MAURÍCIO ZAHDI STECINSKI LEGALIDADE DO USO DE ALGEMAS NAS ATIVIDADES DE SEGURANÇA PÚBLICA

Tamanho: px
Começar a partir da página:

Download "MAURÍCIO ZAHDI STECINSKI LEGALIDADE DO USO DE ALGEMAS NAS ATIVIDADES DE SEGURANÇA PÚBLICA"

Transcrição

1 MAURÍCIO ZAHDI STECINSKI LEGALIDADE DO USO DE ALGEMAS NAS ATIVIDADES DE SEGURANÇA PÚBLICA PONTA GROSSA 2014

2 MAURÍCIO ZAHDI STECINSKI LEGALIDADE DO USO DE ALGEMAS NAS ATIVIDADES DE SEGURANÇA PÚBLICA Artigo científico apresentado à disciplina de Metodologia da Pesquisa Científica como requisito parcial para a conclusão do Curso de Pós-Graduação Lato Sensu Especialização em Direito Penal e Processo Penal do Núcleo de Pesquisa em Segurança Pública e Privada da Universidade Tuiuti do Paraná. Orientador: Prof. Jorge Sebastião Filho. PONTA GROSSA 2014

3 LEGALIDADE DO USO DE ALGEMAS NAS ATIVIDADES DE SEGURANÇA PÚBLICA RESUMO: O presente trabalho tem por objetivo analisar a legitimidade do uso de algemas nas atividades de segurança pública. O uso deste equipamento, em inúmeros casos, poderá evitar o uso de uma força maior, fortalecendo o modelo de polícia comunitária, de defesa da vida e da integridade física e moral, na qual as atuais polícias brasileiras estão inseridas. De outro lado, verifica-se que o uso indiscriminado de algemas fere preceitos constitucionais, sendo necessário esclarecimento aos profissionais da área de segurança pública para sua correta aplicação. Este trabalho teve como base o método dialético, sendo consultados acervos bibliográficos, bem como sites na internet e demais jurisprudências. PALAVRAS-CHAVE: Uso de Algemas; Uso Progressivo da Força; Súmula Vinculante nº 11 do STF; Segurança Pública.

4 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ASPECTOS LEGAIS DO USO DE ALGEMAS CONCEITO DAS LEGISLAÇÕES AUTORIZADORAS DO USO DE ALGEMAS DA LEGISLAÇÃO HODIERNA DA SÚMULA VINCULANTE N 11 DO STF O CÓDIGO DE PROCESSO PENAL E O SISTEMA DE PRIVILÉGIOS CONSIDERAÇÕES FINAIS REFERÊNCIAS... 15

5 4 LEGALIDADE DO USO DE ALGEMAS NAS ATIVIDADES DE SEGURANÇA PÚBLICA Maurício Zahdi Stecinski INTRODUÇÃO Hodiernamente, ao contrário de tempos mais remotos, o uso de algemas são direcionados somente para a contenção de uma pessoa em casos excepcionais, devidamente justificados pelo policial, cabendo a ele, e somente à ele, no caso em concreto, por vezes no calor dos fatos, verificar se é oportuno ou não lançar mão desse meio de contenção. O Agente de Segurança Pública que não observe os critérios técnicos e o que está estabelecido na legislação vigente acerca do uso de algemas, poderá incorrer em crime de abuso de autoridade. Nosso novel Código de Processo Penal, em seu art. 284, já previa a excepcionalidade de tal meio de força, aduzindo que seu uso somente seria justificável no caso de resistência ou tentativa de fuga por parte do detido. O uso abusivo de algemas fere preceitos constitucionais, vez que resta estabelecido no art. 5º da Constituição Federal, que ninguém será submetido a tratamento degradante, assegurando o respeito à integridade física e mental das pessoas. Por fim, este trabalho tem por objetivo enfocar a questão da legitimidade do uso de algemas nas atividades de Segurança Pública. Para a realização deste trabalho, foi realizada uma pesquisa baseada em dados bibliográficos, e, a partir daí, fora desvendado grande embasamento teórico e científico, sendo estes incorporados à nossa pesquisa. 1 Licenciado em Geografia, Graduando em Direito, Pós Graduando em Direito Penal e Processo Penal. Ex Militar do Exército Brasileiro e Ex Policial Militar do Paraná.

6 5 2 ASPECTOS LEGAIS DO USO DE ALGEMAS CONCEITO A real necessidade da algema na atividade policial ocorreu por volta de 1950, com amparo de legislação própria, e desde o início fora observado seu uso somente em condições excepcionais, em situações que, de fato, colocassem em risco a integridade física do policial. Todavia, mesmo em casos de risco iminente, o ato policial poderia ser contestado e considerado abusivo, concluindo-se que o respaldo legal aos agentes de segurança pública sempre foi de certa forma limitado. Para Capez (2010, p.301): Seu uso não se encontra disciplinado até hoje pelo nosso CPP. A Lei de Execução Penal, em seu art. 199, reza que o emprego de algema seja regulamentado por decreto federal, o que acabou não ocorrendo. Assim, as regras para sua utilização devem ser inferidas, a partir de interpretação doutrinária dos institutos em vigor. Porém, a maior discussão atual é quanto à arbitrariedade de seu uso indiscriminado. As algemas tornaram-se equipamento obrigatório na atividade policial, com o intuito de impedir os movimentos das mãos, já que essa é a principal fonte de risco no momento da prisão. A Lei de Execução Penal, em seu art. 199, aduz que o emprego de algema seja regulamentado por decreto federal. Pois bem, passados mais de 24 anos desde a edição da referida Lei, que ocorreu no ano de 1984, nada aconteceu. Assim, as regras para sua utilização passaram a ser inferidas, a partir dos institutos em vigor (CAPEZ, 2008, p.20). Portanto, o simples fato de estar em situação de flagrante delito pelo cometimento de um crime qualquer, não enseja por si só o uso de algemas. Além disso, deve haver resistência à prisão ou a tentativa de fuga. Neste mesmo sentido, a condução de ébrios, viciosos e turbulentos à presença da autoridade competente, devidamente algemados, somente será admitida caso estes estejam em extremo

7 6 estado de exaltação, tornando-se indispensável à contenção mediante o uso de algemas. Neste mesmo sentido também leciona Herbella (2011, p.14) que em conformidade ao Código de Processo Penal e outras normas, nas situações em que o preso seja perigoso, o elemento necessidade de segurança irá sobrepujar o dano à sua imagem, pois é uma pessoa da qual se pode esperar algum ato de violência, ou tentativa de fuga. Assim sendo, o uso de algemas será um recurso útil e necessário para a segurança dos agentes da lei, do próprio prisioneiro e de terceiros. Nas palavras de Tourinho Filho (2011, p.469), a lei não autoriza o uso de algemas, salvo a hipótese de resistência ou tentativa de fuga, e se assim não o for, comete o policial abuso de autoridade. Capez (2008, p.19-20), reitera que as algemas representam hoje um importante instrumento na atuação prática policial, uma vez que possui tríplice função: proteger a autoridade contra a reação do preso; garantir a ordem pública ao obstaculizar a fuga do preso; e até mesmo tutelar a integridade física do próprio preso, a qual poderia ser colocada em risco com a sua posterior captura pelos policiais em caso de fuga. Muito embora essa tríplice função garanta a segurança pública e individual, tal instrumento deve ser utilizado com reservas, pois, se desviado de sua finalidade, pode constituir drástica medida, com caráter punitivo, vexatório, ou seja, sinistro meio de execração pública, configurando grave atentado ao princípio constitucional da dignidade humana. Desse modo, em virtude de alguns exageros cometidos contra alguns presos, aquilo que sempre representou um legítimo instrumento para a preservação da ordem e segurança pública, tornou-se objeto de profundo questionamento pela sociedade. Ao defender a ilegitimidade do uso de algemas, uma parcela significativa da sociedade esqueceu-se dos policiais, dos magistrados, representantes do Ministério público, advogados que, na sua vida prática, se deparam com os presos, os quais, sem esses artefatos, representam grave perigo para a vida e integridade física de tais indivíduos e para a população em geral (CAPEZ, 2008, p.21). Sendo assim, ao escoltar um indivíduo, o policial deverá conhecer seus

