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2 O Grupo AfroReggae é uma organização que luta pela transformação social e, através da cultura e da arte, desperta potencialidades artísticas que elevam a autoestima de jovens das camadas populares. Tem por missão promover a inclusão e a justiça social, utilizando a arte, a cultura afro-brasileira e a educação como ferramentas para a criação de pontes que unam as diferenças e sirvam como alicerces para a sustentabilidade e o exercício da cidadania. O InfoReggae é uma publicação semanal e faz parte dos conteúdos desenvolvidos pela Editora AfroReggae. Sede Rio de Janeiro Rua da Lapa, nº 180 Centro Rio de Janeiro (RJ) InfoReggae - Edição 55 Ensino Universitário 17 de Outubro de 2014 Coordenador Executivo José Júnior Coordenador Geral Adjunto Danilo Costa Gerência de Informação e Monitoramento Thales Santos Assistentes de Pesquisa Nataniel Souza Juliana Paula Mattos Coordenação Editorial Marcelo Reis Garcia Representação São Paulo Rua João Brícola, nº 24 18º andar Centro São Paulo (SP) Contatos facebook.com/afroreggaeoficial twitter.com/afroreggae inforeggae@afroreggae.org É permitida a reprodução dos conteúdos desta publicação desde que citada a fonte. Reproduções para fins comerciais são proibidas. Patrocínio Institucional Parceria Institucional Apoio

3 Apresentação Esta edição do InfoReggae apresenta um panorama geral dos dados sobre o Ensino Superior no Brasil. Estamos longe de ter um Ensino Superior de qualidade e inclusivo no Brasil. Segundo os dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), há 11 milhões de jovens entre 18 e 29 anos sem Ensino Fundamental e 9 milhões sem Ensino Médio, sem mencionar a baixa qualidade do ensino público. Além da evasão escolar, os obstáculos vividos na Educação Básica são tão importantes e estruturais que a chegada ao Ensino Superior se torna restrito a um perfil da população. Nesse sentido, faz-se necessário pensarmos em mecanismos de democratização de acesso ao Ensino Superior, associado aos mecanismos de reforma do Ensino Básico. Esta equação, no entanto, não anda no mesmo compasso, no Brasil. O fortalecimento do FIES (Fundo de Investimento do Ensino Superior) criado em 2000 e do PROUNI (Programa Universidade para Todos), criado em 2004, consolidou o processo de ampliação de vagas e cursos de qualidade no país, como a criação de novas Universidades e Institutos Federais de Ensino. Hoje, podemos afirmar que o Ministério da Educação tem uma sólida política de ampliação e consolidação de novas vagas no Brasil, mas uma universidade não pode se restringir a abertura de vagas ou a construção de prédios. A defesa do Ensino Superior com qualidade deve prever uma universidade para todos e que valorize o Ensino, a pesquisa e a extensão, oferencendo os instrumentos necessários para que os alunos possam concluir seus cursos e, assim, poderem enfrentar as novas exigências de um mercado que se reinventa todos os dias, num cenário global. O Espaço Universitário, no Brasil, deve ser o lugar da construção de novos caminhos para o país. Em 2014, o AfroReggae criou o Programa AfroReggae de Educação (PAE), comprometido em debater, entender e propor caminhos para a Educação no Brasil. Não temos dúvida de que precisamos garantir mais espaço para debater o sistema de educação superior brasileiro. Esse InfoReggae se proprõe a isso. 01

4 Censo do Ensino Superior 2013 Gráfico 1. Quantidade de Matrículas, Ingressos e Concluintes nos Cursos da Educação Superior Matrículas Ingressos Concluintes Fonte: Mec/Inep; OCDE; IBGE Apesar do acesso aos cursos de nível superior ter aumentado, como podemos notar no gráfico 1 (aumento de 83,1%), ainda existem grandes obstáculos a serem enfrentados e superados. Segundo os dados da Pesquisa Nacional de Amostra Domiciliar (PNAD) 2013, existe um contingente de 135 milhões de pessoas acima de 18 anos no Brasil, idade que, consideradas as defasagens, já poderia estar nas salas de aulas universitárias. O que se vê, como mostram os dodos do Gráfico 1, é que pessoas chegam a se matricular nos cursos de Nível Superior e apenas concluem essa etapa dos estudos. Em 2013, as instituições particulares de nível superior receberam mais que o dobro de matrículas do que as instituições públicas, à saber, e , respectivamente. Adicionalmente, vale destacar a questão do gênero nesse cenário. De 2003 a 2010, o número de matrículas entre os homens cresceu 61,5%, ao passo que entre as mulheres cresceu 55,8%. Apesar do número de matrículas entre os homens ter crescido mais neste período, as mulheres ainda continuam sendo a maioria no Ensino Superior. Além disso, elas também são as que mais concluem o nível superior, atingindo o índice de 59,2% dos casos, ao passo que 40,8% dos homens concluem os estudos em nível Superior. 02

