A IMPORTÂNCIA DA QUALIFICAÇÃO DO ANIMADOR CULTURAL: EXPERIÊNCIA NO PROGRAMA ESPORTE E LAZER DA CIDADE - PELC.
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1 224 A IMPORTÂNCIA DA QUALIFICAÇÃO DO ANIMADOR CULTURAL: EXPERIÊNCIA NO PROGRAMA ESPORTE E LAZER DA CIDADE - PELC. Silva, Leonardo Toledo 1 Gualbertto, Cláudio 2 Há muito que ensinar e aprender. Basta aguçarmos nosso olhar sensível, crítico e criativo sobre a realidade que podemos perceber muita coisa. Mas precisamos querer saber mais sobre nossa vida, buscar informações sobre ela e outros conhecimentos que possam nos ajudar a repensá-la e recriar nossas atividades de modo que tenham sentido e significados para nós (PINTO, 2005, p.21). O PROGRAMA ESPORTE LAZER DA CIDADE (PELC) O Esporte e Lazer no mundo contemporâneo ocupam um espaço de instância de emancipação e desenvolvimento humano. Portanto faz-se necessário, formular políticas públicas para a área. Políticas públicas são, segundo (BOBBIO et al, 1995, p.319), instrumentos de gestão do bem público, que o governo define e opera em nome da população. Entendendo Política Pública como uma Política Social, (VILALLOBOS apud ZINGONI, 2001, p.48) apresenta o conceito de política social do Comitê Social de Ministros do Chile, como sendo: o conjunto de medidas e intervenções sociais que são impulsionadas a partir do Estado e que têm como objetivo melhorar a qualidade de vida da população e conquistar crescentes níveis de integração social, especialmente dos grupos socialmente excluídos, nas diversas dimensões pelas quais se expressa a sua exclusão (econômica, política, territorial e/ou cultural). Nesta perspectiva, observando alguns programas de governo e reunindo reflexões apresentadas em encontros, seminários e congressos esportivos e de lazer, por exemplo, o Encontro Nacional de Recreação e Lazer (ENAREL), o Seminário Lazer em Debate e o Congresso Brasileiro de Ciência do Esporte (CONBRACE), percebemos a crescente preocupação acadêmica quanto à democratização do acesso ao esporte e ao
2 225 lazer, na perspectiva do direito social. O tempo destinado ao esporte e lazer deve ser vivido de maneira saudável e feliz. É dever do Estado garantir o acesso ao esporte e ao lazer para toda a população, seja com recursos próprios, ou por meio de parcerias com o setor privado e com o Terceiro Setor, mas principalmente, favorecer a participação popular para que a sociedade se sinta co-gestora do processo, e pouco a pouco construa sua autonomia. A I e II Conferência Nacional do Esporte evidenciaram avanços na gestão democrática, na participação e controle social resultando nas diretrizes para a consolidação da Política Nacional de Esporte e Lazer. Outros fatores importantes se referem à reestruturação do Conselho Nacional do Esporte, aprovação do Estatuto do Torcedor, regulamentação da Lei Agnelo/Piva, criação do Programa Bolsa-Atleta, a Timemania e a Lei Federal de Incentivo ao Esporte, refletindo a vitalidade do mais novo Ministério da Esplanada. Entretanto, são os programas sociais como o Segundo Tempo e o Programa Esporte e Lazer da Cidade (PELC) que apresentam maiores possibilidades de ampliar a oferta de atividades esportivas, recreativas e de lazer, menorizando algumas formas de discriminação, na busca da inclusão social e da qualidade de vida, marcas do Governo Lula. (RODRIGUES, 2007, p.14). O Programa Esporte e Lazer da Cidade PELC é entendido como instrumento importante no fortalecimento do esporte e lazer como direito social. Implementado por meio da implantação e funcionamento de núcleos de esporte recreativo e de lazer, atendendo a todas as faixas etárias, sem abrir mão do atendimento a pessoas com deficiência, em atividades sistemáticas de oficinas de esporte, dança, ginástica, teatro, música, capoeira e outras dimensões da cultura local, bem como a organização popular na realidade de macros eventos de lazer. Os núcleos são espaços de convivência social do município, onde as práticas esportivas e de lazer são planejadas e desenvolvidas. As praças e quadras públicas, o salão paroquial e o campo de futebol em cada bairro são exemplos de espaços destinados ao funcionamento dos núcleos. São nestes espaços que as manifestações socioculturais, artísticas, intelectuais, fisicoesportivas acontecem a partir do princípio da gestão participativa e democrática.
