A REFORMA AGRÁRIA COMO INSTRUMENTO DE EFETIVAÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS

Tamanho: px
Começar a partir da página:

Download "A REFORMA AGRÁRIA COMO INSTRUMENTO DE EFETIVAÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS"

Transcrição

1 A REFORMA AGRÁRIA COMO INSTRUMENTO DE EFETIVAÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS Prof. Edson Luiz Zanetti Professor da Faculdade de Educação Administração e Tecnologia de Ibaiti FEATI/UNIESP. Mestre em Direito pela Instituição Toledo de Ensino ITE, Bauru. Paulo Fernando Zanetti Engenheiro Agrônomo pela Faculdade de Agronomia e Engenharia Florestal de Garça- FAEF. INTRODUÇÃO A atividade exercida pelo homem do campo é assunto que merece especial atenção dos governantes do nosso país, para a realização de uma política agrária eficaz conforme os ditames constitucionais e, as previsões legais estabelecidas, garantindo-se o fornecimento de alimentos e outros bens retirados da terra, para o consumo da população, a justa distribuição de terras, empregos no campo. A propriedade da terra é um direito fundamental, deve ser bem planejada e organizada a sua distribuição a fim de garantir vida digna àqueles que dela utilizam como fonte de sustento. A má distribuição de terras no Brasil tem razões históricas. Quando se implantou a adoção do regime das sesmarias implantado em nosso país há quase 500 anos, ficou demonstrado que, embora tenha sido importante para o povoamento das terras brasileiras, foi um dos principais responsáveis pelo processo de latifundização de nosso solo. Enfraquecido pelo autoritarismo político, o Brasil não aderiu aos movimentos sociais que, no século XVIII, democratizaram o acesso à propriedade da terra e mudaram a estrutura fundiária em toda Europa e nos Estados Unidos. (CARDOSO, 1997, p. 17) O Brasil é o quarto maior país do mundo em extensão territorial. Possui quilômetros quadrados, atrás apenas da Rússia, da China e do Canadá. Para se

2 ter uma ideia, tem extensão de terras equivalentes a toda Europa, excetuando-se a área pertencente à Rússia. Somos o país que tem a maior extensão de terra agricultável do mundo (VARELLA, 1998, p. 132). Além disso, reúne condições climáticas e a fertilidade do solo mais favoráveis que de outros países. Com todo o privilégio natural disponível, a estrutura do campo deveria estar melhor preparada para acolher as reivindicações dos trabalhadores rurais. No entanto, vivenciamos o cenário onde a maioria desses não tem um pedaço de terra para plantar, enquanto uma minoria da população é proprietária da maior parte das terras brasileiras. 1 ASPECTOS CONCEITUAIS O instituto da reforma agrária se compõe de um conjunto de medidas cujo objetivo é promover a distribuição de terras para a devida utilização e exploração da propriedade agrária, visando atender aos princípios da justiça social. A ideia central deste instituto é a desapropriação de áreas rurais improdutivas e a consequente transferência da posse e propriedade da terra a trabalhadores rurais que não possuem terras para plantar. A Lei nº 4.504, de 30 de novembro de 1964, no Art. 1º, 1º, cuidou de conceituar a reforma agrária nos seguintes termos: Art. 1º, 1º Considera-se reforma agrária o conjunto de medidas que visem a promover melhor distribuição da terra, mediante modificações no regime de sua posse e uso, a fim de atender aos princípios de justiça social e ao aumento de produtividade. Raphael Augusto de Mendonça Lima em brilhante exposição, ao conceituar reforma agrária, acrescenta o aspecto da eficiência: A reforma agrária é a modificação da estrutura agrária deficiente de um país, ou de uma região, para torná-la eficiente, de acordo com uma política do Poder Público, a ser executada segundo as instituições jurídicas que foram especialmente elaboradas a sua execução, modificando, assim as até então existentes. (LIMA,

3 1997, p. 231) Pinto Ferreira afirma ser [...] a mudança dos traços essenciais e total da atual estrutura agrária em um sistema de distribuição, utilização e exploração da propriedade agrícola, tendente à democratização da propriedade rural. (FERREIRA, 1994, p. 458). Portanto, a melhor distribuição de terras é a base da reforma agrária. Contudo, como explica, Paulo Torminn Borges, [...] não se trata de distribuição de terras pura e simplesmente, mas envolve a ideia de corrigir o que estiver mal feito, atentando aos princípios da justiça social. (BORGES, 1991, p. 22) Concluímos que o conceito de reforma agrária é bastante amplo, não se prendendo apenas ao aspecto da melhor distribuição de terras, mas envolvem outras medidas que atendem o bem-estar social, a produtividade e incentivos ao homem do campo. 2 A RELATIVIZAÇÃO DO DIREITO DE PROPRIEDADE A relativização do direito de propriedade é um dos pilares do modelo de desapropriação que foi se construindo ao longo dos anos, principalmente, para fins de reforma agrária. Durante séculos, a propriedade privada se apresentou como um dos mais importantes direitos conquistados no decorrer da história. Era concebida como direito inviolável. A noção de propriedade como direito ilimitado, se contrapunha ao pensamento de alguns estudiosos desde a Grécia antiga. Aristóteles dizia que a terra teria de cumprir um papel na sociedade. (VARELLA, 1998, p. 202). Na medida em que o bem-estar social foi se transformando no maior valor a ser defendido pelos homens e pelos Estados, o direito de propriedade, aos poucos, foi perdendo o seu caráter absoluto, com muito mais intensidade no século passado (PAULSEN, 1998, p. 132), até se formar o convencimento de que a propriedade deve

4 atender a sua função social. Um dos primeiros estímulos à relativização da inviolabilidade do direito de propriedade e, consequentemente, para a reforma agrária, provém do século XVIII, com a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789, que no Art. 17, fez ressalva à inviolabilidade do direito de propriedade nos seguintes termos: Art. 17: Ninguém poderá ser privado da propriedade, que é um direito inviolável e sagrado, senão quando a necessidade pública, legalmente verificada, evidentemente o exigir e sob condição de justa e prévia indenização. Mais de 100 anos depois, no dia 15 de maio de 1891, o Papa Leão XIII, publicou a encíclica Rerum Novarum. Esse documento reconheceu o caráter natural do direito de propriedade, ressalvando-se, todavia, o cumprimento de sua função social. É a partir desta encíclica que a Igreja começou a destacar a importância da função social da propriedade. (ABINAGEM, 1996, p. 160). A Constituição do México, de 05 de fevereiro de 1917, também contribuiu para o assunto. Previu que as terras e águas compreendidas nos limites territoriais do país, pertenciam à nação mexicana. No seu Art. 27, como observa Olavo Acyr de Lima Rocha, [...] deixou assentado que a nação teria sempre o direito de impor à propriedade privada as modalidades de aproveitamento dos elementos naturais suscetível de apropriação. (ROCHA, 1992, p. 72). É bastante festejada a Constituição de Weimar de 1919, que no seu Art. 153, assegurou que o uso da propriedade constitui um serviço para o bem comum. Neste período ocorreram reformas agrárias em países como: Alemanha, Áustria, Checoslováquia, Estônia, Lugoslávia e Polônia. (ROCHA, 1992, p. 72 ). Enfim, aos poucos foi se concretizando a noção de que o absolutismo não é mais da propriedade em si mesma, mas sim, a sua função social, que constitui o seu perfil constitucional adotado na maioria dos Estados (SILVEIRA, 1998, p. 13). Com efeito, abriram-se as portas para a concretização da reforma agrária nos Estados.

5 3 EVOLUÇÃO JURÍDICA DA REFORMA AGRÁRIA NO BRASIL Importante anotar que são três as modalidades de desapropriação reconhecidas no direito brasileiro: desapropriação por necessidade ou utilidade pública; por interesse social e por interesse social para fins de reforma agrária. Nota-se que desde a Constituição do Império e a Primeira Republicana, a possibilidade de desapropriação da propriedade particular esteve prevista, no entanto, se limitava à modalidade necessidade ou utilidade pública. Na época de vigência dessas Constituições, surgiram alguns movimentos sociais lutando por melhores condições de vida. Marcelo Dias Varella informa que [...] tanto no período colonial quanto após a declaração da independência, é possível observar a ocorrência de diversas rebeliões de caráter nitidamente agrário (VARELLA, 1998, p. 132 ). No entanto, tais movimentos foram logo abafados pelo governo do país. Com a promulgação da Constituição de 1946, no Art. 141, 16, incluiu-se a modalidade de desapropriação por interesse social, mediante prévia e justa indenização em dinheiro. No entanto, essa modalidade de desapropriação somente foi regulamentada a partir da Lei nº 4.132, de 10 de setembro de 1962, quase vinte anos depois. Nas palavras de Ismael Marinho Falcão: Infelizmente, a norma constitucional quanto à desapropriação por interesse social, ficou como letra morta até 1962, quando veio à luz a Lei nº 4.132, de 10 de setembro de 1962, definindo os casos de desapropriação por interesse social. (FALCÃO, 1995, p. 61). A lei acima mencionada tratou de assuntos como: a decretação da desapropriação por interesse social para promover a justa distribuição da propriedade ou condicionar o seu uso ao bem estar social e, a definição para se considerar o interesse social e o prazo para efetivar a aludida desapropriação.

