CINESIOTERAPIA E TERAPIA MANUAL NO TRATAMENTO DE LOMBALGIA: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA

Transcrição

1 CINESIOTERAPIA E TERAPIA MANUAL NO TRATAMENTO DE LOMBALGIA: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA Auristânia Patrícia Barboza Denise Matias da Silva Marcello Henrique Mulatinho Rodrigo Delfino Nascimento Renata Soraya Coutinho Resumo Introdução: A é um processo patológico que se caracteriza por dor na coluna lombar. Pode apresentar origem variada e estar relacionada ao sedentarismo e à postura inadequada. Esta patologia é considerada um importante problema de saúde pública, pois predispõe incapacidade funcional e contribui para o absenteísmo e aposentadoria precoce. Diversos recursos fisioterapêuticos são propostos para o tratamento das s, porém ainda não existe um consenso sobre o melhor tipo de intervenção. Objetivo: Reunir e catalogar as experiências de intervenção terapêuticas empregadas nas s de causas diversas, destacando os principais resultados alcançados, assim o a importância de cada uma delas. Método: Trata-se de uma revisão sistemática do tipo metanálise, na qual foram coletados artigos indexados nas bases de dados Medline e Lilacs. As palavras chaves utilizadas foram:, fisioterapia, cinesioterapia e terapia manual. Como critérios de inclusão consideramos os estudos publicados na língua portuguesa, disponíveis na íntegra e que utilizassem cinesioterapia e/ou a terapia manual o recurso terapêutico. Resultados: Foram catalogadas em um quadro expositivo 14 publicações de um total de 40 pré-selecionadas. Verificou-se que 85% dos sujeitos das pesquisas apresentavam quadro de e que 73% eram do sexo feminino. Com relação às técnicas utilizadas, 90% utilizaram o alongamento e 28% a técnica de isostretching. Conclusão: Apesar dos estudos demonstrarem resultados positivos na redução dos sintomas, apresentaram um baixo nível de evidência científica, impossibilitando um consenso na escolha de um tratamento eficaz. Faz-se necessária a realização de novos ensaios clínicos sobre essa temática um maior nível de evidência. Palavras Chaves: Lombalgia, Fisioterapia, cinesioterapia e terapia manual.

2 Introdução A é uma condição auto limitante de natureza multifatorial que pode interferir na capacidade funcional prometendo a qualidade de vida (SULLIVAN, 2005). Existem diversos fatores causais presentes na sua etiologia, porém, o tipo degenerativo, destaca-se por sua alta prevalência. Nesse caso, ocorrerá a degeneração do disco intervertebral aumento do abaulamento posterior e lateral e uma menor capacidade de dissipar as forças de pressão (GREENE, 2006). Normalmente a dor é percebida na região lombar e/ou sacral podendo ou não irradiar para um membro inferior (MADDALENA, 2006). Em uma sociedade industrializada, a é relatada por aproximadamente 80% da população em algum momento de sua vida (RACKWITZ et al., 2006; KWON et al., 2006). Dentre as queixas mais uns de atendimento em unidades de saúde, a fica em segundo lugar, depois apenas da dor de cabeça, 30% das consultas ortopédicas e 50% dos atendimentos de fisioterapia. Configura-se o um sério impacto na sociedade, pois é a segunda causa de afastamento do trabalho, levando inclusive à aposentadoria precoce (VITTA, 1996). Pode ser classificada em três tipos: as que apresentam dor na região lombar, as queixa de dor nas articulações sacroilíacas ou os dois tipos em associação (NOVAES et al., 2006). A dor lombar pode ocorrer por fatores intrínsecos, o condições tumorais, mecânicos-posturais, processos inflamatórios, processos infecciosos, degenerativos e congênitos; e por causas extrínsecas, nas quais ocorre um esforço entre a carga funcional muitas vezes no trabalho ou em atividade doméstica. Além desses há umente a associação fatores psíquicos, destacando-se: o estresse, a ansiedade e a depressão, causados muitas vezes por insatisfações no trabalho, que podem desencadear ou agravar a (PIRES e DUMAS, 2008). O tratamento da dor e disfunção lombar envolve equipe multidisciplinar, incluindo médico, fisioterapeuta e psicólogo, tendo o proposta geral, controlar o quadro álgico e promover o bem-estar e o retorno às atividades funcionais do indivíduo. A fisioterapia dispõe de diversos recursos terapêuticos que auxiliam na promoção do alívio sintomático da dor e na reabilitação destes pacientes (BRIGANÓ e MACEDO, 2005). Destacam-se entre eles as técnicas de terapia manual,

