Palavras-Chave: Futsal, Futebol de Salão, Lesões, Incidência, Traumas.

Transcrição

1 PREVALÊNCIA DE LESÕES MÚSCULO-ESQUELÉTICAS NOS MEMBROS INFERIORES DE ATLETAS DE FUTSAL FEMININO DOS JOGOS UNIVERSITÁRIOS DE PERNAMBUCO. Renata Soraya Coutinho da Costa Ana Patrícia Bastos Ferreira Fabrício José dos Santos Lidiane Pereira dos Santos Filipe Avelino de Oliveira Ana Beatriz Ferraz e Carvalho Resumo Introdução: O Futsal é uma modalidade desportiva em ascensão em todo o mundo, todavia, na literatura há uma carência de pesquisas científicas que contemplem esta temática, principalmente quando se trata do Futsal feminino universitário. Objetivo: Analisar a prevalência de lesões relacionadas à prática do esporte, no que se refere às variáveis: circunstâncias de ocorrência, região do corpo mais acometida e tipos de lesões músculo-esqueléticas em atletas de futsal feminino dos jogos universitários de Pernambuco, durante as temporadas de 2008 e 2009, inclusive comparando-as. Métodos: Foi realizada uma pesquisa de campo, descritiva, quantitativa e de caráter exploratório, na qual foram avaliadas 51 atletas de futsal feminino com idades entre 17 e 34 anos, distribuídas em sete equipes, sendo incluídas todas as atletas inscritas e que participaram dos Jogos Universitários de Pernambuco, consecutivamente, durante as temporadas 2008 e Os dados foram obtidos através da aplicação de um questionário e, para análise estatística, utilizou-se o pacote SPSS Resultados: O local com maior ocorrência de lesão foi o jogo oficial, correspondendo a (56%) das lesões em 2008, enquanto na temporada de 2009 foi durante o treino, com (53,3%). Com relação à variável tipo de trauma, houve predominância em traumas diretos (57,1%) e trauma indireto (42,9%) correspondente aos resultados obtidos em 2008 e 2009, respectivamente. Conclusão: Foi percebido que as atletas praticantes de futsal feminino apresentaram susceptibilidade a lesões, e que a maior ocorrência se dá no ato do jogo e predominantemente por trauma direto. Devido à ausência de informações referentes a esta temática, sugere-se mais estudos que revelem informações favorecedoras de uma intervenção segura e eficaz, minimizando a ocorrência de lesões e recidivas. Palavras-Chave: Futsal, Futebol de Salão, Lesões, Incidência, Traumas.

2 INTRODUÇÃO O futsal ou futebol de salão é uma modalidade caracterizada por ser um dos esportes com maior prática no Brasil. Segundo Gomes et al. (2011) mesmo o futsal sendo reconhecido em inúmeros eventos e apresentar resultados significativos internacionalmente, existe uma carência de estudos na literatura que abordem essa modalidade desportiva. Segundo Bertolla et al. (2007) o futsal está em ascensão mundial, conquistando cada vez mais praticantes. Isso acontece por ser um esporte de fácil acesso. O mesmo está sendo difundido no Brasil com frequência e rapidez. Dados da Confederação Brasileira de Futebol de Salão CBF s informam que o futsal já alcança o número de 12 milhões de brasileiros praticantes. A modalidade feminina está reconhecida e autorizada pela Federação Internacional de Futebol de Salão (FIFUSA) desde 23 de abril de A partir desta data foi percebido um crescimento no número de atletas que aderiram a essa prática, aliando a isso o aumento das competições, o que levou a profissionalização do esporte no país (BALDAÇO et al. 2010). Futebol de salão, também pode ser definido como um esporte que exige esforços intermitentes, de tempo variável e períodos eventuais. Por isso, pode-se dizer que futsal é uma atividade que solicita dos atletas que o praticam grandes esforços com curta duração, divergindo das demais modalidades de alto nível. Os acontecimentos no futsal são rápidos, e necessita dos praticantes um bom condicionamento para responder aos vários estímulos da maneira mais eficaz possível (SANTOS et al. 2010). Penna e Moraes (2010) ainda dizem que as constitutivas antropométricas tanto quanto a habilidade técnica e tática e o desempenho físico individual são quesitos indispensáveis para o sucesso dos atletas. Sendo assim, estudos que abordam essa temática instigam o conhecimento e as medidas preventivas que devem ser tomadas, objetivando a redução das lesões desportivas no ato de sua prática. Para isso é necessário quantificar e identificar as variáveis que indicam os danos relacionados ao futebol de salão (SILVA et al. 2011). Nessa vertente, esse estudo tem como objetivo avaliar a prevalência de lesões músculo-esqueléticas de membros inferiores em atletas de futsal feminino

