMOLÓGICAS EM PESQUISA. Prof. Dto. Luiz Antonio de OLIVEIRA.

DIFERENTES PERSPECTIVAS EPISTEMOLÓGICAS EM PESQUISA. Prof. Dto. Luiz Antonio de OLIVEIRA. DIFERENTES PERSPECTIVAS EPISTEMOLÓGICAS EM PESQUISA Prof. Dto. Luiz Antonio de OLIVEIRA. PARADIGMAS DE INVESTIGAÇÃO EM EDUCAÇÃO Pesquisar: Para quem? (sentido social) Por quê? (histórico) De qual lados

Leia mais

Estratificação, Classes Sociais e Trabalho. Sociologia Profa. Maria Thereza Rímoli

Estratificação, Classes Sociais e Trabalho. Sociologia Profa. Maria Thereza Rímoli Estratificação, Classes Sociais e Trabalho Sociologia Profa. Maria Thereza Rímoli Estratificação social, classes sociais e trabalho Objetivos da aula: O que é estratificação? O que é classes sociais? Conceitos

Leia mais

UMA BREVE APROXIMAÇÃO: A ONTOLOGIA DO SER SOCIAL E O TRABALHO ENQUANTO CATEGORIA FUNDANTE

UMA BREVE APROXIMAÇÃO: A ONTOLOGIA DO SER SOCIAL E O TRABALHO ENQUANTO CATEGORIA FUNDANTE UMA BREVE APROXIMAÇÃO: A ONTOLOGIA DO SER SOCIAL E O TRABALHO ENQUANTO CATEGORIA FUNDANTE Francielly Rauber da Silva 1 RESUMO: O principal objetivo desse estudo é uma maior aproximação de análise da categoria

Leia mais

ALGUNS PRESSUPOSTOS EM COMUM ENTRE: MATERIALISMO HISTÓRICO DIALÉTICO TEORIA HISTÓRICO CULTURAL PEDAGOGIA HISTÓRICO CRÍTICA

ALGUNS PRESSUPOSTOS EM COMUM ENTRE: MATERIALISMO HISTÓRICO DIALÉTICO TEORIA HISTÓRICO CULTURAL PEDAGOGIA HISTÓRICO CRÍTICA ALGUNS PRESSUPOSTOS EM COMUM ENTRE: MATERIALISMO HISTÓRICO DIALÉTICO TEORIA HISTÓRICO CULTURAL PEDAGOGIA HISTÓRICO CRÍTICA JOÃO ZANARDINI UNIOESTE - CASCAVEL PEDAGOGIA POR QUÊ UMA PREOCUPAÇÃO COM A PEDAGOGIA?

Leia mais

Transformação do dinheiro em capital

Transformação do dinheiro em capital Transformação do dinheiro em capital "Dinheiro como dinheiro e dinheiro como capital diferenciam-se primeiro por sua forma diferente de circulação". Ou seja, M - D - M e D - M - D. D - M - D, tal como

Leia mais

ESTUDAR MARX para iniciantes

ESTUDAR MARX para iniciantes 1 ESTUDAR MARX para iniciantes Breve introdução Se você pudesse ter acesso ao melhor instrumento possível, o mais avançado criado até hoje, para atingir determinado fim, não o utilizaria? Ora, se o objetivo

Leia mais

ELABORAÇÃO DA REDE TEMÁTICA II SEMESTRE

ELABORAÇÃO DA REDE TEMÁTICA II SEMESTRE ELABORAÇÃO DA REDE TEMÁTICA II SEMESTRE ESCOLA MUNICIPAL ABRÃO RASSI Coordenação Pedagógica: Glaucia Maria Morais França Avelar EDUCAÇÃO DIALOGICIDADE SITUAÇÕES LIMITES ATOS LIMITES INÉDITO VIÁVEL TRANSFORMAÇÃO