3 cinesioterapia, eletrotermoterapia, hidrocinesioterapia, reeducação postural, osteopatia, acupuntura entre outros (MACEDO e BRIGANÓ, 2009). Com o intuito de direcionar a melhor opção de abordagem terapêutica a ser aplicada pelos profissionais da área, essa pesquisa tem, o uma de suas finalidades, o propósito de acrescentar conhecimentos sobre o tema no campo científico, na área da fisioterapia, que sempre carece de informações dessa natureza. Além de reunir e catalogar as experiências de intervenção terapêuticas empregadas nas s de causas diversas, destacando os principais resultados alcançados, assim o a importância da terapia manual e da cinesioterapia, nesse processo patológico. Métodos Trata-se de uma revisão sistemática do tipo metanálise, de natureza quantitativa. Segundo Cordeiro et al. (2007) esse tipo de investigação científica tem o objetivo reunir, avaliar criticamente e conduzir uma síntese de resultados de diversos estudos originais primários, o autor ainda destaca que os métodos estatísticos (metanálise) podem ou não ser empregados para analisar e sumarizar os produtos dos artigos incluídos e que permitem a síntese quantitativa de diferentes perspectivas observadas nos estudos que integrarão a amostra. Foi elaborada no período preendido entre fevereiro e abril de 2014, considerando artigos publicados em bases indexadas entre os anos de 2008 e 2014, para integrar a amostra, e de 1996 e 2014, para a elaboração do corpo textual do artigo. Os artigos foram coletados através de uma busca nas bases de dados eletrônicas MEDLINE (Medical Literature Analysis and Retrieval System Online) e LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde), através de uma consulta as seguintes palavras-chave: Lombalgia, Fisioterapia, Cinesioterapia e Terapia Manual. Foram realizadas três buscas seguindo a seguinte binação: Lombalgia, Fisioterapia; Lombalgia, Cinesioterapia e Lombalgia, Terapia Manual. Os critérios de inclusão adotados foram: estudos publicados na língua portuguesa, disponíveis na íntegra nas bases de dados e que utilizassem a cinesioterapia e/ou a terapia manual o recursos fisioterapêutico na.

4 Foram excluídos os estudos de revisão, as citações, estudos que abordavam tratamentos farmacológicos e estudos que tratavam apenas de avaliação ou prevalência da. Resultados Após a busca e a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão foram selecionados 14 artigos, expostos através do quadro 1, de um total de 40 coletados. A supressão dos 26 artigos se fez por não contemplarem o assunto proposto ou por se enquadrarem em outros critérios de exclusão. Tabela 1: Exposição dos artigos catalogados de acordo o ano de publicação e o tipo de estudo. Artigo Tipo de estudo Amostra Homem Mulher Tratamento Freitas et al., 2008 simples sem grupo 19 pctes 7 12 Dinamómetro isocinético, fortalecimento bola terapêutica e alongamento passivo de isquiotibiais e para vertebrais. Carvalho et al., 2009 Estudo de caso 3 pctes 3 Cinesioterapia (estabilização segmentar, alongamento neural para ciático, FNP para tronco, exercícios proprioceptivos, isostretching e exercícios de resistência e força para glúteos). Durante et al., 2009 randomizado sem grupo 6 pctes 6 Isostretching e cinesioterapia (alongamento da cadeia posterior e fortalecimento do músculo transverso do abdômen). Macedo et al., 2009 randomizado sem grupo 40 pctes Terapia manual (manobras miofasciais de pompage global, torácica, lombar e sacral) e cinesioterapia (alongamentos de para vertebrais, exercicios de mobilidade lombopévica o uso de bola suíça e Isostretching)

