SOCIOLOGIA DO AMBIENTE

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1 INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO LICENCIATURA: ENGENHARIA DO AMBIENTE Ano letivo 2013/2014 Docente: Delta Sousa e Silva SOCIOLOGIA DO AMBIENTE Enquadramento e objetivos A sociologia enquanto ciência dedica-se à análise dos fenómenos sociais, procurando esclarecer sobre as interações sociais que os estruturam; os protagonistas implicados nessas interações; o sentido que dão ao que fazem; o encadeado de causas que subjazem a tais fenómenos sociais. Na análise sociológica, o contexto assume relevância. Importa analisar os fenómenos enquadrando-os no contexto social, económico, cultural e ambiental em que ocorrem. A sociologia do ambiente distingue-se por afirmar que o mundo biofísico, durante muito tempo relegado para segundo plano na análise sociológica, é mais do que um mero palco, inócuo cenário, onde a ação humana ocorre. O ambiente é fonte de oportunidades e de constrangimentos para a ação humana. Os sistemas sociais, por seu lado, moldam e reformam o meio físico muitas vezes de forma imprevista e não pretendida. Há, com efeito, uma relação de moldagem mútua entre sociedade e ambiente a que a sociologia do ambiente se propõe dar um contributo para a sua compreensão. À engenharia do ambiente coloca-se a exigência de uma perspetiva integrada na abordagem dos problemas. Não lhe basta um know-how técnico na resposta aos problemas ambientais, mas também capacidade analítica e ferramentas que lhe permitam adequar as soluções às particularidades dos contextos a que se dirigem. A natureza é cada vez mais uma natureza socializada, ou seja, apropriada e transformada pela ação humana. Há, assim, uma dimensão social inerente à questão ambiental que importa atender. A sociologia pode, a partir dos seus quadros teóricos e instrumentos técnico-metodológicos, contribuir para o conhecimento desses contextos. Em termos de formação em engenharia do ambiente, o contributo da sociologia do ambiente assume relevância, pelo menos, a dois níveis: 1

2 Explorar competências para captar a realidade social, e respetiva interação com o ambiente, examinando-a criticamente, questionando-a por forma a descobrir aqueles aspetos não são imediatamente apreensíveis; Dar a conhecer ferramentas e procedimentos que a sociologia utiliza para análise social e que poderão ter interesse para a prática da engenharia do ambiente. Programa O módulo de sociologia do ambiente, integrado na cadeira de direito e sociologia do ambiente do ambiente, cobrirá as seguintes temáticas: 1. Sociologia geral e sociologia do ambiente: contextualização histórica e objeto de estudo. 2. Os conceitos de estrutura social e de ação e articulações com o conceito de ambiente. 3. A relação natureza-sociedade no quadro da modernidade. Sociologia do ambiente: perspetivas teóricas e questões paradigmáticas. 4. Risco, desastre e vulnerabilidade: um domínio de investigação entre dois paradigmas. 5. Ferramentas de pesquisa em sociologia e estratégias metodológicas de participação do público em processos de planeamento territorial. 2

3 3. Calendário das atividades DATA PLANO DA AULA BIBLIOGRAFIA BÁSICA O que é a sociologia? 2. Sociologia e modernidade 3. Ambiente enquanto campo empírico da sociologia 4. Programa da cadeira Sociologia do ambiente: contexto de emergência da disciplina e objeto de estudo 2. Paradigma da Excecionalidade Humana (HEP) versus Novo Paradigma Ecológico 3. Do que é que se fala quando se fala de problemas ambientais? 4. O ambiente enquanto recurso 5. O conceito de complexo ecológico Perrow C. (1999). Normal Accidents. Living with high-risk Technologies. Princeton: Princeton University Press. Giddens, A. (2000) Sociology: Problems and Perspectives, in Sociology. Cambridge: Polity Press. Giddens, A. (1990) As Consequências da Modernidade. Lisboa: Celta Editora. Dynes R., Wenger, D. (1971) Factors in the community perception of water resource problems, Water Resources Bulletin, Journal of the American Water Resources Association 7: Catton W., Dunlap R. (1978) Environmental sociology: a new paradigm, The American sociologist, vol. 13 (Fevereiro), Dunlap R. (1992) From environmental problems to ecological problems, in C. Calhoun, G.Ritzer (eds), Social Problems. New York: McGraw Hill. Dunlap R., Marschall, B. (2007) Environmental sociology, in C.D. Bryant, D. L. Peck (eds), 21 st Century Sociology: a reference handbook, Vol. 2. Thousands Oaks, CA: Sage. Perrow C. (1999) Normal Accidents. Living with high-risk Technologies. Princeton: Princeton University Press. 3

