A PEDAGOGIA FREIREANA E A CONSTRUÇÃO DA CIDADANIA NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
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- Ana Sofia Sabrosa Madeira
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1 A PEDAGOGIA FREIREANA E A CONSTRUÇÃO DA CIDADANIA NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS Avanay Samara do N. Santos. Pedagogia - UEPB-CAMPUS III avanaysamara@yahoo.com.br Lidivânia de Lima Macena. Pedagogia - UEPB-CAMPUS III lidigba@yahoo.com.br Lucimar Victor da Silva. Pedagogia - UEPB-CAMPUS III lucimarvictor2008@hotmail.com "Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela, tampouco, a sociedade muda." Resumo (Paulo Freire) Este artigo tem como objetivo apresentar a visão de Freire na construção do cidadão mediante a sua proposta para a Educação de Jovens e Adultos. A metodologia utilizada para escrever este artigo foi à consulta bibliográfica das obras Pedagogia do Oprimido, Pedagogia da autonomia e Educação como Prática da Liberdade entre outros. Estas publicações foram utilizadas para subsidiar a questão maior deste trabalho, vista que o aluno é um cidadão e para tanto vamos abordar a visão de freire neste sentido. O resultado desta pesquisa constatou que a proposta desenvolvida por Freire tem como culminância o desenvolvimento do cidadão em sua plenitude. Palavras chave: Pedagogia. Freireana. Cidadania. EJA Introdução O presente trabalho oferece uma reflexão a respeito da proposta de Freire e a edificação do cidadão sua inserção na sociedade e na Educação de jovens e Adultos. Vistas que os jovens e os adultos, por muitas vezes só são reconhecidos como cidadão nos anos eleitorais e quando tem que contribuir com os impostos e ter os trabalhos mais sacrificantes ofertados em nosso país. Por acreditar que a educação conscientizadora pode transformar esta realidade é que tomamos como prática as reflexões apresentadas por Paulo Freire em seus escritos. Os procedimentos metodológicos para a realização deste artigo foi uma consulta bibliográfica e as reflexões realizadas nas aulas de Metodologia no Ensino da Educação de Jovens e Adultos, ministradas pelo docente Antonio Pereira. No entanto esta pesquisa visa contribuir para os educadores perceberem a relevância de uma educação crítica, problematizadora e libertadora na EJA (Educação de Jovens e Adultos). A Pedagogia proposta por Paulo Freire tem como ponto de partida o pressuposto de uma Educação problematizadora, que envolve o processo de dialogicidade, a escuta e a socialização entre educadores e educandos de tal modo que, um inexiste sem o outro, porque nesta prática há uma troca de saberes.
2 A dialogicidade, essência da Educação, refere-se ao diálogo ocorrido entre os sujeitos do conhecimento que por meio da palavra compõem a práxis pedagógica, constituída pela dimensão da ação e da reflexão. Paulo Freire afirma que o diálogo crítico é o principio da libertação do sujeito. O diálogo crítico e libertador, por isso mesmo que supõe a ação, tem de ser feito com os oprimidos, qualquer que seja o grau em que esteja a luta por sua libertação. (FREIRE, 2005, p. 59). 1. A concepção Bancária A concepção de uma educação centralizada no professor, tendo o aluno apenas como um individuo vazio, sem conhecimento e que na escola ele se preencheria dos saberes. Segundo Freire (2005) na educação bancária os professores eram os detentores do saber e na sala de aula ocorria uma doação dos que se julgam sábios aos que julgam nada saber. Nesta mesma visão Freire ainda nos afirma, Na concepção bancária que estamos criticando, para a qual a educação é o ato de depositar, de transferir, de transmitir valores e conhecimentos, não se verifica nem pode verificar-se esta superação. Pelo contrário, refletindo a sociedade opressora, sendo dimensão da cultura do silêncio a educação bancária mantém e estimula a contradição. (FREIRE, 2005, p. 67). O educador bancário faz dos seus alunos apenas seres desprovidos do conhecimento, e em sua aula apenas ele sabe transmitir o conteúdo estudo, o aluno não pode pensar em fazer perguntas, a cultura do silêncio, é algo muito forte do educador bancário. Freire (1985) a impressão que tenho é a de que, em última análise, o educador autoritário tem mais medo da resposta do que da pergunta. Teme a pergunta pela resposta que deve dar. A cultura da repressão de não expressar as opiniões, foi uma herança que se foi cultivada por muito tempo nas escolas. Os alunos eram ensinados a calar a silenciar há não fazer perguntas, não questionar, não se podia perguntar. Neste sentido fica reproduzindo pessoas oprimidas dentro da comunidade escolar um ambiente em que deveria ser de libertação e não de opressão e autoritarismo. Ainda neste sentido o educador Paulo Freire nos apresenta uma reflexão importante. O que se pretende autoritariamente com o silêncio imposto, em nome da ordem, é exatamente afogar nela a indagação. Tu tens razão; um dos pontos de partida para a formação de um educador ou de uma educadora, numa perspectiva libertadora, democrática, seria essa coisa aparentemente tão simples: o que é perguntar? (FREIRE, 1985, p. 47). O educador que tenta em sua prática de sala de aula vivenciar a Proposta Freireana, desenvolve nos seus educandos o gosto pela pergunta e juntos problematizam e fazem acontecer à práxis pedagógica. Em verdade, não seria possível à educação problematizadora, sem um educador que tivesse a coragem de romper com a ideologia de uma educação bancária, na qual realizar-se como prática da liberdade e não lhe seria possível fazê-lo fora do diálogo (FREIRE, 2005, p.78).