3 226 Um dos diferenciais do Programa é a ressignificação dos espaços existentes e a busca de espaços alternativos onde a comunidade exatamente não tem sido atendida por não ter espaços específicos de lazer. Acreditamos que a efetivação de políticas públicas favorece leva a auto-organização das comunidades, na busca da ocupação desses espaços para a realização das práticas esportivas e de lazer. No PELC, os núcleos recreativos de esporte e lazer devem se constituir pontos referência para as comunidades, que devem buscar descentralizar as suas atividades para os demais espaços locais, sendo estes espaços configurados como subnúcleos do Programa. O zelo neste aspecto é que se evite considerar como núcleo um espaço que restrinja a comunidade à participação em uma única atividade de lazer ou menos que apresente dificuldades de acesso. (MINISTERIO DOS ESPORTES, 2007, p.32). O MODELO DE GESTÃO CONSORCIADA O formato de pleitos apresentados à luz da metodologia consorciada, instituindo os consórcios intermunicipais de esporte e lazer nasceu com o objetivo de possibilitar a participação de pequenos e médios municípios, localizados fora dos grandes centros, garantindo o direito estabelecido pela Constituição Federal de 1988, de oportunizar o acesso livre e irrestrito às manifestações de esporte, cultura e lazer à toda população. O primeiro consórcio intermunicipal do Programa Esporte e Lazer da Cidade efetivado em julho do ano de 2005 foi articulado com a integração de 21 municípios na região Centro-Leste do Estado de Minas Gerais. A iniciativa foi coordenada pelo Terceiro Setor em parceria com as administrações municipais participantes e com a iniciativa privada. Na oportunidade foram implantados 63 núcleos de esporte recreativo e de lazer, onde se registraram inscritos, com geração de mais de atendimentos semanais em atividades sistemáticas e a participação de pessoas em atividades assistemáticas (eventos). Tendo em vista a necessidade de ampliação imposta pela demanda alcançada durante o decorrer do primeiro consórcio, o modelo foi reestruturado e ampliado para 35 municípios. O êxito alcançado no primeiro modelo efetivado credenciou a experiência a ser replicada em três diferentes regiões mineiras: mesorregião de Guanhães, Região
4 227 Metropolitana do Vale do Aço e Zona da Mata Mineira, abrangendo territorialmente 45 municípios de Minas Gerais. Historicamente, as regiões da mesorregião de Guanhães e da zona da mata mineira, envolvendo 32 municípios, sempre estiveram à margem das políticas públicas do Governo Federal. Na base territorial desses municípios, estima-se uma população acima de habitantes, com forte traço de ocupação rural e elevados índices de vulnerabilidade. Procurando contribuir para alteração dessa realidade, organizações não governamentais, representando a sociedade civil organizada investiram no Programa Esporte e Lazer da Cidade, numa perspectiva que pudesse contribuir para o desenvolvimento de ações promotoras da melhoria da qualidade de vida da população local. Os protagonistas da iniciativa foram a Augusta e Respeitável Loja Simbólica Pioneiros do Nordeste (ARLS Pioneiros do Nordeste), Instituto Xopotó para o Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental, Instituto CENIBRA e Instituto Brasil Igualdade Social (IBIS). A iniciativa de implantação e funcionamento dos núcleos de esporte recreativo e de lazer surge de forma inédita nas duas regiões por intermédio de um grande Programa de intervenção social do Ministério do Esporte. Contextualizado cada cenário, com as particularidades que dão um caráter único ao palco, aos atores, platéia e as performances já desenvolvidas é que os protagonistas dessa iniciativa propuseram um processo de qualificação do animador cultural do Programa Esporte e Lazer da Cidade. No entanto, entendermos ser imprescindível uma reflexão sobre alguns pontos acerca da animação cultural e esse personagem, ao qual se denomina animador cultural: o que é animação cultural? Quem é esse animador cultural? Quando, onde, como, para que e com quem ele atua? No capítulo próximo é justamente esta reflexão que pretendemos fazer, por intermédio da dialogicidade com os autores que tem se dedicado a este campo de estudo.
