REVISÃO CRIMINAL. No processo penal, sabe-se que o justo substancial há de prevalecer sobre o justo formal.
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- Walter Lage Padilha
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1 REVISÃO CRIMINAL ROGÉRIO TADEU ROMANO Procurador Regional da República aposentado e advogado I CONCEITO E NATUREZA JURÍDICA No processo penal, sabe-se que o justo substancial há de prevalecer sobre o justo formal. Diante disso, é concebível remédio processual que permita que o condenado possa pedir, a qualquer tempo, aos tribunais, nos casos expressos em lei, que reexamine o seu processo já findo, para que seja absolvido, ou beneficiado de alguma outra forma. Observe-se que se trata de um remédio que se confere ao condenado contra a coisa julgada quer seja, formal e material, com o fim de reparar injustiças ou erros judiciários, livrando-o da decisão injusta. È o que chamamos revisão pro reo, não havendo em nosso sistema a chamada revisão pro societate. Penal. A matéria é versada nos artigos 621 e seguintes do Código de Processo O instituto foi inserido no sistema jurídico pátrio pelo Decreto n. 847, de 11 de novembro de 1884 e mantido pelo Decreto n. 221, de 20 de novembro de 1894, de acordo com a Constituição de 1891, objetivando substituir o antigo recurso de revista. Ora, não estamos diante de um recurso, que objetive uma uniformização de jurisprudência. Com a revisão criminal, temos uma verdadeira ação desconstitutiva da coisa julgada formada, uma ação autônoma de impugnação. Com a revisão criminal se instaura uma nova relação processual em ação penal que se destina a corrigir a decisão judicial de que não caiba mais recurso. A revisão criminal se dará sempre contra decisões condenatórias, não cabendo de decisões absolutórias, ainda que para modificar a razão da absolvição ou ainda a sua fundamentação. Além de rescindir a sentença condenatória, absolvendo o réu, pode o tribunal, em acórdão por ele proferido, em ação de revisão criminal, desclassificar uma condenação de um tipo penal para outro. 1
2 Uma condenação ocorrida, contrária ao texto expresso de lei, por desconhecer a incidência de prescrição da pretensão punitiva, pode ser objeto de revisão criminal. Ainda o perdão, como causa extintiva da punibilidade, não deve ser objeto de discussão em revisão criminal se foi ele a causa para extinção do feito, sem análise precípua do mérito. A sentença aí seria de mérito atípica. A prescrição da pretensão executória pode ser reconhecida na execução criminal, pelo juízo competente, em recurso de agravo de execução ou ainda em habeas corpus. Nada impede que a sentença transitada em julgado seja rescindida por habeas corpus, diante de nulidade radical ou na ausência de criminalidade do fato que resulta patente da mera exposição dos fatos 1 Todavia tenha-se presente que é inviável a utilização do habeas corpus, como via heróica, em substituição a revisão criminal, isto porque não se permite na seara do writ, com procedimento sumário via a concessão ou não de liminar(cognição superficial), intimação obrigatória da autoridade coatora, a reapreciação do conjunto probatório, em cognição exauriente, especialmente para afastar a comprovação fática que estiver delineada. A esse respeito tenha-se a posição do Superior Tribunal de Justiça, no HC /MG, Relatora Ministra Maria Thereza de Assis Moura, DJe de 4 de abril de II - DA LEGITIMIDADE PARA AJUIZAMENTO DA AÇÃO A revisão poderá ser pedida pelo próprio réu ou por procurador legalmente habilitado ou, no caso de morte do réu, pelo cônjuge, ascendente, descendente ou irmão, como se observa da leitura do artigo 623 do Código de Processo Penal. Permite-se ao próprio réu, independente de estar representado por procurador, o ajuizamento da ação, não podendo pessoa estranha firmar a petição, nem mesmo sendo pessoa da família, se o condenado estiver vivo. corpus. Não se trata a revisão criminal de ação popular criminal como é o habeas A ação poderá ser proposta por procurador legalmente habilitado, que é um advogado legalmente inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil. A procuração terá a cláusula ad juditia, não se exigindo a outorga aos advogados de poderes especiais. 2 1 RT 390/340, 542/369, 597/ RT 436/