3 2. A dialogicidade na perspectiva de Freire No diálogo está a verdadeira profundidade da prática da liberdade, defendida por Freire. Para o educador-bancário, na sua antidialogicidade, a pergunta, obviamente, não é a propósito do conteúdo do diálogo, que para ele não existe, mas a respeito do programa sobre o qual dissertará a seus alunos (FREIRE, 2005, p. 96). Para o educador dialógico a pergunta é o principio de uma comunicação aberta e horizontal entre o educador e o educando ambos aprendem juntos, discutem e problematizam as questões até chegarem a um consenso da resposta. A experiência da abertura para o diálogo faz da sala de aula um ambiente humanizador, mas podendo se estender ate a comunidade familiar à experiência vivenciada em sala de aula começa a refletir sucessivamente em todos os ambientes que o educando faz parte. Neste processo incandescente é o que chamamos de prática da liberdade. Segundo Freire (2005, p. 96) Daí que, para esta concepção como prática da liberdade, a sua dialogicidade comece, não quando o educador-educando se encontra com os educandoeducadores em uma situação pedagógica, mas antes, quando aquele se pergunta em torno do vai dialogar com estes. Esta inquietação em torno do conteúdo do diálogo é a inquietação em torno do conteúdo programático da educação. O conteúdo programático e o diálogo culminam com a práxis pedagógica que evolui para uma educação autêntica, problematizadora e libertadora dos sujeitos em todos os ambientes que eles estão inseridos, desta forma ocorrendo verdadeiramente uma educação transformadora. 3. O ato conscientizador A educação que desperte no educando a consciencia crítica da realidade política, economica e social em que se está inserido é verdadeiramente uma Educação como Prática da Liberdade, tão defendita por Paulo Freire. A consciencia crítica é representação das coisas e dos fatos como se dão na existência empírica (FREIRE, 2009, p. 113). Muitas vezes os educandos jovens e adultos sabem o que acontece erros no sistema da sociedade, o seu conhecimento popular, mas não sabe como se proceder diante de tão situação. Haja visto que a educação tem como principio da concientação crítico, seria de grande relevancio o educador aportar tematicas que envolvam diretamente a nossa realidade política e socioecomomica. O educador conscientizador propõe estas situações como afirma Freire. A progrmação desses debates nos era oferecida pelos próprios grupos, através de entrevistas que mantinhamos com eles e de que resultava a enumeraçaõ de problemas que gostariam de debater. Nacionalismo, Remessa de lucros para o estrangeiro, Evolução política do Brasil, Desenvolvimento, Analfabetismo, Voto do Analfabeto, Democracia, eram, entre outros, temas que se repetiam, de grupo a grupo (FREIRE, 2009, p. 111). Estas tematicas abordadas com seriedade e com o objetivo de desenvolver a consciência critica libertadora dos educandos é o método apresentado pelo educador Paulo Freire em que através do diálogo seria possivel fazer uma analise a respeito da nossa realidade
4 brasileira e através desta descoberta poder transformá-la. Pensavamos numa alfabetização que fosse em si um ato de criação, capaz de desencadear outros atos criadores (FREIRE, 2009, p. 112). 4. A Educação Popular na visão Freireana Paulo Freire colabora significativamente com a educação, em especial a de jovens e adultos apresentando uma nova proposta de alfabetização com a valorização da cultura e do individuo como sujeito único e co-participante de um processo de construção de conhecimento. Cada pessoa é e pode desempenhar um papel importante na elaboração de uma sociedade democrática. Freire deixa um legado para todo educador com atitudes e consciência de uma pedagogia popular no qual desvela a consciência política do ato educativo, apresentando uma educação para a transformação social e acreditando na relevância que a ação pedagógica traz para a emancipação do ser. No pensamento Freiriano o educando ao fazer uma leitura crítica de sua realidade, o tornar capaz de perceber os seus direitos e deveres conquistados, de se torna autonomo, ou seja, se libertando da condição de oprimido. É um processo gradativo. Mas passando deste estágio o sujeito é capaz de modificar sua experiência históricas e existenciais que são desvalorizadas na vida cotidiana pela cultura dominante. Com a educação proposta por Freire o educando se torna capaz de problematizar, criticar e emancipar a sua realidade nos âmbitos sociais, políticos e econômicos. Neste sentido, Freire (2005, p. 42), dialoga a respeito do verdadeiro conhecimento que leva a inserção crítica. Por isto, inserção crítica e ação já são a mesma coisa. Por isso também é que o mero reconhecimento de uma realidade que não leve a esta inserção crítica (ação já) não conduz a nenhuma transformação da realidade objetiva, precisamente porque não é reconhecimento verdadeiro. Mediante o contexto, ele nos mostra a relevância e a necessidade que todo sujeito tem da reflexão e ação a partir das nossas próprias práticas, só no momento em que nos reconhecemos em nossas atitudes como um opressor, oprimido, hospedeiro do opressor ou até mesmo