Variáveis anatômicas foliares de Glycine max (L.) Merril tratadas com extratos vegetais e infectadas pelo fungo Phakopsora pachyrhizi.

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Elias Medina Furtado
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1 Variáveis anatômicas foliares de Glycine max (L.) Merril tratadas com extratos vegetais e infectadas pelo fungo Phakopsora pachyrhizi. Magaiver A. Silva 1 ; Roseli Betoni 2 ; Viviane Decian 1 ; Rosilda Mussury 3 ; Silvana Scalon 3 ; Camila Kissmann 2 1.Graduando do Centro Universitário da Grande Dourados-UNIGRAN. Dourados, MS; 2. UFGD- Universidade Federal da Grande Dourados-Faculdade de Ciências Agrárias-Pós-graduanda em Produção vegetal; 3. Docente Universidade Federal da Grande Dourados-UFGD. Dourados, MS. roselibetoni@yahoo.com.br RESUMO A ferrugem da soja tem causado diversos danos a cultura e assim o presente trabalho analisou as variações anatômicas na folha de Glycine max quando tratadas com diferentes extratos vegetais. Observou-se que a aplicação de extratos vegetais em plantas infectadas por Phakopsora pachyrhizi induziu a modificações na espessura dos diferentes tecidos foliares. As folhas tratadas com extratos de Azadirachta indica (nim), Maytenus ilicfolia (espinheira-santa) e Allium sativum L., (alho) apresentaram maior espessura de todos os tecidos analisados. Palavras chaves: Glycine max, ferrugem, soja ABSTRACT- Anatomical foliar variables of Glycine max (L.) Merril treated with vegetal extracts and infected by Phakopsora pachyrhizi fungus. The soybean rust has caused diverse damages in the culture and this present work analyzed anatomical variations in the Glycine max leaf when treated with different vegetal extracts. It was observed that the application of vegetal extracts in plants infected by Phakopsora pachyrhizi, induced to modifications in the thickness of different foliar fabrics. The leaves treated with Azadirachta indica (nim), Maytenus ilicfolia (espinheira-saint) and Allium sativum L., (garlic) extracts presented greater thickness of all the analyzed fabrics. Keywords: Glycine max, rust, soybean De forma geral, as plantas desenvolveram mecanismos de defesa contra os fitopatógenos, os quais respondem imediatamente após a presença destes organismos nos tecidos hospedeiros. Nesta interação, o simples contato entre o fitopatógeno e a planta desencadeia uma série de reações de reconhecimento, resultando em

2 modificações bioquímicas, anatômicas e fisiológicas e, posteriormente, em mudanças morfológicas visíveis. O conhecimento da maneira pela qual um fitopatógeno altera a anatomia e o crescimento do vegetal pode auxiliar no combate às doenças, assim como também na diminuição dos danos causados às culturas (Pascholati & Leite 1995). De acordo com Pascholati & Leite (1995), as plantas desenvolveram mecanismos estruturais e bioquímicos para evitar ou mesmo retardar uma infecção, sendo que estes mecanismos podem ser expressos espontaneamente pela planta ou serem incitados pelo patógeno, sendo assim, designados de passivos e induzidos, respectivamente. Os mecanismos de resistências estruturais têm a função de inibir física e quimicamente a ação patogênica, enquanto os bioquímicos têm a função de alterar a fisiologia do patógeno (Aist, 1983). A primeira barreira que os microorganismos encontram para estabelecer a infecção é a cutícula e a parede celular. As alterações na parede de células infectadas têm sido estudadas em vários patossistemas, visando reconhecer as principais modificações na planta hospedeira e em que nível tissular ocorrem as reações de resistência. Assim o presente trabalho teve por objetivo avaliar in vivo as modificações anatômicas nos diferentes tecidos vegetais foliares de Glycine max (L.) Merril tratadas com extratos vegetais e infectadas pelo fungo Phakopsora pachyrhizi. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido no horto de Plantas Medicinais e no laboratório de Botânica do Centro Universitário da Grande Dourados-UNIGRAN. Um total de 100 sementes da cultivar 181 foram semeadas em vasos plásticos contendo 3 kg da mistura de terra, areia e esterco (2:1:2). Para inoculação foi preparada uma suspensão de urediniósporos de Phakopsora Pachyrhizi (3 x 10 4 esporos por ml, contendo 0,1 ml de Tween 20% por 10 ml) a qual foi aplicada com pulverizador manual de 1 litro. As plantas inoculadas com fungo foram mantidas em casa-de-vegetação. Em 30 dias após a semeadura, quando as mesmas estavam com o 3 nó trifolio completamente expandido acima do nó unifoliado, realizou-se a aplicação dos extratos de Mentha piperita L., (hortelã), Alternanthera brasiliana L. (terramicina), Melissa officinalis (melissa), Cymbopogon citratus (capimlimão), Rosmarinus officinalis L., (alecrim), Pfaffia glomerata (ginseng brasileiro), Azadirachta indica (nim), Maytenus ilicfolia (espinheira-santa) e Allium sativum L., (alho). Para obtenção dos extratos, foram pesadas 20g de folhas secas e trituradas, adicionou-se 100mL de álcool etílico à 70% e deixou-se por sete dias em temperatura ambiente agitando-os a cada dois dias. A seguir o material foi filtrado em papel de filtro e armazenado em frascos âmbar a uma temperatura de 20ºC. No caso do Allium sativum L.

