O ALERTA DE CHEIAS E A AÇÃO DA DEFESA CIVIL 1
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- Stella Macedo Gabeira
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1 Capítulo 5 O ALERTA DE CHEIAS E A AÇÃO DA DEFESA CIVIL 1 Mário Tachini 5.1 INTRODUÇÃO O presente capítulo descreve o serviço de alerta de cheias da bacia do Itajaí e a ação da defesa civil de alguns municípios, associada com este alerta. O alerta de cheias se baseia nos monitoramento meteorológico e hidrometeorológico, respectivamente descritos nos capítulos 2 e 3, e no conhecimento da dinâmica dos processos hidrológicos (modelos hidrológicos apresentados no capítulo 4), o que permite acompanhar e projetar a evolução das ondas de cheias nas áreas sujeitas a inundações. Este serviço de alerta de cheias é a interface entre o monitoramento hidrometeorológico e aquilo que a população quer saber. É, pois, uma importante interface entre o saber técnico e a demanda da sociedade. A informação gerada pelo alerta de cheias tem sua utilidade aumentada à medida que as populações potencialmente atingidas por cheias estiverem aptas a responder a esta informação. A capacitação e a organização para lidar com enchentes cabem aos órgãos de defesa civil e se materializam através do plano de defesa civil, que também é abordado. 5.2 O SERVIÇO DE ALERTA DE CHEIAS O alerta de cheias dos rios da bacia do Itajaí é de responsabilidade do CEOPS, vinculado ao IPA/FURB, e é realizado com base na infra-estrutura de monitoramento hidrometeorológico descrita nos capítulos 2 e 3. Durante a evolução das precipitações atmosféricas, a intensidade e duração em cada estação telemétrica e/ou pluviômetros e os totais precipitados nas várias sub-bacias 1 TACHINI, M. O alerta de cheias e a ação da defesa civil. In: FRANK, B.; PINHEIRO A. Enchentes na bacia do Itajaí: 20 anos de experiências. Blumenau: Edifurb, 2003, p
2 Para efeito de aquisição dos dados são consideradas duas situações operacionais (CEOPS 2002): a) NORMAL (Situação normal) Nesta situação são realizadas 2 leituras diárias (7 e 17 horas) em cada estação telemétrica. A aquisição dos dados em tempo real é realizada através do software Quick Link, sendo realizada uma conferência entre a leitura obtida pelo software e a leitura observada na régua, uma vez por dia, junto à estação de Blumenau. Para as demais estações são realizadas 2 leituras diárias de segunda a segunda-feira, também nos horários das 7 e 17h. Os dados obtidos via fax-modem são aferidos através de contato telefônico com os respectivos observadores. b) ESPECIAL (Situação de atenção, alerta e emergência) Nesta situação, a aquisição dos dados hidrológicos é realizada de hora em hora. Entende-se por período especial, quando o nível observado do rio estiver acima do nível de atenção apresentado na Tabela 5.1, e em elevação e/ou quando tiver ocorrido uma precipitação média de 60 mm na bacia, nas 24 horas anteriores. Com base nestes limites de níveis de água é realizada a previsão do nível do rio (veja, por exemplo, figura 5.1). No caso desse evento, a primeira previsão de nível foi realizada para as 4 horas, 6 horas e 8 horas de antecedência, atingindo valores, entre o previsto (8,40m) e o real (8,48m). A última projeção apontou um nível de 11,47m e o real atingiu 11,02m, com uma antecedência de 8 horas. Atualmente esta previsão é feita somente para os municípios de Blumenau e Gaspar.
3 Centro de Operação do Sistema de Alerta da Bacia Hidrográfica do Rio Itajaí-Açú Nível do rio em Blumenau.../.../... Leitura às...horas: nível...m Previsão para às... horas: nível... m Nível médio mensal: nível... m Previsão do tempo: Para o município de Blumenau: Situação Normal Atenção Alerta Emergência Nível (m) Até 4 4 à 6 6 à 8,5 Acima 8,5 Figura 5.2: Boletim de alerta. Na situação de emergência a equipe de plantão é revezada no máximo a cada 12 horas. Este revezamento é definido pela própria equipe em atividade. A atuação do serviço de alerta para Blumenau, entre os anos de 1985 a 2002, é resumida na Tabela 5.2. Esta tabela apresenta a freqüência de ocorrência de eventos que ultrapassaram o nível de 4,0m, a partir das situações enquadradas de: Atenção, Alerta e de Emergência. Assim, verifica-se que houve 77 eventos que ultrapassaram o nível dos 4,0 m, caracterizando uma média de 4,3 eventos por ano em que a equipe do CEOPS acionou seu plano de alerta e, desses, 21 eventos em que a Defesa Civil de Blumenau foi acionada com a previsão dos níveis acima de 6,0 m. É claro que nos demais eventos, a Defesa Civil também ficava informada das condições hidrometeorológicas e projeções de níveis.
