COMISSÃO EUROPEIA. Bruxelas, C(2003)4486fin. Auxílio estatal N 247/ Portugal Reserva fiscal para investimento.
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- Iago Quintão Sacramento
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1 COMISSÃO EUROPEIA Bruxelas, C(2003)4486fin Assunto: Auxílio estatal N 247/ Portugal Reserva fiscal para investimento Excelência: PROCEDIMENTO 1. Por carta n.º 1632 de 21 de Maio de 2003 da Representação Permanente de Portugal, registada na Comissão em 22 de Maio de 2003, as autoridades portuguesas notificaram à Comissão o regime de auxílios em epígrafe. 2. Por cartas D/54276 de 2 de Julho de 2003, D/55503 de 29 de Agosto de 2003 e D/56738 de 21 de Outubro de 2003, dirigidas à Representação Permanente de Portugal, os serviços da Comissão solicitaram às autoridades portuguesas informações adicionais relativas ao regime de auxílios. Por cartas n.º 2464 de 31 de Julho de 2003, n.º 3075 de 8 de Outubro de 2003 e n.º 3460 de 11 de Novembro de 2003, registadas na Comissão em 5 de Agosto de 2003, 9 de Outubro de 2003 e [] Novembro de 2003, respectivamente, as autoridades portuguesas forneceram informações adicionais. DESCRIÇÃO DA MEDIDA DE AUXÍLIO Objectivo 3. O regime tem por objectivo contribuir para o progresso socioeconómico de regiões elegíveis para auxílios estatais com finalidade regional nos termos do n.º 3, alíneas a) e c), do artigo 87º do Tratado CE. Para este efeito, será concedido apoio público a projectos de investimento iniciais e a actividades de investigação e desenvolvimento a realizar por empresas nacionais e estrangeiras estabelecidas no território português. Sua Excelência Dr.ª Teresa GOUVEIA Ministra dos Negócios Estrangeiros Largo do Rilvas P LISBOA CODEX Commission européenne, B-1049 Bruxelles / Europese Commissie, B-1049 Brussel Belgium. Téléphone: (32-2)
2 Beneficiários 4. O regime está aberto a todas as empresas pertencentes às indústrias extractivas e transformadoras, bem como a hotéis, restaurantes, agências de viagens e outras empresas que desenvolvem actividades no sector do turismo. A medida não é aplicável a empresas com actividades de produção, transformação ou comercialização dos produtos enumerados no Anexo I do Tratado CE, nem às pertencentes aos sectores das pescas, dos transportes e dos serviços financeiros. São excluídas do âmbito da medida as empresas em dificuldade, na acepção das Orientações comunitárias dos auxílios estatais de emergência e à reestruturação concedidos a empresas em dificuldade 1 (a seguir denominadas "Orientações dos auxílios estatais de emergência e à restruturação"). As autoridades portuguesas comprometeram-se a respeitar as disposições sectoriais específicas incluídas no Enquadramento multissectorial dos auxílios com finalidade regional para grandes projectos de investimento 2 (a seguir denominado "Enquadramento multissectorial"). Além disso, Portugal aceitou as medidas adequadas relativas ao Enquadramento multissectorial propostas pela Comissão As autoridades portuguesas indicaram que 98% dos beneficiários potenciais desta medida são PME. Funcionamento do regime 6. O auxílio consistirá numa reserva fiscal até 20% do montante do imposto sobre o rendimento devido pelas empresas a título do seu rendimento nos anos fiscais de 2003 e Esta reserva será registada de forma autónoma na contabilidade dos beneficiários enquanto aplicação do rendimento líquido para o ano e não pode ser distribuída aos accionistas antes do final do quinto ano fiscal após a sua constituição. 7. Este montante terá de ser despendido em investimentos iniciais ou em projectos de investigação e desenvolvimento no prazo de dois anos fiscais subsequentes à constituição da reserva fiscal. Todos os projectos devem ser implementados até ao final de Não serão elegíveis quaisquer despesas feitas anteriormente à constituição da reserva. 8. O regime será aplicado automaticamente a todas as empresas, excepto no caso de investimentos iniciais abrangidos pelo Enquadramento multissectorial e de projectos de investigação e desenvolvimento com um custo superior a 25 milhões de euros e relativamente aos quais o montante do auxílio tenha um equivalente-subvenção bruto superior a 5 milhões de euros. Nestes dois casos, exige-se que os beneficiários apresentem a uma instituição a ser designada pelo Ministério da Economia todos os dados necessários para a avaliação da conformidade dos projectos com as disposições da legislação comunitária relevante antes da realização do investimento. Portugal comprometeu-se a notificar antecipadamente à Comissão estes projectos. 1 JO C 288 de , pp JO C 70 de , pp Carta n.º 3437 da Representação Permanente de Portugal de 7 de Novembro de 2003 e registada pela Comissão em 11 de Novembro de 2003 (Auxílio Estatal, processo E 9/2003). 2