5 228 O ANIMADOR CULTURAL Os estudos envolvendo o Animador Cultural no Brasil, ainda são incipientes. Muito ainda é preciso se refletir para que essa caminhada tenha um norte definido, com menos entroncamentos ou bifurcações que possam nos confundir para onde seguir. A nossa proposta de trajeto é clara. O caminho é que às vezes se mostra muito longo e pouco explorado. Por isso mesmo, não vamos nos aprofundar em conceitos, mas procurarmos entender os questionamentos citados no desfecho do capítulo anterior. Segundo (MELO, 2004, p.12), a animação cultural pode ser definida como uma das possibilidades de intervenção pedagógica nos momentos de lazer e ainda é citada como uma expressão epistemologicamente mais adequada que outras correntes nacionalmente, dentre elas recreação e ação cultural. Para o mesmo autor, (MELO, 2006, p.56), a animação cultural recebe status de tecnologia educacional que tem a cultura como sua preocupação e estratégia central e que devemos compreender que a intervenção no âmbito da cultura significa levar em conta que mais do que com valores estaremos trabalhando também com percepções. O mundo contemporâneo tem se apropriado significativamente da importante influência dos diferentes padrões de cultura sobre a relação do homem para consigo mesmo, com o outro e com o mundo. Daí o surgimento crescente de conceitos que afirmam que a educação para as sensibilidades, em suas mais diferentes possibilidades poderá muito em breve ser definidora de uma nova ordem social e um modelo tanto quanto diferente deste atual, construído, sobretudo, sobre a marca do capitalismo exacerbado e uma elitização da cultura, restringindo seu acesso a uma minoria elitista da sociedade. Novos olhares de e para a sociedade contemporânea, favorecem o emergir de novos atores, um deles é exatamente o animador cultural. Um animador cultural que não estabeleça uma conotação de inércia e de conformismo com sua realidade é o que estamos preconizando para que a própria sociedade possa ser definidora do modelo de sociedade que se quer construir para os anos seguintes aos nossos, perspectivando os cidadãos futuros, nossos filhos, netos e todos que comporão esta nova sociedade, daqui a alguns anos.
6 229 O nosso perfil de animador é consonante com o recomendado por (GÓMEZ apud MELO, 2004, p.12), qualificado como dialético, com uma atuação referendada na perspectiva dialética, acreditando ser possível a democratização cultural, considerando ser a realidade complexa e construída, a cada dia. È um processo histórico, cumulativo. Democratizar cultural, interpretar a complexidade da realidade, sua construção por acúmulos vivenciais implica necessariamente em aproximação da comunidade, em incentivo aos movimentos que favoreçam a organização dos movimentos populares, sua autonomia e apropriação das questões que dizem respeito aos seus direitos como cidadãos. O perfil do animador cultural que pensamos precisa partir do pressuposto que as manifestações culturais exercem uma influencia nunca antes percebido pela sociedade, tanto no âmbito da elite, que vê ameaçados seus privilégios, quanto no âmbito da camada mais simples da população, que cada vez mais se organiza para reivindicar o que lhe deve ser assegurado como direito social por se tratar de dever do Estado, como registro na Constituição Federativa do Brasil. Para o perfil de nosso animador cultural é preciso questionar a ordem social, cada vez mais excludente, onde concentração de renda e vulnerabilidade social são contrapontos que crescem juntos. Não se trata de abolir um ou outro padrão cultural que se construiu ao longo da historicidade humana, mas sim, perceber e dar oportunidade que se perceba, possibilidade de novos olhares sobre estas manifestações e que se reflita com criticidade contribuindo para um processo, embora recente e lento, de se educar o homem para as sensibilidades, onde o homem possa compreender melhor a relação consigo mesmo, com o outro e com o mundo. Acreditamos que democratização cultural é um processo evolutivo, onde o animador cultural tem papel destacado, não como o principal ator, mas uma liderança formadora de opinião e que possa mobilizar uma comunidade em busca de uma organicidade participativa e autônoma. È importante que seu trabalho seja dinâmico, junto a representatividade comunitária, oportunizando comprometimento, apropriação consciente, pertencimento. Atuar com e para a comunidade onde se atua é condição prioritária para o trabalho do bom animador cultural.