8 7 antecedentes, grau de periculosidade, se resistiu ou tentou a fuga no ato de sua prisão. Caso não esteja enquadrado nessas situações, o uso de algemas não será autorizado. Nota-se, portanto, que o ato de algemar alguém esbarra em condições excepcionais de resistência à prisão, tentativa de fuga e agressividade de modo se o policial não observar tais regras, estará incorrendo no crime de abuso de autoridade. 2.2 DAS LEGISLAÇÕES AUTORIZADORAS DO USO DE ALGEMAS O emprego de algemas no instante da prisão surgiu no Império do Brasil, demonstrado no Código de Processo Criminal de Primeira Instância em seu art. 180: Se o réu não obedecer e procurar evadir-se, o executor tem direito de empregar o grau de força necessária para efetuar a prisão; se obedecer, porém o uso da força é proibido. Somente 30 anos depois, a Lei nº 2.033, de 20 de setembro de 1871, fez uma reestruturação no processo penal brasileiro. No mesmo ano, foi regulamentado o Decreto nº 4.824, de 22 de novembro, dispondo sobre a execução e a forma como deveria ser conduzido o preso: Art. 28. Além do que está disposto nos arts. 12 e 13 da Lei, a autoridade que ordenar ou requisitar a prisão e o executor della observarão o seguinte: O preso não será conduzido com ferros, algemas ou cordas, salvo o caso extremo de segurança, que deverá ser justificado pelo conductor; e quando não o justifique, além das penas em que incorrer, será multado na quantia de a mil réis pela autoridade a quem fôr apresentado o mesmo preso. Na contemporaneidade o Decreto de nº , de 30 de outubro de 1950,

9 8 dispõe sobre o uso de algemas: Art. 1º. O emprego de algemas far-se-á na Polícia do Estado, de regra, nas seguintes diligências: 1º. Condução à presença da autoridade dos delinqüentes detidos em flagrante, em virtude de pronúncia ou nos demais casos previstos em lei, desde que ofereçam resistência ou tentem a fuga. 2º. Condução à presença da autoridade dos ébrios, viciosos e turbulentos, recolhidos na prática de infração e que devam ser postos em custódia, nos termos do Regulamento Policial do Estado, desde que o seu estado externo de exaltação torne indispensável o emprego de força. 3º. Transporte, de uma para outra dependência, ou remoção, de um para outro presídio, dos presos que, pela sua conhecida periculosidade, possam tentar a fuga, durante diligência, ou a tenham tentado, ou oferecido resistência quando de sua detenção. Alguns anos mais tarde, no Rio de Janeiro, no âmbito do sistema penitenciário, passou a vigorar a Portaria nº. 288/JSF/GDG, de 10 de novembro de 1976, que prevê a utilização de algemas ao serviço policial de escolta, para impedir fugas de internos de reconhecida periculosidade. Sancionada em 1984 a Lei de nº 7.210, denominada Lei de Execuções Penais em seu art. 199, apenas normatizou esta prática, aduzindo que o emprego de algemas seria disciplinado por decreto federal. Desta maneira, a referida regulamentação, torna-se necessária, já que para alguns, a utilização de algemas quando a pessoa não oferece resistência caracteriza o crime de constrangimento ilegal, ferindo o princípio constitucional da presunção de inocência. O Mestre Júlio Fabbrini Mirabete, comentando o art. 199 da Lei de Execução Penal, preleciona:

10 9 Sem se referir especificamente às algemas, o Código de Processo Penal veda o emprego de força, salvo se indispensável no caso de resistência ou de tentativa de fuga do preso (art. 284). Por fim, a Lei de Execução Penal determina a regulamentação por decreto federal do uso de algemas (art. 199). Por outro lado o uso de algema pode constituir-se em uma conduta criminosa, uma vez que o uso indevido desse instrumento caracterizaria abuso de autoridade e pode mesmo constituir o crime de tortura, ou seja, se a imposição da algema visar deliberadamente o sofrimento físico ou mental da pessoa. Diante da polêmica instaurada acerca do uso de algemas, fez-se necessário a presença do Superior Tribunal Federal para manifestar-se sobre o assunto, qual seja, a utilização ou não de algemas, e se isso é medida de segurança ou abuso de autoridade em razão de confrontarem princípios fundamentais reconhecidos pela nossa Carta Magna como: a presunção de inocência, a dignidade humana e a integridade física. Tal interferência da instância superior no tema será debatida adiante. 3 - DA LEGISLAÇÃO HODIERNA 3.1 DA SÚMULA VINCULANTE N 11 DO STF Se por um lado a norma sumular teve o condão de enfrentar com ousadia uma prática cotidiana, de exposição de pessoas ao constrangimento ilegal perante a opinião pública, à semelhança do que outrora ocorria com a tomada de impressões, durante o ato de formal indiciamento, verifica-se que o legislador ao editar a Súmula Vinculante nº 11, teve o intuito de restringir o uso ilegal de algemas. A edição da Súmula Vinculante n 11 decorreu do julgamento do HC n SP do STF, que fazia menção ao fato do réu ter permanecido algemado durante sessão do Tribunal do Júri. Tal súmula foi editada no seguinte teor: Só é lícito o uso de algemas em caso de resistência e de

11 10 fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou ato processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado. Herberlla (2011, p.93), menciona que através da Súmula Vinculante nº 11, o uso de algemas para o preso deixou de ser regra e passou a ser exceção, restringindo-se às hipóteses nas quais a autoridade, mediante fundamentação escrita, considerar que tenha havido resistência, demonstrando receio de fuga ou perigo à integridade física própria ou alheia. Termos em que, apenas em tais casos estaria, para o STF, legitimado o uso de algemas, sob pena de o agente ou a autoridade responderem nas esferas disciplinar, penal e civil. Previu-se, também, a responsabilização civil do Estado, sem prejuízo do reconhecimento de nulidade da prisão ou do ato processual a que ela se refere (HERBELLA, 2011, p.93). Com relação ao instituto da Súmula Vinculante, ele é previsto no art. 103-A da CF, com redação dada pela EC nº 45/2004, tendo sido regulamentado pela Lei nº /2006. A súmula concretiza o entendimento do STF sobre o cumprimento de legislação que já trata do assunto. É o caso, entre outros, do inciso III do artigo 1º da Constituição Federal (CF); de vários incisos do artigo 5º (CF), que dispõem sobre o respeito à dignidade da pessoa humana e os seus direitos fundamentais, bem como dos artigos 284 e 292 do Código de Processo Penal (CPP) que tratam do uso restrito da força quando da realização da prisão de uma pessoa (KISHI, 2012, p.52). De acordo com Fudoli (2008, p.01), com o objetivo de refrear abusos relacionados com o emprego de algemas em pessoas presas, o Supremo Tribunal Federal STF, em sua composição plenária, por unanimidade, em sessão realizada em , editou a súmula vinculante n. 11, com o seguinte texto: "Só é lícito o uso de algemas em caso de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a

12 11 excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado". Em certos casos concretos, tem havido realmente o desvirtuamento do emprego de algemas, especialmente quando a pessoa presa tem poderio econômico ou político ou ainda quando se trata de crime que trouxe repercussão na mídia, constatando-se a indevida exibição da pessoa presa como se fosse uma espécie de troféu a demonstrar a eficiência (verdadeira ou aparente) do aparato de segurança pública. Nesse sentido, a preocupação básica do STF é relevante: dar concreção aos direitos do preso, em especial o direito ao resguardo de sua dignidade humana e de sua intimidade. Contudo, dada a abrangência e o teor da súmula em referência, e tendo em vista ainda as circunstâncias em que se deu sua edição, alguns problemas práticos podem surgir de sua aplicação, trazendo insegurança jurídica e diminuição da segurança dos envolvidos na execução de prisões e na realização de atos envolvendo réus presos (FUDOLI, 2008, p.01). Conforme o entendimento de Nucci (2008, p.580) apud Kishi (2012, p.52), algemar quem não proporciona risco algum para a concretização do ato constitui delito de abuso de autoridade. A fim de disciplinar tal ato, o STF, por unanimidade, decidiu que o uso de algemas deve ser adotado em situações excepcionais, pois, do contrário violam-se importantes princípios constitucionais, dentre eles a dignidade da pessoa humana (HC SP, Pleno, rel. Marco Aurélio, 07/08/2008). Sem dúvida, essa súmula causou um grande alvoroço no meio jurídico. Entretanto, para Capez (2010), os problemas ocasionados pelo uso das algemas não serão resolvidos com a edição da súmula vinculante, mas sua utilização é imprescindível e justificado para a prisão, em caso de resistência, de fundado receio de fuga ou de perigo á integridade física própria ou alheia. 3.2 O CÓDIGO DE PROCESSO PENAL E O SISTEMA DE PRIVILÉGIOS