3 Em sendo o réu pobre pode ser nomeado defensor público para propor o pedido revisional. No caso de morte do réu, a revisão pode ser proposta pelo cônjuge, ascendente, descendente ou irmão ( artigo 623, segunda parte, do Código de Processo Penal). Tal enumeração seria taxativa o que impede a propositura de revisão por qualquer outro parente. No caso de concorrência entre sucessores é aplicável o artigo 36 do Código de Processo Penal, tendo preferência o cônjuge e, em seguida, o parente mais próximo da ordem de enumeração exposta naquela norma jurídica, podendo qualquer deles seguir no processo caso o peticionário abandone a instância. Vigora, na matéria, em sua plenitude, a Súmula 393 do Supremo Tribunal Federal, no sentido de que para requerer a revisão criminal, o condenado não é obrigado a recolher-se a prisão. A fuga da prisão não é razão para que a ação seja julgada deserta. III - DO PEDIDO NA AÇÃO DE REVISÃO CRIMINAL. NÃO APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA CONGRUÊNCIA No que se refere à correlação entre o pedido e a revisão, a amplitude da matéria a ser examinada é a maior possível, podendo o tribunal proferir decisão absolutória, mesmo quando o pedido tenha sido de anulação do julgamento ou de diminuição da pena. Não pode, em razão da proibição da reformatio in pejus, agravar a situação do condenado. O tribunal está vinculado ao máximo da pena aplicada no juízo do processo que se quer revisar. Se há pedido de absolvição, não pode o tribunal anular o processo, uma vez que haveria risco de uma nova decisão, dessa feita, prejudicial ao apenado. O tribunal, a par do que já ocorre na ação rescisória, exerce dois tipos de juízo: o iudicium rescindens e o iudicium rescissorium. No primeiro, se julgado procedente o pedido de revisão, a consequência seria a desconstituição da decisão anterior; e, em segundo momento, o tribunal atuaria como iudicium rescissorium, julgando novamente a matéria para o fim de absolver ou modificar a pena com ou sem desclassificação do fato criminoso, como se lê do artigo 626 do Código de Processo Penal. Nos pedidos de revisão pode haver cumulação simples entre o pedido de revisão e outro de indenização em face de erro judiciário reconhecido. A condenação pode ocorrer, data vênia de entendimento contrário, inclusive com relação às chamadas ações penais privadas, uma vez que, em sendo 3
4 reconhecida, quem arcará com a indenização é o Estado, que teria errado, por meio do Poder Judiciário. Pode assim o tribunal analisar a ação revisional por outros fundamentos diversos daquele invocados pelo requerente, desde que tudo resulte dos elementos constantes do processo. Mesmo em se tratando de nulidade não arguída, como é o caso da competência do Juízo, matéria de ordem pública, deve ser ela decretada, por ter a decisão transitado em julgado para a acusação, sendo proibida a reformatio in pejus. È certo que, em sendo a nulidade clara, manifesta, pode o tribunal, de oficio, anular o processo. É possível mesmo a revisão criminal de sentenças absolutórias impróprias, condenatórias em sentido amplo. Tem o apenado interesse em ver desconstituída decisão que determinou que fosse submetido à medida de segurança quando entende que essa decisão foi-lhe injusta. Sendo assim é inconcebível revisão criminal de sentenças de pronúncia, sentenças meramente processuais, que não condenam, mas determinam o envio do réu para o Tribunal do Júri para julgamentos em crimes dolosos contra a vida. A decisão sobre inelegibilidade não teria para jurisprudência 3 conteúdo de decisão final condenatória, e, sendo assim, não poderia ser objeto de ação de revisão criminal. Observo, para tanto, a lição do Ministro Carlos Velloso, no julgamento do MS /DF, DJ de 10 de maio de 1996, onde se diz que a inelegibilidade não constitui pena. Tal entendimento tem plena consonância com outro da lavra do Ministro Sepúlveda Pertence, no Rec PR, do Tribunal Superior Eleitoral, onde se deixou expresso que a inelegibilidade não é pena. Se não estamos diante de pena, não há falar em revisão criminal para a espécie. Já se entendeu que há interesse de agir em ação de revisão criminal se já há extinção da pena. 4 Isso porque seria reconhecido um aspecto moral próprio da ação de revisão criminal, apto a tal, como é o caso do indulto. Mas isso não se dá, por óbvio, em questões prejudiciais a decisão de mérito, tratando-se de causas extintivas de punibilidade ocorridas antes do trânsito em julgado da decisão criminal, como é o caso da decisão que reconheceu a prescrição da pretensão punitiva. 