6 Mas, o passo decisivo para a implantação da reforma agrária no Brasil, ocorreu por meio da Emenda Constitucional nº 10, de 10 de novembro de 1964, que acrescentou seis parágrafos ao Art. 147 da Constituição de No parágrafo primeiro, previu-se a desapropriação da propriedade rural mediante pagamento de prévia e justa indenização em títulos especiais da dívida pública, resgatáveis no prazo máximo de 20 anos. Nasceu assim, a modalidade de desapropriação por interesse social para fins de reforma agrária. Nelson Demétrio alvitra que [...] a Emenda Constitucional nº 10 rompeu o dique que opunha formal resistência ao instrumento jurídico para o processamento da reforma agrária brasileira. (DEMÉTRIO, 1988, p. 33) No mesmo sentido, Olavo Acyr de Lima Rocha (1992, p. 72) assevera que: Foi com as modificações de fundo inseridas na Carta Magna de 1946 pela Emenda nº 10, de 10/11/1964, que se tornou possível a efetiva execução em nosso país da reforma agrária com mais de 40 anos de atraso com relação àquelas levadas a efeito na Europa. Nos cofres públicos não havia recursos disponíveis para pagar os proprietários das áreas desapropriadas. Além disso, [...] pagar em dinheiro seria premiar quem não cumprisse sua função social (NASCIMENTO, 1997, p. 170). A indenização em títulos da dívida pública representa um grande marco para a justa divisão de terras. O risco de sofrer uma desapropriação, obrigou os proprietários a tornar suas terras produtivas, cultivando-as de acordo com suas capacidades. Entre outras alterações também implementadas pela Emenda nº 10, se destacam: a competência exclusiva da União para promover a desapropriação agrária, a obrigação de se indenizar em dinheiro as benfeitorias úteis e necessárias constantes na área desapropriada e, a isenção de imposto incidente sobre a transferência da propriedade expropriada. Ato contínuo, o Estatuto da Terra, que entrou em vigência no dia 30 de novembro de 1964, definitivamente, se propôs a resolver a questão. Nas palavras de Nelson

7 Demétrio: [...] desencadeando a permissibilidade da reforma agrária em termos jurídicos, condizentes e adequados às necessidades que inspiram e informam a ordem econômica e social (DEMETRIO,1988, p. 34). Os ideais almejados pela classe dos trabalhadores rurais sem-terra, enfim, se transformariam em realidade. 4 A REFORMA AGRÁRIA NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 Com a promulgação da Constituição Federal de 1988, mais uma vez foi assegurada a hierarquia constitucional à reforma agrária. Além de se estabelecer o poder geral de desapropriação prevista no Art. 5º, inc. XXIV, trata da reforma agrária com especialidade, conforme dispõe o Art. 184: Art. 184: Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até 20 anos, a partir do segundo ano de sua emissão e cuja utilização será definida em lei. Seguindo as disposições anteriores, o constituinte originário estabeleceu a competência privativa da União para desapropriar imóvel rural que não esteja cumprindo a sua função social para o fim de reforma agrária. Importante destacar a opinião de alguns autores, para quem, na disputa travada entre os ruralistas e os sem-terra, na época da feitura da Constituição, os primeiros tiveram vantagem, pois a Constituição teria abordado mais a política agrícola que a reforma agrária. Nesse sentido, cabe mencionar a observação de José Afonso da Silva que assim se expressa: [...] enquanto a esta se opuseram inúmeros obstáculos, àquela tudo ocorre liso e natural, porque aí é a classe dominante no campo. (SILVA, 2003, p. 803). Discussões à parte, em nosso sentir, a Constituição abordou muito bem os dois institutos. É clara a vontade do constituinte em promover a política agrícola e a reforma agrária no Brasil.

8 Para regulamentar o disposto na Constituição Federal, foi promulgada a Lei nº 8.629, de 25 de fevereiro de 1993, Lei da Reforma Agrária, que dispõe do modelo de desapropriação para fins de reforma agrária da propriedade rural que não cumpre com a sua função social Propriedades imunes à reforma agrária Estabelece a Constituição da República que não será objeto de desapropriação a propriedade rural produtiva e a pequena e média propriedade rural, se o proprietário não tiver outra, conforme a dicção do Art. 185, incs. I e II.0 A Lei nº 8.629/93, no Art. 4º, inc. II, considera a pequena propriedade rural, aquela cuja área estiver compreendida entre 01 (um) e 04 (quatro) módulos fiscais. No inciso III, dispõe que média propriedade é a área superior a 04 (quatro), até 15 (quinze) módulos fiscais. Anota-se que além da pequena e média propriedade rural ressalvada, se a propriedade é produtiva e cumpre a sua função social, mesmo que seja de grande extensão, não poderá ser desapropriada. A propósito, o art. 6º da Lei nº 8.629/93, estabelece: Art. 6º: Considera-se propriedade produtiva aquela que, explorada econômica e racionalmente, atinge, simultaneamente, graus de utilização da terra e de eficiência na exploração, segundo índices fixados pelo órgão federal competente. O exame do enunciado acima evidencia, desde logo, que são dois os elementos essenciais para a constatação de uma propriedade rural produtiva: grau de utilização da terra e grau de eficiência na exploração. É de grande relevância a norma estabelecida, pois o Brasil precisa de propriedades produtivas, que gerem renda para o país, além da produção de alimentos, 1 Art. 2º, 1º, da Lei nº 8.629/93: Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social.

9 biocombustíveis e outros produtos levados ao mercado de consumo. Se a propriedade rural, mesmo sendo de grande extensão, atender à função social, à luz de nossa realidade, não deve ser desapropriada. Por fim, cumpre também anotar que além de ser imune à desapropriação para o fim de reforma agrária, a pequena propriedade rural, desde que trabalhada pela família, não será objeto de penhora para pagamento de débitos decorrentes da atividade produtiva, conforme dispõe o Art. 5º, inc. XXVI, da Constituição Federal de 1988, assegurando o princípio da dignidade da pessoa humana. 4.2 Uma melhor organização nos assentamentos de reforma agrária Hodiernamente, é compreensível a noção de que não basta promover a distribuição de terras, mas é fundamental que haja eficiência e organização nos projetos de reforma agrária no país. Necessariamente, os beneficiados devem ser aqueles que não têm terra e querem um pedaço de chão para plantar. Para esclarecer este ponto, citamos o noticiário do Jornal Nacional, 2 do dia 12 de novembro de 2007, que exibiu uma matéria que põe em dúvida a eficácia dos projetos de reforma agrária realizados no Brasil. Foram apontadas ilegalidades ocorridas em assentamentos rurais nas cidades de Uberlândia, Campo Florido e Ibiá, todas, no Estado de Minas Gerais. Constatou-se que áreas desapropriadas para o fim de reforma agrária estão sendo vendidas pelos colonos. No assentamento de Uberlândia, dos 87 lotes, 48 foram vendidos. Em Campo Florido, usineiros teriam demonstrado interesses pelas terras dos assentamentos. Na cidade de Ibiá, os lotes que deveriam atender aos fins da reforma agrária, acabaram virando chácaras. Se analisarmos os diversos assentamentos de reforma agrária, certamente 2 Disponível em: < Acesso em: 13 mar

10 constataremos que esse tipo de ilegalidade não acontece somente em Minas Gerais, mas também, em outros Estados da Federação. No dia 15 de fevereiro de 2013, o Jornal Estado de São Paulo 3 publicou matéria revelando a ousadia em alguns assentamentos, onde se chega a utilizar anúncios em jornais para venda de lotes. É, justamente, para corrigir este tipo de distorção, que se exigem maiores cuidados, não se admitindo a entrega de terras a pessoas que não sabem, ou não querem cultivá-las. Precisamos de reforma agrária, mas que os beneficiários, realmente, sejam os que realmente necessitam e querem trabalhar com a terra. Evidente que existem assentamentos rurais eficientes em nosso país, onde a reforma agrária tenha dado certo. Contudo, é necessário o aperfeiçoamento do sistema, para que a área objeto de reforma agrária seja adequadamente aproveitada pelos colonos. Importante também observar, que a disponibilizarão de recursos financeiros e o acompanhamento técnico a esses trabalhadores, são condições imprescindíveis para que possam se manter na posse terra e viver com dignidade. 5 O LATIFÚNDIO NO BRASIL No ensinamento de Eduardo Bratz, o [...] latifúndio é a nomenclatura atribuída a grandes extensões de terras que são cultivadas de forma precária, deficiente, com tecnologias arcaicas que proporcionam baixa produtividade. (BRATZ, 2007, p. 52). O Estatuto da Terra, no Art. 4º inc. V, alíneas a e b, dispõe que se considera latifúndio o imóvel rural que: 3 Disponível em: < >. Acesso em 25 jul.205.

