Viabilidade econômica do consórcio rúcula e beterraba em função da sazonalidade de preços.

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1 Viabilidade econômica do consórcio rúcula e beterraba em função da sazonalidade de preços. Diego Resende de Queirós Pôrto 1 ; Bráulio Luciano Alves Rezende 1 ; Arthur Bernardes Cecílio Filho 2 ; Gilson Silvério da Silva 3 ; Maria Inez Espagnoli Geraldo Martins 4. 1 Pós-graduandos em Agronomia (Produção Vegetal), UNESP; 2 Prof. Dr. UNESP, Depto. Produção Vegetal, Via de acesso Prof. Paulo Donato Castellane, s/n, , Jaboticabal-SP. rutra@fcav.unesp.br; 3 Graduando em Agronomia, UNESP; 4 Profª. Dr. UNESP, Depto. Economia Rural. RESUMO Este trabalho foi realizado com objetivo de verificar a influência da sazonalidade de preços da rúcula e beterraba sobre a viabilidade econômica de cultivos consorciados das hortaliças. Para o estudo da viabilidade econômica, considerou-se o preço médio da rúcula e da beterraba nos meses de janeiro e fevereiro (verão), abril e maio (outono), julho e agosto (inverno), e no período de outubro a novembro (primavera), entre 1998 e As maiores receitas bruta e líquida foram observadas nos cultivos consorciados estabelecidos com a semeadura da rúcula ao zero dia após a semeadura (DAS) da beterraba e na emergência da beterraba, na época do verão. Houve efeito da sazonalidade de preços das hortaliças sobre a rentabilidade dos cultivos consorciados em relação aos seus monocultivos., Palavras-chaves: Beta vulgaris, Eruca sativa, cultivo consorciado, lucratividade. ABSTRACT Economic viability of the intercropping rocket and beet, in function of the seasonality of prices. This work was carried with objective to verify the influence of the seasonality of rocket prices and beet on the economic viability of intercropping cultivation of the vegetables. For the study of the economic viability, the average price was considered of the rocket and the beet in the months of January and February (summer), April and May (autumn), July and August (winter), and in the period of October the November (spring), between 1998 and The biggest gross revenues and liquid were observed in the intercropping cultivation established with the sowing of the rocket to the zero day after the sowing (DAS) of the beet and in the emergency of the beet, at the period of the summer. It had effect of the seasonality of prices of the vegetables on the profitability of the intercropping cultivation in relation to its monocultures. Keywords: Beta vulgaris, Eruca sativa, intercropping cultivation, profitability.

2 A tecnologia de consorciação de culturas apresenta, entre outras vantagens, maior eficiência de utilização da terra, diminuição dos riscos de perdas totais, melhor uso dos recursos ambientais e a possibilidade de obtenção de maior renda (Chagas & Vieira, 1984; Cardoso & Ribeiro, 1987). Nos últimos anos, a quantidade de trabalhos dirigidos ao estudo de consorciação de hortaliças no Brasil aumentaram significativamente. Entre muitos, em alface e rabanete (Cecílio Filho & May, 2002), beterraba e rúcula (Catelan et al. 2002a) e cenoura e alface (Oliveira et al. 2003), foi constatada viabilidade econômica e, ou, agronômica dos consórcios. Contudo, é reconhecida a variação de preços que as hortaliças apresentam ao longo do ano, podendo ser este um fator modificador da rentabilidade das culturas consorciadas ou não. A partir destas informações, o produtor poderá, para cultivos consorciados de viabilidade agronômica cientificamente comprovada, estabelecer entre as culturas consorciadas a que será considerada como principal, ou seja, aquela que será prioritariamente estabelecida e em maior participação (peso) no consórcio, em virtude de seu maior valor de remuneração ao produtor, naquela época específica. Neste sentido, o presente trabalho teve como objetivo avaliar a influência da sazonalidade de preços da beterraba e rúcula sobre a viabilidade econômica de cultivos consorciados das hortaliças. MATERIAL E MÉTODOS As produtividades das culturas de beterraba e rúcula em consórcio e em cultivo solteiro e os índices de uso eficiente de terra foram obtidos de Nardin (2002), o qual avaliou e constatou, em experimento conduzido na Unesp, Jaboticabal-SP, no período de junho a agosto de 2001, a viabilidade agronômica dos cultivos consorciados. Para se ter somente o efeito da sazonalidade de preços das hortaliças sobre a viabilidade econômica dos consórcios, foram utilizadas as mesmas produtividades das hortaliças em consórcio e em monocultivo, observadas por Nardin (2002) para as quatro épocas (verão, outono, inverno e primavera) em avaliação. De Catelan (2002b), foram obtidos os custos operacionais totais (COT) das culturas de beterraba e rúcula, adotando-se o mesmo valor para as quatro épocas, pelo motivo anteriormente exposto. Para cálculo da receita auferida nos cultivos, considerou-se o preço médio da beterraba e da rúcula nos meses de janeiro e fevereiro (verão), abril e maio (outono), julho e