13 12 O Código de Processo Penal Militar, por seu turno, em seu art. 234 também regulamenta o uso da força, deixando patente que só pode ser empregada em casos extremos, in verbis : O emprego da força só é permitido quando indispensável, no caso de desobediência, resistência ou tentativa de fuga... (omissis). Quanto ao emprego específico das algemas, o 1º do mesmo artigo é categórico: O emprego de algemas deve ser evitado, desde que não haja perigo de fuga ou de agressão da parte do preso, e de modo algum será permitido, nos presos a que se refere o art Assim significa dizer que se ele quiser fugir ou agredir alguém, parece não haver dúvida que também ele deve se submeter ao uso de algemas tal como ressalvou o STF. Desta forma, seria odiosa e quebraria a isonomia constitucional, já que veda o uso de algemas em ministros, parlamentares e outras autoridades que elenca. Luiz Flávio Gomes que afirma: O uso de algemas é reflexo do direito penal do inimigo, pois intitula o sujeito como não-pessoa, pois o priva de direitos e garantias constitucionais, ressaltando-se ainda, que o Código de Processo Penal Militar, em seu artigo 234 dispõe que o uso de força somente é permitido em caso de fuga, resistência ou desobediência, e, portanto o uso de algemas deverá ser evitado. Destaca-se que o mesmo artigo, em seu parágrafo primeiro, dispõe que de modo algum será permitido o uso de algemas nas pessoas mencionadas no artigo 242 do mesmo diploma legal. O artigo 242, por sua vez, elenca ministros de estado, representantes do Governo. Observe-se, de qualquer modo, que o dispositivo do Código de Processo Penal Militar citado abrange civis. Dele se extrai, ademais, que o emprego das algemas constitui medida profundamente vexatória, tanto que a lei restringe ao máximo o seu emprego. Algemar por algemar é medida odiosa, pura demonstração de arrogância ou ato de exibicionismo que, quando o caso, deve dar ensejo ao delito de abuso de autoridade.

14 13 O uso de algemas, por expressa determinação legal, deve ficar restrito aos casos extremos de resistência e oferecimento de real perigo por parte do preso. Todas as vezes que houver excesso, poderemos estar diante de um "abuso de autoridade", nos termos dos arts. 3º, i e 4º, b da Lei de nº 4.898/65, denominada Lei de Abuso de Autoridade. Nossa Constituição Federal ordena o respeito à integridade física e moral dos presos, proibindo, a todos, submeter alguém a tratamento desumano e degradante, devendo ser respeitadas a dignidade da pessoa humana e a presunção de inocência, o constrangedor e aviltante uso de algemas devendo ser usada quando demonstrada e justificada caso a caso pela autoridade ou seu agente, não podendo a necessidade ser deduzida da gravidade dos crimes nem da presunção de periculosidade do detento, porque ilegal. É evidente que o uso de algemas, em situações ímpares, pode ser imprescindível na condução de presos, mas, a cautela de segurança poderia ser conseguida através das escoltas policiais reforçadas e outras providências, sem que se ofenda tão gravemente a dignidade da pessoa, que representa uma das garantias constitucionais. Ademais, a ofensa à dignidade da pessoa humana é tão patente, tão gritante, tão escandalosa, tão sugestiva, que julgamentos realizados pelo júri são anulados por nossos tribunais quando o acusado é mantido algemado durante a sessão. Se não, vejamos: Júri. Nulidade. Réu mantido algemado durante os trabalhos sob a alegação de ser perigoso. Inadmissibilidade. Fato com interferência no ânimo dos jurados e, conseqüentemente, no resultado. Constrangimento ilegal caracterizado. Novo julgamento ordenado. Aplicação do art. 593, III, a, do CPP. Írrito o julgamento pelo Júri se o réu permaneceu algemado durante o desenrolar dos trabalhos sob a alegação de ser perigoso, eis que tal circunstância interfere no espírito dos jurados e, conseqüentemente, no resultado do julgamento, constituindo constrangimento ilegal que dá causa a nulidade. (TJSP. Ap ª C. j rel. des. Renato Talli. RT 643/285).

15 14 Penal. Réu. uso de algemas. Avaliação de necessidade. A imposição do uso de algemas ao réu, por constituir afetação aos princípios de respeito à integridade física e moral do cidadão, deve ser aferida de modo cauteloso e diante de elementos concretos que demonstrem a periculosidade do acusado. Recurso provido. (STJ. RHC Sexta Turma. j min. William Patterson. DJ de ). A presunção de inocência proíbe que as medidas cautelares, como a prisão preventiva, sejam utilizadas como castigo, ou seja, muito além de sua finalidade de assegurar o escopo processual. A idéia da presunção serve para impedir que o réu seja tratado como se já estivesse condenado, desta maneira sofrendo restrições de direito que não sejam necessárias à apuração dos fatos e ao cumprimento da lei penal. A repulsa, com relação ao abuso no uso de algemas, pois quando ocorrer tal circunstância a mesma pode configurar crime, conforme art. 3º, alínea i e art. 4º, alínea b da Lei nº 4.898/65, além do que, nossa Constituição Federal no seu artigo 5ª, inciso LVII, aduz a presunção de inocência, ou seja, ninguém pode ser considerado (ou tratado) como culpado, senão depois do trânsito em julgado de uma sentença condenatória e principalmente pelo principio da Dignidade da pessoa Humana é declarado no nosso sistema Constitucional. Os tempos modernos são outros e a permissividade, ou mesmo perniciosidade, desses dispositivos legais agrava a sensação de impunidade, discriminação e favorecimento que existe no Brasil. É desvirtuada a finalidade de algemas: promove-se um privilégio e não se preocupa com a imobilização do conduzido, preso ou condenado. 4 - CONSIDERAÇÕES FINAIS Concluindo, como a Constituição Federal ordena o respeito à integridade física e moral dos presos, proibindo, a todos, submeter alguém a tratamento desumano e degradante, devendo ser respeitadas a dignidade da pessoa humana e a presunção de inocência.

16 15 O constrangedor e aviltante uso de algemas símbolo maior de humilhação ao homem só pode se dar nas singulares e excepcionalíssimas hipóteses retro mencionadas, a saber, os arts. 284 c/c 292 do Código de Processo Penal e, mesmo assim, desde que esgotados todos os demais meios para conter a pessoa que se pretende prender ou conduzir. Ou seja, quando houver inquestionável imprescindibilidade do uso de algemas, deve esta ser demonstrada e justificada caso a caso pela autoridade ou seu agente, não podendo a necessidade ser deduzida da gravidade dos crimes nem da presunção de periculosidade do detento, porque ilegal. Todo preso, ou melhor, toda pessoa tem direito a fazer jus dos princípios constitucionais e utilizá-los nos momentos oportunos. Esses não podem ser violados por interpretação subjetiva dos agentes que realizam as prisões. As algemas são instrumentos que devem ser utilizados de forma correta e não com o objetivo de humilhar o preso. O uso de algemas muitas vezes pode influenciar na opinião das pessoas, quando se atua como jurado, e vê entrando o réu algemado a impressão que se tem é que se trata de uma pessoa muito perigosa. Por isso defendemos a idéia que só deve ser algemado as pessoas em três hipóteses a saber: no caso da pessoa ter uma vida voltada para o crime, no caso de pessoa ter acabado de cometer um crime violento, ainda no calor dos fatos e por último, no caso de resistência à prisão. 5 - REFERÊNCIAS ABNT. Boletim ABNT. Vários anos. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF, Senado, Lei n 7.210, de 11 de julho de Institui a Lei de Execução Penal. Disponível em: < 03/Leis/L7210.htm>. Acesso em: 26 jul

17 16. Decreto-Lei 1.002, de 21 de outubro de Código de Processo Penal Militar. Disponível em: < Lei/Del1002.htm>. Acesso em: 08 ago Decreto-Lei 2.848, de 7 de dezembro de Código Penal. Disponível em: < Acesso em: 08 ago Decreto-Lei n 3.689, de 03 de outubro de Código de Processo Penal. Disponível em: < Acesso em: 06 ago Lei n de 13 de julho de Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. Disponível em: < Acesso em: 11 ago Supremo Tribunal Federal. Súmula Vinculante n nov Disponível em: < Acesso em: 28 out Supremo Tribunal Federal. 11ª Súmula Vinculante do STF limita o uso de algemas a casos excepcionais. 13 ago Disponível em: < Acesso em: 30 out CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. São Paulo: Atlas, CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. São Paulo: Atlas, FUDOLI, Rodrigo de Abreu. Lei. Nº /2008: reforma do tratamento das provas no Código de Processo Penal. Jus Navigandi, Teresina, ano 12, n.º 1821, 26 jun Disponível em: Acesso em: 14 nov.2008.

