Visitação de artrópodes em coentro em diferentes horários do dia

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1 Visitação de artrópodes em coentro em diferentes horários do dia Arthropods visiting coriander during daylight hours Ono, Rafael Hideki 1 ; Menezes Jr., Ayres de Oliveira 2 ; Hoshino, Adriano Thibes 2 ; Silva, Katyuscia Cristine Kubaski 2 ;Susuki, Juliana Cristina Amancio 3. 1 Universidade Estadual de Londrina (UEL), Caixa Postal , CEP Londrina, PR, Brasil. rafaono.bio@gmail.com. 2 Programa de Pós-Graduação em Agronomia. Universidade Estadual de Londrina (UEL), Caixa Postal , CEP Londrina, PR, Brasil. s: ayres@uel.br ;hoshinoagro@gmail.coml ; katyusciakubaski@hotmail.com. 3 Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP), CEP Cornélio Procópio, PR, Brasil. julianasuzuki84@yahoo.com.br Resumo O estudo avaliou a visitação de artrópodes em plantas de coentro (Coriandrum sativum L.) em diferentes horários do dia. Entre Junho e Setembro de 2014 a abundância e riqueza de artrópodes foi quantificada nas plantas de coentro através de observação direta, na Fazenda Escola da Universidade Estadual de Londrina, Londrina-PR. As plantas de cada uma de cinco parcelas (1m x 1m) foram avaliadas durante 10 minutos,em três períodos do dia (10-11; e horas). Foram registrados 3949 artrópodes presentes nas plantas, excluindo-se afídeos. Apidae foi responsável por 41 % da visitação. Grupos de inimigos naturais de pragas representaram 15,6% do total de visitantes, e a maior riqueza de famílias ocorreu entre 10 e 11 horas. Dentre os inimigos naturais, os mais abundantes foram Syrphidae (45,8%), com pico de visitação entre 10 e 11 horas, e Anthocoridae (23,2%), predominando nos períodos vespertinos. Palavras-chave:Atratividade; Coriandrum sativum; inimigos naturais; polinizadores; avaliação visual. Abstract Arthropods visiting coriander plants (Coriandrum sativum L.) were evaluated at different times of daylight. In the Farm School of the State University of Londrina, Londrina, Parana, Brazil, the abundance and diversity of arthropods was quantified in coriander plants through direct observation between June and September Plants in each of five plots (1m x 1m) were evaluated for 10 minutes, three times a day between 10-11, and hours. A total of 3949 arthropods were recorded in plants, excluding aphids. Apidae accounted for 41% of visitation. Groups recognized as natural enemies of pests represented 15.6% of total visitors, and the highest number of families occurred between 10 and 11 hours. Among the natural enemies, the most abundant were Syrphidae (45.8%) with peak visitation from 10 to 11 am, and Anthocoridae (23.2%), predominantly in the afternoon periods.

2 Keywords: Attractiveness; Coriandrum sativum; natural enemies; pollinators; insect survey Introdução O coentro (Coriandrum sativum) é uma planta herbácea anual pertencente à família das Apiaceas, muito utilizada como erva medicinal, condimentar e aromática. (VAZ; JORGE, 2007). Pesquisas mostram que várias culturas podem ser beneficiadas pelo consórcio com coentro, sem haver competição (RESENDE et al., 2010), agregando maior rentabilidade a área de cultivo (OLIVEIRA et al., 2005), e reduzindo problemas com pragas através de repelência (COSTA; BLEICHER, 2006). O coentro apresenta potencial para incremento do controle biológico nos sistemas consorciados devido a sua capacidade de aumentar a abundância, riqueza e diversidade de inimigos naturais (TOGNI et al., 2010), sobretudo de coccinelídeos (RESENDE et al., 2010). Segundo Hoshino et al. (2013) é muito importante se conhecer os grupos de inimigos naturais que são atraídos e mantidos no ambiente, assim como os tipos de plantas que realizam a atração e que mantem estes inimigos naturais, permitindo, desta forma, a escolha das plantas a serem cultivadas em determinados agrossistemas que maximizem o controle biológico local. Conhecer os grupos de artrópodes benéficos (inimigos naturais e polinizadores) e seu período de atividade predominante permite compatibilizar práticas de manejo na cultura, na forma de seletividade ecológica temporal (PARRA et al., 2002), reduzindo o impacto sobre aqueles auxiliares. Deste modo, o estudo buscou avaliar a abundância e riqueza de artrópodes inimigos naturais presentes em plantas de coentro em diferentes períodos do dia. Metodologia O estudo foi realizado na Fazenda Escola da Universidade Estadual de Londrina (lat S; long O e 583 m altitude), Londrina-PR. As avaliações de artrópodes polinizadores e inimigos naturais, realizadas em cinco dias entre Junho a Setembro de 2014, consistiram de observações visuais de cinco parcelas de 1m x 1m de coentro português (C. sativum), distribuídas em blocos casualizados. Em cada parcela, as observações foram realizadas por três pessoas, durante 10 minutos, em três horários do dia (10 às 11; 13 às 14 e 16 às 17 horas) registrandose a quantidade de cada grupo taxonômico encontrado nas diferentes partes da planta: flor (FL), caule (CA), folha (FO), fruto (FR) ou sobre colônia de pulgões (Hemiptera: Aphididae) (CO). Foi estimada a diversidade (Shannon Wiener-H ) para