4 DATA PLANO DA AULA BIBLIOGRAFIA BÁSICA A perspetiva construtivista na sociologia do ambiente; 2. O conceito de preocupação ambiental 3. Porque é que é importante conhecer as representações e atitudes sociais em relação ao ambiente? II Inquérito Nacional às Representações e práticas dos portugueses sobre o ambiente (Almeida, J. F. org., 2004) Risco, vulnerabilidade e desastre: um domínio entre dois paradigmas 2. Perfil do risco na modernidade: dimensões que o paradigma geofísico não cobre 3. Bases de um paradigma alternativo: vulnerabilidade, adaptação e capacidade adaptativa 4. Paradigma geofísico e paradigma alternativo: que efeitos na política pública de gestão do risco? Dunlap R., Jones R. E. (2002) Environmental concern: conceptual and measurement issues, in R. Dunlap, W. Michelson (eds), Handbook of environmental sociology. Westport: Greenwood Press. Dunlap R., Van Liere K.D., Mertig A.G, Jones, R.E. (2000) Measuring endorsement of New Ecological Paradigm: a revised NEP scale, Journal of Social Issues, vol. 56, 3, Almeida J.F. (org) (2004), Os portugueses e o ambiente. II Inquérito Nacional às representações e práticas dos portugueses sobre o ambiente. Oeiras: Celta Editora. Hewitt K. (1997) Regions of risk. Essex: Addison Wesley Longman. Adger N (2006) Vulnerability, Global Environmental Change, 16, Birkmann (2006) Measuring vulnerability to promote disaster-resilient societies: conceptual frameworks and definitions, in J. Birkmann (eds) Measuring vulnerability to natural hazards. New York-: United Nations University Press. Silva, D.S. (2011) Desastre, recuperação e mudança, o caso do sismo do Faial de Tese de doutoramento em sociologia, Lisboa: ISCTE/IUL. O sismo de Tõhoku, Japão,

5 DATA PLANO DA AULA BIBLIOGRAFIA BÁSICA Métodos e técnicas de pesquisa em ciências sociais. Inquérito à qualidade dos serviços de água e saneamento básico no âmbito projeto europeu CARE-S Estratégias metodológicas de participação pública em processos de planeamento territorial. Hartley, T.W. (2003) Water reuse: understanding public perception and participation. Washington D.C.: Water Environment Research Foundation. Bryman A. (2004), Social Research Methods. New York: Oxford University Press. Ghiglione R., Matalon B. (1993), O Inquérito, teoria e prática. Oeiras: Celta Editora. Silva D.S., Barbier R., Montignoul M. (2005) Sanitation and Quality of Life. CARE-S: Computer-aided rehabilitation of Sewer Networks. Dietz T., Stern, P.C. (2002) New tools for environmental protection. Education, information and voluntary measures. Washington D.C: national Academy Press. Hartley T.W. (2003) Water reuse: understanding public perception and participation. Washington D.C.: Water Environment Research Foundation Teste 5

6 4. Avaliação A avaliação no módulo de sociologia do ambiente resultará da ponderação da participação do aluno nas aulas, do resultado de um trabalho de grupo e de um teste escrito. 6