18 17 GOMES, Luiz Flávio. Uso de algemas e constrangimento ilegal. Revista Jurídica Consulex - Ano XI - nº de janeiro de HERBELLA, Fernanda. Algemas e a dignidade da pessoa humana: fundamentos jurídicos do uso de algemas. São Paulo: Lex Editora, MIRABETE, Júlio Fabbrini. Processo Penal. São Paulo: Atlas, NUCCI, Guilherme de Souza. Código de Processo Penal Comentado. São Paulo: RT, TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Manual de processo penal, 15. ed. rev., e de acordo com a Lei /11. São Paulo: Saraiva, p. 74.

SECRETARIA DE DEFESA SOCIAL POLÍCIA MILITAR DE PERNAMBUCO DIRETORIA GERAL DE OPERAÇÕES

SECRETARIA DE DEFESA SOCIAL POLÍCIA MILITAR DE PERNAMBUCO DIRETORIA GERAL DE OPERAÇÕES SECRETARIA DE DEFESA SOCIAL POLÍCIA MILITAR DE PERNAMBUCO DIRETORIA GERAL DE OPERAÇÕES DIRETRIZ DE PLANEJAMENTO Nº DGOPM 001/10 (PROCEDIMENTOS NO USO DE ALGEMAS) S D S P M P E DGOPM S P O Exemplar nº de

Leia mais

Pós Penal e Processo Penal. Legale

Pós Penal e Processo Penal. Legale Pós Penal e Processo Penal Legale NULIDADES Existem vários graus de vícios processuais: Irregularidade Nulidade Relativa Nulidade Absoluta Inexistência irregularidade: vício que não traz prejuízo nulidade

Leia mais

Professor Wisley Aula 15

Professor Wisley Aula 15 - Professor Wisley www.aprovaconcursos.com.br Página 1 de 7 PRISÕES 1. INTRODUÇÃO Prisão é a privação da liberdade de locomoção em virtude do

Leia mais

A SÚMULA VINCULANTE 11 E O USO DE ALGEMAS NO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL MILITAR

A SÚMULA VINCULANTE 11 E O USO DE ALGEMAS NO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL MILITAR A SÚMULA VINCULANTE 11 E O USO DE ALGEMAS NO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL MILITAR Murillo Freua Murillo Freua - Especialista em Direito Militar. Coordenador do site Academia de Direito Militar. Professor universitário

Leia mais

28/03/2019. Professor: Anderson Camargo 1

28/03/2019. Professor: Anderson Camargo 1 28/03/2019 Professor: Anderson Camargo 1 Espécies de Prisão Cautelar. a) Prisão em flagrante; b) Prisão preventiva; c) Prisão temporária. 28/03/2019 Professor: Anderson Camargo 2 PRISÃO EM FLAGRANTE. 1-

Leia mais

Revista de Criminologia e Ciências Penitenciárias Conselho Penitenciário do Estado - COPEN

Revista de Criminologia e Ciências Penitenciárias Conselho Penitenciário do Estado - COPEN A S Ú M U L A V I N C U L A N T E N 1 1 D O S U P R E M O T R I B U N A L F E D E R A L E S U A I M P L I C A Ç Ã O N A S O P E R A Ç Õ E S P O L I C I A I S Lincoln Almeida Rodrigues¹ ¹Estagiário do 1º

Leia mais

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO. 1. Introdução histórica 2. Natureza jurídica 3. Referências normativas 4. Legitimidade 5. Finalidade 6. Hipóteses de cabimento

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO. 1. Introdução histórica 2. Natureza jurídica 3. Referências normativas 4. Legitimidade 5. Finalidade 6. Hipóteses de cabimento CONTEÚDO PROGRAMÁTICO 1. Introdução histórica 2. Natureza jurídica 3. Referências normativas 4. Legitimidade 5. Finalidade 6. Hipóteses de cabimento Habeas corpus - Tenhas corpo (...) a faculdade concedida

Leia mais

A extinção da punibilidade pelo pagamento nos delitos contra a ordem tributária

A extinção da punibilidade pelo pagamento nos delitos contra a ordem tributária A extinção da punibilidade pelo pagamento nos delitos contra a ordem tributária Sumário: 1. Nota introdutória; 2. O instituto extinção da punibilidade; 3A extinção da punibilidade nos crimes contra a ordem

Leia mais

Pós Penal e Processo Penal. Legale

Pós Penal e Processo Penal. Legale Pós Penal e Processo Penal Legale Ações de Impugnação revisão criminal Órgão competente para julgar a revisão criminal: (art. 624, CPP) Ações de Impugnação revisão criminal STF TFR (???), TJ, TACRIM (???)

Leia mais

Aspectos Gerais. Medidas cautelares

Aspectos Gerais. Medidas cautelares Aspectos Gerais. O OBJETIVO DESSE AMBIENTE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM SERÁ A APRESENTAÇÃO DOS ASPECTOS GERAIS DAS MEDIDAS CAUTELARES PESSOAIS DIVERSAS DA PRISÃO, APLICADAS PELO MAGISTRADO Medidas cautelares

Leia mais

PRINCÍPIOS PROCESSUAIS PENAIS SISTEMAS PROC PENAIS e LEI PROC PENAL. Profª. Karem Ferreira Facebook: Karem Ferreira OAB

PRINCÍPIOS PROCESSUAIS PENAIS SISTEMAS PROC PENAIS e LEI PROC PENAL. Profª. Karem Ferreira Facebook: Karem Ferreira OAB PRINCÍPIOS PROCESSUAIS PENAIS SISTEMAS PROC PENAIS e LEI PROC PENAL Profª. Karem Ferreira Facebook: Karem Ferreira OAB Twitter: @Prof_KaFerreira 1. PRINCÍPIOS PROCESSUAIS PENAIS 1.1. Devido Processo Legal

Leia mais

DIREITO PROCESSUAL PENAL

DIREITO PROCESSUAL PENAL DIREITO PROCESSUAL PENAL Procedimento penal Procedimento Especial dos Crimes de Competência do Parte 4 Prof. Gisela Esposel - PROCEDIMENTO DO TRIBUNAL DO JÚRI. 2ª FASE - Da composição do e da Formação

Leia mais

O Uso de Algemas: Estado Democrático de Direito ou Estado de Politicagem?

O Uso de Algemas: Estado Democrático de Direito ou Estado de Politicagem? O Uso de Algemas: Estado Democrático de Direito ou Estado de Politicagem? José Almir Pereira da Silva Advogado atuante na área militar. Foi Policial Militar do Estado de São Paulo, onde atuou na Seção

Leia mais

Curso/Disciplina: Noções de Direito Constitucional Aula: 07 Professor (a): Luís Alberto Monitor (a): Fabiana Pimenta. Aula 07

Curso/Disciplina: Noções de Direito Constitucional Aula: 07 Professor (a): Luís Alberto Monitor (a): Fabiana Pimenta. Aula 07 Página1 Curso/Disciplina: Noções de Direito Constitucional Aula: 07 Professor (a): Luís Alberto Monitor (a): Fabiana Pimenta Aula 07 Princípio da Reserva Legal (no aspecto Constitucional Direito Penal)

Leia mais

A questão baseia-se na literalidade do art. 283, 284 e 285 do CPP:

A questão baseia-se na literalidade do art. 283, 284 e 285 do CPP: Cargo: S01 - AGENTE DE POLÍCIA CIVIL Disciplina: Noções de Direito Processual Penal Questão Gabarito por extenso Justificativa A questão baseia-se na literalidade do art. 283, 284 e 285 do CPP: Conclusão

Leia mais

Conceito. Requisitos.

Conceito. Requisitos. Conceito. Requisitos. O OBJETIVO DESSE AMBIENTE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM SERÁ A APRESENTAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA Prisão preventiva CONCEITO DA PRISÃO PREVENTIVA A prisão preventiva é uma dentre as modalidades

Leia mais

SESSÃO DA TARDE PENAL E PROCESSO PENAL PRINCÍPIOS DO CONTRADITÓRIO, AMPLA DEFESA E DEVIDO PROCESSO LEGAL. Prof. Rodrigo Capobianco

SESSÃO DA TARDE PENAL E PROCESSO PENAL PRINCÍPIOS DO CONTRADITÓRIO, AMPLA DEFESA E DEVIDO PROCESSO LEGAL. Prof. Rodrigo Capobianco SESSÃO DA TARDE PENAL E PROCESSO PENAL PRINCÍPIOS DO CONTRADITÓRIO, AMPLA DEFESA E DEVIDO PROCESSO LEGAL Prof. Rodrigo Capobianco Princípios do Contraditório, Ampla Defesa e Devido Processo Legal PRINCÍPIOS

Leia mais

DIREITO CONSTITUCIONAL

DIREITO CONSTITUCIONAL DIREITO CONSTITUCIONAL Direitos Individuais Direitos Constitucionais Penais e Garantias Const. do Processo Parte 2 Profª. Liz Rodrigues - Coisa julgada: Novelino explica que a coisa julgada deve ser entendida

Leia mais

PARECER Nº, DE RELATORA: Senadora ÂNGELA PORTELA I RELATÓRIO

PARECER Nº, DE RELATORA: Senadora ÂNGELA PORTELA I RELATÓRIO PARECER Nº, DE 2015 Da COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO, JUSTIÇA E DE CIDADANIA, sobre o Projeto de Lei do Senado nº 75, de 2012, da Senadora Maria do Carmo Alves, que altera os arts. 14 e 199 da Lei nº 7.210,

Leia mais

PROCESSO PENAL MARATONA OAB XX

PROCESSO PENAL MARATONA OAB XX PROCESSO PENAL MARATONA OAB XX AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA RESOLUÇÃO 213/15 RESOLUÇÃO Nº 213/15 - CNJ Art. 1º Determinar que toda pessoa presa em flagrante delito, independentemente da motivação ou natureza

Leia mais

DETENÇÃO. - Os actos processuais com detidos são urgentes e os prazos correm em férias (art. 80º CPP).