Leia mais

AULA 3 Émilie Durkheim. Prof. Robson Vieira 3º ano e Pré-Enem

AULA 3 Émilie Durkheim. Prof. Robson Vieira 3º ano e Pré-Enem AULA 3 Émilie Durkheim Prof. Robson Vieira 3º ano e Pré-Enem Introdução à Sociologia Prof. Robson Sociologia Clássica Clássicos 1 Positivista Funcionalista E. DURKHEIM *Vida Coletiva gerida acima e fora

Leia mais

Modo de produção capitalista

Modo de produção capitalista ECONOMIA POLÍTICA Material didático preparado pela professora Camila Manduca para a disciplina Economia política, baseado no capítulo 4 Modo de produção capitalista, do livro Economia política: uma introdução

Leia mais

Marx e as Relações de Trabalho

Marx e as Relações de Trabalho Marx e as Relações de Trabalho Marx e as Relações de Trabalho 1. Segundo Braverman: O mais antigo princípio inovador do modo capitalista de produção foi a divisão manufatureira do trabalho [...] A divisão

Leia mais

A Crítica Marxista ao Processo de Trabalho no Capitalismo

A Crítica Marxista ao Processo de Trabalho no Capitalismo A Crítica Marxista ao Processo de Trabalho no Capitalismo IGOR A. ASSAF MENDES O que iremos ver nesta aula? 1 Karl Marx: Breve Histórico 2 A compreensão do mundo pelas lentes Marxistas: materialismo histórico

Leia mais

Unidade I MOVIMENTOS SOCIAIS. Profa. Daniela Santiago

Unidade I MOVIMENTOS SOCIAIS. Profa. Daniela Santiago Unidade I MOVIMENTOS SOCIAIS CONTEMPORÂNEOS Profa. Daniela Santiago Nessa disciplina estaremos realizando uma aproximação a questão dos movimentos sociais contemporâneos. Para isso estaremos nessa unidade

Leia mais

TRABALHO, TRABALHO PEDAGÓGICO E EDUCAÇÃO AMBIENTAL CRÍTICA: REFLEXÃO NECESSÁRIA SOBRE A REALIDADE ESCOLAR

TRABALHO, TRABALHO PEDAGÓGICO E EDUCAÇÃO AMBIENTAL CRÍTICA: REFLEXÃO NECESSÁRIA SOBRE A REALIDADE ESCOLAR TRABALHO, TRABALHO PEDAGÓGICO E EDUCAÇÃO AMBIENTAL CRÍTICA: REFLEXÃO NECESSÁRIA SOBRE A REALIDADE ESCOLAR Gerson Luiz Buczenko RESUMO O objetivo geral do presente trabalho é analisar o conceito de trabalho

Leia mais

1º Anos IFRO. Aula: Conceitos e Objetos de Estudos

1º Anos IFRO. Aula: Conceitos e Objetos de Estudos 1º Anos IFRO Aula: Conceitos e Objetos de Estudos Contextualização Os clássicos da sociologia: 1. Émile Durkhiem 2. Max Weber 3. Karl Marx Objeto de estudo de cada teórico Principais conceitos de cada

Leia mais

O Capital Crítica da Economia Política. Capítulo 4 Transformação do dinheiro em capital

O Capital Crítica da Economia Política. Capítulo 4 Transformação do dinheiro em capital O Capital Crítica da Economia Política Capítulo 4 Transformação do dinheiro em capital 1 Resumo do capítulo III sobre o dinheiro Na análise do dinheiro, Marx distingue: Funções básicas do dinheiro: medida

Leia mais

CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO AMAPÁ CURSO DE DIREITO. Método Dialético. Profª: Kátia Paulino

CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO AMAPÁ CURSO DE DIREITO. Método Dialético. Profª: Kátia Paulino CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO AMAPÁ CURSO DE DIREITO Método Dialético Profª: Kátia Paulino Dialética No dicionário Aurélio, encontramos dialética como sendo: "[Do gr. dialektiké (téchne), pelo lat. dialectica.]