11 Art. 4º, inc. V [...]. a) exceda a dimensão máxima fixada na forma do Art. 46, 1º, alínea b, desta lei, tendo-se em vista as condições ecológicas, sistemas agrícolas regionais e o fim a que se destine; b) não excedendo o limite referido na alínea anterior, e tendo área igual ou superior à dimensão do módulo de propriedade rural, seja mantido inexplorado em relação às possibilidades físicas, econômicas e sociais do meio, com fins especulativos, ou seja, deficiente ou inadequadamente explorado, de modo a vedar-lhe a inclusão no conceito de empresa rural. Desse modo, o latifúndio pode ser definido em duas modalidades: o de extensão incompatível com o previsto na lei, levando-se em conta as condições ecológicas, sistemas agrícolas regionais e o fim a que se destine e o imóvel rural de área igual ou superior ao módulo rural que seja inexplorado, ou com incorreta utilização. Constata-se que na primeira modalidade, o latifúndio por extensão não se constitui apenas pelo tamanho da área nas mãos do proprietário ou possuidor. A impossibilidade de cultivar grandes áreas é um componente imprescindível para a configuração desta modalidade. Como assevera Cristiane Lisita Passos, [...] latifúndio hoje denota não o tamanho do imóvel, mas a sua inexploração ou exploração ineficiente. (PASSOS, 2004, p. 55). Na segunda modalidade, o possuidor ou proprietário considerando as características e a extensão do imóvel tem condições de explorar a terra e, mesmo assim, não o faz, ou a utiliza de forma inadequada. É importante frisar que o latifúndio é incutido à estrutura econômica do nosso país. Muitos grupos financeiros apesar de atuarem em diversas áreas da atividade econômica, se propõem a adquirir grandes quantidades de terras, e com elas fazem suas especulações e, na maioria das vezes, as mantêm intactas. Não tendo condições para explorar áreas de até 120 km², proprietários permanecem na posse da terra, não vendem, não arrendam e nem produzem. Consequentemente, no ano de 2003, constatou-se que apenas 25% da área territorial

12 brasileira é ocupada para a exploração rural. (VILELA, s.d., p. 199). Em estudo ao assunto aqui abordado, Carlos Frederico Marés, lembra do pensamento de Lucke no século XVI, de que [...] a apropriação está limitada, porém, à possibilidade de uso, dizendo que a ninguém é lícito ter como propriedade mais do que pode usar. (MARÉS, 2003, p. 23). Justiça seja feita. O Brasil não precisa de gente que se apoie em suas terras com o objetivo de especulação ou de aparências, mas sim, de pessoas que trabalhem a terra. Por essa razão, dentro das condições constitucionalmente amparadas, deve o latifúndio ser desapropriado para o fim de reforma agrária. A propriedade privada é elevada à condição de direito fundamental, e sendo esta rural, desde que produtiva, propõe escopo para a consolidação da dignidade da pessoa humana. Encerramos esta parte com o pensamento de Júlio José Chiavenato, para quem [...] nada no Brasil mudará enquanto não eliminarmos a fonte da miséria: o latifúndio.(chiavenato, 1996, p. 06). 6 CONCLUSÕES É notória e complexa a situação dos trabalhadores sem-terra, compreendendose que muitos desses, há décadas, esperam por um pedaço de chão para produzir, quando, na verdade, observamos que a justa distribuição de terras no Brasil ainda está longe de se realizar. Enquanto isso, alguns privilegiados são proprietários da maior parte das terras brasileiras. Pessoas que não pretendem e não querem produzir, utilizam a terra com fins especulativos, na expectativa de que depois de alguns anos o valor comercial da terra nua seja bem superior ao de hoje, no mercado imobiliário. A desapropriação é medida necessária para resolver a questão, que na maioria dos casos, envolve latifúndios improdutivos que desconsideram completamente, a função social da propriedade. Só assim se tornará possível a tão esperada reforma agrária no Brasil, objetivando-se o acesso à terra a quem dela precisa e quer cultivá-la.

13 O estado democrático de direito, a dignidade da pessoa humana não se coaduna com a precária política de reforma agrária no Brasil, é necessário incentivos políticos e econômicos para formar acampamentos rurais e após criar condições dignas para manter esta categoria de trabalhadores no cultivo da terra. Não restam dúvidas que o setor rural precisa de maior atenção por parte do Estado. Como todo cidadão urbano, os moradores e trabalhadores do campo também necessitam de condições de vida digna, principalmente, com a merecida valorização do trabalho que exercem. Por tudo se impõe uma reforma agrária como efetivação dos direitos fundamentais. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABINAGEM, Alfredo. A família no direito agrário. Belo Horizonte: Del Rey, BORGES, Paulo Torminn. Institutos básicos do direito agrário. 11ª ed. São Paulo: Saraiva, BRATZ, Eduardo. Direito agrário. In: GOYOS JÚNIOR, Durval de Noronha (org.). Direito agrário brasileiro e o agronegócio internacional. São Paulo: Observador Legal, CARDOSO, Fernando Henrique. Reforma agrária: compromisso de todos. Brasília: Presidência da República Secretaria de Comunicação Social, DEMETRIO, Nelson. Doutrina e prática do direito agrário. 3ª ed. Campinas: Ago Juris, FALCÃO, Ismael Marinho. Direito agrário brasileiro: doutrina, jurisprudência, legislação e prática. Bauru: Edipro, FERREIRA, Pinto. Comentários à Constituição brasileira. São Paulo: Saraiva, vol. LIMA, Raphael Augusto de Mendonça. Direito agrário. 2ª ed. Rio de Janeiro: Renovar, MARÉS, Carlos Frederico. A função social da terra. Porto Alegre: Sérgio Antonio Fabris Editor, 2003.

14 NASCIMENTO, Tupinambá Miguel Castro da. Comentários à Constituição: ordem econômica e financeira. Porto Alegre: Livraria do Advogado, PASSOS, Cristiane Lisita. A função social do imóvel rural. In: BARROSO, Lucas Abreu; PASSOS, Cristiane Lisita (orgs.). Direito agrário contemporâneo. Belo Horizonte. Del Rey, PAULSEN, Leandro. O direito de propriedade e os limites à desapropriação. In: SILVEIRA, Domingos Sávio Dresch da; XAVIER, Flávio Sant Ana (orgs.). Direito agrário em debate. Porto Alegre: Livraria do Advogado, ROCHA, Olavo Acyr de Lima. A desapropriação no direito agrário. São Paulo: Atlas, SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 23ª ed. São Paulo: Malheiros, SILVEIRA, Domingos Sávio Dresch da. A propriedade agrária e suas funções sociais. In: SILVEIRA, Domingos Sávio Dresch da; XAVIER, Flávio Sant Ana (orgs.). Direito agrário em debate. Porto Alegre: Livraria do Advogado, VARELLA, Marcelo Dias. Introdução ao direito à reforma agrária: o direito face aos novos conflitos sociais. Leme: Editora de Direito, VILELA, Mario Hamilton. Política agrícola, reforma agrária e movimentos sociais. In: Revista da AJURIS Associação dos Juízes do Rio Grande do Sul, vol. 31, nº 94. Porto Alegre: AJURIS, s.d.

15

ANAIS DO III CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO CURSO DE DIREITO

ANAIS DO III CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO CURSO DE DIREITO ANAIS DO III CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO CURSO DE DIREITO FACULDADE DE EDUCAÇÃO, ADMINISTRAÇÃO E TECNOLOGIA DE IBAITI ISSN 2179-1880 Nº 11 Julho - 2015 Esta edição contém produção científica produzida

Leia mais

DIREITO CONSTITUCIONAL

DIREITO CONSTITUCIONAL DIREITO CONSTITUCIONAL Direitos Individuais Direito de propriedade Prof. Alexandre Demidoff Previsão Constitucional: Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se

Leia mais

Programa Analítico de Disciplina DIR478 Direito Agrário

Programa Analítico de Disciplina DIR478 Direito Agrário 0 Programa Analítico de Disciplina DIR78 Direito Agrário Departamento de Direito - Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes Número de créditos: Teóricas Práticas Total Duração em semanas: 1 Carga horária

Leia mais

DIREITO AGROAMBIENTAL: Direito de Propriedade, Função Social da Propriedade Rural e Meio Ambiente

DIREITO AGROAMBIENTAL: Direito de Propriedade, Função Social da Propriedade Rural e Meio Ambiente DIREITO AGROAMBIENTAL: Direito de Propriedade, Função Social da Propriedade Rural e Meio Ambiente Marcelo Feitosa de Paula DIAS (PPGE/FD/UFG) feitosamarcelo@msn.com Rabah BELAIDI (PPGE/FD/UFG) rbelaidi@gmail.com

Leia mais

BRUNA FERNANDES COÊLHO COMENTÁRIOS ACERCA DA DESAPROPRIAÇÃO

BRUNA FERNANDES COÊLHO COMENTÁRIOS ACERCA DA DESAPROPRIAÇÃO BRUNA FERNANDES COÊLHO COMENTÁRIOS ACERCA DA DESAPROPRIAÇÃO RECIFE 2007 COMENTÁRIOS ACERCA DA DESAPROPRIAÇÃO Bruna Fernandes Coêlho * O termo desapropriação está intimamente ligado à palavra propriedade.

