A Fenomenologia do Espírito de Hegel e. O Capital de Marx: Curso Introdutório - II

Tamanho: px
Começar a partir da página:

Download "A Fenomenologia do Espírito de Hegel e. O Capital de Marx: Curso Introdutório - II"

Transcrição

1 A Fenomenologia do Espírito de Hegel e O Capital de Marx: Curso Introdutório - II São Paulo - Novembro de Professor Dr. Jadir Antunes. O MOVIMENTO DIALÉTICO DA CONSCIÊNCIA EM O CAPITAL DE MARX 1. IDENTIDAD, 2. DIFERENÇA, 3. OPOSIÇÃO, 4. NEGAÇÃO E 5. NEGAÇÃO DA NEGAÇÃO O Livro Primeiro de O Capital está dedicado à análise das contradições do processo de produção da mais-valia e possui 25 capítulos distribuídos em 7 seções. A primeira seção compreende os capítulos I a III e estuda as determinações contraditórias do dinheiro e da mercadoria na esfera da circulação simples. As seções II a VI compreendem os capítulos IV a XX e estudam as contradições contidas no processo de produção da mais-valia. A seção VII estuda a repetição do processo de produção e a conversão da maisvalia em capital, isto é, estuda as contradições contidas na esfera da reprodução do capital. Para uma compreensão fenomenológica do Livro Primeiro de O Capital organizaremos a exposição segundo a seguinte metodologia. 1) Identidade: momento da unidade e da identidade abstratas entre trabalhador e capitalista. Seção I do Livro Primeiro de O Capital. 2) Diferença: momento da diferença e da desigualdade reais entre trabalhador e capitalista. Seção II do Livro Primeiro de O Capital. 3) Oposição: momento da oposição e da luta sindical entre trabalhador e capitalista. Momento das diferenças não

2 essenciais [quantitativas] da realidade e da necessidade de sua superação. Seções III a VI do Livro Primeiro de O Capital. 4) Negação: momento da negação e da luta revolucionária entre trabalhador e capitalista. As diferenças não essenciais [quantitativas] são superadas e parte-se, então, para a aniquilação da diferença essencial [qualitativa] da realidade, onde o sistema é parcialmente tomado pelos trabalhadores. Seção VII do Livro Primeiro de O Capital. 5) Negação da Negação: momento da negação da negação e da tomada revolucionária do poder. A diferença essencial é finalmente aniquilada e o sistema é, então, totalmente tomado pelos trabalhadores. Seção VII Capítulo XXIV: A Acumulação Originária - Livro Primeiro de O Capital. 1. IDENTIDADE 1) O momento abstrato/tético/positivo: o processo de circulação da mercadoria e do dinheiro (o princípio está ainda pressuposto/velado e o capital parece surgir dele mesmo). a) O duplo caráter da mercadoria: M-D-M. a.1) A contradição aparente: valor de uso e valor de troca. a.2) A contradição verdadeira e interna: valor de uso e valor. a.3) A contradição interna exteriorizada: mercadoria e dinheiro. b) O duplo caráter do trabalho: trabalho concreto e trabalho abstrato. c) A substância e medida do valor. Seção I: análise e crítica da circulação simples de mercadorias = M - D - M (Mercadoria Dinheiro Mercadoria). Representa o começo puramente formal, abstrato e positivo da exposição. Os operários aparecem como indivíduos livres e dispersos pelo mercado. M (uma mercadoria qualquer) se converte em D (dinheiro) que será reconvertido noutra mercadoria (M) qualquer. O dinheiro não aparece ainda como dinheiro, mas, como moeda e meio de circulação. O dinheiro, por isso,

3 não aparece ainda como o fim do processo de troca. O fim da troca aparece, ilusoriamente, como M, como a satisfação de uma necessidade humana qualquer. O processo capitalista de troca, antes de aparecer como dúplice e contraditório, aparece como uno e indivisível e a crise aparece em sua forma meramente formal e potencial. Começamos aqui pela instância mais imediata, abstrata, aparente, fantasiosa e ilusória da realidade capitalista. Começamos aqui por um aparente intercâmbio de equivalentes onde a relação entre capital e trabalho não aparece como tal, mas como uma relação entre dois vendedores individuais de mercadorias. O trabalhador não aparece ainda como tal, mas, sim, como vendedor de uma mercadoria indeterminada. O patrão, do mesmo modo, não aparece como tal, mas sim, como certo comprador de mercadorias em geral. A única relação econômica que surge neste momento é uma relação de comércio, onde, de um lado, se apresenta certo vendedor indeterminado e de outro, certo comprador, do mesmo modo indeterminado. Um surge como proprietário de produtos e o outro surge como proprietário de dinheiro. Esta instância inicial é a mais abstrata, e por isso a mais pobre de conteúdo, porque toda a transação entre comprador e vendedor é analisada num grau puramente formal, num grau bastante purificado de conteúdo. Isto é: toda a transação econômica desta instância é analisada abstraindo-se de qualquer conteúdo e num nível puramente formal e indeterminado. Por isso, Marx expressa esta relação comercial com a fórmula da circulação simples de mercadorias: M-D-M. Nesta fórmula o dinheiro não circula como capital, mas, sim, como moeda, isto é, como meio de circulação. O fim do processo é a satisfação de uma necessidade ainda não satisfeita e não a valorização sem fim do valor. Como todo conteúdo da transação foi abstraído da exposição, mercadoria e dinheiro não aparecem como capitais, mas aparecem sim, como mercadoria e dinheiro mesmo. Do mesmo modo, vendedor e comprador não aparecem frente a frente como trabalhador e patrão, mas aparecem sim, como vendedor e comprador mesmo, sem determinação alguma. A dificuldade para se compreender esta Seção I, reside exatamente no caráter abstrato da exposição que recém inicia. As contradições que surgem neste nível surgem como resultados do caráter contraditório de certas categorias inteiramente abstratas. É o caso, por exemplo, da contradição que surge quando a

4 mercadoria, a forma determinada, particular e rígida da riqueza social, deseja ser trocada pelo dinheiro, a forma universal, indeterminada e fluída da riqueza social. Surge assim uma contradição entre a forma particular, rígida e determinada da riqueza social com sua forma universal, fluída e indeterminada. Neste nível do processo surge a primeira e mais abstrata forma de consciência, a consciência fundada no ideal da igualdade, da liberdade, da autonomia e dos direitos humanos. Trabalhador e capitalista não aparecem ainda como tais e intercambiando entre si, mas, sim na figura abstrata e indeterminada de cidadãos livres e iguais entre si. Como cidadãos do mercado, os indivíduos aparecem trocando apenas coisas externas, bens patrimoniais naturalmente alienáveis. A vontade, enquanto tal, por não ser um bem patrimonial não pode ser, ainda, portanto, alienada. Neste nível predomina a moralidade burguesa, a moralidade do mercado, onde cada indivíduo é visto como uma mônada autossuficiente, autoindependente, autoconsciente e, portanto, autônomo em relação a outros indivíduos. Este nível corresponde ao momento da realidade em que cada indivíduo parece existir em-si, por-si e para-si-mesmo. Como cada indivíduo é igual a todos os demais indivíduos, a consciência que surge neste momento é o da independência e da autonomia moral do indivíduo. Neste nível domina, portanto, o princípio da individualidade abstrata, do egoísmo, da vaidade, do solipsismo, do hedonismo, do utilitarismo e da falsa consciência do eu individual. No nível das trocas, os indivíduos apropriam-se dos bens externos e patrimoniais de cada um, da coisa de cada, e somente desta coisa, de maneira moral e consentida. Cada um dos intercambiantes parece entregar, livremente e consentidamente, sem coação e sem a força e a violência da necessidade, um bem patrimonial que lhe pertence por direito, um bem produzido pelo trabalho de suas próprias mãos, em troca de um bem igualmente consentido e produzido pelas próprias mãos do outro. Para além das aparências, porém, Marx mostra que como os produtos são trocados entre si dentro de uma divisão social do trabalho bastante desenvolvida, como dentro desta divisão o produto é trocado como mercadoria, como mercadorias iguais não são, absolutamente, cambiáveis entre si, como somente produtos diferentes podem ser cambiados entre si, o surgimento da diferença e da troca entre estes diferentes torna-se uma necessidade inevitável para cada indivíduo.

5 O princípio da absoluta igualdade e da autonomia moral de cada indivíduo diante de todos os demais indivíduos se esfacela e se destrói, então, pela violência da necessidade do próprio produto ser trocado pelo produto do alheio. O intercâmbio, aparentemente fundado na absoluta igualdade de todos entre todos, exige agora, portanto, que o diferente apareça e execute a operação de troca. Sem este diferente, sem a existência da diferença na realidade, a operação de troca torna-se impossível para nossos cidadãos do mercado. A igualdade abstrata da coisa e de todos entre todos, pressupõe, assim, contraditoriamente, a existência da diferença real entre as coisas trocadas e os portadores vivos destas coisas. As coisas trocadas devem, portanto, ser qualitativamente diferentes entre si. Não se trocam coisas qualitativamente iguais, mas, sim, coisas desiguais. Não se trocam camas por camas, mas camas por sapatos, por vestimentas, por seu desigual. A diferença natural entre as coisas e seus portadores deve, portanto, existir e servir como fundamento e pressuposto para a troca no mercado. As coisas, porém, para serem trocadas, precisam ainda ser trocadas numa relação justa e honesta, precisam ser trocadas dentro de uma proporção quantitativa equivalente. As coisas precisam, portanto, ser trocadas dentro de uma relação quantitativa justa e igual. Trocam-se, assim, coisas diferentes por quantidades iguais. Por fundar-se no princípio da igualdade quantitativa entre as coisas, a troca não aparece, ainda, como troca capitalista de mercadorias, mas como a troca enquanto tal, sem determinação, sem diferença e sem negatividade alguma. A troca, com todos os seus agentes e determinações, aparece, então, sem qualquer ambiguidade, sem qualquer potência negativa e aniquiladora que a desfaça totalmente. A troca aparece, assim, nesta ausência de negatividade e ambiguidade, em sua total pureza e identidade e, assim, em seu total mascaramento ideológico. Sendo a troca fundada, então, em sua versão mascarada e ideológica, no princípio da troca de equivalentes, torna-se impossível existir, e se explicar racionalmente, a valorização do valor e a meta capitalista da troca que têm, como seu mais íntimo princípio, a troca entre coisas desiguais e em proporções também desiguais, a troca de mais-por-menos e menos-por-mais. Para se explicar racionalmente este processo, precisamos, ainda, então, abandonar o domínio do mascaramento e viajar para um novo domínio da realidade, contido ainda no interior do próprio domínio das trocas: o mercado