5 Machado et al., 2010 randomizado sem grupo 9 pctes 2 7 Mobilização neural e alongamento muscular Global Pereira et al., 2010 randomizado sem grupo 12 pctes 12 Estabilização segmentar (contração isométrica do transverso do abdômen, do multífido e do assoalho pélvico) Sousa et al., 2010 Estudo de caso 4 pctes 1 3 Escola da coluna (alongamento global) Freitas et al., 2011 randomizado sem grupo 38 pctes ocupacional Cinesioterapia (contração dos musculos abdominais e assoalho pélvico, massagem da fascia plantar, alongamento dos isquiostibiais e fortalecimento dos extensores do quadril) Garcia et al., 2011 randomizado sem grupo 18 pctes 4 14 método Mackenzie e escola da coluna Gil et at., 2011 grupo 34 pctes gestacional 34 RPG Puppin et al., 2011 grupo 55 pctes Método GDS (alongamento global) Bordiak et al., 2012 controlado randomizado duplo cego 22 pctes 6 16 Eletroestimulação (em paravertebrais dorsolombares) e CORE training (pontes isométricas) Tomé et al., 2012 Estudo de caso 10 pctes 10 Isostretching e treinamento sensório motor na água Korelo et al., 2013 simples sem grupo 10 pctes 4 6 Cinesioterapia e escola da coluna (alongamento global) Legenda: pctes=pacientes; FNP=facilitação Neuromuscular Proprioceptiva; RPG=Reeducação Postural Global.

6 No gráfico 1, observa-se a distribuição dos artigos de acordo o ano de publicação. Através dele observamos um maior número de publicações em 2011, quatro artigos (28%); seguidos por em 2010 e 2009, três artigos (21% cada); Não foram encontradas publicações no ano de Gráfico 1: Ano de publicação dos artigos 14! 13! 12! 11! 10! 9! 8! 7! 6! 5! 4! 3! 2! 1! 0! 28%! 21%! 21%! 14%! 7%! 7%! 2008! 2009! 2010! 2011! 2012! 2013! Com relação ao tipo de estudo, o gráfico 2 expõe seis ensaios clínicos randomizados sem grupo (43%); três estudo de caso (22%); Dois ensaios clínicos grupo (14%); dois ensaios clínicos simples sem grupo (14%) e um ensaio clinico controlado randomizado duplo cego (7%). Gráfico 2: Tipos de estudo dos artigo. Estudo de caso! Ensaio clínico simples sem grupo! Ensaio clínico grupo cotrole! 14%! 14%! 22%! Ensaio clínico randomizado sem grupo! 43%! Ensaio clínico controlado randomizado duplo cego! 7%! 0! 2! 4! 6! 8! 10! 12! 14!

7 O gráfico 3 refere-se ao sexo das amostras nos artigos pesquisados. Num total de 280 Indivíduos tratados diagnóstico de, a maioria foi do sexo feminino. Embora note-se uma grande predominância de pesquisa utilizando amostras de ambos os sexos (64,2%), enquanto 35,8% utilizaram amostras apenas do sexo feminino, não foram observados estudos realizados amostras apenas do sexo masculino, o que caracterizou predominância de pesquisas utilizando mulheres. Fato que ocorreu também nas amostras mistas. Gráfico 3: Sexo da amostra 14! 12! 10! 64,2%! 8! 6! 35,8%! 4! 2! 0! Feminino! Misto! Observa-se no gráfico 4, que há uma preferência na utilização de s s para as pesquisas (86%). Gráfico 4: Tipos de 7%! 7%! 86%! Crônica! Ocupacional! Gestacional!