Leia mais

CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO AMAPÁ CURSO DE DESIGN. Método Dialético. Profª: Kátia Paulino

CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO AMAPÁ CURSO DE DESIGN. Método Dialético. Profª: Kátia Paulino CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO AMAPÁ CURSO DE DESIGN Método Dialético Profª: Kátia Paulino Dialética No dicionário Aurélio, encontramos dialética como sendo: "[Do gr. dialektiké (téchne), pelo lat. dialectica.]

Leia mais

Metodologia do Trabalho Científico

Metodologia do Trabalho Científico Metodologia do Trabalho Científico Teoria e Prática Científica Antônio Joaquim Severino Grupo de pesquisa: Educação e saúde /enfermagem: políticas, práticas, formação profissional e formação de professores

Leia mais

Fil. Monitor: Leidiane Oliveira

Fil. Monitor: Leidiane Oliveira Fil. Professor: Larissa Rocha Monitor: Leidiane Oliveira Moral e ética 03 nov EXERCÍCIOS DE AULA 1. Quanto à deliberação, deliberam as pessoas sobre tudo? São todas as coisas objetos de possíveis deliberações?

Leia mais

CUIDADO! ELES PODEM OUVIR: A DIALÉTICA DO SENHOR E DO ESCRAVO

CUIDADO! ELES PODEM OUVIR: A DIALÉTICA DO SENHOR E DO ESCRAVO Simone Martins Advocacia Preventiva e Contenciosa From the SelectedWorks of Simone Martins 2011 CUIDADO! ELES PODEM OUVIR: A DIALÉTICA DO SENHOR E DO ESCRAVO Simone Martins, Teachers College Available

Leia mais

A mercadoria. Estudo da primeira seção do primeiro capítulo de O Capital

A mercadoria. Estudo da primeira seção do primeiro capítulo de O Capital A mercadoria Estudo da primeira seção do primeiro capítulo de O Capital 1 Para iniciar Para continuar é preciso fazer um resumo da seção 1: Os dois fatores da mercadoria: valor de uso e valor. Vamos, agora,

Leia mais

O TRABALHO E A ORIGEM DO HOMEM EM SOCIEDADE: UMA ANÁLISE ATRAVÉS DA FILOSOFIA DE MARX E LUKÁCS

O TRABALHO E A ORIGEM DO HOMEM EM SOCIEDADE: UMA ANÁLISE ATRAVÉS DA FILOSOFIA DE MARX E LUKÁCS 79 Ângelo Antônio Macedo Leite O TRABALHO E A ORIGEM DO HOMEM EM SOCIEDADE: UMA ANÁLISE ATRAVÉS DA FILOSOFIA DE MARX E LUKÁCS Ângelo Antônio Macêdo Leite 1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS Na perspectiva lukácsiana,

Leia mais

FUNDAMENTOS HISTÓRICOS, TEÓRICOS E METODOLÓGICOS

FUNDAMENTOS HISTÓRICOS, TEÓRICOS E METODOLÓGICOS Unidade I FUNDAMENTOS HISTÓRICOS, TEÓRICOS E METODOLÓGICOS DO SERVIÇO SOCIAL Prof. José Junior O assistencialismo O conceito de assistencialismo estabelece uma linha tênue com o conceito de assistência,

Leia mais

(A Ideologia Alemã Introdução)

(A Ideologia Alemã Introdução) 1 (A Ideologia Alemã Introdução) 1. Texto e contexto A Ideologia Alemã é uma obra escrita por K. Marx e F. Engels nos anos de 1845/1846. Sem dúvida, a mais importante no que se refere à elaboração dos

Leia mais

MATÉRIA DA DISCIPLINA ÉTICA E CIDADANIA APLICADA AO DIREITO I

MATÉRIA DA DISCIPLINA ÉTICA E CIDADANIA APLICADA AO DIREITO I 4 MATÉRIA DA DISCIPLINA ÉTICA E CIDADANIA APLICADA AO DIREITO I MINISTRADA PELO PROFESSOR MARCOS PEIXOTO MELLO GONÇALVES PARA A TURMA 1º T NO II SEMESTRE DE 2003, de 18/08/2003 a 24/11/2003 O Semestre

Leia mais

Karl Marx e a crítica da sociedade capitalista

Karl Marx e a crítica da sociedade capitalista Karl Marx e a crítica da sociedade capitalista KARL MARX Alemanha (1818-1883) Marx nasceu numa família de classe média. Seus pais eram judeus que tiveram que se converter ao cristianismo em função das

Leia mais

Quais são as quatro perguntas?