5 Não será admissível a reiteração do pedido de revisão salvo em casos de aparecimento de novas provas. 3 RT 544/ RTJ 63/55, 80/966 e RT 560/ RT 591/335. 4
5 Em sede de juizados especiais, Médici 6 entende cabível revisão criminal da decisão que homologou a transação, pois não deixa de haver, na hipótese, a aplicação de uma sanção penal. Todavia, o Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do Recurso Especial /MS, Relatora Ministra Laurita Vaz, Dje de 25 de abril de 2011, refutou tal conclusão, considerando que é incabível a revisão criminal contra sentença que homologa a transação penal(artigo 76 da Lei 9.099/95) já que não existiu condenação ou sequer houve análise da prova. Na transação penal, não se discute fato típico, ilicitude, culpabilidade ou punibilidade, mas apenas se possibilita ao autor do fato uma aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou de multa para que não exista o prosseguimento da ação penal, sendo o acórdão devidamente homologado em juízo e impugnável por meio de recurso de apelação. IV - PRESSUPOSTOS E PRAZO É pressuposto processual para o ajuizamento da ação o transito em julgado do feito. A decisão que se quer sujeitar a revisão há de ter transito em julgado. É certo que se não houver transito em julgado pode ser o pedido formulado em revisão criminal ser recebido como habeas corpus. 7 Pergunta-se se é possível o ajuizamento de revisão criminal com relação a julgados do Tribunal do Júri que tenham transito em julgado. Argumentar-se-ia que as decisões como essas estão sujeitas a soberania do Júri o que seria um óbice a um eventual julgamento em sede de revisão. Por outro lado, poder-se-ia alegar que a amplitude de defesa, com todos os remédios postos à disposição do apenado, permitiria o ajuizamento de ação para trazer justiça. Na linha de que a revisão criminal pode desconstituir decisão do Tribunal do Júri, tem-se a lição de Marques 8 e ainda Tourinho Filho. 9 O Superior Tribunal de Justiça tem posição diversa. Aponto o julgamento no AgRg no Recurso Especial /SP, Relator Ministro Jorge Mussi, DJe de 10 de agosto de 2011, onde se diz que o fundamento da fragilidade do conjunto probatório não autoriza o Tribunal Revisor, em sede de ação de revisão, proferir juízo absolutório, pois, de um lado, esta situação não estaria contemplada no artigo 621, I, do Código de Processo Penal, de outro lado, a valoração das provas de forma distinta daquela realizada pelo Tribunal do Júri não autoriza a revisão pela manifesta contrariedade às provas dos 6 Sérgio de Oliveira Médice, Revisão Criminal, São Paulo, Revista dos Tribunais, 2000, pág RT 599/ José Frederico Marques, A instituição do Júri, São Paulo, Ed. Saraiva, Tourinho Filho, Código de Processo Penal Comentado, volume II, Ed. Saraiva, 1977, pág
6 autos, principalmente, levando-se em conta a soberania dos veredictos na valoração dos fundamentos processuais, cabendo, por força da Constituição Federal, ao Conselho de Sentença o exame do conjunto fático probatório. Nessa linha de pensar, o Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do HC /DF, Relator Ministro Flacquer Scartezzini, DJ de 18 de novembro de 2002 entendeu que o caminho, caso haja evidente erro do Tribunal do Júri, na apreciação da prova, é anular a decisão rescindenda e determinar novo julgamento pelo Tribunal do Júri. Correta a posição de Nucci 10 na matéria no sentido de que a decisão em sede de revisão criminal de decisão do Tribunal do Júri autorizaria, quanto ao máximo, novo julgamento pelo Júri, por erro na apreciação das provas. Entende-se cabível a revisão criminal para as decisões proferidas no âmbito do Juizados Especiais Criminais, pois