8 De acordo a intervenção empregada, o gráfico 5 expõe que a cinesioterapia é a técnica mais utilizada para o tratamento da. Dentre estas técnicas, 71,4% dos estudos utilizaram o alongamento o ferramenta terapêutica e 28,5% utilizaram o Isostretching, sendo estas as mais utilizadas. Observa-se, também, que existem diversas técnicas de terapia manual que são utilizadas de forma isolada ou binadas. Gráfico 5: Técnicas utilizadas Técnicas utilizadas! 0! 2! 4! 6! 8! 10! 12! 14! Alongamento! 71,4%! Isostretching! 28,5 %! Estabilização Segmentar! 14,2%! Bola terapêutica! 14,2%! Dinamômetro Isocinético! 7,1%! FNP! 7,1%! RPG! 7,1%! Mobilização Neural! 7,1%! Massagem! 7,1%! Core Training! 7,1%! Método Mackenzie! 7,1%! Treinamento sensório motor na água! 7,1%! Pompage Global! 7,1%! Discussão Com relação à distribuição dos artigos de acordo o ano de publicação, observa-se que não houve aumento ou diminuição do quantitativo de artigos publicados de acordo esse critério. Se distribuirmos os artigos em dois intervalos temporais percebemos que cada intervalo tem exatamente a mesma quantidade de artigos, picos nos anos de 2009 e Não foram observados na literatura, dados que pudessem justificar essa distribuição, nem o fato de não haver publicações no ano de 2014.

9 Com relação aos níveis de evidência científica dos artigos, Sackett (1996) destaca que para uma boa evolução do cuidado os pacientes, é necessária uma integração dessa prática a melhor evidência clínica disponível proveniente de investigação sistemática. Segundo Stetler (1998), uma evidência científica consiste em bases para suportar a confirmação ou a negação de uma teoria científica. De acordo o quadro 1, que destaca o grau de evidência de um estudo, percebe-se que as publicações pesquisadas têm baixo grau de evidência científica, considerando que apenas um dos estudos possui critérios que o classifica o nível I, tratando-se de um ensaio clínico controlado, randomizado e duplo cego. A maioria dos artigos é do tipo ensaio clínico randomizado sem grupo e estudos de caso, enquadrando- se no nível III e V de evidência. Níveis de evidência de estudos Quadro 1: Nível de evidência de um estudo Nível I Ensaio clínico randomizado desfecho e magnitude de efeito clinicamente relevante, correspondente à hipótese principal em teste, adequado poder e mínima possibilidade de erro alfa. Revisões sistemáticas e metanálises de ensaios clínicos paráveis, validade interna e mínima possibilidade de erro alfa. Nível II Ensaio clínico randomizado que não preenche critérios do nível I. Análise de hipóteses secundárias de estudos de nível I. Nível III Estudo quase-experimental s contemporâneos selecionados por método sistemático independente de julgamento clínico. Análise de subgrupos de ensaios clínicos randomizados. Nível IV Estudo quase-experimental s históricos. Nível V Estudos de casos e s. Nível VI Séries e relatos de casos. (FUCHS E WANNMACHER, 1998). O baixo grau de evidencias dos estudos corrobora Filippim (2008), que destaca que não existem pesquisas suficientes em fisioterapia para formar um corpo científico de conhecimento necessário para sustentar a prática baseada em evidências, principalmente estudos evidência nível I. Queiroz e Santos (2013) consideram que houve aumento da produção científica em fisioterapia, entretanto argumentam que esse aumento exige dos profissionais apreciação crítica para identificar se as informações são atuais e de

