SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS Conceito, Padrões de Consumo e Classificação
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- Cássio Filipe Peixoto
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1 SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS Conceito, Padrões de Consumo e Classificação Patrícia Rachel Gonçalves Psicóloga Clínica - CETAD/ UFBA Coordenadora do Núcleo de Clínica Coordenadora do Programa de Estagio Especialista na Atenção Integral ao Consumo e Consumidores de Álcool e Outras Drogas
2 INTRODUÇÃO O uso de substâncias capazes de alterar o estado mental, conhecidas como substâncias psicoativas (SPA), ocorre hámilhares de anos, seja por razões culturais ou religiosas, seja por recreação ou meio de socialização. O conceito, a percepção humana e o julgamento moral sobre o consumo de substâncias psicoativas evoluem constantemente, e muito se baseiam na relação humana com o álcool, devido ao fato de ser a droga mais difundida e de mais antigo uso. Os aspectos da questão relacionados àsaúde sópassaram a ser estudados e discutidos nos dois últimos séculos. Apesar se ser uma prática antiga, em tempos mais recentes, ela ganhou destaque em discussões entre vários segmentos sociais, exatamente porque também é recente a sua percepção como algo problemático. Éna passagem do século XIX para o século XX que, dentre os mais diversos usos de drogas, um deles ganha nome e estatuto peculiar: a toxicomania.
3 DROGA Droga éo termo utilizado popularmente para designar uma substância psicoativa(spa), apesar da medicina atual define esse termo como: qualquer substância capaz de modificar a função dos organismos vivos, resultando em mudanças fisiológicas e de comportamento (CEBRID, 1987) Esse termo deriva da palavra droog, do holandês antigo, que significa folha seca. Em tempos antigos, todo medicamento era feito de vegetais secos e consequentemente chamados de drogas. o termo droga passou a ter uma conceituação estigmatizada, representando de modo pejorativo substâncias capazes de alterar os estados de consciência, entre a virada do século XX e a I Guerra Mundial. Desde então, tais produtos passaram a ser popularmente consideradas como maus, ruins e danosos. (FERNANDEZ, 2007) Substâncias psicoativas ou psicotrópicas são aquelas que atuam diretamente sobre o SNC, causando algum tipo de alteração no funcionamento deste.
4 Para Trad (2009) Na passagem desses séculos (XIX XX) a medicina científica moderna ganha lugar de instituição social com um poder igual ao do Estado para lidar com o uso de drogas. Essas duas instâncias passam, então, a ter papel fundamental no controle das drogas e dos usuários, criando o modelo proibicionista. Esse paradigma, o proibicionismo, évisto por esse autor como uma resultante de modelos explicativos da medicina e farmacologia, associados à visão jurídico-legal. Conjunção que se internacionalizou a partir dos Estados Unidos, chegando atéoutros países do Ocidente e contando com o apoio da Organização das Nações Unidas (ONU).
5 PADRÕES DE CONSUMO MODELO MÉDICO FONTE: OBID A auto-administração de qualquer quantidade de substância psicoativa pode ser definida em diferentes padrões de uso de acordo com suas possíveis conseqüências. Atualmente os especialistas utilizam duas formas diferentes de categorizar e definir esses padrões. São elas: CID-10 (10ªRevisão da Classificação Internacional de Doenças da OMS); DSM-IV (4ªedição do Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, da Associação Psiquiátrica Americana). Os padrões a seguir são aceitos pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e muito difundidos no linguajar de quem lida com o assunto, apesarde não possuírem correspondência nos padrões classificadores de transtornos e doenças. Este tipo de padronização não se constitui a partir de um transtorno ou doença, e estábaseada na forma de uso e na relação que o indivíduo estabelece com a substância e suas conseqüências negativas.
6 Uso Experimental Os primeiros poucos episódios de uso de uma droga específica algumas vezes incluindo tabaco ou álcool -, extremamente infreqüentes ou não persistentes. Uso Recreativo Uso de uma droga, em geral ilícita, em circunstâncias sociais ou relaxantes, sem implicações com dependência e outros problemas relacionados, embora haja os que discordem, opinando que, no caso de droga ilícita, não seja possível este padrão devido às implicações legais relacionadas. Uso Controlado Refere-se àmanutenção de um uso regular, não compulsivo e que não interfere com o funcionamento habitual do indivíduo. Termo também controverso, pois se questiona se determinadas substâncias permitem tal padrão. Uso Social Pode ser entendido, de forma literal, como uso em companhia de outras pessoas e de maneira socialmente aceitável, mas também éusado de forma imprecisa querendo indicar os padrões acima definidos.