3 agosto (inverno) e no período de outubro e novembro (primavera), observados entre 1998 e RESULTADOS E DISCUSSÃO Na Tabela1, encontram-se as produtividades e índices de uso eficiente da terra (UET) que quantificam a produção por área do consórcio em relação a dos monocultivos. Os preços médios da beterraba e da rúcula nas diferentes estações de cultivo (Tabela 2), demonstram comportamento diferente das hortaliças quanto a redução seqüencial de preços. Na rúcula os preços decrescem do verão para o inverno, sendo que do inverno para a primavera ocorre um aumento do preço. Já na beterraba, do verão para o outono ocorre um aumento do preço e do outono para a primavera o preço decresce sequencialmente. As maiores receitas bruta (Tabela 3) e líquida (Tabela 4), foram observadas nos cultivos consorciados estabelecidos com a semeadura da rúcula ao zero dia após a semeadura (DAS) (R$ ,08/ha e R$ ,42/ha) e na emergência da beterraba (R$ ,98/ha e R$43.670,20/ha), ambas na época do verão. Tais resultados são devidos ao elevado preço da rúcula no mercado, superior em 36,3%; 87,7% e 62% em relação aos preços verificados nas estações de outono, inverno e primavera, respectivamente. Observa-se que mesmo com a grande contribuição da beterraba na composição da receita do consórcio, em virtude da significativa maior quantidade de produto em relação a rúcula (Tabela 1), nota-se que a maior remuneração foi recebida em consórcio estabelecido ao zero DAS da beterraba, quando a produção da rúcula foi maior, somado ao seu maior preço de mercado. A rentabilidade medida pela receita líquida entre o melhor consórcio (0 DAS) e a receita líquida obtida no monocultivo da beterraba foi de 134%, 70%, 52% e 94% superior, respectivamente, nas estações de verão, outono, inverno e primavera. Em relação ao monocultivo de rúcula, a rentabilidade do consórcio estabelecido ao 0 DAS foi superior em 52%, 89%, 113% e 73%, respectivamente, nas estações do verão, outono, inverno e primavera. Com base no exposto, deve-se atentar para a época de cultivo a fim de estabelecer a melhor combinação das culturas envolvidas no consórcio, a fim de elevar a rentabilidade do cultivo. LITERATURA CITADA