10 boa qualidade. Para os autores, a maioria dos fisioterapeutas não possuem formação em metodologia da pesquisa suficiente para distinguir entre resultados de alta e baixa qualidade, assim o identificar os pontos relevantes para sua aplicabilidade. Cavalcante et al. (2011) concorda que houve aumento do volume de produção científica na área de fisioterapia, entre os anos de 2003 e 2008, mas afirma que quando se considera qualidade dos pesquisadores, o Brasil se encontra em 30º lugar, não havendo, no mesmo período a mesma evolução em qualidade, que se observa em quantidade. Com relação à distribuição das amostras pesquisadas segundo o sexo das amostras, observa-se uma predominância de pesquisas envolvendo mulheres em 73% dos casos. Maia et al. (2013) e Santos (2013) concordam que há prevalência de no sexo feminino, isso em parte justifica o maior número de pesquisas nessa população. Dentre os artigos selecionados observa-se que há uma predominância no diagnóstico de dor lombar em 86%. Sendo a aquela em que o sintomas se perduram por mais de 3 meses. A partir desse achado nos questionamos se pacientes aguda estão negligenciando a procura por tratamento, se os recursos terapêuticos empregados na aguda estão sendo ineficazes a ponto dos sintomas evoluírem para uma ou talvez a opção por ensaios clínicos utilizando esse tipo de amostra seja por conveniência dos pesquisadores. A maioria dos artigos não deixa claro o foi realizada a amostragem. Considerando as abordagens fisioterapêuticas no tratamento da, percebe-se que o uso da cinesioterapia clássica, assim o a binação deste recurso outros métodos de terapia manual, foi amplamente empregada. Dentre essas técnicas a mais utilizada foi o alongamento muscular, manobra terapêutica voltada para aumentar o primento dos tecidos moles que estejam encurtados (KISNER e COLBY, 2009). Segundo Puppin et al. (2012) um aumento na flexibilidade muscular lombopélvica e do quadril resulta na diminuição do estresse pressivo facilitando o reaprendizado motor funcional desta região.

11 A segunda técnica mais utilizadas foi o isostreching, que é um método postural global que utiliza exercícios o objetivo de fortalecer e flexibilizar a musculatura postural (CARVALHO, 2009). Uma revisão sistemática, realizada por Slade e keating (2006), indica que os programas de tratamento que incluíam exercícios de fortalecimento de tronco são mais efetivos para a redução da dor lombar e aumento da capacidade funcional do que aqueles que não incluíam. A partir de uma metanálise, Hayden (2005) evidencia que a prática de exercícios terapêuticos seja mais efetiva que outros tratamentos para dor lombar. O tratamento a cinesioterapia, que utiliza exercícios que visam reforço muscular, ganho de amplitude articular e melhora da capacidade cardio respiratória, assim o as técnicas de terapia manual, que utilizam manipulação e mobilização articular, parecem uma eficiente escolha na prescrição de um programa de reabilitação para, este fato é provado quando são avaliados os resultados dos artigos estudados. Todos os estudos contemplam em seus resultados a diminuição da dor lombar e o aumento da capacidade funcional. A escolha do tratamento para deve estar baseada não só no alívio da dor, o no ganho da capacidade funcional, melhora na qualidade de vida e retorno mais rápido ao trabalho e atividades usuais. Para tal objetivo a escolha do tratamento deve estar associada a obtenção de ganhos duradouros o a melhora do condicionamento físico, já que a está associada ao sedentarismo e disfunções posturais. Carvalho (2009) defende a eficácia da binação de técnicas cinesioterapêuticas o; estabilização segmentar, propriocepção geral e exercícios resistidos para glúteos. O seu estudo identificou uma redução do nível de incapacidade dos pacientes. Freitas (2011) verificou os efeitos da cinesioterapia utilizando exercícios de ativação dos músculos abdominais e assoalho pélvico, de flexibilização dos extensores lombares e musculatura da cadeia posterior dos membros inferiores, resultando na melhora da dor lombar, aumento capacidade funcional e amplitude de movimento. Em uma revisão sistemática, Middelkoop (2011), confirmou que a utilização de exercício terapêutico em paração a fisioterapia convencional resulta em melhores resultados a longo prazo.