Quais são as quatro perguntas? Quais são as quatro perguntas? O que é? Ao que se refere? Como é? Como se refere? Por que é? Por que deste e não de outro modo? Para que é? Em que ajuda e em que implica? Das respostas às perguntas O quê

Leia mais

CENTRO DE ESTUDOS E AÇÕES SOLIDÁRIAS DA MARÉ Disciplina Sociologia Tema: Trabalho e Capitalismo TRABALHO E CAPITALISMO

CENTRO DE ESTUDOS E AÇÕES SOLIDÁRIAS DA MARÉ Disciplina Sociologia Tema: Trabalho e Capitalismo TRABALHO E CAPITALISMO CENTRO DE ESTUDOS E AÇÕES SOLIDÁRIAS DA MARÉ Disciplina Sociologia Tema: Trabalho e Capitalismo Professor: Laís Jabace Principais conceitos trabalhados em sala de aula TRABALHO E CAPITALISMO Mercadoria

Leia mais

Apresentação. Mara Takahashi. Amanda Macaia. Sayuri Tanaka. O processo de trabalho no sistema de atividade humana

Apresentação. Mara Takahashi. Amanda Macaia. Sayuri Tanaka. O processo de trabalho no sistema de atividade humana Apresentação Esse texto tem o objetivo de oferecer um instrumento que ajude os participantes do Laboratório de Mudança a refletir sobre o processo de produção do cuidado em saúde e sua inserção no sistema

Leia mais

P á g i n a 1. Caderno de formação #4

P á g i n a 1. Caderno de formação #4 P á g i n a 1 P á g i n a 2 REDEFININDO O ANARQUISMO: Este caderno de formação como os anteriores está baseado teoricamente na dissertação de mestrado do militante anarquista Felipe Corrêa intitulada:

Leia mais

Universidade de São Paulo Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz KARL MARX. Tiago Barbosa Diniz

Universidade de São Paulo Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz KARL MARX. Tiago Barbosa Diniz Universidade de São Paulo Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz KARL MARX Tiago Barbosa Diniz Piracicaba, 29 de abril de 2016 CONTEXTO HISTÓRICO Início da Segunda fase da Revolução Industrial

Leia mais

FILOSOFIA DO SÉCULO XIX

FILOSOFIA DO SÉCULO XIX FILOSOFIA DO SÉCULO XIX A contribuição intelectual de Marx. Sociedade compreendida como uma totalidade histórica. Sistema econômico-social, político e cultural ideológico num determinado momento histórico.

Leia mais

PACHUKANIS, Evguiéni B. Teoria geral do direito e marxismo. São Paulo: Boitempo, 2017.

PACHUKANIS, Evguiéni B. Teoria geral do direito e marxismo. São Paulo: Boitempo, 2017. PACHUKANIS, Evguiéni B. Teoria geral do direito e marxismo. São Paulo: Boitempo, 2017. Thais Hoshika 1 Não há dúvidas de que Evguiéni B. Pachukanis (1891-1937) foi o filósofo que mais avançou na crítica

Leia mais

Sumário. Nota do Editor... xv Introdução: O quarto quadrante do círculo de Álvaro Vieira Pinto... 1

Sumário. Nota do Editor... xv Introdução: O quarto quadrante do círculo de Álvaro Vieira Pinto... 1 Sumário VOLUME I Nota do Editor.................................................. xv Introdução: O quarto quadrante do círculo de Álvaro Vieira Pinto............. 1 Parte Um Análise de algumas noções fundamentais

Leia mais

TÍTULO: QUEM É KARL MARX E QUAIS SUAS PRINCIPAIS IDEIAS?