6 de compra e venda da força de trabalho. Contudo, analisamos um pouco mais o domínio do mascaramento ideológico das trocas e suas determinações essenciais. O mundo ideológico da mercadoria pressupõe dois agentes abstratos livres e autônomos na sua vontade, comprador e vendedor, e dois bens externos desiguais, dois bens patrimoniais alienáveis, duas coisas externas que são trocadas entre si numa proporção equivalente. A troca aparece, assim, determinada por dois princípios fundamentais: o da equivalência e o da reciprocidade. Pelo princípio da reciprocidade, aquele que entrega uma coisa recebe em contrapartida outra de igual qualidade. Pelo princípio da equivalência, as coisas trocadas possuem valores proporcionalmente iguais. A troca de mercadorias pressupõe, portanto, uma relação econômica moralizada entre os agentes, pois ambos compartilham seus próprios bens entre si em proporcionalidades iguais e em vista da satisfaçam de suas necessidades da vida sem dolo, má-fé, logro, furto, roubo, expropriação, violência e desigualdade entre os agentes. A troca, nesta sua manifestação ideológica da primeira seção de O Capital, respeita integralmente, portanto, todos os princípios jurídicos e morais do mundo moderno, tais como a autonomia da vontade, a igualdade, a liberdade e a dignidade da pessoa humana. Uma vez realizada a troca das coisas entre si, ambos os agentes permanecem conservados e integrais na sua vontade, na sua autonomia, na sua igualdade, na sua liberdade e na sua dignidade, pois as únicas coisas entregues e alienadas foram as coisas fabricadas por seu próprio trabalho. Os chamados bens indisponíveis, tais como a dignidade, a liberdade e a autonomia da vontade permaneceram em seu estado de indisponibilidade e inalienabilidade. Também permaneceram indisponíveis e inalienáveis a vida, o corpo, e partes deste corpo, dos agentes da troca. O homem, ambos os homens do processo de troca, deste modo, permanece sendo visto, tratado e conservado como uma finalidade-em-simesma. Apesar de o egoísmo e o interesse próprio serem os únicos elos de ligação entre os agentes da troca, a troca foi feita em vista das necessidades de consumo de ambos os agentes tendo sido preservada, ainda, a personalidade humana de ambos. Ambos os agentes permanecem como legítimos proprietários de sua própria personalidade humana, que continua

7 existindo no seu ser-aí-essencial, inviolável, inalienável, irrenunciável, intransmissível, inapropriável, indisponível, não objetivada e, assim, não coisificada. Por estar fundada na autonomia da vontade de ambos os agentes, a troca parece estar situada fora de qualquer determinação que esteja para além desta autonomia, fora de qualquer relação causal e necessária. Porém, a coisa trocada não tem qualquer valor-de-uso para o agente titular da coisa. Para seu titular, a coisa só tem valor na medida em que possua, ao mesmo tempo, valorde-troca e que possa, assim, ser trocada por outra coisa ou, especialmente, por outra coisa sumamente boa para ele: o dinheiro. Caso um dos agentes da relação de troca for um capitalista, a troca não poderá ser realizada em vista da obtenção de uma coisa útil para o uso e satisfação humanas, mas, sim, em vista da obtenção de dinheiro e, fundamentalmente, de mais dinheiro. Para que o processo de troca possa ser um processo vantajoso para o capitalista ele precisará ser, impreterivelmente, então, um processo desigual, um processo de troca de mais-por-menos ou de menos-por-mais. Como ao empresário capitalista não interessa o processo tautológico da troca, o processo fundado sobre o princípio da equivalência, será necessário então, para compreendermos racionalmente o processo social e efetivo das trocas, incluir nele os princípios da diferença e da desigualdade quantitativas. O ingresso da figura do capitalista no processo de troca desfigura, então, toda a beleza e a moralidade do processo de troca fundado sobre os princípios da troca simples. Com o ingresso da figura do capitalista, ingressa junto, assim, o princípio do mais e da diferença no processo de troca. Com a entrada do capitalista no processo de troca, ingressa junto com ele, ainda, sua própria diferença essencial, o trabalhador como produtor e vendedor de força de trabalho. Como podemos ver, o processo de troca guarda em seu próprio interior um conjunto de forças e potências negativas que o impulsionam, necessária e logicamente, violentamente, para fora-de-si-mesmo, para o além de um novo e mais fundamental mercado: o mercado de força de trabalho. Para que o empresário capitalista possa transformar dinheiro em mais dinheiro, será necessário, então abandonarmos as determinações abstratas e as fantasias ideológicas da troca mercantil simples e analisarmos em detalhes as determinações deste novo mundo: o da compra e venda de corpos e mentes

8 humanas para o trabalho. Neste novo mundo, tudo o que era inalienável, essencial e sagrado será, então, profanado e convertido em coisa para a troca: especialmente o corpo e o espírito humano em suas formas vivas e atuantes. 2. DIFERENÇA Seção II: análise e crítica das contradições da fórmula geral do capital = D - M - D (Dinheiro Mercadoria maisdinheiro). O processo contraditório começa a ser desvelado e o capital começa a surgir do trabalho. a) A fórmula geral do capital e suas contradições: D-M-D. b) Compra e venda da força de trabalho: FT-D-M. Instância ainda mercantil, porém, bem mais determinada que a anterior. Aqui a troca já aparece como troca entre duas figuras bem determinadas. De um lado aparece o proprietário do dinheiro não mais como simples comprador de mercadorias em geral, mas, sim, como determinada figura que tem como meta valorizar o dinheiro, isto é, surge aqui o capitalista. Como estamos ainda na esfera da circulação mercantil e supomos sempre que as mercadorias são compradas e vendidas pelo seu valor, como supomos sempre que a troca de equivalente é inviolável para todos os personagens de nossa história, então, a fórmula do capital aparece nesta forma insossa: D-M-D. Dada a impossibilidade da troca de não-equivalentes, a fórmula geral do capital expõe suas inevitáveis contradições. De outro lado aparece o trabalhador não mais como vendedor de mercadorias em geral, como anteriormente, mas, sim, como vendedor de uma mercadoria bem determinada: sua própria força de trabalho. Por isso a fórmula anterior, e abstrata, da circulação simples (M-D-M) se converte nesta fórmula mais determinada: Ft-D-M. Aqui, o vendedor já aparece como livre vendedor de sua própria força de trabalho, como trabalhador separado da propriedade dos meios objetivos de realização do trabalho e de si mesmo como trabalhador, como vendedor que não possui nenhuma outra mercadoria para vender senão a si mesmo. Nesta altura da exposição, a abstração do momento inicial foi parcialmente superada e a relação de troca ganhou um primeiro conteúdo determinado.

9 O mercado não é mais o mercado de mercadorias em geral, mas, sim, o mercado de força de trabalho. A troca entre capital e trabalho, contudo, continua sendo apresentada como uma troca entre equivalentes. O trabalhador, porém, enganado pelo caráter mercantil da relação, acredita que vendeu trabalho ao patrão e não sua força de trabalho. A relação entre capital e trabalho, apesar de não aparecer mais como inicialmente aparecia, como uma relação entre vendedor e comprador simplesmente, ainda continua aparecendo como uma relação entre proprietários livres e iguais. Como a relação de troca entre capital e trabalho esconde a diferença importante entre trabalho e força de trabalho, o trabalhador não percebe ainda a diferença de classe que há entre ele e o patrão. Como não houve coação direta do patrão sobre o trabalhador, como o trabalhador é proprietário de sua própria força de trabalho e como esta força foi posta e vendida no mercado pelo próprio trabalhador, a transação continua aparecendo, enganosamente, como uma transação entre homens livres e iguais entre si, como no começo da exposição. Neste nível, portanto, a sociedade capitalista e suas contradições fundamentais permanecem ainda veladas pelo véu da troca de equivalentes. As classes sociais aparecem mistificadas na forma de indivíduos livres, iguais e proprietários, um do trabalho e outro do dinheiro. As contradições de classe ainda estão ocultas pela forma monetária da transação, o que aparece neste nível é uma relação harmoniosa entre os indivíduos, de um lado está o patrão e de outro o trabalhador, ambos reciprocamente dependentes. Neste nível se forma a base para todas as concepções fantasiosas e democráticas sobre a sociedade burguesa e para a falsa consciência do trabalhador, que permanece se concebendo tão livre e igual quanto seu patrão. Neste nível, por isso, se forma a base para a charlatanice dos direitos inalienáveis do homem e para os discursos de salão da social-democracia, seja petista ou não. Este nível deve ser considerado como uma transição entre o nível anterior abstrato, o nível da circulação simples, e o nível seguinte mais determinado, o da produção da mais-valia. Nesta seção surgem as primeiras contradições da fórmula geral do capital na esfera da circulação e a crítica à noção dos economistas de que a mais-valia surge desta esfera. O dinheiro nesta seção surge como dinheiro

10 exatamente e não mais como moeda e meio de circulação como aparecia na seção anterior. O dinheiro surge agora como valor que deve se valorizar na circulação e como o fim do processo de troca. O problema aqui é explicar como o dinheiro, seguindo a lei do valor e da equivalência entre as mercadorias, segundo a lei de comprar e vender pelo valor, pode se valorizar no processo. O problema é explicar como o dinheiro (D), ao se converter em M (uma massa de valor igual a D), sai ao final do processo de troca quantitativamente maior do que entrou no começo sem violar as leis da troca de mercadorias. Ainda no interior desta segunda seção surge a resposta ao problema da valorização do valor com o surgimento de uma mercadoria determinada, a força de trabalho, e um vendedor, também determinado, o trabalhador, que ainda não apareciam na seção anterior, que na verdade apareciam misturados sem se diferenciar com uma miríade de outros vendedores. A fórmula FT - D - M (Força de Trabalho Dinheiro Mercadoria) surge como a mediação dialética entre o começo abstrato e indeterminado e a esfera da produção que virá logo mais à frente. O mercado, por isso, está agora mais determinado que no começo, pois agora estamos no mercado de força de trabalho. Aqui é o momento da venda da força de trabalho (FT) pelo operário ao capitalista. É o momento da conversão da força de trabalho em D (dinheiro) e, mais tarde, em meios de subsistência (M) do trabalhador. D só pode se converter em D caso entrar em relação com um vendedor de uma mercadoria determinada, a força de trabalho (FT) do trabalhador, com uma mercadoria que possui a peculiaridade de gerar uma soma de valor acima de seu próprio valor. Na seção anterior predominava o princípio da troca entre coisas, e somente entre coisas, entre bens patrimoniais alienáveis. Agora, contudo, não se trocam mais coisas externas e alienáveis, agora são trocados homens, vida, esforço, vontade e capacidades humanas por dinheiro. Na seção anterior, o dinheiro comprava apenas coisas e produtos fabricados pelas mãos e cérebros humanos. O princípio jurídico e moral daquele mundo impedia e condenava totalmente qualquer troca que ultrapassasse a coisidade das coisas. Aquele princípio moral, abstrato, impedia totalmente que o dinheiro pudesse comprar, além das coisas fabricadas, também a vida, a vontade, o esforço, a capacidade, o cérebro e as mãos do fabricante. Agora, então, longe daquele princípio moral abstrato, compram-se homens por dinheiro e os pagam em salários.