12 Utilizando a terapia manual, Macedo e Briganó (2009) realizaram uma intervenção utilizando manobras miofascias o pompage global, torácica, lombar e sacral e isostretching binadas técnicas de cinesioterapia. Os autores presenciaram efeitos significativos na melhora da dor, qualidade de vida e capacidade funcional dos pacientes. Machado (2010), utilizando a técnica de mobilização neural associada a um programa de alongamento muscular, também evidenciou resultados significativos relação ao alívio do quadro álgico. Em seu ensaio clínico pacientes portadores de, Balthazard et al. (2012), investigaram os efeitos da técnica de músculo energia e alongamentos seguidos por exercícios ativos específicos. Os autores observaram a diminuição da dor e redução da incapacidade funcional utilizando as técnicas binadas. Muñoz (2013) defende, através de uma metanálise, que a binação de exercícios terapêuticos e terapia manual são mais eficazes do que a utilização das técnicas isoladas. Conclusão Existem diversas técnicas de terapia manual e cinesioterapia, passíveis de serem utilizadas o conduta terapêutica no tratamento das s. O critério de escolha para a técnica a ser utilizada vai depender de cada caso específico, respeitando-se a individualidade biológica de cada paciente. Nota-se que a assistência fisioterapêutica vem tornando-se cada vez mais plexa e variada e que, a cada dia surgem novas técnicas que necessitam de fundamentação científica norteadora da prática clínica a fim de aprimorar a formação dos profissionais e consolidar a profissão Pôde-se evidenciar, através desta revisão sistemática, que os artigos coletados utilizaram técnicas de terapia manual e cinesioterapia, obtendo resultados positivos na redução da dor e no aumento da capacidade funcional dos pacientes dor lombar, embora a falta de padronização e de descrição clara sobre a metodologia, aliada a estudos de baixo nível de evidência, fragilizem esses resultados e impossibilitem um consenso diante da escolha de um tratamento eficaz. Faz-se necessário o incentivo de pesquisas que fundamentem a construção de um corpo de conhecimento próprio da fisioterapia, que possa ser embasada em

13 evidencias científicas atuais e fomentar o enriquecimento do profissional e da sua prática. Dessa forma o fisioterapeuta poderá realizar a melhor escolha no programa de tratamento para esta patologia.

14 Referências BALTHAZARD, P.; GOUMOENS, P.; RIVER, G.; DEMEULENAERE, P.; BALLABENI, P.; DÉRIAZ, O. Manual therapy folloed by specific active exercises versus a placebo followed by specific active exercises on the improvement of functional disabity in patients with chronic non specific low back pain: randomized controlled trial. BMC Musculoskelet Disord, v.13, n.162, p , BRIGANÓ, J.U.; MACEDO, C.S.G. Análise da mobilidade lombar e influência da terapia manual e cinesioterapia na. Seminário: Ciências Biológicas e da Saúde, Londrina, v. 26, n. 2, p , jul./dez, BORDIAK, F.C.B.; SILVA, E.B. Eletroestimulação e core training sobre dor e arco de movimento na. Fisioterapia e Movimento, Curitiba, v. 25, n. 4, p , out/dez, CARVALHO, A.R; GREGÓRIO, F.C.; ENGEL, G.S. Descrição de uma intervenção cinesioterapêutica binada sobre a capacidade funcional e o nível de incapacidade em portadoras de inespecífica. Arq. Ciência Saúde, Umarama, v. 13, n. 2, p , mai/ago, CAVALCANTE, C.C.L.; RODRIGUES, A.R.S.; DADALTO, T.V.; SILVA, E.D. Evolução científica da fisioterapia em 40 anos de profissão. Revista Fisioterapia e Movimento, v.24, n. 3, p , jul/set, CORDEIRO, A.M.; OLIVEIRA, G. M.; RETENRÍA, J.M.; GUIMARÃES, C.A. Revisão Sistemática: uma revisão narrativa. Rev.Col. Brasi. Cir. Rio de Janeiro, v. 34, n. 6, p ,nov./dez, DURANTE, H.; VASCONCELOS, E.C.L.M. Comparação do método isostretching e cinesioterapia convencional no tratamento da. Semina: Ciências Biológicas e da Saúde, Londrina, v. 30, n. 1, p , jan/jun, FILIPPIN, L.I.; WAGNER, M.B. Fisioterapia baseada em evidencia: uma nova perspectiva. Revista Brasileira de Fisioterapia, São Carlos, v.12, n.5, p.432-3, set./out, FREITAS, C.D.; GREVE, J.M.D. Estudo parativo entre exercícios dinamômetro isocinético e bola terapêutica na de origem mecânica. Fisioterapia e Pesquisa, São Paulo, v. 15, n. 4, p , out/dez, FREITAS, K.P.N.; BARROS, S.S.; ÂNGELO, R.C.O.; UCHÔA, E.P.B.L. Lombalgia ocupacional e a postura sentada: efeitos da cinesioterapia laboral. Revista Dor, São Paulo, v. 12, n. 4, p , out/dez, GARCIA, A.N.; GONDO, F.L.B.; COSTA, R.A.; CYRILLO, F.N.; COSTA, L.O.P. Efeitos de duas intervenções fisioterapêuticas em pacientes dor lombar não-específica: viabilidade de um estudo controlado aleatorizado. Revista Brasileira de Fisioterapia, São Carlos, v. 15, n. 5, p , set/out, 2011.