TÍTULO: QUEM É KARL MARX E QUAIS SUAS PRINCIPAIS IDEIAS? 1 TÍTULO: QUEM É KARL MARX E QUAIS SUAS PRINCIPAIS IDEIAS? AUTORA: ALINE MARIA DA SILVA ALMEIDA CONTATO: aline.uelcs@gmail.com OBJETIVO GERAL: Explicar a importância de Karl Marx como um dos fundadores

Leia mais

Desigualdades e identidades sociais. Classes sociais, mobilidade social e movimentos sociais

Desigualdades e identidades sociais. Classes sociais, mobilidade social e movimentos sociais Desigualdades e identidades sociais Classes sociais, mobilidade social e movimentos sociais As classes sociais e as desigualdades sociais Uma desigualdade social consiste na repartição não uniforme, na

Leia mais

Colégio Santa Dorotéia

Colégio Santa Dorotéia Colégio Santa Dorotéia Área de Ciências Humanas Disciplina: Série: 1ª Ensino Médio Professora: Erika Vilas Boas Atividades para Estudos Autônomos Data: 5 / 9 / 2016 Aluno(a): N o : Turma: INTRODUÇÃO Este

Leia mais

PLURALIDADE CULTURAL E EDUCAÇÃO*

PLURALIDADE CULTURAL E EDUCAÇÃO* PLURALIDADE CULTURAL E EDUCAÇÃO* A educação formal é a educação que se faz de modo sistemático e busca ter clareza em relação às questões: o que ensinar, como ensinar, quem ensinar, para que ensinar, por

Leia mais

FUNDAMENTOS DA SOCIOLOGIA. A Geografia Levada a Sério

FUNDAMENTOS DA SOCIOLOGIA.  A Geografia Levada a Sério FUNDAMENTOS DA SOCIOLOGIA 1 Eu não sei o que quero ser, mas sei muito bem o que não quero me tornar. Friedrich Nietzsche 2 PERFEIÇÃO Legião Urbana (1993) 3 A Sociologia É uma palavra com dois vocábulos

Leia mais

10 Ensinar e aprender Sociologia no ensino médio

10 Ensinar e aprender Sociologia no ensino médio A introdução da Sociologia no ensino médio é de fundamental importância para a formação da juventude, que vive momento histórico de intensas transformações sociais, crescente incerteza quanto ao futuro

Leia mais

A fenomenologia de O Capital

A fenomenologia de O Capital A fenomenologia de O Capital Jadir Antunes Doutor em Filosofia pela Unicamp e professor do Mestrado em Filosofia da Unioeste Email: jdiant@yahoo.com.br O objetivo desta comunicação é mostrar como podemos

Leia mais

Interpretações sobre a noção de desenvolvimento em Marx: Uma revisão crítica

Interpretações sobre a noção de desenvolvimento em Marx: Uma revisão crítica Interpretações sobre a noção de desenvolvimento em Marx: Uma revisão crítica Seminários de Pesquisa PPED Rio, 13/10/2014 Patrick Galba de Paula 1) Objetivos do estudo Analisar as principais interpretações

Leia mais

Santomé (1998) explica que a denominação

Santomé (1998) explica que a denominação CURRÍCULO INTEGRADO Marise Nogueira Ramos Santomé (1998) explica que a denominação currículo integrado tem sido utilizada como tentativa de contemplar uma compreensão global do conhecimento e de promover

Leia mais

O Capital Crítica da Economia Política. Capítulo 4 Transformação do dinheiro em capital

O Capital Crítica da Economia Política. Capítulo 4 Transformação do dinheiro em capital O Capital Crítica da Economia Política Capítulo 4 Transformação do dinheiro em capital 1 Transformação do dinheiro em capital Este capítulo é composto por três seções: 1. A fórmula geral do capital; 2.

Leia mais

O CAPITALISMO ESTÁ EM CRISE?