4 a) planejar e promover a defesa permanente contra desastres naturais ou provocados pelo homem; b) atuar na iminência e em situações de desastres; c) prevenir ou minimizar danos, socorrer populações atingidas e assisti-las; d) recuperar áreas deterioradas por desastres. O Conselho Nacional de Defesa Civil CONDEC, órgão vinculado à estrutura do SINDEC, estabeleceu a Política Nacional de Defesa Civil, que classificou as inundações em função da magnitude ou da evolução. Sob o aspecto da magnitude, as inundações são classificadas, conforme COSTA (2001) em: a) inundações excepcionais, b) inundações de grande magnitude, c) inundações normais ou regulares, d) inundações de pequena magnitude. Em função da evolução, as inundações são classificadas em: a) enchentes ou inundações graduais, b) enxurradas ou inundações bruscas, c) alagamentos. d) inundações litorâneas provocadas pela brusca invasão do mar. Para efeito desse Decreto, Defesa Civil é o conjunto de ações preventivas, de socorro, assistenciais e recuperativas destinadas a evitar ou minimizar os desastres, preservar o moral da população e restabelecer a normalidade social. A Defesa Civil do Estado de Santa Catarina foi instituída no ano de Defesa Civil de Blumenau No mesmo ano de 1973, em 20 de dezembro, através da Lei Nº (PMB, 2000) foi implantada no município de Blumenau a COMDEC Comissão Municipal de Defesa Civil. Após a grande enchente de 1983, que durou 31 dias, quando o rio subiu a 15,34m, é que surgiu uma nova experiência de atendimento à população (PMB 2002 p.66). Em 1989
5 a) Fase de Prevenção e Preparação Nesta fase, as atividades são mantidas constantemente ao longo do ano, pois podem ocorrem mudanças administrativas nas direções dos abrigos, já que muitos deles desempenham funções comissionadas. Dentre as atividades, destacam-se: manter o plano atualizado e difundi-lo na comunidade; realizar exercícios de mobilização e treinamento; inspecionar os 34 (trinta e quatro) abrigos existentes e criá-los de acordo com a necessidade (os abrigos são acionados em grupos de cota 8.00 m, 8.50 m, 9.00 m, 9.50 m, m, m e 14 m); manter contato diário com o Centro de Operações CEOPS/FURB, sobre previsão meteorológica e níveis do rio Itajaí-Açu; formar as equipes de coordenação dos abrigos, dando-lhes o devido treinamento; cadastrar entidades e voluntários; fiscalizar, permanentemente, os diques de contenção de cheias; executar a manutenção preventiva dos equipamentos da Defesa Civil; vistoriar os helipontos, priorizando o do Hospital Santa Isabel; realizar campanhas educativas junto à população vulnerável sobre como proceder antes, durante e depois da enchente. b) Fase de Resposta De acordo com os níveis das águas são procurados os coordenadores dos vários núcleos imediatamente após a previsão divulgada pelo CEOPS. Subfase Atenção Atividades: informar o prefeito da situação e sua possível evolução; manter plantão permanente;
6 designar dois colaboradores, um para a área sul e outro para a área norte da cidade, com a missão de vistoriar os Abrigos, verificando sua equipe de comando, condições de funcionamento, apoio à população, necessidades e outros dados operativos, repassando-os ao Centro de Operações da Defesa Civil- CODEC; ao final de cada jornada, fazer o levantamento em cada abrigo sobre o número de flagelados, alimentação disponível, medicamentos necessários e demais necessidades, elaborar o relatório de Avaliação de Danos e enviando-o à Defesa Civil Estadual. c) Fase de Reconstrução Atividades: permanecer em prontidão, desmobilizando-se paulatinamente, à medida que haja retorno à normalidade; apoiar a desmobilização dos Abrigos, orientando suas equipes de comando. recolher a documentação de emergência que foi preenchida nos Abrigos, separando as requisições de alimentos, remédios etc.; encaminhando-as à Secretaria de Finanças, a fim de que seja providenciado o respectivo pagamento; montar processos de auxílio, enviando-os ao órgão competente; montar relatório geral (AVADAN) sobre a calamidade, colhendo os dados conforme as normas estabelecidas pela Defesa Civil Federal; organizar com a SEMAS uma estrutura especial de transporte para o retorno dos flagelados aos seus lares; apoiar a SEMAS na organização e na execução da distribuição dos donativos à população flagelada, os quais devem, a princípio, ser entregues nas residências dos atingidos; recolher dos Abrigos todo o material da Superintendência da Defesa Civil. Antes de guardá-los efetuar a sua manutenção; vistoriar as instalações dos Abrigos mobilizados, mantendo contato com seus responsáveis e verificando seus eventuais danos; propor ao presidente do GRAC a formação de uma Comissão Especial composta por representantes das Secretarias de Obras, de Finanças, de Administração e do
7 comportas abertas/fechadas na Barragem Oeste e a precipitação pluviométrica em toda bacia a montante de Rio do Oeste. Mantem-se especial atenção à ocorrência de chuva forte nos municípios de Salete, Taió, Mirim Doce e Pouso Redondo, todos a jusante da Barragem. Com exceção dos dados coletados junto à Barragem Oeste, os demais ficam prejudicados por falta de uma rede de informações formalmente implantada. A previsão é realizada atualmente, pelo Sr. Gilmar Sofiati, Sub-coordenador de monitoramento e comunicações da COMDEC, a partir de método empírico, desenvolvido com sua própria experiência. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS COSTA, Helder & Teuber TEUBER, Wilfried, (2001). Enchentes no estado do Rio de Janeiro: uma abordagem geral. SEMADS, Rio de Janeiro. IPA/CEOPS (2002), Manual de Operações, Blumenau. Prefeitura Municipal de Blumenau (2002). Plano de enchente, PMB, Blumenau. TERÁN, Albanella L., NEGREDO, José C. de (2000). Monitoramento das enchentes e normas gerais de ação da superintendência de defesa civil do município de Blumenau, Blumenau:PMB.
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