CARACTERÍSTICAS SÓCIO-ECONÔMICAS DOS USUÁRIOS DE CAPS E SRT DO RIO GRANDE DO SUL 1

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1 CARACTERÍSTICAS SÓCIO-ECONÔMICAS DOS USUÁRIOS DE CAPS E SRT DO RIO GRANDE DO SUL 1 Guilherme Emanuel Weiss Pinheiro 2 Uiasser Thomas Franzmann 2 Gabriella Bastos Ferreira 2 Fabieli Gopinger Chiavagatti 3 Jandro Moraes Cortes 3 Cândida Garcia Sinott Silveira 3 Luciane Prado Kantorski 4 Vanda Maria da Rosa Jardim 5 INTRODUÇÃO A assistência em Saúde Mental sofreu várias transformações durante as últimas décadas, passando de um modelo hospitalocêntrico para um modelo de atenção comunitário e aberto. Os indivíduos portadores de transtorno psíquico, no ambiente manicomial, são excluídos do convívio familiar e social, perdem suas referências de vida e cidadania, não tendo oportunidades de trabalho (Brasil, 2005). Dessa forma, o Ministério da Saúde em sua Política de Saúde Mental prevê a redução gradativa de hospitais psiquiátricos e a constituição de uma rede de serviços de base comunitária substitutivos ao manicômio, como os Ambulatórios de Saúde Mental, Hospital Dia, Leitos psiquiátricos em Hospital Geral, Centros de Convivência, Oficinas na comunidade, Programas de Geração de Renda, Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) I, CAOS II, CAPS III, CAPSad, CAPSi e Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT). Além dessas ações, organizaram-se alternativas de garantir aos indivíduos considerados incapazes sua reinserção na sociedade através de benefícios sociais ou auxílios. Neste contexto buscamos mudar as relações que a sociedade, os sujeitos e as instituições estabeleceram com a doença 1 Este trabalho faz parte do Projeto de pesquisa Redes que reabilitam avaliando experiências inovadoras de composição de redes de atenção psicossocial (REDESUL), aprovado no Edital MCT- CNPq/CT-Saúde/ MS-SCTIE-DECIT / 33/ Acadêmicos do 7 semestre de Enfermagem da UFPel. Bolsistas de Iniciação Científica do CNPq. 3 Enfermeiros. Mestrandos do PPG em Enfermagem da UFPel. 4 Enfermeira, Professora Doutora adjunta da Faculdade de Enfermagem da UFPel. Orientadora. 5 Enfermeira, Professora Doutora da Faculdade de Enfermagem da UFPel.

2 mental, conduzindo tais relações no sentido da superação do estigma, da integração, ou ainda, no sentido de estabelecer com a loucura uma relação de coexistência, de troca, de solidariedade, de positividade e de cuidados (AMARANTE, 1997). Sendo assim, avaliar as condições sócio-econômicas dessas pessoas torna-se importante para prestar uma assistência singularizada e com vistas à reinserção social e promoção da cidadania. OBJETIVO Este trabalho tem por objetivo traçar o perfil sócio-econômico dos usuários de CAPS e SRT do Rio Grande do Sul/Brasil. METODOLOGIA Trata-se de um recorte quantitativo da pesquisa Redes que reabilitam avaliando experiências inovadoras na composição de redes de atenção psicossocial (REDESUL). Este estudo teve aprovação pelo Comitê de Ética da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Pelotas sob parecer n 073/2009, e, após assinarem o termo de Consentimento Livre e Informado, foram entrevistados 392 usuários de CAPS e SRT, de cinco municípios do Rio Grande do Sul (Alegrete, Bagé, Caxias do Sul, Viamão e Porto Alegre), sendo esses selecionados por possuírem SRT. Os dados sofreram dupla digitação por digitadores independentes e foram analisados no software Epi-Info 6.04, e foram obtidos com a autorização prévia da coordenação do estudo.

3 RESULTADOS Os resultados encontrados na análise dos dados foram divididos em 2 eixos: a distribuição da amostra dos usuários e a características sócioeconômicas. Quanto à distribuição da amostra dos usuários entrevistados concentram-se: 16,1% (63) em Alegrete, 16,3% (64) em Bagé, 17,1% (67) em Caxias do Sul, 16,6% (65) em Viamão e 33,9% (133) em Porto Alegre, totalizando 392 usuários. No que diz respeito às características sócio-econômicas, destacamos que 77% (302) usuários referiram não trabalhar e enquanto apenas 18,6% (73) trabalham. A grande maioria dos usuários, 46,4% (182), possuem renda de até 1 salário mínimo nacional (vigente no período da coleta de dados - R$ 465,00), que apenas 5,9% (23) dos entrevistados possuem renda superior a 2 salários mínimos (R$ 930,00) e que 12,5% (49) usuários referiram não possuir renda. Em relação à fonte de renda 43,1% (169) dos usuários referem ser auxiliados por programas e incentivos do governo, ou seja, recebem auxílio doença, bolsa família, LOAS ou Programa De Volta Para Casa ; a fonte de renda de 5,9% (21) entrevistados é o emprego; e 21,2% (83) recebem aposentadoria. CONCLUSÕES Após traçar o perfil sócio-econômico desses usuários, pode-se inferir que a maioria dos usuários não possuem emprego, sendo que grande parte destes contam com auxílio do Estado para sua sobrevivência. Nesta perspectiva, expomos dois paralelos com relação ao auxílio do Estado: à medida que é necessária esta ajuda, pois os usuários não têm outras formas de sustento, confirmando a falta de oportunidade para os mesmos, pode

4 transformar-se em comodismo, já que o governo disponibiliza recursos para seu sustento, não sendo necessária sua busca por um emprego. Outro importante destaque é a renda do usuário, sendo que a grande maioria dos usuários possuem renda inferior ou igual a um salário mínimo, reforçando o estigma de rejeição que a sociedade impõe ao usuário. Também destacamos o índice de pessoas que não possuem renda, sendo inconcebível uma pessoa sobreviver desta forma. Nesse sentido, salientamos a necessidade dos serviços reinserirem os indivíduos no campo do trabalho, assim como a continuidade e ampliação dos incentivos dispensados pelo governo para essas pessoas, garantindo condições dignas de vida para essa população, assim cumprindo a função social do Estado. Palavras-chave: Características da População; Renda; Serviços Comunitários de Saúde Mental

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. DAPE. Coordenação Geral de Saúde Mental. Reforma psiquiátrica e política de saúde mental no Brasil. Documento apresentado à Conferência Regional de Reforma dos Serviços de Saúde Mental : 15 anos depois de Caracas. OPAS. Brasília, AMARANTE, P. Loucura, cultura e subjetividade. Conceitos e estratégias, percursos e atores da reforma psiquiátrica brasileira. IN: Saúde e democracia: a luta do CEBES. Sonia Fleury (org.) São Paulo: Lemos Editorial, p