3 que participaram dos Jogos Universitários de Pernambuco (JUP'S) nas temporadas 2008 e 2009, comparando os locais onde as lesões mais acontecem e o mecanismo lesional que prevalece: se por trauma direto ou indireto. MATERIAIS E MÉTODOS Nossa amostra foi composta por 51 atletas de futsal feminino, divididas em sete equipes esportivas. Foram consideradas como sujeitos da pesquisa as atletas inscritas e que participaram dos Jogos Universitários de Pernambuco (JUP's), durante a temporada do segundo semestre de 2008 e primeiro semestre As demais atletas que não se encontravam no período citado anteriormente foram caracterizadas nos critérios de exclusão deste estudo. As informações foram adquiridas através da aplicação do questionário modificado do Hospital de Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, cuja versão original pode ser encontrada em Hebert et al. (2003). O questionário é dividido em quatro etapas: a primeira diz respeito à identificação geral, a segunda etapa relacionada aos antecedente pessoais, a terceira etapa identificada de antecedentes esportivos, abordando as lesões que poderão ocorrer durante o segundo semestre de 2008 e/ou primeiro semestre de 2009, por fim a quarta etapa que incidia nos antecedentes familiares. As informações obtidas através do questionário passaram por um tratamento estatístico, utilizando-se o pacote SPSS (Statistical Package for Social Sciences) 13.0 for Windows. O presente estudo foi submetido e aprovado de acordo com as consignações éticas referentes à pesquisa envolvendo seres humanos e do Comitê de Ética do Hospital do Câncer de Pernambuco (HCP). Previamente houve a orientação dos indivíduos quanto à forma do preenchimento do questionário aplicado pelos pesquisadores. Também, houve a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido conforme recomendação da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP).

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO Como já citado, a coleta foi realizada em 51 atletas do sexo feminino, com idades que variavam entre dezessete e trinta anos, distribuídas em sete equipes. Para fins deste artigo analisamos as seguintes variáveis: local de ocorrência das lesões e mecanismo traumático. Com relação à primeira variável, consideramos três possibilidades distintas: as lesões ocorridas durante a atividade treino, durante os jogos amistosos e durante os jogos oficiais. Nesse aspecto observamos que a maior ocorrência se fez durante o jogo oficial, no qual o total das lesões correspondeu a 56% em 2008, porém na temporada de 2009 a prevalência foi durante o treino, com 53,3%, conforme observado no gráfico 1. Resultados obtidos em parte por Gantus e Assunção (2002) analisando outro esporte coletivo, o Basquetebol. Esse autor observou uma predominância de lesões durante os treinos físicos, táticos e técnicos. Perfazendo um percentual de mais de 50% do total de lesões em um grupo de 59 atletas do sexo masculino durante um campeonato. A pesquisa de Barbosa e Carvalho (2008) apresenta resultados que são parcialmente dissonantes. O estudo, analisando um pequeno número de sujeitos que tiveram lesões (10 atletas, jogadores de futebol de campo e do sexo masculino), verificou que mais da metade (60%) afirmou que suas lesões ocorreram apenas durante os jogos e 30% desses atletas relataram que suas lesões ocorreram durante

5 a associação entre treinamentos e jogos. E apenas 10% dos lesionados disseram que suas lesões ocorreram apenas durante o treinamento. Dantas e Silva (2007), pesquisando em uma amostra de 27 praticantes de Futsal profissional do sexo masculino, evidenciaram uma predominância de lesões na competição (55,6%), enquanto um menor percentual (44,4%) da ocorrência se deu na situação treino. Resultados semelhantes aos encontrados por Stewien e Camargo (2005) em jogadores de futebol de campo de ambos os sexos. Nos resultados relacionados à variável tipo de trauma, houve predominância nos traumas diretos 57,1% e traumas indiretos 42,9% correspondentes aos resultados obtidos em 2008 e 2009, respectivamente, conforme pode ser observado no gráfico 2. No trabalho de Silva et al. (2011), considerando uma amostra de dezessete jogadoras de futsal, foi percebido que a maior parte das lesões encontradas foi caracterizada como de mecanismo direto (90%), corroborando os achados observados na amostra deste estudo. Porém Cohen et al. (1997), analisando os mecanismo de lesões e sua ocorrência, verificou uma prevalência de 40,7% desses por traumas direto e 59,3% por outros mecanismos sem contato direto. Ribeiro et al. (2007) assim como Cohen, analisaram que a maioria das lesões relacionadas ao tipo de trauma também são contusões e estiramentos musculares. Uma análise feita por Ribeiro e Costa (2006) com dados dos jogos do XV Campeonato Brasileiro de Seleções Sub 20 constatou que 65,62% das lesões foram