7 230 Por fim a contextualização de alguns princípios essenciais para concepção de políticas públicas efetivas, com o formato de política de Estado e não de governos (como vemos atualmente) merecem ser mencionados. Estes princípios serão os pilares de sustentabilidade da atuação do animador cultural: universalidade, territorialidade, descentralização, intersetorialidade, dialogicidade (participação popular), alfabetização e diversidade cultural. Partindo de um entendimento elementar do que seja animação cultural, o seu perfil, quando, onde, como, para que e com que ele deva atuar, propomos a possibilidade um novo olhar e procuramos nos fazer entender, transferindo o referencial teórico para ações concretas, como demonstradas no capítulo que segue. O PROCESSO DE FORMAÇÃO CONTINUADA DO ANIMADOR CULTURAL Utilizamos nesse momento o termo formação continuada que segundo (ISAYAMA, 2004, p.96), é constantemente alimentada pela participação em cursos de diferentes naturezas, em eventos técnico-científicos, em listas de discussões, em grupos de estudo, dentre outras ações que devem fazer parte do cotidiano dos profissionais que desejam atuar com o lazer. A formação continuada tem o intuito de garantir uma qualificação pautada na competência técnica, científica, política, filosófica, histórica, social e pedagógica. Sobre este tema, (ISAYAMA, 2004, p.94) nos relata: A formação deve possibilitar o domínio de conteúdos que devem ser socializados a partir do entendimento de seus significados em diferentes contextos e articulações interdisciplinares. Abrimos um parêntese aqui para falar da questão da formação técnica, que é muito importante, mas que em muitos casos nada mais é do que uma receita de bolo, como mencionado por (MELO E FONSECA, 1997, p.656):
8 231 Não que as técnicas não sejam importantes, mas de nada valem se não se souber o que fazer com elas, como e porque devem ser utilizadas, quais as compreensões e objetivos centrais a serem buscados com o trabalho. O profissional que desejar ter um trabalho qualitativamente superior não pode mais apostar exclusivamente em seu carisma e utilizar aqueles mesmos manuais de sempre. Nesse sentido é necessário um esforço sistemático para responsabilizar as instituições pela formação continuada de seus profissionais, investindo na produção de conhecimento sobre essa formação e nas transformações que essa ação pode gerar nos processos de atuação profissional e da comunidade onde se concentra o Programa. Considerando as peculiaridades que imprimem singularidade aos animadores culturais do PELC, entendemos surgir a necessidade de um modelo de qualificação, perspectivando uma formação interdisciplinar e pedagógica desses animadores culturais. Nossa proposta dialoga com (FREIRE, 1975, p.14), Ninguém educa ninguém, as pessoas educam em comunhão. Nossa proposta terá como centralidade a formação dos animadores culturais e a organização do trabalho pedagógico. Como multiplicadores da proposta, importante o diálogo com (MARCELLINO,1987, p.59) que discute utilizar o momento do lazer como um momento de descanso, diversão e desenvolvimento humano e, oportunamente de educação. A proposta se pauta na superação inicial de qualquer determinação de princípios fixos, onde a comunidade tem voz ativa, de forma que quanto maior a sua participação, maior será a sua apropriação. Esta poderá alcançar uma organização voltada para as particularidades locais, com a participação efetiva dos envolvidos no processo de construção da cultura local, gerando assim um processo emancipatório de construção do conhecimento, com vista ao desenvolvimento humano. Por isso, (PINTO, 2005, p.21) comenta que a curiosidade e a motivação precisam ser instigadas e a cooperação e confiança, vividas. Afinal, estamos convencidos da importância da educação de adolescentes e jovens autônomos, comprometidos com a melhoria de suas vidas e da vida daqueles onde moram. Pessoas que, por serem autônomas, são capazes de julgar, decidir, escolher, realizar atividades, compreendendo o que fazem e tornam seus limites e suas possibilidades concretas.