DETENÇÃO. - Os actos processuais com detidos são urgentes e os prazos correm em férias (art. 80º CPP). DETENÇÃO 1- Definição. Medida cautelar de privação da liberdade pessoal, não dependente de mandato judicial, de natureza precária e excepcional, que visa a prossecução de finalidades taxativamente 1 previstas

Leia mais

CONSIDERAÇÕES ACERCA DA EXCEPCIONALIDADE DO USO DE ALGEMAS NO TRIBUNAL DO JÚRI

CONSIDERAÇÕES ACERCA DA EXCEPCIONALIDADE DO USO DE ALGEMAS NO TRIBUNAL DO JÚRI CONSIDERAÇÕES ACERCA DA EXCEPCIONALIDADE DO USO DE ALGEMAS NO TRIBUNAL DO JÚRI Leonardo de Oliveira Teixeira 1 Carlos Roberto da Silva 2 SUMÁRIO Introdução; 1 Princípio; 1.1 Princípio do devido processo

Leia mais

DIREITO PROCESSUAL PENAL

DIREITO PROCESSUAL PENAL DIREITO PROCESSUAL PENAL Da competência Prof. Gisela Esposel - Artigo 124 da CR À Justiça Militar compete processar e julgar os crimes militares definidos em lei. - Tal dispositivo trata da competência

Leia mais

TEMA: Prisões. Gabarito Comentado

TEMA: Prisões. Gabarito Comentado 01/04/19 TEMA: Prisões Gabarito Comentado 1 - (CESPE JUIZ SUBSTITUTO 2019) A gravidade específica do ato infracional e o tempo transcorrido desde a sua prática não devem ser considerados pelo juiz para

Leia mais

DIREITO PROCESSUAL PENAL

DIREITO PROCESSUAL PENAL DIREITO PROCESSUAL PENAL Meios autônomos de impugnação Prof. Gisela Esposel - Previsão legal: artigo 5 º, inciso LXVIII da CR/88 e artigo 647 e seguintes do CPP. - Natureza jurídica: ação autônoma de impugnação

Leia mais

PROPOSTA DE EMENDA À CONSTITUIÇÃO N.º, DE 2018 (Do Sr. Alex Manente e outros)

PROPOSTA DE EMENDA À CONSTITUIÇÃO N.º, DE 2018 (Do Sr. Alex Manente e outros) CÂMARA DOS DEPUTADOS PROPOSTA DE EMENDA À CONSTITUIÇÃO N.º, DE 2018 (Do Sr. Alex Manente e outros) As Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, nos termos do 3º do art. 60 da Constituição Federal,

Leia mais

20/11/2014. Direito Constitucional Professor Rodrigo Menezes AULÃO DA PREMONIÇÃO TJ-RJ

20/11/2014. Direito Constitucional Professor Rodrigo Menezes AULÃO DA PREMONIÇÃO TJ-RJ Direito Constitucional Professor Rodrigo Menezes AULÃO DA PREMONIÇÃO TJ-RJ 1 01. A Constituição Federal de 1988 consagra diversos princípios, os quais exercem papel extremamente importante no ordenamento

Leia mais

RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL

RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL Semelhante ao Recurso de Apelação hipóteses de cabimento e competência efeito devolutivo - matéria fática e matéria de direito Competência = STJ e STF Hipóteses de cabimento=

Leia mais

DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR

DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR Juiz, Auxiliares e Partes no Processo Penal Militar Parte 2 Prof. Pablo Cruz Suspeição entre adotante e adotado Art. 39. A suspeição entre adotante e adotado será considerada

Leia mais

PRISÕES CAUTELARES NO PROCESSO PENAL

PRISÕES CAUTELARES NO PROCESSO PENAL PRISÕES CAUTELARES NO PROCESSO PENAL www.trilhante.com.br ÍNDICE 1. PRISÕES CAUTELARES NO PROCESSO PENAL...5 Noções Gerais... 5 Presunção de Inocência vs Prisão Cautelar... 5 2. HIPÓTESES DE PRISÃO EM

Leia mais

Autoritarismo do Código de Processo Penal de 1941 vs. Constituição Federal de Processo Penal...8. Sistema Acusatório...

Autoritarismo do Código de Processo Penal de 1941 vs. Constituição Federal de Processo Penal...8. Sistema Acusatório... Sumário Autoritarismo do Código de Processo Penal de 1941 vs. Constituição Federal de 1988...2 Contexto Político e Histórico... 2 Características da Constituição de 1937... 4 Código de Processo Penal de

Leia mais

DIREITO PROCESSUAL PENAL

DIREITO PROCESSUAL PENAL DIREITO PROCESSUAL PENAL Das Questões e Processos Incidentes Prof. Gisela Esposel - mental do acusado - Previsão legal: artigo 149 154 do CPP - O incidente é instaurado quando houver dúvida sobre a integridade

Leia mais

BuscaLegis.ccj.ufsc.br

BuscaLegis.ccj.ufsc.br BuscaLegis.ccj.ufsc.br A concessão de prisão especial aos jurados Antônio José Ferreira de Lima Texto que dispõe sobre a função de jurado e, em especial sobre o privilégio de prisão especial decorrente

Leia mais

: MIN. MARCO AURÉLIO EXECUÇÕES CRIMINAIS DA COMARCA DE RIBEIRÃO PRETO SÃO PAULO DECISÃO

: MIN. MARCO AURÉLIO EXECUÇÕES CRIMINAIS DA COMARCA DE RIBEIRÃO PRETO SÃO PAULO DECISÃO MEDIDA CAUTELAR NA RECLAMAÇÃO 20.642 SÃO PAULO RELATOR RECLTE.(S) ADV.(A/S) RECLDO.(A/S) ADV.(A/S) INTDO.(A/S) PROC.(A/S)(ES) : MIN. MARCO AURÉLIO :WELLINGTON AKERMAN ISLER : PAULO MARZOLA NETO E OUTRO(A/S)

Leia mais

UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA UNB

UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA UNB UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA UNB Faculdade de Direito Teoria Geral do Processo 2 PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE NÃO CULPABILIDADE ACÓRDÃO AG. REG. NO HABEAS CORPUS 119.554 SÃO PAULO GIOVANA ARAUJO VIEIRA 12/0119170

Leia mais

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça RECURSO EM HABEAS CORPUS Nº 26.141 - PA (2009/0099346-7) RELATOR : MINISTRO NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO RECORRENTE : AMARILDO SOBRINHO DA SILVA (PRESO) ADVOGADO : ANTÔNIO COSTA PASSOS E OUTRO(S) RECORRIDO

Leia mais

Conceitos. Fundamentos.

