Conceito, causas e efeitos, liderança versus assédio, valoração do dano e sua prevenção

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1 O Assédio Moral no Trabalho Conceito, causas e efeitos, liderança versus assédio, valoração do dano e sua prevenção

2 1ª edição ª edição 2013

3 João Luís Vieira Teixeira Advogado militante na área trabalhista. Especialista em Direito Material e Processual do Trabalho pelo Centro Universitário UniCuritiba. Pós-graduado em Gestão em Direito Empresarial pela FAE. Pós-graduado em Direito do Trabalho pela FGV. O Assédio Moral no Trabalho Conceito, causas e efeitos, liderança versus assédio, valoração do dano e sua prevenção 2ª Edição

4 EDITORA LTDA. Todos os direitos reservados Rua Jaguaribe, 571 CEP São Paulo, SP Brasil Fone (11) Produção Gráfica e Editoração Eletrônica: LINOTEC Projeto de Capa: FÁBIO GIGLIO Impressão: FORMA CERTA Novembro, 2013 Versão impressa - LTr ISBN Versão digital - LTr ISBN Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Teixeira, João Luís Vieira O assédio moral no trabalho : conceito, causas e efeitos, liderança versus assédio, valoração do dano e sua prevenção / João Luís Vieira Teixeira. 2. ed. São Paulo : LTr, Bibliografia 1. Ambiente de trabalho 2. Assédio moral 3. Dano moral 4. Medicina do trabalho 5. Direito do trabalho I. Título CDU-34: Índice para catálogo sistemático: 1. Ambiente de trabalho : Assédio moral : Direito do trabalho 34: Assédio moral : Ambiente do trabalho : Direito do trabalho 34:

5 Dedico esta obra às preciosas Carolina, Isadora e Vanessa.

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7 Sumário Apresentação... 9 Prefácio Introdução Conceito e Definições Dano Moral x Assédio Moral Assédio Moral x Assédio Sexual no Ambiente de Trabalho Prova Causas Efeitos Efeitos Colaterais Liderança x Assédio Exemplos Típicos de Assédio Moral Instituições Financeiras Empresas de Telemarketing... 71

8 8 João Luís Vieira Teixeira 9.3. Empresas de Transporte Coletivo Órgãos Públicos Contratos de Representação Comercial Jurisprudência Responsabilidade Relações de Trabalho e Relações de Emprego Valoração do Dano Indenizável Prevenção Conclusão Referências Bibliográficas

9 Apresentação Trata-se de importante obra sobre assunto de extremo interesse de todos os que militam na área jurídico-trabalhista ou que, de alguma forma, têm contato com esta, além de ser interessante obra de apoio a empresários, gestores de empresas e empregados. O assédio moral, psicoterror ou mobbing, é a prática de atos que visam a atingir o moral de um trabalhador, humilhando-o, e que deve ser banida do ambiente de trabalho das empresas, tamanha sua perversidade e potencial ofensivo à honra e à saúde do trabalhador. Por meio de texto claro e conciso, o autor aborda questões como a conceituação do assédio moral, sua diferenciação em relação ao assédio sexual, exemplos de condutas caracterizadoras do primeiro, jurisprudência específica acerca do tema, políticas de prevenção ao assédio moral etc. E vai além: tem a ousadia de oferecer sugestões para viabilizar a valoração do dano indenizável mediante regras simples e inovadoras. Também é abordada a importante questão da liderança. Como ser um bom líder sem recorrer ao assédio moral? Por tudo isso, sua leitura é indispensável para advogados, juízes, procuradores, empresários, trabalhadores, acadêmicos e todos aqueles interessados em se aprofundar no estudo do assédio moral. Agora, atualizada, a obra possui mais riqueza de exemplos e mais jurisprudência específica sobre o tema abordado.