Leia mais

DIREITO CONSTITUCIONAL

DIREITO CONSTITUCIONAL DIREITO CONSTITUCIONAL Direitos Individuais Direito à Propriedade Parte 1 Profª. Liz Rodrigues - Art. 5º, XXII, CF/88: é garantido o direito de propriedade. - Art. 5º, XXIII, CF/88: a propriedade atenderá

Leia mais

BuscaLegis.ccj.ufsc.Br

BuscaLegis.ccj.ufsc.Br BuscaLegis.ccj.ufsc.Br A reforma agrária no Brasil Clóvis Antunes Carneiro de Albuquerque Filho* 1. Introdução O Estatuto da Terra (Lei n.º 4.504/1964), que é o Código Agrário brasileiro, examina em muitos

Leia mais

DIREITO CONSTITUCIONAL

DIREITO CONSTITUCIONAL DIREITO CONSTITUCIONAL Direitos Individuais Direito à Propriedade Parte 2 Profª. Liz Rodrigues - Observe os detalhes da desapropriação prevista no art. 185 da CF/88: a. A indenização, neste caso, será

Leia mais

Princípios Constitucionais

Princípios Constitucionais DIREITO AGRÁRIO Princípios Constitucionais Prof. Vilmar A. Silva Princípio da desapropriação para reforma agrária. DA DESAPROPRIAÇÃO PARA FINS Art. 184 DE REFORMA AGRÁRIA Compete à União desapropriar por

Leia mais

Direito Constitucional

Direito Constitucional Direito Constitucional Da Política Agrícola e Fundiária e da Reforma Agrária e Do Sistema Financeiro Nacional Professor: André Vieira www.acasadoconcurseiro.com.br Direito Constitucional CAPÍTULO III

Leia mais

Propriedade. Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Departamento de Direito Civil Professor Doutor Antonio Carlos Morato

Propriedade. Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Departamento de Direito Civil Professor Doutor Antonio Carlos Morato Propriedade Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo Departamento de Direito Civil Professor Doutor Antonio Carlos Morato Propriedade Relevância do Direito de Propriedade e sua inserção nas normas

Leia mais

Direitos fundamentais propriedade. João Miguel da Luz Rivero Fundamento constitucional

Direitos fundamentais propriedade. João Miguel da Luz Rivero Fundamento constitucional Direitos fundamentais propriedade João Miguel da Luz Rivero jmlrivero@gmail.com Fundamento constitucional O regime jurídico da propriedade tem seu fundamento na Constituição. Esta garante o direito de

Leia mais

Unidade 2: Imóvel Rural. Prof. Ma. Luane Lemos. São Luis,

Unidade 2: Imóvel Rural. Prof. Ma. Luane Lemos. São Luis, Unidade 2: Imóvel Rural Imóvel agrário x imóvel rural. Para o Estatuto da Terra: Art. 4º Para os efeitos desta Lei, definem-se: I - "Imóvel Rural", o prédio rústico, de área contínua qualquer que seja

Leia mais

Autorizado pela Portaria nº de 05/12/02 DOU de 06/12/02 Componente Curricular: DIREITO AGRÁRIO E URBANÍSTICO PLANO DE CURSO

Autorizado pela Portaria nº de 05/12/02 DOU de 06/12/02 Componente Curricular: DIREITO AGRÁRIO E URBANÍSTICO PLANO DE CURSO C U R S O D E D I R E I T O Autorizado pela Portaria nº 3.355 de 05/12/02 DOU de 06/12/02 Componente Curricular: DIREITO AGRÁRIO E URBANÍSTICO Código: DIR 469 a Pré-requisito: Período Letivo: 2013.1 Professor:

Leia mais

PARTICIPAÇÃO DO AGRONEGÓCIO NO PIB

PARTICIPAÇÃO DO AGRONEGÓCIO NO PIB AGROPECUÁRIA BRASILEIRA O papel do agronegócio na economia brasileira PARTICIPAÇÃO DO AGRONEGÓCIO NO PIB 38,60% PIB-Agronegócio (2003): R$ 508,27 bilhões 61,40% PIB-Brasil (2003): R$ 1.314 bilhões Fonte:

Leia mais

PRINCÍPIOS DA ORDEM ECONÔMICA

PRINCÍPIOS DA ORDEM ECONÔMICA Página1 Curso/Disciplina: Direito Econômico Aula: Princípios da Ordem Econômica. Professor (a): Luiz Jungstedt Monitor (a): Felipe Ignacio Loyola Nº da aula 04 PRINCÍPIOS DA ORDEM ECONÔMICA CF. Art. 170.

Leia mais

AGRICULTURA BRASILEIRA:EXPANSÃO DA FROTEIRA AGRÍCOLA, CONFLITOS FUNDIÁRIOS E O NOVO RURAL. MÓDULO 14 GEOGRAFIA I

AGRICULTURA BRASILEIRA:EXPANSÃO DA FROTEIRA AGRÍCOLA, CONFLITOS FUNDIÁRIOS E O NOVO RURAL. MÓDULO 14 GEOGRAFIA I AGRICULTURA BRASILEIRA:EXPANSÃO DA FROTEIRA AGRÍCOLA, CONFLITOS FUNDIÁRIOS E O NOVO RURAL. MÓDULO 14 GEOGRAFIA I FRONTEIRA AGRÍCOLA é uma expressão utilizada para designar as áreas de avanços da ocupação

Leia mais

Assentamentos, Territórios Quilombolas e Mineração Gilda Diniz dos Santos Procuradora-Chefe da PFE/Incra

Assentamentos, Territórios Quilombolas e Mineração Gilda Diniz dos Santos Procuradora-Chefe da PFE/Incra ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO PROCURADORIA-GERAL FEDERAL PROCURADORIA FEDERAL ESPECIALIZADA DO INCRA Assentamentos, Territórios Quilombolas e Mineração Gilda Diniz dos Santos Procuradora-Chefe da PFE/Incra

Leia mais

BRASIL: CAMPO E CIDADE

BRASIL: CAMPO E CIDADE BRASIL: CAMPO E CIDADE URBANIZAÇÃO E INDUSTRIALIZAÇÃO Urbanização? DO BRASIL De 1940 a 1970, houve um aumento de 30% para 55% da população vivendo nas cidades. Brasil: rápido processo de urbanização Taxa

Leia mais

Princípios Gerais da Atividade Econômica

Princípios Gerais da Atividade Econômica Princípios Gerais da Atividade Econômica Fundamentos Valorização do trabalho Livre Iniciativa Finalidade Existência digna de acordo com a justiça social Princípios Soberania nacional Propriedade privada,

Leia mais

É o de constituição liberal, também denominada constituição garantia ou defensiva ou clássica. É o modelo que surgiu com as

É o de constituição liberal, também denominada constituição garantia ou defensiva ou clássica. É o modelo que surgiu com as CONSTITUCIONALISMO Sentidos de Constitucionalismo 1º sentido: o termo é usado para designar o movimento político e cultural desenvolvido nos séculos XVII e XVIII na Europa ocidental e na América do Norte

Leia mais

Eloi Ampessan Filho. Eloi Ampessan Filho

Eloi Ampessan Filho. Eloi Ampessan Filho Eloi Ampessan Filho Eloi Ampessan Filho Eloi Ampessan Filho Eloi Ampessan Filho Eloi Ampessan Filho MEIO AMBIENTE x PODER ECONÔMICO x SILVICULTURA ELOI AMPESSAN FILHO Mestrando, Pós-graduado em Processo

Leia mais

A Reforma Agrária brasileira: concepções e controvérsias

A Reforma Agrária brasileira: concepções e controvérsias A Reforma Agrária brasileira: concepções e controvérsias Há 40 anos a reforma agrária estava no centro do debate nacional quando se discutia os rumos do desenvolvimento do país. De um lado a corrente estruturalista,

Leia mais

LEI N , DE 25 DE FEVEREIRO DE 1993

LEI N , DE 25 DE FEVEREIRO DE 1993 LEI N. 8.629, DE 25 DE FEVEREIRO DE 1993 Dispõe sobre a regulamentação dos dispositivos constitucionais relativos à reforma agrária, previstos no Capítulo III, Título VII, da Constituição Federal. O Presidente

Leia mais

Hoje vamos finalizar as intervenções brandas do Estado na propriedade e começar a estudar as drásticas.