Conceitos. Fundamentos. Conceitos. Fundamentos. O OBJETIVO DESSE AMBIENTE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM SERÁ A APRESENTAÇÃO DA PRISÃO TEMPORÁRIA INTRODUÇÃO A PRISÃO TEMPORÁRIA é uma das modalidades de prisões cautelares. Prisão cautelar

Leia mais

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça HABEAS CORPUS Nº 497.975 - ES (2019/0069761-6) RELATOR : MINISTRO ROGERIO SCHIETTI CRUZ IMPETRANTE : DAVID METZKER DIAS SOARES ADVOGADO : DAVID METZKER DIAS SOARES - ES015848 IMPETRADO : TRIBUNAL DE JUSTIÇA

Leia mais

Da prisão e da Liberdade Provisória

Da prisão e da Liberdade Provisória Da prisão e da Liberdade Provisória Procedimento de aplicação e recorribilidade Prof. Gisela Esposel - Se o estudo sobre a prova é o centro nervoso do processo, durante o mesmo as pessoas podem perder

Leia mais

DIREITO PROCESSUAL PENAL

DIREITO PROCESSUAL PENAL DIREITO PROCESSUAL PENAL Da prisão e da liberdade provisória Parte 3 Prof. Thiago Almeida A (controversa) oscilação na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. Durante muitos anos prevaleceu o entendimento

Leia mais

DIREITO PROCESSUAL PENAL IV

DIREITO PROCESSUAL PENAL IV AULA DIA 02/03 Docente: TIAGO CLEMENTE SOUZA E-mail: tiago_csouza@hotmail.com DIREITO PROCESSUAL PENAL IV dias. i)- Sentença em audiência ou no prazo de 10 - Prazo para encerramento da Primeira Fase do

Leia mais

Pós Penal e Processo Penal. Legale

Pós Penal e Processo Penal. Legale Pós Penal e Processo Penal Legale Competência SÚMULAS SOBRE COMPETÊNCIA Súmula Vinculante 45 A competência constitucional do Tribunal do Júri prevalece sobre o foro por prerrogativa de função estabelecido

Leia mais

Aula nº. 62 USURPAÇÃO DE FUNÇÃO PÚBLICA (PARTE II) (...) Art Usurpar o exercício de função pública:

Aula nº. 62 USURPAÇÃO DE FUNÇÃO PÚBLICA (PARTE II) (...) Art Usurpar o exercício de função pública: Página1 Curso/Disciplina: Direito Penal - Parte Especial Aula: 62 - Usurpação de Função Pública (Parte II) e Resistência. Professor(a): Marcelo Uzêda Monitor(a): Leonardo Lima Aula nº. 62 USURPAÇÃO DE

Leia mais

Destaques penais do STF em ) Interrogatório do acusado Informativo 812 ADPF 378/DF, rel. min. Edson Fachin, julgada em dezembro de 2015, rito

Destaques penais do STF em ) Interrogatório do acusado Informativo 812 ADPF 378/DF, rel. min. Edson Fachin, julgada em dezembro de 2015, rito Destaques penais do STF em 2016-01) Interrogatório do acusado Informativo 812 ADPF 378/DF, rel. min. Edson Fachin, julgada em dezembro de 2015, rito do impeachment, interrogatório como último ato da instrução.

Leia mais

Direito Penal. Curso de. Rogério Greco. Parte Geral. Volume I. Atualização. Arts. 1 o a 120 do CP

Direito Penal. Curso de. Rogério Greco. Parte Geral. Volume I. Atualização. Arts. 1 o a 120 do CP Rogério Greco Curso de Direito Penal Parte Geral Volume I Arts. 1 o a 120 do CP Atualização OBS: As páginas citadas são referentes à 14 a edição. A t u a l i z a ç ã o Página 187 Nota de rodapé n o 13

Leia mais

DIREITO PROCESSUAL PENAL

DIREITO PROCESSUAL PENAL DIREITO PROCESSUAL PENAL Da prisão e da liberdade provisória Parte 6 Prof. Thiago Almeida . Atenção para as Súmulas do STJ:. Súmula 21 Pronunciado o réu, fica superada a alegação do constrangimento ilegal

Leia mais

6 - Réu Lídio Laurindo: restou absolvido de todas as acusações; 7 - Réu Cildo Ananias: restou absolvido de todas as acusações.

6 - Réu Lídio Laurindo: restou absolvido de todas as acusações; 7 - Réu Cildo Ananias: restou absolvido de todas as acusações. PROCEDIMENTO ESP.DOS CRIMES DE COMPETÊNCIA DO JÚRI Nº 2004.71.04.005970-2/RS AUTOR : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL ACUSADO : IRENI FRANCO : ZIGOMAR TEODORO : LEOMAR CORREIA : CILDO ANANIAS : SERGIO ANANIAS

Leia mais

DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR IVAN LUCAS. Facebook: Professor Ivan Lucas

DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR IVAN LUCAS. Facebook: Professor Ivan Lucas DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR IVAN LUCAS Facebook: Professor Ivan Lucas DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS 1) (CESPE - 2013 - TRE-MS) A CF garante aos estrangeiros em trânsito pelo território

Leia mais

PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS APLICÁVEIS AO DIREITO PENAL

PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS APLICÁVEIS AO DIREITO PENAL PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS APLICÁVEIS AO No rol de princípios constitucionais aplicáveis ao direito penal encontram-se: 1. Princípio da presunção de inocência ; 2. Princípio da responsabilidade pessoal

Leia mais

SÚMULA VINCULANTE Nº 11 QUE TRATA DO USO DE ALGEMAS: NECESSIDADE DE SUA EDIÇÃO OU MERA CONVENIÊNCIA ENTRE SUA CRIAÇÃO E O CONTEXTO POLÍTICO VIVIDO?

SÚMULA VINCULANTE Nº 11 QUE TRATA DO USO DE ALGEMAS: NECESSIDADE DE SUA EDIÇÃO OU MERA CONVENIÊNCIA ENTRE SUA CRIAÇÃO E O CONTEXTO POLÍTICO VIVIDO? SÚMULA VINCULANTE Nº 11 QUE TRATA DO USO DE ALGEMAS: NECESSIDADE DE SUA EDIÇÃO OU MERA CONVENIÊNCIA ENTRE SUA CRIAÇÃO E O CONTEXTO POLÍTICO VIVIDO? Adeilson Pereira Teixeira Rosemário Nunes de Freitas

Leia mais

PRINCÍPIO = começo; ideia-síntese

PRINCÍPIO = começo; ideia-síntese PRINCÍPIOS INFORMADORES DO DIREITO PROCESSUAL PENAL PRINCÍPIO = começo; ideia-síntese os princípios da política processual de uma nação não são outra coisa senão os segmentos de sua política (ética) estatal

Leia mais

DIREITO PROCESSUAL PENAL Da prisão e da liberdade provisória Da prisão em flagrante

DIREITO PROCESSUAL PENAL Da prisão e da liberdade provisória Da prisão em flagrante DIREITO PROCESSUAL PENAL Da prisão e da liberdade provisória Parte 24 Prof. Thiago Almeida . Todos os sujeitos processuais estão presentes e protagonizam o ato, inclusive a defesa técnica do preso. Essa

Leia mais

DIREITO PROCESSUAL PENAL

DIREITO PROCESSUAL PENAL DIREITO PROCESSUAL PENAL Das Provas (Parte I) Profª. Letícia Delgado 1)Previsão: Capítulo XI, título VII - (art. 240 a 250 do CPP). 2)Prova: todo e qualquer elemento capaz de influir no convencimento do

Leia mais

SUMÁRIO PRISÃO PREVENTIVA: PRINCIPAIS PONTOS CONTROVERTIDOS SURGIDOS COM A LEI /

SUMÁRIO PRISÃO PREVENTIVA: PRINCIPAIS PONTOS CONTROVERTIDOS SURGIDOS COM A LEI / SUMÁRIO CAPÍTULO I PRISÃO PREVENTIVA: PRINCIPAIS PONTOS CONTROVERTIDOS SURGIDOS COM A LEI 12.403/2011...29 1. Prisão preventiva antes da edição da Lei 12.403/2011... 29 2. Espírito das alterações e antecedentes

Leia mais

AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA FUNDAMENTOS E ASPECTOS PRELIMINARES

AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA FUNDAMENTOS E ASPECTOS PRELIMINARES AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA FUNDAMENTOS E ASPECTOS PRELIMINARES RESOLUÇÃO N.º 213, DE 15 DE DEZEMBRO DE 2015, DO CNJ Art. 1º - Determina que toda pessoa presa em flagrante delito, independente da motivação ou

Leia mais

Direito. Processual Penal. Prisão

Direito. Processual Penal. Prisão Direito Processual Penal Prisão Prisão Conceito: É a privação da liberdade de locomoção de alguém, em razão de ordem judicial ou prisão em flagrante Prisão Art. 5, LXI, CF. Ninguém será preso senão em

Leia mais

ESTADO DE MATO GROSSO PODER JUDICIÁRIO ALTO TAQUARI VARA ÚNICA

ESTADO DE MATO GROSSO PODER JUDICIÁRIO ALTO TAQUARI VARA ÚNICA Trata-se de pedido de prisão preventiva formulado pelo Ministério Público contra EVANDERLY DE OLIVEIRA LIMA, CPF n. 735.435.786-34, RG M5.000.332- SSP/MG,, brasileiro, natural de Contagem/MG, enfermeiro,

Leia mais

COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA E DE CIDADANIA

COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA E DE CIDADANIA COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA E DE CIDADANIA PROJETO DE DECRETO LEGISLATIVO N o 2.379, DE 2006 (MENSAGEM N o 20, de 2006) Aprova o texto do Tratado sobre Extradição entre o Governo da República Federativa

Leia mais

DIREITO CONSTITUCIONAL

DIREITO CONSTITUCIONAL DIREITO CONSTITUCIONAL Direitos Individuais Remédios Constitucionais e Garantias Processuais Remédios Constitucionais -habeas corpus, habeas data, mandado de segurança, mandado de injunção e ação popular

Leia mais

Conteúdo: Inviolabilidades Constitucionais: Inviolabilidade do Domicílio; Inquérito Policial: Conceito; Natureza Jurídica; Características.