11 Agora, então, surge uma diferença essencial, social, real e efetiva, entre os agentes do mercado. Um deles aparece agora não mais na figura de simples comprador de uma coisa qualquer e indeterminada, mas, sim, na figura de patrão e comprador da força de trabalho do trabalhador. O outro aparece agora também não mais na figura de um simples vendedor de uma coisa qualquer e indeterminada, o outro aparece agora na figura do trabalhador que vende a si próprio em troca de dinheiro. Agora, então, são postas frente a frente duas figuras reais do processo de troca real fundado na divisão social do trabalho e na propriedade individual e privada dos meios de produção. Agora, então, temos duas figuras reais de um processo social real, e não mais duas figuras irreais de um processo social irreal, como na seção anterior. Para que o contrato de trabalho entre capitalista e trabalhador possa ser realizado, será necessário o preenchimento das seguintes condições reais: Primeira: 1) Existência de relações de dependência meramente econômicas e mercantis; ausência de relações de dependência pessoal; 2) Que a mercadoria força de trabalho seja vendida no mercado por seu próprio possuidor; pela pessoa da qual ela é a força de trabalho; 3) Seu possuidor deve dispor dela como livre proprietário de sua pessoa; 4) Que comprador e vendedor apareçam no mercado como pessoas juridicamente iguais, um como possuidor de dinheiro e o outro como possuidor de sua própria pessoa; 5) Que o proprietário da força de trabalho só a venda provisoriamente, por determinado tempo e nunca em bloco; nunca sua própria pessoa por inteira; nunca a si mesmo como mercadoria mas somente sua faculdade de trabalhar; 6) O proprietário da força de trabalho renuncia apenas ao uso desta força por ele mesmo, alienando apenas esta força ao comprador e não a si próprio como pessoa, que permanece livre e proprietário de si próprio;

12 7) O comprador compra a faculdade da pessoa para o trabalho e não a própria pessoa. Segunda: 1) Que o possuidor da força de trabalho venda apenas sua capacidade para o trabalho como mercadoria e não mercadorias em que seu trabalho encontre-se realizado; 2) Que o possuidor venda sua corporalidade viva para o trabalho e não os produtos criados por este trabalho; que venda sua capacidade para o trabalho e não o trabalho criado por esta capacidade; 3) Que o possuidor desta força de trabalho apareça como pessoa duplamente livre: primeiro como pessoa que pertence a si própria, que tem a si mesmo como sua propriedade e, segundo, como pessoa não proprietária de todas as demais coisas necessárias ao exercício de suas capacidades para o trabalho. A existência desta força de trabalho supõe, por isso, a decadência de todos os modos de produção em que o produtor apareça colado aos meios de produção e subsistência, que ele apareça solto e solteiro no mercado de trabalho e alienado de todas as condições objetivas para o trabalho. O pressuposto e ponto de partida do capital aparece, ao mesmo tempo, como resultado de um desenvolvimento histórico anterior, como produto de muitas revoluções econômicas, decadência de toda uma série de formações sociais mais antigas e de uma história mundial do gênero humano. Como resultado deste processo, o trabalhador aparece então no mundo do mercado alienado das 1) terras de cultivo; 2) matéria prima e fontes de energia naturais; 3) meios e instrumentos de produção; 4) meios de transporte; 5) meios de subsistência; 6) dinheiro. Separado da propriedade destes meios, o trabalhador será, então, obrigado pela força impiedosa da necessidade, a oferecer sua força de trabalho como mercadoria em troca de dinheiro. Apesar do caráter evidentemente desumano deste momento, o intercâmbio e a circulação simples de mercadorias, dentro dos quais aparece o intercâmbio entre trabalhador e capitalista, continuarão aparecendo,

13 ideologicamente, como o paraíso dos direitos naturais do homem, como o paraíso moderno da liberdade, da propriedade, da igualdade e de Bentham, diz ironicamente Marx em O Capital. Liberdade: os indivíduos ainda aparecem ilusoriamente como reciprocamente livres e independentes onde ambos se apropriam da riqueza do outro mediante o livre consentimento de sua vontade; ambos contratam como pessoas livres juridicamente iguais; não há comércio de corpos e pessoas mas apenas de faculdades humanas renováveis e utilizadas por um tempo acertado previamente entre os contratantes; não há ofensa à dignidade da pessoa humana já que apenas as faculdades humanas são alienadas e não os homens, a sua vontade e a sua pessoa natural. Propriedade: os indivíduos aparecem como verdadeiros proprietários dos bens ofertados para troca; cada um vende apenas o que é seu por um direito natural; o capitalista aparece como proprietário de dinheiro e mercadorias e o trabalhador como proprietário de sua própria pessoa. Igualdade: ambos aparecem como igualmente proprietários de mercadorias e trocam equivalente por equivalente; ninguém se apropria de coisa alheia sem devolver algo em troca e de valor equivalente; o trabalhador recebe do capitalista um salário equivalente ao valor de sua força de trabalho; aparente ausência de troca de não equivalentes, de mais-por-menos ou menos-por-mais. Bentham: cada um dos contratantes cuida apenas de si próprio; o único poder que os reúne e os leva a se relacionar na troca é o proveito próprio, a vantagem particular, o interesse privado; mediante a realização de ambos os interesses particulares alcança-se o bem comum e o interesse geral. Encerrado o processo de troca entre capital e trabalho, assinado o contrato de trabalho, acertados o salário e a duração da jornada de trabalho, seu começo, suas pausas e seu término, a exposição prossegue, então, para a análise do processo de produção realizado no interior da fábrica, onde, ali, novas determinações aparecerão para deitar por terra as abstratas e ideológicas determinações deste momento que ainda permanecem e se conservam. O drama do trabalhador aqui neste momento consiste no fato de que a mercadoria vendida, a força de trabalho, ainda que seja uma coisa alienável, temporariamente alienável, não é uma coisa separável da corporalidade viva

14 do vendedor, obrigando-o, o trabalhador, a seguir junto dela para o lugar, para a fábrica, onde, como instrumento vivo de trabalho, será consumida e devorada pelo comprador o empresário capitalista. 3. OPOSIÇÃO. Seções III a VI: análise e crítica das relações de produção na fábrica capitalista = D - M [FT + MP]... P... M - D (Dinheiro Mercadoria [Força de Trabalho e Meios de Produção]... Processo de Produção... mais-mercadoria mais-dinheiro, onde... significam as pausas do processo de troca). c) O duplo caráter do processo de produção: D-M (ft + mp)...p...m -D. c.1) O momento positivo, abstrato e idealizado: o processo de trabalho concreto. c.2) O momento negativo e determinado: o processo de valorização do valor. Saímos agora da esfera enganosa e iluminada da circulação simples e entramos na esfera fundamental e enegrecida da produção. Entramos agora, então, num nível menos imediato, mais determinado e concreto de exposição que os níveis anteriores. Primeiro momento negativo e superior da exposição, pois supõe a negação do nível anterior da circulação simples como nível real e verdadeiro em si mesmo. Este nível supõe já a crítica e superação dialética do nível anterior. Superação que simultaneamente nega e conserva as determinações do nível anterior. Aqui, no interior da fábrica (o contrato de trabalho já foi assinado e foi acertado o salário e a jornada de trabalho) o trabalhador se converte de vendedor de força de trabalho em operário e o capitalista, do mesmo modo, se converte de comprador em patrão. O trabalhador, assim como a exposição, não pode passar a este nível mais fundamental sem antes passar pelo nível da esfera das trocas, por isso este nível é uma superação dialética da esfera anterior porque não apenas supera este nível mais imediato e abstrato, mas, ainda, o conserva como momento seu. As contradições da esfera anterior não apenas são negadas, mas são, ainda, e sobretudo, conservadas no interior deste novo nível. As contradições

15 que encontramos até aqui nunca serão verdadeiramente resolvidas até o final da exposição, elas serão sempre apenas duplicadas e lançadas a um nível mais fundamental e explosivo de existência. Todas as contradições que encontramos até aqui, como entre valor de uso e valor, mercadoria e dinheiro, trabalho concreto e trabalho abstrato, preço da força de trabalho e trabalho vão continuamente se desdobrando em novas formas de existência. As contradições não desaparecem ou são resolvidas, elas apenas se desdobram em novas formas mais determinadas e explosivas. Nesta esfera, portanto, surgem novas formas da contradição mais básica encontrada no início da exposição, a contradição entre valor de uso e valor. Deste modo, assim como a fórmula inicial da circulação simples (M-D-M) se desdobrara, e se invertera, na fórmula geral do capital (D-M-D ), esta, por sua vez, se converte noutra forma mais determinada e complexa: D-M (ft + mp)...p...m -D. Segundo momento crítico e negativo da exposição e a primeira negação determinada do começo. A valorização do valor é exposta na esfera da produção capitalista. Os operários surgem como uma categoria determinada da sociedade, reunidos pelo capital em torno de uma grande fábrica e lutando por reivindicações positivas e de caráter sindical. Dinheiro (D) se converte em certas mercadorias determinadas (força de trabalho e meios de produção).... P... indica a paralisia transitória do processo de valorização do valor na esfera da produção. O valor ressurge valorizado ao final do processo de produção com M. O valor, porém, ressurge valorizado numa forma determinada e rígida da produção social, ressurge sob a forma de M com valor superior ao valor adiantado inicialmente. D representa a transmutação do valor de sua forma determinada e particular para a forma indeterminada e universal da riqueza. Com D o dinheiro retorna ao seu ponto de partida mais elevado quantitativamente. O fim do processo, valorizar o valor, foi atingido. D se converteu em capital e em D, isto é, o dinheiro se converteu em mais-dinheiro mediante extração de mais-trabalho do operário. A sede insaciável do capitalista por mais-dinheiro surge conduzindo a relação entre patrões e trabalhadores a um divórcio cada vez mais inevitável e necessário. A aparente relação de troca de equivalentes entre capital e trabalho da primeira e da segunda seção é negada pelo surgimento da mais-valia. O trabalhador descobre que a troca entre ele e o patrão é uma troca desigual e sem equivalência alguma para ele. O trabalhador descobre que a mais-valia

16 apropriada pelo patrão não possui nenhuma relação de equivalência com o salário recebido. A relação de troca entre capital e trabalho se mostra, então, como uma relação assimétrica, desigual e não equivalente. Ou seja: a equivalência da troca é negada pelo surgimento da mais-valia. Aqui surge a mais-valia e a contradição entre trabalho pago e não-pago, entre trabalho necessário e trabalho excedente, entre jornada que o trabalhador realiza para si mesmo e jornada que realiza gratuitamente para o patrão. Aqui surgem então, a mais-valia, a exploração e a contradição entre trabalhador e patrão como uma contradição entre classes sociais, entre quem trabalha e quem se apropria do trabalho. A aparente harmonia e dependência recíproca entre trabalhador e patrão posta no começo da exposição começa a ser desmascarada. A face sorridente e satisfeita do trabalhador no ato da assinatura do contrato de trabalho, face que começa a desaparecer logo que é levado ao brete da produção, desaparece para dar lugar à dor torturante do trabalho alienado. O sorridente capitalista converte-se num vampiro que engorda quanto mais sangue e energia sugar do trabalhador. A consciência de classe do trabalhador sofre sua primeira e importante modificação: as ilusões de liberdade, igualdade e fraternidade dão lugar ao despotismo de fábrica. O trabalhador percebe que não possui nenhum controle sobre sua atividade e que o ritmo da máquina e da produção é dado pelo patrão. Longas, estafantes e penosas jornadas diárias de trabalho, emprego massivo de mulheres e crianças ocupa o lugar fantástico e luminoso do mercado. O trabalhador entrega seu tempo de vida, sua subjetividade, suas faculdades físicas e intelectuais a serviço da valorização incessante do valor, a serviço da insaciável voracidade do ser-capital por sangue e energia humanos. A exposição, apesar deste avanço, continua abstrata, pois o trabalhador não é ainda apresentado como classe, mas como indivíduo, ou um grupo deles, que se relaciona com um patrão determinado. A totalidade das classes e da luta entre elas permanece ainda pressuposta. A luta de classes que surge nesta altura da exposição é ainda uma luta positiva, afirmativa e conservadora. O trabalhador, ou um grupo numeroso deles, se põe em luta contra o patrão reivindicando a aplicação das leis gerais da produção de mercadorias na relação entre ambos. Dado o caráter vivo da mercadoria que o trabalhador vende ao patrão, a reivindicação gira aqui em torno da duração do tempo de consumo normal desta força de trabalho. Isto é, a reivindicação gira aqui em