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11 Prefácio A proteção dos trabalhadores em geral, empregados e não empregados, autônomos, eventuais e avulsos, contra atos que configurem agressão moral, assédio moral e assédio sexual é uma exigência que tem por finalidade a defesa da própria dignidade do ser humano, como ressaltam diversos estudos sobre o tema, como os de Valdir Florindo, Dano Moral e o Direito do Trabalho (2002), Pinho Pedreira, A Reparação do Dano Moral no Direito do Trabalho (Rev. LTr, v. 55, p ), Rodolfo Pamplona Filho, O Dano Moral na Relação de Emprego (1999), Gislene Sanches, Dano Moral e suas Implicações no Direito do Trabalho (1997), Paulo Eduardo Oliveira, O Dano Pessoal no Direito do Trabalho (2002), Enoque Ribeiro dos Santos, Dano Moral na Dispensa do Empregado (2002), Sônia Mascaro, Assédio Moral no Ambiente de Trabalho, entre outros, aos quais agora é acrescentado o livro de João Luís Vieira Teixeira, autor da obra Comissões de Conciliação Prévia Trabalhistas, advogado militante na área trabalhista, especialista em Direito Material e Processual do Trabalho pelo Centro Universitário UniCuritiba, pós-graduado em Gestão em Direito Empresarial pela FAE e pós-graduado em Direito do Trabalho pela FGV. O Autor examina o tema sempre com ampla fundamentação na jurisprudência, teoria e prática: nesta, com a descrição de situações concretas, levando em conta tipos de empresas, fator que despertou a sua atenção para incluir entre aqueles que devem ser considerados na avaliação dos casos concretos. Analisa, numa perspectiva ampla, conceitos da doutrina, causas, efeitos sobre as vítimas, meios de prova e formas de reparação. No plano dogmático, conceitua assédio moral como prática constante de atos de perseguição, coação, humilhação ou atitudes afins com o objetivo de mi-

12 12 João Luís Vieira Teixeira nar a resistência psicológica do trabalhador, menosprezando-o, e levando-o a um estado de depressão ou tristeza profunda, comprometendo o seu rendimento profissional e seu moral. Não deixa de salientar um requisito indispensável à caracterização do assédio moral: a intencionalidade dos atos praticados, o ânimus do agente, o elemento subjetivo, com o que estou de pleno acordo. Não é possível a configuração do assédio moral sem que o autor tenha o propósito firme de humilhar a vítima, aspecto que não deixou de ser notado neste livro e que às vezes é relegado a plano secundário quando é, efetivamente, um elemento essencial do tipo. Assim, é de toda consistência a afirmação de que jamais o assédio se configurará sem que o assediador tenha plena consciência de seus atos. Ele até poderá desconhecer algumas das suas consequências (ou todas elas), mas nunca ignorar que sua conduta é irregular e, talvez em um futuro próximo, até mesmo criminosa. Acompanho, também, como já mostrei em meus livros, o entendimento de Vieira Teixeira sobre a diferença conceitual entre assédio moral e dano moral. Realmente, assédio moral implica a existência de um dano moral, enquanto dano moral pode se caracterizar sem a existência de qualquer assédio de natureza moral. Prefiro, inclusive, dar uma dimensão maior a esse aspecto para dizer que a continuidade é da essência tipológica do assédio, enquanto que o dano pode ocorrer sem continuidade de atos, mas com a prática de um só e mesmo ato como salienta Vieira Teixeira. Em outras palavras, assédio pressupõe, como elemento que compõe a sua figura jurídica, a repetição de um ato, a reiteração de uma conduta, a prática constante. Do assédio resultará um dano, e a relação entre as duas figuras é a de meio e fim. O assédio é utilizado com a finalidade de causar ao ofendido um dano à sua moral. A aparente falta de legislação própria sobre o tema é explicada pelo Autor como falta de lei trabalhista, mas não de lacuna do ordenamento jurídico, uma vez que o art. 5º, V, da Constituição Federal, dispõe sobre o tema e garante indenização por dano moral, o que, obviamente, é aplicável, também, às relações de trabalho. Ao problema da prova, difícil no caso, entende que o ônus pertence a quem o alega, portanto, ao trabalhador, não descartando a validade da prova por meio de gravações, além de outras formas. À quantificação da indenização de dano moral reporta-se às teorias e se posiciona no sentido de não mais poder utilizar os parâmetros da Lei de Imprensa, como alguns ainda o fazem, pois esta não teria sido recepcionada pela atual Constituição da República. Opta, como melhor forma de reparação de um dano de ordem moral, pela condenação ao pagamento de uma indenização, em dinheiro, para a maioria dos casos, advertindo que há uma questão terminológica porque alguns autores não mencionam indenização ou reparação do dano moral, mas, sim, a compensação do dano moral.