7 Uso nocivo/abuso e Dependência Pode ser entendido como um padrão de uso que aumenta o risco de conseqüências prejudiciais para o usuário. Na CID-10, o termo uso nocivo éutilizado como aquele que resulta em dano físico ou mental. Na DSM-IV, utiliza-se o termo abuso, definido de forma mais precisa e considerando também conseqüências sociais de um uso problemático, na ausência de compulsividade e fenômenos como tolerância e abstinência.
8 A definição de abuso (DSM-IV) baseia-se na ocorrência de um ou mais dos seguintes critérios no período de 12 meses: 1. Uso recorrente resultando em fracasso em cumprir obrigações importantes relativas a seu papel no trabalho, na escola ou em casa; 2. Uso recorrente em situações nas quais isso representa perigo físico; 3. Problemas legais recorrentes relacionados àsubstância; 4. Uso continuado, apesar de problemas sociais ou interpessoais persistentes ou recorrentes, causados ou exacerbados pelos efeitos da substância. Já a definição de uso nocivo (CID-10) baseia-se nos seguintes critérios: 1. Evidência clara de que o uso foi responsável (ou contribuiu consideravelmente) por dano físico ou psicológico, incluindo capacidade de julgamento comprometida ou disfunção de comportamento; 2. A natureza do dano é claramente identificável; 3. O padrão de uso tem persistido por pelo menos um mês ou tem ocorrido repetidamente dentro de um período de 12 meses; 4. Não satisfaz critérios para qualquer outro transtorno relacionado àmesma substância no mesmo período (exceto intoxicação aguda).
9 Classificação das SPA s Drogas predominantemente psicoestimulantes Cocaína / crack / merla Anfetaminas e análogos (dexanfetamina, metanfetamina, fenmetrazina) MDMA (Ecstasy), MDA, Eve Cafeína Drogas predominantemente depressoras Álcool etílico Hipnóticos / Ansiolíticos (Barbitúricos e Benzodiazepínicos) Analgésicos Opióides (Morfina, Heroína, Codeína, Petidina) Drogas que atuam predominantemente sobre a percepção Canabinóides (maconha, haxixe) Alucinógenos (LSD-25, mescalina, psilocibina, harmina) Nicotina Inalantes (gases, vapores, solventes)
10 Toxicomania (s) Um Outro Olhar... O encontro de um indivíduo com uma substância psicoativa em um dado momento sociocultural (C. Olievenstein) Indivíduo SPA Meio sociocultural
11 TOXICOMANIA... UM EFEITO DE DISCURSO NA CONTEMPORANEIDADE... Resultado do encontro entre o discurso capitalista e o discurso da ciência Imposição ao consumo irrestrito Imposição de uma certa (e desastrosa) obrigação de ser feliz... Promessa de felicidade, solução de problemas de ordem subjetiva através do consumo de SPA legalizadas. A posição discursiva do toxicômano: Eu sou toxicômano (S=P) (S<-P) ao invés de (S->P) O toxicômano estáno Princípio de Identidade. A toxicomania é condição de existência
12 valorizar a implicação do indivíduo no ato de drogar-se, na medida em que resgata a presença desse indivíduo como agente ativo na relação que estabelece com o uso de alguma droga, mesmo que também haja uma variação nessa relação e nessa variação o indivíduo possa estar completamente submetido aos efeitos que uma droga pode lhe causar. Isso inclui a possibilidade de pensar que alguém elege uma ou mais substâncias para consumo e aíse apresenta o individuo como ativo nessa relação, ao passo que esse mesmo indivíduo pode, em outro momento, submeter-se a uma relação de dependência com a droga, que de um modo ou de outro estásempre presente com seu potencial de causar dependência. Nesse sentido, quando algo não vai bem nessa relação, surge a possibilidade do indivíduo solicitar atendimento para tratar de seu problema. Daía importância da oferta de um atendimento que seja capaz de avaliar qual relação estáposta por esse individuo com a droga e quais problemas estão relacionados a esse uso para definição de um encaminhamento.
RESUMO. Palavras-chave: Dependência química; Diagnóstico; CID-10; DMS-IV.
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