O CAPITALISMO ESTÁ EM CRISE? O CAPITALISMO ESTÁ EM CRISE? Nildo Viana Professor da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Federal de Goiás; Doutor em Sociologia; Autor de diversos livros, entre os quais, O Capitalismo na Era

Leia mais

A NECESSIDADE DO ESTUDO DO MARXISMO E DA COMPREENSÃO DA SOCIEDADE

A NECESSIDADE DO ESTUDO DO MARXISMO E DA COMPREENSÃO DA SOCIEDADE EDUCAÇÃO E MARXISMO A NECESSIDADE DO ESTUDO DO MARXISMO E DA COMPREENSÃO DA SOCIEDADE A DOMINAÇÃO DE TEORIAS CONSERVADORAS NA ACADEMIA AS IDÉIAS DOMINANTES DE CADA ÉPOCA SÃO AS IDÉIAS DA CLASSE DOMINANTE

Leia mais

CONCEITOS. Realidade Social Ideologia Alienação Paradigma

CONCEITOS. Realidade Social Ideologia Alienação Paradigma CONCEITOS Realidade Social Ideologia Alienação Paradigma Mulher e Homem: seres sociais O homem é um ser social. Desde os mais primitivos, a necessidade de convivência é demonstrada em suas ações. Aristóteles

Leia mais

Concepção de Educação e Trabalho

Concepção de Educação e Trabalho http://www.pcdiga.net/showthread.php?t=19011 Disciplina: Concepção de Educação e Trabalho Prof. Cleito Pereira dos Santos O Trabalho na Teoria Marxista Diego Rivera Particolare Detroit Industry 1932 Conceituando

Leia mais

1. A dialética de Hegel a) envolve duas etapas, formadas por opostos encontrados na natureza (dia-noite, claro-escuro, friocalor).

1. A dialética de Hegel a) envolve duas etapas, formadas por opostos encontrados na natureza (dia-noite, claro-escuro, friocalor). Exercícios sobre Hegel e a dialética EXERCÍCIOS 1. A dialética de Hegel a) envolve duas etapas, formadas por opostos encontrados na natureza (dia-noite, claro-escuro, friocalor). b) é incapaz de explicar

Leia mais

A mercadoria. Seção 4 do Capítulo 1. O caráter fetichista da mercadoria e o seu segredo. 1ª Parte.

A mercadoria. Seção 4 do Capítulo 1. O caráter fetichista da mercadoria e o seu segredo. 1ª Parte. A mercadoria Seção 4 do Capítulo 1 O caráter fetichista da mercadoria e o seu segredo. 1ª Parte. 1 Ordinária ou extraordinária? À primeira vista, a mercadoria parece uma coisa trivial, evidente. Ou seja,

Leia mais

História das Teorias Econômicas Aula 5: Karl Marx Instituto de Geociências / Unicamp

História das Teorias Econômicas Aula 5: Karl Marx Instituto de Geociências / Unicamp História das Teorias Econômicas Aula 5: Karl Marx Instituto de Geociências / Unicamp 2 Semestre de 2008 1 Apresentação - de origem alemã - 1818 1883 - Economista, sociólogo e filósofo - Recebeu influência

Leia mais

Karl Marx Introdução Geral e Análise da obra O Manifesto Comunista. Um espectro ronda a Europa o espectro do comunismo

Karl Marx Introdução Geral e Análise da obra O Manifesto Comunista. Um espectro ronda a Europa o espectro do comunismo Mirela Berger Karl Marx 1 Karl Marx Introdução Geral e Análise da obra O Manifesto Comunista Um espectro ronda a Europa o espectro do comunismo Karl Marx: 1818-1893 Prússia, Thier. Muito contraditório,

Leia mais

CONCEITOS. Realidade Social Ideologia Alienação Paradigma

CONCEITOS. Realidade Social Ideologia Alienação Paradigma CONCEITOS Realidade Social Ideologia Alienação Paradigma QUEM É VOCÊ?! Você já pensou por que você acha que é o que é? Por que se define como sendo estudante, brincalhão, rapaz, bom jogador de futebol?