15 GIL, V.F.B.; OSIS, M.J.D.; FAÚNDES, A. Lombalgia durante a gestação: eficácia do tratamento reeducação postural global (RPG). Fisioterapia e Pesquisa, São Paulo, v. 18, n. 2, p , abr/jun, GREENE, W.B. Netter Ortopedia. 1ª edição. Rio de Janeiro: Editora Elsevier, 2006 HAYDEN, J.A.; MAURITS, W.; MALMIVAARA, M.D.; KOES, B.W. Meta-analysis: exercise therapy for nonspecific low back pain. Ann. Inter. Med. v. 142, n. 9, p , KISNER, C.; COLBY, L.A. Exercicios Terapêuticos-Fundamentos e técnicas. 5ª edição, São Paulo Editora. Manole KORELO, R.I.G.; RAGASSON, C.A.P.; LERNER, C.E.; MORAIS, J.C.; COSSA, J.B.N.; KRAUCZUK, C. Efeito de um programa cinesioterapêutico de grupo, aliado à escola de postura, na. Fisioterapia e Movimento, v. 26, n. 2, p , abr/jun, KWON, M.A.; SHIM, W.S.; KIM, M.H.; GWAK, M.S.; HAHM, T.S.; KIM, G.S.; KIM, C.S.; CHOI, Y.H.; PARK, J.H.; CHO, H.S.; KIM, T.H. A Correlation between low back pain and associated factors: a study involving 772 patients who had undergone general physical examination. J Korean Med Sci, v.21, p , MACEDO, C.S.G.; BRIGANÓ, J.U. Terapia manual e cinesioterapia na dor, incapacidade e qualidade de vida de indivíduos. Revista Espaço para a Saúde, Londrina, v. 10, n. 2, p. 1-6, jun, MACHADO, G.F.; BIGOLIN, S.E. Estudo parativo de casos entre a mobilização neural e um programa de alongamento muscular em lombálgicos crônicos. Revista Fisioterapia e Movimento, Curitiba, v. 23, n. 4, p , out/dez, MADDALENA, M.L. Medicina Perioperatória. Rio de Janeiro: Editora SAERJ. Capitulo MAIA, T.O.; CAVALCANTI, T.R.; FONSÊCA, N.T.; DUARTE, W.B.A.; CÔELHO, A.C. Força muscular lombar: uma análise parativa entre indivíduos sadios, sedentários e indivíduos inespecífica. Revista Terapia Manual, v.11, n 54, p MIDELKOOP, M.; RUBINSTEIN, S.M.; KUIJPERS, T.; VERHAGEN, A.P.; OSTELO, R.; KOES, B.W.; TULDER, M.V. A systematic review on the effectiveness of physical and rehabilitation interventions for chronic non-specific low back pain. Eur Spine J; v.20, n.1, p.19-39, jan, MUNOZ, C.; GOMEZ, A.C.; SANCHEZ, M.J. Physical therapy treatments for low back pain in children and adolescents: a meta-analysis. Muscolskelet Disord, v.14, n.55, 2013.