subopressores, podemos assumir uma postura e tentar se libertar desta condição. Diante disso a educação pode ser considerada um ato emancipatório e de libertação do ser humano. Segundo Freire, (2005, p.42) a práxis, porém, é reflexão e ação dos homens sobre o mundo para transformá-lo. Sem ela, é impossível a superação da contradição opressoroprimidos. A educação possibilita aos alunos se tornarem construtores do processo de conhecimentos e a partir de então transformadores de uma sociedade melhor para todos. No processo de alfabetização, de acordo com Paulo Freire a leitura do mundo precede a leitura da palavra. Deste modo, os educandos necessitam compreender a realidade em que vivem, dialogando, refletindo a respeito de si mesmo e tudo que o cerca. O educador com vinculo na educação popular inicia seu trabalho a partir de uma roda de conversa, discutindo, falando de forma que os alfabetizandos de uma maneira crítica e emancipadora percebam e possam transformar a seu contexto sócio-cultural. A partir deste processo o aluno será capaz de fazer uma releitura de sua vivencia e reconstruir por meio da linguagem, sistematizando o seu saber, ou seja, transformando o seu conhecimento, através da experiência de vida em produção textual.
5 O ato de ler e escrever não podem ser processos mecânicos, ou como a educação bancaria tão discutida por Freire (2005) em sua obra Pedagogia do Oprimido. Devem ser construídos com metodologias criativas que respeitem a realidade do educando e aos poucos vai desvelando a sua percepção econômica, social, cultural e política, como sujeitos participantes e atuantes neste contexto que, para tanto é preciso integrar leitura da palavra mundo. É neste sentido que a leitura crítica da realidade, dando-se num processo de alfabetização ou não e associada sobretudo a certas práticas claramente políticas de mobilização e de organização, pode constituir-se num instrumento para o que Gramsci chamaria de ação contra-hegêmonica. (FREIRE, 2001, p.21). No pensar a alfabetização como uma ação política e cultural é fazer um olhar Freiriano, com a sua proposta riquíssima para se trabalhar com o jovem e o adulto. No processo alfabetizador é possível analisar como se constrói uma relação horizontal entre o educador e o educando, compreendendo que o conhecimento ocorre no momento em que se edifica uma relação de respeito e diálogo culminando com a humanização do ser. O diálogo, como prática essencial para o ato de ensinar, possibilita uma abertura para o conhecimento crítico do educando, sendo assim, a prática através do diálogo tende-se a desenvolver uma troca de saberes instigando no aluno uma busca continua de aprendizagens. A educação problematizadora e conscientizadora não é possível fazê-la fora do diálogo. No entanto, não se consegue construir um diálogo sozinho, assim seria um monologo e resulta em uma educação bancária que o aluno apenas escuta e nele é depositado o conhecimento. Neste sentido, Freire diz (2005) a alfabetização não pode ser feita de cima para baixo, como uma dádiva ou uma imposição, mas de dentro para fora, pelo próprio educando e apenas com a colaboração do educador. Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens educam-se entre si, mediatizados pelo mundo. (FREIRE, p. 78.) Nessa visão a construção da relação educador/educando se consolidarisa quando no processo ensino-aprendizagem o educador supera o intelectualismo alienado e o autoritarismo bancário, resultando em humanização e libertação para poder o educando se sentir parte da elaboração do conhecimento, e assim se sentir parte desde mundo letrada de forma crítica e emancipatória. 5. Considerações finais A construção do ser humano com uma consciencia crítica de sua realidade é um processo que acontece mediado com uma educação dialogica e que respeita a realidade do educando. Neste processo educativo o educador humanizador é muito importante para poder acontecer uma pedagogia comunicativa. A proposta de Freire (2006), para uma educação concientizadora e crítica tem como ponto de partida o amor ao que se faz, para tanto é necessário que o educador, tenha afeição ao ato de ensina, logo que quem ensina também aprende e neste processo ocorre uma troca mútua de aprendizagens. Segundo o dicionário Houaiss, o cidadão é aquele indivíduo que, como membro de um Estado, usufrui de direitos civis e políticos garantidos pelo mesmo Estado e desempenha os deveres que, nesta condição, lhe são atribuídos, ou seja, aquele que goza de direitos constitucionais e respeita as liberdades democráticas. Para tanto acretido que a proposta desenvolvida por Freire tem como culminancia o desenvolvimento do cidadão em sua plenitude.
6 6. Referências FREIRE, Paulo e FAUNEZ, Antônio. Por uma pedagogia da pergunta. 2 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa 33.ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996., Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005., Paulo. Educação como prática da liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2009.
Quando começou a pensar na alfabetização, em 1962, Paulo Freire trazia mais de 15 anos de
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