UNIVERSIDADE PEDAGÓGICA CENTRO DE EDUCAÇÃO ABERTA E À DISTÂNCIA BOLETIM INFORMATIVO

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1 BOLETIM INFORMATIVO UP-CEAD/Março/2015 MarçoAbril 2015 PROGRAMA DE COOPERAÇÃO ENTRE A UP E A UAB NO ÂMBITO DA EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA NA REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE

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3 UNIVERSIDADE PEDAGÓGICA CENTRO DE EDUCAÇÃO ABERTA E À DISTÂNCIA BOLETIM INFORMATIVO Título: BOLETIM INFORMATIVO (Março/Abril) Autor: Universidade Pedagógica & Centro de Educação Aberta e a Distância Redação: Oreste Preti Revisão: Alice Freia Layout & Maquetização Jubel D. Castiano Local de edição: Maputo Data: Março 2015 Site:

4 PROGRAMA DE EXPANSÃO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR A DISTÂNCIA NA REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE Oreste Preti 1 Como tudo começou Em março de 2010, durante uma visita do ex-presidente do Brasil Luis Inácio Lula da Silva a Moçambique, foi ventilada a possibilidade de uma cooperação entre o governo de Moçambique e do Brasil na área da Educação Superior para formação de gestores públicos e de professores do ensino básico e ensino secundário geral. Por parte do governo moçambicano havia interesse na formação dos profissionais da educação e dos funcionários públicos para melhorar a qualidade do ensino e do serviço público na tentativa de alinhar as exigências do desenvolvimento econômico e produtivo com os conhecimentos e preparação exigidos por esse mesmo desenvolvimento. Havia vontade política por parte do governo brasileiro em estabelecer laços mais fortes com países africanos de Língua Portuguesa, oferecendo diferentes tipos de serviços e apoio financeiro, sobretudo no campo da educação. Assim, por decisão política de dois governos, nasceu o Programa de cooperação entre a UP e a UAB no âmbito da Educação à Distância. Porém, o facto do presidente Lula estar no fim do mandato, em 2010, provocou certo aceleramento nas negociações entre os dois países, entre os Ministérios da Educação e entre as universidades que foram envolvidas para implantar e implementar o Programa. No prazo de seis meses (maio a outubro 2010), foi discutido e desenhado o sistema de EaD do Programa, elaborados os projetos pedagógicos dos cursos a serem oferecidos para atender às especificidades de Moçambique e, ao mesmo tempo, às exigências legais das instituições de ensino superior envolvidas. A cooperação seria viabilizada pela ação dos Ministérios da Educação dos dois países e no âmbito do Sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB), sob a coordenação da CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), através da sua Direcção de Educação à Distância (DED/CAPES). O Sistema Universidade Aberta do Brasil foi proposto, em 2003, pelo Forum das Estatais pela Educação, com o objetivo de articular e integrar um sistema nacional de educação superior a distância em caráter experimental a entrar em funcionamento em Foi instituido pelo Decreto 5.800, de 8 de junho de Professor aposentado da UFMT, consultor internacional e Coordenador residente do Programa de 1/07/11 a 1/07/14 (4)

5 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA - 90 estudantes BIOLOGIA Universidade Pedagógica UP Universidade Federal de Goiás - UFG 209 estudantes Universidade Eduardo Mondlane - UEM Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) ENSINO BÁSICO 219 estudantes Universidade Pedagógica - UP Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro UNIRIO MATEMÁTICA Universidade Pedagógica Universidade Federal Fluminense - UFF Ao longo de seis meses foram realizados encontros no Brasil e em Moçambique entre as equipes das seis instituições públicas envolvidas para a formulação da proposta pedagógica dos respectivos cursos. Com a Portaria Normativa de nº 22, de 26 de outubro de 2010, o Ministério da Educação do Brasil (MEC) instituiu o Programa. No dia 9 de novembro de 2010, no Centro Provincial de EaD (5) 176 estudantes (CPED) de Maputo, o então presidente Lula proferiu a Palestra de Aula Inaugural, com a presença de autoridades moçambicanas e brasileiras. Um grupo de estudantes de Maputo pôde assistir presencialmente e os da Beira e de Lichinga acompanharam o evento por meio de videoconferência. Na mesma ocasião foi assinado o Ajuste Complementar e o Projeto de Cooperação Técnica Assinatura do Convênio na UP com a presença dos reitores das universidades envolvidas, o reitor da UNILAB e o presidente da CAPES Participariam a Universidade Eduardo Mondlane (UEM), a Universidade Pedagógica (U) e quatro universidades federais brasileiras que foram convidadas por sua experiência em EaD e pela tradição de seus cursos. Inicialmente, seriam oferecidos os cursos de Administração Pública, Ensino de Biologia, Ensino de Matemática e Ensino Básico. entre o Governo Brasileiro e o Governo Moçambicano, com a participação da Agência Brasileira de Cooperação, Ministério das Relações Exteriores, da CAPES, do Instituto Nacional de Educação a Distância (INED) e dos reitores das seis universidades envolvidas, além do reitor da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia AfroBrasileira (UNILAB). Assinatura do Convênio na UEM com a presença dos dois reitores das universidades envolvidas e o Presidente da CAPES