3 (alho), foi feito o extrato dos bulbilhos secos e triturados. Cada planta de soja no momento da aplicação foi protegida de forma que os extratos não interferissem em outra planta tratado com outro extrato. Também foi mantido um tratamento testemunha sem aplicação e controle negativo com álcool 70%. A Aplicação dos extratos foi feita em três dias consecutivos, três vezes ao dia até que a planta mostrasse sinais de. Após o período de aplicação procedeu-se a análise anatômica. O estudo anatômico foi feito ao final do experimento. Foram amostrados secções transversais do terço mediano do folíolo central de 10 folhas provenientes de indivíduos diferentes, à mão livre, utilizando-se material fresco. As secções obtidas à mão livre foram clarificadas com hipoclorito de sódio a 20% e, após serem lavadas em água acética 2%, foram submetidas à coloração safrablau e montadas em gelatina glicerinada (Dop & Gautié, 1928). O laminário preparado foi analisado em microscópio de luz e as medidas da espessura dos tecidos foliares foram realizadas com ocular micrométrica. Foram medidos a espessura da cutícula, epiderme, parênquima paliçádico, parênquima paravenal e nervura central. O experimento foi analisado com base em Delineamento Inteiramente Casualizado com 10 tratamentos (extratos) e 10 repetições. RESULTADOS E DISCUSSÃO No patossistema avaliado verificou-se que a aplicação dos extratos induziu modificações na espessura dos diferentes tecidos vegetais analisados, como pode ser observado na tabela 1. Tabela1: Espessura (µm) dos tecidos da folha de Glycine max tratadas com diferentes extratos vegetais. Dourados,MS, (CS cutícula superior; EPS epiderme da face adaxial; PP parênquima paliçádico; PPV parênquima paravenal; EPI epiderme da face abaxial; CI cutícula inferior; NC nervura central).

4 Extratos/Variáveis CS EPS PP PPV EPI CI NC Espinheira-santa 9,6 a 74 ab 430 ab 440 a 72 ab 10 a 1262 a Nim 9,6 a 76 ab 414 abc 400 ab 74 ab 9,2 a 1180 ab Alho 8,8 a 88 a 460 a 378 ab 80 a 10 a 1080 bc Capim-limão 10 a 64 bc 404 abc 336 ab 56 b 10 a 1064 bc Melissa 10 a 62 bc 406 abc 344 ab 68 ab 10 a 962 c Hortelã 10 a 66 abc 378 bcde 358 ab 68 ab 10 a 1078 bc Terramicina 10 a 66 abc 392 abcd 336 ab 60 ab 10 a 1050 bc Fáfia 10 a 58 bc 314 e 296 b 62 ab 9,6 a 1094 bc Alecrim 9,6 a 50 c 328 de 334 ab 70 ab 10 a 1016 c Água 10 a 54 bc 364 bcde 306 b 54 b 10 a 1060 bc Alcool 70% 9,6 a 62 bc 344 cde 346 ab 74 ab 9,6 a 1320 a cv (%) 6,4 16,6 8,4 15,6 15,2 5,1 6,3 De acordo com Bettiol (1991), o controle alternativo das doenças de plantas inclui a indução de resistência em plantas ou também denominada indução de proteção, imunidade adquirida ou resistência sistêmica adquirida. Esses mecanismos de resistência induzidos podem ser estruturais ou químicos, como a formação de papilas, lignificação, tiloses, acúmulo de fitoalexinas e de proteínas relacionadas a patogênese (Pascholati & Leite, 1995). Os trabalhos desenvolvidos com extratos obtidos a partir de plantas medicinais têm indicado o potencial das mesmas para diversas ações entre elas o controle de fitopatógenos, pela indução de fitoalexinas e pouco comum a modificação anatômica dos tecidos de plantas. Assim, observou-se no presente estudo o aumento de espessura dos tecidos em soja tratada principalmente com Azadirachta indica (nim), Maytenus ilicfolia (espinheira-santa) e Allium sativum L., (alho), indicando que novos ensaios devem ser conduzidos com essas plantas no sentido de determinar o modo de ação das substâncias produzidas conferindo o aumento de espessura marcante em determinados tecidos o que provavelmente confere uma maior ativação do metabolismo de defesa da planta. AGRADECIMENTOS Ao CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e à FUNDECT-MS (Fundação de apoio ao desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul) pelo apoio financeiro. LITERATURA CITADA AIST, J.R. Structural responses as resistance mechanisms. In: BAILEY, J.A.; DEVERALL, B.J. (Ed.). The dynamics of host defense. New York: Academic Press, p

5 BUKATSCH, F. Bemerkungen zur Doppelfärbung Astrablau Safranin. Mikrokosmos, v.61, n.8, p BETTIOL, W. (Ed.) Controle Biológico de doenças de plantas. Jaguariúna: EMBRAPA- CNPDA, p. (EMBRAPA-CNPDA. Documentos, 15). DOP, P.; Gautié, A. Manual de technique botanique. 2.ed. Paris: J. Lamare, 594p PASCHOLATI, S.F.; LEITE, B. Hospedeiros: mecanismos de resistência. In: BERGAMIN FILHO, A.; KIMATI, H.; AMORIN, L. Manual de fitopatologia: princípios e conceitos. 3.ed. São Paulo: Ceres, v.1, p

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