17 torno da regulamentação do tempo diário em que a força de trabalho pode ser posta em atividade pelo capitalista. O resultado desta luta se consolida na regulamentação da jornada diária de trabalho dentro de certos limites mais racionais. Como o trabalhador não vende trabalho, mas força de trabalho, e a vende como mercadoria, o trabalhador reivindica aqui de seu patrão que sua força de trabalho seja comprada pelo seu valor, como ocorre com todas as mercadorias de propriedade do patrão. O trabalhador, ao reivindicar um salário que corresponda ao valor de sua força de trabalho, não faz mais que reivindicar que seu patrão aplique na relação entre ambos a lei da troca de equivalentes. As lutas que surgem neste nível, por salário equivalente ao valor da força de trabalho e jornada diária regulamentada de trabalho, são ainda lutas positivas e conservadoras, pois não fazem mais que afirmar a lei geral da produção de mercadorias: de comprar e vender pelo valor. Até aqui, portanto, a lei da troca de equivalentes aparece como uma verdade na relação econômica entre capital e trabalho e que a injustiça da relação aparece apenas quando a equivalência é violada pelo patrão. Veremos em seguida que na verdade não há troca de equivalentes entre capital e trabalho, veremos que na verdade não existe nem mesmo troca entre ambos, que a troca entre ambos é uma mera aparência, que o que existe entre capital e trabalho é uma pilhagem permanente e uma circulação de produtos sem troca. E onde não há troca não faz sentido pensar a equivalência dela. A partir destas passagens, podemos perceber quão distantes estamos de nosso ponto de partida inicial, onde as relações de troca apareciam em sua forma mística e ideologizada na forma de trocas mercantis simples, transparentes e racionais. Ao contrário daquela aparente ausência das classes, da diferença e da luta entre elas, nesta nossa terceira divisão surgem então, em toda a sua negatividade e radicalidade, a luta aberta entre capital e trabalho, especialmente em torno da determinação do salário e da duração da jornada de trabalho. O que é, porém, uma jornada normal de trabalho? Para o capitalista, uma jornada normal é uma jornada de 24hs de trabalho. Nesta concepção, o trabalhador é visto como mero meio de produção, devendo existir apenas para o trabalho. Nesta concepção, não existe tempo livre dedicado ao desenvolvimento do trabalhador como membro da sociedade, da cultura e da

18 espécie humana. Nesta concepção predominam o roubo capitalista do tempo livre do trabalhador e o atropelamento dos limites morais e físicos da jornada de trabalho. Surgem, assim, o desgaste abusivo da força de trabalho e o encurtamento do tempo de vida útil e natural do trabalhador. Surge, assim, a necessidade de se acrescentar ao salário do trabalhador os custos de depreciação com este desgaste abusivo da vida do trabalhador individual. Para não pagar estes gastos o capitalista aparece interessado na formação de uma superpopulação operária disponível a viver uma vida ilimitada de trabalho. Toda jornada de trabalho deve se desenvolver dentro de limites naturais e morais suportáveis. Porém, tais limites não aparecem diante da voracidade e da sede insaciável do capitalista como limites absolutamente intransponíveis. Sua ampliação pressupõe, portanto, a violação e a revolução destes limites por uma vontade insaciável contrária à vontade do trabalhador. Estes limites serão violados seja racionalmente, aumentando-se a eficiência do trabalho produtor dos meios de subsistência, físicos e sociais, do trabalhador, seja irracionalmente, roubando-se parte do tempo livre destinado à recreação do espírito ou do tempo dedicado ao repouso do corpo do trabalhador, ou roubando do trabalhador a parte do tempo que pertence ao consumo dos bens culturais da sociedade, empurrando-o, assim, para o nível da mera subsistência e animalidade. Com este segundo método, surge o desenvolvimento deteriorado e atrofiado do trabalhador física e socialmente e o trabalhador passa a viver abaixo dos limites físicos e morais necessários e adequados a todo homem livre e racional. O que é e como se determina, portanto, a duração de uma jornada diária de trabalho? Sem dúvida, dura menos que um dia de vida natural. Quanto menos, porém? O capital tem sua própria visão sobre este menos. Para ele, a jornada total de trabalho deve estar sempre próxima, se não igual, à duração do dia natural de 24 horas. Para ele, o tempo total de vida do trabalhador deve ser igual ao tempo total dedicado ao trabalho. Como diz Marx nesta seção sobre a formação da jornada de trabalho: Como capitalista ele é apenas capital personificado. Sua alma é a alma do capital. O capital tem um único impulso vital, o impulso de valorizar-se, de criar mais-valia, de absorver com sua parte constante, os meios de produção, a maior massa possível de

19 mais-trabalho. O capital é trabalho morto, que apenas se reanima, à maneira dos vampiros, chupando trabalho vivo e que vive tanto mais quanto mais trabalho vivo chupa. O tempo durante o qual o trabalhador trabalha é o tempo durante o qual o capitalista consome a força de trabalho que comprou. Se o trabalhador consome seu tempo disponível para si, então rouba ao capitalista. O capitalista apoia-se pois sobre a lei do intercâmbio de mercadorias. Ele, como todo comprador, procura tirar o maior proveito do valor de uso de sua mercadoria (pp ). [p. 347 AC] As palavras vigorosas de Marx deixam claro, como dissemos, quão distante estamos de todos aqueles princípios morais abstratos da primeira seção de O Capital, o quão distante estamos daquele falatório vazio dos direitos humanos, da dignidade da pessoa humana, da autonomia da vontade, do homem como um fim em si mesmo, da liberdade, da igualdade e da justiça entre os homens. O capitalista aqui, nosso personagem real e efetivo do mundo das trocas, aparece descrito em toda a sua vivacidade dramáticopoética. O capitalista, como todo comprador, deseja tomar para si todos os poderes úteis da mercadoria que comprou. Como legítimo detentor do valor-deuso da mercadoria comprada, ele deseja desfrutar de todos os seus poderes, de todas as suas capacidades úteis e produtivas. Apoiado sobre a lei de intercâmbio de mercadorias, lei que agora o favorece, o capitalista deseja se apossar da alma, da vontade, do corpo e do tempo de vida do trabalhador totalmente para si. A abstrata liberdade e autonomia da vontade de nosso ponto de partida converte-se, agora, em dominação e escravidão reais e efetivas de uma vontade sobre a outra. A abstrata igualdade entre os homens converte-se agora em desigualdade e exploração. O paraíso dos direitos do homem converte-se em paraíso dos direitos do capitalista. De repente, porém, levanta-se a voz, não mais a do próprio Marx, redator de O Capital, nem muito menos a do capitalista, mas a do próprio trabalhador que como diz Marx, até aqui estava emudecida pelo estrondo do processo de produção: A mercadoria que te vendi distingue-se da multidão das outras mercadorias pelo fato de que seu consumo cria valor e valor

20 maior do que ela mesma custa. Essa foi a razão por que a compraste. O que do teu lado aparece como valorização do capital é da minha parte dispêndio excedente de força de trabalho. Tu e eu só conhecemos, no mercado, uma lei, a do intercâmbio de mercadorias. E o consumo da mercadoria não pertence ao vendedor que a aliena, mas ao comprador que a adquire. A ti pertence, portanto, o uso de minha força de trabalho diária. Mas por meio de seu preço diário de venda tenho de reproduzi-la diariamente para poder vendê-la de novo. Sem considerar o desgaste natural pela idade etc., preciso ser capaz amanhã de trabalhar com o mesmo nível normal de força, saúde e disposição que hoje. Tu me predicas constantemente o evangelho da parcimônia e da abstinência. Pois bem! Quero gerir meu único patrimônio, a força de trabalho, como um administrador racional, parcimonioso, abstendo-me de qualquer desperdício tolo da mesma. Eu quero diariamente fazer fluir, converter em movimento, em trabalho, somente tanto dela quanto seja compatível com a sua duração normal e seu desenvolvimento sadio. Mediante prolongamento desmesurado da jornada de trabalho, podes em 1 dia fazer fluir um quantum de minha força de trabalho que é maior do que o que posso repor em 3 dias. O que tu assim ganhas em trabalho, eu perco em substância de trabalho. A utilização de minha força de trabalho e a espoliação dela são duas coisas totalmente diferentes. [pp Abril Cultural] Diante dos poderes opressores e despóticos do capitalista levanta-se agora, então, a voz firme e decidida do trabalhador que, ainda no nível da consciência sindical, opõe-se não ao emprego capitalista de suas capacidades de trabalho enquanto tais, mas, sim e somente, por enquanto, ao emprego desrespeitoso, desmedido e irracional destas forças. Do caráter especial da mercadoria vendida, do desejo do vendedor de ver sua mercadoria sendo usada e empregada de modo racional e comedido, e do direito legítimo do comprador de

21 usar, usufruir e abusar livremente desta força, surge um conflito violento que tende a aniquilar a relação entre ambos os agentes. Da natureza do próprio intercâmbio de mercadorias não resulta, porém, diz Marx, nenhum limite à jornada de trabalho, portanto, nenhuma limitação ao mais-trabalho. Ocorre aqui, portanto, uma antinomia, direito contra direito, ambos apoiados na lei de intercâmbio de mercadorias. E entre direitos iguais decide a força, [diz Marx]. (p. 181). Como podemos perceber, o trabalhador, neste nível do processo de produção, concorda com a legitimidade da relação capitalista de trabalho e aceita ser usado e usufruído pelo patrão, o trabalhador não aceita apenas ser abusado por ele. Abusar é fazer uso da coisa além de suas medidas e funções naturais. Abusar é usar a coisa de modo irracional. É contra este emprego abusivo, e não contra o emprego enquanto tal da força de trabalho pelo capitalista, que nosso trabalhador se opõe aqui neste nível da exposição. A consciência que aqui se manifesta é a consciência sindical do trabalhador, que ainda aceita a relação capitalista de trabalho, que ainda não a concebe como injusta em si mesma, que ainda a compreende como injusta somente em seu excesso e abuso irracional, que ainda a compreende como injusta somente em seu modo de ser e não ainda em sua essência, que ainda luta, ingenuamente, para corrigir o defeito desta injustiça a adequá-la aos princípios e limites da natureza e da razão. A partir deste ponto, Marx passa a descrever o processo de lutas travadas pela classe trabalhadora inglesa pelo direito a uma regulamentação da jornada de trabalho diário e o surgimento das Leis Fabris. Tais leis, diz, Marx, não abolem nem eliminam a perversidade da vontade do capitalista pela alma e pela vida do trabalhador, estas leis apenas põem um freio legal, um freio positivo e externo, a esta disposição insana do capitalista, um freio jurídico posto, ironicamente, pelo Estado que os próprios patrões dominam e controlam. Marx explica que o capital não inventou o mais trabalho. O capital inventou a prática da elevação desmedida e irracional do mais-trabalho. Tal prática não tem sua origem numa propensão natural do homem para a desmedida, mas, sim, no caráter e na alma da própria produção capitalista.