6 por contato direto (21 de 32 lesões analisadas) que não resultou em afastamento das atividades esportivas desses atletas, já as lesões sem contato, que correspondiam a 34,38% (11 das 32 lesões) implicaram em afastamento das atividades esportivas. Stewien e Camargo (2005) realizaram um estudo com 50 atletas do sexo masculino e 47, do sexo feminino. Foi observado que entre os atletas masculinos não há uma prevalência para o mecanismo de trauma direto ou indireto, todavia, para atletas do sexo feminino houve predominância de 62% por mecanismo de trauma indireto, sendo as torções o movimento mais relatado. CONSIDERAÇÕES FINAIS Sendo assim, notou-se que as atletas praticantes de futsal feminino dos Jogos Universitários de Pernambuco nas temporadas de 2008 e 2009 apresentaram susceptibilidade a lesões, e que a maior ocorrência se deu no ato do jogo. Na variável tipo de trauma, foi percebido que houve predominância de lesões por trauma direto, que corroborou com a maioria dos estudos encontrados. Devido à ausência de informações referentes a esta temática, sugere-se mais estudos experimentais, controlados e randomizados que revelem informações favorecedoras de uma intervenção segura e eficaz, minimizando a ocorrência de lesões e recidivas.

7 REFERÊNCIAS BALDAÇO, F.O.; CADÓ, V.P.; SOUZA, J.; MOTA, C.B.;, LEMOS, J.C.; ANÁLISE do treinamento proprioceptivo no equilíbrio de atletas de futsal feminino Fisioter. Mov., Curitiba, v. 23, n. 2, p , abr./jun BARBOSA, B.T.C.; CARVALHO, A.M.; Incidência De Lesões Traumato-Ortopédicas Na Equipe Do Ipatinga Futebol Clube-Mg MOVIMENTUM - Revista Digital de Educação Física - Ipatinga: Unileste-MG, V.3, N.1, Fev./Jul BERTOLLA, F.; BARONI, B.M.; LEAL, E.C.P.J.; OLTRAMARI, J.D.; Efeito de um programa de treinamento utilizando o método Pilates na flexibilidade de atletas juvenis de futsal Rev Bras Med Esporte _ Vol. 13, Nº 4 Jul/Ago, 2007 COHEN, M.; ABDALLA, R.J.; EJNISMAN, B.; AMARO, J.T.; Lesões ortopédicas no futebol. Rev Bras Ortop _ Vol. 32, Nº 12 Dezembro, 1997 DANTAS, J.A.; SILVA M.R.; Frequência Das Lesões Nos Membros Inferiores No Futsal Profissional. Trabalho baseado na monografia. Monografia defendida por José António Vieira Dantas, defendida em para obtenção de Licenciatura em Motricidade Humana. GANTUS, M.C.; ASSUMPÇÃO, J.D.; Epidemiologia das Lesões do Sistema Locomotor em Atletas de Basquetebol. Acta Fisiátrica 9(2): 77-84, 2002 GOMES, S.A.; SOTERO, R.C.; GIAVONI, A.; Avaliação da Composição Corporal e dos Níveis de Aptidão Física de Atletas de Futsal Classificados Segundo a Tipologia dos Esquemas de Gênero. Rev Bras Med Esporte Vol. 17, No 3 Mai/Jun HEBERT, S. et al., Ortopedia e traumatologia: princípios e praticas. 3.ed. Porto Alegre: Artmed, PENNA, E.M.; MORAES, L.C.C.A.; Efeito relativo da idade em atletas brasileiros de futsal de alto nível. Motriz, Rio Claro, v.16 n.3 p , jul./set RIBEIRO, R.N.; VILAÇA, F.; OLIVEIRA, H.U.; VIEIRA, L.S.; SILVA, A.A.; Prevalência de lesões no futebol em atletas jovens: estudo comparativo entre diferentes categorias Rev. bras. Educ. Fís. Esp., São Paulo, v.21, n.3, p , jul./set RIBEIRO, R.V.; COSTA, L.O.P.; Análise epidemiológica de lesões no futebol de salão durante o XV campeonato Brasileiro de Seleções Sub 20 Rev Bras Med Esporte _ Vol. 12, Nº 1 Jan/Fev, 2006 SANTOS, F.J.; SANTOS, L.P; FERREIRA, A.P.B.; COSTA, R.S.C.; Prevalência De Lesões De Membros Inferiores Em Atletas De Futsal Feminino Dos Jogos Universitários De Pernambuco Revista de Trabalhos Acadêmicos, Nº Pesquisa Saúde - Brasil 2010

8 SILVA, F.M.; MENEZES, J.A.G.S.; ALMEIDA, A.F.N.; BONOME, A.C.S. Perfil de lesões desportivas em atletas de futsal feminino de Marília. ConScientiae Saúde, 2011;10(2): STEWIEN, E.T.M.; CAMARGO, O.P.A.; Ocorrência De Entorse E Lesões Do Joelho Em Jogadores De Futebol Da Cidade De Manaus, Amazonas Acta Ortop Bras 13(3) 2005