13 o Assédio Moral no Trabalho 13 Não recomenda a analogia (CLT, art. 478) que poderá trazer num caso concreto uma injustiça. Haverá casos em que não bastará a conta simples da multiplicação do número de anos trabalhados na empresa pela última remuneração percebida pelo assediado, uma vez que, se a vítima do assédio tiver apenas alguns meses (4, por exemplo) de casa, para uma grande empresa e diante de uma gravíssima coação de ordem moral, o valor da indenização seria insuficiente, como, também, no caso de uma pequena ou microempresa e de um empregado com longo tempo de serviço a indenização teria um valor que o empregador não poderia suportar. Alerta que, de um lado, a condenação ao pagamento de uma indenização jamais poderá servir como meio de enriquecimento ilícito do ofendido, e, por outro lado, o assédio moral de um empregado também não pode, sob hipótese alguma, ficar impune e conclui com uma correta afirmação: é impossível a criação de uma tabela de valores de indenizações ou de regras simples para a aferição dos valores devidos, pois cada caso envolverá uma diversidade de aspectos referenciados a vários fatores como o porte da empresa, a dimensão do dano, o tamanho das ofensas, a estrutura psicológica do ofendido, a sua sensibilidade e outros. Estou certo de que este livro será da maior utilidade para quantos militam na nossa área, e também representa uma autêntica e valiosa contribuição aos estudos do Direito do Trabalho. Prof. Amauri Mascaro Nascimento

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15 Introdução Esta obra pretende abordar, com certa profundidade e riqueza de jurisprudência específica, a intricada questão do assédio moral nas relações de trabalho, sem abandonar a linguagem simples e direta. Deixaremos de lado longas explanações sobre a valorização do trabalho e do trabalhador, bem como teses sobre assuntos não diretamente relacionados ao tema. Muitos livros, textos e artigos já foram publicados acerca dessa questão. Todavia, alguns pecam por sua complexidade e falta de objetividade. Outros, por serem muito superficiais. E outros são bem exemplificativos e abordam, com propriedade, o tema a que se propõem debater. É nesse último grupo que pretendemos ver nosso trabalho incluído. Assim, iniciemos a abordagem do tema o assédio moral no trabalho. O assédio moral ocorrido nas relações de trabalho é, sem sombra de dúvida, um dos assuntos mais discutidos e que mais controvérsia tem gerado, hodiernamente, na Justiça do Trabalho. Há muitos conceitos, teses e ideias, às vezes conflitantes, sobre o tema. Sabemos que sua discussão é bastante recente (e acalorada) no meio jurídico, frequentando os Tribunais trabalhistas pátrios apenas nas últimas duas décadas, aproximadamente. O comum eram as ações com pedidos de indenização por danos morais, fruto de agressões, humilhações, ofensas, ou seja, oriundas de atos únicos. Ou, mesmo, em decorrência de acidentes de trabalho. Mas não é esse o nosso objetivo. Continuemos.

16 16 João Luís Vieira Teixeira Em tempos recentes, com a evolução do mercado e das condições de trabalho, a constante busca da redução de custos nas empresas e a crescente pressão pelo atingimento de metas por produtividade ou pela vendas de produtos, melhores níveis de qualidade, alcance de certificações internacionais etc., começaram a ser ajuizadas, nos fóruns trabalhistas pátrios, ações alegando a existência do denominado assédio moral, também conhecido como coação moral, pressão psicológica, psicoterror, terrorismo psicológico (Portugal), harcèlement moral (França), bullying ou stalking (Inglaterra), mobbing (Itália), harassment (EUA), ijime ou murahachibu (Japão) e acoso moral (Espanha), dentre outros. Ou seja: a evolução das condições de trabalho e da própria especialização das funções trouxe um lado negativo, especialmente, ao trabalhador. Vejamos um dado interessante. De janeiro até setembro de 2008, a Coordenadoria do Núcleo de Igualdade e Combate à Discriminação da Superintendência Regional do Trabalho registrou 369 queixas de trabalhadores que teriam sido vítimas de assédio moral em Curitiba/PR e Região Metropolitana. Desse total, 217 se tornaram ações na Justiça, e 152 apenas pediram orientação. Em 2007, a Coordenadoria recebeu 705 queixas (155 orientações e 550 processos). (1) Mas o que seria o referido assédio? Como ele se configura? O que o separa de uma cobrança exigível do empregado? Como a jurisprudência e a doutrina tratam desse polêmico e palpitante assunto? Qual a sua relação com o assédio sexual? Isso é o que pretendemos, modestamente, abordar neste livro. (1) Disponível em: < phtml?tl=1&id=820953&tit= Assedio-moral>. Acesso em: 24 out