22 Nas sociedades pré-capitalistas há um limite natural e moral para esta desmedida. Exceto em ramos da produção voltados diretamente para o valor de troca do produto, como nas minas de ouro e prata da antiguidade, e naquelas partes do mundo ainda atrasadas mas submetidas ao mercado mundial capitalista, como na escravidão americana, nos principados do Danúbio e nas províncias romenas da Valáquia e da Moldávia. A partir do nascimento da grande indústria na última terça parte do século XVIII surge um assalto desmedido e violento como uma avalanche sobre a jornada diária de 12hs. Nasce, assim, a partir do nascimento da mecânica, a possibilidade técnica de se estender a jornada de trabalho noite adentro. Com a ciência mecânica e a Revolução Industrial do século XVIII, toda barreira interposta pela moral e pela natureza, pela idade ou pelo sexo, pelo dia e pela noite foi destruída diz Marx.(211). Surgem, assim, uma revolução e uma adulteração jurídica dos conceitos de dia e noite. Na Inglaterra, a partir da edição da Lei Fabril de 1833, a jornada de trabalho cai para 15hs. Com a Lei Fabril de 8 de junho de 1848 ela cai para 11hs. Com a Lei Fabril de 1º de maio de 1848 chega-se à limitação definitiva de 10hs. Surge, assim, diz Marx, um renascimento físico e moral dos trabalhadores fabris. Na França, a Revolução de Fevereiro (1848) decreta a legalização da jornada de 12hs. Nos EUA surge a agitação da jornada de 8hs após a guerra civil e o fim da escravidão nos estados do sul. Com estas vitórias, surge uma nova classe trabalhadora, mais vigorosa, mais esclarecida e mais consciente de seus poderes políticos e revolucionários. Do ponto de vista fenomenológico, o ponto de vista que por ora nos interessa, surge um trabalhador diferente, diz Marx: É preciso reconhecer que nosso trabalhador sai do processo de produção diferente do que nele entrou. No mercado ele, como possuidor da mercadoria força de trabalho, se defrontou com outros possuidores de mercadorias, possuidor de mercadoria diante de possuidores de mercadorias. O contrato pelo qual ele vendeu sua força de trabalho ao capitalista comprovou, por assim dizer, preto no branco, que ele dispõe livremente de si mesmo. Depois de concluído o negócio, descobre-se que ele não era nenhum agente livre, de que o tempo de que dispõe para vender

23 sua força de trabalho é o tempo em que é forçado a vendê-la, de que, em verdade, seu explorador não o deixa, enquanto houver ainda um músculo, um tendão, uma gota de sangue para explorar. Como proteção contra a serpente de seus martírios, os trabalhadores têm de reunir suas cabeças e como classe conquistar uma lei estatal, uma barreira social intransponível, que os impeça a si mesmos de venderem a si e à sua descendência, por meio de contrato voluntário com o capital, à noite e à escravidão! No lugar do pomposo catálogo dos direitos inalienáveis do homem entra a modesta Magna Charta de uma jornada de trabalho legalmente limitada que finalmente esclarece quando termina o tempo que o trabalhador vende e quando começa o tempo que a ele mesmo pertence. (pp. 228/229). Neste nível, como podemos perceber, passamos da gritaria pomposa da dignidade da pessoa humana e dos direitos humanos, da reivindicação dos chamados direitos civis e humanos, dos direitos pela igualdade entre os homens, passamos do Direito Civil para o Direito Trabalhista e a Magna Carta que regulamenta juridicamente a duração da jornada de trabalho do trabalhador. Neste nível passamos, ainda, da liberdade e autonomia da vontade individuais da pessoa humana, dou eu individual, para um eu coletivo, o eu da classe trabalhadora, o eu das muitas cabeças individuais agora reunidas em torno de uma luta contra o mesmo opressor, de uma mesma meta e de um mesmo modo de ser, de um modo de ser coletivo e não mais atomizado e fragmentado como no mercado geral de mercadorias. A conquista de uma jornada regulamentada de trabalho, porém, sua fixação entre oito e dez horas diárias, é uma vitória de Pirro. Quantum mutatus ab illo! Que grande mudança! Diz Marx citando a Eneida de Virgílio [Livro Segundo. Verso 274]. Todas estas lutas, todas estas energias gastas, todas estas vidas que se perderam nestes combates, conseguiram somente aplicar um regime de trabalho da época das corporações de ofício e da Idade Média já destruída pela modernidade, diz Marx. 4. NEGAÇÃO

A fenomenologia de O Capital

A fenomenologia de O Capital A fenomenologia de O Capital Jadir Antunes Doutor em Filosofia pela Unicamp e professor do Mestrado em Filosofia da Unioeste Email: jdiant@yahoo.com.br O objetivo desta comunicação é mostrar como podemos

Leia mais

Notas sobre a estrutura dialética do Livro Primeiro de O Capital. Jadir Antunes. Introdução

Notas sobre a estrutura dialética do Livro Primeiro de O Capital. Jadir Antunes. Introdução Introdução O Livro Primeiro de O Capital está dedicado à análise das contradições do processo de produção da mais-valia e possui 25 capítulos distribuídos em 7 seções. A primeira seção compreende os capítulos

Leia mais

O Capital Crítica da Economia Política. Capítulo 4 Transformação do dinheiro em capital

O Capital Crítica da Economia Política. Capítulo 4 Transformação do dinheiro em capital O Capital Crítica da Economia Política Capítulo 4 Transformação do dinheiro em capital 1 Resumo do capítulo III sobre o dinheiro Na análise do dinheiro, Marx distingue: Funções básicas do dinheiro: medida

Leia mais

Teoria de Karl Marx ( )

Teoria de Karl Marx ( ) Teoria de Karl Marx (1818-1883) Professora: Cristiane Vilela Disciplina: Sociologia Bibliografia: Manual de Sociologia. Delson Ferreira Introdução à Sociologia. Sebastião Vila Sociologia - Introdução à

Leia mais

Trabalho e socialismo Trabalho vivo e trabalho objetivado. Para esclarecer uma confusão de conceito que teve consequências trágicas.

Trabalho e socialismo Trabalho vivo e trabalho objetivado. Para esclarecer uma confusão de conceito que teve consequências trágicas. Trabalho e socialismo Trabalho vivo e trabalho objetivado Para esclarecer uma confusão de conceito que teve consequências trágicas. 1 Do trabalho, segundo Marx Há uma frase de Marx nos Manuscritos de 1861-63

Leia mais

LEMARX CURSO DE ECONOMIA POLÍTICA

LEMARX CURSO DE ECONOMIA POLÍTICA LEMARX CURSO DE ECONOMIA POLÍTICA 18 de setembro de 2010 CAPÍTULO 3: PRODUÇÃO DE MERCADORIAS E MODO DE PRODUÇÃO CAPITALISTA CAPÍTULO 4: O MODO DE PRODUÇÃO CAPITALISTA: A EXPLORAÇÃO DO TRABALHO O QUE ESTUDAMOS

Leia mais

A mercadoria. Seção 4 do Capítulo 1. O caráter fetichista da mercadoria e o seu segredo. 2ª Parte.

A mercadoria. Seção 4 do Capítulo 1. O caráter fetichista da mercadoria e o seu segredo. 2ª Parte. A mercadoria Seção 4 do Capítulo 1 O caráter fetichista da mercadoria e o seu segredo. 2ª Parte. 1 Retomando Diz Marx, em resumo: O caráter fetichista do mundo das mercadorias provém, com a análise precedente

Leia mais

O Capital Crítica da Economia Política. Capítulo 4 Transformação do dinheiro em capital

O Capital Crítica da Economia Política. Capítulo 4 Transformação do dinheiro em capital O Capital Crítica da Economia Política Capítulo 4 Transformação do dinheiro em capital 1 Transformação do dinheiro em capital Este capítulo é composto por três seções: 1. A fórmula geral do capital; 2.

Leia mais

O PROBLEMA DA CRISE CAPITALISTA EM O CAPITAL DE MARX 1

O PROBLEMA DA CRISE CAPITALISTA EM O CAPITAL DE MARX 1 O PROBLEMA DA CRISE CAPITALISTA EM O CAPITAL DE MARX 1 2 Em tempos da tão propalada crise no Brasil, um livro publicado em 2016 vem discutir exatamente o conceito de crise a partir de Marx. Esse livro

Leia mais

Capital Portador de Juros: Marx e Chesnais

Capital Portador de Juros: Marx e Chesnais Capital Portador de Juros: Marx e Chesnais Ref.: Capítulo XXI, vol. 3, de O Capital de Karl Marx e cap. 1 de A finança mundializada de François Chesnais 1 Economia Vulgar É bem conhecida a duplicidade

Leia mais

A sociologia de Marx. A sociologia de Marx Monitor: Pedro Ribeiro 24/05/2014. Material de apoio para Monitoria

A sociologia de Marx. A sociologia de Marx Monitor: Pedro Ribeiro 24/05/2014. Material de apoio para Monitoria 1. (Uel) O marxismo contribuiu para a discussão da relação entre indivíduo e sociedade. Diferente de Émile Durkheim e Max Weber, Marx considerava que não se pode pensar a relação indivíduo sociedade separadamente

Leia mais

O Dinheiro ou a Circulação das Mercadorias. O Capital Crítica da Economia Política Capítulo III

O Dinheiro ou a Circulação das Mercadorias. O Capital Crítica da Economia Política Capítulo III O Dinheiro ou a Circulação das Mercadorias O Capital Crítica da Economia Política Capítulo III 1 Funções Básicas O dinheiro surge do mundo das mercadorias como um servo da circulação, mas ele vai reinar

Leia mais

O Dinheiro ou a Circulação das Mercadorias. O Capital Crítica da Economia Política Capítulo III

O Dinheiro ou a Circulação das Mercadorias. O Capital Crítica da Economia Política Capítulo III O Dinheiro ou a Circulação das Mercadorias O Capital Crítica da Economia Política Capítulo III 1 Funções Básicas 1. Medida de valores 2. Meio de circulação a) Metamorfose das mercadorias; b) O curso do

Leia mais

História das Teorias Econômicas Aula 5: Karl Marx Instituto de Geociências / Unicamp

História das Teorias Econômicas Aula 5: Karl Marx Instituto de Geociências / Unicamp História das Teorias Econômicas Aula 5: Karl Marx Instituto de Geociências / Unicamp 2 Semestre de 2008 1 Apresentação - de origem alemã - 1818 1883 - Economista, sociólogo e filósofo - Recebeu influência

Leia mais

Teorias socialistas. Capítulo 26. Socialismo aparece como uma reação às péssimas condições dos trabalhadores SOCIALISMO UTÓPICO ROBERT OWEN

Teorias socialistas. Capítulo 26. Socialismo aparece como uma reação às péssimas condições dos trabalhadores SOCIALISMO UTÓPICO ROBERT OWEN Capítulo 26 Socialismo aparece como uma reação às péssimas condições dos trabalhadores A partir de 1848, o proletariado procurava expressar sua própria ideologia As novas teorias exigiam a igualdade real,

Leia mais

Uma pergunta. O que é o homem moderno?

Uma pergunta. O que é o homem moderno? Uma pergunta O que é o homem moderno? Respostas O homem moderno é aquele que não trabalha para viver, mas vive para trabalhar. O homem moderno não domina o tempo; ao contrário, é dominado pelo tempo. O

Leia mais

Revisão: Duas primeiras seções de O Capital. A mercadoria a) Os dois fatores: valor de uso e valor b) Duplo caráter do trabalho

Revisão: Duas primeiras seções de O Capital. A mercadoria a) Os dois fatores: valor de uso e valor b) Duplo caráter do trabalho Revisão: Duas primeiras seções de O Capital A mercadoria a) Os dois fatores: valor de uso e valor b) Duplo caráter do trabalho 1 Seção 1: Os dois fatores da mercadoria: valor de uso e valor 2 A riqueza

Leia mais

MATERIALISMO HISTÓRICO (Marx e Engels)

MATERIALISMO HISTÓRICO (Marx e Engels) MATERIALISMO HISTÓRICO (Marx e Engels) ...as mudanças sociais que se passam no decorrer da história de uma sociedade não são determinadas por ideias ou valores. Na verdade, essas mudanças são influenciadas

Leia mais

O Capital - Crítica da Economia Política. Capítulo 2 - Processo de Troca

O Capital - Crítica da Economia Política. Capítulo 2 - Processo de Troca O Capital - Crítica da Economia Política Capítulo 2 - Processo de Troca Revisão Vimos que o fetiche da mercadoria surge quando o produto do trabalho assume a forma mercadoria. Vimos que a mercadoria é

Leia mais

FILOSOFIA E SOCIEDADE: O TRABALHO NA SOCIEDADE MODERNA

FILOSOFIA E SOCIEDADE: O TRABALHO NA SOCIEDADE MODERNA FILOSOFIA E SOCIEDADE: O TRABALHO NA SOCIEDADE MODERNA FILOSOFIA E SOCIEDADE: O TRABALHO NA SOCIEDADE MODERNA O ser humano ao longo de sua existência foi construindo um sistema de relação com os demais

Leia mais

Preliminar. Um comentário do Prof. Delfim Neto Professor Emérito da FEA/USP

Preliminar. Um comentário do Prof. Delfim Neto Professor Emérito da FEA/USP Preliminar Um comentário do Prof. Delfim Neto Professor Emérito da FEA/USP A mercadoria Seção 3 do Capítulo 1 A forma de valor ou valor de troca 14/03/2013 3 Estrutura Capítulo I Nome: A mercadoria Seção

Leia mais

KARL MARX E A EDUCAÇÃO. Ana Amélia, Fernando, Letícia, Mauro, Vinícius Prof. Neusa Chaves Sociologia da Educação-2016/2

KARL MARX E A EDUCAÇÃO. Ana Amélia, Fernando, Letícia, Mauro, Vinícius Prof. Neusa Chaves Sociologia da Educação-2016/2 KARL MARX E A EDUCAÇÃO Ana Amélia, Fernando, Letícia, Mauro, Vinícius Prof. Neusa Chaves Sociologia da Educação-2016/2 BIOGRAFIA Karl Heinrich Marx (1818-1883), nasceu em Trier, Alemanha e morreu em Londres.

