AS MIGRAÇÕES EM CIDADE PEQUENA: O CASO DA MIGRAÇÃO PENDULAR NO MUNICÍPIO DE PIRAPOZINHO SP
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- Camila Padilha Fernandes
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1 AS MIGRAÇÕES EM CIDADE PEQUENA: O CASO DA MIGRAÇÃO PENDULAR NO MUNICÍPIO DE PIRAPOZINHO SP Marleide de Jesus da Silva Aristides geo23mw@yahoo.com.br Aluna do Curso de Licenciatura em Geografia FCT/Universidade Estadual Paulista (UNESP) Campus de Presidente Prudente Apoio financeiro: BAAE I Orientadora: Profª Dra.Rosangela Ap. de Medeiros Hespanhol. Docente dos cursos de graduação e pós-graduação da FCT UNESP. Introdução As migrações são decorrentes do processo de desenvolvimento capitalista presente na história da humanidade. As pessoas que migram de um lugar para outro vão em busca de elementos que não são encontrados pelas mesmas no seu lugar de origem. A importância de se estudar as migrações está em descobrir o que leva uma pessoa a sair do seu lugar de origem e passar a residir em outro completamente diferente, analisar a realidade do lugar em que essa pessoa se encontrava e entender os motivos que levam a sua expulsão. A migração campo-cidade e a migração cidade-cidade no Brasil são dois tipos de deslocamento populacional que tiveram grande destaque principalmente a partir de 1960 e que são objetos de estudo do presente trabalho. MIGRAÇÃO: DEFINIÇÕES O termo migração pode ser definido como o deslocamento de pessoas num determinado espaço e por um determinado período de tempo. O migrante deixa sua área de origem e/ou de moradia e destina-se a outra a fim de obter melhores condições de vida. Esse deslocamento pode ser explicado pelas precárias condições econômicas, falta de perspectivas, trabalho pesado e, por fim, pela necessidade de capital para ascender socialmente. Para Durhan (1973, p. 136) a migração não é apenas um deslocamento geográfico, mas também, e primordialmente, uma movimentação no universo social. A autora observa ainda que: A migração consiste em abandonar um conjunto de relações pessoais permanentes que passam a ser esporádicas e integrar-se num outro conjunto de relações, que eram esporádicas e passam a ser permanentes. Uma família que muda não vai apenas morar em outro lugar vai morar com outras pessoas. Desse modo, a movimentação é definida freqüentemente antes pela alteração nas relações sociais que
2 pela modificação do lugar de residência. (DURHAN, 1973, p. 137). A migração se intensifica com o sistema capitalista de produção, que acumula o capital em algumas áreas e marginaliza outras, o que faz com que as pessoas que moram nas áreas marginalizadas pelo capital se desloquem em direção aos grandes centros urbanos e/ou para as cidades de médio porte, constituindo-se em pólos de atração de pessoas que buscam a ascensão econômica e social. PENSANDO A DINÂMICA MIGRATÓRIA NO ESTADO DE SÃO PAULO A partir de 1970 houve uma desconcentração espacial da indústria para o interior (num raio de 150 a 200 km da capital) do Estado de São Paulo, resultado da ação dos governos estadual e federal que trouxe muitos benefícios para o interior, como: a instalação de indústrias petroquímicas, de institutos de pesquisa e universidades, de indústrias bélicas e a construção de modernas rodovias. Acompanhando esses benefícios houve também o aumento dos problemas ambientais e sociais nessas áreas e a concentração cada vez mais acentuada de população. O setor terciário (bens e serviços) cresceu simultaneamente a esse processo. O capital, que antes era localizado em São Paulo, agora toma novos rumos. Algumas cidades do interior paulista começam a se destacar e crescer em razão de tal desconcentração. A antiga economia cafeeira e a localização geográfica privilegiada de São Paulo foram alguns dos condicionantes para o fortalecimento da área polarizadora paulista. Assim, a região Sudeste sempre se destacou na questão demográfica em relação às demais regiões do país, em particular o Estado de São Paulo. Para Pacheco & Patarra (1997, p. 34) a capital paulista: (...) era a expressão acabada da natureza predominantemente mercantil-financeira da acumulação cafeeira: a dimensão urbana do complexo exportador paulista acabaria por resultar em uma estrutura social diferenciada, sem paralelo então com a realidade social das demais regiões do país. Em 1980 assistiu-se um novo redirecionamento populacional, do rural-urbano predominante nos anos 1960 e 1970 ao do tipo cidade-cidade. Os migrantes, sem oportunidades de emprego na capital, se deslocavam para as cidades do interior,