3 9. O orçamento previsto para o regime eleva-se a 318 milhões de euros. Projectos em causa 10. A reserva fiscal constituída pelos beneficiários será gasta quer em investimentos iniciais na acepção das Orientações relativas aos auxílios estatais com finalidade regional 4 (a seguir designadas "Orientações dos auxílios com finalidade regional") ou em projectos de investigação e desenvolvimento correspondentes às definições de investigação industrial e de actividades de desenvolvimento pré-concorrencial estabelecidas no Anexo I do Enquadramento comunitário dos auxílios estatais à investigação e desenvolvimento 5 (a seguir designado "Enquadramento I&D"). É estabelecida uma distinção entre PME e empresas de grandes dimensões. Para este efeito, as autoridades portuguesas utilizam a definição incluída no Anexo I do Regulamento (CE) n.º 70/2001 da Comissão, de 12 de Janeiro de 2001, relativo à aplicação dos artigos 87º e 88º do Tratado CE aos auxílios estatais a favor das pequenas e médias empresas 6. Investimentos iniciais 11. Os projectos em causa são investimentos em capital fixo relativo à criação de um novo estabelecimento, à extensão de um estabelecimento existente ou ao arranque de uma actividade que implique uma alteração fundamental no produto ou processo de produção de um estabelecimento existente. 12. Os custos elegíveis incluirão activos fixos corpóreos novos, à excepção de prédios urbanos e outros activos não profissionais, para os quais esteja excluído o direito à dedução de IVA. Os custos suportados com a aquisição de terrenos são elegíveis, na medida em que não se relacionem com prédios urbanos. Os terrenos são o único activo não amortizável elegível no âmbito do regime notificado. Neste contexto, a Comissão nota que os activos incorpóreos e as despesas de funcionamento não são elegíveis. 13. No âmbito do presente regime, o investimento inicial é equiparado à diferença entre os custo do investimento e a venda, amortização e reintegração de todos os activos fixos corpóreos incluídos no balanço da empresa. Por exemplo, se uma empresa investir na aquisição de um equipamento, o investimento inicial elegível será igual à diferença entre o custo desse equipamento e o montante correspondente à venda, amortização e reintegração de todos os activos fixos corpóreos da empresa (à excepção dos prédios urbanos e outros activos não profissionais, para os quais esteja excluído o direito à dedução do IVA). 14. Os auxílios serão concedidos até aos limites máximos de intensidade do auxílio previstos para cada região portuguesa no mapa nacional de auxílios com finalidade regional para o período , segundo a região em que o investimento se realiza. Para projectos desenvolvidos por PME em regiões elegíveis para auxílios com finalidade regional ao abrigo do n.º 3, alíneas a) e c), do artigo 87º do Tratado CE, será 4 JO C 74 de , pp JO C 45 de , pp JO L 10 de , pp Carta SG(2000) D/ de 19 de Janeiro de 2000 e carta SG(2000) D/ de 17 de Julho de
4 aplicada uma majoração de, respectivamente, 15% e 10% da intensidade bruta do auxílio. 15. Para serem elegíveis para auxílios ao investimento, os beneficiários não podem ser empresas em dificuldade, devem manter o investimento na região por um período mínimo de 5 anos e a sua contribuição para o financiamento dos projectos de investimento deve ser no mínimo de 25%. Além disso, os projectos de investimento devem ser técnica e financeiramente viáveis, estando excluído qualquer investimento de substituição. Projectos de investigação e desenvolvimento 16. Tal como referido anteriormente, o regime será igualmente aplicável a projectos de investigação industrial e de desenvolvimento pré-concorrencial. Estes projectos podem ser desenvolvidos dentro ou fora do território português. 17. Entende-se por projectos de investigação industrial os projectos que implicam a investigação planeada ou a investigação crítica, tendo em vista adquirir novos conhecimentos, considerando-se que tais conhecimentos poderão ser úteis para desenvolver novos produtos, processos ou serviços ou conduzir a uma melhoria nítida dos produtos, processos ou serviços existentes. 