Hoje vamos finalizar as intervenções brandas do Estado na propriedade e começar a estudar as drásticas. Turma e Ano: Flex B Matéria / Aula: Administrativo aula 11 Monitora: Luiza Jungstedt Professor: Luíz Oliveira Castro Jungstedt Hoje vamos finalizar as intervenções brandas do Estado na propriedade e começar

Leia mais

DIREITO TRIBUTÁRIO. Tributos Municipais ITBI Parte II. Prof. Marcello Leal. Prof. Marcello Leal

DIREITO TRIBUTÁRIO. Tributos Municipais ITBI Parte II. Prof. Marcello Leal. Prof. Marcello Leal DIREITO TRIBUTÁRIO Tributos Municipais ITBI Parte II Progressividade no ITBI STF, Súmula 656. É inconstitucional a lei que estabelece alíquotas progressivas para o imposto de transmissão inter vivos de

Leia mais

SUMÁRIO. Capítulo 1 - Teoria Geral do Direito Agrário... 17

SUMÁRIO. Capítulo 1 - Teoria Geral do Direito Agrário... 17 SUMÁRIO Introdução... 13 Capítulo 1 - Teoria Geral do Direito Agrário... 17 1. Aspectos históricos do direito agrário no Brasil... 17 1.1. Regime Sesmarial (1500 a 17/07/1822)... 18 1.2. Período Extralegal

Leia mais

A regularização fundiária como forma de efetivação de direitos

A regularização fundiária como forma de efetivação de direitos sociais A regularização fundiária como forma de efetivação de direitos Professor Fabrício Adriano Alves O Estado, na função de implementador de políticas públicas, deve buscar a aplicação dos direitos

Leia mais

Curso/Disciplina: Direito Empresarial Aula: Direito Administrativo Aula 119 Professor(a): Luiz Jungstedt Monitor(a): Analia Freitas. Aula nº 119.

Curso/Disciplina: Direito Empresarial Aula: Direito Administrativo Aula 119 Professor(a): Luiz Jungstedt Monitor(a): Analia Freitas. Aula nº 119. Página1 Curso/Disciplina: Direito Empresarial Aula: Direito Administrativo Aula 119 Professor(a): Luiz Jungstedt Monitor(a): Analia Freitas Aula nº 119. 1. Retrocessão e Tredestinação 1.1. Retrocessão

Leia mais

ESTRUTURA FUNDIÁRIA BRASILEIRA

ESTRUTURA FUNDIÁRIA BRASILEIRA ESTRUTURA FUNDIÁRIA BRASILEIRA Estrutura Fundiária A estrutura fundiária corresponde ao modo como as propriedades rurais estão dispersas pelo território e seus respectivos tamanhos, que facilita a compreensão

Leia mais

Aula nº. 113 INTERVENÇÃO DO ESTADO NA PROPRIEDADE

Aula nº. 113 INTERVENÇÃO DO ESTADO NA PROPRIEDADE Página1 Curso/Disciplina: Direito Administrativo Aula: Intervenção do Estado na Propriedade - 113 Professor(a): Luiz Jungstedt Monitor(a): Sarah Padilha Gonçalves Aula nº. 113 INTERVENÇÃO DO ESTADO NA

Leia mais

5. Direito Agrário na Constituição Brasileira de 1988

5. Direito Agrário na Constituição Brasileira de 1988 5. Direito Agrário na Constituição Brasileira de 1988 A começar pelo preâmbulo, vemos no compromisso dos Constituintes o viés social na proposta da nova República: Nós, representantes do povo brasileiro,

Leia mais

ECONOMIA SETOR PRIMÁRIO NO BRASIL E NO MUNDO

ECONOMIA SETOR PRIMÁRIO NO BRASIL E NO MUNDO ECONOMIA SETOR PRIMÁRIO NO BRASIL E NO MUNDO 1 - O Setor Primário reúne todas as atividades do Meio Rural, ou seja, da agropecuária (agricultura e pecuária) e atividades do extrativismo simples. 2 - O

Leia mais

Aula nº 05 (Ordem Social, Econômica e Financeira)

Aula nº 05 (Ordem Social, Econômica e Financeira) Página1 Curso/Disciplina: Direito Constitucional Objetivo Aula: Ordem Social, Econômica e Financeira Aula 05 Professor(a): Luís Alberto Monitor(a): Ana Cristina Miguel de Aquino Aula nº 05 (Ordem Social,

Leia mais

BRASIL: ESPAÇO AGRÁRIO E PROBLEMAS SÓCIOAMBIENTAIS

BRASIL: ESPAÇO AGRÁRIO E PROBLEMAS SÓCIOAMBIENTAIS BRASIL: ESPAÇO AGRÁRIO E PROBLEMAS SÓCIOAMBIENTAIS AGRICULTURA: HISTÓRICO Os primeiros camponeses (habitantes do campo) foram caçadores e coletores, ou seja, eram somente extrativistas: retiravam os alimentos

Leia mais

DIREITO DO TRABALHO. Prof. Antero Arantes Martins. On line Aula 1

DIREITO DO TRABALHO. Prof. Antero Arantes Martins. On line Aula 1 DIREITO DO TRABALHO Prof. Antero Arantes Martins On line Aula 1 APRESENTAÇÃO Apresentação Pós lato sensu em direito e processo do trabalho. O que é? Porque fazer? O curso do Legale. Como alcançar os resultados

Leia mais

DIREITO DO TRABALHO. Prof. Antero Arantes Martins. On line Aula 1

DIREITO DO TRABALHO. Prof. Antero Arantes Martins. On line Aula 1 DIREITO DO TRABALHO Prof. Antero Arantes Martins On line Aula 1 HISTÓRIA Princípios... são verdades fundantes de um sistema de conhecimento, como tais admitidas, por serem evidentes ou por terem sido comprovadas,

Leia mais

PROGRAMA DE MESTRADO EM DIREITO

PROGRAMA DE MESTRADO EM DIREITO PROGRAMA DE MESTRADO EM DIREITO disciplina: Função socioambiental da propriedade pública e privada docente: Wallace Paiva Martins Junior discente: Renata Sioufi Fagundes dos Santos 2016 TUTELA DO MEIO

Leia mais

Direito Administrativo

Direito Administrativo Direito Administrativo Desapropriação Professora Tatiana Marcello www.acasadoconcurseiro.com.br Direito Administrativo DESAPROPRIAÇÃO Art. 5º, XXII é garantido o direito de propriedade; Art. 5º, XXIII

Leia mais

ASSENTAMENTO MILTON SANTOS (AMERICANA/SP) Prof. Marcos Colégio Sta. Clara

ASSENTAMENTO MILTON SANTOS (AMERICANA/SP) Prof. Marcos Colégio Sta. Clara ASSENTAMENTO MILTON SANTOS (AMERICANA/SP) Prof. Marcos Colégio Sta. Clara Você sabe o que significa assentamento rural? São novas propriedades agrícolas, menores e familiares, criadas pelo governo, para

Leia mais

DIREITO ADMINISTRATIVO

DIREITO ADMINISTRATIVO DIREITO ADMINISTRATIVO Intervenção do Estado na Propriedade Noções Gerais e Desapropriação Parte 6 Prof. Gladstone Felippo Por descumprimento da função social da propriedade urbana Municípios Competência

Leia mais

Direito Agrário. A Questão Agrária no Brasil Fase do descobrimento, regime das sesmarias, leis de terras, até os dias atuais. Prof. Vilmar A.

Direito Agrário. A Questão Agrária no Brasil Fase do descobrimento, regime das sesmarias, leis de terras, até os dias atuais. Prof. Vilmar A. Direito Agrário A Questão Agrária no Brasil Fase do descobrimento, regime das sesmarias, 1 leis de terras, até os dias atuais Prof. Vilmar A. Silva BRASIL DO DESCOBRIMENTO. Brasil ano 1.500: Indígenas

Leia mais

ASPECTOS POLÊMICOS DA APOSENTADORIA RURAL. Bernardo Monteiro Ferraz

ASPECTOS POLÊMICOS DA APOSENTADORIA RURAL. Bernardo Monteiro Ferraz ASPECTOS POLÊMICOS DA APOSENTADORIA RURAL Bernardo Monteiro Ferraz Aposentadoria rural o Por idade: o Idade: redução de cinco anos: 60 (homem) e 55 (mulher) o Carência: 180 meses o Exercício da atividade

Leia mais

GUSTAVO FILIPE BARBOSA GARCIA TERCEIRIZAÇÃO

GUSTAVO FILIPE BARBOSA GARCIA TERCEIRIZAÇÃO GUSTAVO FILIPE BARBOSA GARCIA TERCEIRIZAÇÃO Trabalho temporário Cooperativas de trabalho Conforme a Lei 13.429/2017 2ª edição 2017 CAPÍTULO 1 TERCEIRIZAÇÃO E INTERMEDIAÇÃO DE MÃO DE OBRA 1.1 CONCEITO E