17 1 Conceito e Definições Como já mencionado, a discussão sobre o assédio moral é relativamente nova em nossos Tribunais. Embora, na Europa, (1) o assunto seja mais debatido e comentado, aqui, no Brasil, ainda pecamos pela falta de legislação específica e, até mesmo, de posicionamentos mais uniformes acerca do tema. Ao final deste capítulo, veremos qual é o pilar central a amparar pedidos de indenização decorrente da prática de assédio moral. Primeiramente, antes mesmo de começarmos a discutir o assédio moral propriamente dito, conceituemos o dano moral na esfera trabalhista. Seria ele: o agravo ou o constrangimento moral infligido quer ao empregado, quer ao empregador, mediante violação a direitos ínsitos à personalidade, como consequência da relação de emprego. (2) Embora o conceito se aplique, no geral, ao dano moral, é sempre válida a sua recordação. E, como tratamos aqui, especificamente, do assédio moral, é claro que falamos do dano cometido contra o empregado, e não em face do empregador. (1) Portugal estuda incluir, no seu novo Código do Trabalho, vedação específica a essa prática, tal qual ocorre na França. Naquele país, aumentou muito a classe dos emprateleirados, empregados deixados de lado, sem atribuição alguma, com o único fim de que peçam demissão do emprego. As maiores vítimas são empregados mais antigos, na faixa dos 45 a 50 anos de idade. (2) DALAZEN, João Oreste. Aspectos do dano moral trabalhista. Revista Júris Síntese, n. 24, jul./ago

18 18 João Luís Vieira Teixeira Agora, voltemos à questão do conceito desta figura denominada assédio moral. Há inúmeros conceitos e definições acerca do tema, desde os mais elaborados e detalhistas até os mais concisos e simplistas. De início, os doutrinadores o definiam como: a situação em que uma pessoa ou um grupo de pessoas exercem uma violência psicológica extrema, de forma sistemática e frequente (em média uma vez por semana) e durante um tempo prolongado (em torno de uns 6 meses) sobre outra pessoa, a respeito da qual mantém uma relação assimétrica de poder no local de trabalho, com o objetivo de destruir as redes de comunicação da vítima, destruir sua reputação, perturbar o exercício de seus trabalhos e conseguir, finalmente, que essa pessoa acabe deixando o emprego (cf. Heinz Leymann, médico alemão e pesquisador na área de psicologia do trabalho, na Suécia, falecido em 1999, mas cujos textos foram compilados na obra de Noa Davenport e outras, intitulada Mobbing: emotional abuse in the american work place). Referido conceito é criticado por alguns doutrinadores por ser muito rigoroso. Principalmente por exigir determinado lapso temporal mínimo (cerca de seis meses) para a configuração de mencionada espécie de assédio. E as críticas possuem certa razão, pois, para determinados casos de assédio moral, é tamanha sua gravidade e repetição diária, que apenas alguns dias ou atos já poderiam caracterizá-lo. Já para alguns dicionários, o assédio (em geral, e não apenas o moral) é a insistência inoportuna, junto de alguém, com perguntas, propostas, pretensões, ações, pedidos, etc. Pioneiro no assunto, e há pouco mencionado, o psicólogo alemão radicado na Suécia, Heinz Leymann, por meio de textos colhidos em seu site na Internet, (3) conceitua o assédio moral como a deliberada degradação das condições de trabalho através do estabelecimento de comunicações não éticas (abusivas), que se caracterizam pela repetição, por longo tempo, de um comportamento hostil de um superior ou colega(s) contra um indivíduo que apresenta, como reação, um quadro de miséria física, psicológica e social duradoura. O Jurista Cláudio Armando Couce de Menezes (4) define assédio moral como submeter alguém sem trégua a ataques repetidos. O assédio moral requer, portanto, a insistência, repetições, procedimentos, omissões, atos, palavras, comentários, críticas, piadas. (3) Disponível em: < (4) Mestre em Direito do Trabalho pela PUC-SP e Juiz do Tribunal do Trabalho da 17ª Região. Artigo publicado no Júris Síntese n. 41, maio/jun. de 2003.