18. Entende-se por projectos de desenvolvimento pré-concorrencial os projectos que implicam a concretização dos resultados da investigação industrial num plano, num esquema ou num projecto para produtos, processos ou serviços novos, alterados ou aperfeiçoados, destinados a serem vendidos ou utilizados, incluindo a criação de um primeiro protótipo que não poderá ser usado comercialmente. Este conceito pode igualmente incluir a formulação e concepção de produtos, processos ou serviços alternativos, bem como projectos de demonstração inicial ou projectos-piloto, desde que tais projectos não possam ser convertidos ou utilizados para aplicações industriais ou exploração comercial. 19. Na medida em que sejam exclusiva e continuamente relacionados com o desenvolvimento das actividades de investigação, serão elegíveis os seguintes custos: (a) Aquisição de novos activos fixos corpóreos, excepto para prédios urbanos e terrenos; (b) Despesas de pessoal (investigadores, técnicos e outro pessoal de apoio); (c) Custos de consultadoria e serviços equivalentes, incluindo a investigação, os conhecimentos técnicos e as patentes obtidas junto de fontes externas; (d) Despesas de auditoria relativas a actividades de investigação e desenvolvimento; (e) Despesas suportadas com o registo e manutenção de patentes respeitantes aos novos produtos e processos resultantes de actividades de investigação e desenvolvimento, exclusivamente no caso do beneficiário ser uma PME segundo a definição comunitária supramencionada. 20. No caso dos beneficiários não serem abrangidos pela definição de PME, o montante do investimento elegível será calculado enquanto diferença entre as despesas elegíveis dos novos projectos e a média aritmética das despesas de I&D suportadas pela empresa nos últimos três anos. 4
5 21. Os auxílios serão concedidos até um limite máximo de intensidade de auxílio de 50% ESB para projectos de investigação industrial e de 25% ESB para actividades de desenvolvimento pré-concorrencial. No que diz respeito a projectos desenvolvidos por PME será aplicada uma majoração de 10% de intensidade bruta do auxílio. Cálculo da intensidade do auxílio 22. A intensidade do auxílio dos projectos será calculada de acordo com a seguinte fórmula: Re serva _ Fiscalt Intensidade _ Auxílio = Investimentot+ 1 Investimentot (1 + i) (1 + i) em que: i = A taxa de desconto de referência comunitária para o ano em que é constituída a reserva fiscal Por exemplo, se o limite máximo da intensidade do auxílio para um determinado projecto for de 50% ESB e a taxa de desconto de referência for de 5%, o investimento mínimo a realizar pela empresa no ano seguinte à constituição de uma reserva fiscal de euros será de euros, isto é, / [50% / (1+5%)]. Procedimentos de controlo 23. Tal como anteriormente referido, a constituição da reserva fiscal deve ser registada de forma autónoma na contabilidade dos beneficiários no ano a que se refere. 24. Em cada ano fiscal em que a reserva é gasta, o beneficiário deve apresentar, juntamente com o seu formulário de informações fiscais anuais, uma declaração para o efeito de que: (a) Não beneficia de quaisquer outros incentivos fiscais ao investimento relativos aos custos elegíveis do investimento inicial ou projecto de investigação e desenvolvimento; (b) No caso de ter já recebido ou esperar receber outros incentivos não fiscais relativos às mesmas despesas elegíveis, respeitará as intensidades máximas de auxílio estabelecidas no diploma legal que estabelece o presente regime; (c) Não é uma empresa em dificuldade na acepção das Orientações dos auxílios estatais de emergência e à reestruturação; (d) Não tem quaisquer dívidas fiscais ou à Segurança Social pendentes; (e) Os activos fixos corpóreos adquiridos no contexto do investimento são novos; (f) A reserva fiscal e todos os investimentos e despesas suportadas são correctamente reflectidos na contabilidade da empresa. O beneficiário deve igualmente apresentar as seguintes informações: (a) Um calendário de todos os investimentos iniciais realizados, bem como as despesas suportadas, incluindo quaisquer subvenções já recebidas para cobrir essas despesas; (g) Um quadro pormenorizado com o cálculo do investimento inicial elegível; (h) Elementos comprovativos de que financiou o investimento com pelo menos 25% de fundos próprios; (i) Quando aplicável, elementos de prova que demonstrem que é uma PME, na acepção da definição comunitária. 5