a lei não o exclui, expressamente. Como a revisão criminal é instituto destinado a corrigir erro judiciário não está ela subordinada a prazo, podendo ser requerida a qualquer momento após o trânsito em julgado da decisão, como se lê do artigo 622 do Código de Processo Penal. Ha, na revisão criminal, uma inversão do ônus da prova de modo a demonstrar, de forma cabal, a inocência do apenado. IV - CABIMENTO Prevê o artigo 621 do Código de Processo Penal as hipóteses de cabimento da ação de revisão criminal. Tal rol é taxativo. O artigo 621, inciso I, do Código de Processo Penal admite a revisão criminal quando a sentença condenatória for contrária ao texto da lei. É o caso da violação literal da lei. Se há modificação legislativa, por certo, é cabível habeas corpus, como bem lembra Eugênio Pacelli de Oliveira. 11 Será o caso da sentença que condena o réu por fato que não constitui crime 12, que estabelece pena em limite superior ao limite máximo do que determinado 10 Guilherme de Souza Nucci, Código de Processo Penal Comentado, 10ª edição, São Paulo, RT, pág a Eugênio Pacelli de Oliveira, Curso de Processo Penal, 10ª edição, Rio de Janeiro,. Lumen Juris Editora, pág RT 533/364. 6
7 em lei; que reconhece uma circunstância com agravante para aumentar a pena quando ela não é prevista de forma expressa. Por certo, não basta para a revisão criminal que a decisão, que se quer rescindir, tenha adotado corrente jurisprudencial e doutrinária ainda que não predominante nos tribunais superiores. A simples mudança de jurisprudência não basta para que a ação de revisão criminal seja bem sucedida, assim como a variação de posição jurisprudencial nos tribunais superiores não basta para que se permita a revisão. 13 Se o Supremo Tribunal Federal mudar de entendimento com relação a matéria penal, tal alteração, na medida em que se têm pronunciamentos vinculantes, determinará a modificação de posição dos tribunais inferiores. Essa razão pode permitir a revisão do julgado, em nome do favor rei. Tal é similar a edição de lei penal benéfica. Por certo cabe revisão criminal se a sentença é contrária a prova dos autos. Tal a decisão que não se apoia em nenhuma prova dos autos, que nada tem com relação ao que foi julgado no processo. Diversa é a situação de precariedade da prova, se ela é discutida, em todas as circunstâncias, em diversas instâncias por que passou. É cabível a revisão criminal quando a sentença condenatória se fundar em depoimentos, exames ou documentos comprovadamente falsos, como se lê da redação do artigo 621, II, do Código de Processo Penal. Não basta que seja a prova falha, precária ou insuficiente. Já se disse que não fundamenta revisão a simples falha de laudo pericial. Por sua vez, se provado o falso testemunho, a falsa perícia, máxime se colhidas sob coação, é caso de cabimento da ação de revisão criminal. A prova falsa para consubstanciar o pedido em ação de revisão criminal há de ser a razão de decidir, tenha a sentença se tenha valido dela..deve o requerente apresentar com a inicial a prova que possua para demonstrar a falsificação, não se permitindo a reabertura do processo para a produção de novas provas. 14 A prova da falsidade deve vir como prova pré-constituída colhida em processo criminal onde se colha a falsificação, falso testemunho ou falsa perícia ou ainda em sentença declaratória de falsidade de documento, e não no procedimento de revisão. Outro fundamento para a revisão criminal, presente no artigo 621, III, do Código de Processo Penal, é quando se descobrirem novas provas de inocência de condenado ou de circunstâncias que determinem ou autorizem uma diminuição especial da penal. É o caso de se provar que o apenado não praticou o crime ou se cometeu o fez protegido por causas excludentes de criminalidade ou ainda de culpabilidade, por exemplo. 13 RTJ 96/988, 98/578; RT 569/381-2,571/ RT 622/