Leia mais

Trabalho de Recuperação de Geografia

Trabalho de Recuperação de Geografia Ensino Fundamental II Valor: 2.0 Nota: Data: / /2018 Professora: Angela Disciplina: Geografia Nome: n o : Ano: 7º 2º bimestre Trabalho de Recuperação de Geografia Orientações: Leia atentamente as questões

Leia mais

Prof. Marcos Colégio Sta. Clara ASSENTAMENTO MILTON SANTOS (AMERICANA/SP, 2014)

Prof. Marcos Colégio Sta. Clara ASSENTAMENTO MILTON SANTOS (AMERICANA/SP, 2014) Prof. Marcos Colégio Sta. Clara ASSENTAMENTO MILTON SANTOS (AMERICANA/SP, 2014) Você sabe o que significa assentamento rural? São novas propriedades agrícolas, menores e familiares, criadas pelo governo,

Leia mais

A TRIBUTAÇÃO DAS COMUNIDADES REMANESCENTES QUILOMB OLAS: UMA ANÁLISE SOBRE A INCIDÊNCIA OU NÃO DO ITR

A TRIBUTAÇÃO DAS COMUNIDADES REMANESCENTES QUILOMB OLAS: UMA ANÁLISE SOBRE A INCIDÊNCIA OU NÃO DO ITR A TRIBUTAÇÃO DAS COMUNIDADES REMANESCENTES QUILOMB OLAS: UMA ANÁLISE SOBRE A INCIDÊNCIA OU NÃO DO ITR João Marcos Franceschi FREDERICO¹ Victor Hugo Andrade CARVALHO² RESUMO: O presente trabalho teve o

Leia mais

PROJETO DE LEI Nº DE DE DE 2015.

PROJETO DE LEI Nº DE DE DE 2015. PROJETO DE LEI Nº DE DE DE 2015. "APLICA A NÃO INCIDÊNCIA DE IMPOSTO SOBRE TRANSMISSÃO CAUSA MORTIS E DOAÇÃO - ITCD AOS IMÓVEIS DE HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL DOADOS PELOS MUNICÍPIOS." A ASSEMBLEIA LEGISLATIVA

Leia mais

PLANO DIRETOR: INSTRUMENTO REGULADOR DE FUNÇÃO SOCIAL 1

PLANO DIRETOR: INSTRUMENTO REGULADOR DE FUNÇÃO SOCIAL 1 PLANO DIRETOR: INSTRUMENTO REGULADOR DE FUNÇÃO SOCIAL 1 Gabriela Almeida Bragato 2, Tainara Kuyven 3, Gabriela Pires Da Silva 4, Tarcisio Dorn De Oliveira 5. 1 Trabalho desenvolvido no Curso de Graduação

Leia mais

CONCURSO PÚBLICO Aplicação: 10/3/2002

CONCURSO PÚBLICO Aplicação: 10/3/2002 CONCURSO PÚBLICO Aplicação: 10/3/2002 CARGO: CONSULTOR LEGISLATIVO ÁREA 9 ECONOMIA AGRICULTURA CADERNO DE PROVA: SEGUNDA ETAPA PARTE II SENADO FEDERAL Concurso Público Aplicação: 10/3/2002 CARGO: CONSULTOR

Leia mais

A questão da reforma agrária. Prof. Lucas Gonzaga

A questão da reforma agrária. Prof. Lucas Gonzaga A questão da reforma agrária Prof. Lucas Gonzaga Experiências de reforma agrária e de regulamentação fundiária no mundo - Todos os países considerados desenvolvidos atualmente enfrentam a questão da distribuição

Leia mais

A REDUÇÃO DA JORNADA DE TRABALHO E SEUS REFLEXOS

A REDUÇÃO DA JORNADA DE TRABALHO E SEUS REFLEXOS A REDUÇÃO DA JORNADA DE TRABALHO E SEUS REFLEXOS SANTOS JÚNIOR, Valdir Garcia dos RESUMO: freqüentemente ouvimos falar em propostas de mudanças na legislação obreira. Hodiernamente está em pauta uma alteração

Leia mais

DESAPROPRIAÇÕES PARA IMPLANTAÇÃO DE FAIXA DE SERVIDÃO COBREAP 2015

DESAPROPRIAÇÕES PARA IMPLANTAÇÃO DE FAIXA DE SERVIDÃO COBREAP 2015 DESAPROPRIAÇÕES PARA IMPLANTAÇÃO DE FAIXA DE SERVIDÃO COBREAP 2015 ETM-CORP/ST/SEPAV - 2015 Jorge Dumaresq Neto Hamilton Leal Cazes DEFINIÇÃO DE DESAPROPRIAÇÃO Direito do Estado que possibilita a transferência

Leia mais

Capítulo 1 Teoria Geral do Direito Agrário...

Capítulo 1 Teoria Geral do Direito Agrário... SUMÁRIO... 1. Aspectos históricos do direito agrário no Brasil... 1.1. Regime Sesmarial (1500 a 17/07/1822)... 1.2 Período Extralegal ou das posses (de 17/07/1822 a 18/09/1850)... 1.3. Período de institucionalização

Leia mais

CONSTITUIÇÃO DOS ESTADOS UNIDOS DO BRASIL (1946) (Parte) (DOU 19/09/1946)

CONSTITUIÇÃO DOS ESTADOS UNIDOS DO BRASIL (1946) (Parte) (DOU 19/09/1946) CONSTITUIÇÃO DOS ESTADOS UNIDOS DO BRASIL (1946) (Parte) (DOU 19/09/1946) Com as emendas introduzidas pela Emenda Constitucional nº 10/1964 (em negrito) Promulgada a 18 de setembro de 1946 Art. 5 Compete

Leia mais

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO IMOBILIÁRIO. Aula Ministrada pelo Prof. Marcelino Fernandes.

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO IMOBILIÁRIO. Aula Ministrada pelo Prof. Marcelino Fernandes. CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO IMOBILIÁRIO. Aula Ministrada pelo Prof. Marcelino Fernandes. 1-) Estatuto da Cidade: É a lei 10.257/ 2010. a) Previsão constitucional da política urbana: Previsão no art.

Leia mais

1ª ATIVIDADE AVALIATIVA: RESOLUÇÃO DE EXERCÍCIOS OBJETIVOS

1ª ATIVIDADE AVALIATIVA: RESOLUÇÃO DE EXERCÍCIOS OBJETIVOS 1ª ATIVIDADE AVALIATIVA: RESOLUÇÃO DE EXERCÍCIOS OBJETIVOS Resolva as questões abaixo, justificando suficientemente a resposta escolhida em folhas apartadas e na ordem em que elas foram apresentadas. 01.

Leia mais

GEOGRAFIA 9 ESTRUTURA FUNDIÁRIA BRASILEIRA

GEOGRAFIA 9 ESTRUTURA FUNDIÁRIA BRASILEIRA GEOGRAFIA 9 ESTRUTURA FUNDIÁRIA BRASILEIRA 9 A ESTRUTURA FUNDIÁRIA BRASILEIRA A estrutura fundiária de um país corresponde à forma de distribuição social das terras, ou seja, ao modelo pelo qual essas

Leia mais

Simulado Aula 01 INSS DIREITO CONSTITUCIONAL. Prof. Cristiano Lopes

Simulado Aula 01 INSS DIREITO CONSTITUCIONAL. Prof. Cristiano Lopes Simulado Aula 01 INSS DIREITO CONSTITUCIONAL Prof. Cristiano Lopes Direito Constitucional 1. A dignidade da pessoa humana é um objetivo fundamental da República Federativa do Brasil. Já a garantia do

Leia mais

IMUNIDADE DE ENTIDADES RELIGIOSAS: ANÁLISE CRÍTICA

IMUNIDADE DE ENTIDADES RELIGIOSAS: ANÁLISE CRÍTICA IMUNIDADE DE ENTIDADES RELIGIOSAS: ANÁLISE CRÍTICA Bruna Oliveira do NASCIMENTO 1 Ana Laura Teixeira Martelli THEODORO 2 RESUMO: Este trabalho teve por objetivo esclarecer, sob ótica crítica, a imunidade

Leia mais

Atividade Agrária no Brasil e no mundo. Prof. Andressa Carla

Atividade Agrária no Brasil e no mundo. Prof. Andressa Carla Atividade Agrária no Brasil e no mundo Prof. Andressa Carla Solo- toda camada da litosfera, formada por rochas onde se desenvolve a vida microbriana. Clima- influencia no tipo de cultivo. O uso de tecnologia

Leia mais

Introdução ao Direito Agrário

Introdução ao Direito Agrário Unidade 1: Introdução ao Direito Agrário 1. Estágios culturais da humanidade (Danserou) - COLETA - CAÇA E PESCA - PASTOREIO - AGRICULTURA - INDUSTRIALIZAÇÃO - URBANIZAÇÃO 2. Textos normativos históricos

Leia mais

1. INTERVENÇÃO DO ESTADO NA PROPRIEDADE. Art. 5ª da CF é considerado cláusula pétrea, assim, propriedade é cláusula pétrea.