Leia mais

TEORIAS SOCIALISTAS MOVIMENTOS OPERÁRIOS NO SÉCULO XIX.

TEORIAS SOCIALISTAS MOVIMENTOS OPERÁRIOS NO SÉCULO XIX. TEORIAS SOCIALISTAS MOVIMENTOS OPERÁRIOS NO SÉCULO XIX 1. DEFINIÇÃO Ideais críticos ao capitalismo industrial. Crítica à propriedade privada (meios de produção). Crítica à desigualdade na distribuição

Leia mais

FLUXOS ECONÔMICOS BÁSICOS DO CAPITALISMO

FLUXOS ECONÔMICOS BÁSICOS DO CAPITALISMO FLUXOS ECONÔMICOS BÁSICOS DO CAPITALISMO Luiz Carlos Bresser-Pereira e Yoshiaki Nakano Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas, 23.9.80. (ECON-L-146 E-511) O Quadro

Leia mais

A. Independência e dependência da consciência de si: dominação e escravidão

A. Independência e dependência da consciência de si: dominação e escravidão A. Independência e dependência da consciência de si: dominação e escravidão [Primeira secção do capítulo IV A verdade da certeza de si mesmo] As etapas do itinerário fenomenológico: 1. CONSCIÊNCIA (em

Leia mais

CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO AMAPÁ CURSO DE DESIGN. Método Dialético. Profª: Kátia Paulino

CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO AMAPÁ CURSO DE DESIGN. Método Dialético. Profª: Kátia Paulino CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO AMAPÁ CURSO DE DESIGN Método Dialético Profª: Kátia Paulino Dialética No dicionário Aurélio, encontramos dialética como sendo: "[Do gr. dialektiké (téchne), pelo lat. dialectica.]

Leia mais

AS RELAÇÕES CONSTITUTIVAS DO SER SOCIAL

AS RELAÇÕES CONSTITUTIVAS DO SER SOCIAL AS RELAÇÕES CONSTITUTIVAS DO SER SOCIAL BASTOS, Rachel Benta Messias Faculdade de Educação rachelbenta@hotmail.com Os seres humanos produzem ações para garantir a produção e a reprodução da vida. A ação

Leia mais

O ESTADO MODERNO COMO PROCESSO HISTÓRICO A formação do Estado na concepção dialética de Hegel

O ESTADO MODERNO COMO PROCESSO HISTÓRICO A formação do Estado na concepção dialética de Hegel 1 O ESTADO MODERNO COMO PROCESSO HISTÓRICO A formação do Estado na concepção dialética de Hegel ELINE LUQUE TEIXEIRA 1 eline.lt@hotmail.com Sumário:Introdução; 1. A dialética hegeliana; 2. A concepção

Leia mais

Introdução ao estudo de O Capital de Marx

Introdução ao estudo de O Capital de Marx Introdução ao estudo de O Capital de Marx 1 O Capital - Crítica da Economia Política Estrutura: Vol. I - O processo de produção do Capital Vol. II - O processo de circulação do Capital Vol. III - O processo

Leia mais

10/03/2010 CAPITALISMO NEOLIBERALISMO SOCIALISMO

10/03/2010 CAPITALISMO NEOLIBERALISMO SOCIALISMO CAPITALISMO NEOLIBERALISMO SOCIALISMO Uma empresa pode operar simultaneamente em vários países, cada um dentro de um regime econômico diferente. 1 A ética não parece ocupar o papel principal nos sistemas

Leia mais

Uma análise ontológica sobre a Relação de Identidade entre Produção, Distribuição, Troca e Consumo

Uma análise ontológica sobre a Relação de Identidade entre Produção, Distribuição, Troca e Consumo Uma análise ontológica sobre a Relação de Identidade entre Produção, Distribuição, Troca e Consumo José Pereira de Sousa Sobrinho 1 Paula Emanuela Lima de Farias 2 A apreensão de Marx a respeito da natureza

Leia mais

CIDADANIA: DIREITOS CIVIS, POLÍTICOS, SOCIAIS, E OUTROS

CIDADANIA: DIREITOS CIVIS, POLÍTICOS, SOCIAIS, E OUTROS CIDADANIA: DIREITOS CIVIS, POLÍTICOS, SOCIAIS, E OUTROS O que é ser cidadão e cidadania? Cidadão é o indivíduo participante de uma comunidade (Estado) e detentor de direitos e deveres. Assim, a cidadania

Leia mais

A Questão da Transição. Baseado em Do Socialismo Utópico ao Socialismo Científico de Friedrich Engel.

A Questão da Transição. Baseado em Do Socialismo Utópico ao Socialismo Científico de Friedrich Engel. A Questão da Transição Baseado em Do Socialismo Utópico ao Socialismo Científico de Friedrich Engel. 1 Uma civilização em crise Vivemos num mundo assolado por crises: Crise ecológica Crise humanitária

Leia mais

Acumulação de Capital- Dinheiro. Fernando Nogueira da Costa Professor do IE- UNICAMP h>p://fernandonogueiracosta.wordpress.com/

Acumulação de Capital- Dinheiro. Fernando Nogueira da Costa Professor do IE- UNICAMP h>p://fernandonogueiracosta.wordpress.com/ Acumulação de Capital- Dinheiro Fernando Nogueira da Costa Professor do IE- UNICAMP h>p://fernandonogueiracosta.wordpress.com/ Acumulação Primi.va A palavra primidva é usada no sen.do de pertencer à primeira

Leia mais

Comércio em Smith e Ricardo

Comércio em Smith e Ricardo Comércio em Smith e Ricardo Comércio e Riqueza Era evidente a correlação entre comércio e riqueza do país. Mas a correlação é inversa: é porque o país é rico que há comércio e não o inverso. Tese que a

Leia mais

SOCIOLOGIA PRINCIPAIS CORRENTES.

SOCIOLOGIA PRINCIPAIS CORRENTES. SOCIOLOGIA PRINCIPAIS CORRENTES Augusto Comte 1798-1 857 Lei dos três estados: 1ª) Explicação dos fenômenos através de forças comparáveis aos homens. 2ª) Invocação de entidades abstratas (natureza). 3ª)

Leia mais

O CONTEXTO HISTÓRICO DO SURGIMENTO DA SOCIOLOGIA

O CONTEXTO HISTÓRICO DO SURGIMENTO DA SOCIOLOGIA O CONTEXTO HISTÓRICO DO SURGIMENTO DA SOCIOLOGIA CENÁRIO HISTÓRICO A Sociologia surge como conseqüência das mudanças trazidas por duas grandes revoluções do século XVIII. As mudanças trazidas pelas duas

Leia mais

Universidade de São Paulo Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz KARL MARX. Tiago Barbosa Diniz

Universidade de São Paulo Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz KARL MARX. Tiago Barbosa Diniz Universidade de São Paulo Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz KARL MARX Tiago Barbosa Diniz Piracicaba, 29 de abril de 2016 CONTEXTO HISTÓRICO Início da Segunda fase da Revolução Industrial

Leia mais

Marx e as Relações de Trabalho

Marx e as Relações de Trabalho Marx e as Relações de Trabalho Marx e as Relações de Trabalho 1. Leia os textos que seguem. O primeiro é de autoria do pensador alemão Karl Marx (1818-1883) e foi publicado pela primeira vez em 1867. O

Leia mais

Fórum Social Mundial Memória FSM memoriafsm.org

Fórum Social Mundial Memória FSM memoriafsm.org Este documento faz parte do Repositório Institucional do Fórum Social Mundial Memória FSM memoriafsm.org Mesa de Diálogo e controvérsia - (número 2) amos diante de uma grande crise econômico-financeira:

Leia mais

O TRABALHO E A ORIGEM DO HOMEM EM SOCIEDADE: UMA ANÁLISE ATRAVÉS DA FILOSOFIA DE MARX E LUKÁCS

O TRABALHO E A ORIGEM DO HOMEM EM SOCIEDADE: UMA ANÁLISE ATRAVÉS DA FILOSOFIA DE MARX E LUKÁCS 79 Ângelo Antônio Macedo Leite O TRABALHO E A ORIGEM DO HOMEM EM SOCIEDADE: UMA ANÁLISE ATRAVÉS DA FILOSOFIA DE MARX E LUKÁCS Ângelo Antônio Macêdo Leite 1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS Na perspectiva lukácsiana,

Leia mais

O caráter não-ontológico do eu na Crítica da Razão Pura

O caráter não-ontológico do eu na Crítica da Razão Pura O caráter não-ontológico do eu na Crítica da Razão Pura Adriano Bueno Kurle 1 1.Introdução A questão a tratar aqui é a do conceito de eu na filosofia teórica de Kant, mais especificamente na Crítica da

Leia mais

CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO AMAPÁ CURSO DE DIREITO. Método Dialético. Profª: Kátia Paulino

CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO AMAPÁ CURSO DE DIREITO. Método Dialético. Profª: Kátia Paulino CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO AMAPÁ CURSO DE DIREITO Método Dialético Profª: Kátia Paulino Dialética No dicionário Aurélio, encontramos dialética como sendo: "[Do gr. dialektiké (téchne), pelo lat. dialectica.]

Leia mais

Marx e as Relações de Trabalho

Marx e as Relações de Trabalho Marx e as Relações de Trabalho Marx e as Relações de Trabalho 1. Segundo Braverman: O mais antigo princípio inovador do modo capitalista de produção foi a divisão manufatureira do trabalho [...] A divisão

Leia mais

A partir de nossas análises e estudos, preencha adequadamente as lacunas da sentença abaixo, na respectiva ordem:

A partir de nossas análises e estudos, preencha adequadamente as lacunas da sentença abaixo, na respectiva ordem: Questão 1 A partir de nossas análises e estudos, preencha adequadamente as lacunas da sentença abaixo, na respectiva ordem: O desconhecimento das condições histórico-sociais concretas em que vivemos, produzidas

Leia mais

SEQUÊNCIA DIDÁTICA PODCAST CIÊNCIAS HUMANAS

SEQUÊNCIA DIDÁTICA PODCAST CIÊNCIAS HUMANAS SEQUÊNCIA DIDÁTICA PODCAST CIÊNCIAS HUMANAS Título do Podcast Área Segmento Duração Fases do Capitalismo Ciências Humanas Ensino Fundamental; Ensino Médio 6min07seg Habilidades: H.17, H.19, H.20, H.23

Leia mais

Durkheim, Weber, Marx e as modernas sociedades industriais e capitalistas

Durkheim, Weber, Marx e as modernas sociedades industriais e capitalistas Durkheim, Weber, Marx e as modernas sociedades industriais e capitalistas Curso de Ciências Sociais IFISP/UFPel Disciplina: Fundamentos de Sociologia Professor: Francisco E. B. Vargas Pelotas, abril de

Leia mais

BENS. São todas as coisas materiais produzidas para satisfazer as necessidades das pessoas.