6 25. Quando a reserva fiscal é gasta num projecto de investigação e desenvolvimento, o beneficiário deve, para além disso, apresentar uma declaração (ou prova de que esta declaração foi solicitada), assinada por uma instituição a ser designada pelo Ministério da Ciência e Ensino Superior para o efeito, de que as despesas suportadas dizem respeito a projectos de investigação industrial e desenvolvimento pré-concorrencial e que estão em conformidade com as disposições do regime. 26. Tal como anteriormente referido, quando os investimentos em causa são abrangidos pelas disposições do Enquadramento multissectorial e quando os projectos de investigação e desenvolvimento têm um valor superior a 25 milhões de euros e beneficiam de um montante de auxílio com um equivalente-subvenção bruto superior a 5 milhões de euros, os beneficiários devem, para além disso, apresentar à Comissão todas as informações exigidas na notificação. Estas informações devem ser fornecidas a uma instituição a ser designada pelo Ministério da Economia antes da realização do investimento. 27. Portugal comprometeu-se a apresentar à Comissão um relatório anual sobre a aplicação do regime. Em especial, este relatório deve demonstrar claramente a necessidade do auxílio, bem como a existência de um efeito de incentivo do auxílio concedido para projectos de investigação e desenvolvimento realizados por empresas de grandes dimensões. Cumulação 28. Os auxílios concedidos no âmbito do presente regime não podem ser cumulados com quaisquer outros incentivos fiscais ao investimento relativamente às mesmas despesas elegíveis. No que diz respeito à cumulação de incentivos no âmbito do regime notificado com auxílios provenientes de outras fontes, as autoridades portuguesas comprometeram-se a respeitar os limites máximos de intensidade do auxílio no âmbito do presente regime. 29. As autoridades portuguesas tencionam controlar a observância das regras comunitárias relativas à cumulação de auxílios através dos procedimentos de controlo supramencionados. Procedimentos de recuperação 30. No caso de os investimentos abrangidos pelo regime não serem realizados no prazo de dois anos a contar da data de constituição da reserva fiscal, a empresa será responsável face ao Estado por um montante igual à parte não utilizada da reserva (tomando em consideração o limite máximo de intensidade do auxílio relevante) acrescido dos juros compensatórios correspondentes sobre as dívidas vencidas (calculados com base na taxa legal aplicável a todas as empresas nacionais). Este montante será adicionado ao imposto sobre o rendimento a pagar no segundo ano subsequente à constituição da reserva. 31. No caso de o beneficiário não manter o investimento por um período mínimo de cinco anos, o montante do imposto não pago ao abrigo do presente regime será adicionado ao imposto sobre o rendimento a pagar no ano em que o beneficiário vender os activos relacionados com o investimento. A este montante serão acrescidos os juros compensatórios correspondentes mais uma taxa de penalização de 5%. 6
7 32. No caso de a reserva fiscal ser distribuída pelos accionistas da empresa antes do prazo de cinco anos após a constituição da reserva, o montante de imposto não pago ao abrigo do presente regime será adicionado ao imposto sobre o rendimento a pagar no ano em que o beneficiário distribuir a reserva fiscal aos seus accionistas. A este montante serão acrescidos os juros compensatórios correspondentes mais uma taxa de penalização de 5%. 33. Quaisquer outras aplicações incorrectas do presente regime darão origem à recuperação dos montantes utilizados indevidamente através de ajustamentos das dívidas fiscais das empresas. APRECIAÇÃO DA MEDIDA DE AUXÍLIO Procedimento 34. Ao notificar a sua intenção de introduzir o regime, as autoridades portuguesas cumpriram as obrigações que para elas decorrem do n.º 3 do artigo 88º do Tratado CE que consiste em informarem atempadamente a Comissão de quaisquer planos de concessão ou de alteração de auxílios, a fim de permitir que esta apresente as suas observações. Natureza do auxílio estatal 35. No âmbito do regime notificado, as empresas pertencentes a determinados sectores de actividades são susceptíveis de receber apoio público sob a forma de uma redução dos seus impostos. Esta medida equivale a um tratamento preferencial das empresas beneficiárias, uma vez que as empresas que desenvolvem actividades noutros sectores não são elegíveis. A medida confere às empresas elegíveis uma vantagem ou um incentivo em comparação com outras empresas, falseando ou ameaçando falsear desta forma a concorrência. 36. Os auxílios podem ser concedidos a empresas ou em mercados em que existem ou são susceptíveis de existir trocas comerciais entre Estados-Membros ou em que empresas de outros Estados-Membros podem pretender participar. Por conseguinte, o regime pode afectar as trocas comerciais entre Estados-Membros. 37. O regime é financiado através de recursos estatais, uma vez que as reservas fiscais a constituir darão origem a uma perda das receitas fiscais para o orçamento do Estado. 38. Por conseguinte, a medida notificada constitui um auxílio na acepção do n.º 1 do artigo 87º do Tratado CE. Base da isenção 39. A Comissão analisou as possibilidades de concessão de uma isenção nos termos do n.º 3, alíneas a) e c), do artigo 87º do Tratado CE para o presente regime de auxílios com base: 7