19 o Assédio Moral no Trabalho 19 Inclusive, citamos, mais à frente, interessante ementa de acórdão oriundo do Tribunal do Trabalho do Paraná (9ª Região) sobre essa questão de a repetição das agressões ser conditio sine qua non para a caracterização do assédio moral. Para o magistrado José Ribamar Oliveira Lima Júnior, do TRT do Distrito Federal (10ª Região), o assédio moral nas relações de trabalho se configura quando o trabalhador é exposto a constrangimentos perante seus semelhantes, de tal modo que o sofrimento causado tenha reflexos conhecidos e sabidos por seus pares. (5) Também já vimos a interessante conceituação pela qual se entende por assédio moral a conduta abusiva de empresa ou preposto que atente, por sua repetição ou insistência, contra a integridade física ou mental do trabalhador, colocando em risco o seu emprego e/ou degradando o seu ambiente do trabalho. Por outro lado, o Congresso Social do Reino Unido conceitua o bullying como um problema sério que muito frequentemente as pessoas pensam que seja somente um problema ocasional entre indivíduos. Mas o bullying é mais do que um ataque ocasional de raiva ou briguinha. É uma intimidação regular e persistente que solapa a integridade e confiança da vítima do bully. E é frequentemente aceita ou mesmo encorajada como parte da cultura da organização. O verbo to bully, em inglês, significa provocar ou intimidar alguém. Para outros, ainda, e sinteticamente, o assédio moral caracteriza-se pela deliberada degradação das condições de trabalho por meio de atos lesivos à honra dos trabalhadores. Essas são as opiniões de alguns importantes doutrinadores a respeito do tema. Mas o que fala a legislação acerca disso? Embora não exista uma definição legal do que seja o assédio moral, a Lei Municipal n , do ano de 2002, de São Paulo/SP, conceitua o assédio moral como: todo tipo de ação, gesto ou palavra que atinja, pela repetição, a autoestima e a segurança de um indivíduo, fazendo-o duvidar de si e de sua competência, implicando em dano ao ambiente de trabalho, à evolução da carreira profissional ou à estabilidade do vínculo empregatício do funcionário, tais como: marcar tarefas com prazos impossíveis; passar alguém de uma área de responsabilidade para funções triviais; tomar crédito de idéias de outros; ignorar (5) Disponível em: < Acesso em: 25 jan

20 20 João Luís Vieira Teixeira ou excluir um funcionário só se dirigindo a ele através de terceiros; sonegar informações de forma insistente; espalhar rumores maliciosos; criticar com persistência; subestimar esforços. Para outros, ainda, o assédio moral se caracterizaria por humilhações e cobranças constantes e vexatórias, exposição do trabalhador a situações constrangedoras, críticas infundadas ou perseguições dentro da empresa. Portanto, vemos que não existe um conceito único ou padrão para definir o que seria o assédio moral nas relações de trabalho (ou de emprego). Isso, de forma alguma, tem relação com a suposta falta de importância do assunto, porquanto, segundo notícia publicada no site do Tribunal Superior do Trabalho, (6) em 4 de abril de 2006, o número de ações com pedidos de indenização por assédio moral, ajuizadas na Justiça do Trabalho, aumentou 5,7% em 2005, em relação a 2004, em São Paulo, segundo reportagem da Rádio CBN. Por volta do início do ano de 2009, em entrevista ao programa Revista Brasil, do veículo de comunicação há pouco mencionado, o ex-presidente do Tribunal Superior do Trabalho, Ministro João Oreste Dalazen, disse que se trata de um fenômeno novo no Direito, caracterizado pela violência psicológica extrema à qual uma pessoa é submetida por um chefe ou mesmo por um colega de trabalho. O Presidente explicou que o assédio moral se manifesta sob distintas facetas, sob distintos perfis, mas o traço essencial é a exposição prolongada e repetitiva de uma pessoa a situações vexatórias. E ainda ressalvou que uma situação isolada não pode ser caracterizada como assédio moral. É preciso haver uma perseguição sistemática, observou. De acordo com o referido Ministro, humilhações infringidas entre colegas de trabalho podem ser caracterizadas como assédio moral, mas são mais raras. A maioria dos casos é de queixas contra assédios morais impostos por superiores hierárquicos a subordinados, quando aqueles submetem estes a situações de verdadeira violência psicológica. Também em entrevista, mais recente, a Ministra Maria Cristina I. Peduzzi, à época, vice-presidenta do TST, declarou, com precisão, que o assédio moral perturba o ambiente de trabalho. Ele ocasiona uma fragilidade psicológica, atinge a autoestima do trabalhador. (7) (6) Disponível em: < (7) Disponível em: < -tv-tst-vice-presidente-do-tst-fala-sobre-assedio-moral?redirect=http%3a%2f%2fwww.tst. jus.br%2fnoticias%3fp_p_id%3d101_instance_89dk%26p_p_lifecycle%3d0%26p_p_ state%3dnormal%26p_p_mode%3dview%26p_p_col_id%3dcolumn-2%26p_p_col_ count%3d2%26_101_instance_89dk_advancedsearch%3dfalse%26_101_instance_89dk_ keywords%3d%26_101_instance_89dk_delta%3d10%26_101_instance_89dk_ cur%3d2%26_101_instance_89dk_andoperator%3dtrue>.