8 Aqui registro o magistério de Mirabete 15 para quem o pedido revisional fundado na existência de provas novas demanda a apresentação de elementos probatórios que desfaçam o fundamento da condenação, como é exemplo a retratação da vítima. De toda sorte, bem acentuou o Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do HC /SP, Relator Ministro Jorge Mussi, DJe de 29 de agosto de 2011, que quando se trata de revisão criminal proposta com fundamento na existência de novas provas testemunhais capazes de infirmar o édito condenatório, como se lê do artigo 621, inciso III, do Código de Processo Penal, estas devem ser previamente produzidas sob o manto do contraditório e da ampla defesa, por meio de procedimento de justificação criminal, a ser conduzido perante o primeiro grau de jurisdição, nos termos do artigo 861 e seguintes do Código de Processo Civil. Provas novas são as substancialmente novas e não as formalmente novas. As primeiras são as provas inéditas, desconhecidas até então do condenado e do Estado. As segundas são aquelas que ganham nova roupagem, nova versão, mas já eram conhecidas das partes, como salientou Nucci 16 A revisão criminal não é um mero recurso onde se devolve a matéria já discutida em instância inferior como é o caso da apelação criminal. Podem ser apreciadas novas provas que não só são as subsequentes à sentença, mas ainda aquelas preexistentes não cogitadas nas decisões revisadas. A prova a ser revisada deve ter sido aquela produzida em juízo e não extrajudicialmente. 17 V - COMPETÊNCIA E PROCESSAMENTO A competência para o juízo de revisão é do tribunal que proferiu a decisão rescindenda, seja em ação penal originária, seja em decisão em grau de recurso ou se não houver recurso de processo originário de primeiro grau, do tribunal que seria o competente para conhecer do recurso interposto contra a sentença a ser rescindida. Se o tribunal superior não examinou o mérito, o simples fato de ajuizamento de recurso especial ou ainda extraordinário não afasta a competência do tribunal a quo para analisar a ação de revisão criminal. 15 Júlio Fabbrini Mirabete, Processo Penal, 15ª edição, São Paulo, Atlas, 2003, pág Guilherme de Souza Nucci, Código de Processo Penal comentado, 8ª edição, São Paulo, Revista dos Tribunais, 2008, páginas 994 e RT 615/323. 8
9 O processamento acontecerá na forma dos artigos 625 a 631 do Código de Processo Penal. Sob pena de inépcia, o requerimento, que deverá ser apresentado ao Presidente do Tribunal, deverá descrever os fatos arguidos(artigo 625, 1º, do Código de Processo Penal), trazendo a certidão de transito em julgado da decisão condenatória. O relator poderá determinar que se apensem os autos originais (artigo 625, 2º, do Código de Processo Penal). O excesso de prazo no julgamento da revisão criminal, diga-se a demora não razoável para julgamento do processo, justifica o ajuizamento de habeas corpus para verificação de constrangimento ilegal como já decidiu o Tribunal de Justiça de São Paulo, no HC SP, Relator Hélio Quaglia Barbosa, 7 de junho de O Ministério Público pode apresentar-se nos autos da revisão criminal, seja contestando a ação, seja, após, apresentando parecer, como custos legis. Anoto que das decisões das Turmas Recursais, transitadas em julgado, é competente o Tribunal de Justiça ou o Tribunal Regional Federal para o julgamento da revisão criminal. IV - EFEITOS DA INDENIZAÇÃO POR ERRO JUDICIÁRIO. Reza o artigo 627 do Código de Processo Penal que a absolvição do beneficiário da revisão implicará em restabelecimento de todos os direitos perdidos em virtude da condenação. Desaparecem com a decisão que julgar procedente o pedido de revisão criminal a pena, a medida de segurança, os efeitos extrapenais da decisão, a inscrição do nome do réu no rol dos culpados, Se o apenado o requerer, o tribunal poderá reconhecer o direito do réu a uma indenização pelos prejuízos sofridos. Será o caso por exemplo, de revisão criminal em ação penal onde o réu tenha sido coagido a confessar e tal decisão condenatória for objeto de rescisão. O pressuposto para indenização é de que a culpa seja do Estado, ocorrida de forma manifesta. Mesmo a acusação privada, mediante queixa, caso haja revisão criminal, permite a indenização de prejuízos a ser prestada pelo Estado e não pelo particular. judiciário. A responsabilidade civil é do Estado para efeito de indenização por erro 9
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