OFICINAS DE RECICLAGEM NO CAPS NOSSA CASA: UMA ALUSÃO A PARTIR DA VISÃO DOS FAMILIARES.
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- Maria Fialho Domingues
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1 OFICINAS DE RECICLAGEM NO CAPS NOSSA CASA: UMA ALUSÃO A PARTIR DA VISÃO DOS FAMILIARES. Autor(es): Apresentador: Orientador: Revisor 1: Revisor 2: Instituição: QUEVEDO, André Luis Alves de; Borges, Luana Ribeiro; GUEDES, Ariane da Cruz; SARAIVA, Suélen dos Santos; CHIAVAGATTI, Fabieli Gopinger; MÜLLER, Marcelo Leandro; KANTORSKI, Luciane Prado; HECK, Rita Maria; BIELEMANN, Valquíria de Lourdes. André Luis Alves de Quevedo Luciane Prado Kantorski Vanda Maria da Rosa Jardim Eda Schwartz Universidade Federal de Pelotas A OFICINAS DE RECICLAGEM NO CAPS NOSSA CASA, UMA ALUSÃO A PARTIR DA VISÃO DOS FAMILIARES. 1 QUEVEDO, André Luis Alves de 1 ; Borges, Luana Ribeiro 2 ; GUEDES, Ariane da Cruz 3 ; SARAIVA, Suélen dos Santos 3 ; CHIAVAGATTI, Fabieli Gopinger 4 ; MÜLLER, Marcelo Leandro 5 ; KANTORSKI, Luciane Prado 6 ; HECK, Rita Maria 7 ; BIELEMANN, Valquíria de Lourdes 7. 1 Acadêmico do 4º semestre do curso de Enfermagem Obstetrícia FEO/UFPel; Bolsista de Iniciação Científica do CNPq. 2 Academica do 8º Semestre do curso de Enfermagem e Obstetrícia FEO/UFPel; Bolsistas de Extensão - PROBEC 3 Acadêmicas do 8º semestre do curso de Enfermagem e Obstetrícia FEO/UFPel; Bolsistas de iniciação Científica do CNPq. 4 Acadêmica do 6º semestre do curso de Enfermagem Obstetrícia FEO/UFPel; Bolsista da FAPERGS. 5 Acadêmico do 7º semestre do curso de Enfermagem e obstetrícia FEO/UFPel; Bolsista de Iniciação Científica do CNPq. 6 Enfermeira Doutora em Enfermagem Psiquiátrica FEO/UFPel; Orientadora. 7 Professora Adjunta da Faculdade de Enfermagem e Obstetrícia - UFPel Andrade Neves 1290, apto.: 504 CEP: andrequevedo_sls@hotmail.com 1. INTRODUÇÃO Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) são unidades de atendimento aos portadores de sofrimento psíquico grave, constituindo-se numa alternativa ao modelo centrado no hospital psiquiátrico, caracterizado por internações de longa permanência e regime asilar. Os Centros de Atenção, ao contrário, permitem que os usuários permaneçam junto às suas famílias e comunidades (SILVA, 2000). Suas diretrizes abrangem uma diversidade de métodos e técnicas terapêuticas nos vários 1 Este trabalho foi financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq
2 níveis de complexidade assistencial, em outras palavras, são serviços comunitários que tem como papel cuidar de pessoas que sofrem com transtornos mentais, em especial os transtornos severos e persistentes, no seu território de abrangência (BRASIL, 2002, 2007). Nesse sentido, são serviços substitutivos estratégicos no processo de consolidação da reforma psiquiátrica (KANTORSKI, 2005). Durante a participação no projeto de Avaliação dos CAPS da região sul do Brasil, na transcrição das entrevistas e limpeza do banco de dados do campo qualitativo do CAPS Nossa Casa de São Lourenço do Sul identificou-se a existência de oficinas de reciclagem de lixo, associadas com a questão da geração de renda e a criação de ambiência terapêutica acolhedora no serviço, visando incluir pacientes muito desestruturados e comprometer-se com a construção dos projetos de inserção social (BRASIL, 2007). Estas oficinas vão ao encontro das diretrizes da Reforma Psiquiátrica no Brasil, que tem como meta desinstitucionalização e inclusão, integrando os portadores de sofrimento psíquico nos diferentes espaços da sociedade inclusive, no trabalho (VALLADARES et al. 2003). Resgatando-se historicamente a trajetória do CAPS Nossa Casa, tem-se ele como o segundo CAPS, reconhecido no Brasil e o primeiro no estado do Rio Grande do Sul, reiterando-se sua importância como campo de observação do presente estudo. Em agosto de 1992, quando o Rio Grande do Sul aprovava sua lei estadual de reforma psiquiátrica, a Nossa Casa, serviço