Conteúdo: Inviolabilidades Constitucionais: Inviolabilidade do Domicílio; Inquérito Policial: Conceito; Natureza Jurídica; Características. Turma e Ano: Flex A (2014) Matéria / Aula: Processo Penal / Aula 03 Professor: Elisa Pittaro Conteúdo: Inviolabilidades Constitucionais: Inviolabilidade do Domicílio; Inquérito Policial: Conceito; Natureza

Leia mais

DIREITO CONSTITUCIONAL

DIREITO CONSTITUCIONAL DIREITO CONSTITUCIONAL Direitos Individuais Remédios Constitucionais e Garantias Processuais Direitos Constitucionais-Penais e Parte 4 Prof. Alexandre Demidoff Normas aplicáveis à extradição Art. 5º LI

Leia mais

BuscaLegis.ccj.ufsc.br

BuscaLegis.ccj.ufsc.br BuscaLegis.ccj.ufsc.br Súmula 122 do Superior Tribunal de Justiça e competência para o julgamento de contravenções penais: uma análise à luz da jurisprudência dos Tribunais Superiores Alexandre Piccoli

Leia mais

DIREITO PROCESSUAL PENAL

DIREITO PROCESSUAL PENAL DIREITO PROCESSUAL PENAL Das Questões e Processos Incidentes Prof. Gisela Esposel - Previsão legal: artigo 118 124 do CPP - Durante o inquérito policial determina-se a apreensão dos instrumentos e objetos

Leia mais

DIREITO ELEITORAL. Processo Penal Eleitoral. Prof. Rodrigo Cavalheiro Rodrigues

DIREITO ELEITORAL. Processo Penal Eleitoral. Prof. Rodrigo Cavalheiro Rodrigues DIREITO ELEITORAL Prof. Rodrigo Cavalheiro Rodrigues Código Eleitoral Art. 355. As infrações penais definidas neste Código são de ação pública. Ac.-TSE 21295/2003: cabimento de ação penal privada subsidiária

Leia mais

ACÓRDÃO. RÉUS: MORAIS FERNANDO JOAO, ESPÍRITO FERNANDO JOAO e ANTÓNIO PAULINO.

ACÓRDÃO. RÉUS: MORAIS FERNANDO JOAO, ESPÍRITO FERNANDO JOAO e ANTÓNIO PAULINO. 1ª SECÇÃO DA CÂMARA CRIMINAL ACÓRDÃO HABEAS CORPUS: nº178 RÉUS: MORAIS FERNANDO JOAO, ESPÍRITO FERNANDO JOAO e ANTÓNIO PAULINO. ACORDAM EM NOME DO POVO: Acordam no Tribunal Supremo I Relatório 1. DOMINGOS

Leia mais

Direito Processual Penal. Provas em Espécie

Direito Processual Penal. Provas em Espécie Direito Processual Penal Provas em Espécie Exame de Corpo de Delito Conceito: é análise técnica realizada no corpo de delito. O que é corpo de delito? O exame de corpo de delito é obrigatório em todos

Leia mais

Lei n , de Agravo ARTIGO 5, XXXV PEDRO LENZA. "Direito Constitucional Esquematizado" - SARAIVA

Lei n , de Agravo ARTIGO 5, XXXV PEDRO LENZA. Direito Constitucional Esquematizado - SARAIVA STF SABER DIREITO Aula 2: Súmula vinculante Pedro Lenza pedrolenza@terra.com.br ONDAS RENOVATÓRIAS primeira grande onda - assistência judiciária; segunda - proteção dos interesses transindividuais terceiro

Leia mais

ESTADO DO CEARÁ PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA GABINETE DESEMBARGADOR FRANCISCO MARTÔNIO PONTES DE VASCONCELOS

ESTADO DO CEARÁ PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA GABINETE DESEMBARGADOR FRANCISCO MARTÔNIO PONTES DE VASCONCELOS fls. 74 Processo: 0627098-73.2017.8.06.0000 - Habeas Corpus Impetrante: Alexandre dos Santos Geraldes Paciente: Luiz Fabiano Ribeiro Brito Impetrado: Juiz de Direito da 5ª Vara Júri da Comarca de Fortaleza

Leia mais

02/04/2019. Professor: Anderson Camargo 1

02/04/2019. Professor: Anderson Camargo 1 02/04/2019 Professor: Anderson Camargo 1 Busca e apreensão Busca: diligencias realizadas com o objetivo de investigação e descoberta de materiais que possam ser utilizados no inquérito policial ou no processo

Leia mais

PRINCIPAIS VIOLAÇÕES ÀS REGRAS DE MANDELA NO SISTEMA PENITENCIÁRIO BRASILEIRO 1.

PRINCIPAIS VIOLAÇÕES ÀS REGRAS DE MANDELA NO SISTEMA PENITENCIÁRIO BRASILEIRO 1. PRINCIPAIS VIOLAÇÕES ÀS REGRAS DE MANDELA NO SISTEMA PENITENCIÁRIO BRASILEIRO 1. Por Ana Lucia Castro de Oliveira. Defensora Pública Federal titular do 2º Ofício Criminal da Defensoria Pública da União

Leia mais

Sentença absolutória.

Sentença absolutória. Sentença absolutória. O OBJETIVO DESSE AMBIENTE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM SERÁ A APRESENTAÇÃO DAS REGRAS REFERENTES À SENTENÇA ABSOLUTÓRIA NO PROCESSO PENAL sentença absolutória SENTENÇA ABSOLUTÓRIA O juiz

Leia mais

Conceito e Denominações

Conceito e Denominações Prof. Mauro Stürmer Conceito e Denominações Direito Penal - Conceito Formal conjunto de normas jurídicas pelas quais os Estado proíbe determinadas condutas (ação ou omissão), sob a ameaça de determinadas

Leia mais

DIREITO PROCESSUAL PENAL I. Princípios Constitucionais do Processo Penal... 002 II. Aplicação da Lei Processual... 005 III. Inquérito Policial... 006 IV. Processo e Procedimento... 015 V. Juizados Especiais

Leia mais

Pós Penal e Processo Penal. Legale

Pós Penal e Processo Penal. Legale Pós Penal e Processo Penal Legale PRISÃO PROVISÓRIA A prisão provisória, também chamada de prisão processual ou prisão cautelar se destaca no processo penal brasileiro por ser uma forma de isolar o agente

Leia mais

DIREITO CONSTITUCIONAL Aula 06. Instituto de Gestão, Economia e Políticas Públicas - IGEPP Prof. Leo van Holthe

DIREITO CONSTITUCIONAL Aula 06. Instituto de Gestão, Economia e Políticas Públicas - IGEPP Prof. Leo van Holthe DIREITO CONSTITUCIONAL Aula 06 Instituto de Gestão, Economia e Políticas Públicas - IGEPP Prof. Leo van Holthe 1 Ampla defesa Súmula Vinculante 3 do STF: Nos processos perante o Tribunal de Contas da União

Leia mais

Aula 28 CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO (PARTE I).

Aula 28 CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO (PARTE I). Curso/Disciplina: Noções de Direito Penal Aula: Noções de Direito Penal - 28 Professor : Leonardo Galardo Monitor : Virgilio Frederich Aula 28 CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO (PARTE I). 1. Crimes de furto e

Leia mais

Direito Penal. Imagine a seguinte situação adaptada: O juiz poderia ter feito isso?