BENS. São todas as coisas materiais produzidas para satisfazer as necessidades das pessoas. BENS São todas as coisas materiais produzidas para satisfazer as necessidades das pessoas. SERVIÇOS São todas as atividades econômicas voltadas para a satisfação de necessidades e que não estão relacionadas

Leia mais

As formas aparentes das crises em Marx

As formas aparentes das crises em Marx Apresentação de Iniciação Científica - 23º SIICUSP Bolsista: Bruno Miller Theodosio Orientador: Prof. Dr. Eleutério Fernando da Silva Prado Sumário Introdução Crise: as respostas do marxismo Questão de

Leia mais

A dialética do valor em O Capital de Karl Marx. intuitio. Jadir Antunes. The dialectic of value in Marx s Capital ISSN

A dialética do valor em O Capital de Karl Marx. intuitio. Jadir Antunes. The dialectic of value in Marx s Capital ISSN The dialectic of value in Marx s Capital Jadir Antunes Resumo: Nosso artigo pretende expor a dialética do conceito de valor em O Capital de Karl Marx. Para esse objetivo, analisaremos os conceitos de riqueza,

Leia mais

Como nasceram os Grundrisse 21

Como nasceram os Grundrisse 21 SUMÁRIO Prefácio 15 PARTE I Introdução 19 CAPÍTULO 1 Como nasceram os Grundrisse 21 CAPÍTULO 2 A estrutura da obra de Marx 27 I. O plano estrutural inicial e suas modificações 27 II. Quando e em que medida

Leia mais

CLÁSSICOS DA SOCIOLOGIA. Profº Ney Jansen Sociologia

CLÁSSICOS DA SOCIOLOGIA. Profº Ney Jansen Sociologia CLÁSSICOS DA SOCIOLOGIA Profº Ney Jansen Sociologia Ao problematizar a relação entre indivíduo e sociedade, no final do século XIX a sociologia deu três matrizes de respostas a essa questão: I-A sociedade

Leia mais

A dialética expositiva de O Capital de Karl Marx

A dialética expositiva de O Capital de Karl Marx A dialética expositiva de O Capital de Karl Marx Carlos Prado * Resumo: Este artigo tem o objetivo de analisar a forma expositiva dialética de O Capital de Karl Marx. O modo de exposição utilizado por

Leia mais

O CAPITALISMO ESTÁ EM CRISE?

O CAPITALISMO ESTÁ EM CRISE? O CAPITALISMO ESTÁ EM CRISE? Nildo Viana Professor da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Federal de Goiás; Doutor em Sociologia; Autor de diversos livros, entre os quais, O Capitalismo na Era

Leia mais

TEORIA GERAL DO DIREITO DO TRABALHO

TEORIA GERAL DO DIREITO DO TRABALHO TEORIA GERAL DO DIREITO DO TRABALHO CONCEITO DE DIREITO DO TRABALHO Direito do Trabalho é o ramo da Ciência do Direito composto pelo conjunto de normas que regulam, no âmbito individual e coletivo, a relação

Leia mais

CONTABILIDADE. O OBJETO da Contabilidade é o patrimônio das entidades. Patrimônio administrável e em constante alteração.

CONTABILIDADE. O OBJETO da Contabilidade é o patrimônio das entidades. Patrimônio administrável e em constante alteração. 1 CONTABILIDADE 1.1 CONCEITO É a ciência que tem como objetivo observar, registrar e informar os fatos econômico-financeiros acontecidos dentro de um patrimônio pertencente a uma entidade; mediante a aplicação

Leia mais

2.1 - SISTEMA ECONÔMICO

2.1 - SISTEMA ECONÔMICO Sistemas Econômicos 2.1 - SISTEMA ECONÔMICO Um sistema econômico pode ser definido como a forma na qual uma sociedade está organizada em termos políticos, econômicos e sociais para desenvolver as atividades

Leia mais

Sobre a natureza do dinheiro em Marx

Sobre a natureza do dinheiro em Marx Sobre a natureza do dinheiro em Marx Reinaldo A. Carcanholo* As notas que seguem constituem uma tentativa de esclarecer as divergências que tenho com Claus Germer em relação à natureza do dinheiro dentro

Leia mais

MAIS-VALIA ABSOLUTA E MAIS-VALIA RELATIVA

MAIS-VALIA ABSOLUTA E MAIS-VALIA RELATIVA MAIS-VALIA ABSOLUTA E MAIS-VALIA RELATIVA DRª GISELE MASSON PPGE - UEPG Slides produzidos a partir de trechos da obra referenciada. PROCESSO DE E PRODUÇÃO DE VALOR (p. 220, cap.v) OBJETO DE 10 quilos de

Leia mais

FASES DO CAPITALISMO, REVOLUÇÕES INDUSTRIAIS E A GLOBALIZAÇÃO PROFº CLAUDIO FRANCISCO GALDINO GEOGRAFIA

FASES DO CAPITALISMO, REVOLUÇÕES INDUSTRIAIS E A GLOBALIZAÇÃO PROFº CLAUDIO FRANCISCO GALDINO GEOGRAFIA FASES DO CAPITALISMO, REVOLUÇÕES INDUSTRIAIS E A GLOBALIZAÇÃO PROFº CLAUDIO FRANCISCO GALDINO GEOGRAFIA O QUE CAPITALISMO? É um sistema socioeconômico que regula as relações sociais e a economia da sociedade

Leia mais

Positivismo de Augusto Comte, Colégio Ser Ensino Médio Introdução à Sociologia Prof. Marilia Coltri

Positivismo de Augusto Comte, Colégio Ser Ensino Médio Introdução à Sociologia Prof. Marilia Coltri Positivismo de Augusto Comte, Émile Durkheim e Karl Marx Colégio Ser Ensino Médio Introdução à Sociologia Prof. Marilia Coltri Problemas sociais no século XIX Problemas sociais injustiças do capitalismo;

Leia mais

O QUE SÃO AS CONTRATENDÊNCIAS À QUEDA DA TAXA DE LUCRO?

O QUE SÃO AS CONTRATENDÊNCIAS À QUEDA DA TAXA DE LUCRO? O QUE SÃO AS CONTRATENDÊNCIAS À QUEDA DA TAXA DE LUCRO? Diego Marques Pereira dos Anjos Militante do Movimento Autogestionário, professor de História e mestrando em Ciências Sociais pela Unesp, campus

Leia mais

Fundamentos Históricos Teóricos e Metodológicos do Serviço Social IV. ANDREIA AGDA SILVA HONORATO Professora

Fundamentos Históricos Teóricos e Metodológicos do Serviço Social IV. ANDREIA AGDA SILVA HONORATO Professora Fundamentos Históricos Teóricos e Metodológicos do Serviço Social IV ANDREIA AGDA SILVA HONORATO Professora Seminário TRABALHO E SERVIÇO SOCIAL:O REDIMENSIONAMENTO DA PROFISSÃO ANTE AS TRANSFORMAÇÕES SOCIETÁRIAS

Leia mais

É verso único. Sem segundo. Não tem frente nem verso; nem face nem dorso. Nem manifesta nem imanifesta, está por trás de todo o manifesto.

É verso único. Sem segundo. Não tem frente nem verso; nem face nem dorso. Nem manifesta nem imanifesta, está por trás de todo o manifesto. O universo não tem começo. Nunca terá fim. É verso único. Sem segundo. Não tem frente nem verso; nem face nem dorso. É um sem dois. O universo é a Vida manifesta. A Vida é. Nem manifesta nem imanifesta,

Leia mais

CAPÍTULO: 38 AULAS 7, 8 e 9

CAPÍTULO: 38 AULAS 7, 8 e 9 CAPÍTULO: 38 AULAS 7, 8 e 9 SURGIMENTO Com as revoluções burguesas, duas correntes de pensamento surgiram e apimentaram as relações de classe nos séculos XIX e XX: o Liberalismo e o Socialismo. O LIBERALISMO

Leia mais

Da Matéria ao Espírito

Da Matéria ao Espírito Vós sois deuses, porém vos tendes esquecido. Sto. Agostinho Conhece-te a ti mesmo e conhecerás o universo e os Deuses. Assim falou o iniciado cristão Santo Agostinho. Prof. Instr. Eliseu Mocitaíba da Costa

Leia mais

Propriedade. Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Departamento de Direito Civil Professor Doutor Antonio Carlos Morato

Propriedade. Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Departamento de Direito Civil Professor Doutor Antonio Carlos Morato Propriedade Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo Departamento de Direito Civil Professor Doutor Antonio Carlos Morato Propriedade Relevância do Direito de Propriedade e sua inserção nas normas

Leia mais

CONTAS DE RESULTADO OPERAÇÕES A VISTA A PRAZO RECEITA + CAIXA + DUPLICATAS A RECEBER DESPESA - CAIXA + CONTAS A PAGAR

CONTAS DE RESULTADO OPERAÇÕES A VISTA A PRAZO RECEITA + CAIXA + DUPLICATAS A RECEBER DESPESA - CAIXA + CONTAS A PAGAR 1/5 CONTAS DE RESULTADO RECEITAS As Receitas correspondem às vendas de produtos, mercadorias ou prestação de serviços. No Balanço Patrimonial, as receitas são refletidas através da entrada de dinheiro

Leia mais

A HISTÓRIA SOCIAL DOS DIREITOS

A HISTÓRIA SOCIAL DOS DIREITOS A HISTÓRIA SOCIAL DOS DIREITOS TEMÁTICA As As bases sócio-históricas da fundação dos Direitos Humanos na Sociedade Capitalista A construção dos Direitos A Era da Cultura do Bem Estar Os Direitos na Contemporaneidade

Leia mais

Francisco José Soller de Mattos

Francisco José Soller de Mattos Francisco José Soller de Mattos A fase de predomínio da relações interpessoais. O industrialismo - produção em larga escala (Séc. XIX). Surgimento dos negócios pluripessoais e difusos. A busca por conquistas

Leia mais

Qual é o ponto de humor da charge abaixo? SOCIALISMO

Qual é o ponto de humor da charge abaixo? SOCIALISMO Qual é o ponto de humor da charge abaixo? SOCIALISMO SOCIALISMO SOCIALISMO A História das Ideias Socialistas possui alguns cortes de importância. O primeiro deles é entre os socialistas Utópicos e os socialistas

Leia mais

Capitalismo Comercial (século XV XVIII) Expansão Marítima e Comercial. Expansão do modelo industrial Era do aço, petróleo e Eletricidade

Capitalismo Comercial (século XV XVIII) Expansão Marítima e Comercial. Expansão do modelo industrial Era do aço, petróleo e Eletricidade Marcos Machry Capitalismo Comercial (século XV XVIII) Expansão Marítima e Comercial I Revolução Industrial (1760 1860) - Capitalismo Industrial - O pioneirismo da INGLATERRA Era do carvão, ferro e vapor

Leia mais

Curso Direito Empresarial Administração

Curso Direito Empresarial Administração AULA 4 Sociedades. Empresárias ou simples. Personificadas e não personificadas. Sociedades empresárias, espécies. 4.1. As sociedades empresárias A pessoa jurídica Sociedade empresária é um agrupamento

Leia mais

Avaliação sob o prisma da ÉTICA. Descobre-se a ação de pessoas éticas, corrigindo abusos, evitando explorações e desmascarando injustiças.