3 os diferentes horários. A abundância de artrópodes polinizadores e inimigos naturais foi comparada entre os diferentes horários e diferentes partes da planta através da análise de variância, seguida pelo teste de Scott-Knott (α=5%). Quando necessário foi realizada a transformação dos dados em raiz 2 (x+0,5). Resultados e discussões Foi registrado um total de 3949 artrópodes sobre as plantas avaliadas, excluindo-se os afídeos. Destes,15,6% atuam como inimigos naturais de pragas, sendo mais abundantes as moscas sirfídeas (Diptera: Syrphidae) (N=282), os percevejos do gênero Orius (Hemíptera: Anthocoridae) (N=143), aranhas (N=63) e vespinhas parasitoides da família Eurytomidae (Hymenoptera: Chalcidoidea) (N= 24).Entre os demais visitantes (84,4% do total) destacam-se as abelhas Apidae (Hymenoptera) (N=1624), formigas (N=623), Diabroticas speciosa (Coleoptera: Chrysomelidae) (N=496) e moscas (N=236). Foi encontrada uma abundância total de inimigos naturais de 616 exemplares e uma riqueza total de 23 grupos. Para os fitófagos encontrou-se abundância total de 3333 insetos e riqueza total de 36 grupos. A maior abundancia e riqueza de famílias de inimigos naturais ocorreu entre 10 e 11 horas, e a maior diversidade (Shannon-Wiener) entre 16 e 17 horas. Para os demais insetos, entre 13 e 14 horas houve maior abundancia e riqueza de famílias; enquanto a maior diversidade ocorreu das 10 às 11 horas. Syrphidae predominou entre 10 e 11 h da manhã, corroborando os resultados de Morales & Köhler (2006). Já os percevejos predadores do gênero Orius predominaram nos horários da tarde. Aranhas e vespas da família Eurytomidae não apresentaram preferência de horário (Figura 1), bem como os principais fitófagos observados. Abelhas (Irapuã e Jatai, principalmente) predominaram entre 13 e 14 h. Figura 1. Abundância média (n=5) dos principais inimigos naturais encontrados nas plantas de coentro em diferentes horários do dia. Letras distintas na linha indicam diferença significativa pelo teste Scott-Knott (α=5%), p-valores indicam a significância. Londrina-PR, 2014.

4 Em relação à parte visitada, Syrphidae e Orius spp. predominaram em flores, provavelmente devido aos recursos de néctar e pólen (Figura 2); enquanto a presença de aranhas foi maior na folhagem, que era utilizada como suporte para fixação de teias. Entre os oito principais fitófagos, cinco predominaram nas flores, principalmente as abelhas, devido ao hábito de forrageamento. (Figura 3). Adultos de D. speciosa predominaram sobre a folhagem, mas forragearam nas flores. No trabalho de Resende et al. (2012) foi encontrado como inimigo natural mais abundante uma espécie do gênero Orius, segundo grupo de inimigos naturais mais abundantemente encontrados no presente trabalho. Isso pode ter ocorrido devido a uma possível atração de insetos desse gênero pelo coentro, possivelmente pela busca por alimento como outros insetos e, também, por pólen, que são alimentos utilizados por uma espécie deste gênero como mostrado no trabalho de Salas- Aguilar e Ehler (1997). Assim, sua busca por pólen corrobora com a maior presença de Orius nas flores do que em outras partes da planta (Figura 2). Figura 2. Abundância média (n=5) dos principais inimigos naturais encontrados nas diferentes estruturas das plantas de coentro: flor (FL), caule (CA), folha (FO) e fruto (FR). Letras diferentes dentro de cada família indicam diferença significativa pelo teste Scott-Knott (α=5%), p-valores indicam a significância do teste. Londrina-PR, 2014.