de atenção diária em saúde mental de São Lourenço do Sul, já funcionava cuidando de portadores de transtornos psíquicos graves em regime aberto, desde agosto de (NUNES, 2005). Agregando à relevância do trabalho realizado na Nossa Casa, destaca-se que os brasileiros produzem diariamente cerca de mil toneladas de lixo, sendo que, 30,5% são jogadas a céu aberto (PNSB, 2000). Deste modo, as oficinas enquanto atividades grupais de socialização, expressão e inserção social quando propõem a reutilização do papel e do sabugo, e através de trabalhos artesanais reverterem-se em renda para os usuários, constituem-se em espaços terapêuticos e de proteção do ambiente. A partir disso este trabalho tem como objetivo, apresentar uma préanálise das oficinas de reciclagem enquanto espaço terapêutico, de proteção do ambiente e de geração de renda, a partir de observações de campo e entrevistas com familiares de usuários do CAPS Nossa Casa. 2. MATERIAL E MÉTODOS A Metodologia empregada para esta pré-analise baseia-se na interpretação qualitativa das entrevistas semi-estruturadas realizadas com 12 familiares do CAPS Nossa Casa e dois diários de campo em que consta o registro de aproximadamente 300 horas de observação registradas por dois pesquisadores referente às oficinas de reciclagem, durante os meses de novembro e dezembro Os dados utilizados foram extraídos do banco de dados qualitativos da pesquisa de Avaliação dos CAPS da região sul do Brasil, contando com a autorização prévia da coordenação do estudo. Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Pelotas. As oficinas analisadas no serviço em estudo que tem como objetivo constituir-se em espaço terapêutico, de proteção do ambiente e de geração de renda são: Oficina de Papel Machê, oficina de Papel reciclado, e Oficina de Sabugo de milho. O material
3 coletado no campo empírico foi interpretado a partir de uma relação entre os objetivos da oficina proposta e a literatura disponível sobre o tema. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO A Discussão dos resultados desse estudo se dará em três frentes: oficina de reciclagem como espaço terapêutico; oficina de reciclagem como espaço de proteção do ambiente e oficina de reciclagem como geração de renda. Se considerarmos a oficina de reciclagem como espaço terapêutico, podemos inferir através de relatos dos familiares do presente estudo, que estas atendem seu objetivo terapêutico, fazendo que estes usuários sintam-se valorizados através de suas produções, e também que, quando os mesmos participam de encontros e atividades de integração, fora do ambiente do CAPS, onde podem expor seus trabalhos, estes tenham a percepção do valor de suas atividades. Como é apresentado nas falas a seguir Ele gosta, seguido ele vem dizendo: Ai porque eu fiz isso, porque eu fiz aquilo, ah porque eu terminei meu serviço hoje. (Ent 3) Demonstraram no Mental Tchê os trabalho dele né, começo a te pedidos. (Ent 4), Eu acho bom, né porque ela se distrai fazendo.(ent 12) Sendo assim, numa préanálise podemos dizer que estas oficinas funcionam como catalisadores na construção de territórios existenciais, inserir ou reinserir socialmente os usuários, tornado-os cidadãos (RAUTER, 2000). Sobre o ponto de vista das oficinas de reciclagem, como espaço de proteção do ambiente, é relevante ressaltar a integração do serviço de saúde mental de São Lourenço do Sul, com os diferentes espaços daquela sociedade, pode-se citar o caminho Pomerano, que é uma atividade terapêutica de visita a espaços rurais do município de São Lourenço do sul, o qual os usuários da Caps Nossa Casa participam, e que se pode perceber através do seguinte trecho extraído do diário de campo de uma das entrevistadora A entrevistadora 3 pergunta como eles conseguem o material das oficinas, e uma profissional fala: Tem o caminho Pomerano, no caminho, ganhamos os sabugos, vamos recolhendo e assim, temos material. A oficina de papel machê, na qual se