Avaliação sob o prisma da ÉTICA. Descobre-se a ação de pessoas éticas, corrigindo abusos, evitando explorações e desmascarando injustiças. Slide 1 ética PROF a TATHYANE CHAVES SISTEMAS ECONÔMICOS Slide 2 SISTEMAS ECONÔMICOS Avaliação sob o prisma da ÉTICA Uma empresa pode operar simultaneamente em vários países, cada um dentro de um regime

Leia mais

PRINCÍPIOS ÉTICOS FUNDAMENTAIS Fábio Konder Comparato. I Introdução

PRINCÍPIOS ÉTICOS FUNDAMENTAIS Fábio Konder Comparato. I Introdução 1 A felicidade PRINCÍPIOS ÉTICOS FUNDAMENTAIS Fábio Konder Comparato I Introdução Objetivo supremo da vida humana: aquele que escolhemos por si mesmo, não como meio de alcançar outros fins. A felicidade

Leia mais

REFLEXÕES A PARTIR DO FILME DOIS DIAS, UMA NOITE. Prof. Dr. Radamés Rogério Universidade Estadual do Piauí

REFLEXÕES A PARTIR DO FILME DOIS DIAS, UMA NOITE. Prof. Dr. Radamés Rogério Universidade Estadual do Piauí REFLEXÕES A PARTIR DO FILME DOIS DIAS, UMA NOITE Prof. Dr. Radamés Rogério Universidade Estadual do Piauí SOBRE O FILME Título: Dois dias, uma noite Título original: Deux jours, une nuit Direção: Jean-Pierre

Leia mais

A ORIGEM DA FILOSOFIA

A ORIGEM DA FILOSOFIA A ORIGEM DA FILOSOFIA UMA VIDA SEM BUSCA NÃO É DIGNA DE SER VIVIDA. SÓCRATES. A IMPORTÂNCIA DOS GREGOS Sob o impulso dos gregos, a civilização ocidental tomou uma direção diferente da oriental. A filosofia

Leia mais

O conceito de trabalho produtivo em Marx

O conceito de trabalho produtivo em Marx O conceito de trabalho produtivo em Marx André Coutinho Augustin Um dos conceitos centrais que Marx usa para explicar o modo de produção capitalista é o de trabalho produtivo. No entanto, ele também é

Leia mais

Introdução: preços e equilíbrio

Introdução: preços e equilíbrio Introdução: preços e equilíbrio Por que a economia clássica apela sempre para uma noção de valor trabalho enquanto a economia neoclássica despreza essa noção? Propósito do curso O curso é, em resumo, uma

Leia mais

A CRISE DO CAPITAL E A PRECARIZAÇÃO ESTRUTURAL DO TRABALHO

A CRISE DO CAPITAL E A PRECARIZAÇÃO ESTRUTURAL DO TRABALHO A CRISE DO CAPITAL E A PRECARIZAÇÃO ESTRUTURAL DO TRABALHO Prof. Dr. Ricardo Lara Departamento de Serviço Social Universidade Federal de Santa Catarina UFSC. CRISE DO CAPITAL Sistema sociometabólico do

Leia mais

DOUTRINAS ÉTICAS FUNDAMENTAIS PROFA. ME. ÉRICA RIOS

DOUTRINAS ÉTICAS FUNDAMENTAIS PROFA. ME. ÉRICA RIOS DOUTRINAS ÉTICAS FUNDAMENTAIS PROFA. ME. ÉRICA RIOS ERICA.CARVALHO@UCSAL.BR Ética e História Como a Ética estuda a moral, ou seja, o comportamento humano, ela varia de acordo com seu objeto ao longo do

Leia mais

IMPERIALISMO E INTERESSES RECÍPROCOS

IMPERIALISMO E INTERESSES RECÍPROCOS IMPERIALISMO E INTERESSES RECÍPROCOS Luiz Carlos Bresser-Pereira Folha de S. Paulo, 20.06.1980 O Relatório Brandt, resultado dos trabalhos de uma Comissão Internacional presidida por Willy Brandt, sob

Leia mais

O TRABALHO NA DIALÉTICA MARXISTA: UMA PERSPECTIVA ONTOLÓGICA.

O TRABALHO NA DIALÉTICA MARXISTA: UMA PERSPECTIVA ONTOLÓGICA. O TRABALHO NA DIALÉTICA MARXISTA: UMA PERSPECTIVA ONTOLÓGICA. SANTOS, Sayarah Carol Mesquita UFAL sayarahcarol@hotmail.com INTRODUÇÃO Colocamo-nos a fim de compreender o trabalho na dialética marxista,

Leia mais

LUTAR PARA AS COISAS MUDAR

LUTAR PARA AS COISAS MUDAR 292 ANEXO O POVO É POETA Um dia a mulher gritou: Sou guerreira! E o eco de sua voz se fez ouvir Mais além das fronteiras. Sou mulher: mãe e guerreira! Meu limite não é mais o lar, Me chamam a rainha da

Leia mais

Distrito Federal, Brasil, 2016.

Distrito Federal, Brasil, 2016. Material preparado pelo prof. Nilton Aguilar, da Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal, Brasil, 2016. Cópia integral ou parcial autorizada desde que citada a fonte. KARL MARX Alemanha, 1818

Leia mais

O SERVIÇO SOCIAL E A DEMOCRACIA

O SERVIÇO SOCIAL E A DEMOCRACIA O SERVIÇO SOCIAL E A DEMOCRACIA Francieli Jaqueline Gregório INTRODUÇÃO:O Serviço Social como construção histórica é um mecanismo de regulação social, assim como as políticas sociais. Enquanto o Serviço

Leia mais

PONTO 1: Fontes do Direito do Trabalho PONTO 2: Princípios 1. FONTES DO DIREITO DO TRABALHO. b.1) HETERÔNOMAS dispostas pelo legislador.

PONTO 1: Fontes do Direito do Trabalho PONTO 2: Princípios 1. FONTES DO DIREITO DO TRABALHO. b.1) HETERÔNOMAS dispostas pelo legislador. 1 DIREITO DO TRABALHO PONTO 1: Fontes do Direito do Trabalho PONTO 2: Princípios 1. FONTES DO a) MATERIAIS OU INFORMAIS São as fontes históricas. b) FORMAIS Há documentos. b.1) HETERÔNOMAS dispostas pelo

Leia mais

Organização Financeira e Construção de Estoque. Trate o seu Negócio como um Negócio e ele te pagara como um Negócio

Organização Financeira e Construção de Estoque. Trate o seu Negócio como um Negócio e ele te pagara como um Negócio Organização Financeira e Construção de Estoque Trate o seu Negócio como um Negócio e ele te pagara como um Negócio Mary Kay Ash sempre dizia: a maioria das Mulheres sabem bem como ganhar o dinheiro mas

Leia mais

Karl Marx e a crítica da sociedade capitalista

Karl Marx e a crítica da sociedade capitalista Karl Marx e a crítica da sociedade capitalista As bases do pensamento de Marx Filosofia alemã Socialismo utópico francês Economia política clássica inglesa 1 A interpretação dialética Analisa a história

Leia mais

ÉTICA: FUNDAMENTOS SÓCIO - HISTÓRICOS

ÉTICA: FUNDAMENTOS SÓCIO - HISTÓRICOS ÉTICA: FUNDAMENTOS SÓCIO - HISTÓRICOS Autora: Mônica E. da Silva Ramos CURSO: Serviço Social ÉTICA: Fundamentos sócio - históricos O trabalho ora posto nasce das inquietudes e reflexões da autora desenvolvidas

Leia mais

1º Anos IFRO. Aula: Conceitos e Objetos de Estudos

1º Anos IFRO. Aula: Conceitos e Objetos de Estudos 1º Anos IFRO Aula: Conceitos e Objetos de Estudos Contextualização Os clássicos da sociologia: 1. Émile Durkhiem 2. Max Weber 3. Karl Marx Objeto de estudo de cada teórico Principais conceitos de cada

Leia mais

ECONOMIA POLÍTICA MATERIAL PREPARADO PARA A DISCIPLINA DE ECONOMIA POLÍTICA, PROFESSORA CAMILA MANDUCA.

ECONOMIA POLÍTICA MATERIAL PREPARADO PARA A DISCIPLINA DE ECONOMIA POLÍTICA, PROFESSORA CAMILA MANDUCA. ECONOMIA POLÍTICA AULA BASEADA NO CAPÍTULO 2 CATEGORIAS DA CRÍTICA DA ECONOMIA POLÍTICA, DO LIVRO ECONOMIA POLÍTICA- UMA INTRODUÇÃO CRÍTICA, DE JOSÉ PAULO NETTO E MARCELO BRAZ MATERIAL PREPARADO PARA A

Leia mais

A Primeira Revolução Industrial XVIII

A Primeira Revolução Industrial XVIII A Primeira Revolução Industrial XVIII 1.0 - Fatores condicionantes para a Revolução Industrial inglesa. 1.1 - Séculos XVI a XVIII: Inglaterra como maior potência marícma colonial. 1.2 - Ampliação dos mercados

Leia mais

A Fisiocracia A Economia Francesa Quesnay Quesnay e os fisiocratas As classes sociais O quadro econômico Laissez faire, laissez passer Contribuições

A Fisiocracia A Economia Francesa Quesnay Quesnay e os fisiocratas As classes sociais O quadro econômico Laissez faire, laissez passer Contribuições Aula 2: Fisiocracia A Fisiocracia A Economia Francesa Quesnay Quesnay e os fisiocratas As classes sociais O quadro econômico Laissez faire, laissez passer Contribuições do pensamento fisiocrático Equívocos

Leia mais

FUNDAMENTOS HISTÓRICOS, TEÓRICOS E METODOLÓGICOS

FUNDAMENTOS HISTÓRICOS, TEÓRICOS E METODOLÓGICOS Unidade I FUNDAMENTOS HISTÓRICOS, TEÓRICOS E METODOLÓGICOS DO SERVIÇO SOCIAL Prof. José Junior O assistencialismo O conceito de assistencialismo estabelece uma linha tênue com o conceito de assistência,

Leia mais

Sumário. Capítulo I A Lei de Introdução

Sumário. Capítulo I A Lei de Introdução Sumário Nota do autor à segunda edição... 21 Nota do autor à primeira edição... 23 Prefácio à segunda edição... 25 Prefácio à primeira edição... 31 Capítulo I A Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro

Leia mais

TRABALHO, SOCIEDADE E DESIGUALDADES

TRABALHO, SOCIEDADE E DESIGUALDADES TRABALHO, SOCIEDADE E DESIGUALDADES Prof. Francisco E. B. Vargas Instituto de Filosofia, Sociologia e Política Cursos de Ciências Sociais Pelotas, agosto de 2014 O QUE É O TRABALHO? (I) 1. A etimologia:

Leia mais

UMA BREVE APROXIMAÇÃO: A ONTOLOGIA DO SER SOCIAL E O TRABALHO ENQUANTO CATEGORIA FUNDANTE

UMA BREVE APROXIMAÇÃO: A ONTOLOGIA DO SER SOCIAL E O TRABALHO ENQUANTO CATEGORIA FUNDANTE UMA BREVE APROXIMAÇÃO: A ONTOLOGIA DO SER SOCIAL E O TRABALHO ENQUANTO CATEGORIA FUNDANTE Francielly Rauber da Silva 1 RESUMO: O principal objetivo desse estudo é uma maior aproximação de análise da categoria

Leia mais

Ética, Educação e cidadania. Prof. Amauri Carlos Ferreira

Ética, Educação e cidadania. Prof. Amauri Carlos Ferreira Ética, Educação e cidadania Prof. Amauri Carlos Ferreira Saber Mundo Cultura SUJEITO Ele Mesmo Identidade Autonomia Heteronomia Outro Ética Sujeito Outro Quando o outro entra em cena nasce a ética Umberto

Leia mais