Leia mais

Comparação entre as abordagens de classe marxiana e weberiana

Comparação entre as abordagens de classe marxiana e weberiana Comparação entre as abordagens de classe marxiana e weberiana 1. Semelhanças: 1a. classes são categorias historicamente determinadas (sociedades divididas em classe x sociedades de classe); 1b. propriedade

Leia mais

COLÉGIO CEC 24/08/2015. Conceito de Dialética. Professor: Carlos Eduardo Foganholo DIALÉTICA. Originalmente, é a arte do diálogo, da contraposição de

COLÉGIO CEC 24/08/2015. Conceito de Dialética. Professor: Carlos Eduardo Foganholo DIALÉTICA. Originalmente, é a arte do diálogo, da contraposição de COLÉGIO CEC Professor: Carlos Eduardo Foganholo Conceito de Dialética DIALÉTICA Originalmente, é a arte do diálogo, da contraposição de ideias que leva a outras ideias. O conceito de dialética, porém,

Leia mais

IDEALISMO ESPECULATIVO, FELICIDADE E ESPÍRITO LIVRE CURSO DE EXTENSÃO 24/10/ Prof. Ricardo Pereira Tassinari

IDEALISMO ESPECULATIVO, FELICIDADE E ESPÍRITO LIVRE CURSO DE EXTENSÃO 24/10/ Prof. Ricardo Pereira Tassinari IDEALISMO ESPECULATIVO, FELICIDADE E ESPÍRITO LIVRE CURSO DE EXTENSÃO 24/10/2011 - Prof. Ricardo Pereira Tassinari TEXTO BASE 1 PSICOLOGIA: O ESPÍRITO 440 ( ) O Espírito começa, pois, só a partir do seu

Leia mais

A Questão da Transição. Baseado em Do Socialismo Utópico ao Socialismo Científico de Friedrich Engel.

A Questão da Transição. Baseado em Do Socialismo Utópico ao Socialismo Científico de Friedrich Engel. A Questão da Transição Baseado em Do Socialismo Utópico ao Socialismo Científico de Friedrich Engel. 1 Uma civilização em crise Vivemos num mundo assolado por crises: Crise ecológica Crise humanitária

Leia mais

KARL MARX -Vida, obra e contexto sociopolítico-

KARL MARX -Vida, obra e contexto sociopolítico- KARL MARX -Vida, obra e contexto sociopolítico- Catiele, Denis, Gabriela, Júlia, Nicolas e Vinícius Karl Heinrich Marx Nasceu em 5 de maio de 1818, na cidade de Treves, no sul da Prússia Renana (região

Leia mais

Pensamento do século XIX

Pensamento do século XIX Pensamento do século XIX Século XIX Expansão do capitalismo e os novos ideais Considera-se a Revolução Francesa o marco inicial da época contemporânea. Junto com ela, propagaram-se os ideais de liberdade,

Leia mais

Aristóteles, Ética a Nicômaco, X 7, 1177 b 33.

Aristóteles, Ética a Nicômaco, X 7, 1177 b 33. 91 tornar-se tanto quanto possível imortal Aristóteles, Ética a Nicômaco, X 7, 1177 b 33. 92 5. Conclusão Qual é o objeto da vida humana? Qual é o seu propósito? Qual é o seu significado? De todas as respostas

Leia mais

O ESTADO MODERNO COMO PROCESSO HISTÓRICO A formação do Estado na concepção dialética de Hegel

O ESTADO MODERNO COMO PROCESSO HISTÓRICO A formação do Estado na concepção dialética de Hegel 1 O ESTADO MODERNO COMO PROCESSO HISTÓRICO A formação do Estado na concepção dialética de Hegel ELINE LUQUE TEIXEIRA 1 eline.lt@hotmail.com Sumário:Introdução; 1. A dialética hegeliana; 2. A concepção

Leia mais

Colégio Santa Dorotéia

Colégio Santa Dorotéia Colégio Santa Dorotéia Área de Ciências Humanas Disciplina: Ano: 2º Ensino Médio Professora: Erika Vilas Boas Atividades para Estudos Autônomos Data: 8 / 5 / 2017 Aluno(a): N o : Turma: INTRODUÇÃO Este

Leia mais