tritura o papel no liquidificador para fazer a massa, tem o papel daqui, das gráficas, dos bancos, tudo é doação. (OBS. 1 e 2). Vale citar que o processo utilizado na oficina de Papel machê é um processo semelhante ao que se usa na reciclagem do papel no Brasil, desde (PENIDO, 2004). Por último se tivermos como foco de discussão as oficinas de reciclagem como geração de renda, percebemos que para a maioria dos familiares de usuários, que participaram do estudo qualitativo do projeto de pesquisa CAPSUL, estas oficinas parcialmente não atingem seu objetivo de gerar recursos financeiro para estes usuários e suas famílias, uma vez que se fosse necessário viver destes ganhos pelas falas dá-se a entender que não seria possível, já que em média o valor individual de cada usuários nestas oficinas, não passa de 1/7 do salário mínimo ao mês, o que pode ser comprovado na seguintes falas: Uma ocupação, não como fonte de renda. (Ent 10), A renda não é muito, né, e a produção deles, também é pequena, e as condições deles são mínimas, então que dizer que não é grande coisa, até porque é uma coisinha, é pra que, pra tira pro cigarro, pra alguma coisinha, pra alimentação, mas é mínima. (Ent 7).
4 4. CONCLUSÕES Tendo em vista as reflexões acima podemos perceber que as oficinas de reciclagem de lixo do CAPS Nossa Casa encontram-se bem estruturadas, visto que suas ações terapêuticas contribuem para aceitação das diferenças, advindas dos transtornos mentais ao inserir socialmente seus usuários. Sendo assim, torna-se pertinente mencionar que a comunidade lourenciana, além de reconhecer o serviço atua efetivamente na viabilização das oficinas, visto que separa e doa a matéria prima para realização das atividades terapêuticas. Embora o objetivo de gerar recursos financeiros não seja reconhecido pelos usuários e familiares, não podemos desconsiderar que o recurso resultante do artesanato produzidos em oficina, de certa forma auxilia no montante financeiro da família, pois como foi exposto anteriormente os ganhos do usuário, embora pequenos, são utilizados para aquisição de bens de consumo para o mesmo, o que em outra situação caberia a família adquirir. Assim, as oficinas possibilitam o resgate do desejo pelo trabalho por parte de usuário, pois através da produção e livre expressão une saúde, convívio social, cultura e meio ambiente, promovendo então a saúde, qualidade de vida e inclusão possibilitando a transformação desse sujeito. 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS SILVA, A.C.Z. Centros de Atenção Psicossocial. In: Novas Experiências de Gestão Pública e Cidadania. Rio de Janeiro. Editora FGV, p. BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de assistência à saúde. Portaria/SNAS nº De 29 de janeiro de Brasil, Portal de Saúde Pública do Pará, Disponível em: < em 14/08/2007, 21:42. *KANTORSKI, L.P. et al. Projeto de pesquisa de Avaliação dos Centros de Atenção Psicossocial da Região Sul do Brasil. Órgão Financiador CNPq, Disponível em: < Acesso em 14/08/2007, 22:16. Nunes, J.A.B. Para além dos muros da Nossa Casa: a construção de uma história em movimento. PSICO, Porto Alegre, PUCRS, v. 36, n. 3, pp. 294, set./dez IV Pesquisa Nacional de Saneamento Básico PNSB 2000 IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de assistência à saúde. Portaria No 189 De 19/11/199. (D.O.U. de11/12/1991). PENIDO, José Henrique: O Mito da Reciclagem. Disponível em: Acesso em 28/08/2006, 23:12. RAUTER, C. Oficinas para quê? Uma proposta éticoestético-política para oficinas terapêuticas. In: AMARANTE, P.(Org.). Ensaios: subjetividade, saúde mental, sociedade.rio de Janeiro: Fiocruz, 2000.cap.12, p VALLADARES, A. C. A.; LAPPANN-BOTTI, N. C.; MELLO, R.; KANTORSKI, L. P.; SCATENA, M. C. M. Reabilitação psicossocial através das oficinas terapêuticas
5 e/ou cooperativas sociais. Revista Eletrônica de Enfermagem, v. 5 n. 1 p , Disponível em
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