3 conhecidas como cidades médias, como: Campinas, São José dos Campos, Sorocaba, São José do Rio Preto, em busca de melhores condições de vida. Junto à migração populacional está a migração de várias empresas para as cidades médias, pois fugiam dos altos custos da aglomeração na Região Metropolitana. Assim, as cidades médias foram ganhando notoriedade, crescendo e se desenvolvendo. Mas, a capital também não deixou de crescer. Embora saturada pelo caos urbano e concentração populacional, que gerava miséria, desemprego, fome e problemas ambientais, esta crescia sem precedentes. PIRAPOZINHO NO CONTEXTO MIGRATÓRIO Desde a sua colonização, o município de Pirapozinho foi receptor de migrantes, em particular nordestinos e mineiros. Estes foram se instalando em áreas rurais, já que a área ainda não tinha sido povoada e provia de ótimas condições para o cultivo de produtos agrícolas que estavam em alta, como o amendoim e o café, formando famílias e fazendo crescer o município. A partir de 1970 a população urbana excede a rural. O campo vai se esvaziando, perdendo poder, e a cidade ganha seu espaço e sua importância. As indústrias que chegam à cidade nessa época (Braswey S/A 1995 e Danisco LTDA 1983) encontram uma grande quantidade de mão-de-obra que migrou do campo em razão das precárias condições de permanência no campo, fazendo com que a vida desses trabalhadores mudasse radicalmente, tanto do ponto de vista social, econômico e cultural. A Tabela 1 revela o número de população rural e urbana do município de Pirapozinho entre 1950 e Podemos perceber que há um decréscimo abrupto da população rural entre 1960 e 1970 devido à crise da agricultura e ao êxodo rural, mantendo essa queda nas décadas seguintes. Por outro lado, a população urbana cresce e excede a rural; em 1970, apresentando um percentual de 55,5% nesse ano, 79,9% em 1980 e 90,7% em Em 2009 esse percentual chega a 95,3%. Tabela 1: População do Município de Pirapozinho SP, ANO Pop. Total Pop. Urbana Pop Rural Grau de Urbanização 10,3 27,3 55,5 79,9 90,7 93,72 95,38
4 (%) Fonte: FUNDAÇÃO SEADE (Censos Demográficos do IBGE de 1950, 1960, 1970, 1980, 1990, 2000 e 2009*) *Os dados de 2009 representam projeções em relação ao Censo Demográfico de A MIGRAÇÃO PENDULAR NO MUNICÍPIO DE PIRAPOZINHO A migração pendular é o tipo de migração mais vista no município de Pirapozinho. Como o município é de pequeno porte e Presidente Prudente é um município polarizador da região, muitas pessoas se deslocam diariamente para essa cidade, a fim de buscar serviços que atendam seus interesses, já que em Pirapozinho estes não têm expressividade ou são inexistentes. Esse tipo de migração é definido por Reis & Ribeiro (2002, p. 08) como: (...) deslocamentos populacionais diários ou freqüentes para um município próximo, retornando ao final do dia para o local de residência. Há os que trabalham em cidades vizinhas e que retornam ao final do dia, aqueles que trabalham nas usinas de cana-de-açúcar das cidades do entorno, e também retornam para casa quando termina o dia. Embora isso aconteça, o número de pessoas que viaja à Presidente Prudente todos os dias chega a 3.000, segundo a Empresa de Transportes Jandaia. Essa é a única empresa que transporta os passageiros de Pirapozinho a Presidente Prudente. Para se apreender as particularidades da migração pendular em Pirapozinho foi realizada uma entrevista com 20 passageiros que freqüentaram o Terminal Rodoviário de Presidente Prudente nos dias 11 e 12 de janeiro de 2.010, no período das 10 h e 12h30min e entre as 15 horas e 16h30min. A escolha desses horários se explica pelo fato de haver um maior fluxo de pessoas no local, o que ajudou no processo de realização das entrevistas. A faixa etária dos entrevistados oscilou entre 18 e 50 anos, sendo que foram entrevistadas mais mulheres do que homens. Em relação ao nível salarial dos entrevistados, este girava em torno de um a três salários mínimos, e no que diz respeito ao grau de escolarização dos mesmos, este situava-se entre um maioria que completou apenas o Ensino Fundamental. A partir das entrevistas realizadas foi possível verificar, segundo os relatos dos passageiros, que o que mais motiva a população de Pirapozinho a migrar diariamente para Presidente Prudente é a busca por: trabalho (consumo, serviços (INSS, banco, consultas médicas) e lazer.
5 CONCLUSÃO As migrações decorrem de uma série de condicionantes que obrigam muitas pessoas a deixarem um passado para viver em outro lugar. Em Pirapozinho a migração pendular se manifesta a partir de condições que estimulam a saída diária de pessoas, que vão em busca de serviços em outra cidade. Essa situação proporciona à rede urbana uma hierarquização cada vez mais acentuada entre cidades, o que reflete no nível socioeconômico da população local. Com isso, esse tipo de migração indica permanências representadas pelo apego ao lugar, em contrapartida às mudanças, representadas pelo aumento da movimentação pelo espaço, o qual se reconfigura de acordo com o consumo e com as necessidades da população local. BIBLIOGRAFIA DURHAN, Eunice R. A caminho da cidade:a vida rural e a migração para São Paulo. São Paulo: Editora Perspectiva, (Coleção Debates). PACHECO, Carlos Américo & PATARRA, Neide. Migração, condições de vida e dinâmica urbana: São Paulo Campinas: UNICAMP/IE, 1997 (p. 25 a 49). Prefeitura Municipal de Pirapozinho Maratona Municipalista. Pirapozinho: PM, REIS, Flávia Ramos; RIBEIRO, Gizeli Garcia. Migração Pendular: um estudo da população de Pirapozinho que se desloca a Presidente Prudente - SP. Presidente Prudente: FCT/UNESP, 2002 (Monografia de Bacharelado). Sites Consultados
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