Direito Penal. Imagine a seguinte situação adaptada: O juiz poderia ter feito isso? Direito Penal Atualização 2: para ser juntada na pág. 845 do Livro de 2013 2ª edição 31.9 A NATUREZA E A QUANTIDADE DA DROGA PODEM SER UTILIZADAS PARA AUMENTAR A PENA NO ART. 42 E TAMBÉM PARA AFASTAR O

Leia mais

ASPECTOS LEGAIS DO USO DE ALGEMAS

ASPECTOS LEGAIS DO USO DE ALGEMAS Autor: Ailton Luis Bertate Policial Militar do Estado de São Paulo e Bacharel em Direito pelo Centro Universitário de Rio Preto (UNIRP). ASPECTOS LEGAIS DO USO DE ALGEMAS Algumas Considerações O tema visa

Leia mais

LEGISLAÇÃO DO MPU. Lei Orgânica do MPU. Lei Complementar 75/1993 Garantias e Prerrogativas. Prof. Karina Jaques

LEGISLAÇÃO DO MPU. Lei Orgânica do MPU. Lei Complementar 75/1993 Garantias e Prerrogativas. Prof. Karina Jaques LEGISLAÇÃO DO MPU Lei Orgânica do MPU Lei Complementar 75/1993 Garantias e Prerrogativas Prof. Karina Jaques MPU Instituição permanente Essencial à função jurisdicional do Estado Defensora Ordem jurídica

Leia mais

Lei n /2011 e prisão provisória: questões polêmicas

Lei n /2011 e prisão provisória: questões polêmicas Fernando Capez é Procurador de Justiça licenciado e Deputado Estadual. Presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (2007-2010). Mestre em Direito pela

Leia mais

DIREITO PENAL MILITAR

DIREITO PENAL MILITAR DIREITO PENAL MILITAR Crimes contra a autoridade ou disciplina militar Parte 5 Prof. Pablo Cruz Violência contra inferior Art. 175. Praticar violência contra inferior: Pena - detenção, de três meses a

Leia mais

GABARITO PRINCÍPIOS PENAIS COMENTADO

GABARITO PRINCÍPIOS PENAIS COMENTADO GABARITO PRINCÍPIOS PENAIS COMENTADO 1 Qual das afirmações abaixo define corretamente o conceito do princípio da reserva legal? a) Não há crime sem lei que o defina; não há pena sem cominação legal. b)

Leia mais

Mini Simulado GRATUITO de Direito Processual Penal. TEMA: Diversos

Mini Simulado GRATUITO de Direito Processual Penal. TEMA: Diversos Mini Simulado GRATUITO de Direito Processual Penal TEMA: Diversos 1. A prisão em flagrante deve: a) ser comunicada apenas à família do preso, sob pena de nulidade. b) ser comunicada ao juiz competente,

Leia mais

XXIII EXAME DE ORDEM PROCESSO PENAL PROF CHRISTIANO GONZAGA

XXIII EXAME DE ORDEM PROCESSO PENAL PROF CHRISTIANO GONZAGA XXIII EXAME DE ORDEM PROCESSO PENAL PROF CHRISTIANO GONZAGA Princípios Devido Processo Legal Juiz Natural PRINCÍPIOS IMPORTANTES Ampla Defesa Presunção de Inocência Aplicação da lei processual Art. 2º,

Leia mais

Sugestão apresentada pela Comissão Especial da ANPR. Inserção de uma parágrafo segundo no artigo 108 para incluir o seguinte dispositivo:

Sugestão apresentada pela Comissão Especial da ANPR. Inserção de uma parágrafo segundo no artigo 108 para incluir o seguinte dispositivo: SUGESTÕES ANPR ACATADAS QUADRO COMPARATIVO Redação Anterior Sugestão Apresentada Redação do Relatório Final PLS 236/2013 Redação inicial Art. 108. A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença

Leia mais

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO. MÓDULO II 1. Regras de competência 2. Procedimento 3. Pedidos 4. Recurso Ordinário Constitucional

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO. MÓDULO II 1. Regras de competência 2. Procedimento 3. Pedidos 4. Recurso Ordinário Constitucional CONTEÚDO PROGRAMÁTICO MÓDULO II 1. Regras de competência 2. Procedimento 3. Pedidos 4. Recurso Ordinário Constitucional 1. REGRAS DE COMPETÊNCIA O habeas corpus deve ser interposto à autoridade judicial

Leia mais

GUIA PARA A CONDUTA E O COMPORTAMENTO DA POLÍCIA SERVIR E PROTEGER FOLHETO

GUIA PARA A CONDUTA E O COMPORTAMENTO DA POLÍCIA SERVIR E PROTEGER FOLHETO GUIA PARA A CONDUTA E O COMPORTAMENTO DA POLÍCIA SERVIR E PROTEGER FOLHETO Comitê Internacional da Cruz Vermelha 19, avenue de la Paix 1202 Genebra, Suíça T +41 22 734 60 01 F +41 22 733 20 57 Email: shop@icrc.org

Leia mais

DIREITO PENAL. d) II e III. e) Nenhuma.

DIREITO PENAL. d) II e III. e) Nenhuma. DIREITO PENAL 1. Qual das afirmações abaixo define corretamente o conceito do princípio da reserva legal? a) Não há crime sem lei que o defina; não há pena sem cominação legal. b) A pena só pode ser imposta

Leia mais

DIREITO CONSTITUCIONAL

DIREITO CONSTITUCIONAL DIREITO CONSTITUCIONAL Direitos Individuais Direitos Constitucionais Penais e Garantias Const. do Processo Parte 4 Profª. Liz Rodrigues - Art. 5º, LXIV, CF/88: o preso tem direito à identificação dos responsáveis

Leia mais

Pós Penal e Processo Penal. Legale

Pós Penal e Processo Penal. Legale Pós Penal e Processo Penal Legale COMPETÊNCIA (continuação) Competência Criação dos TRFs OBS: Resolução n.1, de 06/10/88, do Tribunal Federal de Recursos, que estabeleceu: a) o Tribunal Regional Federal

Leia mais

DIREITO CONSTITUCIONAL

DIREITO CONSTITUCIONAL DIREITO CONSTITUCIONAL Direitos Individuais Remédios Constitucionais e Garantias Processuais Direitos Constitucionais-Penais e Parte 3 Prof. Alexandre Demidoff Mandados constitucionais de criminalização

Leia mais

DIREITO PROCESSUAL PENAL

DIREITO PROCESSUAL PENAL DIREITO PROCESSUAL PENAL Da prisão e da Liberdade Provisória Prisões cautelares: definições e espécies Parte II Prof. Gisela Esposel - Da prisão preventiva stricto sensu - Previsão legal: artigo 311 316

Leia mais

DIREITO PENAL MILITAR

DIREITO PENAL MILITAR DIREITO PENAL MILITAR Teoria da Pena Parte 1 Prof. Pablo Cruz Penas principais Teoria da Pena As penas criminais, no sistema militar, se diferem do sistema penal comum, pois não admitem substituição pelas

Leia mais

Juizados Especiais Criminais

Juizados Especiais Criminais Direito Processual Penal Juizados Especiais Criminais Constituição Federal Art. 98. A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os Estados criarão: I - juizados especiais, providos por juízes togados,

Leia mais

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça HABEAS CORPUS nº 394573 - SP (2017/0074011-7) RELATOR : MIN. REYNALDO SOARES DA FONSECA IMPETRANTE ADVOGADO IMPETRADO PACIENTE : IDENYLDO SILVA : DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DE SÃO PAULO : TRIBUNAL DE

Leia mais

Direito. Processual Penal. Ações de Impugnação

Direito. Processual Penal. Ações de Impugnação Direito Processual Penal Ações de Impugnação Art. 647 CPP: Dar-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar na iminência de sofrer violência ou coação ilegal na sua liberdade de ir e vir, salvo

Leia mais

O PROCESSO PENAL NO ESTADO CONSTITUCIONAL BRASILEIRO: UM INSTRUMENTO DE TUTELA DE DIGNIDADES (Art. 1º, inc. III, CF/88)

O PROCESSO PENAL NO ESTADO CONSTITUCIONAL BRASILEIRO: UM INSTRUMENTO DE TUTELA DE DIGNIDADES (Art. 1º, inc. III, CF/88) O PROCESSO PENAL NO ESTADO CONSTITUCIONAL BRASILEIRO: UM INSTRUMENTO DE TUTELA DE DIGNIDADES (Art. 1º, inc. III, CF/88) Elaborado o Direito Penal Objetivo, definidos os fatos que constituem infrações penais

Leia mais

EXECUÇÃO PENAL. Lei /2015

EXECUÇÃO PENAL. Lei /2015 EXECUÇÃO PENAL Lei 13.167/2015 REGRA GERAL: O preso provisório ficará separado do preso condenado por sentença transitada em julgado. O preso provisório ficará recolhido em cela diferente do preso já condenado

Leia mais

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça AGRAVADO ADVOGADO INTERES. : JOSÉ MEIRELLES FILHO E OUTRO(S) - SP086246 : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO EMENTA PROCESSO PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. EXECUÇÃO PROVISÓRIA

Leia mais