ALFABETIZAÇÃO DO ALUNO AUTISTA Desafios do Professor na Escola Regular
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1 SISTEMA DE ENSINO À DISTÂNCIA ALFABETIZAÇÃO DO ALUNO AUTISTA Desafios do Professor na Escola Regular Valessa Nazareth Mattos de Carvalho Oliveira Docente na rede pública de ensino e pós-graduanda em Psicopedagogia Institucional e Clínica Rio de Janeiro 2017
2 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO DESENVOLVIMENTO Etimologia da palavra autista Definição de autismo Primeiros usos da palavra autismo A inclusão do aluno autista na escola regular CONCLUSÃO...8 REFERÊNCIAS...9
3 3 1 INTRODUÇÃO O processo de alfabetização compreende muito mais do que decodificar símbolos e códigos de escrita. É saber interpretar o que se lê, bem como o mundo e os acontecimentos à sua volta. Cada indivíduo tem sua própria maneira de realizar essa aprendizagem. Assim como as crianças típicas, as que se encontram no Transtorno do Espectro Autista (TEA) também apresentam suas formas diferenciadas de aprendizagem e suas próprias respostas ao trabalho pedagógico desenvolvido com elas. O presente trabalho elencará as principais questões sobre a alfabetização de alunos autistas e os desafios encontrados pelos professores das escolas regulares nesse processo.
4 4 2 DESENVOLVIMENTO 2.1. Etimologia da palavra autista A palavra autista vem do grego autos, que significa em si mesmo Definição de autismo O Transtorno do Espectro Autista (TEA), é considerado um Transtorno Global do Desenvolvimento (TGD), causado por alterações em algumas regiões cerebrais. Tem por características mais significativas as dificuldades de comunicação e de interação social, não demonstrando interesse em relações interpessoais; demasiado apego à rotina e estereotipias, como balançar o corpo, girar objetos ou enfileirá-los. Essas alterações, geralmente, aparecem antes dos 3 anos de idade, sendo crianças do sexo masculino a maioria de seus representantes. Autistas apresentam variáveis graus de deficiência intelectual, desde mais brandas (autistas mais funcionais) às mais severas, com grande comprometimento do cognitivo. Outros, em contrapartida, apresentam altas habilidades em suas áreas de interesse, sejam elas artísticas, matemáticas ou de memorização, por exemplo Primeiros usos da palavra autismo Em 1908, o psiquiatra suíço Eugen Bleuler usa o termo autismo pela primeira vez, ao descrever um grupo de sintomas relacionados à esquizofrenia. Dr. Leo Kanner, psiquiatra infantil austríaco, radicado nos EUA, a utilizou no ano de 1943, em sua obra Distúrbios Autísticos do Contato Afetivo, ao descrever um grupo de crianças que apresentavam características que as destacavam das demais: forte resistência a mudanças, dificuldades de comunicação, maneirismos motores estereotipados e incapacidade de se relacionar com pessoas, estando sempre voltadas para si mesmas.
5 5 2.4 A inclusão do aluno autista na escola regular O ingresso, e permanência, de uma criança no espectro autista é garantido por lei, assegurando-lhe o direito à total adaptação do planejamento pedagógico às suas necessidades, como prevê a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), em seu capítulo V: Art. 59. Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação: I- currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específicos, para atender às suas necessidades; (LDB 9394/96, Cap. V, com redação dada pela Lei12.796/13). A escola é um espaço de construção, aprendizagem, autonomia e resolução de problemas, devendo adequar seu projeto pedagógico e seu plano de ensino às necessidades dos alunos que não aprendem da forma padronizada que, geralmente, esses planos apresentam. A escola recebe uma criança com aspectos de socialização comprometidos, dificuldades de seguir regras e de adaptação ao novo ambiente. Esse comportamento, comumente, é confundido com falta de limites, aparentando ser apenas um problema comportamental de origem familiar. Por falta de conhecimento durante sua formação acadêmica, alguns profissionais da educação não conseguem reconhecer e identificar as características de uma criança autista, principalmente os autistas mais funcionais, que apresentam menor grau de comprometimento. É indispensável o professor conhecer as características e dificuldades que abrangem o TEA, pois assim ele será capaz de planejar suas ações, pedagógicas e sociais, agindo com propriedade em relação ao que foi planejado, de modo que a criança, ao aprender, sinta-se acolhida, confortável e não seja alvo de preconceitos, o que pode atrapalhar sua vida escolar. Na realidade educacional brasileira, os cursos de formação de professores, geralmente, não oferecem bases sólidas nos aspectos teóricos e práticos da inclusão escolar dos alunos autistas, sendo assim, poucos professores possuem uma formação básica ou específica em relação ao autismo, o que acarreta falta de compreensão sobre as necessidades particulares e os conhecimentos necessários para ensinar um aluno que esteja no espectro autista. Sendo assim, há