9 232 Quando do início das atividades, realizamos um processo de seleção dos animadores culturais 1, responsáveis pela mediação junto às comunidades, planejamento, organização e realização das atividades nos municípios consorciados. Percebemos a imediata necessidade dos procedimentos de qualificação continuada desses animadores, visto que o próprio Ministério do Esporte orienta um Módulo Introdutório e um Módulo de Avaliação, evento esse que conta com a participação dos consultores do Grupo Nacional de Formadores do Programa Esporte e Lazer da Cidade/Ministério do Esporte. Neste sentido, pensamos na implantação de ações de formação em serviço que dialoguem com temáticas diversas a fim de fornecer ferramentas adequadas aos animadores culturais para sua atuação nos núcleos. Os temas abordados no processo de qualificação continuada dos animadores culturais perpassaram desde a discussão de metodologias do ensino de jogos, utilização de espaços públicos, até primeiros socorros de pequenos acidentes em ambientes de esporte e lazer. Sendo assim, no decorrer do período de conveniamento junto ao Ministério do Esporte foram realizados quatro encontros de qualificação, além dos módulos já preconizados pelo Ministério do Esporte: introdutório e de avaliação. Os encontros complementares, tidos como intervenções de qualificação continuada foram: Intervenção Continuada físicoesportiva e artisticocultural (8h); Iniciação ao Xadrez Científico (8h); Jogos e Brincadeiras no Cenário PELC (8h) e Primeiros Socorros (8h). Os módulos e encontros de qualificação permitiram aprimorar as ações do Programa, tanto nas oficinas, quanto nos eventos, possibilitando uma maior compreensão do Programa, tanto por parte dos animadores culturais, quanto por parte das comunidades usuárias do PELC. Segundo (PINTO, 2005, p.21), indivíduos com autonomia são, portanto, motivados a serem cidadãos conscientes de seus direitos e deveres, expressando-se e dialogando com todos de vários modos para comunicar o que pensam e sentem, mostrando-se interessados em aprender cada vez mais sobre sua vida e sobre os conteúdos que vivem. 1 Disponível:
10 233 CONSIDERAÇÕES FINALÍSTICAS A proposta da qualificação continuada dos animadores culturais PELC expressa parcialmente neste trabalho, tem como objetivo contribuir com fornecimento de subsídios para futuras ações do Programa Esporte e Lazer da Cidade, bem como a apropriação do conteúdo pelos animadores culturais, melhorando o processo ensinoaprendizagem. Qualificar os quadros mobilizados para as atividades do PELC nos parece imprescindível para o efetivo funcionamento dos núcleos de esporte recreativo e de lazer e para o alcance das metas qualitativas de atendimento aos usuários do Programa. Recomendamos que se ofereçam temáticas de qualificação que tenham como metodologia superar a simples ocupação do tempo livre e receitas prontas, assegurando ao animador cultural o desenvolvimento de habilidades e criatividades, para que os mesmos se tornem multiplicadores dessa proposta diante da sua comunidade. Referenciando-se nas experiências já desenvolvida pelo Ministério com outras organizações do Terceiro Setor e em outros territórios, acreditamos que a experiência aqui relatada, se apresenta como uma possibilidade concreta de contribuição para a melhoria da qualidade de vida de crianças, adolescentes, adultos, jovem-adultos, idosos e pessoas com deficiência, por lhes possibilitar o acesso a atividades socioculturais, esportivas e de lazer, numa perspectiva de garantia de esporte e lazer, como direitos sociais. As observações nos indicam a importância e necessidade de formação