8 - Nas Orientações relativas aos auxílios estatais com finalidade regional no que se refere aos investimentos iniciais previstos no âmbito do regime. Neste contexto, a Comissão nota que o território português é, até ao final de 2006, totalmente elegível para auxílios com finalidade regional, quer ao abrigo do n.º 3, alínea c), do artigo 87º do Tratado CE (região de "Lisboa e Vale do Tejo"), quer ao abrigo do n.º 3, alínea a), do artigo 87º do Tratado CE (restante território) 8 ; - No Enquadramento de I&D, no que se refere aos projectos de investigação e desenvolvimento elegíveis no âmbito do regime. Investimentos iniciais 40. A Comissão observa que o regime faz referência expressa à definição de investimento inicial das Orientações dos auxílios com finalidade regional (investimentos relativos à criação de um novo estabelecimento, à extensão de um estabelecimento existente ou ao arranque de uma actividade que implique uma alteração fundamental no produto ou no processo de produção de um estabelecimento existente). 41. Neste âmbito, o regime propõe uma definição técnica de investimento inicial que corresponde à diferença entre os investimentos brutos da empresa em activos fixos corpóreos novos durante um determinado período (correspondente ao aumento da capacidade de produção) e a venda, amortização e reintegração de todos os activos fixos corpóreos incluídos no balanço da empresa durante o mesmo período de referência (correspondente à diminuição da capacidade de produção). Por conseguinte, os investimentos elegíveis equivalerão aos investimentos brutos totais deduzidos dos investimentos de substituição realizados tendo em vista repor a capacidade de produção da empresa, que é diminuída pela venda e amortização de todos os activos durante um determinado período. Em conformidade com uma anterior decisão, em que foi proposta uma definição semelhante por um Estado-Membro 9, a Comissão considera que esta definição técnica garante que os investimentos elegíveis no âmbito do presente regime são abrangidos pela definição de investimento inicial das Orientações dos auxílios com finalidade regional. Na realidade, relativamente a empresas recentemente criadas com poucos activos no seu balanço, o montante do investimento elegível no âmbito do presente regime é, no máximo, igual ao montante que resultaria da aplicação da definição prevista nas Orientações dos auxílios com finalidade regional. No que se refere a empresas já estabelecidas com um importante volume de activos, o montante do investimento elegível no âmbito do presente regime será inferior ao montante que resultaria da aplicação dessa definição. 42. A Comissão nota que os projectos de investimento a serem apoiados no âmbito do regime notificado correspondem à definição de investimento inicial prevista no ponto 4.4 das Orientações dos auxílios com finalidade regional. 43. Os custos elegíveis correspondem à base normal definida no ponto 4.5. das Orientações dos auxílios com finalidade regional. 8 Ver referência anterior. 9 Auxílio Estatal N 646/A/2000, JO C 149 de , p
9 44. As intensidades de auxílio previstas no presente regime estão em conformidade com os limites máximos dos auxílios regionais incluídos no mapa português de auxílios com finalidade regional 10 e, por conseguinte, cumprem as disposições estabelecidas nos pontos 4.8. e 4.9. das Orientações dos auxílios com finalidade regional. 45. Para além disso, a Comissão nota que o regime respeita os pontos 4.2. (relativo à contribuição do beneficiário para o financiamento dos investimentos e à forma do auxílio) e (relativo à manutenção do investimento) das Orientações dos auxílios com finalidade regional. 