6 No segundo semestre de 2010 e início de 2011, foram realizados encontros de formação de autores, docente e tutores e o Programa foi apresentado e discutido com as instituições moçambicanas envolvidas. 1ª etapa do Programa O ano acadêmico iniciou em 28 de fevereiro de 2011, com 694 estudantes matriculados nos quatro cursos, atendidos em três Centros de Recursos: nas cidades de Maputo, da Beira e de Lichinga. O Programa previa, até final de 2014, a instalação de 10 Centros de Recursos (um em cada região do País), com mais de 7 mil estudantes matriculados (5,5 mil professores do Ensino Secundário e Básico e 1,5 mil funcionários da administração pública). O Programa apresentava algo inédito: os estudantes moçambicanos receberiam certificado com reconhecimento binacional. Pois, estariam matriculados numa universidade moçambicana e, ao mesmo tempo, numa das quatro universidades federais mencionadas anteriormente. Além do material didático (impresso e/ou digitalizado) e 2 Pedras no meio do caminho Durante os meses de 2010, as equipes envolvidas no Programa foram se preparando para a longa caminhada de um curso de licenciatura, mas, assim que foi dada a largada dos cursos, em 2011, alguns componentes de apoio prometidos começaram a falhar, como a infra-estrutura básica de apoio aos estudantes nos Centros de Recursos, o material didático, os livros nas bibliotecas, os recursos financeiros. No início do caminho não havia uma pedra e sim várias do atendimento no Centro de Recursos (nomeado de polo no Brasil) por tutores presenciais, o estudante teria acesso à plataforma de ensino do curso para ser atendido por professores e tutores a distância (moçambicanos e/ou brasileiros). pedras que iriam tornar o caminho mais árduo do que o previsto. 2.1 Infra-estrutura Os Centros de Recursos de Lichinga (inaugurado em abril 2010) e de Maputo (setembro 2008), instalados em espaços arquitetonicamente bem construídos, apresentavam problemas nas instalações elétricas, no fornecimento de água e no funcionamento da internet. Foto do Centro Provincial de EaD Maputo Foto do Centro Provincial de EaD de Lichinga (6)

7 Diversamente, o Centro de Recursos da Beira, funciona no campus da Universidade Pedagógica. Embora com espaço reduzido, tem a vantagem de poderem ser utilizadas as instalações da Universidade Pedagógica, como o laboratório de Biologia, a sala de informática, a biblioteca, as salas para encontro de estudantes e para avaliações presenciais, o anfiteatro. 2.2 Perfil e dispersão geográfica dos estudantes O processo de selecção dos estudantes havia ficado a cargo das instituições moçambicanas. A UP deixou a seleção a cargo da Delegação onde está instalado o Centro de Recursos (Beira e Lichinga), a partir de uma lista enviada pela Direcção Provincial de Educação e Cultura à UP. Dois critérios básicos foram seguidos: ser professor na Província e estar a lecionar disciplinas relacionadas à área do curso pretendido. Nesse processo, nem sempre foi bem dimensionada a implicação posterior da localização geográfica dos candidatos, sobretudo os dos cursos da UP, em Lichinga. Embora 63,4% dos estudantes residem em locais distantes até 30 km, os demais estão espalhados por toda província, alguns residindo a mais de 500 km do Centro de Recursos e/ou em locais sem rede de internet e, às vezes, sem energia, com estradas muito precárias, não transitáveis no período das chuvas. Tudo isso implicando dispêndio de tempo e de recursos por parte do estudante. Uma solução encontrada pelo Centro de Educação à Distância (CEAD) da UP na oferta de cursos a distância em todo País, foi criar nos distritos onde havia maior número de estudantes, pequenos Centros de Recursos - uma sala de estudo, dois ou três computadores e acesso à internet - para onde se deslocam tutores e/ou professores para prestar atendimento aos estudantes, sempre que possível, Centro de Educação à distância na UP- Beira nos finais de semana. O Programa pôde, deste modo, se beneficiar dessa estrutura e dinâmica. 2.3 Acompanhamento e avaliação dos estudantes Como o Programa prevê a dupla diplomação, há o envolvimento de docentes e tutores a distância das instituições brasileiras e moçambicanas. Com os problemas técnicos das plataformas de ensino, com a falta ou a instabilidade da internet nos Centros de Recursos e com a dificuldade da maioria dos estudantes terem acesso à internet, foi um desafio contínuo para estudantes, docente e tutores viabilizarem interação nos processos de ensino e aprendizagem. (7)