6 6 a necessidade de professores com especialização mais específica dentro desse campo de atuação para que possam, no mínimo, orientar os professores das instituições de ensino a lidar com esse processo de aprendizagem. É importante ressaltar que, para que o processo de ensinoaprendizagem na criança autista seja bem sucedido, é essencial a sua integração social. Estando a criança autista em condições de enfrentar os desafios da convivência em uma escola regular, essa inclusão é completamente benéfica para o educando, sendo interessante essa interação, também, para toda a comunidade escolar. 2.2 Os desafios da alfabetização do aluno autista na escola regular Muitos educadores tendem a acreditar que a alfabetização é um processo que ocorre por volta dos 6 aos 8 anos de idade. Na verdade, seu início se dá, no aluno, ainda quando este é um bebê. Até chegar ao ponto de ser alfabetizada, a criança já traz uma gama de conhecimentos, já possui vocabulário e nome seres e objetos e tem respostas para conceitos que elaborou durante seus primeiros anos de vida, durante suas atividades cotidianas, principalmente durante as brincadeiras. Para ler, é necessário que a criança entenda que grupos de letras se unem para formar palavras, que palavras podem ser transmitidas em forma de sons e que os sons se alternam em determinada ordem que faça sentido. Essas noções, aliadas a saber sequenciar, dentre outros conhecimentos, comporão os prérequisitos de leitura. Para escrever, é preciso, principalmente, ter tônus muscular adequado, consciência corporal, lateralidade e que sua coordenação motora seja satisfatória. Comumente, crianças dentro do espectro autista apresentam comprometimentos nas competências consideradas necessárias para a apropriação da leitura e da escrita. O que é aprendido e desenvolvido naturalmente por uma criança típica, na criança autista há a necessidade de intervenção direta do mediador do seu aprendizado. A alfabetização da criança autista deve ser bem estruturada pelo seu educador. O conteúdo programático deve estar de acordo com as potencialidades
7 7 da criança, de acordo com sua idade (cronológica e mental) e também de acordo com o seu interesse, para que as atividades sejam prazerosas para o aluno, e não uma obrigação que, possivelmente, ele se recusará a fazer. Crianças autistas demonstram aprender melhor vendo do que ouvindo, sendo interessante o uso de muitas imagens durante seu processo de aprendizagem. O ensino da criança no espectro autista deve ser funcional, pois essa é a essência de um trabalho adequado, sendo a persistência um grande aliado deste objetivo. Antes da alfabetização, ou mesmo concomitantemente, é necessário trabalhar seleção, sequência lógica, coordenação motora, ordenação temporal, orientação espacial, consciência corporal tudo da forma mais adequada àquele indivíduo. O maior desafio para o educador de uma criança autista parece ser aliar a teoria à prática, nos momentos conflitantes, principalmente se levado em consideração as diferentes formas de manifestação do autismo e as particularidades de cada criança. Todo o trabalho pedagógico deve ser aliado aos trabalhos de capacitação das potencialidades da criança, aos cuidados pessoais e à socialização daquele indivíduo no grupo em que está inserido.
8 8 3 CONCLUSÃO Atualmente tem-se discutido bastante a inclusão e a permanência de crianças com necessidades educacionais especiais nas escolas regulares, bem como a capacitação dos profissionais docentes, nessas escolas, para lidar com essas necessidades. Não podemos pensar no autismo como uma condição que exija isolamento em escolas especializadas em educação especial. Sabemos que os desafios são grandes, o caminho da aprendizagem do aluno autista é longo e percorrê-lo pode levar mais tempo do que o esperado. Porém, quando se acredita no potencial da criança em aprender, os obstáculos nesse processo tendem a ser mais facilmente superados. Algumas simples práticas diárias de ensino funcional, persistência e tolerância podem fazer a diferença.
9 9 REFERÊNCIAS FRED, Volkmar, HUBNER, Matha e HALPERN, Ricardo. História do Autismo. National Autistic Society Autism Speaks. Disponível em < Acesso em 04 nov NADAL, Paula. O que é o autismo? Revista Nova Escola. Disponível em < Acesso em 04 nov BRASIL, Lei de Diretrizes e Bases da Educação. Disponível em < Acesso em 04 nov BASÍLIO, Ana e MOREIRA, Jéssica. Autismo e escola: os desafios e a necessidade da inclusão. Disponível em < Acesso em 04 nov LAGO, Mara. Autismo na escola: ação e reflexão do professor Dissertação (Mestrado em Educação) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Disponível em: < Acesso em: 04 nov BARBOSA, Amanda Magalhães, ZACARIAS, Jaqueline da Cruz, MEDEIROS, Kesia Natália e NOGUEIRA, Ruth Kesia Silva. O papel do professor frente à inclusão de crianças com autismo Seminário Internacional de Representações Sociais, Subjetividade e Educação SIRSSE Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Curitiba, Disponível em: < Acesso em 04 nov DOS SANTOS, Ana Maria Tarcitano. Autismo: desafio na alfabetização e no convívio escolar. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao CRDA Centro de Referência em Distúrbios de Aprendizagem, São Paulo, Disponível em: < Acesso em 04 nov BRASIL, Alfabetização para pessoas com autismo guia do professor. Secretaria de Educação à Distância. Rede Interativa Virtual de Educação RIVED, Ministério da Educação. Disponível em: < %20PROFESSOR%20OA1%20EDUCACAO%20ESPECIAL.pdf>. Acesso em 05 nov REIS, Fausta Cristina de Pádua. Alfabetização e Autismo. Disponível em: < Acesso em 04 nov. 2017
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