CARQUEJA. Parte utilizada: Toda a planta, principalmente a parte aérea.

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1 CARQUEJA Nome botânico: Baccharis articulata Família: Compostas Parte utilizada: Toda a planta, principalmente a parte aérea. Luciane do Rocio Chezini Histórico: A carqueja é uma planta que há muito tempo compõem o arsenal terapêutico, sendo conhecida como carqueja amarga. É originária da América do Sul e não existem muitas referências acerca de seu emprego medicinal por parte das culturas nativas. Em 1896 se encontra a primeira referência em uma obra botânica de Wehmer. Entre os habitantes do campo e das cidades não há quem a dispense para debelar um desarranjo do estômago ou qualquer perturbação para a qual seja indicada. 1 2

2 Aspectos botânicos: Se trata de um arbusto dióico, ramoso, pertencente a família das Compostas, caracterizada por apresentar uma altura de 0,3 a 1,5 metros, carente de folhas (somente algumas rudimentares) e ramos bialados ou trialados, os quais cumprem com uma função fotossintética. O capítulo floral se agrupa ao longo dos ramos superiores, aparentando espigas, aparecendo desde o fim do verão até começo do outono. 2 Aspectos agronômicos: Cresce em terras secas, pedregosas a beira das estradas. É encontrada em solos rochosos e em campos arenosos do sul do Brasil, Paraguai, Uruguai e Argentina. 2

3 Composição química: - lactonas diterpênicas - flavonóides - resina - saponina - vitaminas - esteróides e/ou diterpenos - polifenóis - taninos - óleo essencial Acetato de carquejol Carquejol Nopineno α e β cardineno calameno eledol eudesmol 1 Planta inteira: ácido crisopônico, santonina, absintina, ácido resínico, luteolina, quercetina, articulina I, articulina acetato, genkwanina, acacetina, 7,4-dimetilapigenina, cirsimaritina, salvigenina, jaceidina, jaceosidina, acido oleanólico, lupeol, chondrillasterol. 2 Flores: barticulidiol, diéster malonato-acetato, bacchotricuneatina A. Óleo essencial (0,22%): -cariofileno (16,8%), nerodilol (15,6%), cis-cariofileno, -elemeno, -guaieno, -cadineno, -pineno e aromadendreno. 2 Partes não apreciada: ácidos e resínicos. 2

4 Estudos Etnofarmacológicos: Indicada como tônico amargo, aperitiva, digestiva, anti-hepatotóxica e hipoglicemiante. A infusão ou decocção da carqueja é feita com cerca de 2 a 3 g de planta seca para cada xícara de água. Também é utilizada na forma de tintura, elixir, vinho e xarope. O pó encapsulado pode ser ingerido na dose de 1g, antes da ingestão de bebidas alcoólicas, a fim de atenuar a agressão hepática e a ressaca. 3 Atividades Farmacológicas / Experimentos e eficácia clínica: Entre as atividades biológicas demonstradas por diferentes extratos de carqueja pode-se mencionar ao nível digestivo a atividade antiulcerosa a partir da infusão da planta inteira, em modelos ulcero-induzidos por indometacina,cujo mecanismo da ação se baseia em uma menor mobilização de cálcio a nível intracelular e a ação hepatoprotetora e colagoga demonstrada por seus flavonóides. O conjunto dos mesmos demonstrou incrementar entre 25 e 100% a porcentagem de sobrevida de ratos intoxicados com phalloidina em uma dose de 20mg/kg via intravenosa. O mais ativo demonstrou ser hispidulina. 2 A nível infectológico a carqueja demonstrou interessante perfil terapêutico em vários ensaios, como possuir a atividade inibitória das lactonas sesquiterpênicas frente ao Schistosoma mansonii, agente causador da esquistossomose, e sobre o Tripanosoma cruzii, agente causador do Mal de Chagas; atividade antibacteriana frente a Bacillus subtilis, Micrococcus luteus e Staphylococcus aureus por parte do flavonóide genkwanina, atividade esta que resultou ser maior que a atribuída a apigenina e atividade molusquicida sobre Biomphalaria glabrata pelas lactonas diterpênicas e flavonas. 2 Os compostos poliacetilênicos também apresentam atividade antibiótica. O extrato etanólico (5mg/ml) demonstrou possuir atividade antiviral frente ao vírus da estomatite vesicular. 2 A nível oncológico foram realizados alguns estudos preliminares com variedades de espécies de Baccharis tanto da América do sul como européias em provas de citotoxicidade, observando-se interações com DNA de células tumorais (pró-oxidação do mesmo) e alguns resultados favoráveis em leucemia, o qual permite seguir uma linha de investigação promissória neste campo. 2 O extrato aquoso de carqueja administrado durante quinze dias em ratos é abortivo e administrado a pessoas com glicemias normais provoca um decréscimo nos níveis de glicose no sangue. O extrato cru etanólico demonstrou

5 boa efetividade inseticida contra pragas que afetam diversas culturas tais como Triboleum castaneum (60% de mortalidade) e Rhyzopertha dominica (70% de mortalidade). Por último, os flavonóides conferem atividade diurética a qual pode gerar hipotensão arterial, tal como se observou nos modelos experimentais, in vivo, com ratos. 2 Toxicidade: Cientistas da Universidade de São Paulo (USP), no Brasil, realizaram um estudo duplo-cego de toxicidade oral (agudo e crônico) em ratos, administrando infusões em base a 2g de planta em 40ml. Os resultados observados ao final dos testes não demonstraram sinais de toxicidade nem mudanças nos perfis hematológicos dos animais estudados. 2 Este estudo se contrapõe de alguma maneira com um anterior aonde a administração de extratos aquosos em cobaias causou certa toxicidade a nível digestivo. A planta inteira administrada em cobaias por via intraperitoneal causou a morte dos animais. No entanto, não se observaram efeitos tóxicos nem adversos em humanos depois de vários dias ingerindo infusões de carqueja. 2 Os testes de toxicidade aguda medida através de bioensaio de Artemia salina e a inibição do crescimento de raízes de trigo foram positivos para Bacharis trimera. A DL50 da carqueja administrada por via oral em ratos durante um período de 24 horas, foi de 1,3g/Kg e por via intraperitoneal foi de 0,41g/Kg. 2 A possibilidade de diminuir a pressão arterial deve preocupar aqueles pacientes hipotensos que tomem carqueja. Assim como, a eventualidade de uma estimulação do músculo uterino faz com que o uso da carqueja não deva ser

6 recomendado durante a gravidez. O efeito abortivo do extrato aquoso foi observado pela administração em animais durante dias consecutivos. 2 Finalmente, a carqueja se encontra incorporada na maioria das farmacopéias oficinais e em humanos não originou sinais de toxicidade durante seu uso histórico, recomenda-se tomar cuidado nos casos descritos e não realizar ingestão demasiada até que os estudos sejam aprofundados. 2 Especialidades Farmacêuticas: Carqueja 4 Carqueja Carqueja, extratos seco 4 Carqueja

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1- TESKE M., TRENTINI A. M. Herbarium: compêndio de fitoterapia. Ed. Herbarium Laboratório Botânico. Curitiba, Paraná ALONSO, J. R. Tratado de fitomedicina bases clínicas e farmacológicas. Isis. Buenos Aires: Segredos e virtudes das plantas medicinais. Ed. Reader s Digest Brasil Ltda. Rio de Janeiro, DEF