5 Gráfico 2. Tipo de curso do Ensino Superior, por categoria administrativa Pública Privada Graduação Sequencia de Formação Superior Pós Graduação Scricto Sensu Observa-se no Gráfico 2, que o o maior contingente que acessa o Ensino Superior em 2013, matriculou-se na graduação presencial, com vantagem para o ensino privado. Segundo o Censo da Educação Superior (INEP), a maioria dos estudantes com deficiência está cursando graduação presencial (23 mil). No entanto, o crescimento das matrículas de alunos com deficiência é notado nos diversos tipos de cursos do Ensino Superior. As matrículas de pessoas com deficiência cresceram cerca de 50% nos últimos três anos: Em 2010, eram 19 mil alunos matriculados; Em 2013, foram registrados 30 mil alunos, o que nos permite destacar os avanços no acesso ao Ensino Superior. 03

6 Gráfico 3: Matrículas Curso de Graduação Presencial por Região Total Pública Privada Brasil Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste Fonte: Mec/Inep; OCDE; IBGE Os três estados brasileiros com o maior número de estudantes matriculados no nível superior são da região sudeste: O estado de São Paulo aparece com matriculados; Minas Gerais com e Rio de Janeiro com matriculados no Ensino Superior. Gráfico 4. Matrículas por estados do Sudeste MG ES RJ SP 04

7 Gráfico 5. Número de Cursos de Graduação por tipo de ensino Bacharelado Licenciatura Tecnológico Bacharelado/ Licenciatura Fonte: Mec/Inep; OCDE; IBGE Como podemos observar no gráfico 5, os cursos tecnológicos de Ensino Superior estão em expansão no Brasil. Nos últimos 10 anos, eles cresceram 444,5%, ou seja, 3 vezes mais que os cursos de bacharelado, tanto presencial quanto à distância. Eles são responsáveis por 13,6% das matrículas nos cursos de nível superior no país, tanto na modalidade presencial quanto à distância, reitero. Os cursos presenciais de bacharelados, apesar de estarem crescendo e oferecerem maior variedade de cursos, atualmente são em todo o país. Na modalidade à distância, eles representam apenas 240 cursos e crescem menos do que o tipo tecnológico. A partir de 2010 foram extintos os cursos de bacharelado/licenciatura, o que justifica o índice zerado a partir de 2010, conforme mostra o gráfico 4. 05

8 Gráfico 6: Número de Docentes em Exercício na Educação Superior por formação Total Sem Graduação Graduação Especialização Mestrado Doutorado Conforme consta no gráfico 6, foram registrados, em 2013, professores atuando no Ensino Superior no Brasil, lecionando para mais de 7,5 milhões de alunos. Vale destacar que um mesmo professor pode atuar em mais de uma instituição de ensino. Nota-se que a grande maioria concluiu o mestrado e o doutorado, e, somados, chegam a 72,7% do total de docentes em atividade no Ensino Superior. A quantidade de professores que atuam na rede pública, com título de doutorado, cresceu 136% nos últimos 10 anos. Já os docentes da rede pública com mestrado, cresceu cerca de 90%. Isso nos mostra que o precesso de profissionalização da profissão está se consolidando no país. 06

9 Um Debate a Ser Feito A Universidade no Brasil é um sonho para muitos estudantes e para a maioria das famílias. A Universidade está longe de ter a qualidade que precisa para cumprir seu papel de pensar, estudar e organizar caminhos para os problemas brasileiros, bem como para formar profissionais antenados com os desafios do mercado. A Universidade no Brasil pouca valoriza a articulação teórica e prática e acaba se dividindo em cursos sem articulação com a realidade ou cursos que não conseguem debater a realidade. A Universidade no Brasil não pode seguir o caminho em que o Ensino não se relaciona com a extensão ou com a pesquisa. De 20 anos pra cá, as vagas em universidades públicas e privadas não pararam de crescer, novas formas de apoiar estudantes como FIES e PROUNI se consolidaram e a lei de cotas raciais e para estudantes carentes virou uma realidade. Mas a Universidade não é e não pode ser entendida como uma Escola de Nível Superior. Uma Universidade deve ser um espaço inovador de formação profissional que garanta saberes, experiências e articulações pedagógicas necessárias para que o aluno possa, de fato, ser um profissional do século 21. Uma Universidade não pode estabelecer um campo ideológico único que amarre os caminhos da formação do aluno. Uma Universidade não deve criar falsos preconceitos sobre o pensamento contemporâneo em nome de uma tradição teórica. Uma Universidade não é um museu do pensamento e sim um laboratório pratico de construções diárias. A Universidade brasileira responde mal ao mundo real, pois prefere ficar aprisionada em conceitos que não fariam mais sentidos nem nos anos 80 do século passado. A Universidade brasileira deve voltar seu foco para sua formação do aluno e valorizar sua vocação e seus desafios diários de formação. Temos que construir uma nova e estratégica agenda para a universidade no Brasil que articule o acesso com a permanência e qualidade. Temos muito a fazer para que a Nova Universidade Brasileira seja real e possível. 07

10 Temos muito a fazer para que os sonhos de jovens e seus familiares de chegarem ao Ensino Superior possam trazer resultados ao final do curso que sejam verdadeiros. Muito mais que um diploma os jovens querem uma carreira e hoje a universidade que temos no Brasil ainda não garante esta verdade aos nossos estudantes. Marcelo Reis Garcia Coordenador Editorial do InfoReggae 08

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