16 NOVAES, F. S.; SHIMO, A. K. K.; LOPES, M. H. B. M. Lombalgia na gestação. Rev. Latino-Am. Enfermagem, v. 14, n. 4, p , jul./ago, PEREIRA, N.T.; FERREIRA, L.A.B.; PEREIRA, W.M. Efetividade de exercícios de estabilização segmentar sobre a dor lombar mecânico-postural. Revista Fisioterapia e Movimento, Curitiba, v. 23, n. 4, p , out/dez, PIRES, R.A.M.; DUMAS, F.L.V. Lombalgia: revisão de Conceitos e métodos de tratamento. Universitas: Ciências da Saúde, Brasilia, v.6, n.2, p , jul./dez, PUPPIN, M.A.F.L.; MARQUES, A.P.; SILVA, A.G.; NETO, H.A.F. Alongamento muscular na dor lombar inespecífica: uma estratégia do método GDS. Fisioterapia e Pesquisa, São Paulo, v. 18, n. 2, p , abr/jun, QUEIROZ, P. S.; SANTOS, M.J. Facilidades e habilidades do fisioterapeuta na procura, interpretação e aplicação do conhecimento científico na prática clínica: um estudo piloto. Revista Fisioterapia e Movimento, v. 26, n. 1, p , RACKWITZ, B.; BIE, R.; LIMM, H.; GARNIER K.V.; EWERT, T.; STUCKI, G. Segmental stabilizing exercises and low back pain. What is the evidence? A systematic review of randomized controlled trials. Clin Rehabil, v.20 n.7, p , SACKETT, D.L.; ROSENBERG, W.M.; GRAY, J.A.; HAYNES, R.B. Evidence based medicine: what is And what it isn't. BMJ, v. 312, n.7023, p , 1996 SANTOS, A.C.L. Análise do Perfil clinico de pacientes usuários do serviço publico de fisioterapia de Bambuí-MG p. 43. Trabalho de conclusão de curso de graduação em fisioterapia. Centro Universitário de Formiga UNIFOR, Formiga. SLADE, S.C.; KEATING, J.L. Trunk-strengthening exercise for chronic low back pain: a systematic review. Journal of Manipulative and physiologic therapy, v. 29, n. 2, p , SOUZA, A.S.; OLIVEIRA, N.T.B.; SANTOS, I.; OLIVEIRA, M.S.; GONÇALVES, M.M.B. Efeitos da escola da postura em indivíduos sintomas de. Conscientiae Saúde, Cacoal, v. 9, n. 3, p , set, STETLER, C.B.; BRUNELL, M.; GIULIANO, K.K.; MORSI, D.; PRINCE, L.; NEWELL, S.V. Evidence-based practice And the role of nursing leadership. Journal of Nurse Admnistration, v. 28, n. 7, p , SULLIVAN, P. Diagnosis and classification of chronic low back pain disorders: Maladaptive movement and motor control impairments as underlying mechanism. Manual Therapy, v.10, p , Jul, TOMÉ, F.; FERREIRA, C.B.; CORNELLI, R.J.B.; CARVALHO, A.R. Lombalgia : paração entre duas intervenções na força inspiratória e capacidade funcional. Fisioterapia e Movimento, v. 25, n. 2, p , abr/jun

17 VITTA A. A. Lombalgia e suas relações o tipo de ocupação, a idade e o sexo. Revista Brasileira de Fisioterapia, v. 1, n. 2, p , mai, 1996.