46. Portugal comprometeu-se a notificar antecipadamente à Comissão quaisquer projectos individuais de investimento abrangidos pelo âmbito de aplicação do Enquadramento multissectorial. A Comissão nota igualmente que Portugal aceitou as medidas adequadas relacionadas com o Enquadramento multissectorial propostas pela Comissão 11. Projectos de investigação e desenvolvimento 47. Os projectos previstos correspondem às definições de investigação industrial e desenvolvimento pré-concorrencial constantes do Anexo I do Enquadramento I&D. 48. As despesas elegíveis são igualmente equivalentes às descritas no Anexo II do mesmo enquadramento. Relativamente a este aspecto, a Comissão nota que as despesas suportadas com o registo e manutenção de patentes relativas aos novos produtos e processos resultantes de actividades de investigação e desenvolvimento só serão elegíveis se o beneficiário for uma PME na acepção da definição comunitária anteriormente referida. Tal está em conformidade com o ponto 5.7. do Enquadramento I&D. 49. As intensidades máximas de auxílio autorizadas para projectos de investigação industrial e desenvolvimento pré-concorrencial estão em conformidade com as disposições estabelecidas nos pontos 5.3., 5.5. e do Enquadramento I&D e estão sujeitas aos limites previstos no ponto do referido enquadramento. 50. A Comissão nota que Portugal se comprometeu a cumprir a obrigação de notificação individual de grandes projectos de investigação estabelecida no ponto 4.7. do Enquadramento I&D. 51. No que se refere ao efeito de incentivo do auxílio, a Comissão presume, em conformidade com o ponto 6.4. do Enquadramento I&D, que o auxílio inclui um incentivo necessário se o beneficiário for uma PME. Por outro lado, este efeito de incentivo não pode ser presumido no que diz respeito a empresas de grande dimensão. A Comissão nota contudo que, em relação a estas empresas, o montante de investimento elegível será calculado enquanto diferença entre as despesas elegíveis do novo projecto e a média aritmética das despesas de I&D suportadas pela empresa nos últimos três anos. Por conseguinte, apenas as despesas adicionais de I&D efectuadas por grandes empresas serão elegíveis para apoio. Assim, é assegurado que o auxílio servirá de incentivo para estas empresas realizarem actividades de I&D, para além das suas operações correntes normais, ou para encorajar as empresas que não 10 Ver referência anterior. 11 Ver referência anterior. 9
10 realizam investigação e desenvolvimento a efectuarem tais actividades, tal como exigido no ponto 6.1. do Enquadramento I&D. A Comissão nota igualmente que Portugal se comprometeu a demonstrar claramente nos relatórios anuais a apresentar sobre a aplicação do regime, que os auxílios aos projectos de I&D realizados por grandes empresas têm o necessário efeito de incentivo. Procedimentos de controlo 52. Dado o facto de o regime ser automaticamente aplicável a um grande número de beneficiários, existe um risco relacionado com o controlo efectivo dos auxílios concedidos, por exemplo no que se refere à aplicação correcta da definição de investimento inicial e de projecto de investigação pelos beneficiários, ao controlo da elegibilidade das despesas e ao estatuto de PME. 53. Todavia, a Comissão reconhece que Portugal criará um sistema coerente de controlo ex post que, se correctamente aplicado, deverá excluir potenciais abusos. Do mesmo modo, os procedimentos de recuperação previstos, que funcionarão através do sistema fiscal, afiguram-se adequados para resolver os casos de não conformidade com as disposições da medida de auxílio. 54. Por conseguinte, a Comissão recomenda a criação de um sistema de controlo efectivo e global para o presente regime. Recorda-se para além disso às autoridades portuguesas a sua obrigação de apresentarem um relatório anual pormenorizado sobre o funcionamento do regime. CONCLUSÃO Com base na apreciação anterior, a Comissão decidiu, nos termos do artigo 87º do Tratado, não levantar objecções ao regime notificado, uma vez que a medida de auxílio prevista satisfaz os critérios para ser considerada compatível com o mercado comum nos termos do n.º 3, alíneas a) e c), do artigo 87º do Tratado. Se a presente carta contiver informações confidenciais que não devam ser divulgadas a terceiros, queira informar a Comissão no prazo de quinze dias úteis a contar da data da sua recepção. Se a Comissão não receber um pedido fundamentado até ao final desse prazo, considerará que concordou com a divulgação a terceiros e com a publicação do texto integral da carta na língua que faz fé no sítio Internet: O vosso pedido deve ser enviado por carta registada ou fax para: Comissão Europeia Direcção-Geral da Concorrência Registo dos Auxílios Estatais Rue de la Loi / Wetstraat, 200 B-1049 Bruxelas Fax No: Queira Vossa Excelência aceitar a expressão da minha mais elevada consideração Pela Comissão Mario MONTI Membro da Comissão 10
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