4 CARDOSO, M. J.; RIBEIRO, V.Q. Comportamento de sistemas de associação milho com feijão macassar. Ciências Agronômicas, Fortaleza, v. 8, n. 2 p , CATELAN, F. Análise econômica dos cultivos consorciados de alface americana x rabanete e beterraba x rúcula em Jaboticabal-SP. 2002b. 63f. (Monografia Graduação), FCAV- UNESP, Jaboticabal-SP. CATELAN, F.; CANATO, G.H.D.; MARTINS, M. I. E. G.; CECILIO FILHO, A.B. Análise econômica das culturas de beterraba e rúcula, cultivadas em monocultivo e consórcio. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 20, supl. 2, p.1-4, 2002a. CECILIO FILHO, A. B; MAY, A. Produtividade das culturas de alface e rabanete em função da época de estabelecimento do consorcio, em relação aos monocultivos. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 20, n. 3, p , CHAGAS, J.M.; VIEIRA, C. Consórcio de culturas e razões de sua utilização. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v. 10, n. 118, p , NARDIN, R. R. Produtividade da beterraba e rúcula, em função da época de estabelecimento do cultivo consorciado f. (Monografia Graduação), FCAV-UNESP, Jaboticabal-SP. OLIVEIRA, A. M.; BEZERRA NETO, F.; NEGREIROS, M. Z. de; OLIVEIRA, E. Q. de. Indicadores agroeconômicos de consórcio cenoura e alfaces americanas em dois sistemas de cultivo em faixas. Horticultura Brasileira, v. 21, supl. 2, p.1-4, Tabela 1 - Produtividade, custo operacional total (COT) e índice de uso eficiente da terra (UET) das culturas de beterraba e rúcula em cultivo consorciado e solteiro. UNESP, Jaboticabal (SP), 2004.

5 Sistemas de cultivo Produtividade (kg/ha) COT Rúcula Beterraba (R$/ha) UET 0 DAS* ,66 2,13 Emergência da beterraba ,66 2,03 Desbaste da beterraba ,66 1,74 Monocultivo beterraba ,72 1,00 Monocultivo rúcula ,57 1,00 * DAS = semeadura da rúcula em dias após a semeadura da beterraba. ** DAD = semeadura da rúcula em dias após o desbaste da beterraba. Tabela 2 Preço médio das culturas de beterraba e rúcula em diferentes estações de cultivo. UNESP, Jaboticabal (SP), Culturas Preço médio (R$/kg) Verão (1) Outono Inverno Primavera Beterraba 0,57 0,67(+17,5) (2) 0,59 (-11,9) (3) 0,47 (-20,3) (4) Rúcula 3,68 2,70 (-26,6) 1,96 (-27,4) 2,27(+15,8) (1) Verão (janeiro-fevereiro); Outono (abril-maio); Inverno (julho-agosto); Primavera (outubro-novembro). (2) Valor percentual de redução (-) ou aumento (+) no preço da hortaliça entre os meses de verão/outono, outono/inverno (3) e inverno/primavera (4). Tabela 3 Receita bruta (RB) das culturas de beterraba e rúcula em cultivo consorciado e solteiro, nas diferentes épocas do ano. UNESP, Jaboticabal (SP), Sistemas de cultivo RB (R$/ha) Verão** Outono Inverno Pimavera 0 DAS * , , , ,58 Emergência da beterraba , , , ,88 Desbaste da beterraba , , , ,45 Monocultivo beterraba , , , ,39 Monocultivo rúcula , , , ,60 *DAS = semeadura da rúcula em dias após a semeadura da beterraba. **Verão (Janeiro-Fevereiro); Outono (Abril-Maio); Inverno (Julho-Agosto); Primavera (Outubro-Novembro). Tabela 4 - Receita líquida (RL) das culturas de beterraba e rúcula em cultivo consorciado e solteiro, nas diferentes épocas do ano. UNESP, Jaboticabal (SP), Sistemas de cultivo RL (R$/ha) Verão** Outono Inverno Primavera 0 DAS* , , , ,92 Emergência da beterraba , , , ,22 Desbaste da beterraba , , , ,79 Monocultivo beterraba , , , ,67 Monocultivo rúcula , , , ,03 *DAS = semeadura da rúcula em dias após a semeadura da beterraba. **Verão (Janeiro-Fevereiro); Outono (Abril-Maio); Inverno (Julho-Agosto); Primavera (Outubro-Novembro).