8 2.4 Material didáctico No 2º semestre de 2010 foram realizados encontros de formação de autores de material didáctico das disciplinas a serem oferecidas pela UP, mas estes encontros foram suspensos no primeiro semestre de 2011 e com ele o processo de produção do material didáctico. Pois, a coordenação do Programa Encontro com estudantes no CPED de Lichinga 12/2/2011 estava aguardando decisão da DED/ CAPES para liberação recursos envolvidos no processo (revisores, ocorreria no segundo semestre de financeiros da UAB para pagar ilustradores, diagramadores). A os autores e demais profissionais liberação dos recursos somente Assim, a solução que restou às coordenações de curso foi: a) utilizar material já disponível de outros cursos na própria instituição ou de outras instituições (como o produzido no âmbito da UAB); b) textos que os docentes estavam produzindo por própria iniciativa ou a pedido da coordenação do Centro de Educação à Distância (que chegou a pagar docentes para produção do material visando o uso nos cursos a distância que oferecia). Visita do ex-presidente Lula ao Programa em 20/11/12 no CPED em Maputo 3 Resultados Apesar das dificuldades vivenciadas por um Programa complexo como este e sua fase experimental, há indicadores que apontam para o seu êxito. Entre eles, podemos destacar: (8) 3.1 Permanência dos estudantes Em todos os cursos, o abandono foi modesto; em média, atingiu índices de 13,9%, considerados baixos para os padrões brasileiros e moçambicanos. O curso de Ensino Básico teve o menor índice de abandono (3,6%) e é o que tem apresentado frequência alta em todas as actividades presenciais.

9 Número de matrículas e taxa de abandono por curso, ano e Centro de Recursos Centro de Recursos Abandono Beira Lichinga Maputo TOTAL Faleci mentos Cursos Ano n. % ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ,3 BIOLOGIA ,3 ENSINO BÁSICO ,6 MATEMÁTICA ,5 TOTAL ,9 A permanência e persistência dos estudantes pode ser atribuída a diferentes fatores: o apoio significativo dos tutores nos Centros de Recursos, o envolvimento e compromisso das equipas de coordenação de cursos, o material didáctico impresso e disponibilizado na plataforma, a interação de muitos docentes com seus estudantes, mas, sobretudo, a motivação pessoal do estudante para obter sucesso e chegar ao final do percurso. 3.2 Desempenho positivo nas avaliações Com todas as dificuldades de acesso ao Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) e de frequência aos Centros de Recursos, a maioria dos estudantes vem obtendo êxito nas disciplinas, sobretudo os que se encontram em situações mais adversas, como os de Lichinga. Isso é devido também aos esforços das coordenações de curso procurando viabilizar re-oferta de disciplinas e exames, oferecendo, assim, aos estudantes a possibilidade de refazer o percurso e obter êxito. Em 2015, prevê-se a conclusão da primeira oferta dos cursos pelo Programa. Não temos, ainda, dados do quantitativo dos estudantes que concluirão o curso. Espera-se que pelo menos 80% obtenham êxito e possam ser graduados. Havia entendimentos entre os intervenientes para a realização da expansão da oferta de novas matrículas no Programa, a partir de 2015, com re-ofertas dos cursos nos locais em que já estão instalados, além da oferta em novos Centros de Recursos, para atender, até o ano de 2019, professores e gestores públicos de Moçambique. Porém, mudanças de ventos na gestão da Diretoria de Educação a Distância da CAPES (junho 2014) e a crise econômica que o Brasil passou a vivenciar de maneira mais explícita a partir do 2º semestre de 2014 atingiram o Programa. Situação actual A coordenação executiva no Brasil (a partir de maio de 2014) e a coordenação em Moçambique (a partir de julho de 2014), com o término e a não renovação de seus contratos por parte da CAPES, deixaram de actuar. Assim, a expansão prevista - que estava sendo preparada no 1º semestre de com a instalação da infra-estrutura necessária nos novos locais (equipamentos, laboratórios, obras de referência) e a finalização da produção do material didático, fiaram comprometidas. Porém, as turmas da primeira oferta continuam sendo atendidas até finalização do curso, prevista para final deste ano ou início do próximo, graças aos esforços, sobretudo, dos intervenientes da UP e ao acompanhamento a distância pelos coordenadores brasileiros. (9)

10 BOLETIM INFORMATIVO Centro de Educação Aberta e à Distância UP-CEAD/02/2015 Bairro do Zimpeto, Av. de Moçambique, Condomínio Vila Olímpica, bloco 22 edifício 4, R/C Tel