5 Figura 3. Abundância média (n=5) dos principais fitófagos (incluindo polinizadores) encontrados nas diferentes estruturas das plantas de coentro: flor (FL), caule (CA), folha (FO) e fruto (FR) e na colônia de pulgões (CO).Letras diferentes dentro de cada família indicam diferença significativa pelo teste Scott-Knott (α=5%), p-valores indicam a significância do teste. Londrina-PR, Nota: Foram coletados 320 Apidae. Conclusões Coentro apresentou potencial para incremento de dois grupos de inimigos naturais: moscas sirfídeas (visitação predominantemente matutina) e percevejos Orius spp. (visitação predominantemente vespertina); beneficiando também as abelhas, que apresentaram maior visitação às flores no período das 10 às 11 horas. Referências bibliográficas COSTA, R. S.; BLEICHER, E. Comportamento da mosca-branca (Bemisiat tabaci biótipo B) em sistemas de plantio de coentro, melancia e melão. Revista Ciência agronômica. v.37, n. 2, p , HOSHINO, A. T.; MENEZES JÚNIOR A. de O.; SILVA, K. C. K.; EDUARDO, J. A.; BARBOSA, D. de A Plantas de cobertura de inverno no incremento de

6 inimigos naturais em agroecossistemas. In: VIII Congresso Brasileiro de Agroecologia, 2013, Porto Alegre-RS. Cadernos de Agroecologia, v.8, No. 2, Nov MORALES, M. N.; KÖHLER, A. Espécies de Syrphidae (Diptera) visitantes das flores de Eryngium horridum (Apiaceae) no Vale do Rio Pardo, RS, Brasil. Iheringia, Sér. Zool. vol.96 no.1 Porto Alegre Mar OLIVEIRA, E. Q.; BEZERRA NETO, F. B.; NEGREIROS, M. Z.; BARROS JÚNIOR, A. P.; FREITAS, K. K. C.; SILVEIRA, L. M.; LIMA, J. S. S. Produção e valor agroeconômico no consórcio entre cultivares de coentro e de alface. Horticultura Brasileira, Brasília, v.23, n.2, p PARRA, J. R. P.; BOTELHO, P. S. M.; CORRÊA-FERREIRA, B. S.; BENTO, J. M. S. Controle biológico no Brasil: parasitóides e predadores. São Paulo: Manole, RESENDE A. L. S.; VIANA A. J. S.; OLIVEIRA R. J.; AGUIAR-MENEZES E. L.; RIBEIRO R. L. D.; RICCI M. S. F.; GUERRA J. G. M. Consórcio couve-coentro em cultivo orgânico e sua influência nas populações de joaninhas. Horticultura Brasileira v.28, p SALAS-AGUILAR, J.; EHLER, L.E. Feeding habits of Orius tristicolor. Annals of the Entomological Society of America 70, n.1, p TOGNI, P. H. B.; CAVALCANTE, K. R.; LANGER, L. F.; GRAVINA, C. S.; MEDEIROS, M. A.; PIRES, C. S. S.; FONTES, E. M. G.; SUJII, E. R. Conservação de inimigos naturais (Insecta) em tomateiro orgânico. Arquivos do Instituto Biológico, v.77, n. 4, p , VAZ, A. P. A.; JORGE, M. H. A. Coentro, série plantas medicinais, condimentares e aromáticas Disponível em: < br/publicacoes/ficha.php?topicobusca=fol&titulo=fol+-+folder+t%c3%a9cnico>. Acesso em: 17 abr