continuada para todos os educadores independente da formação acadêmica, no sentido de se favorecer ações na área desenvolvida e garantia das diretrizes e objetivos do Programa Esporte e Lazer da Cidade. Em iniciativas como o PELC acreditamos ser importante não apenas a qualificação acadêmica devida, mas a estruturação de um processo continuado de qualificação, e a participação dos animadores em cursos de aperfeiçoamento, atualização, extensão, especialização latu e strictum sensu, congressos, seminários, simpósios, encontros e oficinas temáticas entre outros. Lembramos ainda que, quanto melhor qualificado o quadro de animadores, maior poderá ser a transferência dessa qualidade à ponta do processo, favorecendo a qualidade das ações desenvolvidas junto às comunidades. Por sua vez, melhorando o
11 234 trabalho dos animadores poderemos aumentar o número de beneficiários do PELC. Aumentando o número de beneficiários precisaremos de mais animadores, necessitando de um aumento (quantitativo e qualitativo) das formações continuadas, criando uma corrente indissociável. Por último, mas não menos importante, esperamos que a qualificação dos animadores culturais se concretizasse como uma importante ferramenta para a educação para a autonomia dos sujeitos envolvidos, e que, a vivência de jogos, brinquedos, brincadeiras, festas, músicas, encontros e descobertas possam se refletir na construção de políticas públicas de esporte e de lazer. REFERÊNCIAS BOBBIO, N., MATTEUCCI, N., PASQUINO G. Dicionário de Política. Brasília: Ed. Universidade de Brasília, v.1, p FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro. Ed. Paz e Terra, ISAYAMA, Hélder Ferreira. Formação Profissional. In WERNECK, Christianne Luce Gomes (ORG.), Dicionário Crítico do Lazer. Belo Horizonte: Autêntica, p MARCELLINO, Nelson Carvalho. Lazer e educação. Campinas. Papiros, MELO, Victor Andrade de. Animação Cultural. In WERNECK, Christianne Luce Gomes (ORG.), Dicionário Crítico do Lazer. Belo Horizonte: Autêntica, p MELO, Victor Andrade de. A animação cultural: Conceitos e propostas. Campinas, SP: Papirus, Coleção Fazer/Lazer. MELO, Victor Andrade de; FONSECA, Ingrid Ferreira. O professor de educação física e sua atuação na área do lazer: relações históricas e problemas contemporâneos. In: ENCONTRO NACIONAL DE RECREAÇÃO E LAZER, 9, 1997, Belo Horizonte. Coletânea... Belo Horizonte: UFMG/EEF/CELAR, p MINISTERIO DOS ESPORTES. Manual para implementação do Programa Esporte Lazer da Cidade ações: funcionamento de núcleos, vida saudável e eventos interdisciplinares. Brasília, 2007.
12 235 PINTO, Leila Mirtes Santos Magalhães (ORG.). Convivência no morro: caderno de atividades lúdicas de esporte e arte. Belo Horizonte: Lastro, p.138. RODRIGUES, Rejane Penna. Introdução: Programa Esporte Lazer da Cidade. In: MARCELLINO, Nelson Carvalho; FERREIRA, Marcelo Pereira de Almeida (org.), BRINCAR, JOGAR,VIVER: programa Esporte Lazer da Cidade. Brasília. Ministério do Esporte, 2007, v. I, p ZINGONI. Patrícia. A descentralização e novos desafios para a política pública de Lazer em Belo Horizonte. Cinergis, Santa Cruz do Sul, v.2, n.1, p , jan/jun Mestrando em lazer UFMG. Especialista em Gestão de Políticas Sociais PUC/MG. Especialista em Lazer UFMG. Professor do Instituto Superior Anísio Teixeira Fundação Helena Antipoff. leotoledos@yahoo.com.br 2 Especialista em Lazer UFMG. Membro do Grupo Nacional de Formadores do Programa Esporte e Lazer da Cidade/Ministério do Esporte. profclaudiogualberto@gmail.com Texto Recebido em 29 de março de Aprovado em 28 de junho de 2010.
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