1. INTERVENÇÃO DO ESTADO NA PROPRIEDADE. Art. 5ª da CF é considerado cláusula pétrea, assim, propriedade é cláusula pétrea. 1 DIREITO ADMINISTRATIVO PONTO 1: Intervenção do Estado na Propriedade PONTO 2: Servidão Administrativa PONTO 3: Requisição Administrativa PONTO 4: Ocupação Temporária PONTO 5: Limitações Administrativas

Leia mais

SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS REGIONAL JATAÍ PLANO DE ENSINO

SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS REGIONAL JATAÍ PLANO DE ENSINO PLANO DE ENSINO I. IDENTIFICAÇÃO Unidade Acadêmica Especial de Letras, Ciências Humanas e Sociais Aplicadas Regional Jataí Curso: Direito. Disciplina: Direito Agrário. Carga horária semestral: 64 horas/aula.

Leia mais

RELATOR: Senador EDUARDO MATARAZZO SUPLICY

RELATOR: Senador EDUARDO MATARAZZO SUPLICY PARECER Nº, DE 2010 CCJ Da COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO, JUSTIÇA E CIDADANIA, em apreciação terminativa, sobre o Projeto de Lei da Câmara nº 323, de 2009, que cria os Conselhos Federal e Regionais de Zootecnia

Leia mais

Prof. Vilmar A. Silva DIREITO AGRÁRIO. Posse agrária

Prof. Vilmar A. Silva DIREITO AGRÁRIO. Posse agrária 1 Prof. Vilmar A. Silva DIREITO AGRÁRIO Posse agrária Posse CIVIL A posse civil = caráter mais individual e estático, relacionado ao exercício de algum dos poderes inerentes ao domínio (art. 1.196 CC).

Leia mais

3) Acerca da Ordem Econômica e Financeira, conforme disciplinada pela Constituição Federal de 1988, é correto afirmar que

3) Acerca da Ordem Econômica e Financeira, conforme disciplinada pela Constituição Federal de 1988, é correto afirmar que ORDEM ECONÔMICA E FINANCEIRA EXERCÍCIOS 1) Ao disciplinar a atividade econômica do Estado, a Constituição da República prevê que A)empresas públicas e sociedades de economia mista que explorem atividade

Leia mais

A TRIBUTAÇÃO NO SETOR DE SAÚDE COMO ENTRAVE DE EFETIVIDADE DA POLÍTICA DE SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL

A TRIBUTAÇÃO NO SETOR DE SAÚDE COMO ENTRAVE DE EFETIVIDADE DA POLÍTICA DE SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL A TRIBUTAÇÃO NO SETOR DE SAÚDE COMO ENTRAVE DE EFETIVIDADE DA POLÍTICA DE SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL Marcelo José Dassie NORONHA Rodrigo Henrique MONTEIRO Resumo: Neste trabalho, procuramos fazer um paralelo

Leia mais

Da constitucionalidade da internação hospitalar na modalidade diferença de classe

Da constitucionalidade da internação hospitalar na modalidade diferença de classe Da constitucionalidade da internação hospitalar na modalidade diferença de classe Julio Flavio Dornelles de Matos 1, Cristiane Paim 2 A internação hospitalar na modalidade diferença de classe consiste

Leia mais

A POLÍTICA DO FINACIAMENTO DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA 1

A POLÍTICA DO FINACIAMENTO DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA 1 A POLÍTICA DO FINACIAMENTO DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA 1 Fábia Pereira de Medeiros Lira 2 Marecilda Bezerra de Araújo 3 RESUMO O presente trabalho propõe apresentar uma breve discussão acerca da política de

Leia mais

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO IMOBILIÁRIO.

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO IMOBILIÁRIO. CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO IMOBILIÁRIO. Aula Ministrada pelo Prof. Durval Salge Jr. 1-) Modalidades da Propriedade: a) Plena = quando se encontram reunidos na pessoa do proprietário todas as bases

Leia mais

Reserva Legal: Compensação em Unidades de Conservação em São Paulo. Análise da Resolução SMA 165/2018, sob a ótica do setor privado.

Reserva Legal: Compensação em Unidades de Conservação em São Paulo. Análise da Resolução SMA 165/2018, sob a ótica do setor privado. Reserva Legal: Compensação em Unidades de Conservação em São Paulo Análise da Resolução SMA 165/2018, sob a ótica do setor privado. Bueno, Mesquita e Advogados O Bueno, Mesquita e Advogados é um escritório

Leia mais

BuscaLegis.ccj.ufsc.br

BuscaLegis.ccj.ufsc.br BuscaLegis.ccj.ufsc.br Direitos Fundamentais: conceito e evolução Manoela Andrade * Aborda o conceito dos direitos fundamentais e sua evolução analisando as várias dimensões e o reflexo do contexto históorico

Leia mais

PROGRAMA DE DISCIPLINA

PROGRAMA DE DISCIPLINA PROGRAMA DE DISCIPLINA Disciplina: DIREIO AGRÁRIO Código da Disciplina: JUR 233 Curso: DIREITO Semestre de oferta da disciplina:10º Faculdade responsável: DIREITO Programa em vigência a partir de: 2015

Leia mais

ACTIO CIVILIS EX DELICTO E A ABREVIAÇÃO PROCESSUAL PENAL: A LEI N /2008 E A MITIGAÇÃO CONSTITUCIONAL

ACTIO CIVILIS EX DELICTO E A ABREVIAÇÃO PROCESSUAL PENAL: A LEI N /2008 E A MITIGAÇÃO CONSTITUCIONAL UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALI CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E JURÍDICAS CEJURPS CAMPUS ITAJAÍ CURSO DE DIREITO NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA NPJ SETOR DE MONOGRAFIAS ACTIO CIVILIS EX DELICTO E A ABREVIAÇÃO

Leia mais

Revista do Curso de Direito

Revista do Curso de Direito 178 DA HIERARQUIA DAS NORMAS NOS TRATADOS INTERNACIONAIS QUE VERSAM SOBRE DIREITOS HUMANOS: UMA ANÁLISE A PARTIR DA CONVENÇÃO INTERNACIONAL SOBRE OS DIREITOS DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA 1 RODRIGUES, Lucas

Leia mais

Sugestões para apreciação da conversão em lei da Medida Provisória nº 458/2009 1

Sugestões para apreciação da conversão em lei da Medida Provisória nº 458/2009 1 Sugestões para apreciação da conversão em lei da Medida Provisória nº 458/2009 1 Este documento visa contribuir para a discussão sobre a Medida Provisória (MP) nº 458 de 10 de fevereiro de 2009, especificamente

Leia mais

INTRODUÇÃO. EVOLUÇÃO HISTÓRIA.

INTRODUÇÃO. EVOLUÇÃO HISTÓRIA. Prof. Durval Salge Junior TURMA 14 27/02/2018 INTRODUÇÃO. EVOLUÇÃO HISTÓRIA. O Direito imobiliário vem muito antes de Roma, na realidade vem desde Hamurabi no ano 2.067 A.C. (Ex. capítulo VI, já abordava

Leia mais

AVISO PRÉVIO PROPORCIONAL

AVISO PRÉVIO PROPORCIONAL OUTUBRO DE 2011 NOTA TÉCNICA AVISO PRÉVIO PROPORCIONAL A Lei 12.506/11, publicada no Diário Oficial da União do dia 13 de outubro de 2011, amplia o aviso prévio dos atuais 30 dias para até 90 dias. Esta

Leia mais

Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Código da Disciplina: 2641 Vigência: 1 / 2004 Disciplina: DIREITO ADMINISTRATIVO II Código do Curso: 17 Curso: Direito Unidade: NÚCLEO UNIV BH Turno: NOITE Período: 7 Créditos: 4 Carga Horária TOTAL 60

Leia mais

DIREITO ADMINISTRATIVO

DIREITO ADMINISTRATIVO DIREITO ADMINISTRATIVO Intervenção do Estado na Propriedade Parte 5 Prof. Gladstone Felippo Imissão Provisória na Posse A imissão provisória na posse se caracteriza pela transferência da posse do bem,

Leia mais

Aspectos Sócio-Jurídico de Algumas Áreas do Sistema Jurídico Brasileiro

Aspectos Sócio-Jurídico de Algumas Áreas do Sistema Jurídico Brasileiro Aspectos Sócio-Jurídico de Algumas Áreas do Sistema Jurídico Brasileiro 1. Analisar os efeitos sociais produzidos por certos fatos sociais 2. Conhecer a longa e penosa evolução transcorrida até chegarmos

Leia mais

ANÁLISE DA APLICAÇÃO DO INSTRUMENTO ZONAS ESPECIAS DE INTERESSE SOCIAL DO MUNICÍPIO DE POÇOS DE CALDAS

ANÁLISE DA APLICAÇÃO DO INSTRUMENTO ZONAS ESPECIAS DE INTERESSE SOCIAL DO MUNICÍPIO DE POÇOS DE CALDAS ANÁLISE DA APLICAÇÃO DO INSTRUMENTO ZONAS ESPECIAS DE INTERESSE SOCIAL DO MUNICÍPIO DE POÇOS DE CALDAS 424 Felipe Clemente felipeclemente@uol.com.br Pesquisador voluntário de iniciação cientifica Bacharel

Leia mais

TCC DIA 10/07/ SEGUNDA DIA 10/07/ SEGUNDA

TCC DIA 10/07/ SEGUNDA DIA 10/07/ SEGUNDA TCC DIA 10/07/2017 - SEGUNDA DIA 10/07/2017 - SEGUNDA 19:00 HS 19:30 HS : 203 20:55HS ALUNO TEMA ORIENTADOR ALUNO: FERNANDO HENRIQUE APARECIDO VIEIRA DA LEGITIMIDADE DO EMPREGADO PARA PLEITEAR E RECEBER

Leia mais

Sumário. Introdução... 13

Sumário. Introdução... 13 Sumário Introdução... 13 Capítulo 1 Teoria Geral do Direito Agrário... 17 1.1 Aspectos históricos do direito agrário no Brasil... 17 1.1.1 Regime Sesmarial (1500 a 17/07/1822)... 18 1.1.2 Período Extra

Leia mais

O TRATAMENTO JURÍDICO DA LIBERDADE RELIGIOSA Ingrid Fernanda Gomes FABRIS 1

O TRATAMENTO JURÍDICO DA LIBERDADE RELIGIOSA Ingrid Fernanda Gomes FABRIS 1 O TRATAMENTO JURÍDICO DA LIBERDADE RELIGIOSA Ingrid Fernanda Gomes FABRIS 1 RESUMO: O presente trabalho visa a abordagem sobre a liberdade religiosa no Brasil pela Constituição Federal de 1.988, com uma

Leia mais

ITR sobre áreas de mineração. Rodrigo H. Pires

ITR sobre áreas de mineração. Rodrigo H. Pires ITR sobre áreas de mineração Rodrigo H. Pires Introdução 1. PRIMEIRA PARTE: Apuração do ITR 1.1 Elementos básicos do tributo 1.2 Base legal - Lei nº 9.393/1996 e DL nº 57/1966 2. SEGUNDA PARTE: O problema

Leia mais

Prof. Dr. Vander Ferreira de Andrade

Prof. Dr. Vander Ferreira de Andrade Prof. Dr. Vander Ferreira de Andrade PRINCÍPIOS GERAIS DA ATIVIDADE ECONÔMICA Soberania Nacional Propriedade Privada Função Social da Propriedade Livre Concorrência Defesa do Consumidor PRINCÍPIOS GERAIS

Leia mais

4. TEORIA DO PODER CONSTITUINTE. histórico. Originário. revolucionário. reforma. decorrente

4. TEORIA DO PODER CONSTITUINTE. histórico. Originário. revolucionário. reforma. decorrente 4. TEORIA DO PODER CONSTITUINTE I) Esquema geral Originário histórico Poder Constituinte revolucionário II) Conceito Derivado reforma decorrente Emenda (EC) Revisão (ECR) Poder constituinte é o poder de

Leia mais

OAB 1ª Fase Final de Semana. 1. A Constituição de determinado país veiculou os seguintes artigos:

OAB 1ª Fase Final de Semana. 1. A Constituição de determinado país veiculou os seguintes artigos: Professora: Carolinne Brasil Assunto: Teoria Geral Questões: OAB 1ª Fase Final de Semana 1. A Constituição de determinado país veiculou os seguintes artigos: Art. X. As normas desta Constituição poderão

Leia mais

DESAPROPRIAÇÃO PARA FINS DE REFORMA AGRÁRIA E JUROS COMPENSATÓRIOS JOSÉ AUGUSTO DELGADO

DESAPROPRIAÇÃO PARA FINS DE REFORMA AGRÁRIA E JUROS COMPENSATÓRIOS JOSÉ AUGUSTO DELGADO RESENHA DESAPROPRIAÇÃO PARA FINS DE REFORMA AGRÁRIA E JUROS COMPENSATÓRIOS JOSÉ AUGUSTO DELGADO Pretende-se, no presente trabalho, sintetizar a palestra proferida pelo Dr. José Augusto Delgado, eminente

Leia mais

EVOLUÇÃO DAS OCUPAÇÕES DE TERRA NO ESTADO DA PARAÍBA: UMA ANÁLISE A PARTIR DO DATALUTA

EVOLUÇÃO DAS OCUPAÇÕES DE TERRA NO ESTADO DA PARAÍBA: UMA ANÁLISE A PARTIR DO DATALUTA EVOLUÇÃO DAS OCUPAÇÕES DE TERRA NO ESTADO DA PARAÍBA: UMA ANÁLISE A PARTIR DO DATALUTA FERREIRA, Denise de Sousa 1 MOREIRA, Emilia de Rodat Fernandes 2 SILVA, Bruno Ravic da 3 CCEN /Departamento de \Geociências/

Leia mais

INCONSTITUCIONALIDADE DO EXAME DE ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL 1 O EXAME DE ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL 2 AS JUSTIFICATIVAS DA ORDEM DOS ADVOGADOS

INCONSTITUCIONALIDADE DO EXAME DE ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL 1 O EXAME DE ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL 2 AS JUSTIFICATIVAS DA ORDEM DOS ADVOGADOS INCONSTITUCIONALIDADE DO EXAME DE ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL Felipe André Marquezani INTRODUÇÃO 1 O EXAME DE ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL 1.1 Inconstitucionalidade Formal 1.2 Inconstitucionalidade

Leia mais

Ordenamento Jurídico Agrário e as Políticas Públicas Fundiárias

Ordenamento Jurídico Agrário e as Políticas Públicas Fundiárias Câmara dos Deputados Consultoria de Portas Abertas Área VI Direito Agrário e Políticas Fundiárias Ordenamento Jurídico Agrário e as Políticas Públicas Fundiárias Objetivo Apresentar as principais normas

Leia mais

PROJECTO DE LEI N.º 53/XI/1.ª CONSAGRA A CATIVAÇÃO PÚBLICA DAS MAIS-VALIAS URBANÍSTICAS PREVENINDO A CORRUPÇÃO E O ABUSO DO PODER

PROJECTO DE LEI N.º 53/XI/1.ª CONSAGRA A CATIVAÇÃO PÚBLICA DAS MAIS-VALIAS URBANÍSTICAS PREVENINDO A CORRUPÇÃO E O ABUSO DO PODER Grupo Parlamentar PROJECTO DE LEI N.º 53/XI/1.ª CONSAGRA A CATIVAÇÃO PÚBLICA DAS MAIS-VALIAS URBANÍSTICAS PREVENINDO A CORRUPÇÃO E O ABUSO DO PODER Exposição de motivos O presente projecto de lei responde

Leia mais

POR QUE ESTUDAR ECONOMIA NOS CURSOS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS? Apresentação: Pôster

POR QUE ESTUDAR ECONOMIA NOS CURSOS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS? Apresentação: Pôster POR QUE ESTUDAR ECONOMIA NOS CURSOS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS? Apresentação: Pôster Nicole Raquel Pinto Cardoso 1 ; Edil Soares de Oliveira 2 ; Fabrício Khoury Rebello 3 ; Marcos Antônio Souza dos Santos 4

Leia mais

DIREITO AO TRABALHO ASSOCIADO

DIREITO AO TRABALHO ASSOCIADO Leonardo Pinho leo_pinho79@yahoo.com.br DIREITO AO TRABALHO ASSOCIADO E AUTOGERIDO GERAÇÃO DE TRABALHO E RENDA COMO DISPOSITIVO DA SAÚDE INTRODUÇÃO: O Direito ao Trabalho e Renda é parte dos chamados direitos

Leia mais

ORDEM ECONÔMICA E FINANCEIRA EXERCÍCIOS

ORDEM ECONÔMICA E FINANCEIRA EXERCÍCIOS Página1 Curso/Disciplina: Ordem Social, Econômica e Financeira. Aula: 06 Professor (a): Marcelo Tavares Monitor (a): Fabiana Pimenta Aula 06 Normalmente as caem questões objetivas e literais nas provas.

Leia mais

PÓS GRADUAÇÃO DIREITO E PROCESSO TRIBUTÁRIO

PÓS GRADUAÇÃO DIREITO E PROCESSO TRIBUTÁRIO PÓS GRADUAÇÃO DIREITO E PROCESSO TRIBUTÁRIO Impostos municipais iptu MATERIAL ANTECEDENTE ESPACIAL TEMPORAL PESSOAL CONSEQUENTE QUANTITATIVO Toda regra matriz de incidência tributária precisa estar prevista

Leia mais